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Beatriz Nunes Costa Anos Letivos 2019/2020 e 2020/2021

Síntese

Através deste portfólio pretendo arrumar melhor as ideias na minha cabeça. A


organização é um passo fundamental para a obtenção de bons resultados. O processo de
aprendizagem é mais importante do que “empinar a matéria” e mesmo que nem sempre
os resultados reflitam o estudo, a capacidade de relembrar a matéria uns dias, meses ou
mesmo anos é a chave para o tempo nos levar ao sucesso. Aconselho à realização de um
portfólio próprio ou outros métodos de estudo para além da leitura de exemplares
provenientes de outros autores, pois não é tão eficaz. Este irá abranger a disciplina de
Biologia-Geologia sendo que a primeira parte será biologia de 10/11 e a segunda a de
geologia 10/11. Estarão contidos neste os seguintes tópicos:

 Resumo (detalhado)

 Exercícios

o De fichas fornecidas

o De exames

o De testes

 Experiências ou Atividades laboratoriais

Beatriz Nunes Costa Anos Letivos 2019/2020 e 2020/2021


Biologia 11º
Resumo ....................................................................................................................... 13

DNA e síntese de proteínas ..................................................................................... 13

Diferenças do DNA nas células ........................................................................... 14

A estrutura da molécula ....................................................................................... 14

Replicação DNA ................................................................................................. 15

As Mutações ....................................................................................................... 19

Ciclo celular ............................................................................................................ 20

Regulação do ciclo celular ................................................................................... 22

Diferenciação celular ........................................................................................... 22

Reprodução nos seres vivos ..................................................................................... 24

Reprodução assexuada ........................................................................................ 24

Reprodução sexuada ............................................................................................ 26

A meiose ............................................................................................................. 27

Alterações ao nivél dos cromossomas .................................................................. 29

Meiose e Mitose- Aspetos comparativos .............................................................. 30

Fecundação ......................................................................................................... 30

Reprodução sexuada nos animais ........................................................................ 31

Reprodução sexuada nas plantas .......................................................................... 31

Ciclos de vida ......................................................................................................... 32

Alguns exemplos de ciclos de vida ...................................................................... 33

Tipos de reprodução vantagens e desvantagens.................................................... 36

Tipo de reprodução.............................................................................................. 36

Vantagem ............................................................................................................ 36

Desvantagem ....................................................................................................... 36

Reprodução assexuada ........................................................................................ 36

Reprodução sexuada ............................................................................................ 36

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Evolução biológica e sistemática dos seres vivos ..................................................... 37

Unicelularidade e multicelularidade..................................................................... 37

A Multicelularidade............................................................................................. 39

Vantagens da multicelularidade ........................................................................... 40

Evolucionismo e fixismo ......................................................................................... 40

Lamarckismo .......................................................................................................... 41

Críticas a Lamarck .............................................................................................. 42

Darwinismo ............................................................................................................ 43

Comparção entre Lamarck e Darwin ................................................................... 45

Argumentos do evolucionismo ................................................................................ 46

Argumento da anatomia comparada..................................................................... 46

Argumentos paleontológicos ............................................................................... 47

Argumento embriológico..................................................................................... 48

Argumento citológico .......................................................................................... 48

Argumento bioquímico........................................................................................ 48

Neodarwinismo ou Teoria Sintética da Evolução..................................................... 49

Tipos de seleção natural ...................................................................................... 50

Fatores de evolução ............................................................................................. 51

Sistemas de classificação ......................................................................................... 52

Taxonomia e nomenclatura ..................................................................................... 56

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Biologia 11ºAno
Resumo

Recorda: A célula, unidade básica estrutural e funcional comum a todos os


organismos vivos, sintetiza moléculas específicas que garantem o crescimento e a
renovação celular.

DNA e síntese de proteínas

Numa família é possível identificar traços que resultam de uma hereditariedade comum.
No entanto dentro desta não temos colones. As semelhanças e diferenças entre
organismos devem-se ao “programa genético” que é herdado, mas que não é
repetido exatamente de mesmo modo como produzido.

O “programa genético” a que me refiro está presente no ácido desoxirribonucleico ou


DNA (sigla inglesa).

O DNA contem o código genético “programa” de cada ser vivo, ou seja, neste está
codificada a informação que determina as características de cada espécie e de cada
indivíduo. Este é o suporte da informação genética, sob o ponto de vista físico, químico
e biológico.

O estudo do material genético permite compreender as suas partes fundamentais:


universalidade e variabilidade.

Recorda: Os ácidos nucleicos


(DNA e RNA) têm na sua
constituição o nucleótido que
por sua vez pode ser dividido
em três partes: O ácido
fosfórico ou grupo fosfato
(que confere as propriedades
ácidas aos ácidos nucleicos) a
pentose (ou seja, açúcar: ribose ou desoxirribose) e as bases azotadas A, T, C, G e U.

