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JERONIMO DE VIVEIROS (DA ACADEMIA MARANHENSE DE LETRAS) | | | HISTORIA DO COMERCIO. DO UAW DONO TPES t (812.4) Pa] EDICAO FAC-SIMILAR paid con cone 10 o Histéria do“comérelo doMeranndo dover sor obsorvades, aiém de outros, ostes [ros aspoctos eipacielmente importantes, 0 sober: Gum obra antregue 4 compatiincia ‘dos mais expressivos @ operates den ‘fre nostos histotiaderes; tem, na Asso- elagdo Comercial do Maranhéo. o ‘igo empenhado nao somente om que seja eterita ¢ editada. mas tam- bém, quando necessirio, reeditado. como agora ocorre; mantém-so como um trabalho fundamental em ‘seu género, embora noo acabado. porque aberto & conthuidade ox- ida pele fur de tempo. Com a finalidade de comemorar, em 1954, seu primalro centenétle de fundagde, o Asso- clagde Gemercial do Maranhéo en- comendou co professor @ historlacor Jerénimo de Viveles uma histéria do comérelo maranhense, cujos dois primeites volumes, publicados nesse ‘ano, compraandem operiode queso: estende de 1612 a 1895. © autor, allando paixdo a prud&nela, continou a escrever esta obra, mas entendeu carecer de malor meditagéo @ distanciamento para bem interpretar fates que ole, ‘em grande parte. viveu,na condigao de testemunha presencicl. Cito anos depois ca edicto dos 1°62" volumes, Jerénimo de Vivelros entragou& Asso- Glagdo Comercial do Maranhto o tercolro @ titime de sua lavia, cores- Pondente ac perfode de 1896.a 1934, © que apareceu em 1964, Segunde informa Clodoaldo Cardoso. pretendia 0 operoso histo- floder maranherse dar seqdéneia & obra @ que consagrou tanto de sua edicagdo © competéncia, 6 para cue quarts volume jé caligia netas. NQo chegou a realizar esse benemétto propésite, pois teulogoasegur STO eomércio do Maranhdo acham-se, 'a260 Por que o atual presidente da Asociagao Comercial do Moranhao. Or. Carles Gaspar. amp °. ‘ue 10550 160. praciosa fonto.de oe Histérla econdmica repesta a Canes des inforessados. E 6 cusp xsi closo que tol empenho hoje ‘encontrado, na hicida visto do br Jackson Lago, Profaite de $80.Lus, 0 cominhe para viabilzarse, No momento em que veltom os trés volumes desta Histéia a circular, om edi¢do fac-similada, saudamos. iguaimente, o aparecimente de seu quarto volume, confiodo & reconhe- cida competéncia do professor Mario Mairales. aluno dileto @ fraterno ‘amigo do professor Viveiros. Jerénimo José de Viveiros, ma: ranhense de Sao Luis, onde nasceu a 11 de agosto de 1884, foleceu no mesma cidade, a 29 de marco de 1965, Filho de tradicional familia do arstocracia cic antarense, foz sous os tudes preporatévios em suo cidode natal. opés 0 que se tronsferiu para o Rie de Janeiro. All cusouDireito, at6 0 4? ono, Mas.¢ forte vocag.do pata a ‘estudos Mistéricos trouxe-o de volta, tazendo-o catedrdlicode Hisléria Un versal 6 do Brasil. no Licau Mara- nherse. diretor da instrugdo Priblica do Maranhde e fundador-ditetar do Instituto Viveires. conceituado esto- belecimento de ensinodenossa cap tal Membro da Academia Mara- nhense de Letras @ do Instituto Histérico @ Geogrifico do Maranhaa, Jeronimo de Vivairos 6 autor de vaste obta histérica @ biogréfico, do qual releva mencionar, além desto Histéria: O centendrio de Temistoctes Aranha, Alcantara no seu histérico social @ politica. Benedito Leite, um verdadero republicane. © ginda 0s cantencs de trabalhos pe blicados em jomais & rein “3 A readigde desta obro i ese, com cartezo. no fol dos Grandes serviges prostados © culuca maranhense. JOMAR MORAES [oom popu / Ma! BIBLIOTECA aise con ore eons 2 VOLUME Desta obra fora em papel bufon papel especial, m editados 1.950 exemplares de 1.° para venda, e 50, em numerados de Ia L e rubri- cados pelo autor, fora do mercado, para ARQUIVO PUBLICO Biblioteca de Apofo Registro n°. ; Botar 5 7! biblidfilos. As ilustracdes “hors-texte" déste livro, foram. feitas pelo habit desenhis- ta José Henrique Dias, A capa, as vinhetas, e algumas pa- ginas de desenka a trago séo da au- toria de Milton Luz. Os retratos de Franco de Sd e de J.J. Fernandes da Silva foram eze- eutados por Sdlvio Negreiros. yA MARANHENSE DE LETRAS Bs Opes SSO LUISH#1954: Reedigfio fac-similar promovida pela ASSOCIAGAO COMERCIAL DO MARANHAQ, em 1992, sendo Presidente dessa entidade de classe o Dr. Carlos Gaspar. Apoio Cultural: PREFEITURA DE SAO Luis Impressiio e acabamento: LITHOGRAF - Industria Grafica e Editora Ltda. Rua Isaac Martins, 117 - Centro - Sio Luis-MA Tel.: (098) 222-6217 Copyright by ASSOCIACAO COMERCIAL DO MARANHAO CAPITULO XXIV © Tesouro da Provincia marca dliea”. 282) ‘condigses, nada mais natural que, depois de ‘da economia maranhense, dotiguenos um comega em 22 de abril de 1835, ura b da Provincia, com JesoxtMo DE VIVEIROS 318 mais recebedores das ren, contas dos coe go dos balancos gerais da receite"S Previn, clais, da rorganizagao dos orgamentos. Mais tarde, anuais € 7 fol ela encarregada também da Strecadaes® de 48-1837, te Nessa ocasi#0, Aumentou-se-Ihe 7 aries pados com mals um escriturario e um fie)’ q"Utiere ce rep, assim com quatro funcionérios. Deyj, ec relro, ficaiiios e ajustar as contas do tesoureiro o sca aauesee por meio de uma comissio, nomeada ‘ey tte da reas. Durante ésse primeito periodo, a cobranca ae, So. Gieenios era feita, 10 interior erate rebs en. i » m las res das rendas gerais, e na cap! x ae ecao do impésto da décima urbana, etsas sens oom gs coletores chamados da. décima, new (e ea de Nossa enhora da Vitoria e Nossa Senhora da Contei ca a 1836, as duas coletorias de décima foram transformaday em coletorias de varios impostos, dentro dos limites das mesmas freguezias; “a percepcao, porém, pela mesa diversas rent continuou, como até ali”. Afinal vaio a lel de 4-8-1837, que refundiu aquelas duas coletorias e criou a da capital, servida por um coletor, dois escriviies e dois agen. tes. A nova estacao coube a cobranca da maior arte dos impostos, mas deixaram a dos de exportacdo & aif; indega, g dos emolumentos ao oficial maior da secretaria do govérng € a dos de sélos de heranca e legados, dos direitos Velhos @ novos de oficios e emprégos e da meia sisa de escravos 4 tesouraria peculiar. Fi Brace 2 organlzacdo geral da Fazenda da Provin. a, . relatérne sande dizla Alexandre Teéfilo no seu citado _4 cobranca d mercé dos exatores, caréncia de pee, quer sébre as estacdes, quer sébre as ope- rtos servicos da cobranca, eis o que era a admi. nistragéo da fazenda aie pritnetros tempos.” poet @ isto,” acentuava o ilustrado critico, GM) — Aluandre Teitlo — Retatério cit ‘HistéR1a Do Coméncro po MaRnANHao 319 Tao deploravel administracéo na revelar-se na cobranga dos nape paceence cease No ano financ i - tin, fA de T70:BTSNa wake 1836-1837, a receita da Provin , 08 impostos sébre a exportagdo, que eram de 6 %, ou os dizimos, produziram 139: 7898190, bonearrendo 36.0 dizi- mo do aigonan com adicéo de 125:677$816, de modo que todos os ramos de rendas deram, em téda a Provincia, a mesquinha soma de 47:088$685, assim distribuida; Décima urbana — 1:782$307, impdsto sobre gado vacum, 25000 per cabeca — 13:704$066, meia sisa de escravos — 9:115$242, 20 % sébre bebidas alcodlicas — 4:579$614, impOsto sdbre gado suino, 1$000 por cabeca — 1.000$000, 5 % sobre tabaco Em 1837-1838, a receita provincial foi de 177:191$415, Abolidos os dizimos de exportagiio, em agdésto, criou-se em substituic&o o impésto de 5 y sébre os peer de cultu~- rae produgio da Provincia, que fdéssem exportados. A cobra de um e de outro sue ano foi de 115:513$377, com: das seguintes parcelas: dizimo do algodio — 8: 19, 5 % no ae exportado — 106:359$460, dizi- mo do arroz — 9665463, dito da farinha e outros géneros exportados — 142§435. Pelo que fica exposto, todos os outros ramos da receita produziram