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Prova Objetiva Comentada


CURSO MEGE

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Material: Prova Objetiva Comentada (conforme gabarito preliminar)

Prova Objetiva Comentada 2


Conforme gabarito preliminar1

1
Tudo preparado dentro do prazo recursal pela Equipe Mege em total compromisso com o(a)
concurseiro(a).
OBSERVAÇÕES INICIAIS

A prova objetiva do MPPA foi realizada em 15/01/2023. Assim que tivemos


acesso ao gabarito preliminar iniciamos a tradicional prova comentada do Mege. É
incrível viver esses momentos de ansiedade juntos e, novamente, entregamos em mãos
tudo que apuramos ainda dentro do prazo recursal. A nossa intenção neste material é
auxiliar nossos alunos e seguidores na análise da elaboração de seus recursos, além de
possibilitar, em formato conclusivo, a revisão de temas cobrados no certame.

Não há maior apuração das questões antecipadas pelo curso ou preocupação


em comentar de forma mais amplas cada item, uma vez que o envio é feito ainda dentro
do curto prazo recursal.

O corte, neste momento, segue estimado em 75 pontos para ampla


concorrência (sem as anulações); e 67 pontos para negros (diante da limitação de
convocação de apenas 60 candidatos para 2ª fase); para pessoas com deficiência, 50
pontos (cláusula de barreira do edital que bate com a quantidade de 30 vagas. Os
nossos professores entendem que 3 questões, em especial, estão envolvidas em
maiores polêmicas a serem apreciada (10, 22, 77) e, portanto, podem ter suas situações
alteradas na fase recursal, o que deixa em aberto uma nova nota de corte.

Após este estudo, o candidato poderá vislumbrar a possibilidade de um


aumento em sua nota final. Em nossa experiência, constatamos um parâmetro de que a 3
cada 2 (duas) questões anuladas a pontuação oficial de corte aumenta em 1 (um)
ponto. Essa dica deve seguir como norte para definição de maiores chances de avanço
no certame. Guardem esta informação!

Aos alunos da turma de reta final MPPA 2022, pedimos que não deixem de reler
os conteúdos das rodadas com temas antecipados na prova. A melhor fixação será
importante nos próximos desafios (e também para 2ª fase do concurso, aos que
prosseguirão). Como perceberam, o estudo em sprint final foi revertido em pontos
decisivos. Sempre acreditamos muito que, com o devido foco, é possível evoluir mesmo
em menor prazo. Os feedbacks recebidos pós-prova comprovam que novamente
teremos uma invasão megeana, com muitos alunos em sua primeira oportunidade em
2ª fase.

SE VOCÊ NÃO FOI TÃO BEM NO MPPA NÃO SE DESESPERE!

Aos colegas que não estão dentro dessas faixas, indicamos, conforme o caso,
entrar imediatamente no Clube do MP (turma 2023.1). Nossa turma mais completa para
quem se prepara para MP (inclusive assinante premium ganha acesso a todas as retas
finais de MP que atuamos.
Se você presta concursos de MP em outros estados, o Clube do MP conta com
tudo que você precisa para preparação em todas as fases do concurso. Desde o estudo
da lei comentada até correções de provas de 2ª fase de forma personalizada e até
mesmo a opção de acompanhamento personalizado.
Vale a pena conferir!

CLUBE DO MP 2023.1
https://clube.mege.com.br/clube-do-mp-2023/

Agora é com vocês, vamos para análise de tudo que caiu na objetiva do MPPA.
Seguiremos firmes e com trabalho realmente específico também na 2ª fase.

Bons estudos.
Arnaldo Bruno Oliveira2

2
@prof.arnaldobruno
SUMÁRIO

DIREITO CONSTITUCIONAL ............................................................................................... 6


DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................................................. 21
DIREITO CIVIL .................................................................................................................. 31
DIREITO PROCESSUAL CIVIL ............................................................................................ 40
DIREITO PENAL ............................................................................................................... 48
DIREITO PROCESSUAL PENAL ......................................................................................... 57
DIREITO ELEITORAL ......................................................................................................... 67
LEGISLAÇÃO REFERENTE AO MINISTÉRIO PÚBLICO ....................................................... 71
DIREITO EMPRESARIAL ................................................................................................... 76
DIREITO TRIBUTÁRIO ...................................................................................................... 79
DIREITO AGRÁRIO ........................................................................................................... 88
TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS ........... 94
DIREITOS HUMANOS .................................................................................................... 102
PROMOÇÃO DA IGUALDADE ÉTNICO-RACIAL E LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA 5
CORRESPONDENTE ....................................................................................................... 111
DIREITO CONSTITUCIONAL

1. Em conformidade com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) e do


Superior Tribunal de Justiça (STJ), assinale a opção correta, acerca do direito
fundamental ao sigilo.

(A) Não é legítimo que a Receita Federal do Brasil (RFB), sem prévia autorização judicial,
compartilhe com os órgãos de persecução penal procedimento fiscalizatório por ela
realizado para apuração de débito tributário com o Ministério Público, para fins
criminais.

(B) O Ministério Público pode fazer a requisição direta à RFB de dados fiscais, para fins
criminais.

(C) É legal a utilização, pelo Ministério Público, de prova sigilosa obtida em


procedimento em curso no STF para abertura de procedimento investigatório criminal
autônomo com o objetivo de apurar os mesmos fatos já investigados naquela corte.

(D) São ilícitas, por violação ao sigilo de dados bancários, as provas resultantes do
compartilhamento com o Ministério Público de dados de movimentações financeiras da
própria instituição bancária realizadas por funcionário acusado de gestão fraudulenta.

(E) É lícita a requisição, pelo Ministério Público, de informações bancárias de contas de 6


titulares de órgãos e entidades públicas, com o fim de proteger o patrimônio público.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Não há ilicitude das provas por violação ao sigilo de dados bancários,
em razão do compartilhamento de dados de movimentações financeiras da própria
instituição bancária ao Ministério Público.
(B) INCORRETA. Os Tribunais Superiores já pacificaram que não há esse poder direto de
requisição do MP aos órgãos fiscais.
(C) INCORRETA. É ilegal a utilização, por parte do Ministério Público, de peça sigilosa
obtida em procedimento em curso no Supremo Tribunal Federal para abertura de
procedimento investigatório criminal autônomo com objetivo de apuração dos mesmos
fatos já investigados naquela Corte.
(D) INCORRETA. Mesmo julgado já apresentado: STJ. 6ª Turma. RHC 147307-PE, Rel.
Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), julgado em
29/03/2022 (Info 731).
(E) CORRETA. Não são nulas as provas obtidas por meio de requisição do Ministério
Público de informações bancárias de titularidade de Prefeitura para fins de apurar
supostos crimes praticados por agentes públicos contra a Administração Pública. É lícita
a requisição pelo Ministério Público de informações bancárias de contas de titularidade
da Prefeitura, com o fim de proteger o patrimônio público, não se podendo falar em
quebra ilegal de sigilo bancário. O sigilo de informações necessário à preservação da
intimidade é relativizado quando há interesse da sociedade em conhecer o destino dos
recursos públicos. Diante da existência de indícios da prática de ilícitos penais
envolvendo verbas públicas, cabe ao MP, no exercício de seus poderes investigatórios
(art. 129, VIII, da CF/88), requisitar os registros de operações financeiras relativos aos
recursos movimentados a partir de contracorrente de titularidade da Prefeitura. Essa
requisição compreende, por extensão, o acesso aos registros das operações bancárias
sucessivas, ainda que realizadas por particulares, e objetiva garantir o acesso ao real
destino desses recursos públicos. STJ. 5ª Turma. HC 308493-CE, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 20/10/2015 (Info 572). STF. 2ª Turma.RHC 133118/CE,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 26/9/2017 (Info 879).

2. A respeito do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), assinale a opção


correta.
(A) Por não consistirem em ato de caráter geral e abstrato, as resoluções do CNMP não
se sujeitam ao controle de constitucionalidade por ação direta.
(B) O CNMP será composto, entre outros, por quatro membros oriundos dos ministérios
7
públicos dos estados.
(C) Compete ao CNMP, e não ao STF, conhecer e dirimir conflito de atribuições entre
membros de ramos diversos do Ministério Público.
(D) O CNMP escolherá um corregedor nacional, entre os membros de ministério público
que o integram, permitida uma recondução.
(E) Cabe ao CNMP rever, desde que provocado, processos disciplinares de membros dos
ministérios públicos dos estados julgados há menos de um ano.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A Resolução do CNMP consiste em ato normativo de caráter geral e


abstrato, editado pelo Conselho no exercício de sua competência constitucional, razão
pela qual constitui ato normativo primário, sujeito a controle de constitucionalidade,
por ação direta, no Supremo Tribunal Federal. STF. Plenário. ADI 4263/DF, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 25/4/2018 (Info 899).
(B) INCORRETA. Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se de
quatorze membros nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a
escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um mandato de dois anos,
admitida uma recondução, sendo:
I Procurador-Geral da República, que o preside;
II quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a representação de cada
uma de suas carreiras;
III três membros do Ministério Público dos Estados;
IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo Superior
Tribunal de Justiça;
V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela
Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.
(C) CORRETA. Compete ao CNMP dirimir conflitos de atribuições entre membros do MPF
e de Ministérios Públicos estaduais. STF. Plenário. ACO 843/SP, Rel. para acórdão Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 05/06/2020. STF. Plenário. Pet 4891, Rel. Marco
Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 16/06/2020 (Info 985 –
clipping).
(D) INCORRETA. § 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um Corregedor
nacional, dentre os membros do Ministério Público que o integram, vedada a
recondução, competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pela lei, as 8
seguintes:
I receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos membros do
Ministério Público e dos seus serviços auxiliares;
II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correição geral;
III requisitar e designar membros do Ministério Público, delegando-lhes atribuições, e
requisitar servidores de órgãos do Ministério Público.
(E) INCORRETA. Competência do CNMP: IV rever, de ofício ou mediante provocação, os
processos disciplinares de membros do Ministério Público da União ou dos Estados
julgados há menos de um ano.

3. À luz da Constituição Federal de 1988 (CF) e da jurisprudência do Supremo Tribunal


Federal (STF), assinale a opção correta acerca da intervenção estadual.
(A) Na hipótese de o tribunal de justiça deferir pedido de intervenção em representação
a ele dirigida, desde que a medida se limite a suspender o ato impugnado, a apreciação
pela assembleia legislativa poderá ser dispensada.
(B) Caberá recurso extraordinário contra acórdão de tribunal de justiça que deferir
pedido de intervenção estadual em município.
(C) Se, decretada a intervenção, a assembleia legislativa não estiver funcionando, será
realizada a sua convocação extraordinária, no prazo de quarenta e oito horas.
(D) O decreto de intervenção deverá, necessariamente, especificar a amplitude, o prazo
e as condições de execução, bem como nomear o interventor.
(E) Constituição estadual poderá conferir ao tribunal de contas atribuição de requerer
ao governador medida interventiva na hipótese de irregularidade na prestação de
contas do prefeito.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Os requisitos para deferimento de intervenção estadual por


representação dirigida ao Tribunal de Justiça estão presentes no art. 36 da CF/88. Vamos
à leitura.
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios
localizados em Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida
fundada; II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; III - não tiver sido
aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000) IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação 9
para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para
prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo
Congresso Nacional ou pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender
a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da
normalidade.
(B) INCORRETA. Súmula 637 STF – Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de
tribunal de justiça que defere pedido de intervenção estadual em município.
(C) INCORRETA. § 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembléia
Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro
horas.
(D) INCORRETA. § 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e
as condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à
apreciação do Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de
vinte e quatro horas.
(E) INCORRETA. Viola a Constituição Federal a previsão contida na Constituição Estadual
atribuindo aos Tribunais de Contas a competência para requerer ou decretar
intervenção em Município. Essa previsão não encontra amparo nos arts. 34 e 36 da
CF/88.STF. Plenário. ADI 3029, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/03/2020 (Info
973).
4. Considerando as disposições da CF e o entendimento do STF, assinale a opção que
apresenta medida que pode ser determinada diretamente por Comissão Parlamentar
de Inquérito (CPI).
(A) Bexpedição de ordem de prisão.
(B) interceptação telefônica.
(C) quebra de segredo de justiça.
(D) busca domiciliar.
(E) quebra de sigilo fiscal.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A CPI não tem poder de julgar, nem tem competência para punir
investigados. Não processa ou julga, mas investiga fatos determinados. Não pode, por
exemplo, determinar medidas cautelares, como prisões provisórias, indisponibilidade
de bens, arresto e sequestro. Também não pode expedir mandado de busca e apreensão
em domicílios; apreender passaporte; determinar a interceptação telefônica (escuta
10
ou grampo), medidas que dependem de decisão judicial.

Fonte: Agência Senado

(B) INCORRETA. A CPI não tem poder de julgar, nem tem competência para punir
investigados. Não processa ou julga, mas investiga fatos determinados. Não pode, por
exemplo, determinar medidas cautelares, como prisões provisórias, indisponibilidade
de bens, arresto e sequestro. Também não pode expedir mandado de busca e apreensão
em domicílios; apreender passaporte; determinar a interceptação telefônica (escuta
ou grampo), medidas que dependem de decisão judicial.

Fonte: Agência Senado

(C) INCORRETA. A CPI não tem poder de julgar, nem tem competência para punir
investigados. Não processa ou julga, mas investiga fatos determinados. Não pode, por
exemplo, determinar medidas cautelares, como prisões provisórias, indisponibilidade
de bens, arresto e sequestro. Também não pode expedir mandado de busca e apreensão
em domicílios; apreender passaporte; determinar a interceptação telefônica (escuta
ou grampo), medidas que dependem de decisão judicial.

Fonte: Agência Senado


(D) INCORRETA. A CPI não tem poder de julgar, nem tem competência para punir
investigados. Não processa ou julga, mas investiga fatos determinados. Não pode, por
exemplo, determinar medidas cautelares, como prisões provisórias, indisponibilidade
de bens, arresto e sequestro. Também não pode expedir mandado de busca e
apreensão em domicílios; apreender passaporte; determinar a interceptação telefônica
(escuta ou grampo), medidas que dependem de decisão judicial.

Fonte: Agência Senado

(E) CORRETA. O QUE UMA CPI PODE FAZER


A legislação diz que a CPI tem poder de investigação próprio de autoridades judiciais.
Significa dizer que uma comissão de inquérito pode:

• inquirir testemunhas (que têm o compromisso de dizer a verdade);


• ouvir suspeitos (que têm o direito ao silêncio para não se incriminarem);
• prender (somente em caso de flagrante delito);
• requisitar da administração pública direta, indireta ou fundacional informações e
documentos;
• tomar o depoimento de autoridades;
• requerer a convocação de ministros de Estado;
• deslocar-se a qualquer ponto do país para realizar investigações e audiências públicas;
• requisitar servidores de outros poderes para auxiliar nas investigações;
• quebrar sigilo bancário, fiscal e de dados, desde que por ato devidamente 11
fundamentado, com o dever de não dar publicidade aos dados.

Fonte: Agência Senado

5. Conforme a jurisprudência do STF, restará prejudicado o julgamento da ADI quando


houver
(A) revogação do ato normativo antes do julgamento, ainda que seja demonstrado que
seu conteúdo foi repetido em outro diploma normativo.
(B) alteração no parâmetro constitucional, desde que o processo ainda esteja em curso.
(C) revogação do ato normativo que estava sendo impugnado e não for demonstrada a
ocorrência de fraude processual, com o objetivo de evitar que o STF declare o ato
inconstitucional.
(D) alteração, antes do julgamento, da lei impugnada, ainda que o autor adite a petição
inicial demonstrando que a nova redação apresenta o mesmo vício.
(E) conversão em lei da medida provisória impugnada, antes que a ADI seja julgada,
ainda que o autor adite a petição inicial demonstrando que o texto normativo original
se mantém.
RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Se ficar constatado que o conteúdo foi repetido em outro diploma não
há a perda do objeto da ADI.
(B) INCORRETA. A alteração do parâmetro constitucional, quando o processo ainda está
em curso, não prejudica o conhecimento da ADI. Isso para evitar situações em que uma
lei que nasceu claramente inconstitucional volte a produzir, em tese, seus efeitos.
STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907).
(C) CORRETA. 1. A jurisprudência do STF é firme no sentido de que a intercorrência de
revogação da norma impugnada gera a prejudicialidade da ação direta de
inconstitucionalidade, em decorrência da perda superveniente do objeto. Precedentes.
2. Exceção à referida diretriz jurisprudencial diante dos casos de eventual fraude
processual, ou seja, quando a revogação dos atos normativos visa burlar a jurisdição
constitucional da Corte, ocasião em que o julgamento final da ação não fica prejudicado.
Hipótese não verificada no presente caso concreto. 3. Agravo regimental a que se nega
provimento.
(STF; ADI-AgR 4.939; SP; Tribunal Pleno; Rel. Min. Edson Fachin; Julg. 23/08/2019; DJE
09/09/2019; Pág. 20)
(D) INCORRETA. O que acontece se a lei impugnada por meio de ADI é alterada antes do
julgamento da ação? Neste caso, o autor da ADI deverá aditar a petição inicial
12
demonstrando que a nova redação do dispositivo impugnado apresenta o mesmo vício
de inconstitucionalidade que existia na redação original. A revogação, ou substancial
alteração, do complexo normativo impõe ao autor o ônus de apresentar eventual
pedido de aditamento, caso considere subsistir a inconstitucionalidade na norma que
promoveu a alteração ou revogação. Se o autor não fizer isso, o STF não irá conhecer da
ADI, julgando prejudicado o pedido em razão da perda superveniente do objeto. STF.
Plenário. ADI 1931/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/2/2018 (Info 890).
(E) INCORRETA. 1. O Supremo Tribunal Federal definiu interpretação jurídica no sentido
de que apenas a modificação substancial, promovida durante o procedimento de
deliberação e decisão legislativa de conversão de espécies normativas, configura
situação de prejudicialidade superveniente da ação a acarretar, por conseguinte, a
extinção do processo sem resolução do mérito. Ademais, faz-se imprescindível o
aditamento da petição inicial para a convalidação da irregularidade processual. Desse
modo, a hipótese de mera conversão legislativa da medida provisória não é argumento
suficiente para justificar prejudicialidade processual superveniente. 2. Medida
provisória não revoga lei anterior, mas apenas suspende seus efeitos no ordenamento
jurídico, em face do seu caráter transitório e precário. Assim, aprovada a medida
provisória pela Câmara e pelo Senado, surge nova lei, a qual terá o efeito de revogar lei
antecedente. Todavia, caso a medida provisória seja rejeitada (expressa ou
tacitamente), a lei primeira vigente no ordenamento, e que estava suspensa, volta a ter
eficácia. 3. Conversão do exame da medida cautelar em julgamento do mérito da
demanda. 4. O argumento de desvio de finalidade para justificar o vício de
inconstitucionalidade de medida provisória, em razão da provável direção de cargo
específico para pessoa determinada não tem pertinência e validade jurídica, porquanto,
na espécie, se trata de ato normativo geral e abstrato, que estabeleceu uma
reestruturação genérica da Administração Pública. (STF - ADI: 5709 DF 0005761-
30.2017.1.00.0000, Relator: ROSA WEBER, Data de Julgamento: 27/03/2019, Tribunal
Pleno, Data de Publicação: 28/06/2019)

6. No que concerne aos direitos e às garantias fundamentais, assinale a opção correta,


à luz da jurisprudência dos tribunais superiores.
(A) É inconstitucional lei estadual que responsabilize estado-membro por danos
causados a pessoas presas na ditadura.
(B) A incitação ao ódio público feita por líder religioso contra outras religiões pode
configurar o crime de racismo.
(C) A fixação de piso salarial em múltiplos do salário mínimo é constitucional, desde que
previstos reajustes automáticos.
(D) Caso um hospital particular atenda um paciente do Sistema Único de Saúde (SUS)
por força de decisão judicial, o hospital deverá ser ressarcido com base nos valores de
mercado.
(E) O STJ entende que, em ação contra empresa jornalística, é cabível pedido do autor
para que seja publicada, no veículo de imprensa, a decisão condenatória proferida em 13
seu desfavor, ainda que não tenha sido pleiteado, administrativamente, o direito de
resposta ou de retificação da matéria divulgada.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a validade da Lei estadual
5.751/1998, do Espírito Santo, que define o estado como responsável por danos físicos
e psicológicos causados a pessoas presas no período da ditadura militar e estabelece
regras para que sejam indenizadas. Na sessão virtual finalizada em 3/11, a Corte, por
maioria de votos, julgou improcedente pedido feito pelo governo local na Ação Direta
de Inconstitucionalidade (ADI) 3738. A norma estabelece que o estado deve indenizar
as pessoas detidas por motivos políticos, legal ou ilegalmente, entre 2/9/1961 e
15/8/1979. Prevê, ainda, a criação de uma comissão especial para avaliar os pedidos de
indenização e de pensão especial e fixar o valor a ser recebido. Na ADI, o governo
estadual alegava a que a lei, de iniciativa parlamentar, seria incompatível com a regras
constitucionais que definem a competência privativa do chefe do Poder Executivo para
propor projetos de lei que acarretem a criação ou o aumento de despesa e a criação de
órgão público. Apontou, ainda, que a regra segundo a qual eventual indenização pela
União, com base em iguais motivos, não afasta o pagamento pelo estado, ofenderia os
princípios da moralidade e da razoabilidade, pois configuraria enriquecimento sem
causa do particular, em detrimento do patrimônio público.
(B) CORRETA. A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e
seus seguidores não está protegida pela cláusula constitucional que assegura a
liberdade de expressão. STF. 2ª Turma. RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o
ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/3/2018 (Info 893).
(C) INCORRETA. Proibição de fixação de piso salarial em múltiplos do salário-mínimo
quando implique em reajustes automáticos.
Com efeito, o Tribunal de origem entendeu que a Orientação Jurisprudencial 71 da SbDI-
2 do TST, que autoriza a aplicação da Lei 4.950-A/1966, que fixa o salário-mínimo
profissional de engenheiros e outras categorias afins em múltiplos do salário-mínimo,
não ofende a Súmula Vinculante 4 (...). A proibição de indexação ao salário-mínimo
abrange os casos em que o aumento do valor do salário-mínimo sempre implicar em
reajuste automático da base de cálculo em questão. Portanto, não há vedação para a
fixação de piso salarial em múltiplos do salário-mínimo, desde que inexistam reajustes
automáticos. Dessa forma, verifica-se que o acórdão recorrido, ao aplicar a OJ 71, da
SBDI-2 do TST, não afrontou a Súmula Vinculante 4, nem a ADPF 53 MC. [ARE 922.319
AgR, rel. min. Edson Fachin, 2ª T, j. 20-4-2017, DJE 89 de 2-5-2017.]
(D) INCORRETA. “O ressarcimento de serviços de saúde prestados por unidade privada
em favor de paciente do Sistema Único de Saúde, em cumprimento de ordem judicial,
deve utilizar como critério o mesmo que é adotado para o ressarcimento do Sistema
Único de Saúde por serviços prestados a beneficiários de planos de saúde”. STF.
14
Plenário. RE 666094/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 30/09/2021
(Repercussão Geral – Tema 1033) (Info 1032).
(E) INCORRETA. Regulado atualmente pela Lei 13.188/2015, o direito de resposta
garantido ao ofendido em razão de notícia incorreta, inexata ou abusiva possui rito e
prazos próprios, e não se confunde com outros mecanismos, como a publicação de
eventual condenação pela divulgação de notícia ofensiva. Assim, caso a Justiça
reconheça abuso no direito de informar, ela não pode determinar que o veículo
jornalístico publique a íntegra da condenação com base nos mesmos dispositivos legais
que tratam do exercício do direito de resposta. O entendimento foi reafirmado pela
Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao afastar determinação estabelecida
em primeiro grau – e confirmada em segundo – para que uma empresa jornalística
divulgasse, no mesmo espaço de publicação de notícia considerada ofensiva, a
condenação fixada em sentença, com amparo no artigo 2º da Lei 13.188/2015. De
acordo com o artigo 2º da lei, ao ofendido em matéria divulgada, publicada ou
transmitida por veículo de comunicação social é assegurado o direito de resposta ou
retificação, gratuito e proporcional ao agravo. Por sua vez, o artigo 3º da Lei
13.188/2015 afirma que o direito de resposta ou retificação deve ser exercido no prazo
decadencial de 60 dias, contado da data de cada divulgação, publicação ou transmissão
da matéria ofensiva, mediante correspondência com aviso de recebimento
encaminhada diretamente ao veículo de comunicação social ou, inexistindo pessoa
jurídica constituída, a quem por ele responda, independentemente de quem seja o
responsável intelectual pelo agravo.
7. Com base na jurisprudência do STF e do STJ, assinale a opção correta, a respeito do
Ministério Público.
(A) A ação civil de perda de cargo de promotor de justiça cuja causa de pedir não tenha
como fundamento ato de improbidade administrativa deverá ser julgada pelo tribunal
de justiça.
(B) É constitucional lei estadual que exija que o membro do Ministério Público
comunique à corregedoria quando for se ausentar da comarca onde está lotado.
(C) É constitucional emenda à Constituição estadual que verse sobre normas gerais para
a organização do ministério público do estado.
(D) A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal
acarretará o seu impedimento para o oferecimento de denúncia.
(E) É constitucional dispositivo de lei estadual que institua gratificação aos membros do
Ministério Público pela prestação de serviço à justiça eleitoral, a ser paga pelo Poder
Judiciário.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS 15
(A) CORRETA. Ação Civil de perda de cargo de Promotor de Justiça cuja causa de pedir
não esteja vinculada a ilícito capitulado na Lei nº 8.429/92 deve ser julgada pelo Tribunal
de Justiça. STJ. 2ª Turma. REsp 1737900-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
19/11/2019 (Info 662)..
(B) INCORRETA. É inconstitucional, por configurar ofensa à liberdade de locomoção, a
exigência de prévia comunicação ou autorização para que os membros do Ministério
Público possam se ausentar da comarca ou do estado onde exercem suas atribuições.
STF. Plenário. ADI 6845/AC, Rel. Min. Carmen Lúcia, julgado em 22/10/2021 (Info 1035).
(C) INCORRETA. Foi editada emenda à Constituição estadual afirmando que somente o
PGJ poderia instaurar inquérito civil e propor ACP contra membros do Poder Legislativo,
do Poder Judiciário, do Tribunal de Contas, do Ministério Público e da Defensoria
Pública. Essa emenda padece de vícios de inconstitucionalidade formal e material. A
referida emenda é formalmente inconstitucional porque: a) usurpou a iniciativa
reservada pela Constituição Federal ao Presidente da República para tratar sobre
normas gerais para a organização do Ministério Público estadual (art. 61, § 1º, II, “d”, da
CF/88); b) tratou sobre matéria que deve ser disciplinada por meio de lei complementar
de iniciativa do chefe do Ministério Público estadual (§ 5º do art. 128 da CF/88). Além
disso, constata-se inconstitucionalidade material na norma impugnada por ofensa à
autonomia e à independência do Ministério Público, asseguradas pelo § 2º do art. 127
e pelo § 5º do art. 128 da CF/88. STF. Plenário. ADI 5281/RO e ADI 5324/RO, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 11/5/2021 (Info 1016).
(D) INCORRETA. Súmula-STJ nº 234 - A participação de membro do Ministério Público
na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o
oferecimento da denúncia.
(E) INCORRETA. É inconstitucional dispositivo de lei estadual que institui gratificação aos
membros do MP pela prestação de serviço à Justiça Eleitoral a ser paga pelo Poder
Judiciário. A previsão representa uma inadequada ingerência na autonomia financeira
do Poder Judiciário. STF. Plenário. ADI 2831/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do
acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 30/4/2021 (Info 1015).