Agora que já recordámos isto podemos ver que apesar de, para todos os seres vivos a
estrutura do DNA ser a mesma, o que torna diferentes dois seres vivos é a ordem das
destas bases e a quantidade de moléculas de DNA de cada espécie. Esta informação

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genética encontra-se codificada na sequência e ordem das 4 bases azotadas que podem
constituir a molécula (Adenina (A), Timina (T), Citosina (C) e Guanina (G)).

Diferenças do DNA nas células

Consoante o tipo de célula podemos verificar


algumas diferenças na disposição do material
genético. Nos procariontes, o DNA encontra-se no
citoplasma como uma molécula circular, não tento
outros constituintes associados, constituindo o
nucleoide. Nas células eucarióticas o material
genético encontra-se quase na totalidade no nucelo este possui dupla membrana nuclear
(invólucro nuclear) com poros nucleares. No interior existe o nucleoplasma onde se
encontram cromossomas constituído por filamentos de DNA e histonas(proteínas).
Estes cromossomas podem ser formados por um cromatídeo ou dois ligados por um
centrómero.

A estrutura da molécula

O DNA corresponde a um polímero de nucleótidos, ou seja, é formado por muitos


nucleótidos em cadeia.

A estrutura do DNA só foi decifrada após várias experiências e atualmente existe um


modelo no qual se verifica que:

o O DNA é formado por duas cadeias polinucleotídicas enroladas em hélice, dupla


hélice;

o As bandas laterais são formadas por grupos fosfato


alternado com a desoxirribose (açúcar);

o A ligação das duas cadeias é realizada pela ligação


entre as bases azotadas de ambas sendo que:

o A adenina liga-se à timina (A = T) por duas


ligações de hidrogénio

o A citosina liga-se à guanina (C  G) por três


ligações de hidrogénio

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o Em cada cadeia polinucleotídica, os nucleótidos estão ligados por ligações
covalentes que se estabelecem entre o carbono 3’ de um nucleótido e o grupo
fosfato do seguinte. O processo repete-se no sentido 5’ → 3’;

o As duas cadeias são antiparalelas, ou seja, à extremidade 5’ de uma corresponde


a extremidade 3’ da outra.

Replicação DNA

O conhecimento da estrutura de DNA é


essencial para compreender como é que
as células humanas se reproduzem, mas
antes das células é necessário replicar o
DNA.

Para esta replicação surgiram três


modelos fundamentais de replicação.

Porém o aceite atualmente é o modelo da replicação semiconservativa testado por


Meselson e Stahl em 1958. Este modelo processa sobre a complementaridade de bases
sendo que garante a constância da composição do DNA no decurso das divisões
celulares.

Definições para a replicação

Helicase- é uma enzima que promove a abertura da hélice de DNA

Primase- é uma enzima que cria um primer numa cadeia de DNA adicionando
nucleótidos de RNA à cadeia de acordo com a
sequência do modelo de DNA para começar a
replicação.

DNA polimerase- é responsável por possibilitar


a ligação entre os nucleotídeos que estão
formando a nova fita. Só atua de 5’ → 3’.

Fragmentos Okazaki- pequenos intervalos


formados entre o primer e o final da fita
replicada.

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DNA ligase- liga os fragmentos de Okazaki após terem sido removidos os primers e
substituídos nos segmentos de DNA.

Fonte externa útil: DNA replication | Video | yourgenome.org

Revisão: Diferenças entre DNA e RNA

Síntese proteica

Um processo semelhante à replicação acontece para enviar informação ao resto da


célula: transcrição. Este processo é essencial, nomeadamente, na produção de proteínas.
Tal como na replicação, as cadeias são separadas, por uma polimerase, mas neste caso,
só uma parte de uma das cadeias (a cadeia mestre) é complementada, não por DNA,
mas por RNA. As cadeias de DNA voltam a unir-se por pontes de Hidrogénios, e a
molécula de RNA mensageiro (mRNA) sai do núcleo e vai para os ribossomas, que vão
produzir proteínas, de acordo com a informação que recebem do mRNA.

Nota:
Nos eucariontes, antes de ir para os ribossomas, o mRNA experimenta um
processamento. Isto deve-se ao facto de o DNA dos eucariontes conter sequências
que não codificam informação (intrões), intercalados com secções que codificam
(exões). Neste processo, os intrões são removidos, por ação de enzimas, restando
então, apenas um mRNA maturo e pronto para ir para os ribossomas.

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Finalmente, o mRNA maturo vai para os ribossomas2, onde é traduzido, transformando
a informação genética contida no mRNA numa sequência de aminoácidos. Cada
conjunto de 3 aminoácidos (codão3) corresponde a um determinado aminoácido. Esta
correspondência é dada pelo código genético.