apenas 61:678$038! Cérca de 14 contos mais do que no ano anterior, mas ainda assim era uma renda Irri- S6ria, reveladora de grande extravio de impostos, como se verifica da sua distribuicio pelas rubricas: Décima urbana — 1$938, gado vacum — 20:580$225, 20 % sdbre bebi- — 3:995$373, meia sisa de escravos — 5 % sdbre tabaco — 145$616, taxa de 13000 de porco — 33$000. anifesto o extravio, repetimos, ¢ tanto maior se os bons pregos dos géneros naqueles tem- — 8$000 a arroba, aguardente — 100$000 a — 1$400 0 alqueire e o mais do mesmo modo. sera érro calcular-se o extravio de que em cérea de cem contos! s, nao era 86 o extravio, havia também o des- na dos im; aise con ore JenONIMO pg VIVEIROS sas financas com poca das NOs: 4 Comeca 4 tanec cp provincial em 22 de setembrs ‘Tesoure 4 funcionarios compunha-se de y ) seu quadro de ‘ano, um contador, cujo ordenadg ie com =500$000 eoretario. que vencia 7003000. Hayja " m F , tr esa foe Usa sem remand tame cde direito do crime da capital, oe am dos j : um G08 J Pee se th , © procurador oT diriamos hoje junta), Sa aarti onsultivo, o inspetor delj- fiscal e 0 contador tinham voto c berativo. Fein ive ver iia’ Contadsrey ouro Publ Anexas 80 Recah na primeira um Oficial maior com 320 cringe oe de e uma tesouraria. ait turarios com 600$000 i imeiros escrl : 3008000 anuais, ed com 5008000. Na segunda tinham fun- ret is seguni S A oon serene com 1:000$000, um fiel do tesoureiro com 500$000, um escrevente com 3503000 e um porteiro com ROE Tesouro era encarregado da administrac&o, distri- luigi, contabilidade e fiscalizagao das rendas publicas, pro- vinciais e ficava subordinado ao Presidente da Provincia. A sua fiscalizacio, porém, cabia & Assembléia Legislativa do Maranhao, que a exercia por meio de exames a que era obri- gada mandar proceder nos livros de escrituracdo e documen- tos originais, todos os anos. “Da data desta instituicio, a cobranca era feita, no quer, pelos coletores provinciais, de moniesese e demis- o lo inspetor; na capital, pela coletoria de SAo Luis e pela ¢ formalizadas na res- ee & competente escrituracéo Cargo da tesouraria tase, PA Cada um dos impostos a utante éste terceiro fc i § : periodo, fizeram-+ lgumas. S No sist 1. Sete aa 40 do ordenado de. o0gbag oe Garey cele fol 6 coe, lexandre Tedfil consiqen ©. Ptocurador fiscal, 27 testi lente superior a Bae 3 DOF Ho 08 erros, gg . x , Na > deis Simas conseqii ¢ 20 Palpaveis”, diz éle, “e de gravis: » SeBtndo a lt: OS servicos nao esido al io dives, aan tracao; @oUreza distinta’ dos diferentes Ss) do trabathio. w,° Sem foi criado da divi- as Svum centro de ditedo constante, ele (apg Ml de o.6-g ry — {Mende Tussi, Tel de Brigg? Relatério ott, Tisrda no Coméncio no Mananniio live ¢ responsivel”, “Assim, nés encontramos 2 tevouraria c contadorin, por estn lel, convertidas em eatagio de cobranga dos impostos: assim, vemos encarregadn 1 contadoria do ajustamento das contas dos tesoureiras, coletores, recebedo- res ¢ pagadores; donde procede que nunca se ajustou uma s6 conta de quem quer que tenha sido encarregado de rece- ber ou_despender os dinheivos da Provinela.” (200) Faltava, como se vt, no nove sistema o fecho da fis- calizagiio, base da moratidade de Lodo departamento que Ida com os dinhelras publicos. . Considerada, sob o ponto de vistn da despesa, a cria- ¢iio do Tesouro trouxe economia ao fisco, VeJamo-la: ‘Com a peculiar’ despendin-se 2:650$000 ¢ com a alfan-- dega 8:5738724, porlanto, a despesa total ora do 11;223$724. Passou-se a gastar 9:020$000. Logo, houve uma ecco- nomin de 2:2008000, & inegfivel 2 melhorin do fisco com a instalagiio do Tesouro. Esmiucemos alguns dados para prové-lo: Em_ 1838-1839, a receltn ordindria montou a ........ 190:4028769. Os direitos sébre a exportagiio renderam: 5% sébre algodiio ..... 83:400$206 5% " outros géneros 20:325$032 103:725$238 Por conseguinte os outros impostos produziram: Dentro do ano . 34:450$023 Divida ativa .. 52:218$508 86:6778531 Neste ano o preco médio do algodiio fol de 68435 u arroba, o do arroz 1$109 o alqueire e o do couro 3$142. No ano financeiro de 1839 a 1840, ano do tristissimo drama da Balaiada, a receita ordindria foi de 118:3768443, A exportagdo rendeu: Algodiio . 80: 1178019 Cours ... 10:0758900 Outros géneros - 9:455$196 99:Gags024 (298) — Alexandre Tedtilo — Teclatérlo ell, 322 JeRONIMO DE VIVEIROS ‘As outras imposigdes deram 79:988$952, sendo Impostos do ano Divida ativa .- Pregos correntes: Algodio — arroba - 58702 eo — alquelre . ween ene Couro ....--+++ . ita de 1841-1842 atingiu 188: 8595234. A fexportagao deu 94:994$608, assim: ex ie 5468136 As demais imposigées produziram: Dentro do ano ... Divida ativa . 93:8648576 A média dos pregos foi esta: Algodfio ...... 48046, Arroz . 18268 COUTOS wee eeeveverereees 28277 Em 1842-1843, a renda alecangou: 210:2218519. ‘Exportagao: Algodo ........ «+» 5610189122 Outros eanaras, ae 14:4158427 Couros . * 9:5788789 80:0128338 Os outros impostos deram: Dentro do a . Divida ativa 87:8263656 42: 3825525 130:2098181 ‘Histénta po Coméncio po MaraNniio. 328 Térmo médio dos pregos: Algodaio . 4$507 Arroz 1$380 Couros : 25654 Pelos dados acima expostos, verifica-se a cea da renda da exportactio, justificada alias com a queda dos recos dos géneros e a progressao crescente na recelta dos impostos internos, motivada pelo melhor sistema de fiscali- zacio adotado, mercé do qual se constatou, nesse mesmo ano, nao pequeno roubo por parte do tesoureiro, segundo refere o jornal “OQ Progresso”, de 10-9-1850. O quarto periodo da historia do Tesouro Puiblico do (Maan comeca em 1843, com a lei n.° 150-A, de 13 de julho. Foi um desastre para a administragéo da Fazenda Piiblica essa lei. De fato, bastou um ano de sua aplicacao para mani- festar-se a decadéncia, Os anos de 1844-1845 e 1845-1846 marcaram época desastrosa no fisco maranhense. ‘A lei suprimiu os lugares de contador, de dois escri- turdrios e de ficl de tesoureiro, cometendo ao oficial maior © desempenho das fungées de contador, e encarregando 0 secretario de registrar os trabalhos da contadoria e nela servir, quando o permitisse o expediente. Com a supressio de tais empregos ¢ mais ainda pela acumulagido de encargos imposta a. varios funcionarios, sofre- yam os servicos internos, resullando de tudo isto ter cessado © lancamento do Diario. Foi em vao que Estévao Rafael de Carvalho, entao inspetor do Tesouro, procurou remover éstes obstaculos ao bom andamento dos servigos. Reconheciam estas verdades os Presidentes que foram sucessivamente passando pelo Govérno da Provincia. Figueira de Melo dizia em 1843: “Nao tendo vés querido atender as raz6es que julguei dever apresentar contra tal rejorma, por oca- Sido de haver-Ine recusado a minha sancdo, a expe- riéncia confirmard se foi ou ndo conventente; pare- cendo-me eniretanto acertado dizer-vos que a do pou- co tempo de sua erecucdo tem-se em minha opiniao suficientemente pronunciado contra ela, pois que por falta de empregados nado me foi possivel ter o orca- ‘mento e balancos com a necessdria antecedéncia, para que, na forma da lei, pudessem ser impressos e dis- fributdos por todos os membros desta assembléia, 324 JerGximo DE VIVEIROS acreseendo ainda a demora, que desta falla tem resut. tada, em dar as informagdes pedidas pela Presidéncia e em deferir os requerimentos dos Cidaddos que iém dependéncias com 0 Tesouro.” Moura Magalhies, em 1844, exprimia-se por esta manelra: “Os trabalhos do Tesowro da Provincia, em consegiiéncia do pequeno miimero de empregados, acham-se cm atraso, ¢ para que néo padega o servieg publico, julgo necessdria a criagdo de mais alguns Junciondrios.” Finalmente, Angelo Carlos Muniz, em 1846, comuni- cava A Assembléia: “OQ Tesouro Piblico Provincial ainda ressen- te-se da falta de bragos. A escrituracdo dos livros — Didrio e Razdo — estd paralisada: ¢ quase impossivel gue o oficial maior da contadoria, a quem a lei ineumbe éste trabalho, 0 possa satisfazer conjunta. mente com as obrigagdes de contador, que the foram incorporadas por ocasido da eztincdo déste lugar, As conias de todos os recebedores, ezatores, etc. estéo por ajustar.” Da lei n.