8. No que se refere a finanças públicas, assinale a opção correta, com base na


Constituição Federal de 1988 (CF).
(A) Se for apurado que, no período de doze meses, a relação entre despesas correntes
e receitas correntes superou noventa por cento no âmbito dos estados, será facultada
a adoção de mecanismos de ajuste fiscal, por exemplo, mediante a vedação de criação
de despesa obrigatória.
(B) Os recursos transferidos aos estados oriundos de emendas individuais impositivas
não integrarão a receita do estado para fins de cálculo de limites da despesa com pessoal
ativo e inativo.
(C) As disponibilidades de caixa dos estados serão depositadas no Banco Central do
Brasil. 16
(D) O Poder Executivo publicará, até quarenta e cinco dias após o encerramento de cada
bimestre, relatório resumido da execução orçamentária.
(E) É permitida a transferência a fundos de recursos financeiros oriundos de repasses de
duodécimos.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Art. 167-A. Apurado que, no período de 12 (doze) meses, a relação
entre despesas correntes e receitas correntes supera 95% (noventa e cinco por cento),
no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, é facultado aos Poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário, ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas e à
Defensoria Pública do ente, enquanto permanecer a situação, aplicar o mecanismo de
ajuste fiscal de vedação da:
VII - criação de despesa obrigatória; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de
2021)
(B) CORRETA. Art. 166-A. As emendas individuais impositivas apresentadas ao projeto
de lei orçamentária anual poderão alocar recursos a Estados, ao Distrito Federal e a
Municípios por meio de:
I - transferência especial; ou
II - transferência com finalidade definida.
§ 1º Os recursos transferidos na forma do caput deste artigo não integrarão a receita
do Estado, do Distrito Federal e dos Municípios para fins de repartição e para o cálculo
dos limites da despesa com pessoal ativo e inativo, nos termos do § 16 do art. 166, e
de endividamento do ente federado, vedada, em qualquer caso, a aplicação dos
recursos a que se refere o caput deste artigo no pagamento de:
I - despesas com pessoal e encargos sociais relativas a ativos e inativos, e com
pensionistas; e
II - encargos referentes ao serviço da dívida.
(C) INCORRETA. Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida
exclusivamente pelo banco central.
§ 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao
Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira.
§ 2º O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional,
com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros.
§ 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder
Público e das empresas por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, 17
ressalvados os casos previstos em lei.
(D) INCORRETA. Art. 165, § 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o
encerramento de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária.
(E) INCORRETA. Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias,
compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos
Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-
ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na forma da lei complementar
a que se refere o art. 165, § 9º.

§ 1º É vedada a transferência a fundos de recursos financeiros oriundos de repasses


duodecimais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

9. No que diz respeito à ordem econômica e financeira, assinale a opção correta.


(A) A pesquisa e a lavra de recursos minerais podem ser concedidas pela União a
empresa brasileira sediada no exterior, desde que esta esteja constituída sob as leis
brasileiras.
(B) A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior
a mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica dependerá de prévia aprovação
do Congresso Nacional.
(C) Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão
títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos.
(D) A União não poderá contratar empresas privadas para fazer o refinamento do
petróleo estrangeiro.
(E) É facultado ao poder público municipal, mediante lei específica para área incluída no
plano diretor, exigir do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não
utilizado que promova seu adequado aproveitamento, nos termos da lei municipal.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os
potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito
de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a
propriedade do produto da lavra.

§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que


se refere o "caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização
ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída
sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, que 18
estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em
faixa de fronteira ou terras indígenas. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6,
de 1995)

(B) INCORRETA. Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas será


compatibilizada com a política agrícola e com o plano nacional de reforma agrária.

§ 1º A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior


a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta
pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional.

§ 2º Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as alienações ou as concessões de


terras públicas para fins de reforma agrária.

(C) CORRETA. Art. 189. Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma
agrária receberão títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo
de dez anos.
(D) INCORRETA. Art. 177. Constituem monopólio da União:

I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos


fluidos;

II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;


III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das
atividades previstas nos incisos anteriores;

IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos


de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de
petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem;

V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o


comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos
radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob
regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta
Constituição Federal.

§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das


atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo observadas as condições estabelecidas
em lei.

(E) INCORRETA. CF, art. 182. É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei
específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do
proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova
seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;

II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;


19
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão
previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros
legais.

10. Considerando o disposto na Constituição Federal de 1988 (CF) e a jurisprudência


do Supremo Tribunal Federal (STF), julgue os itens a seguir, a respeito da
responsabilidade civil do Estado.
(I) No tocante às atividades perigosas, é possível, por meio de lei específica, ampliar a
responsabilidade civil do Estado para adotar a teoria do risco integral.
(II) O Estado responde objetivamente por acidentes ocasionados em decorrência do
comércio de fogos de artifício exercido clandestinamente, dada a omissão estatal
relativa ao dever de fiscalização e vigilância.
(III) É possível a responsabilização civil do Estado por danos ocasionados aos particulares
em decorrência da implementação de política diretiva de fixação de preços para
determinado setor, desde que haja comprovação de efetivo prejuízo econômico,
mediante perícia técnica.
Assinale a opção correta.
(A) Apenas o item I está certo.
(B) Apenas o item III está certo.
(C) Apenas os itens I e III estão certos.
(D) Apenas os itens II e III estão certos.
(E) Todos os itens estão certos.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

Questão passível de recurso.


A banca alterou a sistemática do caso concreto julgado pelo STF no RE 136.861/SP,
contudo a responsabilidade in casu continua sendo objetiva. Não há falar em outro tipo
de responsabilidade pelo exemplo abordado pela banca, que seja diferente do já
decidido pela Corte no caso acima. Neste sentido, a afirmação correta seria II e III, e não
apenas o comando III.

Vamos ao julgado que fundamenta o recurso da questão: 1. A Constituição Federal, no


art. 37, § 6º, consagra a responsabilidade civil objetiva das pessoas jurídicas de direito
público e das pessoas de direito privado prestadoras de serviços públicos. Aplicação da
20
teoria do risco administrativo. Precedentes da CORTE. 2. Para a caracterização da
responsabilidade civil estatal, há a necessidade da observância de requisitos mínimos
para aplicação da responsabilidade objetiva, quais sejam: a) existência de um dano; b)
ação ou omissão administrativa; c) ocorrência de nexo causal entre o dano e a ação ou
omissão administrativa; e d) ausência de causa excludente da responsabilidade estatal.
3. Na hipótese, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo concluiu, pautado na
doutrina da teoria do risco administrativo e com base na legislação local, que não
poderia ser atribuída ao Município de São Paulo a responsabilidade civil pela explosão
ocorrida em loja de fogos de artifício. Entendeu-se que não houve omissão estatal na
fiscalização da atividade, uma vez que os proprietários do comércio desenvolviam a
atividade de forma clandestina, pois ausente a autorização estatal para comercialização
de fogos de artifício. 4. Fixada a seguinte tese de Repercussão Geral: “Para que fique
caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes do comércio de
fogos de artifício, é necessário que exista a violação de um dever jurídico específico de
agir, que ocorrerá quando for concedida a licença para funcionamento sem as cautelas
legais ou quando for de conhecimento do poder público eventuais irregularidades
praticadas pelo particular”. (STF - RE: 136861 SP, Relator: EDSON FACHIN, Data de
Julgamento: 11/03/2020, Tribunal Pleno, Data de Publicação: 13/08/2020)
Quanto ao item III – É imprescindível para o reconhecimento da responsabilidade civil
do Estado em decorrência da fixação de preços no setor sucroalcooleiro a comprovação
de efetivo prejuízo econômico, mediante perícia técnica em cada caso concreto. STF.
Plenário. ARE 884325, Rel. Edson Fachin, julgado em 18/08/2020 (Repercussão Geral -
Tema 826).
(A) INCORRETA.
(B) CORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.

DIREITO ADMINISTRATIVO

11. Esses agentes atuam com plena liberdade funcional, desempenhando suas
atribuições com prerrogativas e responsabilidades próprias, estabelecidas na
Constituição Federal de 1988 e em leis especiais. Têm normas específicas para sua
escolha, sua investidura, sua conduta e seu processo por crimes funcionais e de
responsabilidades, que lhe são privativos.
Hely Lopes Meirelles. Direito Administrativo Brasileiro. 27.ª ed. São Paulo: Editora
Malheiros (com adaptações).
Assinale a opção que indica corretamente a espécie de agente público a que o trecho
21
precedente se refere.
(A) agentes delegados.
(B) agentes administrativos.
(C) agentes honoríficos.
(D) agentes credenciados.
(E) agentes políticos.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Os agentes delegados são particulares que recebem a incumbência da


execução de determinada atividade, obra ou serviço público e o realizam em nome
próprio, por sua conta e risco, sob a permanente fiscalização do poder delegante. Não
se tratam de servidores públicos, tampouco representantes do Estado, mas apenas
colaboradores do Poder Público. Sujeitam-se, porém, no exercício da atividade
delegada, à irresponsabilidade civil objetiva (CF, art. 37, 6º), ao mandado de segurança
(CF, art. 5º, LXIX) e à responsabilização nos crimes contra a Administração Pública (CP,
art. 327)..
(B) INCORRETA. Hely Lopes Meirelles os designa agentes administrativos, por se
vincularem ao Estado, autarquias e fundações de direito público, mediante relação
profissional, sujeitando-se à hierarquia funcional e ao regime jurídico de determinado
ente estatal. O autor não considera servidores públicos os vinculados às pessoas de
direito privado. Os servidores públicos são investidos a título de emprego
(normalmente, nomeação), recebendo retribuição pecuniária paga pelos cofres
públicos. Constituem a massa dos prestadores de serviço à Administração direta e
indireta de direito público. Dividem-se em a) servidores públicos concursados; b)
servidores públicos que exercem cargo em comissão ou emprego público; e c) servidores
temporários.
(C) INCORRETA. Explica Hely Lopes Meirelles que os agentes honoríficos não são
servidores públicos, mas momentaneamente exercem função pública. Quando a
desempenham sujeitam-se à hierarquia e à disciplina do órgão a que servem. Podem
perceber pro labore e contar o período de trabalho como de serviço público. Sobre esses
agentes não incidem proibições constitucionais de acumulação de cargos porque sua
vinculação é sempre transitória e a título de colaboração cívica, sem caráter
empregatício. Cita o autor como exemplo a Lei 9.608/1998, que dispõe sobre o serviço
voluntário. Somente para fins penais, são equiparados a servidores públicos em relação
aos atos praticados no exercício da função, nos termos do art. 327 do Código Penal.
(D) INCORRETA. Os agentes credenciados são os que recebem a incumbência da 22
administração para representá-la em determinado ato ou praticar certa atividade,
mediante remuneração do Poder Público credenciante. Como exemplo, podemos citar
quando é atribuída a alguma pessoa a tarefa de representar o Brasil em determinado
evento internacional.
(E) CORRETA. Hely Lopes Meirelles diz que os agentes políticos são os componentes de
primeiro escalão do Governo, investidos em cargos, funções, mandatos ou comissões,
por nomeação, eleição, designação ou delegação para o exercício de atribuições
constitucionais. Atuam com liberdade funcional, com as prerrogativas e
responsabilidades próprias. Possuem normas privativas para sua escolha, investidura,
conduta e processos por crimes funcionais e de responsabilidade cometidos. “Os
agentes políticos exercem funções governamentais, judiciais e quase-judiciais, elaboram
normas legais, conduzem negócios públicos, decidem e atuam com independência nos
assuntos de sua competência. São autoridades públicas supremas do Governo e da
Administração na área de sua de atuação, pois não estão hierarquizadas, sujeitando-se
apenas aos graus e limites constitucionais e legais de jurisdição. Em doutrina, os agentes
políticos têm plena liberdade funcional, equiparável à independência dos juízes em seus
julgamentos, e, para tanto, ficam a salvo de responsabilização civil por seus eventuais
erros de atuação, a menos que tenham agido com culpa grosseira, má-fé ou abuso de
poder”.

12. À luz da CF, da Lei n.º 9.784/1999 e da jurisprudência do STF, assinale a opção
correta, acerca dos poderes administrativos.
(A) A administração pública pode, no exercício do seu poder discricionário, anular atos
que estejam em desacordo com o ordenamento jurídico, dos quais decorram efeitos
benéficos aos destinatários, observado o prazo decadencial de cinco anos, ainda que
praticados em dissonância com a CF, exceto se houver má-fé por parte do beneficiário.
(B) A administração pública pode, no exercício de seu poder de autotutela, anular atos
que estejam em desacordo com o ordenamento jurídico, dos quais decorram efeitos
benéficos aos destinatários, observado o prazo decadencial de cinco anos, sendo este
último inaplicável quando o ato for praticado em dissonância com a CF, ou quando
houver má-fé por parte do beneficiário.
(C) A administração pública pode, no exercício de seu poder hierárquico, anular atos que
estejam em desacordo com o ordenamento jurídico, dos quais decorram efeitos
benéficos aos destinatários, observado o prazo decadencial de cinco anos, sendo este
último inaplicável quando o ato for praticado em dissonância com a CF, ou quando
houver má-fé por parte do beneficiário.
(D) A administração pública pode, no exercício do seu poder de autotutela, anular atos
que estejam em desacordo com o ordenamento jurídico, dos quais decorram efeitos
benéficos aos destinatários, observado o prazo decadencial de cinco anos, ainda que
praticados em dissonância com a CF, exceto se houver má-fé por parte do beneficiário.
(E) A administração pública pode, no exercício de seu poder discricionário, anular atos
que estejam em desacordo com o ordenamento jurídico, dos quais decorram efeitos
benéficos aos destinatários, observado o prazo decadencial de cinco anos, sendo este
último inaplicável quando o ato for praticado em dissonância com a CF, ou quando
23
houver má-fé por parte do beneficiário.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Se praticados contrariamente à CF/88 não há necessidade de obedecer


o prazo de 5 anos.
(B) CORRETA. CAPÍTULO XIV
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
os direitos adquiridos.
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram
efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que
foram praticados, salvo comprovada má-fé.
§ 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da
percepção do primeiro pagamento.
§ 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade
administrativa que importe impugnação à validade do ato.
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem
prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser
convalidados pela própria Administração.
(C) INCORRETA. Não é o poder hierárquico que fundamenta tal prerrogativa, mas sim o
poder-dever de autotutela.
(D) INCORRETA. Não há prazo para caso de afronta à CF/88.
(E) INCORRETA. O poder-dever é de autotutela.

13. Após procedimento licitatório, determinado estado formalizou contrato com


empresa privada para a prestação de serviço de transporte público intermunicipal de
pessoas. Iniciada a execução do contrato, o estado, tendo aderido a convênio firmado
no âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), elevou, por meio de
decreto legislativo, as alíquotas do imposto sobre operações relativas à circulação de
mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação (ICMS), o que culminou em desequilíbrio contratual
para o contratado, a ensejar recomposição de preços.
Considerando a situação apresentada, assinale a opção que indica corretamente a
hipótese da teoria da imprevisão descrita.
24

(A) fato da administração.


(B) caso fortuito.
(C) fato do príncipe.
(D) força maior.
(E) interferência imprevista.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O fato da administração é uma das causas que impossibilitam o


cumprimento do contrato administrativo pelo contratado. Ele pode ser definido como
toda ação ou omissão do Poder Público, especificamente relacionada ao contrato, que
impede ou retarda sua execução. Consequentemente, a sua incidência pode ensejar a
rescisão judicial ou amigável do contrato, ou ainda, a paralisação da execução
contratual, até que a situação seja normalizada. São hipóteses de Fato da Administração,
por exemplo, o atraso no pagamento, pelo Poder Público.
(B) e (D) INCORRETAS. Caso Fortuito e Força Maior (TJDFT) – Quanto às diferenças, de
maneira breve e simples, podemos dizer que o caso fortuito é o evento que não se pode
prever e que não podemos evitar. Já os casos de força maior seriam os fatos humanos
ou naturais, que podem até ser previstos, mas da mesma maneira não podem ser
impedidos; por exemplo, os fenômenos da natureza, tais como tempestades, furacões,
raios, etc ou fatos humanos como guerras, revoluções, e outros. Cabe ressaltar que o
tema é bastante polêmico e a doutrina possui diversos conceitos para cada um deles ou
para os dois quando considerados expressões sinônimas.
(C) CORRETA. A expressão “fato do príncipe” é comumente utilizada no Direito
Administrativo, ao tratar dos contratos administrativos e da possibilidade jurídica de sua
alteração. Em síntese, é o ato administrativo realizado de forma legítima, mas que causa
impactos nos contratos já firmados pela Administração Pública. Celso Antonio Bandeira
de Mello (2009) explica que se trata de “agravo econômico resultante de medida
tomada sob titulação diversa da contratual, isto é, no exercício de outra competência,
cujo desempenho vem a ter repercussão direta na econômica contratual estabelecida
na avença”. Fato do príncipe é, de acordo com os ensinamentos de Diogo Moreira Netto
(2009) uma ação estatal de ordem geral, que não possui relação direta com o contrato
administrativo, mas que produz efeitos sobre este, onerando-o, dificultando ou
impedindo a satisfação de determinadas obrigações, acarretando um desequilíbrio
econômico-financeiro.
(E) INCORRETA. Não existe o instituto nos moldes do enunciado da questão.
25
14. No que se refere aos servidores públicos, observada a CF e a jurisprudência do STF,
julgue os itens seguintes.
(I) A mudança do regime celetista para o estatutário enseja a extinção do contrato de
trabalho, de forma que as horas extras incorporadas no regime da Consolidação das Leis
do Trabalho, ainda que decorrentes de decisão judicial transitada em julgado, não
subsistem após a conversão do regime de trabalho.
(II) A estabilidade excepcional, prevista para servidores públicos em exercício quando da
promulgação da CF, não implica efetividade no cargo público, para a qual se exige a
aprovação em concurso público.
(III) As formas de provimento derivado consistentes na ascensão, transferência e
aproveitamento no tocante a cargos públicos são compatíveis com a CF.
Assinale a opção correta.
(A) Nenhum item está certo.
(B) Apenas os itens I e II estão certos.
(C) Apenas os itens I e III estão certos.
(D) Apenas os itens II e III estão certos.
(E) Todos os itens estão certos.
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(I) CORRETO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.


INTERPOSIÇÃO EM 21.05.2020. DIREITO ADMINISTRATIVO. RECOMPOSIÇÃO SALARIAL.
INCORPORAÇÃO. REGIME CELETISTA. CONVERSÃO PARA ESTATUTÁRIO. INEXISTÊNCIA
DE DIREITO ADQUIRIDO A REGIME JURÍDICO. ALEGADA REDUÇÃO DE VENCIMENTOS.
REEXAME DE LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA REFLEXA. PRECEDENTES. 1.
Nos termos da orientação firmada nesta Corte, inexiste direito adquirido a regime
jurídico. 2. Eventual divergência em relação ao entendimento adotado pelo Tribunal de
origem demandaria, no caso, o exame da legislação infraconstitucional aplicável à
espécie (Leis Estaduais nºs 7.737/89, 7.788/89 e 10.254/90; Decretos-Leis nºs 2.302/86
e 2.335/97 e Decreto Estadual nº 31.930/90). 3. Considerando o fundamento do acórdão
recorrido de que os reajustes foram concedidos aos empregados regidos pelo regime da
CLT, sem previsão de extensão aos servidores estatutários e os valores dos vencimentos
percebidos pelos ora Recorrentes foram devidamente observados à época, não há como
reconhecer a alegada redução de vencimentos, sem que se faça uma análise da citada
legislação infraconstitucional, procedimento inviável nesta via extraordinária, por ser
indireta a alegada afronta à Constituição Federal. 4. Agravo regimental a que se nega
provimento. Mantida a decisão agravada quanto aos honorários advocatícios, eis que já
majorados nos limites do art. 85, §§ 2º e 3º, do CPC, devendo ser observada a suspensão
26
da exigibilidade por ser a parte beneficiária da justiça gratuita.
(STF - ARE: 1263629 MG 3861544-49.2007.8.13.0024, Relator: EDSON FACHIN, Data de
Julgamento: 31/08/2020, Segunda Turma, Data de Publicação: 08/09/2020)
(II) CORRETO. A tese de repercussão geral fixada é a seguinte: "É vedado o
reenquadramento, em novo Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração, de servidor
admitido sem concurso público antes da promulgação da Constituição Federal de 1988,
mesmo que beneficiado pela estabilidade excepcional do artigo 19 do ADCT, haja vista
que esta regra transitória não prevê o direito à efetividade, nos termos do artigo 37, II,
da Constituição Federal e decisão proferida na ADI 3609".
(III) INCORRETO. Ação direta de inconstitucionalidade. Ascensão ou acesso,
transferência e aproveitamento no tocante a cargos ou empregos públicos. O critério do
mérito aferível por concurso público de provas ou de provas e títulos é, no atual sistema
constitucional, ressalvados os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação
e exoneração, indispensável para cargo ou emprego público isolado ou em carreira. Para
o isolado, em qualquer hipótese; para o em carreira, para o ingresso nela, que só se fará
na classe inicial e pelo concurso público de provas ou de provas e títulos, não o sendo,
porém, para os cargos subsequentes que nela se escalonam até o final dela, pois, para
estes, a investidura se fará pela forma de provimento que é a “promoção”. Estão, pois,
banidas das formas de investidura admitidas pela CF/1988 a ascensão e a transferência,
que são formas de ingresso em carreira diversa daquela para a qual o servidor público
ingressou por concurso e que não são, por isso mesmo, ínsitas ao sistema de provimento
em carreira, ao contrário do que sucede com a promoção, sem a qual obviamente não
haverá carreira, mas, sim, uma sucessão ascendente de cargos isolados. O inciso II do
art. 37 da CF/1988 também não permite o “aproveitamento”, uma vez que, nesse caso,
há igualmente o ingresso em outra carreira sem o concurso exigido pelo mencionado
dispositivo. [ADI 231, rel. min. Moreira Alves, P, j. 5-8-1992, DJ de 13-11-1992.]
(A) INCORRETA.
(B) CORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.

15. No ano de 2018, João concedeu benefício fiscal sem observar as formalidades
legais, tendo sido posteriormente comprovado dano ao patrimônio público e
evidenciado não existir qualquer dolo por parte de João. O processo para a apuração
da conduta de João está em curso, não tendo havido, ainda, sentença condenatória.
Nessa situação hipotética, de acordo com a Lei de Improbidade Administrativa (LIA), a
CF e a jurisprudência do STF, é correto afirmar que João deverá ser
(A) condenado no processo de apuração da conduta, uma vez que praticou ato de
improbidade administrativa que gerou enriquecimento ilícito, passível de punição na
27
modalidade culposa.
(B) condenado no processo de apuração da conduta, pois a conduta descrita causou
prejuízo ao erário e foi praticada na vigência da redação anterior da LIA, sendo,
portanto, passível de punição na modalidade culposa.
(C) absolvido no processo de apuração da conduta, pois a conduta descrita, embora
tenha causado prejuízo ao erário, deixou de ser punível na modalidade culposa após as
alterações da LIA.
(D) absolvido no processo de apuração da conduta, uma vez que a conduta descrita,
embora tenha gerado enriquecimento ilícito, deixou de ser punível na modalidade
culposa após as alterações da LIA.
(E) condenado no processo de apuração da conduta, dado que praticou ato de
improbidade administrativa que causou prejuízo ao erário, punível sob a modalidade
culposa, mesmo depois das alterações na LIA.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Não é mais possível punição na modalidade culposa.


(B) INCORRETA. Não é possível punição na modalidade culposa.
(C) CORRETA. A nova Lei 14.230/2021 aplica-se aos atos de improbidade administrativa
culposos praticados na vigência do texto anterior da lei, porém sem condenação
transitada em julgado, em virtude da revogação expressa do texto anterior; devendo o
juízo competente analisar eventual dolo por parte do agente. ARE 843.989/PR.
(D) INCORRETA. Não é ato que gera enriquecimento ilícito.
(E) INCORRETA. Não há mais punição na modalidade culposa.