O código genético4 tem as seguintes características:

1. Universal: Desde os organismos mais simples aos mais complexos existe uma
linguagem comum em todas as células. Mesmo em virus, entidades acelulares
utilizam este código. (Exceções protozoários ciliados, paramécias) O argumento
é a favor da origem comum dos seres vivos e está na base de várias aplicações
biotecnológicas.
2. Redundante: Vários codões podem ser sinónimos, ou seja, codificar o mesmo
aminoácido.
3. Não é ambíguo: A cada codão corresponde um aminoácido
4. O terceiro nucleótido de cada codão não é tão específico como os dois primeiros
5. O tripleto AUG tem dupla função (metonímia e codão de iniciação)
6. Os tripletos UAA UAG e UGA são codões de finalização ou codões stop

A tradução pode ser explicada através da seguinte imagem:

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Este processo é muito rápido, uma vez que a mesma secção do DNA pode ser transcrita
várias vezes, e uma vez que pode haver vários ribossomas a traduzir o mesmo mRNA
simultaneamente. Sendo um polirribossoma um conjunto de ribossomas ligados por
uma molécula de mRNA a efetuar a tradução em diferentes estágios.

Defenições para a sintese proteica:

tRNA- O tRNA é responsável pelo transporte de


aminoácidos. Cada molécula de tRNA transporta um
aminoácido (que se liga à extremidade 3’).

Cada molécula de tRNA tem um grupo de 3 bases


(anticódão) que é complementar a um tripleto
(codão) do mRNA.

Ribossoma- Os
ribossomas são formados por rRNA (ribossómico ou
ribossomal) e proteínas. São constituídos por duas
subunidades (subunidade maior e subunidade menor).

Na subunidade maior do ribossoma é possível distinguir três regiões:

A – Onde o anticódão do tRNA se liga ao


codão do mRNA

P – Onde o aminoácido transportado pelo


tRNA se liga à cadeia polipeptídica em
formação
E – Onde o tRNA sai, depois de ter
transferido o aminoácido que transportava
para a cadeia polipeptídica.
Codões

O mRNA forma-se a partir de um segmento (gene) da cadeia de DNA que lhe serve de
molde. A informação está «escrita» no gene em «palavras» de três letras, ou seja, em
sequências de três bases nitrogenadas (nucleótidos) do DNA (codogene).

A cada codogene transcrito corresponde uma sequência de três bases (nucleótidos) do


mRNA – codão – e a cada codão vai-se ligar o tRNA que tem o anticódão
complementar.

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O código genético estabelece a relação entre os codões (mRNA) e o aminoácido
correspondente.

As Mutações

Nos organismos como sabemos a informação genética está codificada na sequência de


nucleótidos dos genes. Contudo o material genético não fica imutável ao longo dos anos
e por vezes em situações diversas pode ser modificado. A essas alterações dá-se o nome
de mutações. Esta são mudanças permanentes
no material genético podendo ser génicas ou
cromossómicas.

As génicas constituem mudanças na estrutura


de um gene podendo ser subdivididas em
mutações por deleção, inserção e mutações
por substituição (transcrição ou transversão).

As cromossómicas correspondem a uma mudança na estrutura os no número de


cromossomas.

Estas podem ser ainda mutações genitais caso ocorram ao nível dos gametas sendo ou
não transmitidas á descendência ou somáticas caso sejam noutras células.

Alguns exemplos destas podem ser o albinismo a hemofilia a anemia falciforme.

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Ciclo celular

Recorda: De acordo com a teoria celular um dos enunciados diz-nos “Todas as


células surgem de células pré-existentes”. Com base neste enunciado podemos
considerar a divisão celular.

A divisão celular corresponde à divisão de uma célula (célula-mãe) em duas mais


pequenas (células-filhas) geneticamente iguais entre si e com a célula oriunda. No
entanto este processo é apenas o final de um ciclo. Ao conjunto de processos que
acontecem entre o nascimento de uma célula e a
sua divisão em duas células-filhas dá-se o nome
de ciclo celular.

Com base na observação microscópica podemos


dividir este ciclo em duas partes fundamentais:

o Interfase, período compreendido entre o


fim de uma divisão celular e o início da
seguinte;
o Fase mitótica, período em que ocorre a divisão celular.

Na generalidade as células passam cerca de 90% da sua vida em interfase sendo este um
período de grande atividade biossintética. Durante esta fase verifica-se o crescimento e
a duplicação do conteúdo celular sendo possível distinguir três fases:

o G1- Ocorre crescimento celular e intensa atividade biossintética (de proteínas,


enzimas, RNA…)
o Fase S- Ocorre a duplicação do material genético. Cada cromossoma passa a ser
constituído por dois cromatídeos ligados por um centrómero. Nas células
animais há ainda a duplicação dos centríolos (conjuntos de microcubos)
o G2- Formação de biomoléculas necessárias à reprodução celular.