* 150-A, s6 se aproveitou a criagdo da coleto- tia da capital, com o encargo da cobranca de todos os im- postos em Sao Luis. Tudo o mais foi uma lastima. Basta recordar 0 que a seu respeito disse Alexandre Teéfilo quando ‘a analisou. (299) Resumamo-lhe o raciocinio: Enquanto Se reduziam a 3% os direitos do nosso principal produto de exportacéo — o algodao —e a 10 % © impésto do consumo de bebidas alcoélicas, isto é, enquanto se cerceavam os rendimentos, aumentavam-se por outro lado as despesas publicas, sem cautela nem previsio, e isto numa época em que o comercio decaia sensivelmente por causa da baixa dos precos dos géneros de exportacao. Como era natural,.deu-se a rotura do equilibrio finan- celro; a recelta nfo mais cobriu a despesa; apareceu 0 déficit que subiu a 140 contos de réis. Pesqunla, entio, Alexandre Teéfilo: em meio destas grandes difieuldades o que fizeram os legisladores? E Gle mesmo responde: (200) — Alexandre Teéfilo — Relalérlo lt, HisT6rta po CoMERCIO po Maranuio 325 “Ndo se féz uma reforma que melhorasse O sis- tema central da fazenda, néo se den uma provider eia que extinguisse, ou ao menos atenuasse 0 déficit. e nem sc tentow esférco algum para equilibrar-se a receita com @ despesa anual, Quando a siiuacdo ia apavorava a todos, fol que se tomaram providéncias. “Mas que providéncias foram essas?” “Suspendeu-se a limpeza dos rios; suprimiu-se a despesa com o cullo divino; marcou-se a ordem da preferéncia nos pagamenios aos credores da Provin- cia; cassou-se, para ser logo depois restabelecido, 0 eré- dito da administracdo da justica, sustente e curativo @ presos pobres, ¢, por fim, eliminou-se o crédifo parc obras piblicas Contra essas medidas anémalas bateu-se o Presidente Joao José de Moura Magalhiics, mas os eleitos da Provincia nao Ihe deram ouvidos, E ainda lhe nfo atenderam, quando no seu relatério observou: “A redugia jeita ao impdésto do algodéo de 4 para 3% deiza um grande vazio nas rendas provin- ciais, € Tio mew entender deve ser quanto antes supri- mida, e restavelecido o impésta primitive.” “Devo pon- derar que tédas as variagoes, em matéria de impostos, sdo de ordindrio mais prejudiciais do que vantajosas, e que um impdésto, que tem em seu favor a sancdo do tempo, contra o qual ndo existem clamores, ¢ a que 0 povo se acha habiluado, nado deve ser diminuide.” “O mal que resulta do impdsfo & raras vézes remediado pela sua supressdo,” Provemos agora o desastre com os algarismos: No ano de 1843-1844, a receita ordindria foi de 214:6228848. A exportagdo rendeu: Algodfo ........ . 63:715$510 Outros géneros » 824188088 Couros .......... : 17:993$803 90:127§401 As imposigdes internas produziram: JeRONIMO DE VIVEIROS 326 reseee. 8126748266 tro do ano Dipdagatranen ee emer le 42:821$181 —____ Média dos pregos: di 43324 me 1§259 Couros serene 28541 Em 1844-1845, arrecadou-se 178:350$514. A exportacaéo deu: do . 36:262$401 ee 9:391$957 Couros . 14:134$893 59: 789$251 Os impostos internos: Dentro do ano . 64:336$915 Divida ativa .. 54:224$348 118:561$263 Para éste resultado, contribufram também os Precos infimos: puleoig 915 patron *ra8 Couros . 2$288, A receita ordindria de 1845-1846 Produziu 194:015$484. A exportac&o rendeu; ee 9: 9:9555207 4:810§898 Couros’ is: 2439583 aes 71: 0098693 Os impostos internos apresentaram; Dentro do ano . Divida ativa . ——— 123; 005$791 ‘Histérta po Comercio po MARANA 327 Média dos pregos: io... 48084 ace 5 1$271 Couros 2$063 Como se vé, os precos dos géneros subiram e a cobran- ga dos impostos melhorou. 3 No ano financeiro de 1846-1847, a receita ordinaria atingiu a 238:378$032. Exportacio: Algodio 42:5708513 ArToz 19:191$827 Couros 16:1338747 77:9059087 Outras imposigdes: Dentro do ano 103:517$083 Divida ativa ... 56:955$862 160:4728045 Média dos pregos: Algodio ... 45888 Artoz . 1g090 Couros 18580. Os dados que ai ficam demonstram o desenvolvimento ue iam tendo as rendas internas, conseqiiéncia, sem duivi- ia, de melhor fiscalizacao, sobretudo, nas coletorias do inte- rior. S6 elas entraram com cérca de 63 contos de réis. Marcam a lei n.° 234, de 20-8-1847 e a resolucdo de 23-2-1848, 0 inicio do quinto perfodo. ‘Na opinio de Alexandre Tedfilo, (90 aquela resolu- eiio, ato do Govérno do Presidente Joaquim Franco de 84, foi_o trabalho mais completo que se apresentou no Mara- nhao sébre a administracio da fazenda publica. Certo, a citada resolucio nao estabelecia um sistema original, mas era uma bem pensada adaptacao do que fizera para a Provincia do Rio de Janeiro, em 1842, Hondério Her- meto Carneiro Ledo (futuro Marqués do Parand), e que havia sido aproveitado por outros presidentes como Costa (300) — Alexandre Teéifile — Relatério de Junho de 1948. IsrONIMO DE VIVEIROS 328 Fs puco, Jerénimo Francisco Coelho, no Pinto, om eae Bouse Ramos, no Plaul. » NO Bary e Jost Det onSeforma, instituida por Franco de g4, tiny itais: fstes pontos cap! 10 — Sujeitar ~ " diata direcao da Provincia; ur e classificar os diferentes ramos qg administragao da fazenda a io e superintendéncia do Presile ae Oe fazenda, segundo a natureza diss déles; ° direcdo de cada servico a um a te edo’ 80 Inspetor do Tesouro; “Pete 49 — Adotar o sistema de exercicios nas Operagéeg da fazenda provincial; 5° — Criar um aprendizado para a carreira qq fazenda; o — Autorizar delegados inspecionadores para ® Sane e fiscalizagio das coletorias; io 7° — Discriminar as atribuicdes e deveres do pro. curador fiscal. Apesar de todo ésse cunho de sensatez e de eficiéncia, a reforma de Franco de Sa sofreu varios ataques. Um déles foi ter estabelecido crescido mimero de funcion4rios. Mas, quantos eram éles? Nao passavam de 16; no periodo ante- rior, eram 14. O aumento de despesa foi de 1:8308000 por ano. Outro ponto criticado foi a criagao do aprendizado para a carreira da fazenda. Com esta medida, pretendia-se dar educacéio profissional ao futuro pessoal da fazenda. 0 aprendizado compunha-se de trés amanuenses praticantes, qe, mek tarde, se transformaram em consumados oficiais ia fazenda, Como estamos vendo, éstes pontos niio mereciam cen- sura. Os criticos vesgamente tomiaram-nos para objeto de seus ataques, deixando de lado os pontos fracos e lacunosos da reforma, que eram a desidia na cobranga, das décimas das heraneas e legados, na cobranca da divida ativa ante- tor a 1836, cujos montantes nem eram conhecidos, ¢ a inob- servancia dos contratos, renda que os préprios Governos Histéata po Cominco po MARANHAO 329 tornavam nula, absolvendo os contratantes das multas. E isto sem falar no regime tributaério entao usado, contra o qual jA se levantavam opinides autorizadas, como a de Ale- xandre Teéfilo, que combatia o impdésto de exportagao, teco- nhecendo, entretanto, a dificuldade de extingui-lo, e clama- va contta a desarmonia com que o impésto feria os produ- tos de consumo, taxando a carne em 8 e 10 %, 0 agucar em 8 e 9,6, 0 sabao em 15,6 %, enquanto os produtes fomenta- dores do vicio pagavam menos — o fumo 5% e a Ca- chaca 16 % ! ‘Todavia, a reforma de Franco de Sa, com pequenas alteragdes, chegou até o fim do Império, quando a fraqueza mesmo do regime dew lugar a que se desmantelasse o maqui- nismo do fisco maranhense, desmoralizando-o com o desfal- que de 59:859$587, apurado pela comissio — Gomes de Cas- fro, Nunes de Melo e José Augusto Correia — designada pelos