16. A respeito da extinção dos contratos administrativos conforme dispõe a Lei n.º
14.133/2021, assinale a opção correta.
(A) A extinção do contrato administrativo pode ser determinada unilateralmente pela
administração pública, ainda que o descumprimento contratual tenha decorrido de
conduta da própria administração.
(B) A utilização das instalações e dos equipamentos necessários à continuidade do
contrato deverá ser imediata, independentemente de autorização do gestor público
competente, em caso de extinção do contrato administrativo por ato unilateral da
administração pública.
(C) A extinção do contrato administrativo por ato unilateral da administração pública e
a extinção consensual desse instrumento deverão ser precedidas de autorização escrita 28
e fundamentada da autoridade competente.
(D) A extinção do contrato administrativo decorrente de culpa exclusiva da
administração dá ao contratado direito ao ressarcimento dos prejuízos que
comprovadamente houver sofrido, não alcançado o pagamento de custos com a
desmobilização.
(E) A decretação de falência do contratado é motivo inidôneo que enseja a extinção do
contrato administrativo.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. NLDLC, art. 138. A extinção do contrato poderá ser: I - determinada por
ato unilateral e escrito da Administração, exceto no caso de descumprimento
decorrente de sua própria conduta
(B) INCORRETA. Art. 139. A extinção determinada por ato unilateral da Administração
poderá acarretar, sem prejuízo das sanções previstas nesta Lei, as seguintes
consequências:
I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local em que se encontrar, por
ato próprio da Administração; II - ocupação e utilização do local, das instalações, dos
equipamentos, do material e do pessoal empregados na execução do contrato e
necessários à sua continuidade; III - execução da garantia contratual para: a)
ressarcimento da Administração Pública por prejuízos decorrentes da não execução; b)
pagamento de verbas trabalhistas, fundiárias e previdenciárias, quando cabível; c)
pagamento das multas devidas à Administração Pública; d) exigência da assunção da
execução e da conclusão do objeto do contrato pela seguradora, quando cabível; IV -
retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos causados à
Administração Pública e das multas aplicadas.
§ 1º A aplicação das medidas previstas nos incisos I e II do caput deste artigo ficará a
critério da Administração, que poderá dar continuidade à obra ou ao serviço por
execução direta ou indireta. § 2º Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o ato
deverá ser precedido de autorização expressa do ministro de Estado, do secretário
estadual ou do secretário municipal competente, conforme o caso.
(C) CORRETA. NLDLC, art. 138. A extinção do contrato poderá ser: I - determinada por
ato unilateral e escrito da Administração, exceto no caso de descumprimento
decorrente de sua própria conduta; II - consensual, por acordo entre as partes, por
conciliação, por mediação ou por comitê de resolução de disputas, desde que haja
interesse da Administração; III - determinada por decisão arbitral, em decorrência de
cláusula compromissória ou compromisso arbitral, ou por decisão judicial.
§ 1º A extinção determinada por ato unilateral da Administração e a extinção consensual
deverão ser precedidas de autorização escrita e fundamentada da autoridade
competente e reduzidas a termo no respectivo processo. 29
§ 2º Quando a extinção decorrer de culpa exclusiva da Administração, o contratado
será ressarcido pelos prejuízos regularmente comprovados que houver sofrido e terá
direito a: I - devolução da garantia; II - pagamentos devidos pela execução do contrato
até a data de extinção; III - pagamento do custo da desmobilização.
(D) INCORRETA. Quando a extinção decorrer de culpa exclusiva da Administração, o
contratado será ressarcido pelos prejuízos regularmente comprovados que houver
sofrido e terá direito a: I - devolução da garantia; II - pagamentos devidos pela execução
do contrato até a data de extinção; III - pagamento do custo da desmobilização.
(E) INCORRETA. Art. 137. Constituirão motivos para extinção do contrato, a qual deverá
ser formalmente motivada nos autos do processo, assegurados o contraditório e a
ampla defesa, as seguintes situações: IV - decretação de falência ou de insolvência civil,
dissolução da sociedade ou falecimento do contratado.

17. No que diz respeito aos contratos de concessão de serviços públicos, em atenção
à Lei n.º 8.987/1995, assinale a opção correta.
(A) No âmbito dos contratos de financiamento, é vedado às concessionárias oferecer em
garantia os direitos emergentes da concessão.
(B) É vedada a previsão, no âmbito dos contratos de concessão de serviços públicos, de
mecanismos privados de resolução de disputas relacionados ao contrato, porquanto é
indispensável o crivo judicial.
(C) A responsabilidade da concessionária em relação aos prejuízos causados a terceiros
— usuários ou não — pode ser atenuada em razão da fiscalização exercida pelo órgão
responsável do poder concedente.
(D) A subconcessão somente será possível se autorizada pelo poder concedente,
dispensada a realização de concorrência para a outorga.
(E) A transferência da concessão sem prévia anuência do poder concedente enseja a
caducidade da concessão.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Art. 28. Nos contratos de financiamento, as concessionárias poderão


oferecer em garantia os direitos emergentes da concessão, até o limite que não
comprometa a operacionalização e a continuidade da prestação do serviço.
(B) INCORRETA. Art. 23-A. O contrato de concessão poderá prever o emprego de
mecanismos privados para resolução de disputas decorrentes ou relacionadas ao
contrato, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos
termos da Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996.
(C) INCORRETA. Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do serviço concedido,
30
cabendo-lhe responder por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos
usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo órgão competente exclua
ou atenue essa responsabilidade.
(D) INCORRETA. Art. 26. É admitida a subconcessão, nos termos previstos no contrato
de concessão, desde que expressamente autorizada pelo poder concedente. § 1 o A
outorga de subconcessão será sempre precedida de concorrência. § 2 o O
subconcessionário se sub-rogará todos os direitos e obrigações da subconcedente
dentro dos limites da subconcessão.
(E) CORRETA. Art. 27. A transferência de concessão ou do controle societário da
concessionária sem prévia anuência do poder concedente implicará a caducidade da
concessão.

18. Assinale a opção que apresenta corretamente uma nova modalidade de licitação
que foi introduzida pela Lei n.º 14.133/2021.
(A) diálogo competitivo.
(B) concorrência.
(C) concurso.
(D) pregão eletrônico.
(E) leilão.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Diálogo competitivo: Nova modalidade de licitação para contratação de


obras, serviços e compras em que a Administração Pública realiza diálogos com licitantes
previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito de desenvolver
uma ou mais alternativas capazes de atender às suas necessidades, devendo os licitantes
apresentar proposta final após o encerramento dos diálogos.
(B) INCORRETA. Não é nova modalidade.
(C) INCORRETA. Não é nova modalidade.
(D) INCORRETA. Não é nova modalidade, e agora está inserida dentro da Lei Geral de
Licitações.
(E) INCORRETA. Não é nova modalidade.

DIREITO CIVIL 31
19. De acordo com a Lei dos Registros Públicos, o princípio invocado na situação em
que, para efetuar a inscrição, se exige que tanto a descrição do imóvel quanto a do
sujeito do direito devam guardar perfeita correlação com as do registro anterior é o
da
(A) continuidade.
(B) especialidade.
(C) publicidade.
(D) legitimação.
(E) disponibilidade.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Conforme o art. 195 da Lei nº 6.015/73:


Art. 195 - Se o imóvel não estiver matriculado ou registrado em nome do outorgante, o
oficial exigirá a prévia matrícula e o registro do título anterior, qualquer que seja a sua
natureza, para manter a continuidade do registro.
Portanto entende-se que o princípio da continuidade se menciona à necessidade de o
registro anterior conter a descrição do imóvel e do sujeito do direito.
(B) CORRETA. O princípio da especialidade exige que, no título, a descrição do imóvel
(especialidade objetiva) e a indicação do sujeito (especialidade objetiva) no título a ser
inscrito condigam com a descrição constante da matrícula.
A lei exige a identificação do imóvel mediante a especificação de suas características.
Conforme o artigo da LRP
Art. 225 da Lei de Registros Públicos Os tabeliães, escrivães e juizes farão com que, nas
escrituras e nos autos judiciais, as partes indiquem, com precisão, os característicos, as
confrontações e as localizações dos imóveis, mencionando os nomes dos confrontantes
e, ainda, quando se tratar só de terreno, se esse fica do lado par ou do lado ímpar do
logradouro, em que quadra e a que distância métrica da edificação ou da esquina mais
próxima, exigindo dos interessados certidão do registro imobiliário.
Assim, consiste na determinação precisa do conteúdo do direito, que se procura
assegurar, e da individualidade do imóvel que dele é objeto.
(C) INCORRETA. Já o princípio da Publicidade visa que o nome do proprietário será de
conhecimento de todos, pois qualquer pessoa pode requerer uma certidão no ofício 32
imobiliário.
(D) INCORRETA. O princípio da legitimação está previsto no art. 252 da Lei nº 6.015/73:
Art. 252 O registro, enquanto não cancelado, produz todos os efeitos legais ainda que,
por outra maneira, se prove que o título está desfeito, anulado, extinto ou rescindido.
(E) INCORRETA. O princípio da disponibilidade trata da condição de o imóvel ser
alienado ou onerado juridicamente. Portanto, não há transferência de mais direito do
que se tem.
Este princípio nos traduz que ninguém pode transferir mais direitos do que os constituí-
dos no registro imobiliário.

20. Conforme o Código Civil, a interrupção da prescrição


(A) operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros
devedores, sem ressalvas.
(B) por um credor não aproveita aos outros.
(C) produzida contra o principal devedor não prejudica o fiador.
(D) operada contra o codevedor prejudica os demais coobrigados.
(E) efetuada contra o devedor solidário exclui seus herdeiros.
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Conforme comentário da alternativa (B).


(B) CORRETA. Conforme o artigo 204 do CC:
Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros;
semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não
prejudica aos demais coobrigados.
§ 1o A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a
interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros.
§ 2 o A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica
os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos
indivisíveis.
§ 3 o A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador
(C) INCORRETA. Conforme comentário da alternativa (B).
(D) INCORRETA. Conforme comentário da alternativa (B).
(E) INCORRETA. Conforme comentário da alternativa (B). 33

21. Carlos, não ligado a Pedro em virtude de qualquer contrato ou relação de


dependência, obrigou-se a obter para Pedro um negócio, conforme as instruções dele
recebidas.
Nessa situação hipotética, configura-se
(A) comissão.
(B) prestação de serviços.
(C) agência.
(D) corretagem.
(E) contrato estimatório.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Conforme o art. 693 do CC:


Art. 693 O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo
comissário, em seu próprio nome, à conta do comitente”.
(B) INCORRETA. Já que o contrato de prestação de serviços é o documento que formaliza
um acordo comercial estabelecido entre o profissional e quem o está contratando.
Podendo ser realizado tanto por uma pessoa física quanto uma pessoa jurídica.
(C) INCORRETA. Conforme o art. 710 do CC:
Art. 710 Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem
vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante
retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada, caracterizando-se a
distribuição quando o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada.
(D) CORRETA. Conforme o art. 722 do CC:
Art. 722. Pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não ligada a outra em virtude de
mandato, de prestação de serviços ou por qualquer relação de dependência, obriga-se
a obter para a segunda um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas.
(E) INCORRETA. Conforme o art. 534 do CC:
Art. 534 Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário,
que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no
prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada.

34
22. Em relação aos defeitos do negócio jurídico, assinale a opção correta.
(A) A alegação de coação não será cabível quando a situação disser respeito a pessoa
não pertencente à família do paciente.
(B) Caracteriza-se como coação a situação em que uma pessoa, por inexperiência, se
obriga a prestação desproporcional ao valor da prestação oposta.
(C) A fraude contra credores exige o conhecimento, por parte do terceiro adquirente,
do estado de insolvência do devedor.
(D) O falso motivo viciará a declaração de vontade quando, mesmo que não seja
expresso, for a razão determinante para a realização do ato.
(E) Nos negócios jurídicos unilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito
de fato que a outra parte tenha ignorado constitui omissão dolosa.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS
Questão passível de recurso.
Omissão de parte relevante do artigo mudando o sentido da afirmação.

(A) INCORRETA. Conforme o art. 151, parágrafo único do CC:


Art. 151, parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do
paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação”.
(B) INCORRETA. Pois trata do conceito de lesão, conforme o art. 157 do CC:
Art. 157 Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da
prestação oposta.
(C) CORRETA. Conforme os artigos 158 e 159 do CC:
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os
praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o
ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus
direitos.
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente,
quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro
contratante”.
(D) INCORRETA. Conforme o art. 140 do CC:
35
Art. 140 O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão
determinante.
(E) INCORRETA. Conforme o art. 147 do CC:
Art. 147 Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a
respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa,
provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado”.

23. De acordo com o Código Civil, são excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários
que
(I) Tiverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa
deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar seu cônjuge, companheiro, ascendente
ou descendente.
(II) Tiverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em
crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou de seu companheiro.
(III) Por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de
dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.
Assinale a opção correta.
(A) Apenas o item II está certo.
(B) Apenas o item III está certo.
(C) Apenas os itens I e II estão certos.
(D) Apenas os itens I e III estão certos.
(E) Todos os itens estão certos.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) CORRETA.
(I) CORRETO. Conforme o art. 1.814, I do CC:
I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou
tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, 36
ascendente ou descendente;.
(II) CORRETO. Conforme o art. 1.814, II do CC:
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem
em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;
(III) CORRETO. Conforme o art. 1.814, III do CC:
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança
de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.

24. Posse justa é aquela


(A) em que o possuidor ignora o vício impeditivo da aquisição.
(B) em que o possuidor reside com a sua família.
(C) na qual o possuidor também é o proprietário.
(D) que não é violenta, clandestina ou precária.
(E) cultivada pelo possuidor para a subsistência da família.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Conforme o art. 1.201 do CC:


Art. 1.201 É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede
a aquisição da coisa.
(B) INCORRETA. Na posse para fins de residência familiar, assim como a para
subsistência familiar, a posse tem que ser realizada de forma justa respeitando o art.
1.200 do CC.
(C) INCORRETA. Nem todo proprietário tem a posse.
(D) CORRETA. Conforme o art. 1.200 do CC:
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
(E) INCORRETA. O cultivo da posse para fins de subsistência familiar não essencialmente
torna a posse justa, tendo em vista que para que a posse seja justa, essa não pode ser
violenta, clandestina ou precária.
Então se o possuidor que cultiva a terra para fins de subsistência tenha a adquirido de
forma violenta, ela perde o caráter de justa, assim como, se descumpridos os outros
requisitos que a tornem justa.
37
25. A imputação do pagamento pressupõe
(I) pluralidade de débitos.
(II) identidade das partes.
(III) igual natureza das dívidas.
(IV) contrato com pagamento parcelado.
(V) possibilidade de o pagamento contemplar mais de um débito.
Assinale a opção correta.
(A) Apenas os itens I, II e V estão certos.
(B) Apenas os itens I, II, III e IV estão certos.
(C) Apenas os itens II, III, IV e V estão certos.
(D) Apenas os itens I, II, III, e V estão certos.
(E) Todos os itens estão certos.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) CORRETA.
(E) INCORRETA.
(I) CORRETO. Conforme o art. 352 do CC:
Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só
credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos
e vencidos.
(II) CORRETO. Conforme o art. 352 do CC:
Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só
credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos
e vencidos.
(III) CORRETO. Conforme o art. 352 do CC:
Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só
credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos
e vencidos.
38
(IV) INCORRETO. Pois por não ser um requisito e o Código Civil exige, para a imputação
ao pagamento, a existência de dois ou mais débitos da mesma natureza.
(V) CORRETO. Conforme o art. 352 do CC:
Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só
credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos
e vencidos.

26. É anulável o casamento de


(A) afins em linha reta.
(B) menor em idade núbil.
(C) afins em linha colateral.
(D) incapaz de manifestar, sem equívoco, o consentimento.
(E) adotado com o filho do adotante.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. Conforme os artigos 1.521, II do CC,
II - “Não podem casar: os afins em linha reta”.
E art. 1.548, inc. II do CC:
Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:
II – por infringência de impedimento”.
(B) INCORRETA. Conforme o art. 1.500, II, CC:
Art. 1.550. É anulável o casamento:
II – do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
(C) INCORRETA. Já que não há impedimento com relação ao casamento dos afins
(cunhados) em linha colateral, desde que após os términos do casamento/união antes
existente.
(D) CORRETA. Conforme o art. 1.500, IV, CC:
Art. 1.550. É anulável o casamento:
IV – do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
(E) INCORRETA. Conforme o art. 1.521, III do CC:
39
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do
adotante;
Sendo assim, o casamento destas pessoas é nulo, conforme o do art. 1.548, II do CC já
citado anteriormente.

27. A respeito da partilha dos bens deixados por pessoa falecida, assinale a opção
correta.
(A) Por meio de instrumento público, o testador poderá proibir o herdeiro de requerer
a partilha.
(B) Se os bens forem insuscetíveis de divisão cômoda, a alienação deverá ser realizada
mediante autorização judicial.
(C) É vedado ao testador indicar os bens e os valores que devem compor os quinhões
hereditários.
(D) Sendo capazes os herdeiros, a partilha amigável pode ser efetuada por escrito
particular.
(E) É nula a partilha feita por ascendente por ato de última vontade.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Conforme o art. 2.013 do CC:


Art. 2.013. O herdeiro pode sempre requerer a partilha, ainda que o testador o proíba,
cabendo igual faculdade aos seus cessionários e credores.
(B) INCORRETA. Conforme o art. 2.019 do CC:
Art. 2.019. Os bens insuscetíveis de divisão cômoda, que não couberem na meação do
cônjuge sobrevivente ou no quinhão de um só herdeiro, serão vendidos judicialmente,
partilhando-se o valor apurado, a não ser que haja acordo para serem adjudicados a
todos.
§ 1o Não se fará a venda judicial se o cônjuge sobrevivente ou um ou mais herdeiros
requererem lhes seja adjudicado o bem, repondo aos outros, em dinheiro, a diferença,
após avaliação atualizada.
§ 2 o Se a adjudicação for requerida por mais de um herdeiro, observar-se-á o processo
da licitação.
(C) INCORRETA. Conforme o art. 2.014 do CC:
Art. 2.014. Pode o testador indicar os bens e valores que devem compor os quinhões
hereditários, deliberando ele próprio a partilha, que prevalecerá, salvo se o valor dos
bens não corresponder às quotas estabelecidas. 40
(D) CORRETA. Conforme o art. 2.015 do CC:
Art. 2.015. Se os herdeiros forem capazes, poderão fazer partilha amigável, por escritura
pública, termo nos autos do inventário, ou escrito particular, homologado pelo juiz.
(E) INCORRETA. Conforme o art. 2.018 do CC:
Art. 2.018. É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de última
vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

28. Acerca das normas processuais civis, da função jurisdicional e da ação, assinale a
opção correta.
(A) Compete ao juízo estadual do lugar em que deva ser executada a medida apreciar o
pedido de auxílio direto passivo que demandar prestação de atividade jurisdicional.
(B) A teoria da asserção, adotada pelo atual Código de Processo Civil, prevê que as
condições da ação, por serem matéria de mérito, apenas devem ser analisadas no
momento da sentença.
(C) A teoria eclética, adotada pelo Código de Processo Civil, reconhece que o direito de
ação é autônomo, não dependendo da existência do direito material, mas do
preenchimento de alguns requisitos formais, cuja análise não se confunde com a
apreciação do mérito.
(D) Segundo o Código de Processo Civil, os juízes e os tribunais atenderão,
preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou
acórdão, salvo se houver agravo de instrumento pendente de julgamento.
(E) É admissível a ação meramente declaratória, desde que não tenha ocorrido a
violação do direito.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. De acordo com o artigo 34 do CPC a competência pertence ao Juízo


Federal.
(B) INCORRETA. A teoria da asserção considera as condições da ação como pressupostos
de admissibilidade, analisados de forma perfunctória.
(C) CORRETA. É a teoria de Enrico Tulio Liebman, adotada de fato pelo CPC/15.
41
(D) INCORRETA. Não há essa previsão no artigo 12 do CPC.
(E) INCORRETA. É o exato contrário da previsão do artigo 20 do CPC.

29. A respeito dos sujeitos processuais e do litisconsórcio, de acordo com o Código de


Processo Civil (CPC) e a jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a opção
correta.
(A) Os honorários advocatícios podem ser fixados com base em equidade nas causas de
grande valor concreto.
(B) Em ação para remoção de conteúdo ofensivo, não há litisconsórcio passivo
necessário entre o provedor de aplicação e o autor da mensagem.
(C) Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu é sempre
imprescindível.
(D) Não é possível, em nenhuma hipótese, reduzir o valor dos honorários advocatícios
sucumbenciais fixados dentro do parâmetro legal.
(E) A curatela especial poderá ser exercida pelo Ministério Público quando a causa
envolver incapaz.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O CPC veda expressamente a hipótese. Vide artigo 85, § 8º, do CPC.
(B) CORRETA. “Em demanda que objetiva a remoção de publicação ofensiva em rede
social e o fornecimento de registros de acesso e conexão, a Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) entende que não há litisconsórcio passivo necessário entre o
provedor de aplicação e o autor do conteúdo publicado on-line.” Site do STJ -
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/2022/20102022-
Nao-ha-litisconsorcio-passivo-necessario-entre-rede-social-e-autor-de-conteudo-
ofensivo--decide-Terceira-
Turma.aspx#:~:text=Em%20demanda%20que%20objetiva%20a,do%20conte%C3%BAd
o%20publicado%20on%2Dline.
(C) INCORRETA. O artigo 73, § 2º, do CPC estabelece o inverso.
(D) INCORRETA. “A distribuição dos honorários advocatícios, respeitando ao comando
normativo do art. 85, § 2º, do Código de Processo Civil, fixados entre o percentual
mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa,
não pode, em regra, ser alterada. No entanto, o entendimento jurisprudencial do STJ
orienta-se no sentido de ser possível, ainda que os honorários advocatícios estejam
dentro dos percentuais fixados em lei, a redução dos seus valores quando fora dos
padrões da razoabilidade e proporcionalidade. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE 42
CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.804.201-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
21/09/2021.”
(E) INCORRETA. É função da Defensoria Pública – artigo 72, parágrafo único, do CPC.

30. Quanto aos atos processuais, assinale a opção correta.


(A) Caso o processo tramite sem o conhecimento e a participação do Ministério Público,
quando este tiver obrigatoriedade de intervir, o juiz invalidará todos os atos praticados
desde o início do processo.
(B) Na falta de preceito legal e de prazo determinado pelo juiz, os atos processuais
deverão ser praticados pelas partes no prazo de cinco dias.
(C) Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, os quais sejam de escritórios
de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas
manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, desde que haja prévio requerimento.
(D) O Ministério Público apenas gozará de prazo em dobro para se manifestar nos autos
quando atuar como custos legis.
(E) É necessária a intimação das partes para a prática de ato processual ou para a
realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário.
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. De acordo com o artigo 279, § 1º, do CPC a invalidação se dará a partir
do momento em que o MP deveria ter sido intimado.
(B) CORRETA. Artigo 218, § 3º, do CPC.
(C) INCORRETA. Independente de requerimento – artigo 229, caput, do CPC.
(D) INCORRETA. Como fiscal da ordem jurídica também.
(E) INCORRETA. O artigo 191, § 2º, do CPC estabelece a desnecessidade.

31. No tocante à tutela provisória, assinale a opção correta.


(A) A tutela cautelar concedida pode se tornar estável, podendo ser afastada por decisão
que a reveja, reforme ou invalide, proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos
termos da lei.
(B) Ainda que não haja abuso do direito de defesa pelo réu, quando presente o perigo
na demora, caberá a concessão de tutela de urgência. 43
(C) A tutela de urgência, por conta de sua natureza jurídica, somente poderá ser
concedida liminarmente.
(D) O ressarcimento dos prejuízos advindos com o deferimento da tutela provisória
posteriormente revogada por sentença que extingue o processo sem resolução de
mérito deverá ser liquidado em processo autônomo, para evitar tumulto processual.
(E) A tutela de urgência será concedida quando o pedido estiver em consonância com
súmula do tribunal local.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Artigo 304, § 2º, do CPC – o correto é a tutela antecipada e não a
cautelar.
(B) CORRETA. O requisito essencial para tutela de urgência é justamente o perigo na
demora – artigo 300 do CPC.
(C) INCORRETA. Pode ser concedida liminar ou incidentalmente – artigo 294, parágrafo
único, do CPC.
(D) INCORRETA. Artigo 301, parágrafo único, do CPC – será liquidado nos próprios autos.
(E) INCORRETA. Previsão de tutela de evidência.

32. Do casamento entre Almir e Emília, nasceu Luísa. Devido ao divórcio do casal e a
pouca ajuda financeira recebida do pai, Luísa, representada por sua genitora, propôs
ação de alimentos na comarca de Belém – PA, tendo o juiz fixado, em sentença, pensão
alimentícia em certo percentual da remuneração líquida do genitor. Após o início do
cumprimento de sentença, a autora solicitou ao juízo sentenciante a remessa dos
autos do processo à comarca de Salvador – BA, em razão de sua mudança de domicílio,
o que foi prontamente deferido. A esse tempo, o genitor passou a residir em Fortaleza
– CE.
Considerando a situação hipotética apresentada, assinale a opção correta.
(A) Os únicos juízos concorrentemente competentes para efetuar o cumprimento de
sentença são o que decidiu a causa em primeiro grau, o do atual domicílio do executado
e o do local onde se encontrarem os bens sujeitos à execução.
(B) O cumprimento de sentença somente pode ser realizado em Belém – PA, uma vez
que a mudança de endereço após a sentença não altera critério de caráter absoluto.
(C) É possível a remessa dos autos ao atual domicílio da parte autora, mesmo após o
início do cumprimento de sentença.
44
(D) O cumprimento de sentença somente pode ocorrer em Fortaleza – CE, onde o
genitor reside.
(E) O cumprimento de sentença deverá ocorrer em Belém – PA, uma vez que a
competência é fixada no momento do registro ou da distribuição da petição inicial,
sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas
posteriormente a esse marco.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) CORRETA. Por mais que esteja em pleno vigor a previsão da “perpetuacio
jurisdicionis”, em caso de alimentados menores, incapazes, O STJ vem admitindo
gradações em prol do melhor interesse da pessoa em desenvolvimento.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.
33. No que diz respeito à petição inicial e à improcedência liminar do pedido, assinale
a opção correta.
(A) O indeferimento da petição inicial pela existência de defeitos e irregularidades
capazes de dificultar o julgamento de mérito pode ser feito de plano pelo juiz, sem
oportunizar emenda ao autor.
(B) A improcedência liminar do pedido somente pode ocorrer após a audiência de
conciliação e mediação.
(C) A improcedência liminar do pedido pode ser aplicada quando o pedido contrariar
enunciado de súmula de tribunal de justiça acerca de direito local.
(D) Até a sentença, o autor poderá aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir,
independentemente de consentimento do réu, garantido o contraditório mediante a
possibilidade de manifestação do réu no prazo mínimo de quinze dias, facultado o
requerimento de prova suplementar.
(E) O pedido alternativo e a cumulação alternativa de pedidos possuem a mesma
consequência jurídica.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS
45
(A) INCORRETA. O juiz tem o dever o oportunizar o prazo de 15 dias para emenda –
artigo 321 do CPC.
(B) INCORRETA. Não existe essa exigência no CPC/15.
(C) CORRETA. Artigo 332, IV, do CPC.
(D) INCORRETA. Até o saneamento – artigo 329, II, do CPC.
(E) INCORRETA. São situações distintas com consequências muito distintas.