Os outros 10% correspondem então à fase mitótica. Esta embora continua divide-se em
duas fases:

Mitótica- que corresponde ao conjunto de


transformações durante as quais o núcleo das
células eucarióticas se divide. Tendo esta
quatro etapas:

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o A prófase onde os cromossomas condensam-se ficando grossos e curtos,
os pares de centríolos rumam em direção aos polos e formam o fuso
mitótico e a membrana nuclear desintegra-se.
o A metáfase onde os cromossomas atingem o seu encurtamento máximo,
sendo que os centrómeros alinham-se no plano equatorial e os
microtúbulos ligam-se aos mesmos.
o A anáfase onde se verifica a clivagem dos centrómeros separando se os
cromatídeos, o encurtamento dos microtúbulos e ascensão polar dos
cromatídeos.
o A telófase onde se vê a reorganização da membrana nuclear, separação
dos núcleos e descondensação dos cromossomas. Em algumas células
eucarióticas animais pode observar a formação de uma constrição na
membrana celular.

Citocinese – divisão física do citoplasma, e formação consequente das duas células-


filhas. Esta fase é diferente das plantas para os animais: nos animais, forma-se um anel
no plano equatorial que estrangula a membrana celular até que esta se divida. Nas
plantas, as vesículas do Golgi
alinham-se na região
equatorial, fundindo-se, de
forma a que as suas membranas
se transformem na membrana
que divide as duas células-
filhas.

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Regulação do ciclo celular

Os mecanismos de regulação têm grande importância para assegurar que o processo de


divisão ocorre dentro dos parâmetros necessários. Caso não ocorra podem ocorrer
cancros ou neoplasia malignas (uma alteração no DNA leva à sua multiplicação). Estas
células podem espalhar-se por tecidos vizinhos e através da corrente sanguínea para
todas as partes do corpo, metastização.

Os pontos de control:
o Fase G1- verifica se o DNA tem algum problema. No caso de ter, a célula pode
entrar em G0 (interromper o ciclo celular) ou desencadear apoptose celular
(morte celular programada);
o Fase G2- verifica se a replicação do DNA ocorreu devidamente. Caso contrário,
ocorre apoptose celular;
o Fase Mitótica- Verifica se os cromossomas são repartidos de forma equitativa
pelas células filhas.
Diferenciação celular

Ao longo da evolução de um sere vivo ocorrem vários processos, através dos quais
células geneticamente idênticas se especializam de modo a desempenhar certas funções,
diferenciação celular.

De acordo com o grau de diferenciação as células podem ser, totipotentes (ovo ou


zigoto), indiferenciadas ou especializadas.

Existem ainda algumas células como células estaminais (totipotentes) que são utilizadas
para o tratamento de certas doenças da degeneração de tecidos, estas substituem então
os tecidos danificados, estimulando-as para desempenharem a função pretendida.

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Nota: Nas plantas, células especializadas podem reverter a diferenciação
e originar uma nova planta. Uma parte de uma planta pode também originar uma
nova planta completa. Nestes casos, a nova planta é geneticamente idêntica à que a
originou, pelo que é denominada clone.

Nos animais, de forma geral, as células diferenciadas perdem a capacidade de


originar todos os tipos de células do organismo. Apesar disso, em 1996, foi possível
a clonagem de um mamífero (a ovelha Dolly) a partir de uma célula da glândula
mamária, após 277 tentativas.

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Reprodução nos seres vivos

A reprodução assegura a continuidade da vida, esta constitui um conjunto de processos


pelos quais seres vivos originam novos indivíduos. Os processos de reprodução são
muito variados podendo agrupar-se em dois tipos fundamentais: a reprodução assexuada
e a reprodução sexuada.

Reprodução assexuada

A reprodução assexuada corresponde à formação de novos indivíduos sem ocorrer fusão


de gâmetas, ou seja, sem ocorrer fecundação. Destes modos os indivíduos das novas
gerações são idênticos entre si e ao progenitor, colones. Esta identidade genética resulta
do único tipo de divisões celulares que se verifica, em que o núcleo se divide por
mitose. Os seres procariontes, a maioria dos unicelulares eucariontes e alguns
multicelulares utilizam este método.

Existem várias estratégias de reprodução assexuada como:

Estratégias de Reprodução Assexuada

Bipartição Divisão de um ser em dois com idênticas dimensões Amiba


Paramécia
Planária

Gemulação ou Formação de uma ou mais saliências, gomos ou gemas que se Leveduras

gemiparidade desenvolvem e separam, originando novos seres. Hidras de água


doce
Anémona-do-mar

Esporulação Formação de células reprodutoras, os esporos, cada um dos quais Bolores como o do
pode originar um novo individuo. pão ou da fruta

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Multiplicação Formação de novos indivíduos a partir do desenvolvimento de certas Batateira(tubérculo)
estruturas vegetativas, como raízes, caules, folhas. Lírio (rizoma)
vegetativa
Cenoura (raiz)
Morangueiro-
estolho

Fragmentação Separação de fragmentos do corpo originando cada um destes um Estrela-do-mar


novo ser por regeneração. Planárias
Algas
Plantas

Divisão Ocorrência de várias divisões do núcleo celular sem que haja divisão Plasmódios
múltipla ou imediata do citoplasma. Protozoários
esquizogonia