dois primeiros Governadores do Estado, para o de Teorganizar o importante departamento, @00 PROVINCIA DO MARANHAO Ano Receita Despesa 1838-36 153 con! 151 contos 1836-37 221 = 194 = 1837-38 318” 310” 1838-39 209” 205” 1839-40 i320" 131” 1840-41 227 od 223 o 1841-42 242 239 7 1849-48 280 a2” 1843-44 256 240 hia 1844-45 173 170 ed 1845-46 269 237” 1846-47 276” 26 1847-48 364” 395” 1848-49 281” i 8 1849-50 am 255” 1850-51 sir, 27” 1851-52 283” 280” (201) — Relatério da Comlssio do Tesouro — 1890, Jendnimo DE Viverros Receita ——— 1852-53 281 contos 26 1859-54 3420” ay “oRtes 1854-55 4460” 300 1855-56 603 403 1856-57 656 aos 1857-58 5680 sia 1858-59 574” a 1859-60 54300” S31» 1860-61 556” Bia» 1861-62 4B” a6 1862-63 567” 539» 1863-64 45°" 629 1864-65 635” 6i9 1865-66 645 0=«" 624 1866-67 708 7 71 2" 1867-68 68” 657" 1868-69 sea” geo” 1869-70 164” 75" 1870-71 71” 77000" 1871-72 na 8 ms 1872-73 633 =O” 107 1873-74 382” sez" 1874-75, 835” 835" 1875-76 m5” a 1876-77 330" SF 1877-78 709 a iis ” 1878-79 647” us 1879-80 70” io 1880-81 76” ar 1-82 m0" 68” CAPITULO XXV O comércio de remédios e a sua fisealizagdo EM incluir as boticas dos jesuitas, que datam do estabelecimento da Companhia no Maranhao, as quais, destinadas a cura gratuita do povo, no cons- tituiam ramo de negécio, a mais antiga de que se tem noticia é do ano de 1704. De um navio da Costa d’Afri- ca comprou-a um tal Joao de Oliveira Agra, que foi cha- mado a presenca da Camara de Sao Luis para serem taxa- dos os medicamentos pelo cirurgiao-mor, sinal de que era exagerado nos precos 0 improvisado boticario, (02) Depois desta botica abre-se um grande hiato na his- {éria do nosso coméreio de drogas, como alids no dé qual- quer outro artigo. Mas, se nao chegaram até os nossos dias os nomes dos boticdrios que aqui existiram durante o século XVIII, tive- mos, entretanto, a legislagao que lhes regulamentou e fisca- lizou a profissio. Em verdade que ela era rigorosa. O érgao diretor piper ficava em Lisboa, exercido pela Camara e pelos fisicos mores do Reino. Na Colénia, os delegados déstes, cha- mados comissdrios, faziam-lhes as vézes, e por isso deviam ser médicos, formados pela Universidade de Coimbra e terem ——_ | (Gta) — Jot Lisbon — Obras, 2° vol., pe. 192 yg VIVEIROS 10, dois yisitadores exami- x botiedrios, um meiri- 332 Jeronimo DI os seguintes auxiliares: um escrivil nadores, que niio pogiam deixar le nho ¢ o seu escrivao. goravam ae todos os pri. is: fstes delegados comissirios § vilégios dos magistrados tempora nent jeitstidada thes podia embaragar ou suspender ato ou if i algu- ma, antes deviam tédas dar-Ines auxilio, ¢ quanto ©” tndes” sem que éles cometinm excessos, cumpriam-lhes participar ao Fisieo-mor do Reino ou ao Soberano, scm contudo se oporem ‘ao exercicio da sua jurisdigdo, que devia scr exercida ampla Bosca er tecadke con .s visitavam as boticas, acom- Os delegados comissério: 1 es visitadores ¢ meirinhos, Comecava a 2 scrivao, as, Ci ‘ Caen iuemente do boticdrio de que nao tinha medi- camentos nem utensilios cmprestados. Depois, passavam a examinar s¢ a sua carta estava em forma, Se os precos eram de ncérdo com o regimento, se exatas mantinham-se as balangas, os pesos aferidos, os utensilios impos, se a mani- pulagio dos medicamentos executada com perfeigdo, se os yasos traziam os respectivos rétulos, examinavam cuidado- samente oS medicamentos, inutilizando os estragados c fechavam as boticas que nao estivessem convenientemente sortidas, condenando os boticérios a seu arbitrio, 805) Aca- bada a visita, o escrivao passava a cada boticaério uma _cer- tidio do merecimento com que o tinham julgado, fazendo-se o devido elogio aos que tinham servido 0 publico com des- vélo, e esta certiddo servia de licenga para continuar o exe: cicio da profissfo e a lei obrigava a guardé-la, para ser apre- sentada na proxima visita. Pela mesma maneira eram fiscalizadas as lojas que yendiam remédios, as drogas que entravam na Alfan- dega, (398 as boticas dos navios. As pessoas que se julgassem habilitadas em farmacia diam requerer exames, mas para isso precisavam apresen- ar certiddo de quatro anos de estudos com mestre aprova- do. Examinadas e spreads pelo Delegado Comissdrio ¢ dois cirurgides, dava-se-lhes uma certidao com a qual requeriam ico-mor do Reino a carta de boticario. : Para os rate onde se tornaya impossiyel ésses boti- c4rlos assim habilitados, a lei permitia As pessoas curiosas (0) — Dr, José dn Gila Mala — ie ee ote Bosisuatn wiloméilen Mittaahanwe Ae" i, oumoro ce 1% (304) — Dr, Joaé da Silva Mala, estudo cit, G05) — Dr, doa6 dn Silva Maia, ostudo, oft. Dono Arele ae ,, dustiga © Bogaengey THs a arta ere Tin fioe Hewoton do ntasler Husrénia no Coméncio pa Mananitio 333 © com observagio dos medicamentos do pals o titulo de eura- dor, uma ver que f6ssem examinadas pelo ‘Comissirlo, um médico ¢ o escriviio. Ficavam, porém, obrigados @ enviar 20 Comissarlo, de seis em seis meses, uma relagio fiel dos enfer- mos, dos remédios aplicados ¢ dos resultados colhidos, © pro- vado gue tivesse havido érro, denunclador de_ignordnela prejudicial & vida dos povos, eram-lhe imediatamente cassa- das as licengas. Completava éste sistema de fiscalizagiio a devassa, 0 que cra obrigado o Julz Comissirio todos os anos. Para 08 haticdrios devassavam-se os seguintes pontos: 1° — So Giles levavam pelos medicamentos mals do que marcava o regimento, 2. — Se faziam rebate de alguma parte de sua legi- tima importancia, — Se vendiam remédios ativos, suspeitos ou vene- sos sem receita de pessoa autorizada. 4° — Se substitulam um. remédio por outro. 5° — Se aviavam receltas passadas por pessoa ile- gitima, 6.0 —Se vendiam remédios de segrédo. 4. — Se tinham parceria com algum médico. 8.9 — Se eram prontes no aviamento das receitas a qualquer hora. 9,° — Se costumayam desarmparar a botica, deixando mela aprendizes ou escrayvos para venderem remédios, 10.9 — Se se intrometiam a curar. Como estamos vendo, o exercicio da peness de boti- cario era rigorosamente fiscalizade. Nao sabemos, porém, se tii a lei foi cumprida pelos trés Comissdrios Delegados do Fisico-mor do Reino que tivemos: Manuel Rodrigues de Oli- yeira, por alcunha o Tijuco, Joaquim Jos¢ Coelho Rodrigues de Melo, conhecido por médico de Caxeu; ¢ José Antonio Soares de Sousa, pai do Visconde de Uruguai. ‘De qualquer maneira, tendo sido da pee vintena do século XIX os mais antigos poticdrios cujos nomes conhe- JenONIMO DE VIVEIROS do a legisiacio em apréco até o ano aquelas boticas conheceram 0 duro 334 os, e havendo vigorat fe 1838, — que i ino. a ade a mais falada era a do Padre Anténio da Cruz Ferreira Tezo, mais conhecido pelo nome de Padre Tezinho, 307) ; i do Carmo, contigua ao bilhar e bote. quim tao seme cacerdote ai possuia. Dirigia-a o seu Otis, Baniel Joaquim Ribeiro, 30 que o Padre, poeta e jor. salista, satirico ¢ rixoso, se sentia melhor no botequim, ‘en- tre os amigos politicos, donde mandava & redacdo do jornal arra”, através do periddico “A Estréla do Norte do Brasil” recadinhos como éste: Sr. Redator da “Estréla" — Queira'dizer ao estiipide redator da “Cigarra” e a seus indj- nos coadjuvadores, que. Levarei meu desprézo sempre avante, Ou ladre o céo ou a Cigarra cante,’ ‘Apesar de redator chefe do jornal “‘O Conciliador do Maranhao”, o Padre Tezinho nao anunciava os remédios da sua casa, Confiava na freguezia, no temendo a concorrén- cia de José do Carmo e Figueiredo, que na sua botica, sila & rua Grande, vendia 4gua das Caldas da Rainha, “propria para curar debilidade do estémago”, ‘509) ¢ que ostentando grande capital anunciava “vasos, vidros ¢ mais utensilios necessérios para se estabelecer uma botica”, (310) ¢ muito menos a de Matias José Fernandes do Régo, estabelecido ’ rua Grande, a de Agostinho Goncalves Braga, que cra a dis- tribuidora do “Puraqué”, jornaleco ferino que circulava em 1829, ou a de Manuel Duarte Godinho, no largo do Carmo, a qual vendia ao lado das romadas o preciosa “Manual dos Fazendeiros”. Todavia, amigo de Joaio Garcia Abranches ¢ empe- nhado na cultura da mocidade de sua terra, Tezinho publi- cava anuncios da venda da colecao da gazeta “O Censor” a 160 réis o ntimero, e do livro —“Economia da Vida Huma- na” — “obra indiana, traduzida do inglés, e que servia para instruedo dos mogos e também de recreio”, a 360 réis 0 exemplar. G07) — Offelo da Junta Governay da Secretar de Estado dos Negéclas de fate jor, Justiga ¢ Sez (208), — Jofo da Mata de Marats “Convers de Paulo de Kock com Ignotas”, in “Pacotina™ ee Tipise © (308) — “0 Concillador™, de 31-8-1622, (310) — “© Conelilader do Maranhiio™, de 22-6-1622 8-1822, Mvro 17. Arquive uranGa, 088 LasuattTOONe sOpRoMANA., ott soz9suT SOREN SoUPUT ap ONES UP LLOOS TA OYSIONA Wo 'dINEM Hd SVONATWUEA SVHILLSVa op sopunEy dad SVON4INSSA SVHIILSYd VIIES Hct OTVAVS Wm sopUDA BIEd “YO =F FoREMO. “vy U590U MUISIO OFSUTTTY (soa - ,esueyuDioW Jopo>iqnd,, op) ‘Dyes ep a,Uajjeaxe Wn as- guar *7 5 aU AIO “Y 2P eSuo ‘opsurary vp O7UDS ‘2p bp wna Vo WaZvWaY/ ON ‘Hisrorta po Coméxcto po Maranno 335 Foi por ésse tempo que apareceu em Séo Luis a pri- meira agéncia de medicamentos., Quem explora 0 novo ne- gécio é Joio Garcia Abranches, 0 jornalista do “O Censor”. Vejamo-lo no seu préprio anincio: “Quem quiser mandar vir de Portugal, téda ¢ qualquer receita de Remédios, Drogas, Tintas ou Boti- cas inteiras, pode dirigir-se a Jodo Anténio Garcia @'Abranches, que estd pronto a mandd-las vir com a mais rdpida’ brevidade, entregando-as nesta cidade a pagamentos de prazo de tempo que se convenciona- rem por prepot regulares; e pronto a fazer todo © rebate quando haja alguma diferenca notdvel em prea ou na qualidade das drogas; porque tem socie- dade para éste fim com Manuel de Santana da Cunha Castelo Branco, um dos maiores ¢ melhores Droguis- tas de Portugal.” A estas boticas sucederam-se outras. Formam elas 0 que chamaremos o segundo gTupo. De coméyo, duas logo salientaram-se: a Francésa e a Marques. A primeira foi fun- dada pelo boticirio francés Louis Bottentuit, na rua do Sol, canto com a travessa da Passagem. Era especialista na pre~ paracao da célebre dgua de fumaca (liquido pirolienhoso), ue Yendia a mil réis a garrafa. A segunda, propriedade do ugusto José Marques, pai do médico ¢ historiégrafo César Augusto Marques e do farmacéutico Augusto César Mar- ques, ficava no largo do Carmo. Ambas desviavam-se da natureza do seu negécio: aquela vendendo vidros para candiciros, esta, sementes de hortalica e papel de desenho. Quanto A reclame, uma nada ficava a dever A outra: Marques & Filhos intitulavam-se “Botiea e Drogaria da Casa Imperial”; Gt) L, Bottentuit & Cia, preveniam aos seus freguezes quc tédas as garrafas, vidras e caixas de sua casa eram lacrados com o sinete L. B. & Cia, am ‘Contudo, as boticas Francésa e parce mantinham seriedade nas suas transagdes comerciais, exploravam a eredulidade dos doentes, como ésse tal V. J, Rodrigues, com armazém na rua do Giz, que anunciava esta panacéia: “Os Se elon ndo cessam de procurar e des- cobrir meios de longar a vida, e curar as enfermi- dades da satide, tém composto tltimamente um espe- (31) — “Pudlieador Maranhense” — feveretro de 1860. (312) — “Jornal Maranhense", — 6-5-4. aise con ore 6 der6NiMo DE VIVEIROS if ue por sua exceléncia, demonstrada por eu, teen yelto, Se Pigasisiee Maravithoss Coroada — sinad Wetmore e de Hamburgo. Cura as intes mol 2 z Seguin moda a sorte de febres, calafrios, cotidianas on intermitentes, tercianas, quartanas, febres malignas ou ardentes, a pleurisia, a disenteria, inchagdo de pés, palpitacdes no coragdo, fastios, vémitos, angrena, almoreas, tasse veloz, frialdades no ventre, baco, mat de pedra, gota, hidropesia e t6da sorte de paralisia ou semelhantes, vagados de cabeca, sarna, a deten¢do do ordindrio das mulheres, edlica, mal estérico, e icteri- cia; excita o apetite de comer, ¢ quem fizer uso dela se preserta de purificagdes, pustemas, paralisias ¢ até de zerligens e dares no coracéo. Esta esséncia dissipa as dores de cabeca e de tédas as mais partes do corpo humano, ainda que tenham sobrevinda de algum esférco,' £ antidoto perfeito contra os venenos, eres malignos e ainda contra a peste. Limpa a corpo, Preservando-o de qualquer moléstia, ares corruptos, adelgaca ¢ purifiea de um modo admirdvel e brevis: simo o sangue mais espésso, sem que seja necessdrio sangria ou uso de minerais. Cura radicalmente o mal galica mais inveterado, Tira convulsdes e toda a sorte de lombrigas, tanto a criancas como a velhos, Enfim. supre nas enjermidades a melhor tintura d'ouro. E muito suave de tomar e 0 modo de aplicar vem num papel que serve de capa a cada vidro. Quem quiseT experimentar as grandes virtudes desta Esséncia @ encontrard na Armazém de V. J. Rodrigues, rua 9 Giz, por preco mui cémodo.” (13) boticgee, Bottentuit € Marques foram contempordneos 05 antonio dos Santos Vilela, rua da Estréla, 13 — CaD- & agak,, Of Carvalho e Castro, rua Grande, 49'— Carvalho Aguiar, Largo do Carmo, 1) — Daniel Joaquim Ribeiro 7 313) — © Investigador Maranhense, 14-6-1896. ela ss ible amente ar tates Coroada lembra a ‘Triaga Brasiiea. PM, ‘mil cruzaden, los jesuitas, Por cuja receita han ra riko passasse Hustérta po Commncto Bo Maranio 337 {s6clo © sucessor do Padre Tezinho), Canto Pequeno, 13 — spe José de Lima, rua do Quebra Costas, 7 — Matias José rernandes do Réga, rua Grande, 1 — Simoes, rua Formosa, 2 — Vidal & Inmaos, Largo do Carmo, 12. Gi dea bot 82. V8 nessa época, ano de 1849, Sfio Luis tinha lez boticas. Decorrido um decénio, passaram a ser oito, (15) ° proceso de cura chamado homeopatia foi introdu- zido no Maranhao em 1849. ait”, cchicintiva partin do “Instituto Homeopitico do Bra- » com sede na Corte do Império, o qual solicitou da CA- ae de Sio Luis & necessiria licenga para Carlos Chidloe abrir o seu consultério, & rua do Trapiche, 4, residéncia de Manuel Anténio dos Santos. Examinados os documentos ie da capacidade profissional de Chidloe, a fara concedeu-lhe a permissio e éle anunciou que daria Ags pobres consultas e medicamentos de graca. (316) Dr. sate, essa mesma época estabelecia-se no Maranhfio o x Sabino Olegdrio Ludgero Pinho, abrindo consultorio homeopatico na Tua do Giz, junto ao Banco Comercial. (17) © tratamento ta uma novidade na terra. Para logo, aparereram as adesbes, porém poucas: doutores Antonio Régo, José Maria Barreto e Jofo da Cruz Santos. O grosso da classe médica reagiu, combatendo o processo, Ao seu lado, enfileiraram-se os boticarios. Temiam a concorréncia dos medicamentos em gotas. S6 um quebrou a solidariedade da classe. Foi Daniel Joaquim Ribeiro, j4 eitado por nés como socio do Padre Tezinho. Adicionou na sua botica, aos medi- camentos alopatas os homenpitieos, declarands ave tudo servia, uma vez que néo matasse, E quando atribufram ao novo medicamento certas mortes, Ribeiro ingeriu, espeta- cularmente, 19 glébulos para provar que a sua homeopatia néo matava, e com isso ndo perdeu a freguezia. No coméreio de medicamentos, a farmdcia e drogaria que mais se distinguiu na praca do Maranhio foi a de Joao Vital de Matos & Irmao, sita. 4 rua do Quebra Costas, 11 (hoje, rua Joao Vital), no prédio que se vé no cliché em seguida. ‘A firma Jodo Vital de Matos & Irmfo, sucedeu a Abreu & Cia., que foram por sua vez os sucessores de Joao José de Lima. Existindo ainda hoje, vé-se, pois, que é uma das casas seculares do comércio maranhense. No seu periodo dureo, foi, com efeito, uma grande drogaria, servida