34. Quanto às disposições referentes à audiência de instrução e julgamento e às


provas, assinale a opção correta.
(A) A distribuição dinâmica do ônus da prova é permitida no CPC, desde que haja
decisão judicial fundamentada na impossibilidade ou excessiva dificuldade de cumprir o
ônus probatório previsto em lei, ou na maior facilidade de obtenção de prova do fato
contrário.
(B) Admitem-se meios típicos e atípicos para a prova dos fatos em juízo, mesmo que
sejam moralmente ilegítimos.
(C) É permitido ao advogado solicitar o depoimento pessoal da parte que esteja
representando.
(D) O CPC adota o sistema presidencialista na inquirição de
testemunhas.
(E) O juiz não poderá dispensar a produção de prova requerida pela parte cujo advogado
não tenha comparecido à audiência.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Artigo 373, § 1º, do CPC.


(B) INCORRETA. Artigo 369, do CPC.
(C) INCORRETA. Artigo 385 do CPC.
(D) INCORRETA. O sistema prevalente no CPC/15 é o “cross examination”.
(E) INCORRETA. Artigo 362, § 2º, do CPC.

35. No que tange aos atos judiciais e ao sistema de precedentes, assinale a opção
correta, com base no CPC e na jurisprudência dos tribunais superiores. 46
(A) Não se considera fundamentada a decisão interlocutória que adotar conceitos
jurídicos indeterminados, ainda que explique o motivo concreto de sua incidência no
caso.
(B) Configura-se perempção quando o processo fica parado durante mais de seis meses
por negligência da parte autora.
(C) A fundamentação per relationem é expressamente permitida
pelo CPC e no âmbito dos tribunais superiores.
(D) O magistrado não é obrigado a seguir precedente invocado apenas se demonstrar a
existência de distinguishing no caso em julgamento.
(E) É cabível a decisão parcial de mérito quando houver cumulação de pedidos e um
deles se revelar incontroverso.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Acaso haja explicação da aplicação considera-se haver fundamentação


– artigo 489, § 1º, I, do CPC.
(B) INCORRETA. Trata-se de abandono processual.
(C) INCORRETA. Não há previsão expressa.
(D) INCORRETA. Ou overruling – artigo 489, § 1º, VI, do CPC.
(E) INCORRETA. Artigo 356, I, do CPC.

36. Acerca da disciplina dos recursos conforme a jurisprudência dos tribunais


superiores e as disposições processuais civis aplicáveis, assinale a opção correta.
(A) A comprovação do feriado local feita mediante a remissão a link de site do tribunal
de origem é suficiente para comprovar a suspensão do prazo processual.
(B) A técnica de ampliação do colegiado prevista no CPC não se aplica ao julgamento de
apelação interposta contra sentença proferida em mandado de segurança, por expressa
vedação legal.
(C) A desistência apresentada a qualquer tempo pela parte deverá ser homologada pelo
tribunal, ainda que haja relevante interesse público, por se tratar de direito potestativo.
(D) É cabível agravo de instrumento contra a decisão que rejeita o pedido das partes
para homologar acordo, determinando o prosseguimento do feito.
(E) O CPC permite o exercício do juízo de retratação no recurso de apelação apenas nos
casos de sentença de indeferimento da inicial. 47

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Decisão da Corte Especial do STJ: “As cópias de atos relativos à
suspensão dos prazos processuais, no Tribunal de origem, obtidas a partir de sítios
eletrônicos da Justiça, contendo identificação da procedência do documento, ou seja,
endereço eletrônico de origem e data de reprodução no rodapé da página eletrônica, e
cuja veracidade é facilmente verificável, juntadas no instante da interposição do recurso
especial, possuem os requisitos necessários para caracterizar prova idônea, podendo ser
admitidas como documentos hábeis para demonstrar a tempestividade do recurso,
salvo impugnação fundamentada da parte contrária”.
(B) INCORRETA. Não há essa vedação.
(C) INCORRETA. Artigo 976, § 1º, do CPC.
(D) CORRETA. Hipótese de agravo admitida jurisprudencialmente.
(E) INCORRETA. O juízo de retratação é amplo.
37. A respeito da ação popular, da ação de improbidade administrativa, da ação civil
pública e da reclamação constitucional, assinale a opção correta.
(A) É punível a prática de ato de improbidade na modalidade culposa, caso haja prejuízos
para a administração pública.
(B) O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação popular que tenha como
objeto interesses difusos e coletivos.
(C) É cabível reclamação da parte interessada para garantir a observância de decisão do
Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade, desde que
proposta antes do trânsito em julgado da decisão reclamada.
(D) A ação civil pública pode ser proposta por associação que esteja constituída há pelo
menos dois anos, nos termos da lei civil.
(E) O Ministério Público não tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa
do patrimônio público.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A Lei 14.230/21 extinguiu a modalidade de improbidade administrativa 48


culposa.
(B) INCORRETA. A legitimidade ativa da ação popular resume-se aos cidadãos – artigo
1º, Lei 4717/65.
(C) CORRETA. Artigo 988, III c/c § 5º, I, do CPC.
(D) INCORRETA. O prazo correto é 01 ano, conforme artigo 5º, V, “a”, da Lei 7347/85.
(E) INCORRETA. O sistema da Lei 7347/85 aponta o exato contrário.

DIREITO PENAL

38. Está sujeito à lei brasileira o crime


(A) praticado em embarcação estrangeira na zona econômica exclusiva brasileira.
(B) praticado em embarcação privada brasileira atracada em país estrangeiro, se o
agente tiver sido condenado no referido país.
(C) de genocídio, quando o agente for absolvido no país estrangeiro, mesmo sendo
domiciliado no Brasil.
(D) contra a honra do presidente da República praticado no exterior.
(E) praticado em embarcação privada de bandeira brasileira em mar territorial de país
estrangeiro signatário do MERCOSUL.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) CORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.
Para responder a questão, faz-se necessário leitura ampla do art.7º do CP. Senão
vejamos:
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 49
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de
Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia
ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que
absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das
seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta
a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.

39. Caracteriza-se como crime unissubsistente


(A) o homicídio realizado por meio cruel.
(B) a ameaça feita por carta.
(C) o núcleo “receber” da conduta de corrupção passiva.
(D) a injúria verbal.
(E) o crime de infanticídio.

RESPOSTA: D 50
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) CORRETA.
(E) INCORRETA.
Explicando em detalhes, os crimes unissubsistentes são aqueles praticados através de
um único ato (injúria verbal), enquanto os plurissubsistentes são aqueles que
necessitam de vários atos, que formam uma ação, para sua configuração (homicídio).
Dessa forma, como a questão menciona a opção da injuria verbal, essa é a resposta
correta.

40. Na saída de uma festa, após uma discussão, Francisco, motivado por ciúmes,
desferiu um único soco em José. Este, surpreendido, não esboçou reação e caiu no
chão, bateu a cabeça no meio-fio da calçada e faleceu em seguida. Iniciado e instruído
o processo, o laudo do IML apontou que José tinha morrido em decorrência de um
aneurisma cerebral, fato desconhecido de ambos.
Nessa situação hipotética, a conduta de Francisco é considerada crime de
(A) lesão corporal simples.
(B) lesão corporal seguida de morte.
(C) homicídio qualificado.
(D) lesão corporal na forma qualificada.
(E) homicídio simples.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.
O ponto principal da questão é a interpretação sobre o detalhe do soco, por si só, não
51
ser suficiente nem culposamente para ser a causa do óbito, sendo o aneurisma causa
absolutamente independente. Dessa forma, não tendo informações suficientes na
questão para se estabelecer o preterdolo, resta a escolha pela assertiva atinente a Lesão
Corporal Simples, tendo em vista ter sido o ato praticado efetivamente pelo autor do
delito.

41. Se, durante a apuração de um delito, em interceptação telefônica, o suspeito


proferir ofensas racistas ao delegado que estiver presidindo o inquérito policial, a
referida conduta deverá ser enquadrada no delito de
(A) desacato.
(B) calúnia.
(C) injúria qualificada em razão de utilização de elemento raça.
(D) difamação.
(E) crime específico previsto na Lei n.º 7.716/1989.

RESPOSTA:
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) CORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.
A questão trouxe caso emblemático decidido pelo STJ em que, diante de encontro
fortuito de provas em interceptação telefônica, restou-se comprovado que o
investigado proferiu diversas injúrias raciais contra o Delegado de Polícia. Em razão das
ofensas raciais descobertas durante as investigações, a autoridade policial ajuizou, além
da ação indenizatória, queixa-crime contra o investigado, que foi julgada procedente
para condenar o autor.
Cuidado com as alterações posteriores da Lei 7.716.89 acerca do delito de injuria racial.
Vale a pena o aluno estudar!

42. Renato, munido de uma faca, deu voz de assalto a Carolina, que informou não ter
nenhum bem de valor. Ele, como não acreditou em Carolina, exigiu que esta esvaziasse
os bolsos, momento em que Renato percebeu que ela realmente só trazia consigo o
documento de identificação, o que o levou a sair do local sem levar nada.
52
Nessa situação, a conduta de Renato, conforme o Superior Tribunal de Justiça (STJ),
caracteriza-se como
(A) roubo simples consumado.
(B) atípica, já que houve crime impossível.
(C) roubo com causa de aumento de pena consumado.
(D) roubo simples tentado.
(E) roubo tentado com causa de aumento de pena.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) CORRETA.
A questão tem como fundamento basilar o entendimento do STJ referendado no REsp
1340747-RJ, MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA. Explicando em detalhes, o
Código Penal adotou em seu art. 17 a teoria objetiva-temperada para fins de
reconhecimento do crime impossível, sendo necessário que se esteja diante da
impropriedade absoluta do objeto ou da ineficácia absoluta do meio.
Ocorre que, nos termos da jurisprudência da Corte Superior, ainda que não exista
nenhum bem com a vítima, o crime de roubo, por ser delito complexo, tem iniciada sua
execução quando o agente, visando a subtração de coisa alheia móvel, realiza o núcleo
da conduta meio (constrangimento ilegal/lesão corporal ou vias de fato), ainda que não
haja consumação completa por circunstancias alheias a sua vontade (subtração da coisa
almejada). Assim, a ocasional inexistência de valores em poder da vítima de assalto,
inviabilizando sua consumação, traduz caso de impropriedade relativa do objeto, o que
caracteriza a tentativa, e não a figura do crime impossível.
Por fim, a questão traz o detalhe do autor ter-se utilizado de arma branca, fato que
acarreta a incidência da causa de aumento prevista no art.157, § 2º, VII do CP.

43. Mário tinha 20 anos de idade quando praticou o crime de roubo (pena de 4 a 10
anos) circunstanciado tentado contra duas vítimas diferentes. Devido a esse crime, ele
foi condenado a uma pena de 3 anos e 6 meses pela primeira vítima, pena esta que,
em razão do concurso formal, passou a ser de 4 anos e 1 mês. 53
Nessa situação hipotética, o menor prazo para a ocorrência da prescrição punitiva será
o de
(A) 4 anos.
(B) 6 anos.
(C) 8 anos.
(D) 12 anos.
(E) 16 anos.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.
A questão requer a atenção do candidato acerca da redação do art.119 do CP que
declara que “No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a
pena de cada um, isoladamente”.
Desse modo, em relação ao delito praticado, pela leitura dos arts. 109,IV, 110 caput e
115 do CP, conclui-se que a pena imposta de 3 anos e 6 meses teria como prazo
prescricional o tempo de 8 anos, reduzido pela metade por Mário ter cometido o delito
à época com 20 anos de idade (menor de 21 anos).

44. O funcionário público que deixa de praticar ato de ofício, com infração de dever
funcional, cedendo a pedido de indivíduo de fora da administração pratica
(A) peculato.
(B) tráfico de influência.
(C) concussão.
(D) corrupção passiva privilegiada.
(E) facilitação de descaminho.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS
54

(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) CORRETA.
(E) INCORRETA.
Exata redação do art.317 § 2º do CP, que estabelece o crime de Corrupção Passiva
Privilegiada: “Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com
infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem”

45. Carlos sabia que Frederico era inabilitado para dirigir veículo automotor. Apesar
disso, Carlos entregou a Frederico as chaves de seu carro para que este dirigisse o
veículo até um mercado próximo. No caminho, Frederico foi parado em uma blitz,
momento em que os policiais constataram que ele não era habilitado.
Nessa situação, Carlos responderá
(A) por nenhuma conduta, respondendo Frederico por perigo para a vida ou a saúde de
outrem.
(B) pelo crime de tentativa de entrega de direção de veículo automotor a pessoa não
habilitada, tendo em vista que tal conduta poderia ter resultado em situação de perigo
concreto.
(C) pelo crime de entrega de direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, na
forma consumada, haja vista que o crime é de perigo abstrato.
(D) por nenhuma conduta, respondendo Frederico pela conduta de dirigir veículo
automotor sem habilitação.
(E) por nenhuma conduta, assim como Frederico.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) CORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA. 55
A questão tem como fundamento basilar na Súmula 575 do STJ: “Constitui crime a
conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa que
não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310
do CTB, independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na
condução do veículo.”
Com isso, pela leitura do entendimento sumulado, depreende-se que o crime em tela se
trata de espécie de delito de perigo abstrato, pois independe independentemente da
ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto.

46. Crime ambiental praticado pela empresa A, a qual, posteriormente, tenha sido
incorporada à empresa B, resulta:
(A) em extinção da punibilidade, independentemente da análise de ter havido ou não
fraude na incorporação.
(B) na impossibilidade legal da incorporação, enquanto não resolvida a questão penal.
(C) em nenhuma consequência jurídica, uma vez que se trata de pessoas jurídicas
distintas.
(D) na transferência da responsabilização penal para a empresa B pelo crime ambiental,
em razão da transferência de direitos e obrigações.
(E) em extinção da punibilidade de A, se demonstrada a ausência de fraude na
incorporação.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) CORRETA.
A questão tem como fundamento basilar o entendimento do STJ referendado no REsp
1977172-PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, em 24/08/2022. No entendimento da Corte
Superior, O princípio da intranscendência da pena, previsto no art. 5º, XLV, da CF/88,
tem aplicação às pessoas jurídicas. Se a pessoa jurídica que estava respondendo
processo penal por crime ambiental for incorporadora, ela se considera legalmente
extinta (art. 219, II, da Lei nº 6.404/76), de maneira que, se não houver nenhum indício
de fraude, deve-se aplicar analogicamente o art. 107, I, do CP (morte do agente), com a 56
consequente extinção de sua punibilidade.

47. Antônio, que é colecionador de armas de fogo e possui registro para a prática
desportiva de tiro, foi abordado em um determinado dia por policiais quando se dirigia
a um clube de tiro em seu veículo. Na ocasião, os policiais encontraram a arma de uso
permitido, carregada, mas sem a guia de tráfego. Conduzido em flagrante delito,
Antônio comprovou que possuía a guia, mas não estava portando consigo quando da
abordagem policial.
Nessa situação hipotética, a conduta praticada por Antônio caracteriza-se como
(A) porte ilegal de arma de fogo de uso restrito na forma equiparada.
(B) conduta atípica.
(C) posse ilegal de arma de fogo de uso permitido.
(D) omissão de cautela.
(E) porte ilegal de arma de fogo de uso permitido.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA.
(B) CORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.
A questão tem como fundamento basilar o entendimento do STJ referendado no AgRg
no AgRg no RHC 148.516-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, em 09/08/2022. No
entendimento da Corte Superior, é atípica a conduta de colecionador, com registro para
a prática desportiva e guia de tráfego, que se dirigia ao clube de tiros sem portar consigo
a guia de trânsito da arma de fogo, com fulcro no Principio da Proporcionalidade.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

48. Assinale a opção que apresenta o princípio norteador do processo penal abordado,
precipuamente, pelo brocardo audiatur et altera pars.
(A) princípio do contraditório 57
(B) princípio da presunção da inocência
(C) princípio da oralidade
(D) princípio da publicidade
(E) princípio da não autoincriminação

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.
A expressão “audiatur et altera pars” tem como significado em latim “ que seja ouvida
igualmente a outra parte”, máxima que define exatamente o Princípio do Contraditório
no Processo Penal, pois, como regra, as decisões deverão ser tomadas ouvindo
anteriormente a parte contrária.

49. No que tange às nulidades no processo penal, é correto afirmar que a


(A) nulidade absoluta pode ser decretada de ofício pelo juiz prolator da sentença,
mesmo findo o processo penal.
(B) falta de nomeação de curador ao réu maior de dezoito e menor de vinte e um anos
é causa de nulidade relativa.
(C) falta ou a deficiência de defesa no processo constituem nulidade absoluta,
independentemente de comprovação de prejuízo para o réu.
(D) ilegitimidade do representante da parte pode ser sanada a qualquer tempo,
mediante a ratificação dos atos processuais.
(E) falta da citação do acusado é causa insanável de nulidade absoluta.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

58
(A) INCORRETA. O equívoco do item está em afirmar que após o fim do processo o
magistrado poderia de ofício reconhecer a nulidade absoluta. Contextualizando, de
forma contrária ao que ocorre com as nulidades relativas, as nulidades absolutas podem
ser arguidas a qualquer tempo, uma vez que não estão submetidas à preclusão e,
consequentemente, à possibilidade de convalidação dos atos maculados. O único limite
a essa característica da nulidade absoluta é a sentença absolutória transitada em
julgado, por uma razão simples: não cabe a revisão criminal pro societate, de modo
que a sentença absolutória eivada de uma nulidade absoluta não poderá ser revista
pelo Poder Judiciário.
(B) INCORRETA. De inicio, a nomeação de curador para os menores de 21 anos, prevista
no art. 194 do CPP, foi expressamente revogada pela Lei 10.792/03, não havendo de se
falar em nulidade. Depois, faz-se necessário destacar a Súmula 352 do STF que menciona
que “Não é nulo o processo penal por falta de nomeação de curador ao réu menor que
teve a assistência de defensor dativo”.
(C) INCORRETA. Item em contradição com a sumula 523 do STF : “ No processo penal, a
falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver
prova de prejuízo para o réu.”
(D) CORRETA. Item em consonância com o Art. 568 dp CPP: “ A nulidade por
ilegitimidade do representante da parte poderá ser a todo tempo sanada, mediante
ratificação dos atos processuais.”
(E) INCORRETA. O artigo 572 do CPP trata das hipóteses em que a nulidade absoluta de
falta de citação poderá ser sanada. Senão vejamos:
Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, g e h, e IV,
considerar-se-ão sanadas:
I - se não forem argüidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo
anterior;
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim;

III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos.

50. Excepcionalmente, poderá o Ministério Público recorrer, na ação penal


exclusivamente privada, contra a sentença
(A) absolutória, caso o querelante não tenha recorrido.
(B) absolutória, caso tenha aditado a queixa.
(C) absolutória em que a decisão declarou a extinção da punibilidade do querelado.
(D) condenatória, estritamente nos casos em que não houver recurso do querelado.
(E) condenatória, em relação ao quantum da pena fixada. 59
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) CORRETA.
Explicando em detalhes, quando a ação penal for exclusivamente privada, ao Ministério
Público não se estende a possibilidade de recorrer em favor do querelante nas hipóteses
em que o querelado foi absolvido. Em resumo, se a acusação é privada, o Ministério
Público não pode recorrer da absolvição, porque há discricionariedade do querelante
quanto a prosseguir ou não em busca da condenação, isto é, o querelante pode fazer
uso da disponibilidade da ação penal.

51. No que concerne à liberdade provisória, assinale a opção correta.


(A) A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos crimes punidos com
detenção.
(B) A fiança será perdida, em sua totalidade, se o condenado não se apresentar para o
cumprimento da pena imposta em sentença, mesmo que provisória.
(C) O quebramento da fiança importa na perda total do seu valor.
(D) A fiança poderá ser prestada após o trânsito em julgado da sentença condenatória.
(E) Sendo a pena em abstrato superior a quatro anos, somente a autoridade judiciária
poderá arbitrar a fiança.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Item em discordância com o art.322 do CPP: “A autoridade policial


somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade
máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.”
(B) INCORRETA. Item em discordância com o art.344 do CPP: “Entender-se-á perdido,
na totalidade, o valor da fiança, se, condenado, o acusado não se apresentar para o início
do cumprimento da pena definitivamente imposta.” 60
(C) INCORRETA. Item em discordância com o art.343 do CPP: “ O quebramento
injustificado da fiança importará na perda de metade do seu valor, cabendo ao juiz
decidir sobre a imposição de outras medidas cautelares ou, se for o caso, a decretação
da prisão preventiva. “
(D) INCORRETA. Item em discordância com o art.334 do CPP: “ A fiança poderá ser
prestada enquanto não transitar em julgado a sentença condenatória”.
(E) CORRETA. Item em concordância com o art.334 do CPP: “ A autoridade policial
somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade
máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. “

52. No que se refere ao procedimento sumaríssimo, assinale a opção correta.


(A) O acordo homologado entre as partes, no caso de ação penal condicionada, não
acarreta renúncia ao direito de representação.
(B) Adota-se o procedimento sumaríssimo nas infrações com pena privativa de liberdade
máxima não superior a 4 anos, cumulada ou não com multa.
(C) Na ação penal pública incondicionada, a composição de danos entre as partes não
extingue a punibilidade.
(D) De regra, poderá o juiz, de ofício, propor transação penal.
(E) É cabível a citação do réu por edital.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Item em discordância com o art.74, parag,unico da Lei 9.099/95: “


Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada
à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou
representação.”
(B) INCORRETA. Item em concordância com o art.394, § 1o do CPP:
“O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo:
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou
superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a
4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da
lei.
61
Art.61 da Lei 9.099/95: “ Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo,
para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena
máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.”
(C) CORRETA. Item em discordância com o art.74, parag,unico da Lei 9.099/95: “
Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada
à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou
representação.”
Como se percebe, a causa extintiva de punibilidade do art.107, V do CP (renúncia ao
direito de queixa ou representação) somente possui aplicação à ação penal de iniciativa
privada ou à ação penal pública condicionada a representação. Logo, homologada a
composição, não ocorre a extinção da punibilidade quando se tratar de infração penal
que se apura mediante ação penal pública incondicionada, prosseguindo-se na
audiência preliminar com eventual proposta de transação ou, não sendo esta
apresentada, com o oferecimento da denúncia pelo MP.
(D) INCORRETA. O magistrado não poderá, de ofício, propor transação penal, sendo
necessário provocação/pedido do MP, com fulcro no art.76 da Lei 9.099/95: “ Havendo
representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo
caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena
restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.”
(E) INCORRETA. Não cabe citação por edital, pois a citação no Juizado Especial Criminal
é sempre pessoal, com base no art.66 da Lei 9.099/85. Se o acusado não for encontrado,
a ação será remetida ao juízo comum sumário, conforme art. 538 do Código de Processo
Penal.

53. De regra, faz coisa julgada no cível a


(A) sentença absolutória que determina que o fato imputado não constitui crime.
(B) sentença que reconhece ter sido o ato praticado em estado de necessidade.
(C) decisão que determina o arquivamento do inquérito policial.
(D) decisão que julga extinta a punibilidade do réu.
(E) sentença absolutória fundada na falta de provas da culpabilidade do réu.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Item em discordância com o art.67,III do CPP:


Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação; 62
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade;
III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.
(B) CORRETA. Item em concordância com o art.65 do CPP: “Faz coisa julgada no cível a
sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em
legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de
direito.”
(C) INCORRETA. Item em discordância com o art.67,I do CPP:
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação;
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade;
III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.
(D) INCORRETA. Item em discordância com o art.67,II do CPP:
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação;
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade;
III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.
(E) INCORRETA. Item em discordância com o art.66 do CPP: “ Não obstante a sentença
absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido,
categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.”

54. Em relação à prisão temporária, assinale a opção correta.


(A) O prazo da cautelar, em qualquer caso, é de trinta dias, prorrogável por igual período.
(B) Não depende de representação da autoridade policial, podendo ser decretada de
ofício pelo juiz.
(C) Pode ser decretada após o oferecimento da denúncia.
(D) Pode ser decretada nas infrações de menor potencial ofensivo.
(E) Pode ser decretada nos crimes contra o sistema financeiro.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Item em discordância com o art.2º da Lei 7.960/89: “A prisão


temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial 63
ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável
por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.”
(B) INCORRETA. Item em discordância com o art.2º da Lei 7.960/89: “A prisão
temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial
ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável
por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.”
(C) INCORRETA. Item em discordância com o art.1º, I da Lei 7.960/89:
“Caberá prisão temporária:
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários
ao esclarecimento de sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na
legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
(D) INCORRETA. Item em discordância com o rol do art.1º, III da Lei 7.960/89.
(E) CORRETA. Item em concordância com o art.1º, III, “o” da Lei 7.960/89.

55. Considerando o acordo de colaboração premiada previsto na Lei n.º 12.850/2013,


assinale a opção correta.
(A) O perdão judicial somente poderá ser concedido se o benefício tiver sido previsto
em sua proposta inicial.
(B) Retratando-se o réu da proposta de acordo, as provas dela decorrentes, ainda que
autoincriminatórias, poderão ser utilizadas, exclusivamente, em seu desfavor.
(C) Até o cumprimento das medidas propostas na colaboração, o processo judicial
deverá ser suspenso pelo período de um ano, prorrogável por igual prazo.
(D) Afastada a denúncia em face da colaboração do agente, este não mais poderá ser
ouvido nos autos que originaram o acordo.
(E) Para a formulação do acordo de colaboração premiada, é vedada a participação da
autoridade judiciária.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Item em discordância com o art.4º § 2º da Lei 12.850/2013:


“Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer
tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do
Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão
judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta
64
inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689”
(B) INCORRETA. Item em discordância com o art.4º § 10 da Lei 12.850/2013: “As partes
podem retratar-se da proposta, caso em que as provas autoincriminatórias produzidas
pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor.”
(C) INCORRETA. Item em discordância com o art.4º § 3º da Lei 12.850/2013: “O prazo
para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá ser
suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam
cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo
prescricional.”
(D) INCORRETA. Item em discordância com o art.4º § 9º e 12 da Lei 12.850/2013:
Art.4º § 9º: “Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre
acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo
delegado de polícia responsável pelas investigações.”
Art.4º §12: “Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o
colaborador poderá ser ouvido em juízo a requerimento das partes ou por iniciativa da
autoridade judicial”
(E) CORRETA. Item em concordância com o art.4º § 6º da Lei 12.850/2013: “O juiz não
participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de
colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com
a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e
o investigado ou acusado e seu defensor.”