Partenogénese Formação de novos indivíduos exclusivamente a partir do Rotíferos


desenvolvimento de gametas femininos. Pulgões como os da
roseira

Importância da multiplicação vegetativa

A elevada capacidade de reprodução das plantas tem sido aproveitada pela Humanidade.
Na agricultura, a multiplicação vegetativa é utilizada para conseguir um elevado número
de plantas. Tradicionalmente, os agricultores selecionam as plantas com as melhores
características e, através da multiplicação vegetativa, sendo que estas produzem vários
descendentes geneticamente iguais (clones) garantindo a qualidade. No entanto, para
além deste processo foram-se desenvolvendo outras técnicas de propagação artificial

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como a micropropagação vegetativa. Esta é uma técnica laboratorial que permite
realizar grandes produções. Nesta técnica utilizam.se pequenos fragmentos de tecido de
uma planta, cultivados in vitro, até desenvolverem pequenas plântulas para serem
plantadas na terra.

Vantagens:

o Permite a produção de grande número de descendentes


em pouco tempo.
o Há menor gasto de energia para os indivíduos que se reproduzem.
o A descendência é geneticamente igual entre si e ao progenitor.
o Sendo o meio favorável ao progenitor, sê-lo-á também para
a descendência.

Desvantagens:

o Reduz a variabilidade intraespecífica e, portanto, reduz a biodiversidade.


o Como a variabilidade genética é menor, se houver alterações nefastas do meio, a
população tem menor capacidade de sobrevivência.

Reprodução sexuada

A reprodução sexuada é um processo que garante a diversidade genética. Esta


caracteriza-se pela ocorrência de dois processos complementares que garantem que a
descendência é semelhante aos progenitores, mas não é um clone destes.

Fecundação- Através da fusão de gâmetas, um feminino outro masculino, formam um


ovo, zigoto, que terá o dobro do conteúdo genético de cada um dos gâmetas. O zigoto
fica assim com um conjunto de cromossomas
maternos e paternos. Estes organizam-se em pares
de cromossomas homólogos. Estes ficam tem
estruturas e funções semelhantes. As células que
contém este material duplicado denominam-se
células diploides (2n).

Meiose- Consiste na divisão de células diploides


em células haploides (n). Consiste em duas fases:

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o Divisão I ou Divisão reducional- os cromossomas homólogos são separados
formando dois núcleos haploides.
o Divisão II ou Divisão equacional- os cromossomas são divididos formando dois
cromossomas, com um cromatídeo cada (ou seja, no final obtemos quatro
células).

Antes de a célula entrar em meiose ocorre a interfase, semelhante à que acontece na


mitose, com replicação do DNA na fase S.

A meiose

Este é um processo de divisão


nuclear a partir do qual uma célula
com núcleo diploide, se podem
formar células com núcleo haploide.
Estes núcleos possuirão metade do
número de cromossomas do núcleo
inicial possuindo um só cromossoma
de um par de homólogos.

As duas replicações de DNA que ocorrem na mitose são precedidas de uma única
replicação do DNA. Durante o período S os cromossomas duplicam, passando a
apresentar dois cromatídeos unidos pelo centrómero.

Divisão I

o A prófase I é a fase mais longa da meiose. No início desta


fase, o núcleo aumenta de volume. Os cromossomas sofrem
uma espiralização, que os torna mais grossos, curtos e
visíveis. Os bivalentes (pares de cromossomas homólogos)
emparelham-se num processo denominado sinapse. Entre
estes cromatídeos ocorrem sobre cruzamentos em vários pontos, pontos de
quiasma. Nestes pontos pode ocorrer a troca de informação genética, o
crossing-over. Ainda nesta fase, a membrana
nuclear ou invólucro nuclear desintegra-se e
nas células animais os centríolos dividem-se

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e colocam-se em polos opostos, a partir dos quais se forma o fuso meiótico.
o Na metáfase I os cromossomas homólogos se dispões
aleatoriamente na placa equatorial equidistantes dos polos.
Ao contrário da metáfase da mitose, na meiose, não são os
centrómeros que se localizam no plano equatorial, mas sim os
pontos de quiasma.
o Na anáfase I os cromossomas homólogos afastam-se para
polos opostos. Cada um dos conjuntos cromossómicos que se
separam e ascendem aos polos, além de serem haploides (n),
possuem informações genéticas diferentes. Este facto
contribui para a variabilidade genética dos novos núcleos que se irão formar.
o Na telófase I, após a chegada aos polos dos cromossomas
ocorre a desespiralização destes. Desorganiza-se o fuso
meiótico e diferenciam-se os nucléolos e forma-se novamente
o involucro nuclear.

Em certas células ocorre a citocinese, originando-se duas células-filhas Estas


iniciam a divisão II da meiose imediatamente, ou após uma interfase curta.