por um excelente laboratdrio, eujos produ- (14) — Dr, Anténio Régo, Almanaque, 3s) de Matos — Almanaque elt. ano de 1859. (316) ‘Observador” — de 7-2-49. (sim) Publicador Maranhense” — 2-7-1049) gurONIMO DE ‘VIVEIROS 338 ados em todo ' se eramm procurad 2 Norte tsa omarte np apenas oS PURCAPAN, ss Erosion is. com} ~ at de camamila e Cencisns epritugo” — Winho de Quina» a” — “Vino tofostato de CAlcio Iodurado” — ‘Xarope — “Xarope de Peeuee S «pflulas anti-febris de Macela « Peitoral bei ner a Matos” — “P6s dentifricios perfy. Gonciana” — mento Sedative Anti-Nevrélgico” — “Elixir de Hemoglobina”. éstes produtos, a Drogarla Matos Fars onan Pegtmanague. Marana fazia dis selecionada colaboragio literfria, e era Impresso feito com tipografica, ora em Paris, na casa Ailllaud, na sua sef8 im déles, o de 1918, salu éste sonéto de Luso ‘Torres: “4 Alma Humana -te e fui, ousado e temerdrio, a os amalisat ‘o sentimento alheio: rutilagdes divinas de Sacririo, Que guarda a nossa {6 no impenetravel seio. Eis aqui tumultua o pensamento vario, © Odio brame ali; fulgura além o anseio De Justiga e de Amor — o centro origindrio De onde a grandeza humana equénime proveio, Vi-te firia, e pensei num grande mar bravio Espadanando espuma as rochas, iracundo, Sorvedouro feroz de vagas sobre vagas... Vi-te em calma penal num lindo céu de estio, Muito plicido, |, Insondavel, profundo, De que ninguém conhece as infinitas plagas.” Em outro, (1914) velo publicada a composiciio musi- eal “Tintura Preciosa”, de autoria do maestro Indcio Cunha. p Mas em todos nota-se o gosto artistico de Joao Vital, parade Eas mips freatientas viagens & Europa, o que lie est 1a Le homens elegentes gs caemento o centro de revniao Em yer togta- avices no es io Ure de Joo Vital de Matos «asta paid con cone CAPITULO XXVI © comércio de livros ‘Ti A independéncia politica do Brasil, o comércio de livros no Maranhao foi inteiramente nulo. ‘A Metrépole teve_o cuidado de estender as suas colénias as restrigdes impostas na Alfandega de Lisboa por Pina Manique. ‘Henri Koster quelxa-se-nos das canseiras que lhe dera o despacho de uma caixa de livros, que trouxera quando da visita que nos féz em 1811. ' Agui, a Alfandega 86 cessava. o despacho de im- pressos com especial licenga Goyernador, que, para con- cedé-la, devia ‘examinar-Ihe a relacio. Até para uma caixa contendo jolhinnas de hera, submetida a despacho em $8.5 1813, GW) fol exigida a tal licenga, As ordens eram ter- minantes. Delas nao escapou 0 vice-cénsul francés, Mr. Dan- mevy, que so retirou da Alfandega duas caixas de livros que trouxera depois que as abriu para o devido exame. (#19) Se o livro fésse considerado de leitura nociva, 0 dono o perdia. Foi o que aconteceu ao oficial maior da secretaria do govérno, Antonio Marques da Costa Soares, a quem 0 at (318) —_Ofielo do Governador & Alfindega, jde 19-5-1813. - seeretatie do Estado dos Negéctos do Interior, ee UE (230) — Arquivo elt. Oticlo éa Junta Governativa Prpvinctal, de 187-1622, Livro 17. paid con cone SsndxrMmo DE VIVEIROS Gov im 4 Social”, 340 impediu de despachat ota trees mandara hl ceiicar @ nulidade do coméreig Rousseau, ” ey 4 i es . Nao era diferente nas Baste, (3 mnemos inhas Ste, centro comercial multe de ys eidades da_colénia. ne em 1810, segundo Koster, Outs eiesdo Luis, nao post enas no convento da Ma” maior Uerafie, nem livratia, ¢ apenas, no convento da Vir are SS eram yendidos ae rado pelo lexicégrafo dre de testemunho earta 20 Visconde de Cayra: ao ha nesta terra nenhum ON e maus fades, na ta Barbara,” Gu) artabista de eautlhas e Uvtinhos de de livros que_tivemos alfarrapST g primeira casa. de venda de das funcées déste i oaraidan dos Correios, alias conforma s verifica no ee artamento dos servigos a a Anténio de Noronha otto, ce Lee et ee fends ous Coutinho, (322) Entre os Dom rigo a ileros remetides em 1799 pelo Govérno qoanrs para & venda no Correo ccnsrcio” Pendiatee aos 79200, comércio”. Be dos a yneie' de Correio nao deu resultado, pois em 1802 © governador Dom Diogo de Sousa participou para a Cérte, “que a extragdo dos livros dificultosamente poderia ter 9 éxito, que se desejava, atenta a indiferenca, ou para melhor dizer, repugn4neia déstes povos a téda a qualidade de apli- cacao literdria, e que a venda dos livros na casa do admi- nistrador do correio exceden a 20$000", (323) Mas nem por serem assim tio temissos os comprado- Cruz, que pre- arava livros para o Quartel General e para a sala das ordens do Governador, (324) Foi_Cérte-Real ‘9 rimei nciou livros no Maranhiio, Fels no ornal onde ete ane t 2 ornal, onde era tipdgrafo — “O Coneiliador do Maranngo”! n° 37, a T7118, ‘9 Se vai ver, os livros anunciados eram curiosos: “Francisco José Nunes Cérte-Ri it : z Real, Compositor gout da Tipogratia Nacional desta cidaae, resi- mesma Tipografia, tem Para vender os (820) ca TV ct, i, Ataac 0 Bt aa ae, ce Bee wis tie He (att) — peas Rere® 0 Costa Gin oth pe. 445, Be: ee: 2 - PE. 17, » ATBUlVO da, secre, DI eit, pe. am. Seeuranga, jive I! ‘offate no ggiela os Negéeios do tation, usta © Fisr6nra po Cominero po Mananniio 341 seguintes impressos, publicados em Lisboa no corrente ano: “Memorial Patristico, dirigido aos Ilustres Depu- tados” — “Jornal dos Debates, sobre a Revolugdo de Portugal para a Constituigéo Borkugudes” — “Des- trogo em aiague do Cordao da peste Periodiqueira, com a ordem do dia do Corcunda de md fe” — “Oo Acdlito contra o Exorcista” — “A Jornada do Exor- vista’ — “Parabéns @ Patria, pelo Juramento da Constituigdo Portuguésa” — “Contrariedade, a Razao ¢ nada mais”, — Vendem-se na Tipografia, ¢ na Loja de Bebidas de Vicente Cortezze. “Q mesmo Cérto-Real se encarrega de qualquer encomenda de Livros ou Papéis curiosos que se pre- tendam. de Portugal.” Para logo, outros particulares imitaram a Cérte-Real. "Em casa de Felisberto José Correia hd para vender Obras de Felinto Elisio — 11 volumes — por 225000, Anais de Ticito — 20 volumes — por 63400, ¢ Parnaso Lusitano ae — por 9$600", anunciava o “O Farol”, de Pelns colunas do “O Eco do Norte”, de_10-7-1834, Do- mingos Anténio Fontes, morador na rua de Santo Anténio, om casa que fazin canto para a praia do Caju, anunciava ter para vender um grande sortimento de livros portage ses é latinos, chegados de Lisboa pelo navio Conde de Palma. Manuel Pereira de Castro dizia, no Publicador Oficial de 26-11-1834, encontrar-se & venda — © Manual do Fazen- deiro — nas boticas de Manuel Duarte Godinho no Largo do Carmo e Cindido Castro na rua Grande, % evidente denunciarem os antinclos o progresso do negéclo. A populagiio da cidade tomava gdsto pelos estudos. F os comerciantes matriculados comecayam a concorrer com os particulares, conforme se pode yerificar por éste amincio: “Jodo Aniénio da Costa Rodrigues, rua da Estréla n 38, tem para vender por pregos cémodos as obras seguintes: Dictondrio da literatura por Lahaupe Dito da indtistria ....