56. Em relação à citação do acusado no procedimento comum, assinale a opção


correta.
(A) A citação válida torna prevento o juiz e interrompe o prazo prescricional.
(B) Estando preso, o réu poderá ser citado por intermédio do diretor do estabelecimento
penal em que se encontra recolhido.
(C) Citado por edital, caso o réu não compareça e não constitua advogado, o juiz
nomeará defensor para prosseguir nos demais atos do processo.
(D) Citado pessoalmente para responder à acusação, se o réu não o fizer, será decretada
a sua revelia, acarretando a suspensão do processo e do prazo prescricional
correspondente.
(E) Citado por hora certa, caso o réu não compareça, o processo prosseguirá o seu curso
com a nomeação de defensor dativo, não se operando a sua suspensão.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS 65

(A) INCORRETA. A questão tenta confundir os efeitos da citação no processo civil e no


processo penal, de modo traz o conteúdo previsto no art.240 do CPC.
(B) INCORRETA. Item em discordância com o art.360 do CPP: “ Se o réu estiver preso,
será pessoalmente citado”
(C) INCORRETA. Item em discordância com o art.366 do CPP: “ Se o acusado, citado por
edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o
curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das
provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos
do disposto no art. 312.”.
(D) INCORRETA. Item em discordância com o art.377 do CPP: “O processo seguirá sem
a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar
de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não
comunicar o novo endereço ao juízo.”
(E) CORRETA. Item em concordância com o art. 362, paragrafo único: “Verificando que
o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e
procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei
no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer,
ser-lhe-á nomeado defensor dativo.
57. No que se refere à norma processual penal e sua aplicação, assinale a opção
correta.
(A) Os atos processuais realizados sob a égide da lei anterior precisam ser renovados.
(B) A revogação total de uma lei processual penal é chamada de derrogação.
(C) A lei processual penal admite tanto a aplicação analógica quanto a interpretação
extensiva.
(D) A lei processual penal, quanto à sua eficácia temporal, não terá aplicação imediata,
salvo em benefício do réu.
(E) O princípio da nacionalidade, como regra geral, é utilizado para a aplicação da lei
processual penal no espaço.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Item em discordância com o art.2º do CPP: “ A lei processual penal
aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da
lei anterior.”
66
(B) INCORRETA. A revogação total de uma lei é chamada de ab-rogação.
(C) CORRETA. Item em concordância com o art.3º do CPP: “A lei processual penal
admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos
princípios gerais de direito.”
(D) INCORRETA. Item em discordância com o art.2º do CPP: “ A lei processual penal
aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da
lei anterior.”
(E) INCORRETA. Item em discordância com o art.1º do CPP que estabelece o Princípio
da Territorialidade:
“O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código,
ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado,
nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo
Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade
III - os processos da competência da Justiça Militar;
IV - os processos da competência do tribunal especial
V - os processos por crimes de imprensa.
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos n os.
IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso.”

DIREITO ELEITORAL

58. De acordo com a Lei n.º 9.504/1997, o limite de registro de candidatos por partido
político para as assembleias legislativas é de até
(A) cem por cento do número de vagas a preencher mais um, reservando-se o mínimo
de trinta por cento e o máximo de setenta por cento desse percentual para candidaturas
de cada sexo.
(B) cinquenta por cento do número de vagas a preencher mais um, reservando-se o
mínimo de quarenta por cento e o máximo de sessenta por cento desse percentual para
candidaturas de cada sexo.
(C) cinquenta por cento do número de vagas a preencher, reservando-se cinquenta por
cento desse percentual para as candidaturas de cada sexo.
(D) setenta e cinco por cento do número de vagas a preencher mais um, reservando-se
o mínimo de quarenta por cento e o máximo de sessenta por cento desse percentual
para candidaturas de cada sexo.
(E) setenta e cinco por cento do número de vagas a preencher, reservando-se cinquenta
67
por cento desse percentual para as candidaturas de cada sexo.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

O tema foi tratado na revisão de véspera da turma MPPA no tocante ao tópico da


participação feminina na política e os percentuais indicados.

(A) CORRETA. Lei das Eleições (Lei nº 9507/94), art. 10, § 3º: Do número de vagas
resultante das regras previstas neste artigo, cada partido ou coligação preencherá o
mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para
candidaturas de cada sexo.
As demais disposições apresentam percentuais diversos, logo, seguem equivocadas.

(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.
59. Quanto ao requisito temporal, é considerada propaganda eleitoral antecipada
aquela realizada, no ano da eleição, antes do dia
(A) 15 de agosto.
(B) 16 de agosto.
(C) 1.º de setembro.
(D) 15 de setembro.
(E) 16 de setembro.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

O tema foi tratado na revisão de véspera da turma MPPA com slide próprio sobre
somente ser permitida somente após o dia 15 de Agosto (pegadinha que levava a
resposta para letra B: dia 16).

68
A questão demanda bastante atenção ao conteúdo do artigo art. 36 da lei das eleições:
Art. 36. A propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 15 de agosto do ano da
eleição.
A correta é a letra B justamente pela pegadinha acima citada (após o dia 15...).
Essa questão simples pode ter sido uma grande vilã para muitos candidatos.

60. Assinale a opção que indica corretamente uma fonte material do direito eleitoral.
(A) lei orgânica dos partidos políticos.
(B) respostas do TSE e dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) a consultas.
(C) Código Civil.
(D) resoluções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
(E) fatos sociais que impactam na produção de normas eleitorais.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS
Fontes Materiais: são fatores que influenciam a elaboração das normas eleitorais.
Diferente das fontes formais, não se reduzem a documentos ou atos legislativos. Como
exemplo podemos citar justamente “fatos sociais que impactam na produção de normas
eleitorais”.
Fontes Formais: decorrem de processos pelos quais as normais adquirem legitimidade
e obrigatoriedade. Como exemplo podemos citar as opções citadas na prova: lei
orgânica dos partidos políticos, respostas do TSE e dos Tribunais Regionais Eleitorais
(TREs) a consultas, Código Civil, resoluções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Diante da explicação, apenas a letra E restou como hipótese de fonte material!

61. Acerca da ação de investigação judicial eleitoral (AIJE), assinale a opção correta.
(A) Trata-se de processo jurisdicional de natureza criminal.
(B) Qualquer cidadão possui legitimidade para figurar no polo ativo.
(C) Compete ao TSE processar e julgar originariamente a AIJE em eleições presidenciais
e federais.
(D) A AIJE deverá ser ajuizada a partir do registro da candidatura até a diplomação dos
candidatos eleitos.
(E) A AIJE perderá o objeto se não julgada até a diplomação do candidato.
69
RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

AIJE foi um dos temas esmiuçados em nosso aulão de véspera. O que foi decisivo para
análise de itens dessa questão.

(A) INCORRETA. A AIJE, atualmente prevista nos arts. 19 e ss. da LC 64/90, possui
natureza de ação eleitoral, pois deduz-se pretensão de direito material e pede-se a
aplicação da sanção prevista na norma.
(B) INCORRETA. O cidadão não é legitimado ativo de AIJE, nos termos do art. 22 da LC
64/90.
(C) INCORRETA. O erro da alternativa é o referente ao termo "federais" (art. 2⁰, II da LC
64/90). Inclusive eleições federais e estaduais: julgada a AIJE pelo TRE, cabe recurso
ordinário para o TSE.
(D) CORRETA. A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (artigo 22 da Lei de
Inelegibilidades) pode ser apresentada (ajuizada) até a data da diplomação do
candidato. A ação é apresentada durante o processo eleitoral.
(E) INCORRETA. Não confundir ajuizar "com perda de objeto se não julgada" (erro da
letra E). A exigência até a diplomação é para ajuizamento.

62. Considerando as disposições acerca das inelegibilidades, julgue os itens seguintes.


(I) São inelegíveis, em qualquer hipótese e para quaisquer cargos, os analfabetos e os
militares alistáveis.
(II) Os prazos para a desincompatibilização eleitoral são contados com base no dia da
eleição e variam de três a seis meses, dependendo da classe a que o agente público
pertence.
(III) Compete ao TRE conhecer e decidir, originariamente, a arguição de inelegibilidade
em face de candidatos a prefeito e vice-prefeito.
Assinale a opção correta.
(A) Apenas o item II está certo.
(B) Apenas o item III está certo.
(C) Apenas os itens I e II estão certos.
(D) Apenas os itens I e III estão certos.
70
(E) Todos os itens estão certos.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

O item 1 foi o primeiro tratado em nossa aula de véspera.

ITEM I: O art. 14, § 3º da CF/88 informa que são condições de elegibilidade, na forma da
lei: (...) III - o alistamento eleitoral;
O art. 14 § 1º determina que não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e,
durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos (portanto, em regra, o
militar é alistável e se precisa verificar apenas a questão de ter mais ou menos de 10
anos de atividade para afastar-se definitivamente ou ser agregado pela autoridade
superior). A situação foi amplamente explicada no aulão de véspera para o MPPA.
ITEM II: O intervalo entre os prazos de 3 e 6 meses é trabalho entre as várias hipóteses
previstas na LC 64/90 (Lei de Inelegibilidades) para desimcompatibilização. Logo, a
alternativa está correta.
ITEM III: LC 64/90:
Art. 2º Compete à Justiça Eleitoral conhecer e decidir as arguições de inelegibilidade.
Parágrafo único. A arguição de inelegibilidade será feita perante:
(...)
III - os Juízes Eleitorais, quando se tratar de candidato a Prefeito, Vice-Prefeito e
Vereador.
Logo, apenas o item II é correto.

LEGISLAÇÃO REFERENTE AO MINISTÉRIO PÚBLICO

63. O julgamento de recurso contra decisão relativa a processo administrativo


disciplinar em desfavor de membro do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA)
compete
(A) à Corregedoria-Geral do MPPA.
(B) ao Colégio de Procuradores de Justiça.
(C) ao Conselho Superior do MPPA. 71
(D) ao procurador-geral de justiça.
(E) a instância recursal externa ao MPPA.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
(B) CORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.
Art. 21. Compete ao Colégio de Procuradores de Justiça:

(...)

X – julgar recurso contra decisão:

(...)
d) do Procurador-Geral de Justiça, que julgar processo administrativo disciplinar (PAD);

64. Com relação à licença-prêmio no MPPA, assinale a opção correta.


(A) O membro do MPPA tem direito à licença-prêmio depois de quatro anos
ininterruptos de efetivo exercício, fazendo jus a noventa dias de afastamento.
(B) O membro do MPPA tem direito à licença-prêmio depois de três anos ininterruptos
de efetivo exercício, fazendo jus a sessenta dias de afastamento.
(C) A licença-prêmio foi extinta para membros desse órgão e não foi substituída por
outro direito.
(D) A licença-prêmio foi extinta para membros desse órgão e substituída pela licença-
capacitação, nos mesmos moldes.
(E) O membro do MPPA tem direito à licença-prêmio depois de cinco anos ininterruptos
de efetivo exercício, fazendo jus a noventa dias de afastamento.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS
72
(A) INCORRETA. Art. 138 da LC 057/2006 - Após cada triênio ininterrupto de efetivo
exercício, o membro do Ministério Público fará jus à licença-prêmio de sessenta dias,
sem prejuízo do subsídio.

(B) CORRETA. Art. 138. Após cada triênio ininterrupto de efetivo exercício, o membro
do Ministério Público fará jus à licença-prêmio de sessenta dias, sem prejuízo do
subsídio.

§ 1º A licença-prêmio poderá ser fracionada em dois períodos de trinta dias e deverá


ser requerida e gozada após completado o período aquisitivo.

(C) e (D) INCORRETAS. A licença-prêmio não foi extinta. Ao contrário, encontra-se em


plena vigência no art. 138 da LC 057/2006 (Lei Orgânica do Ministério Público do Estado
do Pará).

(E) INCORRETA. Art. 138 da LC 057/2006 - Após cada triênio ininterrupto de efetivo
exercício.

65. O retorno de membro do MPPA ao cargo que ocupava anteriormente, em


decorrência de cassação da remoção, é denominado
(A) reabilitação.
(B) remoção.
(C) reintegração.
(D) aproveitamento.
(E) reversão.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) CORRETA.

O reingresso do membro do Ministério Público à carreira dar-se-á por reintegração,


reversão ou aproveitamento. Vejamos:
73
REINTEGRAÇÃO (ART. 104 REVERSÃO (ART. 105 APROVEITAMENTO
LC/MPPA) LC/MPPA) (ART. 106)
Decorrerá de sentença Retorno do membro do O aproveitamento é o
transitada em julgado, é o Ministério Público ao reingresso na carreira do
retorno do membro do cargo em que membro do Ministério
Ministério Público ao cargo anteriormente ocupava, Público posto em
que anteriormente ocupava, ou no cargo decorrente de disponibilidade, em
ou no cargo decorrente de sua transformação, no cargo de natureza e
sua transformação, com caso de: padrão remuneratório
ressarcimento dos subsídios e correspondente ao que
vantagens deixados de anteriormente ocupava
perceber em razão do
afastamento, inclusive a
contagem do tempo de
serviço, observadas as
seguintes normas:
I – se o cargo em que deva se
I – aposentadoria por O aproveitamento é
dar a reintegração tiver sido
invalidez, quando, por obrigatório:
extinto, o reintegrado será
laudo de junta médica
colocado em disponibilidade;
oficial, forem declarados I – quando for
insubsistentes os motivos restabelecido o cargo de
II – achando-se provido o da aposentadoria; cuja extinção decorreu a
cargo no qual deva ser disponibilidade;
reintegrado o membro do
Ministério Público, o seu II – aposentadoria II – quando ocorrer a
ocupante será colocado em voluntária por tempo de primeira vaga de cargo de
disponibilidade; serviço deferida há menos natureza e padrão
de seis meses; remuneratório
III – o membro do Ministério equivalente ao cargo de
Público reintegrado poderá III – cassação da promoção cuja extinção decorreu a
ser submetido à inspeção ou da remoção. disponibilidade, caso em
médica, e, se considerado que o aproveitamento
incapaz, será aposentado § 2o Não poderá reverter o prevalecerá sobre
compulsoriamente, com as aposentado que tiver qualquer outra forma de
vantagens a que teria direito alcançado a idade limite provimento derivado.
se efetivada a reintegração. para a aposentadoria
compulsória.

Assim, consoante art. 105, III da LC 057/2006 do MPPA, a situação narrada na questão
diz respeito à reversão.

66. A função de remeter informações técnico-jurídicas aos órgãos de execução ligados


às suas áreas de atividade é atribuição
(A) dos órgãos de apoio técnico e administrativo.
74
(B) dos subprocuradores-gerais de justiça.
(C) da Câmara de Coordenação e Revisão.
(D) do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional.
(E) do Centro de Apoio Operacional.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) CORRETA.
Art. 62 da LC 057/2006 do MPPA - Os Centros de Apoio Operacional (CAO) são órgãos
auxiliares da atividade funcional do Ministério Público, instituídos, mediante proposta
do Procurador- Geral de Justiça, por ato do Colégio de Procuradores de Justiça que
definirá sua organização, atribuições e funcionamento, observado o seguinte:

III – são, dentre outras, atribuições do Centro de Apoio Operacional (CAO), na respectiva
área de atuação:

(...)

b) remeter informações técnico-jurídicas, sem caráter vinculativo, aos órgãos de


execução ligados às suas áreas de atividade;

67. O corregedor-geral do MPPA é


(A) indicado pelo procurador-geral de justiça e aprovado pelo Conselho Superior.
(B) escolhido pelo procurador-geral de justiça.
(C) indicado pelo procurador-geral de justiça e aprovado pelo Colégio de Procuradores
de Justiça.
(D) eleito pelo Colégio de Procuradores de Justiça.
(E) eleito pelo Conselho Superior.
75
RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) CORRETA.
(E) INCORRETA.
A Corregedoria-Geral do Ministério Público é o órgão orientador e fiscalizador das
atividades funcionais e da conduta dos membros do Ministério Público.

Consoante art. 31 da LC 057/2006 do MPPA, O Corregedor-Geral e os dois


Subcorregedores-Gerais do Ministério Público são eleitos pelo Colégio de Procuradores
de Justiça, no primeiro dia útil do mês de dezembro dos anos pares, em sessão especial,
com início às 16:00 horas, independentemente de convocação, para mandato de dois
anos, permitida uma recondução, observado, neste caso, o mesmo procedimento.
DIREITO EMPRESARIAL

68. Assinale a opção que apresenta, entre os tipos contratuais a seguir, aquele que
pode vir a caracterizar concentração empresarial sujeita ao controle e aprovação do
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).
(A) joint venture.
(B) consórcio destinado às licitações públicas.
(C) alienação fiduciária.
(D) faturização.
(E) arrendamento mercantil.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Dentre as opções o único que colocaria em risco a livre concorrência
demandando atuação do CADE é a joint venture. Isso por quê caracteriza-se pela união
de recursos entre empresa para a atuação conjunta num determinado setor da 76
economia.
(B) INCORRETA. Alternativa incorreta justificada pela letra A.
(C) INCORRETA. Alternativa incorreta justificada pela letra A.
(D) INCORRETA. Alternativa incorreta justificada pela letra A.
(E) INCORRETA. Alternativa incorreta justificada pela letra A.

69. Caso a microempresa vencedora de licitação pública possua restrição na


comprovação de regularidade fiscal ou trabalhista, ser-lhe-á concedido, para
regularizar a situação, a contar da declaração do vencedor do certame, o prazo de
(A) 10 dias úteis, vedada a prorrogação.
(B) 15 dias úteis, prorrogável por igual período.
(C) 15 dias úteis, vedada a prorrogação.
(D) 5 dias úteis, prorrogável por igual período.
(E) 10 dias úteis, prorrogável por igual período.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Alternativa justificada em razão da literalidade do art. 43, §1º, da Lei
Complementar nº 123.
(B) INCORRETA. Alternativa justificada em razão da literalidade do art. 43, §1º, da Lei
Complementar nº 123.
(C) INCORRETA. Alternativa justificada em razão da literalidade do art. 43, §1º, da Lei
Complementar nº 123.
(D) CORRETA. Alternativa justificada em razão da literalidade do art. 43, §1º, da Lei
Complementar nº 123, o qual aduz que “art. 43 (...) §1º Havendo alguma restrição na
comprovação da regularidade fiscal, será assegurado o prazo de 5 (cinco) dias úteis,
cujo termo inicial corresponderá ao momento em que o proponente for declarado o
vencedor do certame, prorrogável por igual período, a critério da administração
pública, para a regularização da documentação, pagamento ou parcelamento do débito
e emissão de eventuais certidões negativas ou positivas com efeito de certidão negativa.
(Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)”.
(E) INCORRETA. Alternativa justificada em razão da literalidade do art. 43, §1º, da Lei
Complementar nº 123.

77
70. De acordo com a Lei n.º 8.934/1994, o ato pertinente ao registro público de
empresas mercantis e atividades afins, executado pelas juntas comerciais, a que está
condicionado o exercício da profissão de leiloeiro é o(a)
(A) atestado.
(B) ato constitutivo.
(C) declaração.
(D) autenticação.
(E) matrícula.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Alternativa justificada pelo art. 32, I, da Lei nº 8.934/1994.


(B) INCORRETA. Alternativa justificada pelo art. 32, I, da Lei nº 8.934/1994.
(C) INCORRETA. Alternativa justificada pelo art. 32, I, da Lei nº 8.934/1994.
(D) INCORRETA. Alternativa justificada pelo art. 32, I, da Lei nº 8.934/1994.
(E) CORRETA. Alternativa justificada pelo art. 32, I, da Lei nº 8.934/1994, in verbis: “Art.
32. O registro compreende: I - a matrícula e seu cancelamento: dos leiloeiros,
tradutores públicos e intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de
armazéns-gerais”.

71. Assinale a opção correta de acordo com a Lei n.º 9.279/1996.


(A) Uma pessoa ou empresa somente pode requerer patente em nome próprio.
(B) Os métodos matemáticos se enquadram como modelos de utilidade.
(C) A vigência máxima da patente de invenção é de quinze anos, a contar da data da
publicação do trabalho inventivo.
(D) A ação destinada a reparar dano a direito de propriedade industrial se sujeita ao
prazo prescricional de cinco anos.
(E) A invenção é nova quando compreendida no estado da técnica.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

78
(A) INCORRETA. Alternativa justificada pela literalidade do art. 225, da Lei nº
9.279/1996.
(B) INCORRETA. Alternativa justificada pela literalidade do art. 225, da Lei nº
9.279/1996.
(C) INCORRETA. Alternativa justificada pela literalidade do art. 225, da Lei nº
9.279/1996.
(D) CORRETA. Alternativa justificada pela literalidade do art. 225, da Lei nº 9.279/1996,
o qual dispõe que: “Art. 225. Prescreve em 5 (cinco) anos a ação para reparação de dano
causado ao direito de propriedade industrial.”.
(E) INCORRETA. Alternativa justificada pela literalidade do art. 225, da Lei nº
9.279/1996.

72. Considerando as disposições da Lei n.º 6.404/1976, julgue as seguintes afirmações.


(I) É defeso à companhia participar de outras sociedades.
(II) Admite-se a fixação do valor do capital social em moeda estrangeira, desde que
prevista no estatuto social e condicionada à correção monetária semestral.
(III) É lícita a previsão no estatuto social da companhia que autorize o aumento do capital
social independentemente de reforma estatutária.
Assinale a opção correta.
(A) Apenas os itens I e II estão certos.
(B) Apenas os itens II e III estão certos.
(C) Apenas os itens I e III estão certos.
(D) Apenas o item II está certo.
(E) Apenas o item III está certo.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(I) INCORRETO. Incorreto em razão do art. 2º, §3º, da Lei nº 6.404/1976, o qual dispõe
que: “Art. 2º (...) §3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades;
ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o
objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais.”.
(II) INCORRETO. Incorreto em razão do art. 5º, caput, da Lei nº 6.404/1976, o qual aduz
que: “Art. 5º O estatuto da companhia fixará o valor do capital social, expresso em
moeda nacional.”. 79
(III) CORRETO. Correto em razão da literalidade do art. 168, caput, da Lei nº 6.404/1976,
o qual dispõe que: “Art. 168. O estatuto pode conter autorização para aumento do
capital social independentemente de reforma estatutária.”.
(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) CORRETA.

DIREITO TRIBUTÁRIO

73. À luz da Constituição Federal de 1988 (CF) e da jurisprudência do Supremo Tribunal


Federal (STF), julgue os itens a seguir, acerca das imunidades tributárias recíprocas.
(I) A imunidade tributária recíproca não afasta a responsabilidade tributária por
sucessão na hipótese em que o sujeito passivo, diferentemente do sucessor, era
contribuinte regular do tributo devido.
(II) A empresa pública delegatária de serviço público essencial fará jus à imunidade
tributária recíproca, desde que não distribua lucro a seus acionistas, não atue em regime
concorrencial e não promova a cobrança de tarifa como contraprestação pelos serviços
prestados.
(III) A imunidade tributária recíproca prevista na CF alcança as contribuições
previdenciárias incidentes sobre os vencimentos pagos aos servidores estaduais
ocupantes de cargo em comissão.
Assinale a opção correta.
(A) Apenas o item I está certo.
(B) Apenas o item II está certo.
(C) Apenas os itens I e III estão certos.
(D) Apenas os itens II e III estão certos.
(E) Todos os itens estão certos.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

80
(I) CORRETO. Conforme entendimento do STF:
A imunidade tributária recíproca não exonera o sucessor das obrigações tributárias
relativas aos fatos jurídicos tributários ocorridos antes da sucessão (aplicação
“retroativa” da imunidade tributária). (STF - RE 599176, Rel. Min. Joaquim Barbosa,
Tribunal Pleno, j. 05.06.2014)
(II) INCORRETO. Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmou
jurisprudência de que as empresas públicas e as sociedades de economia mista,
delegatárias de serviços públicos essenciais, são beneficiárias de imunidade tributária
recíproca, independentemente de cobrança de tarifa como contraprestação do
serviço. A decisão foi proferida no Recurso Extraordinário (RE) 1320054, com
repercussão geral (Tema 1.140).
A tese de repercussão geral fixada foi a seguinte: “As empresas públicas e as sociedades
de economia mista delegatárias de serviços públicos essenciais, que não distribuam
lucros a acionistas privados nem ofereçam risco ao equilíbrio concorrencial, são
beneficiárias da imunidade tributária recíproca prevista no artigo 150, VI, ‘a’, da
Constituição Federal, independentemente de cobrança de tarifa como
contraprestação do serviço”.

(III) INCORRETO. A imunidade tributária recíproca, prevista no art. 150, VI, a, da


Constituição Federal – extensiva às autarquias e fundações públicas – tem aplicabilidade
restrita a impostos, não se estendendo, em consequência, a outras espécies tributárias,
a exemplo das contribuições sociais. (STF – Ag. Reg. no Ag. Reg. no RE 831381 PR, Rel.
Min. Roberto Barroso, 09.03.2018)

(A) CORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.

74. Com base no Código Tributário Nacional (CTN) e na jurisprudência dos tribunais
superiores, assinale a opção correta, a respeito do pagamento como forma de extinção
do crédito tributário.
(A) Julgada improcedente a ação de consignação em pagamento de determinado crédito
tributário formalizada pelo contribuinte não será possível acrescer juros de mora à
cobrança do crédito tributário.
(B) Existindo mais de um crédito tributário relativo ao mesmo imposto, o pagamento
total de um deles gera presunção de adimplemento em relação aos demais.
(C) No caso de o sujeito passivo possuir, perante determinado estado da Federação, dois
81
débitos tributários vencidos atinentes ao ICMS, sendo um na condição de responsável
tributário e outro por obrigação própria, este último deverá ser considerado em
primeiro lugar na ordem de imputação de pagamento a ser implementada pela
autoridade tributária.
(D) Não havendo o pagamento integral do crédito tributário no vencimento, ser-lhe-ão
acrescidos juros de mora, ainda que na pendência de consulta formalizada pelo
contribuinte à administração tributária dentro do prazo legal para o pagamento do
tributo.
(E) A concessão de desconto em razão da antecipação do pagamento somente poderá
ser concedida por meio de lei em sentido estrito.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. CTN


Art. 164.
III
(...)
§ 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a
importância consignada é convertida em renda; julgada improcedente a consignação no
todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das
penalidades cabíveis.
(B) INCORRETA. CTN

Art. 158. O pagamento de um crédito não importa em presunção de pagamento:

(...)

II - quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos.