Divisão II

o A prófase II inicia a divisão II. Nesta, os cromossomas


com dois cromatídeos condensam, ficam mais grossos
e curtos. O fuso meiótico forma-se e desintegra-se o
invólucro nuclear.
o Na metáfase II os cromossomas dispõem-se na placa
equatorial, equidistantes dos polos e desta vez os
centrómeros, presos às fibras do fuso, ficam no plano
equatorial.
o Na anáfase II ocorre a divisão do centrómero e dá-se a
ascensão polar, ou seja, os cromatídeos do mesmo
cromossoma separam-se para polos opostos. Estes
conjuntos que se separam são haploides (n).

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o Na telófase II os cromossomas atingem os polos e
iniciam a desespiralização. À semelhança da telófase I,
desorganiza-se o fuso meiótico e diferenciam-se os
núcleos, formando-se o invólucro nuclear. Obtemos
quatro núcleos haploides (n).

Caso não tenha ocorrido citocinese após a telófase I, o citoplasma divide-se agora,
originando 4 células-fichas haploides.

Fonte útil: https://www.youtube.com/watch?v=VzDMG7ke69g

Alterações ao nivél dos cromossomas

Tal como na mitose podem ocorrer ocasionalmente erros que conduzem a alterações na
estrutura ou no número de cromossomas das células resultantes, as mutações. Podem ser
numéricas ou estruturais.

Numéricas- há alteração no número de cromossomas podendo ocorrem em diferentes


etapas da meiose.

o Durante a divisão I por não separação dos cromossomas homólogos


o Durante a divisão II pela não
separação dos cromatídeos
de cada cromossoma.

Estruturais- Envolvem erros no arranje


ou ordem dos genes, sem alteração do
número de cromossomas. Acontece
devido a erros durante o crossing-over.

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Meiose e Mitose- Aspetos comparativos

Mitose Meiose
Ocorre em células somáticas Ocorre para a produção de
gâmetas ou esporos
Origina duas células-filhas, Origina quatro células-filhas,
cujo número de cromossomas cujo número de cromossomas
é igual ao da célula mãe é metade do da célula mãe
A quantidade de DNA das A quantidade de DNA das
células-filhas é igual ao da células-filhas é metade do da
célula-mãe célula-mãe
Não há emparelhamento de Há emparelhamento de
cromossomas homólogos cromossomas homólogos
nem fenómenos de crossing- com possibilidade de
over crossing-over
A informação genética das A informação genética das
células-filhas é igual à da células-filhas é diferente à da
célula-mãe célula-mãe, devido à
separação dos homólogos e à
ocorrência do crossing-over
O centrómero divide-se na O centrómero só se divide na
anáfase anáfase II
Só ocorre uma divisão Ocorrem duas divisões
sucessivas, sendo a divisão II
semelhante à mitose.

Fecundação

A reprodução sexuada depende da fusão dos gâmetas, fecundação, onde ocorre a


cariogamia, fusão dos núcleos das gametas que formam o ovo ou zigoto. Desta maneira,
os organismos que se reproduzem sexuadamente têm de arranjar uma maneira de fazer
os gâmetas encontrarem-se. Deste modo, vemos que o processo de fecundação pode ser
externo ou interno.

Fecundação externa – Esta é realizada essencialmente em meio aquático. Machos e


fêmeas lançam os seus gâmetas para a água, onde estes se encontram e ocorre a
fecundação. Este tipo de fecundação é eficaz devido à libertação sincronizada dos
gâmetas por parte dos machos e das fêmeas, sendo que, mesmo assim é necessária uma
grande libertação de gametas para garantir o sucesso da fecundação.

Fecundação interna – Na generalidade, o macho deposita os seus espermatozoides no


sistema reprodutor da fêmea onde ocorre a fecundação. Na época de reprodução os

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machos procuram atrair a fêmea através da parada nupcial. Ocorre na generalidade das
plantas e animais terrestres.

Reprodução sexuada nos animais

Existem ainda espécies, espécies em que os organismos são hermafroditas, ou seja,


as gónadas encontram-se num só indivíduo. Estes organismos dizem-se
hermafrodita suficientes se tiverem a capacidade de se autofecundar e hermafroditas
insuficientes se não o fizerem. Os hermafroditas suficientes costumam viver
isolados, enquanto que os hermafroditas insuficientes garantem maior variabilidade
genética ao partilhar os genes de dois indivíduos distintos durante a fecundação.
Contudo, a maioria das espécies apresenta unissexualismo, isto é, o ovário e os
testículos não coexistem num só indivíduo.

Reprodução sexuada nas plantas

Tal como nos animais nas plantas ocorrem diversas estratégias que permitem o sucesso
da reprodução sexuada. Nas plantas com flores os mecanismos são extremamente
variados, sendo que nestas existem estruturas reprodutoras que permitem o
desenvolvimento de sementes.

Os órgãos reprodutores masculinos na flor são os estames e os femininos são os


carpelos. Estas podem ser dioicas e ter ambos os órgãos reprodutores ou monoicas.