-- oon Dito das artes e oficios Dito de Quimica .. Ligées de Dircito .. Histéria do Filosojismo inglés ++ 14 volumes ae Sg me tomnete aise con ore 342 Jgn6nroo DE VIVETROS critica da Filosofia Pee oe da Natureza Corn. os: 8 Grande Dicondrio Geagréfica E mals éste, feito pela loja de Felisberto Jose oo. reia é& Cia.: “ ‘erreira Borges — Codigo Comercial, bial be lbeelalaget tort Forense. M, Borges Carneiro — Direito Civil, Pereira e Sousa a Primeiras linhas criminais, — Classe de crimes. Tien — Diclondrio Turldtco, Correia Teles — Doutrina das agées, Lobdo — Obras completas. . Carvalho — Primeiras linhas organoldgicas, Pardessus — Direifo Comercial, Telemaco em francés, Tito Livio — 6 volumes. Virgilio — 3 volumes. Mas os particulares persistiam no negécio. Vejamos essa persisténcia no antncio se; te, qué nos revela tam. bém a operosidade intelectual do notavel juiz de direito da Parnafba, a quem o Piaui deve em parte @ sua independén. cia politica: “Avisa-se ao Respeitdvel Piiblico que, em casa Bere aaa, Ferreira, morador no beco da 94, se continuam a vender os livros seguintes, doutor Jodo Candido de Deus e Silva; e convidam- $€ as pessoas estudiosas para que animem os traba- thos literdrios déste eridito escritor brasileiro, ne extragdo de suas Preciosas obras: Economia politica, traduzi f, Pobre Pet ee , traduzido de Blanqu’ Conferéncia d'Epicuro com Pitdgoras. Me de um. Radical. Cartas sébre os prejuizos do onanismo. Mea de conduta para as senhoras br*si- ‘as. Discurso sbre os PP. da Igreja. Filosofia Moral, e Theodicge de Parrard. Paciéncia e Trabaiho, conto moral. Anfluéncia do i o Génio iferdris. Espiritualismo sébre ant co ort Hisréara po Contincio no MazaxzAo 343 Filosofia Moral de Mr. Droz. ica Metafisica e Moral de =" Tonelle. Eticacaa da Moral é Politica de Mr. Droz.” 225) Convém salientar aqui a rapidez com que os Mara- nhenses se afeicoaram 20 canvivio dos bons livros, no perio- fo de quinze anos, verdade que se verifica confrontando 25 exdrixulas obras anunciadas por Cérte Real com 2s que feabamos de citar. Para éste progresso, ndo devemos esque- cer, muito contribuiu a imprensa, iniciada em 1821, mas j4 im Com efeito, & tipogratia, (a Nacional) segui- a8: 2 primera tpograta, (oe youo Branllo a Tnéclo José No demoraram essas tipografias particulares a em- preender impressio de obras por sua pria conta, como se yé do aviso do “O Farol”, de 19-2-1 3: “Q redator G2 do Farol vai reimprimir (Criminal. # obra em it do mesmo Cédigo vém a ser = O prego de cuda exemplar para of pscipagies serd de 80 + avulso vender-st-Go a 1.200 réis.” © aviso seguinte mostra que elas trabalhavam por conta de terceiros: “Acha-se venda na Tipografia do “O Farol” a obra intitulada Prinefpios iras Nocoes de ou Primeiras Direito Positivo — pelo Bacharel Raimundo F Lobato. Preco de cada exemplar — 1.000 réis.” De logo ototon-se Serato brocam: de co! subseritores aad ani sua ipresso, do assim o ‘custo da edicHo: — aise con ore JerONIMO DE VIVEIROS ue és bscrever para a ‘impress. e wiser sul " Tessa a primera om bode [me 0 ae ane Grand? 7 ast d é Joa # is +, 2 me casa oe Pinheiro g ina Tipograyia dy Mt a zelician de 320 réis, entregues com a a a SD “ome o Poema — Primavera _ Vende.; wt Toop do 70 Parole ngs PN oe Gis, Feliciano Antonio. Pinhetroy ma, rua es Nazar! at Ee José Ferreira Maia, na Praia Grande, o3 Ossi. sniee podem mandar buscar os seus 4 Tipogra, fia.” (330) Muito livro de fancaria foi editado Por éste 80, Vejamos o anunciado pelo jornal “oO Progresso”, ds 7-12-1847: “Vai sair & luz com téda a brevidade em bom Papel ¢ tipos novos, a obra intitulada. , Sortilégio Astrolégico Fisiold, — Nigroméntico — ‘isic ico. igico, Pela maravilhosa combinacdo dos ni: Fades Por meio de sorte ‘em _Jrdenado para ocupagio dog aciosos por wm. que ado tinka muita que fazer quando na sua com: Posigao gastou o tempo, tivo, - Consta esta obra, além do sey prdlogo explica- oon) e ats 8 s dos niimeros, de 578 cttaras ba a5 co mado, que ormard wm volun tetas wezentas nigings? para seu crédito basta sicho inédita erudite Padre Ant6- Ferreira Tezinho, “Subscreve.se lot, neal: cana Magathes 44 Grande ot Sed A. Gongs, nagio vitona male gg oot , @ em meia encader Mas tambe, , Por Gxempig wtbém licouse sas, ee Flo 08 “aa Me eo, pe, de Histénia po Comincto po Marannio S45 “Tipografia. Maranhense”, ria do Egito, 19, ¢ na qual os subseritores tinham o prego de ‘GS000, aay Com o tempo, duas tipografias galgaram a yanguarda da arte de Didot no Maranhiio: a de B. de Matos 0 a de Frias, No norte do Império, nenhuma outra conseguiu suplantii-las em perfei¢io, gésto artistico em cuja diferenga para menos chegou a atingir 30 % 652 As tabelas que se seguem mostram a barateza das edigdes daqueles tempos: Custo do exemplar Formato TA2SO00 1S4so Livro em 1,.112§000 1gli2 4° 14825000 $988 com 496 1, 8525000 $926 paginas 2. 2298000 $388 2.592000 $865 s10g000 $620 Livro em 4603000 $460 Be 6103000 $406 com 320 ‘7608000 $380 paginas 910S000 ‘$364 1, 0603000 $353 (231) — © Progresso — de 3-5-1010, 32) — J, M. D. de Prins \— “Memérla sdbro a ‘Tipografla Mara~ nhense” — 1806. 346 JenONIMo DE VIVEIROS tes precos Matos e Frias fizeram grandes eqi- des, ae abl. ou o “Jornal de Timon”, 4 volumes, ie estivro do Povo”, 10,000 exemplares na sua 8 edicdo, ¢ “QO Livro dos Meninos”, 6.000 exemplares. Ambos fizeram juntos a publicagio do romance ‘Os Miserdveis”, de Vitor Hugo, em 10 volumes, em 4.9 francés. De tédas as edigées, entéo, realizadas, a mais perfeita foi o “Dicionario fistorieo-GeogrAtico da Provincia do Ma- ranhio”, por César Marques, obra das oficinas de Frias. Nio foi, porém, o maior sucesso de livraria daqueles tempos, que a isso se opunha a natureza mesmo do livro. Esta gloria coube ao “Livro do Povo”, da autoria de Anténio Marques Rodrigues, o sual, com suas 280 pAginas, 110 estampas e prego de 320 réis, alcangou, dentro de um lustro, uma tira- gem de 26.000 exemplares. No decénio de 1860 a 1870, a cidade de Sao Luis, tinha uatro editoras: as Sues fe citadas e mais as de Ramos de meida e do jornal “O Progresso". Relembrar, como ra dessa atividade, as edicdes feltas no ano de 1864, é tarefa que desvanece a todo maranhense: B. de Matos edita a tradugéo em portugués dos “Co- mentérios de CAio Julio César” por Francisco Sotero dos Reis, em livretos de 80 a 100 pfginas, ao preco de mil réis pata os assinantes; “Félhas Dispersas”, poesias, de M. A. Pinto de Sampaio; o “Livro do Povo” — 2.* edigéo, por Ant6- nio Marques es; os 4.°, 5.° @ 6.° ntimeros da “Biblio- teca Literaria"; “Metrologia Moderna” pelo dr. J. A, Coquei- ro; “O Corcunda”, romance de Paulo Feval, em seis volumes; “O Barao de Oyapock”, drama de Sabas da Costa; o “Alma- naque Administrativo, Mercantil e Industrial da Provincia do Maranhao para 1864” e as “Obras” de Jodo Francisco Lisboa, 4 volumes, Frias publica as “Obras Poéticas” de Seve- riano de Azevedo, as “Poesias”, de Correia Gargfio, o livro ‘A Vida de Cristo”, de cuja edicio Anténio Marques Rodri- gues @ seus amigos subscrevem mil exemplares para distri- igo gratuita pees escolas, (833) e 9 “Diciondrio Histérico, Geografico e Estatistica da Provincia do Maranhao”, pot César Augusto Marques. A “Tipografia do Progresso” {a2 sair 4 luz da publicidade “Tras Liras", poesias de Trajan Galvao, Marques Rodrigues e Gentil Homem e “Postilas de Gramfitica Geral”, por Sotero dos Reis. Ramos de Almeid? poe em circulacio a “Gramitica Filosdfica”, do Padre Ant nio da Costa Duarte e a com “ bs ia de Antonio Auguste Rodvi¢nge ne Tutor”, da autor (3) — “A Imprensa” — de 12-10-1861, Histénta po Coméncio po MaraNHao 347 ‘Nesse mesmo ano de 1864, Odorico Mendes prepara- va-se para tirar uma edigéo das suas obras completas, como se vé desta sua carta a Henriques Leal e da que se lhe segue, dirigida ao mesmo, por Gongalves Dias: “Recebi a sua de 12, bem como o discurso do sr, Joaquim Serra ao apresentar o projeto sébre os 4 contos de réis que me serdo concedidos pela assem- bléia provincial: agradego a V. S. quanto féz e vat fazendo a éste respeito, e rogo-lhe o favor de agrade- cer por mim. a.tedos, comegando pelos iniciadores do decreto. “minha intengdo publicar (no falo das poll- ticas e parlamentares) as minhas obras completas, com muitos acrescentamentos e correcdes, nas jé impressa3.” “Tenho tido imensa dificuldade em ajuntar os meus versos de mégo, € creio Cs tem de ser mesqui- nha a colegdo, pois nem os dados d luz no Rio de Janeiro me chegam ad mdo: em tantas viagens, em tantos embaragos, sumiram-se os poucos manus- eritos que me