(C) CORRETA. CTN


Art. 163. Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito
passivo para com a mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a
diferentes tributos ou provenientes de penalidade pecuniária ou juros de mora, a
autoridade administrativa competente para receber o pagamento determinará a
respectiva imputação, obedecidas as seguintes regras, na ordem em que enumeradas:
(...)
I - em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos
decorrentes de responsabilidade tributária;
82
(D) INCORRETA. CTN
Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora,
seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades
cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei
tributária.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo
devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.
(E) INCORRETA. Quanto ao tempo do pagamento, ou seja, “o vencimento do crédito
tributário” (Machado, 2015, pág. 206), deve ser disposto pela legislação aplicável ao
tributo específico. Porém “referindo-se o Código à legislação tributária, leva ao
entendimento de que o prazo para o pagamento do crédito tributário pode ser
estabelecido em norma diversa da lei”

75. Considerando-se o CTN e a jurisprudência dos tribunais superiores, é vedado ao


Ministério Público requisitar, sem a reserva de jurisdição, informações dos
contribuintes relativas a
(A) moratória.
(B) inscrição em dívida ativa das fazendas públicas.
(C) movimentações bancárias.
(D) parcelamento.
(E) benefícios fiscais concedidos a pessoas jurídicas.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) CORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.
A inviolabilidade do sigilo fiscal encontra abrigo no art. 198 da Lei n. 5.172/1966 (Código
Tributário Nacional), onde busca-se a vedação da divulgação, por parte da Fisco, de
informações obtidas em razão da atividade “sobre a situação econômica ou financeira
do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou
atividades”. No entanto, de acordo com o disposto no § 3o do referido artigo não é
vedada a divulgação de informações relativas a: representações fiscais para fins penais;
inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública; parcelamento ou moratória; e incentivo,
83
renúncia, benefício ou imunidade de natureza tributária cujo beneficiário seja pessoa
jurídica.
Não é possível ao Ministério Público obter informações sobre movimentações
bancárias sem que haja reserva de jurisdição, conforme entendimento jurisprudencial:
Informações bancárias requisitadas pela administração tributária distrital –
impossibilidade de compartilhamento com o MP – prova ilícita
“1. Nos termos da jurisprudência do STF, a transferência de informações acobertadas
pelo sigilo bancário por instituição financeira à administração tributária dos entes
federados não importa quebra de sigilo, mas ressignificação da natureza sigilosa das
informações - ADI's 2390, 2386, 2397 e 2859, e RE 601.314/SP.
2. Todavia, ao Ministério Público não é franqueado o acesso a tais informações para dar
início a ação penal sem decisão judicial no sentido, o que significa violação à cláusula de
reserva de jurisdição.
3. Recursos conhecidos; nulidade absoluta decretada, provendo-se o recurso da Defesa;
prejudicado o recurso do Ministério Público.”
(Acórdão 1140562, 20130111821564APR, Relatora: MARIA IVATÔNIA, 2ª Turma
Criminal, data de julgamento: 22/11/2018, publicado no DJe: 30/11/2018)

76. À luz da CF e da jurisprudência do STF, julgue os itens a seguir.


(I) É possível ao Ministério Público propor ação civil pública para anular acordo realizado
entre o contribuinte e o poder público visando ao pagamento de dívida tributária,
quando verificado prejuízo ao erário decorrente do comprometimento da arrecadação
tributária.
(II) Dada sua missão institucional de defender a moralidade pública, o Ministério Público
tem o dever de questionar tributo instituído em desacordo com os parâmetros
constitucionais, sendo adequado o manejo de ação civil pública, por estar em discussão
direitos difusos dos contribuintes.
(III) O Ministério Público possui legitimidade para questionar, em ação civil pública, a
limitação de dedução de gastos com educação em relação ao imposto de renda pessoa
física, em decorrência dos direitos individuais homogêneos dos contribuintes em .
Assinale a opção correta.
(A) Nenhum item está certo.
(B) Apenas o item I está certo.
(C) Apenas o item II está certo.
(D) Apenas o item III está certo.
(E) Todos os itens estão certos.

84
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(I) CORRETO. Entendimento STF


Tema 56 - Legitimidade do Ministério Público para propor ação civil pública em que se
questiona acordo firmado entre o contribuinte e o Poder Público para pagamento de
dívida tributária.
Tese:
O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública com o objetivo de
anular Termo de Acordo de Regime Especial — TARE firmado entre o Poder Público e
contribuinte, em face da legitimação ad causam que o texto constitucional lhe confere
para defender o erário.
(II) INCORRETO. Tema 645 STF
O enunciado diz que "o Ministério Público não possui legitimidade ativa ad causam para,
em ação civil pública, deduzir em juízo pretensão de natureza tributária em defesa dos
contribuintes, que vise questionar a constitucionalidade/legalidade de tributo".
(III) INCORRETO. O Ministério Público Federal não tem legitimidade para ajuizar ação
civil pública com o objetivo de obrigar a Fazenda Pública a deduzir da base de cálculo do
Imposto de Renda os gastos efetuados por pessoa física com aquisição de livros, cursos
de informática e de idiomas estrangeiros e cursos preparatórios para concursos e
vestibular.
MPF ajuizou ação para permitir desconto no IRPF de gastos com aquisição de livros,
cursos de informática e de idiomas. Essa foi a conclusão alcançada pela 1ª Turma do
Superior Tribunal de Justiça, por maioria de votos, em recurso ajuizado pelo MPF.
“Deve ser observada a especial distinção entre causa de pedir e pedido, de modo que
tão somente quando o pedido versar tema de natureza tributária — e não a causa de
pedir — se reconhece a ilegitimidade do Ministério Público para ajuizar ação civil
pública”, disse o ministro Gurgel de Faria, relator.
REsp 1.465.282

(A) INCORRETA.
(B) CORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.
85
77. A respeito dos crimes contra a ordem tributária, observado o disposto na Lei n.º
8.137/1990 e na jurisprudência do STF, assinale a opção correta.
(A) O comerciante que, ainda que de maneira eventual, não recolher aos cofres públicos
valor de ICMS cobrado do adquirente de mercadoria incorrerá em crime de apropriação
indébita tributária.
(B) O crime de apropriação indébita tributária é próprio, de forma que somente pode
ser cometido por quem detenha a condição de sujeito passivo da obrigação tributária,
seja como contribuinte ou responsável tributário.
(C) O crime de apropriação indébita tributária não exige o dolo específico de
apropriação, motivo por que se mostra suficiente a constatação de reiteração da
conduta, ainda que sob a modalidade culposa.
(D) O crime de apropriação indébita tributária exige a ocorrência de fraude para que
haja a caracterização do tipo penal.
(E) O crime de apropriação indébita tributária é de natureza material e, portanto, não
prescinde da conclusão do processo administrativo fiscal para fins de encaminhamento
da representação fiscal ao Ministério Público.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

Questão passível de recurso.


A alternativa (D) está CORRETA E a alternativa (B), INCORRETA.

(A) INCORRETA. O fator distintivo entre o mero inadimplemento de tributo — que é um


fato atípico — e a apropriação indébita tributária, seria o dolo do contribuinte de manter
sob sua posse a parcela do preço produto que se refere ao ICMS devido ao Estado.
Dentre os pontos trazidos pela 3ª Seção do STJ para fundamentar sua decisão,
destacam-se: (i) a necessidade de existência de dolo, por parte do contribuinte, de se
“apropriar dos valores”; (ii) a dispensabilidade de qualquer elemento subjetivo especial
para configuração do tipo penal; (iii) a irrelevância da distinção, para o STJ, dos regimes
jurídicos do ICMS-próprio e do ICMS-ST; (iv) a imprescindibilidade de serem analisados
todas as circunstâncias fáticas do caso para que se conclua pela tipicidade da conduta;
(v) a impossibilidade de criminalização automática quando ausente o dolo; (vi) o fato de
o contribuinte ter declarado regularmente o ICMS-próprio não afasta a caracterização
do crime de apropriação indébita tributária, apenas se prestando a afastar a
configuração do crime de sonegação; (vii) somente nos casos em que há apropriação
indébita de tributo “descontado” ou “cobrado” restará configurada a prática do crime
previsto no artigo 2º, II, da Lei 8.137/1990; (viii) “tributo descontado”, de acordo com o
86
STJ, é aquele referente às hipóteses de responsabilidade tributária por substituição; (ix)
tributo “cobrado” é expressão que abrange todos os demais casos em que o ônus
financeiro do tributo incidente sobre o consumo (tributo indireto) é repassado
(“embutido”) no preço do produto pago pelo consumidor, mas acaba sendo
“apropriado” pelo contribuinte, que deixa de recolher o tributo aos cofres públicos.
(B) CORRETA, conforme o gabarito. INCORRETA, passível de recurso. Doutrinariamente
é classificado como CRIME COMUM - não como próprio segundo a CEBRASPE -,
considerando que não se exige qualidade especial do sujeito ativo (pode ser qualquer
pessoa que tinha responsabilidade pelo recolhimento e não o fez dolosamente).
(C) INCORRETA. O delito exige, para sua configuração, que a conduta seja dolosa,
consistente na consciência (ainda que potencial) de não recolher o valor do tributo. Vale
ressaltar que a motivação não possui importância no campo da tipicidade, ou seja, é
dispensável a existência de elemento subjetivo especial. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma.
AgRg no Resp 1.477.691/DF, Rel. Ministro Nefi Cordeiro, DJe 28/10/2016. Não existe
modalidade culposa.
(D) INCORRETA, conforme o gabarito. CORRETA, passível de recurso. Porquanto o STF
não afirmou que a fraude esteja fora do tipo penal, sendo pois constitucional a sua
punição.
Agravo regimental do recurso extraordinário. Matéria Criminal. Prequestionamento.
Ofensa reflexa. Precedentes. Prisão civil por dívida. Inocorrência. 1. Não se admite o
recurso extraordinário quando os dispositivos constitucionais que nele se alega violados
não estão devidamente prequestionados. Incidência das Súmulas nºs 282 e 356/STF. 2.
Inadmissível, em recurso extraordinário, o exame de ofensa reflexa à Constituição
Federal e a análise de legislação infraconstitucional. 3. A jurisprudência desta Corte
firmou-se no sentido de que a prisão em decorrência de crimes contra a ordem
tributária, por sua natureza penal, em nada se aproxima de prisão civil por dívida. 4.
Agravo regimental não provido. (RE 630.495-AgR/SC, Rel. Min. Dias Toffoli grifos meus).
No mesmo sentido, cito as seguintes decisões, entre outras: AI 566.225/RS e RE
408.363/SC, Rel. Min. Marco Aurélio; ARE 839.787/DF, Rel. Min. Rosa Weber; ARE
978.675/SC, Rel. Min. Teori Zavascki, e ARE 993.201/SP, Rel. Min. Celso de Mello.
No mais, registro que no RE 753.315/MG, por mim relatado, consignei o seguinte: No
que concerne à alegação de incompatibilidade da Lei 8.137/90 com o art. 5º, LXVII, da
Constituição Federal, é importante realçar que o Plenário desta Corte, no julgamento do
HC 81.611, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, deixou assente que a referida lei se volta
contra sonegação fiscal e fraude, realizadas mediante omissão de informações ou
declaração falsa às autoridades fazendárias, praticadas com o escopo de suprimir ou
reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório (resultado). Assim, ainda que
seja possível a extinção da punibilidade mediante o pagamento do débito verificado (Lei
10.684/03, art. 9º), a Lei 8.137/90 não disciplina uma espécie de execução fiscal sui
generis nem uma cobrança de débito fiscal. Ela apenas dispõe quer a incriminação da
prática de fraude em documentação tributária fica sujeita à fiscalização pela autoridade
fazendária, sem, no entanto, estatuir ou prever a possibilidade de prisão civil em razão
de débito fiscal. Dessa forma, as condutas tipificadas na Lei 8.137/1991 não se referem
87
simplesmente ao não pagamento de tributos, mas aos atos praticados pelo contribuinte
com o fim de sonegar o tributo devido, consubstanciados em fraude, omissão, prestação
de informações falsas às autoridades fazendárias e outros ardis. Não se trata de punir a
inadimplência do contribuinte, ou seja, apenas a dívida com o Fisco. Por isso, os delitos
previstos na Lei 8.137/1991 não violam o art. 5°, LXVII, da Carta Magna bem como não
ferem a característica do Direito Penal de configurar a ultima ratio para tutelar a ordem
tributária e impedir a sonegação fiscal. Isso posto, manifesto-me pelo reconhecimento
da repercussão geral da matéria debatida nos presentes autos, para reafirmar a
jurisprudência desta Corte, no sentido de que os crimes previstos na Lei 8.137/1990 não
violam o disposto no art. 5°, LXVII, da Constituição. Em consequência, conheço do
recurso extraordinário, mas desde já, nego-lhe provimento.
(E) INCORRETA. Na classificação doutrinária o crime material só se consuma com a
produção do resultado naturalístico, como a morte no homicídio. O crime formal, por
sua vez, não exige a produção do resultado para a consumação do crime, ainda que
possível que ele ocorra. A questão versa sobre leading case extremamente complexo à
luz das posições alternantes dos Tribunais Superiores, de forma que há grande chance
de anulação, uma vez que tanto a doutrina quanto a jurisprudência divagam sobre a
taxatividade destas condutas.
DIREITO AGRÁRIO

78. Conforme a doutrina, constituem princípios do direito agrário


(A) o atendimento à política de reforma agrária e à política de desenvolvimento agrícola
e a estatização dos imóveis rurais privados, para fins de reforma agrária.
(B) a sobreposição da titulação dominial sobre a utilização da terra e a garantia da
propriedade da terra.
(C) a primazia do interesse coletivo sobre o interesse individual e a necessária e
constante reformulação da estrutura fundiária.
(D) o incentivo ao minifúndio e ao latifúndio e a proteção à média
e à grande propriedade.
(E) o fortalecimento do espírito comunitário, por meio de associações empresariais do
agronegócio, e a exploração dos recursos naturais disponíveis.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

88
(A) INCORRETA. O conceito de Política Agrícola previsto no §2º do art.1º da Lei nº 4504,
de 1964. Art. 1° Esta Lei regula os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis
rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola.
§ 2º Entende-se por Política Agrícola o conjunto de providências de amparo à
propriedade da terra, que se destinem a orientar, no interesse da economia rural, as
atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-lhes o pleno emprego, seja no
de harmonizá-las com o processo de industrialização do país.
(B) INCORRETA. Princípio da Garantia do Direito de Propriedade (art. 5º, XXII, CF/88): a
propriedade é direito e garantia fundamental do cidadão e revela a opção política do
estado brasileiro, assegurando-se a propriedade como condição de vida e
desenvolvimento do proprietário da terra e da sociedade;
(C) CORRETA. O princípio da primazia do interesse do coletivo sobre interesse o
individual. Refere-se ao interesse do Estado em regular as relações agrárias e manter a
harmonia no campo por meio de regras claras que vão além das regras de propriedade
privada.
O princípio da reformulação da estrutura fundiária visa a melhoria contínua das relações
no campo, proporcionando uma melhor distribuição da terra, a erradicação dos direitos
de propriedade improvisados ou contraproducentes e a permanência na terra de quem
a torna produtiva.
(D) INCORRETA. O combate ao latifúndio, ao minifúndio, ao êxodo rural, à exploração
predatória e aos mercenários da terra.
(E) INCORRETA. O combate ao latifúndio, ao minifúndio, ao êxodo rural, à exploração
predatória e aos mercenários da terra.

79. Julgue os itens a seguir quanto ao conceito de direito agrário.


(I) Estão presentes no conceito de direito agrário a regulação do direito agrário e a
função social da terra.
(II) O progresso social e econômico se faz presente no direito agrário, em vista dos
conflitos oriundos do acesso à terra, que ocorrem até os dias atuais.
(III) A natureza jurídica do direito agrário é híbrida, composta por normas públicas e
privadas, classificadas como cogentes e supletivas.
Assinale a opção correta.
(A) Apenas o item I está certo.
(B) Apenas o item III está certo.
(C) Apenas os itens I e II estão certos.
(D) Apenas os itens II e III estão certos.
(E) Todos os itens estão certos.
89
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(I) CORRETO. É o conjunto sistêmico de normas jurídicas que busca regular as relações
humanas com a terra, levando em consideração o avanço social e econômico da
comunidade rural. A regulamentação dos direitos agrárias e da função social da terra
sempre fará parte da concepção da disciplina.
(II) CORRETO. De acordo com o princípio do progresso econômico e social, as relações
agrárias devem servir a um propósito econômico, ao mesmo tempo em que atendem às
preocupações sociais.
(III) CORRETO. A natureza jurídica do direito agrário é híbrida para a maioria dos autores,
sendo composta por normas públicas e privadas. A tendência atual é ver essas regras
como obrigatórias (ou cogentes), que não podem ser anuladas pela vontade das partes
envolvidas na disputa judicial, ou opcionais (ou dispositivas), que atendem a interesses
privados.
(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) CORRETA.

80. Configura posse agrária


(A) a relação pessoal e a exploração direta, contínua e racional do imóvel rural, por meio
das quais a função social da propriedade se expressa.
(B) a localização do imóvel sob posse fora do perímetro urbano.
(C) o exercício indireto, ainda que pacífico, de atividades agrárias em gleba de terra rural.
(D) o embasamento do domínio da gleba rural em documentos cartoriais.

(E) a mera detenção da coisa por permissão ou tolerância do possuidor ou proprietário.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. A prática de atividades agrárias na propriedade serve como característica


definidora de uma posse agrícola. Posse agrária é o exercício direto, contínuo, racional 90
e pacífico de atividades agrícolas desenvolvidas em terras rurais capazes de
proporcionar as condições necessárias e suficientes para seu aproveitamento
econômico, conferindo ao possuidor poder jurídico real e conclusivo com ampla
repercussão jurídica, mantendo-se em mente o seu progresso econômico e social.
Conforme §1º, art.1º § 1° Considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que
visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de
sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de
produtividade.
Art. 92. A posse ou uso temporário da terra serão exercidos em virtude de contrato
expresso ou tácito, estabelecido entre o proprietário e os que nela exercem atividade
agrícola ou pecuária, sob forma de arrendamento rural, de parceria agrícola, pecuária,
agro-industrial e extrativa, nos termos desta Lei.
(B) INCORRETA. Art. 64. Os lotes de colonização podem ser:
II - urbanos, quando se destinem a constituir o centro da comunidade, incluindo as
residências dos trabalhadores dos vários serviços implantados no núcleo ou distritos,
eventualmente às dos próprios parceleiros, e as instalações necessárias à localização
dos serviços administrativos assistenciais, bem como das atividades cooperativas,
comerciais, artesanais e industriais.
Art. 92. A posse ou uso temporário da terra serão exercidos em virtude de contrato
expresso ou tácito, estabelecido entre o proprietário e os que nela exercem atividade
agrícola ou pecuária, sob forma de arrendamento rural, de parceria agrícola, pecuária,
agroindustrial e extrativa, nos termos desta Lei.
(C) INCORRETA. Art. 92. A posse ou uso temporário da terra serão exercidos em virtude
de contrato expresso ou tácito, estabelecido entre o proprietário e os que nela exercem
atividade agrícola ou pecuária, sob forma de arrendamento rural, de parceria agrícola,
pecuária, agroindustrial e extrativa, nos termos desta Lei.
(D) INCORRETA. Art. 92. A posse ou uso temporário da terra serão exercidos em virtude
de contrato expresso ou tácito, estabelecido entre o proprietário e os que nela exercem
atividade agrícola ou pecuária, sob forma de arrendamento rural, de parceria agrícola,
pecuária, agroindustrial e extrativa, nos termos desta Lei.
(E) INCORRETA. Art. 92. A posse ou uso temporário da terra serão exercidos em virtude
de contrato expresso ou tácito, estabelecido entre o proprietário e os que nela exercem
atividade agrícola ou pecuária, sob forma de arrendamento rural, de parceria agrícola,
pecuária, agroindustrial e extrativa, nos termos desta Lei.

81. Considerando o ordenamento jurídico, assinale a opção correta quanto às ações


possessórias.
(A) O Ministério Público Federal é competente para atuar em feitos que envolvam terra
federal com justiça estadual no local, cuja competência administrativa caberá ao
Instituto de Terras do Pará (ITERPA). 91
(B) O autor da lide poderá cumular ao pedido possessório o de condenação em perdas
e danos, a cominação de pena e multa para o caso de nova turbação ou esbulho e o
desfazimento de construção ou de plantação em detrimento de sua posse.
(C) O interdito proibitório é a ação cabível na hipótese de turbação, ou seja, no caso de
perda total da posse, quando a coisa sai da esfera de disponibilidade do proprietário.
(D) O procedimento de manutenção de posse é cabível na hipótese de turbação, em que
há esbulho parcial, ou seja, perda de algum dos poderes fáticos sobre a coisa, mas não
da totalidade da posse.
(E) Em caso de ação de reintegração de posse movida entre particulares, se o imóvel
rural for constituído de terra federal com justiça federal no local, a competência
judiciária para promover o feito é da justiça estadual, ainda que a União figure como
parte, e o MP competente é, também, o estadual.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não
obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente
àquela cujos pressupostos estejam provados.
§ 1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de
pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e
a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério
Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da
Defensoria Pública.
(B) INCORRETA. Art. 555 CPC. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I – condenação em perdas e danos;
II – indenização dos frutos.
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e
adequada para:
I – evitar nova turbação ou esbulho;
II – cumprir-se a tutela provisória ou final.
(C) INCORRETA. Art. 568. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na Seção II deste
Capítulo. Seção II. Da Manutenção e da Reintegração de Posse
(D) CORRETA. Art. 561. Incumbe ao autor provar:
I - a sua posse;
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho;
92
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da
posse, na ação de reintegração.
(E) INCORRETA. Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta)
dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na
Constituição Federal e nos processos que envolvam:
I - interesse público ou social;
II - interesse de incapaz;
III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana.
Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de
intervenção do Ministério Público.

82. No que se refere à atuação do Ministério Público (MP) em ações coletivas pela
posse da terra rural, julgue os itens que se seguem.
(I) É obrigatória a intervenção do MP nos litígios coletivos que versem acerca da terra
rural, com fundamento nos mandamentos constitucionais e no Código de Processo Civil
vigente.
(II) É defeso ao MP intervir previamente, com vista dos autos, antes de qualquer decisão,
sobretudo em atos que ensejem a mudança do status do litígio.
(III) A intervenção do MP nos litígios coletivos pela posse da terra rural deve visar à
garantia dos dispositivos constitucionais relativos ao direito à moradia e à função social
da propriedade.
(IV) Antes da apreciação de eventual pedido liminar de antecipação de tutela ou da
apresentação da contestação, é dispensável a participação do órgão ministerial, haja
vista que o deferimento de liminar deve ser feito, de plano, pelo magistrado.
Estão certos apenas os itens
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) I e IV.
(D) II e III.
(E) II, III e IV.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir 93
como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal
e nos processos que envolvam:
I - interesse público ou social;
II - interesse de incapaz;
III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana.
Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de
intervenção do Ministério Público.
(I) CORRETO. O Novo CPC estabelece como hipótese de intervenção do MP no processo
civil (custos legis) os processos que envolvam litígios coletivos pela posse da terra
urbana ou rural (art. 178, III).
(II) INCORRETO. É imprescindível a intervenção prévia com vista dos autos antes de
qualquer decisão, sobretudo nas liminares em antecipação de tutela e acordos, e demais
atos que ensejem a mudança do status do litígio.
(III) CORRETO. A intervenção do Ministério Público nos litígios coletivos que versem
sobre terra rural deve visar à garantia dos dispositivos constitucionais relativos ao
direito à moradia, à função social da propriedade;
(A) INCORRETA.
(B) CORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.

TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS


HOMOGÊNEOS

83. A realidade político-institucional brasileira vivenciada no último século, com


alternância entre regimes autoritários e democráticos, refletiu no campo do direito,
influenciando, inclusive, a evolução do conceito de interesse público.
Considerando as informações anteriores, é correto afirmar que, atualmente, o
interesse público se identifica com o(s)
(A) respeito e a promoção dos direitos fundamentais.
(B) interesse exclusivo do Estado.
(C) interesses exclusivos da maioria da população.
(D) interesse do aparato administrativo.
(E) interesse do agente público.
94

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.
A razão de existir do Estado e da Administração Pública tem como objeto o bem comum.
Então, a razão de existir do Estado não deve ser outra que não a persecução do bem
comum. Com o desenvolvimento da teoria dos direitos fundamentais, o bem comum, e,
portanto, o interesse público, passou a ser entendido como a concretização dos direitos
fundamentais. E a Administração Pública, tendo como razão de existir o bem comum e
o próprio direito administrativo, deve não apenas limitar o poder e garantir os direitos
individuais, como também os direitos políticos, sociais e coletivos (MEDAUAR, 2018, p.
21-22).
Os direitos fundamentais são, dessa forma, justificativa da existência do Estado e da
Administração Pública e razão fundante de todo o sistema jurídico. Isso porque
condensam o próprio interesse público e formam a acepção moderna do critério de
justiça. Ao mesmo tempo, como critério de justiça, sua concretização é o fruto a ser
perseguido pela sua própria criação. Nas palavras de MENDES (2002):

“Os direitos fundamentais são, a um só tempo, direitos


subjetivos e elementos fundamentais da ordem constitucional
objetiva. Enquanto direitos subjetivos, os direitos fundamentais
outorgam aos titulares a possibilidade de impor os seus
interesses em face dos órgãos obrigados. Na sua dimensão
como elemento fundamental da ordem constitucional objetiva,
os direitos fundamentais – tanto aqueles que não asseguram,
primariamente, um direito subjetivo, quanto aqueloutros,
concebidos como garantias individuais – forma a base do
ordenamento jurídico de um Estado de Direito democrático”.

84. A Lei n.º 7.347/1985 estabelece que terá legitimidade para a propositura da ação
civil pública a associação que estiver constituída há pelo menos um ano, nos termos
da lei
(A) das sociedades anônimas.
95
(B) civil.
(C) das organizações sociais.
(E) das organizações da sociedade civil. E do serviço social autônomo.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
(B) CORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.
Art. 5o da LACP - Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
(...)
V - a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social,
ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos
de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico.

85. Na ausência de regra específica que regule o prazo para a cobrança de multa
aplicada por infração administrativa ao meio ambiente, tal prazo será de
(A) 2 anos.
(B) 5 anos.
(C) 7 anos.
(D) 10 anos.
(E) 15 anos.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. 96
(B) CORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.
Súmula nº 467 do STJ: Prescreve em cinco anos, contados do término do processo
administrativo, a pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa
por infração ambiental.
O Decreto nº 20.910/32, deve ser aplicado por isonomia, à falta de regra específica para
regular esse prazo prescricional.