Para que ocorra a reprodução é necessário que


se verifique a polinização- transporte de grãos
de pólen para os carpelos, se for da mesma flor
temos polinização direta se for de outra temos
polinização cruzada.

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Ciclos de vida

Ao conjunto de processos que ocorrem na vida de um organismo desde o momento do


nascimento em que é produzido até
ao momento em que se reproduz
dá-se o nome de ciclo de vida. Os
ciclos de vida podem ser
essencialmente divididos em duas
fases: fase diploide e fase haploide.

Desta maneira, podem-se


classificar os ciclos de vida de acordo com qual das fases é predominante:
o Ciclo diplonte- A fase diploide é predominante e a
meiose é pré-gamética, isto é geralmente o ser
multicelular adulto é diploide e a meiose ocorre
durante a formação de gâmetas. A maioria dos animais
o ciclo de vida é diplonte. O ser humano é diploide
o Ciclo haplonte- A fase haploide é predominante e a
meiose é pré-gamética, isto é, dá-se imediatamente
após a fecundação e o ser multicelular adulto é
haploide. A maioria dos fungos e alguns protistas,
incluindo algumas algas são haploides. A espirogira é
haplonte.
o Ciclo haplodiplonte- Não há fase predominante e a
meiose é pré-espórica. Este tipo de ciclo de vida inclui
estados multicelulares diploides e haploide, ou seja,
alternância de gerações. Algumas plantas e espécies
de algas são haplodiplontes. O polipódio é
haplodiplonte

As condições do meio influenciam, muitas vezes, o ciclo de vida de alguns


organismos: muitos reproduzem-se sexuadamente apenas durante as épocas de
reprodução, beneficiando de estratégias de reprodução assexuada durante o resto do
ano. Outras espécies, desenvolvem estruturas que resistam às condições do meio,
garantindo a continuação do seu ciclo durante as alturas do ano em que as condições
extremas são menos propícias.

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Alguns exemplos de ciclos de vida

O ciclo diplonte caracteriza-se com já sabemos pela existência da fase diploide


prolongada e pela meiose ser pré
gamética. No ciclo de vida do gato
podemos observar a meiose que dá
origem as gametas masculino e
feminino estes através da
fecundação formam o zigoto que
através de mitoses sucessivas vai
dando origem a um individuo
adulto.

O ciclo de vida haplonte caracteriza-se


por uma fase haplonte mais prolongada
e pela meiose pós-zigótica. Neste ciclo
começam por se formar saliências nas
paredes celulares que ao unirem
formam o tudo de conjugação. Num
dos filamentos, gameta dador começa-
se a observar a condensação do tubo,
sendo que este se vai deslocar pelo
tubo para o outro filamento, gameta
recetor. Ocorre a fusão deste material e forma-se um zigoto. Após este processo os
filamentos desagregam-se e o zigoto fica em
estado latente até às condições do meio serem
favoráveis. Nessa altura dá se a meiose
formando quatro núcleos haploides, três dos
quais degeneram. A partir deste derivam-se mitoses e forma-se um novo filamento

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O ciclo de vida haplodiplonte
contém alternância de
gerações uma geração
gametófita- fase haploide e a
geração esporófita- fase
diploide. Este ciclo
caracteriza-se ainda por ter
meiose pré-espórica. Na
época da reprodução surgem
nos folíolos na página
inferior do limbo das folhas
soros. Estas estruturas são
constituídas por esporângios
onde ocorrem meioses para a formação dos esporos que são libertados quando maduros.
Estes germinam e originam o protalo (estrutura fotossintética). Este constitui o
gametófito que possui anterídios localizados nos rizoides que formam os anterozoides e
o arquegónio que se localiza na zona da invaginação que produzem as oosferas. Os
anterozoides nadam até à zona da invaginação onde vão fecundar a oosfera (fecundação
externa). Deste processo surge um zigoto que por sucessivas mitoses dá origem a uma
plântula que cresce no protalo (esta plântula não é parasita do protalo do ponto de vista
nutritivo sendo que vai desenvolver raízes). Esta plântula ao crescer dá origem ao
polipódio adulto, o esporófito.
As briófitas (onde estão incluídos os
musgos) reproduzem-se por alternância
de gerações, ciclo haplodiplonte. A fase
gametofítica é mais desenvolvida e
duradoura no ciclo de vida dessas
plantas e caracteriza-se por ser uma fase
haploide. A fase esporófita, por sua vez,
é diploide e é uma fase de vida
passageira. Após a fecundação observa-
se a formação do zigoto que por mitoses
forma o esporéfito que se desenvolve
sobre o gamatéfito femenino. Neste
esporófito forma-se uma capsula na
qual se formam esporos por meiose. Estes ao serem libetados germinam e dão origem
ao protonema. Este transforma-se então em gametófito femenino (com arquegónio) ou
masculino(com antererideo).