restavam da grande perda na Bahia e os amigos a quem fiei copia ndo me querem acwdir.” “Bsses versos eram falhos na linguagem; mas, conservando o impeto € 0 fogo das idéias, que hoje me nega a idade, podia eu poli-los e os tornar menos indignos de nosso pais: a lima é do meneio dos velhos ainda néo decrépitos.” “Se ai houver curiosos que possuam alguns, maus ou sofriveis, folgaria eu de os alcancar, ndo para os imprimir sem critério, sim para escolher.” “Pois aquéle bom velho,” dizia Goncalves Dias na carta referida, verde nalma e€ no corpo é nas ilusdes, levara a tarde de seus dias a trabalhar com o ardor do “jornaleiro, que porque quer e por férca hd de aca~ dar a tarefa ¢ sente o aprozimar da noite — votava-se ao estudo e reaprendizagem do grego, como uma crianea, como nem 0 Alfieri se atreveria, se tivesse a mesma idade, e sai da luta glorioso e triunfador ! “Luta grande ¢ maior que grande — homérica. A lingua mais harmoniosa que os homens nunca jala- ram, 0 maior poeta que Deus criou no meio das mais favordveis circunsténcias preparadas e como predis- postas para o sew aparecimento, é déste grande poeta a obra por exceléncia, Aquela’ linguagem, filha da 348 RONIMO DE VIVEInOS je s deuses, dessa terra elernamente ena De Hebe, lerra que se abre e de iin, 2 nem, tes se esboria sabre 0 oceano, Como uma flor, ar, beber tédas as brisas e respirar todos ox Perfumes at oponha-se lé a nossa lingua que, apesar de ter ay, rado os odores das florestas virgens da América @ ¢¢ * ter largamente perfumado com as esséncias Dalsdmiest do Oriente, ressente-se ainda do ciciar dog PERL OE hy, cabos alcatroados, do yétto penetrante do sa day ey. das ¢ daquelas mdquinas rudes € pesadas, que 26 mp, viam como @ majestade tardia de um elefante 0 car. regar a camilha de uma princesa, ¢ Tancavam thor. mes balas de pedras para defender as custoras rps. ciarias de Ceildo e de Ormuz! E iutem eta duas tin. guas e€ Iutem ésses dois poctas “E iutou! Ao través doz téculor of grande, espiritos de Homero acharam tum que os compreen. deu: venceram as dois, sem dui ida. Mas, o arrija da luta j@ néo era pequena gle : mas alfernativas ds combate, mesmo o vencido péde colhér mats do que uma paima imorredoura." “E havia o poeta de ficar com @ tua obra nav mdos, a velar o se trabalho, a desiasdeie d férea de correcda, quanda o gésto se lésse embotoando com a velhice } # morra sem fer coragem sequer para ima- ginar uma nova ocupacéa! Fre dune ¢ triste fm au Ao progress das ¢; AS edit 2 va o desen- volvimont) dee livrariag. °TH#@TaS acompanhava A primeira de que temos Hotlcia é a de Frutusso, & rua da Pal; ma, junto da Relagio, a qual em 1848 anunciava — Histoire des Girondines por tamer — & volumes, ‘azeta dos Tribunals — § yo; ssica Portu- gutsa 35 whine volumes, Livraria Cli cesapoiemese depols as livrarias de Carlos Seidl, a Fran -Portuguésa, ria Gran Carlos a Fran foram sucessores Feliciano tia de Oliveira ¢ Moré gy : rques & Cia,, a de Magalhiss com oficina de cheademaciig de Tera Brovida de expects: Heados operatios alemfes, ‘a “Econémica", de Gongalves to, a de Jase Maria set Frias, 0 “Universal” ¢ cuir todas a que 70} ou Tose al “Universal gue Tedtcjon ¢ eae? conbensr iad dador 98.2 ditigir-the dc decline eo, Sau, comin = fart Humbe de Almeida Jansen Ferreira TO na vida das casas comerciais bracileiras. (FA — "0 Pater 6-2-1064, ass arte Hinr6nta no Corakncr po Marannis we Fundou-a, em 14 de Junho de 1248, no prédio n° 20, Invxo do Palficlo, hoje Avenida Pedro II, esquing eum 2 rua Cindilo Mended, 0 portugués Anténio Perelra Ramos de Almeida, que encolheu Santa Ant6nia pata patron de sua chin, confiando ag ofieinas & protecie de 820 Joao ¢ a loja Ade Santana, Decorrldo urn ano, anezava & livraria a Tipografia Cruz, que comprara ao seu proprietério. Ant6nlo Perclra Ramos de Almeida, era um lusiteng esclareeldo @ ponuldor de certa instrugZo. Encarava 9 né- (s de livros com inteligéncia e amor, ¢ éste expirite sowbe nfundir ao filho ¢ aos genroa que corm éle trabalhavam, es) seniio também aos seus empregados, De fato, o fino Jo%o de Apular Almelda herda-lhe a casa comercial ¢ dirige-2 até morrer; Raralre Costa, raride de sua filha Amélia, fol o fun- dador,'em Reelfe, da famosa “Livraria Contemporénea”; oulre genre, Anténlo de Almelda Faelola, criou a “Livraria Maranhense” em Belém do Paré; urn dos caizeiras do seu nucessor, Vitor Viana, deixou a casa para fundar de socie- dade com Joaquirn Lopes da Silva Guimaraes 2 conceituada “LIvraria Mederna”, Assim, da “Universal” sairam trés livra- rlas, que s¢ tornaram Importantes no comércio, de livros do norte do pats. Pela sua diregio passaram, além do fundador e do seu filho, o genry déste, doutor Manuel Jansen Ferreira, que, depois de ter como soelos, David Rodrigues Posses ¢ Antonie du Silva Gomes, den sociedade na casa ao seu fino Hun- berto Ramos d’Almeida Jansen Ferreira, atualmente tnico representante da firma. : Desde os seus prinefplos, época em que era conhecida cla designacio de “Livraria do largo do Palacio”, que a iniversal caprichou er manter 40. lado de boas colecoes de livros um varlado sortimento de objetos de eseritério: len- ten, eslojos de compass, tas] adeiras, canivetes, tintas para desenho, esfurminhos, espitulas de ago, marfim e madrepé- rola, penag prateadas, douradas, de ouro puro, de cristal, de pico’ de diamante, de marfim, de aves, (2) Do Jargo do Palacio, a Livraria Universal passow nucosnivamente nos prédios do Centro Caixeiral, praga Bene- dito Lelle, n.* 3 da rua da Palma, (Herculano Parga) e @ 114-A da praca Jofo Lisboa, onde comemorou o seu cen- tenftlo cm 1946. | Servido por magnifico prelo novo, adquirido em 1858, fo entabelecimento de Ramos de Almeida iniciou nesse ane, (a5) — “A Imprenaa”, edigfio de 12-1-58 1326) — “Didrin do Maranhia” — 4-2-1856. paid con cone 350 JeRONIMO DE VIVEIROS por sua conta, a fanless do “Jornal de Comércio”, que manteve por um triénio, + Wie um periédico de formato grande, pepeboamads. rio (quartas e sabados), e escrito com critério. Metths meiro mimero saiu a’ de junho de 1858, com 0 sub-titulo — Instrutivo, Agricola e Reereativo. Do niimero 106 em diante, passou de trés colunas a quatro, retirando o sub- titulo. Desde o principio até o fim, manteve mensalmente uma secéo especial — Boletim Comercial — de que tirava avulsos, vendidos a 500 réis. A atividade tipografica da casa do velho Ramos d’Almeida fol grande, néo obstante ter como concorrentes Belarmino de Matos e Correia Frias, os dois maiores edito- Tes maranhenses em todos os tempos. Infelizmente, porém, nao chegou até ao atual detentor da firma — Humberto Jansen: Ferreira, mégo alids de esclarecida inteligéncia « hotével amor a sua profissdo, o livro de registro de suas edi- goes: © como guase tédas se acham esgotadas, impossivel se orna reconstituir-Ihe a relacdo de mancira com: leta, mesmo com o auxilio da louvavel tentativa, claborada pela bela cultura de Domingos Vieira Filho, (337) E por isso que re roduzimos aqui, ape: is adendos, o citado trabalho: a Penas com seis “Gramdtica Filoséyica” Costa Duarte. “Catecismo da Diocese do do” e€ mandado publicar ppabrao — Padre Anténio da + adotade pelo Ex." © Rey 70 Sr, Ma- drigues. “O Jodozinho” — teitura i eegzies ,deamnet, traduzido do frencas "por Antonio a” a. ae 3 egridades Tespectivas, nos colé- nambueo, ‘aranhao, Piaui e Per- “Meditacdes _ rela — 1874. "°°" — versos por Frederico José Cor- “Estudii é Anita Correia Sav gua Portuguésa” — José emeras” —_ Aderh 1 “Almanague do al de Carvalho — 1894. 1396 ‘ Maranhdg” __ ‘de conto ei Ea Pare 280 {397 — Domingos nhio, ave Vieira py Iho » in Revista do Maranhio — agosto de Wage" dos Livros no Mara-

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