86. O direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado está expressamente


previsto na Constituição Federal de 1988 (CF), já tendo sido reconhecido como um
direito fundamental pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A doutrina, em sua maioria,
faz referência à evolução dos direitos fundamentais em ordem cronológica de
gerações ou dimensões, sem que ocorra a anulação, pela nova geração/dimensão, das
conquistas realizadas pelas gerações/dimensões que a antecederam.
Com base no texto precedente, é correto afirmar que o direito a um meio ambiente
ecologicamente equilibrado é identificado como integrante da
(A) primeira geração.
(B) segunda geração.
(C) terceira geração.
(D) quarta geração.
(E) quinta geração.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) CORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.
A passagem de um Estado autoritário para um Estado de Direito marca a primeira
dimensão dos direitos humanos. Seu reconhecimento surge com maior evidência nas 97
primeiras Constituições escritas, como produto peculiar do pensamento liberal-burguês
do século XVIII. Esses direitos são caracterizados por um cunho fortemente
individualista, concebidos como direitos do indivíduo perante o Estado, mais
especificamente, como direitos de defesa, demarcando uma zona de não intervenção
do Estado e uma esfera de autonomia individual em face de seu poder.
São, por este motivo, apresentados como direitos de cunho “negativo”, uma vez que
dirigidos a uma abstenção, e não a uma conduta positiva por parte dos poderes públicos,
sendo, neste sentido, “direitos de resistência ou de oposição perante o Estado”.
Assumem particular relevo os direitos à vida, à liberdade, à propriedade e à igualdade
perante a lei, posteriormente complementados por um leque de liberdades, incluindo
as assim denominadas liberdades de expressão coletiva e pelos direitos de participação
política. Correspondem aos assim chamados direitos civis e políticos.
Alguns documentos históricos são marcantes para a configuração do que os autores
chamam de direitos humanos de 1.ª geração (séculos XVII, XVIII e XIX), destacando-se:
Magna Carta de 1215, assinada pelo rei “João Sem terra”; Paz de Westfália (1648);
Habeas Corpus Act (1679); Bill of Rights (1688); Declarações, seja a americana (1776),
seja a francesa (1789).
Por conseguinte, o impacto da industrialização e os graves problemas sociais e
econômicos que a acompanharam, as doutrinas socialistas e a constatação de que a
consagração formal de liberdade e igualdade não gerava a garantia do seu efetivo gozo,
acabaram, já no decorrer do século XIX, gerando amplos movimentos reivindicatórios e
o reconhecimento progressivo de direitos, atribuindo ao Estado comportamento ativo
na realização da justiça social. Nesse contexto, surge a segunda dimensão dos direitos
fundamentais.
A nota distintiva destes direitos é a sua dimensão positiva, uma vez que se cuida não
mais de evitar a intervenção do Estado na esfera da liberdade individual, mas, sim, na
lapidar formulação de Celso Lafer, de propiciar um “direito de participar do bem-estar
social”.
Caracterizam-se, ainda hoje, por assegurarem ao indivíduo direitos a prestações sociais
por parte do Estado, tais como prestações de assistência social, saúde, educação,
trabalho etc., revelando uma transição das liberdades formais abstratas para as
liberdades materiais concretas.
Mostra-se marcante em alguns documentos, destacando-se: Constituição do México, de
1917; Constituição de Weimar, de 1919, na Alemanha, conhecida como a Constituição
da primeira república alemã; Tratado de Versalhes, 1919 (OIT); no Brasil, a Constituição
de 1934 (lembrando que nos textos anteriores também havia alguma previsão).
É, contudo, no século XX, de modo especial nas constituições do segundo pós-guerra,
que estes novos direitos fundamentais acabaram sendo consagrados em um número
significativo de constituições.
Já os direitos fundamentais da terceira dimensão, também denominados direitos de
fraternidade ou de solidariedade, trazem como nota distintiva o fato de se
desprenderem, em princípio, da figura do homem-indivíduo como seu titular,
destinando-se à proteção de grupos humanos (povo, nação), caracterizando-se, 98
consequentemente, como direitos de titularidade transindividual (coletiva ou difusa).
Dentre os direitos fundamentais da terceira dimensão mais citados, cumpre referir os
direitos à paz, à autodeterminação dos povos, ao desenvolvimento, ao meio ambiente
e qualidade de vida, bem como o direito à conservação e utilização do patrimônio
histórico e cultural e o direito de comunicação.
Cuida-se, na verdade, do resultado de novas reivindicações fundamentais do ser
humano, geradas, dentre outros fatores, pelo impacto tecnológico, pelo estado crônico
de beligerância, bem como pelo processo de descolonização do segundo pós-guerra e
suas contundentes consequências, acarretando profundos reflexos na esfera dos
direitos fundamentais.
A nota distintiva destes direitos da terceira dimensão reside basicamente na sua
titularidade transindividual (ou metaindividual), muitas vezes indefinida e
indeterminável, o que se revela, a título de exemplo, especialmente no direito ao meio
ambiente e qualidade de vida, o qual, em que pese ficar preservada sua dimensão
individual, reclama novas técnicas de garantia e proteção.
No que diz respeito as demais gerações, o que se percebe é a ausência de consenso
sobre o conteúdo e a circunstância.
Na orientação de Norberto Bobbio, a quarta dimensão de direitos decorreria dos
avanços no campo da engenharia genética, ao colocarem em risco a própria existência
humana, em razão da manipulação do patrimônio genético.
Por outro lado, Bonavides afirma que “a globalização política na esfera da normatividade
jurídica introduz os direitos da quarta dimensão, que, aliás, correspondem à derradeira
fase de institucionalização do Estado social”, destacando-se os direitos a: democracia
(direta); informação e pluralismo.
Quanto ao conteúdo de uma quinta dimensão, Bonavides entende que o direito à paz
deva ser tratado em dimensão autônoma, chegando a afirmar que a paz é axioma da
democracia participativa, ou, ainda, supremo direito da humanidade (o direito à paz foi
classificado por Karel Vasak como de 3.ª dimensão).
Além disso, existe – fixando-nos na literatura brasileira – até mesmo quem defenda a
existência de uma sexta dimensão, representada pelo direito humano e fundamental de
acesso à água potável.

87. No que concerne à Política Nacional de Recursos Hídricos, a prevenção e a defesa


contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso
inadequado dos recursos se incluem entre
(A) seus fundamentos.
(B) suas diretrizes gerais de ação.
(C) seus objetivos.
(D) seus métodos de execução. 99
(E) seus princípios.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) CORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.
Questão retirada da Lei 9.433/97 que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e
cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Vejamos:
FUNDAMENTOS OBJETIVOS DIRETRIZES GERAIS INSTRUMENTOS
DE AÇÃO
Art. 1º Art. 2º Art. 3º Art. 5º
I - a água é um bem I - assegurar à atual I - a gestão I - os Planos de
de domínio público; e às futuras sistemática dos Recursos
gerações a recursos hídricos, Hídricos;
II - a água é um necessária sem dissociação
recurso natural disponibilidade de dos aspectos de II - o
limitado, dotado de água, em padrões quantidade e enquadramento
valor econômico; de qualidade qualidade; dos corpos de
adequados aos água em classes,
III - em situações de respectivos usos; II - a adequação da segundo os usos
escassez, o uso gestão de recursos preponderantes
prioritário dos II - a utilização hídricos às da água;
recursos hídricos é o racional e diversidades
consumo humano e integrada dos físicas, bióticas, III - a outorga dos
a dessedentação de recursos hídricos, demográficas, direitos de uso de
animais; incluindo o econômicas, sociais recursos hídricos;
transporte e culturais das
IV - a gestão dos aquaviário, com diversas regiões do IV - a cobrança
recursos hídricos vistas ao País; pelo uso de
deve sempre desenvolvimento recursos hídricos;
proporcionar o uso sustentável; III - a
múltiplo das águas; integração da V - a
III - a prevenção e a gestão de recursos compensação a
V - a bacia defesa hídricos com a municípios;
hidrográfica é a eventos
contra
gestão ambiental; 100
unidade territorial hidrológicos VI - o
para implementação críticos de origem IV - a Sistema de
da Política Nacional natural ou articulação do Informações
de Recursos Hídricos decorrentes do uso planejamento de sobre Recursos
e atuação do Sistema inadequado dos recursos hídricos Hídricos.
Nacional de recursos naturais. com o dos setores
Gerenciamento de usuários e com os
Recursos Hídricos; IV - incentivar planejamentos
e promover a regional, estadual e
VI - a gestão captação, a nacional;
dos recursos hídricos preservação e o
deve ser aproveitamento de V - a
descentralizada e águas pluviais. articulação da
contar com a gestão de recursos
participação do hídricos com a do
Poder Público, dos uso do solo;
usuários e das
comunidades. VI - a
integração da
gestão das bacias
hidrográficas com a
dos sistemas
estuarinos e zonas
costeiras.

Art. 4º A
União articular-se-á
com os Estados
tendo em vista o
gerenciamento dos
recursos hídricos
de interesse
comum.

Assim, conforme art. 2º, III da Lei 9.433/97, a prevenção e a defesa contra eventos
hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos
naturais, trata-se de um dos objetivos da PNRH.

88. O Ministério do Meio Ambiente desenvolve um importante papel no Sistema


Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, exercendo a atribuição de órgão
(A) consultivo e executor.
(B) executor.
101
(C) apenas normatizador.
(D) deliberativo e normatizador.
(E) central e de coordenação.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) CORRETA.
Questão retirada da Lei 9.985/00 (SNUC) que regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II,
III e VII da Constituição Federal e institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação
da Natureza. Vejamos:
Art. 6o O SNUC I – Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio
será gerido Ambiente - Conama, com as atribuições de acompanhar a
pelos implementação do Sistema;
seguintes
órgãos, com as
respectivas II - Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade
atribuições: de coordenar o Sistema; e
III - órgãos executores: o Instituto Chico Mendes e o Ibama, em
caráter supletivo, os órgãos estaduais e municipais, com a função de
implementar o SNUC, subsidiar as propostas de criação e administrar
as unidades de conservação federais, estaduais e municipais, nas
respectivas esferas de atuação

Assim, conforme o art. 6º, II da Lei do SNUC, o Ministério do Meio Ambiente é órgão
central que tem por finalidade coordenar o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza.

DIREITOS HUMANOS

89. Conforme o Estatuto de Roma, o crime de genocídio consiste em


102
(A) perseguição de um grupo ou coletividade que possa ser identificado, por motivos
políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero, ou em função de
outros critérios universalmente reconhecidos como inaceitáveis no direito
internacional.
(B) qualquer ato desumano praticado no contexto de um regime institucionalizado de
opressão e domínio sistemático de um grupo racial sobre um ou outros grupos
nacionais, com a intenção de manter esse regime (apartheid).
(C) ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo, com a intenção
de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso.
(D) atos desumanos que causem intencionalmente grande sofrimento, ou afetem
gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental da vítima.
(E) agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez forçada,
esterilização forçada ou qualquer outra forma de violência no campo sexual de
gravidade comparável.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) CORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.
Consoante dispõe o artigo 6º do Estatuto de Roma, consiste em crime de Genocídio:
Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "genocídio", qualquer um dos atos
que a seguir se enumeram, praticado com intenção de destruir, no todo ou em parte,
um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto tal:
a) Homicídio de membros do grupo;
b) Ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) Sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a provocar a sua
destruição física, total ou parcial;
d) Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo;
e) Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo.
Desta feita, apenas a alternativa C traz a indicação de conduta que se adequa ao
103
preceituado no tipo penal. As demais, por sua vez, consubstanciam-se em crimes contra
a humanidade, elencadas no artigo 7º do mesmo diploma internacional.

90. À luz da Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção, assinale a opção
correta.
(A) Entre as finalidades dessa convenção, incluem-se a promoção, a facilitação e o apoio
à cooperação internacional e à assistência técnica na prevenção e na luta contra a
corrupção, incluída a recuperação de ativos.
(B) Medidas de compliance no sistema de contratação pública, concebidas como
mecanismos eficazes de exame interno, tais como apelação e garantia de recursos
internos e soluções legais, dependem de declaração específica pelos
Estados-partes para se tornarem obrigatórias.
(C) Tendo-se em vista a independência dos ministérios públicos nacionais, não podem
ser editadas normas que regulem sua conduta, como as que preveem medidas para
reforçar a integridade e evitar a corrupção entre seus membros.
(D) Não são considerados funcionários públicos os detentores de mandato eletivo, em
especial os chefes de Estado e de governo, em face do princípio da soberania e
autonomia dos Estados-partes.
(E) Para aplicação da convenção, independentemente de previsão em contrário, é
exigido que os delitos enunciados produzam dano ou prejuízo patrimonial ao Estado.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Dispõe o art. 1º da Convenção que: A finalidade da presente Convenção


é: a) Promover e fortalecer as medidas para prevenir e combater mais eficaz e
eficientemente a corrupção; b) Promover, facilitar e apoiar a cooperação internacional
e a assistência técnica na prevenção e na luta contra a corrupção, incluída a
recuperação de ativos.
(B) INCORRETA. A inexistência de protocolo facultativo indica a desnecessidade de
assinatura de qualquer outro documento ou emissão de declaração específica para
que os mecanismos da convenção tornem-se obrigatórios para o Estado-Parte.
(C) INCORRETA. Artigo 11
Medidas relativas ao poder judiciário e ao ministério público
1. Tendo presentes a independência do poder judiciário e seu papel decisivo na luta
contra a corrupção, cada Estado Parte, em conformidade com os princípios
fundamentais de seu ordenamento jurídico e sem menosprezar a independência do
104
poder judiciário, adotará medidas para reforçar a integridade e evitar toda
oportunidade de corrupção entre os membros do poder judiciário. Tais medidas
poderão incluir normas que regulem a conduta dos membros do poder judiciário.
(D) INCORRETA. O artigo 2º da Convenção dispõe exatamente o contrário do afirmado
na assertiva:
Definições
Aos efeitos da presente Convenção:
a) Por “funcionário público” se entenderá:
i) toda pessoa que ocupe um cargo legislativo, executivo, administrativo ou judicial de
um Estado Parte, já designado ou empossado, permanente ou temporário, remunerado
ou honorário, seja qual for o tempo dessa pessoa no cargo;
ii) toda pessoa que desempenhe uma função pública, inclusive em um organismo
público ou numa empresa pública, ou que preste um serviço público, segundo definido
na legislação interna do Estado Parte e se aplique na esfera pertinente do ordenamento
jurídico desse Estado Parte;
iii) toda pessoa definida como “funcionário público” na legislação interna de um Estado
Parte.
(E) INCORRETA. Artigo 3º
Âmbito de aplicação
2. Para a aplicação da presente Convenção, a menos que contenha uma disposição em
contrário, não será necessário que os delitos enunciados nela produzam dano ou
prejuízo patrimonial ao Estado.

91. Acerca do conceito de violência contra a mulher previsto na Convenção de Belém


do Pará, assinale a opção correta.
(A) A violência contra a mulher não abrange a violência física, sexual ou psicológica
ocorrida no âmbito da família ou da unidade doméstica.
(B) A violência contra a mulher abrange qualquer relação interpessoal, desde que o
agressor compartilhe ou tenha compartilhado a residência com a vítima.
(C) Desde que ausente a violência física, não configura violência contra a mulher o
assédio sexual ocorrido na comunidade, em lugares como o local de trabalho e
instituições educacionais ou de saúde.
(D) A violência contra a mulher abrange toda violência perpetrada ou tolerada pelo
Estado ou seus agentes, onde quer que ela ocorra.
(E) A violência contra a mulher não abrange crimes que prevejam violência como
elementar, tais como estupro, abuso sexual, tortura, tráfico de mulheres e prostituição
forçada, sob pena de bis in idem. 105
RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) CORRETA.
(E) INCORRETA.
Convenção Interamericana para prevenir punir e erradicar a violência contra a mulher
Artigo 1
Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á por violência contra a mulher qualquer
ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual
ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada.
Artigo 2
Entende-se que a violência contra a mulher abrange a violência física, sexual e
psicológica:
a. ocorrida no âmbito da família ou unidade doméstica ou em qualquer relação
interpessoal, quer o agressor compartilhe, tenha compartilhado ou não a sua residência,
incluindo-se, entre outras formas, o estupro, maus-tratos e abuso sexual;
b. ocorrida na comunidade e cometida por qualquer pessoa, incluindo, entre outras
formas, o estupro, abuso sexual, tortura, tráfico de mulheres, prostituição forçada,
sequestro e assédio sexual no local de trabalho, bem como em instituições educacionais,
serviços de saúde ou qualquer outro local; e
c. perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seus agentes, onde quer que ocorra.

92. Integra o Sistema de Monitoramento de Direitos Humanos das Nações Unidas o(a)
(I) Comitê de Direitos Humanos.
(II) Comitê contra a Tortura.
(III) Comissão de Direitos Humanos.
(IV) Subcomitê contra a Tortura.
(V) Conselho de Direitos Humanos.
Assinale a opção correta.
106
(A) Apenas os itens I, III e V estão certos.
(B) Apenas os itens I, II, III e IV estão certos.
(C) Apenas os itens I, II, IV e V estão certos.
(D) Apenas os itens II, III, IV e V estão certos.
(E) Todos os itens estão certos.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) CORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.
A proteção dos direitos humanos no âmbito das Nações Unidas poderá ocorrer por meio
de dois mecanismos de monitoramento: O convencional e o não convencional.
O sistema de monitoramento convencional consiste em um mecanismo criado com a
finalidade de fiscalizar o cumprimento das obrigações assumidas pelos Estados-partes
quando da assinatura dos tratados internacionais. Tais finalidades são alcançadas por
meio dos comitês instituídos e disciplinados no âmbito dos próprios tratados
internacionais. Desta senda, somente os países signatários estarão sujeitos à atuação
destes mecanismos.
Além desta primeira categoria, há também o sistema não convencional. Este último, por
sua vez, existe independentemente da sua previsão em um documento internacional
específico, pois encontra fundamento na própria Carta das Nações Unidas. Por
conseguinte, sua atuação não está condicionada à assinatura de tratados, podendo
abranger todos os países da comunidade internacional.
Feitas estas primeiras conceituações, passemos à análise dos mecanismos em espécie.
I. Comitê de Direitos Humanos: Consiste no órgão de monitoramento criado no âmbito
do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (Alternativa correta – É mecanismo
de monitoramento convencional).
II. Comitê contra a Tortura: É órgão de monitoramento criado pela Convenção contra a
tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. (Alternativa correta –
É mecanismo de monitoramento convencional). 107
III. Comissão de Direitos Humanos: Não há, hoje, uma comissão de Direitos Humanos no
âmbito das Nações Unidas. A antiga Comissão foi criada por meio de resolução pelo
Conselho Econômico e Social da ONU, mas foi posteriormente sucedida pelo Conselho
de Direitos Humanos. (Alternativa incorreta – Não é mecanismo de monitoramento).
IV. Subcomitê contra a Tortura. É órgão de monitoramento criado pela Convenção
contra a tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes que instituiu
o sistema de visitas regulares a estabelecimentos em que pessoas estejam privadas da
liberdade, aprovado por meio de protocolo facultativo (Alternativa correta – É
mecanismo de monitoramento convencional).
V. Conselho de Direitos Humanos: É órgão não convencional criado por meio da
Resolução do Conselho Econômico e social da ONU, que tem a atribuição de promover
e fiscalizar a observância da proteção de direitos humanos pelos Estados, tendo
autorização para investigar a situação de DH nos Estados, ainda que não sejam
signatários de tratados específicos. (Alternativa correta – É mecanismo de
monitoramento não convencional).

93. No que concerne à decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no caso Irmã
Dorothy Stang, assinale a opção correta.
(A) Independentemente da condição pessoal da vítima e(ou) da repercussão do fato no
cenário nacional ou internacional, nem todo homicídio doloso representa grave violação
ao direito à vida.
(B) Dada a amplitude e a magnitude da expressão “direitos humanos”, é verossímil que
o constituinte derivado tenha optado por não definir o rol dos crimes que passariam
para a competência da justiça federal, sob pena de restringir os casos de incidência do
dispositivo.
(C) O primeiro incidente de deslocamento de competência foi requerido pela Comissão
Pastoral da Terra ao STJ e constitui fonte preciosa para a análise do instituto, introduzido
no ordenamento jurídico brasileiro pela EC n.º 45/2004.
(D) As autoridades estaduais não se encontravam empenhadas na apuração dos fatos
que resultaram na morte da missionária norte-americana, razão pela qual o pedido foi
deferido, com o deslocamento da competência originária para a justiça federal.
(E) A demonstração concreta de risco de descumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais firmados pelo Brasil, resultante de inércia, negligência, falta de
vontade política ou de condições reais do Estado-membro, por suas instituições, em
proceder à devida persecução penal, não pode ser considerada um requisito do
deslocamento, diante da ausência de previsão constitucional.

RESPOSTA: B 108
COMENTÁRIOS

As respostas para todas as alternativas encontram-se no emblemático julgado do


Superior Tribunal de Justiça que decidiu pela não federalização das investigações do
crime que vitimou a missionária Dorothy Stang, em 2005, retirando-lhe a vida, cuja
ementa preceitua:
CONSTITUCIONAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. HOMICÍDIO DOLOSO QUALIFICADO.
(VÍTIMA IRMÃ DOROTHY STANG). CRIME PRATICADO COM GRAVE VIOLAÇÃO AOS
DIREITOS HUMANOS. INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA – IDC. INÉPCIA
DA PEÇA INAUGURAL. NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA CONTIDA. PRELIMINARES
REJEITADAS. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL E À AUTONOMIA DA UNIDADE
DA FEDERAÇÃO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. RISCO DE
DESCUMPRIMENTO DE TRATADO INTERNACIONAL FIRMADO PELO BRASIL SOBRE A
MATÉRIA NÃO CONFIGURADO NA HIPÓTESE. INDEFERIMENTO DO PEDIDO.
(IDC n. 1/PA, relator Ministro Arnaldo Esteves Lima, Terceira Seção, julgado em
8/6/2005, DJ de 10/10/2005, p. 217.)
(A) INCORRETA. 1. Todo homicídio doloso, independentemente da condição pessoal da
vítima e/ou da repercussão do fato no cenário nacional ou internacional, representa
grave violação ao maior e mais importante de todos os direitos do ser humano, que é o
direito à vida, previsto no art. 4º, nº 1, da Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, da qual o Brasil é signatário por força do Decreto nº 678, de 6/11/1992, razão
por que não há falar em inépcia da peça inaugural.
(B) CORRETA. 2. Dada a amplitude e a magnitude da expressão “direitos humanos”, é
verossímil que o constituinte derivado tenha optado por não definir o rol dos crimes que
passariam para a competência da Justiça Federal, sob pena de restringir os casos de
incidência do dispositivo (CF, art. 109, § 5º), afastando-o de sua finalidade precípua, que
é assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais
firmados pelo Brasil sobre a matéria, examinando-se cada situação de fato, suas
circunstâncias e peculiaridades detidamente, motivo pelo qual não há falar em norma
de eficácia limitada. Ademais, não é próprio de texto constitucional tais definições.
(C) INCORRETA. Ao contrário do que afirma a alternativa, o primeiro incidente de
deslocamento de competência não foi requerido pela Pastoral da Terra, visto que a
instituição sequer possui legitimidade para tanto, sendo o Procurador-Geral da
República o único legitimado para a propositura, consoante assevera o §5º do art. 109
da Constituição Federal:
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá
suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou
processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.
(D) INCORRETA. 4. Na espécie, as autoridades estaduais encontram-se empenhadas na
apuração dos fatos que resultaram na morte da missionária norte-americana Dorothy
109
Stang, com o objetivo de punir os responsáveis, refletindo a intenção de o Estado do
Pará dar resposta eficiente à violação do maior e mais importante dos direitos humanos,
o que afasta a necessidade de deslocamento da competência originária para a Justiça
Federal, de forma subsidiária, sob pena, inclusive, de dificultar o andamento do
processo criminal e atrasar o seu desfecho, utilizando-se o instrumento criado pela
aludida norma em desfavor de seu fim, que é combater a impunidade dos crimes
praticados com grave violação de direitos humanos.
(E) INCORRETA. 5. O deslocamento de competência – em que a existência de crime
praticado com grave violação aos direitos humanos é pressuposto de admissibilidade do
pedido – deve atender ao princípio da proporcionalidade (adequação, necessidade e
proporcionalidade em sentido estrito), compreendido na demonstração concreta de
risco de descumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais
firmados pelo Brasil, resultante da inércia, negligência, falta de vontade política ou de
condições reais do Estado-membro, por suas instituições, em proceder à devida
persecução penal. No caso, não há a cumulatividade de tais requisitos, a justificar que
se acolha o incidente.

94. No que se refere ao caso da usina hidrelétrica (UHE) de Belo Monte, as medidas
cautelares que foram concedidas pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos
e que permaneceram em vigor após a revisão incluem a
(A) suspensão imediata do processo de licenciamento do projeto da UHE de Belo Monte
e a proibição de realização de qualquer obra material de execução.
(B) adoção de medidas para proteger a vida e a integridade pessoal dos membros dos
povos indígenas em isolamento voluntário da bacia do Xingu.
(C) garantia de que a consulta seja prévia, livre, informativa, de boa fé e culturalmente
adequada, com o objetivo de chegar a um acordo em relação a cada uma das
comunidades indígenas afetadas pelas medidas cautelares impostas.
(D) garantia prévia da realização dos processos de consulta, para que a consulta seja
informativa e que as comunidades indígenas beneficiárias tenham acesso a um estudo
de impacto social e ambiental do projeto, em um formato acessível, incluindo-se a
tradução para os idiomas indígenas respectivos.
(E) realização de processos de consulta, em cumprimento das obrigações internacionais
impostas ao Brasil.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
110
(B) CORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.
Dentre todas as alternativas, apenas a B corresponde a solicitações realizadas ao Estado
brasileiro após a nova avaliação da MC 382/10 com base na informação enviada pelo
Estado e pelos peticionários. As demais são objeto da primeira solicitação, fruto da
medida cautelar.
A CIDH solicitou ao Governo Brasileiro que suspenda imediatamente o processo de
licenciamento do projeto da UHE de Belo Monte e impeça a realização de qualquer obra
material de execução até que sejam observadas as seguintes condições mínimas
(ALTERNATIVA A): (1) realizar processos de consulta, em cumprimento das obrigações
internacionais do Brasil, no sentido de que a consulta seja prévia, livre, informativa, de
boa fé, culturalmente adequada, e com o objetivo de chegar a um acordo, em relação a
cada uma das comunidades indígenas afetadas, beneficiárias das presentes medidas
cautelares (ALTERNATIVAS C e E); (2) garantir, previamente a realização dos citados
processos de consulta, para que a consulta seja informativa, que as comunidades
indígenas beneficiárias tenham acesso a um Estudo de Impacto Social e Ambiental do
projeto, em um formato acessível, incluindo a tradução aos idiomas indígenas
respectivos (ALTERNATIVA D); (3) adotar medidas para proteger a vida e a integridade
pessoal dos membros dos povos indígenas em isolamento voluntário da bacia do Xingú,
e para prevenir a disseminação de doenças e epidemias entre as comunidades indígenas
beneficiárias das medidas cautelares como consequência da construção da hidroelétrica
Belo Monte, tanto daquelas doenças derivadas do aumento populacional massivo na
zona, como da exacerbação dos vetores de transmissão aquática de doenças como a
malária.
Em 29 de julho de 2011, durante o 142o Período de Sessões, a CIDH avaliou a MC 382/10
com base na informação enviada pelo Estado e pelos peticionários, e modificou o objeto
da medida, solicitando ao Estado que: 1) (ALTERNATIVA B) Adote medidas para proteger
a vida, a saúde e integridade pessoal dos membros das comunidades indígenas em
situação de isolamento voluntario da bacia do Xingu, e da integridade cultural de
mencionadas comunidades, que incluam ações efetivas de implementação e execução
das medidas jurídico-formais já existentes, assim como o desenho e implementação de
medidas especificas de mitigação dos efeitos que terá a construção da represa Belo
Monte sobre o território e a vida destas comunidades em isolamento.

PROMOÇÃO DA IGUALDADE ÉTNICO-RACIAL E LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA


CORRESPONDENTE
111
95. Em relação ao racismo institucional e aos seus reflexos no procedimento de
reconhecimento fotográfico em sede policial, assinale a opção correta.
(A) O erro de reconhecimento no procedimento de reconhecimento fotográfico em sede
policial não é um elemento catalisador da condenação de inocentes no sistema de
justiça criminal brasileiro, pois esses dados refletem a sobrerepresentação de pessoas
negras no universo de investigados, processados, condenados e encarcerados.
(B) A cor dos acusados não é fator relevante nos procedimentos de reconhecimento
facial em sede policial e não existe seletividade racial no funcionamento do sistema de
justiça criminal brasileiro, pois essas instituições não são suscetíveis a ideologias ou
estereótipos negativos construídos historicamente sobre a população negra.
(C) O erro de reconhecimento de pessoa negra no procedimento de reconhecimento
fotográfico é reflexo do racismo que se expressa e se estrutura por meio da seletividade
penal em sede policial, o que resulta na condenação e no sofrimento de pessoas negras
inocentes.
(D) Não existe rito de reconhecimento fotográfico previsto no Código de Processo Penal,
por isso excepcionalmente podem ocorrer equívocos no reconhecimento facial feito
pela vítima ou testemunha.
(E) O uso de algoritmos, de inteligência artificial, de reconhecimento facial e de outras
tecnologias é uma reivindicação das instituições sociais negras, porque esses recursos
eliminam a possibilidade de erro de reconhecimento de procedimento fotográfico e
diminuem os riscos de aprofundamento do racismo, da discriminação racial, da
xenofobia e, consequentemente, das violações de direitos humanos.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) CORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.
O reconhecimento fotográfico se caracteriza como um desdobramento do
reconhecimento pessoal, previsto no art. 226 do Código de Processo Penal. O referido
artigo não disciplinou o reconhecimento realizado por meio de fotografias, entretanto
o método tem sido bastante utilizado nas delegacias brasileiras e gera diversos casos
polêmicos em razão dos nefastos efeitos que a utilização do procedimento tem gerado
na vida de indivíduos inocentes, majoritariamente negros, que foram “reconhecidos”
112
erroneamente. Muitas vezes o reconhecimento pessoal apresenta-se como uma prova
revestida de irregularidades que, além de negar o direito da parte de não produzir prova
contra si mesmo, também lhe nega o direito ao devido processo legal, quando não são
observados adequadamente os seus requisitos. Uma vez realizado o reconhecimento
fotográfico, para que ele seja considerado válido, é necessário que esteja revestido das
formalidades previstas no art. 226 do Código de Processo Penal, passando pelas etapas
de descrição das características do sujeito e do enfileiramento com outras pessoas
parecidas fisicamente com o sujeito. Diante da ausência de previsão legal e da falta de
regulação institucional, o procedimento tem sido realizado de maneira totalmente
despadronizada e em moldes que têm ferido direitos fundamentais dos investigados.
Esse cenário de informalidade e vácuo legislativo abrem brecha para a condenação
massiva de pessoas, majoritariamente negras, baseadas em falsos reconhecimentos
realizados por meio de “reconhecimento fotográfico”, observando-se que a seletividade
penal “manifesta-se quando as instituições do sistema de justiça realizam
constrangimentos e seleções para certos atores sociais, gerando desigualdades de
tratamento no campo da segurança pública e da justiça criminal”, ou seja, a seletividade
penal que recai sobre jovens negros, a partir da ação de agentes de controle social,
reforça os contornos históricos e sociológicos da construção da imagem do “elemento
suspeito”, a qual é decisiva nas abordagens policiais, e revelam a relação direta com a
tendência criminalizadora das minorias estigmatizadas, caracterizando assim o racismo
institucional, determinando suas regras a partir de uma ordem social estabelecida,
significando uma decorrência da estrutura da sociedade que normaliza e concebe como
verdade padrões e regras baseadas em princípios discriminatórios de raça.
Cabe ressaltar que a seletividade racial presente no sistema criminal brasileiro justifica-
se pelo racismo estrutural da sociedade, a relação clara entre o racismo estrutural e as
condenações injustas, especialmente nos procedimentos informais realizados pela
polícia, como é o caso do “reconhecimento fotográfico” nos moldes em que tem se
realizado. Apesar da compreensão de que o processo social, histórico e político do Brasil
se ergueu a partir de bases discriminatórias e segregadoras as quais tinham a raça como
elemento fundante, é preciso enfatizar a responsabilidade social de buscar a mudança
para que casos como esses não aconteçam mais.

96. Acerca dos marcos normativos e das políticas que orientam a atuação do Brasil no
combate ao racismo, assinale a opção correta.
(A) Os grupos de mulheres e de negros são numericamente majoritários em quase todos
os estados brasileiros, mas o combate às discriminações racial e de gênero não é uma
das principais demandas sociais a serem enfrentadas pelas instituições no país.
(B) As ações afirmativas adotadas pelo Estado brasileiro para combater o racismo e
promover a igualdade racial encontram-se em consonância com normatizações e
convenções internacionais a respeito da eliminação da discriminação racial, de forma a
produzir uma real alteração no quadro de iniquidades sociais que assolam o Brasil.
(C) O Estado democrático de direito ainda não deve propor ações concretas para a
solução do problema da discriminação, pois carece de dados estatísticos, pesquisas e
estudos mais aprofundados a respeito dos problemas advindos da escravidão e do 113
racismo, impregnados na sociedade brasileira.
(D) O Estado brasileiro adotou as medidas necessárias para eliminar o racismo e evitou
a perpetuação da pobreza e do racismo entre as gerações.
(E) Não é escopo da atuação do Ministério Público garantir efetividade aos comandos
constitucionais e legais no que se refere à promoção da igualdade racial, pois esta é uma
atribuição do Poder Executivo, ao instituir políticas de ações afirmativas e mecanismos
para combater a fraude às cotas, por exemplo.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

A) INCORRETA. Ao contrário do que afirma a alternativa, o combate às discriminações


racial e de gênero consiste em uma das principais demandas sociais a serem enfrentadas
e superadas pelas instituições no país, visto ser esta a causa primária de muitos outros
problemas de ordem social.
(B) CORRETA. A alternativa está em absoluta conformidade com a Convenção
Internacional sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial, tratado
internacional firmado no âmbito das Nações Unidas e incorporado pelo Brasil através
do decreto , assim dispondo:
Artigo II
1. Os Estados Partes condenam a discriminação racial e comprometem-se a adotar, por
todos os meios apropriados e sem tardar uma política de eliminação da discriminação
racial em todas as suas formas e de promoção de entendimento entre todas as raças e
para esse fim:
c) Cada Estado Parte deverá tomar as medidas eficazes, a fim de rever as políticas
governamentais nacionais e locais e para modificar, ab-rogar ou anular qualquer
disposição regulamentar que tenha como objetivo criar a discriminação ou perpetrá-la
onde já existir;
2) Os Estados Partes tomarão, se as circunstâncias o exigirem, nos campos social,
econômico, cultural e outros, as medidas especiais e concretas para assegurar como
convier o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos
pertencentes a estes grupos com o objetivo de garantir-lhes, em condições de
igualdade, o pleno exercício dos direitos do homem e das liberdades fundamentais.
Essas medidas não deverão, em caso algum, ter a finalidade de manter direitos desiguais
ou distintos para os diversos grupos raciais, depois de alcançados os objetivos em razão
dos quais foram tomadas.
(C) INCORRETA. Visto que há vasta realização de pesquisas realizadas por seríssimos
institutos de pesquisa e análise de dados que constatam fatídica e numericamente as
consequências nefastas advindas do período da escravidão no Brasil, ainda produtora
de efeitos atualmente. 114
(D) INCORRETA. O que se observa da sociedade brasileira atual é justamente o inverso
do afirmado na alternativa, considerando que após a abolição formal da escravatura em
13 de maio de 1888 ainda havia pessoas escravizadas e aqueles que nasciam livres em
razão da lei do ventre livre (1871) não detinham condições mínimas de vida digna após
alcançarem a liberdade. Tal situação, naturalmente, os mantinha em condições de
escravidão, dada a dependência de seus senhores, ou levava-os às favelas e a situação
de pobreza e miserabilidade extrema, condição foi herdada pelas gerações seguintes
sem qualquer intervenção dos poderes Estatais.
(E) INCORRETA. O Ministério Público é um dos principais atores no sistema de combate
ao racismo e à promoção de igualdade racial, sendo esta uma atribuição de toda a
sociedade, não só do Poder Executivo. Ademais, a defesa dos interesses sociais é uma
das funções elementares exercidas pela instituição ministerial, tal qual estabelecido na
Constituição Federal brasileira em seu art. 127:
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional
do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis.

97. No que diz respeito aos crimes resultantes de preconceito de raça e de cor, bem
como ao contexto da escravidão no Brasil, assinale a opção correta.
(A) Os casos de pessoas negras tratadas com indignidade por seguranças e empregados
de estabelecimentos comerciais são excepcionais e refletem a falta de treinamento e
capacitação desses profissionais, motivo por que não cabe a atuação do Ministério
Público como fiscal da lei nesses casos.
(B) O avanço da consciência ética e jurídica do povo brasileiro, por meio do arcabouço
principiológico consagrado na Constituição Federal de 1988, nos tratados internacionais
e nas normas infraconstitucionais, inviabilizou o combate ao racismo.
(C) Tanto em sede policial quanto na atuação do Ministério Público, é possível observar
a apuração sempre rigorosa dos casos de racismo e a aplicação da Lei n.º 7.716/1989.
(D) Apesar do reconhecimento do princípio da igualdade pela Constituição Federal de
1988 e da previsão legal de crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, no
Poder Judiciário criou-se uma cultura de separar o racismo da injúria racial, o que
culminou, na prática, em um incentivo e atenuante a esse tipo de conduta.
(E) A equiparação da injúria racial ao crime de racismo e a punição por meio de penas
restritivas de direitos, também chamadas de penas alternativas, como o pagamento de
cestas básicas e a prestação de serviços à comunidade, foram suficientes para o avanço
da consciência ética e social da sociedade brasileira.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS 115

(A) INCORRETA. O caso narrado na alternativa amolda-se perfeitamente ao conceito de


racismo institucional, em que há a manifestação de preconceito por parte de instituições
públicas ou privadas, do Estado e das leis que, de forma indireta, promovem a exclusão
ou o preconceito racial. O tratamento indigno destinado à pessoas negras perpetrado
por agentes de segurança públicos e privados reflete exatamente esta espécie de
racismo, em que se observa o sujeito com estereótipo negro e que de forma automática
é enxergado como um perigo em potencial.
Tal postura é, inegavelmente, objeto da atuação por parte do Ministério Público.
(B) INCORRETA. O avanço da consciência ética e jurídica do povo brasileiro, por meio do
arcabouço principiológico consagrado na Constituição Federal de 1988, nos tratados
internacionais e nas normas infraconstitucionais, é justamente o que viabiliza o combate
ao racismo, dado o maior discernimento e participação popular geradas por esta
conscientização.
(C) INCORRETA. A alternativa traz um fim a ser perseguido tanto pelas instituições
componentes do sistema de justiça do Brasil, quanto pelos poderes de Estado e pela
sociedade em geral, mas que, infelizmente, ainda não é realidade atualmente,
considerando-se os diversos casos de racismo institucional evidenciados pelo trato das
forças policiais em relação a pessoas negras.
(D) CORRETA.
(E) INCORRETA. Ao revés. As inovações legislativas e jurisprudenciais indicam, na
verdade, um endurecimento no trato com os crimes baseados em preconceitos de raça
e cor no Brasil. O perfil das punições elencadas na lei 7716/89 evidenciam a severidade
do tratamento prevendo sempre penas de reclusão.

98. Considerando a Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Decreto n.º


4.886/2003) e as ações a ele relacionadas, assinale a opção correta.
(A) A afirmação do caráter pluriétnico da sociedade brasileira, a reavaliação do papel
ocupado pela cultura indígena e afro-brasileira como elementos integrantes da
nacionalidade e do processo civilizatório nacional e o reconhecimento das religiões de
matriz africana como um direito dos afro-brasileiros não fazem parte da Política
Nacional de Promoção da Igualdade Racial.
(B) O apoio político, técnico e logístico para que experiências de promoção da igualdade
racial sejam empreendidas por municípios, estados ou organizações da sociedade civil é
uma imposição legal do governo federal para que os entes federados possam obter
resultados exitosos, visando ao planejamento, à execução, à avaliação e à capacitação
dos agentes da esfera estadual ou municipal para gerir as políticas de promoção de
igualdade racial.
(C) O núcleo formulador e coordenador de políticas públicas é competência privativa do
poder público, ao qual cabe articular os diversos atores sociais públicos para a
consecução dos objetivos de reduzir, até sua completa eliminação, as desigualdades 116
econômico-raciais que permeiam a sociedade brasileira.
(D) Com o advento da Internet e das redes sociais e com o avanço da consciência ética
da sociedade brasileira, os agentes sociais e as instituições passaram a deter todos os
conhecimentos necessários à mudança de mentalidade para eliminação do preconceito
e da discriminação raciais, para que seja incorporada a perspectiva da igualdade racial,
motivo por que o Estado deve se pautar pelas demandas sociais que atingem a
população mais vulnerável no processo de formulação de políticas públicas.
(E) O Estado brasileiro instituiu a Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial,
contendo medidas tangíveis, concretas, articuladas e propostas de ações afirmativas
cujo objetivo principal é reduzir as desigualdades raciais no Brasil, com ênfase na
população negra.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Consoante os Objetivos Específicos da Lei nº 4.886/03, que institui a


Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial:

Afirmação do caráter pluriétnico da sociedade brasileira


• Reavaliação do papel ocupado pela cultura indígena e afro-brasileira, como elementos
integrantes da nacionalidade e do processo civilizatório nacional.

• Reconhecimento das religiões de matriz africana como um direito dos afro-brasileiros.

- Implantação de currículo escolar que reflita a pluralidade racial brasileira, nos termos
da Lei 10.639/2003.

- Tombamento de todos os documentos e sítios detentores de reminiscências históricas


dos antigos quilombos, de modo a assegurar aos remanescentes das comunidades dos
quilombos a propriedade de suas terras.

(B) INCORRETA. Dentre os princípios contidos na Lei nº 4.886/03, que institui a Política
Nacional de Promoção da Igualdade Racial, a Descentralização:

• Apoio político, técnico e logístico para que experiências de promoção da igualdade


racial, empreendidas por Municípios, Estados ou organizações da sociedade civil,
possam obter resultados exitosos, visando planejamento, execução, avaliação e
capacitação dos agentes da esfera estadual ou municipal para gerir as políticas de
promoção de igualdade racial.

(C) INCORRETA. O núcleo formulador e coordenador de políticas públicas é o Governo


Federal, em específico, ao se tratar da Política Nacional de Promoção da Igualdade
Racial, o Art. 3º: 117
Art. 3o A Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial fica
responsável pela coordenação das ações e a articulação institucional necessárias à
implementação da PNPIR.
(D) INCORRETA. Não é somente consoante o advento da Internet e das redes sociais e
com o avanço da consciência ética da sociedade brasileira os agentes sociais e as
instituições passaram a deter todos os conhecimentos necessários à mudança de
mentalidade para eliminação do preconceito e da discriminação raciais. É necessária a
criação de políticas públicas voltadas para a inclusão e conscientização da sociedade
como um todo.
(E) CORRETA. Consoante a Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Lei nº
4.886/03):

I - OBJETIVO GERAL

• Redução das desigualdades raciais no Brasil, com ênfase na população negra, mediante
a realização de ações exeqüíveis a longo, médio e curto prazos, com reconhecimento
das demandas mais imediatas, bem como das áreas de atuação prioritária.

II - OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Defesa de direitos
- Afirmação do caráter pluriétnico da sociedade brasileira.

• Reavaliação do papel ocupado pela cultura indígena e afro-brasileira, como elementos


integrantes da nacionalidade e do processo civilizatório nacional.

• Reconhecimento das religiões de matriz africana como um direito dos afro-brasileiros.

- Implantação de currículo escolar que reflita a pluralidade racial brasileira, nos termos
da Lei 10.639/2003.

- Tombamento de todos os documentos e sítios detentores de reminiscências históricas


dos antigos quilombos, de modo a assegurar aos remanescentes das comunidades dos
quilombos a propriedade de suas terras.

• Implementação de ações que assegurem de forma eficiente e eficaz a efetiva proibição


de ações discriminatórios em ambientes de trabalho, de educação, respeitando-se a
liberdade de crença, no exercício dos direitos culturais ou de qualquer outro direito ou
garantia fundamental.

• Ação afirmativa

• Eliminação de qualquer fonte de discriminação e desigualdade raciais direta ou


indireta, mediante a geração de oportunidades.
118
• Articulação temática de raça e gênero

• Adoção de políticas que objetivem o fim da violação dos direitos humanos.

99. No que tange ao Estatuto da Igualdade Racial e ao racismo estrutural observado


nos quadros funcionais de empresas e instituições, assinale a opção correta.
(A) As condições estabelecidas pelas empresas que priorizam pessoas brancas na
inclusão e ascensão no mercado de trabalho podem ser caracterizadas como racismo
institucional, mas não podem ser objeto de atuação do Poder Judiciário para averiguar
a existência de práticas de racismo e discriminação racial nas relações de trabalho nas
empresas, pois esta seria uma atuação restrita do Ministério Público do Trabalho.
(B) As ações previstas no Estatuto da Igualdade Racial não se aplicam às empresas do
setor privado, pois a norma é expressamente restrita ao poder público.
(C) As práticas de ações afirmativas adotadas pelas empresas têm comprovado que a
da diversidade e inclusão de gênero e raça ameaça a imagem, a sustentabilidade
institucional, negocial e financeira das empresas, em vez de gerar mais negócios.
(D) Cabe ao poder público promover ações que assegurem a igualdade de oportunidades
no mercado de trabalho para a população negra, inclusive mediante a implementação
de medidas para a promoção da igualdade nas contratações e na ascensão profissional.
(E) A falta de ascensão de pessoas negras na carreira funcional das empresas se deve à
falta de estudos e à baixa experiência profissional dessa população, o que mostra não
ser possível provar a existência de racismo institucional no âmbito do mercado de
trabalho, visto que o grau de instrução e a experiência profissional são determinantes
nas condições de acesso e ascensão profissional.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Não há qualquer vedação à atuação do Ministério Público nesses casos,
não sendo uma atribuição exclusiva do MPT.
(B) INCORRETA. O art. 1º da Lei 12.288/10 (Estatuto da igualdade racial) em seu
parágrafo único dispõe que:
Para efeito deste Estatuto, considera-se:
I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou preferência
baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto
anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições,
de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social,
cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada; 119
II - desigualdade racial: toda situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição
de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça,
cor, descendência ou origem nacional ou étnica;
(C) INCORRETA. Pelo contrário, as práticas econômicas, sociais, de comunicação e
marketing voltadas ao combate ao racismo e à promoção da igualdade racial tem se
mostrado bem aceita e até exigidas pelos consumidores, o que evidencia a necessidade
de as empresas demonstrarem tal consciência social.
(D) CORRETA. Os artigos 2 e 4 do Estatuto elencam algumas condutas descritas como
de responsabilidade do Estado que bem exemplificam o dever de assegurar a igualdade
de oportunidades no mercado de trabalho para a população negra:
Art. 2º. É dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade de oportunidades,
reconhecendo a todo cidadão brasileiro, independentemente da etnia ou da cor da pele,
o direito à participação na comunidade, especialmente nas atividades políticas,
econômicas, empresariais, educacionais, culturais e esportivas, defendendo sua
dignidade e seus valores religiosos e culturais.
Art. 4º. A participação da população negra, em condição de igualdade de oportunidade,
na vida econômica, social, política e cultural do País será promovida, prioritariamente,
por meio de:
I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econômico e social;
II - adoção de medidas, programas e políticas de ação afirmativa;
III - modificação das estruturas institucionais do Estado para o adequado enfrentamento
e a superação das desigualdades étnicas decorrentes do preconceito e da discriminação
étnica;
IV - promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o combate à discriminação étnica
e às desigualdades étnicas em todas as suas manifestações individuais, institucionais e
estruturais;
V - eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e institucionais que impedem a
representação da diversidade étnica nas esferas pública e privada;
VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da sociedade civil
direcionadas à promoção da igualdade de oportunidades e ao combate às desigualdades
étnicas, inclusive mediante a implementação de incentivos e critérios de
condicionamento e prioridade no acesso aos recursos públicos;
VII - implementação de programas de ação afirmativa destinados ao enfrentamento das
desigualdades étnicas no tocante à educação, cultura, esporte e lazer, saúde, segurança,
trabalho, moradia, meios de comunicação de massa, financiamentos públicos, acesso à
terra, à Justiça, e outros.
(E) INCORRETA. A falta de ascensão de pessoas negras nas carreiras funcionais se deve
ao racismo estrutural que consiste na perpetuação de práticas, hábitos, situações e falas
embutidas em nossos costumes e que promovem, direta ou indiretamente, a
segregação ou o preconceito racial, dentre elas a manutenção da segregação de pessoas
negras a espaços funcionais de baixa escolaridade e subempregos, mesmo possuindo 120
formação profissional e técnicas compatíveis com cargos mais altos.

100. A respeito do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial e das ações


promovidas em seu âmbito, assinale a opção correta.
(A) O Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial foi instituído pela Lei n.º
12.288/2010, estruturado, equipado, formado e está em pleno funcionamento em
todos os estados da Federação, o que possibilita sua total efetividade dentro do previsto
na lei mencionada.
(B) A formação institucional do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial, a
partir da sua regulamentação, permitiu a implementação desse sistema em todo o país,
constituindo um importante passo para a efetivação das políticas de igualdade racial e
enfrentamento ao racismo.
(C) A implementação do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial não tem
como objetivo a institucionalização da política de igualdade racial nos estados, no
Distrito Federal e nos municípios, porque a autonomia dos entes federados deve ser
respeitada.
(D) Atualmente, os órgãos que compõem o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade
Racial possuem estrutura, orçamento e recursos garantidos pelo Fundo de Promoção da
Igualdade Racial para a implementação das políticas de igualdade racial bem como para
promover medidas de transparência no que concerne à alocação desses recursos.
(E) O poder público deve indicar estratégias que assegurem que a política de igualdade
racial se estabeleça como prioridade no planejamento e no orçamento dos diversos
órgãos públicos de todas as esferas federativas, de modo a assegurar o desenvolvimento
de programas que tenham impacto efetivo na superação das desigualdades raciais.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Nem todos os estados fazem parte do Sistema Nacional de Promoção
da Igualdade Racial.
(B) INCORRETA. O sistema ainda não foi implementado em todo o país, pois nem todos
os estados aderiram.
(C) INCORRETA. A implementação do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade
Racial tem como objetivo a institucionalização da política de igualdade racial nos
Estados, com o propósito de garantir à população negra, cigana e indígena a efetivação
da igualdade de oportunidades, a defesa de direitos e o combate à discriminação e as
demais formas de intolerância, o que não fere a autonomia dos entes federativos.
(D) INCORRETA. Ao contrário do que assevera a afirmativa, as atividades desenvolvidas
pelos órgãos que compõem o SINAPIR são financiadas em sistema de cooperação pelos 121
entes federativos (art. 22), assim como por diversas outras fontes (art. 24), não havendo
recursos oriundos somente do Fundo de Promoção da Igualdade Racial. Ademais, as
medidas de transparência relacionadas à alocação desses recursos são promovida pelos
próprios entes federativos e não pelos órgãos em si.
DECRETO Nº 8.136, DE 5 DE NOVEMBRO DE 2013
Aprova o regulamento do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial - Sinapir,
instituído pela Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010.
Art. 21. Os entes que aderirem ao Sinapir devem assegurar, em seus orçamentos,
recursos para a implementação das políticas de igualdade racial e promover medidas de
transparência quanto à alocação desses recursos.
Art. 22. As políticas de promoção da igualdade racial e de enfrentamento ao racismo
pactuadas no âmbito do Sistema serão cofinanciadas pela União e os Estados, Distrito
Federal e Municípios que aderirem ao Sinapir.
Art. 23. O mecanismo de financiamento do Sinapir, em âmbito federal, compreende
recursos oriundos:
I - do orçamento da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República;
II - das ações orçamentárias previstas na lei orçamentária anual direcionadas à
promoção da igualdade racial e enfrentamento ao racismo;
III - de doações voluntárias de particulares, de empresas privadas e de organizações não
governamentais;
IV - de doações voluntárias de fundos nacionais e internacionais;
V - de doações de Estados estrangeiros, por meio de convênios, tratados e acordos
internacionais.
(E) CORRETA. Assim dispõe o art. 1º, §2º do Decreto 8136/16 que aprova o regulamento
do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial:
§2º Deverão ser adotadas estratégias para assegurar à política de igualdade racial
prioridade no planejamento e no orçamento dos entes federados que aderirem ao
Sinapir de modo a garantir o desenvolvimento de programas com impacto efetivo na
superação das desigualdades raciais.

122

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