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O ciclo do
protista que
provoca a
malária,
haplodiplonte,
é um pouco
mais
complicado.
Este protista,
Plasmodium
falsiparim, é
transportado
pelo mosquito
Anopheles. O
ciclo começa
quando o
mosquito
fêmea
Anopheles
morde uma
pessoa injetando os esporozoítos através da sua substância salivar. Estes esporozoítos
entram na pele e viajam para o fígado através do sistema circulatório sanguíneo. No
fígado estes multiplicam em células hepáticas, merozoitos, estes rebentam então com as
células do fígado, sendo que depois retomam o sistema circulatório. Merozoitos infetam
hemácias, onde se desenvolvem através de vários estágios e ao rebentar as hemácias
surgem os primeiros sintomas da doença. Os gametócitos formados a partir de alguns
merozoitos são depois obtidos por um mosquito Anopheles que venha a picar a pessoa
infetada (infetando também o mosquito). Os gametas formados no gametócitos fundem-
se com os existentes no mosquito ocorrendo a fecundação, forma-se um zigoto que
através de meioses formam o oocisto neste surgem os esporozoítos que após o
rompimento do oocisto migram para as glândulas salivares do mosquito.

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Tipos de reprodução vantagens e desvantagens

Tipo de reprodução Vantagem Desvantagem


Assegura a formação de Pouca variabilidade genética.

clones, devido a ser a


mitose o processo de
divisão nuclear.
Todos os indivíduos podem Os indivíduos estão muito bem-
originar descendência adaptados a um tipo de meio,
Reprodução assexuada não suportando as alterações
ambientais

Processo rápido e com pouco


dispêndio de energia.
Origina muitos descendentes Não favorece a evolução das
espécies
Os indivíduos possuem uma Processo lento
grande variabilidade de
características
Reprodução sexuada A diversidade de características Grande dispêndio de energia
permite às espécies uma maior
capacidade de sobrevivência e a
evolução para novas formas

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Evolução biológica e sistemática dos seres vivos

Unicelularidade e multicelularidade

A enorme diversidade de seres vivos resultou de um longo e atribulado processo


evolutivo.

Recorda: As células podem ser procariontes ou eucariontes. A célula procarionte


não contém núcleo individualizado, nucléolo, sendo que o material genético se
encontra disperso no citoplasma. Esta não tem organismos membranares, têm uma
estrutura simples e são mais pequenas que as eucariontes. A célula eucariótica
contém núcleo individualizado, organitos membranares e estrutura complexa. Estas
podem ser animais ou vegetais sendo que as vegetais contem cloroplastos vacúolo
central e parede celular.

Estima-se que os primeiros seres procariontes surgiram há 2,5-2,0 mil milhões de anos
atrás no pré-câmbrico. Sendo que as células procarióticas surgiram há 3,8-3,5 mil
milhões de anos e as cianobactérias há 3,5. Com base nestes dados supõem-se que as
células procariontes podem ter estado na origem da vida na Terra e que as células
eucariontes possam ter sucedido destas. Desta forma seguindo estas suposições
formaram-se vários modelos explicativos de como seria possível a evolução de seres
procariontes a eucariontes. Destas teorias destacam-se duas:

o Modelo autogénico
o Modelo endossimbiótico

Modelo autogénico

Este modelo sugere que os seres eucariontes são o resultado de uma evolução gradual
dos seres procariontes. Numa fase inicial, as células desenvolveram sistemas
endomembranares resultantes de invaginações da membrana plasmática. Algumas
dessas armazenavam o DNA, formando o núcleo. Outras evoluíram no sentido de
produzir organelos semelhantes ao reticulo endoplasmático. Posteriormente algumas
porções do material genético abandonaram o núcleo e evoluíram sozinhas no interior de
estruturas membranares (mitocôndrias e cloroplastos). Estas células teriam dimensões
aproximadas à dos procariontes.

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Ponto negativo:
Esta hipótese pressupõe que o
material genético do núcleo e
dos organelos tenha uma
estrutura idêntica. Contudo tal
não se verifica. O material
genético destes organelos
apresenta maior semelhança
com o das bactérias autónomas
do que com o do núcleo.
Modelo Endossimbiótico

Esta foi iniciada por Konstantin


Mereschkowsky (nome não
importante), no entanto na sua
época não foi possível
apresentar as provas
necessárias. Mais tarde Lynn
Margulis retomou a hipótese que sugeria que as mitocôndrias e cloroplastos tivessem
tido origem em seres anteriormente livres. Nesta teoria sugere-se que um ser procarionte
de menor tamanho endossimbionte ou uma célula hospede tenha cido incorporada por
outra de maiores dimensões, tendo estes uma relação simbionte, passando a formar um
único ser. As primeiras relações terão cido estabelecidas com ancestrais das
mitocondrias, seres com capacidade de produzir energia utilizando o oxigénio no
processo de degradação de compostos orgânicos. Por outro lado, um outro grupo de
procariontes, semelhantes às atuais bactérias desenvolveream a capacidade de produzir
compostos organicos, utilizando energia luminoza. A associação destas, acenstrais dos
cloroplastos constituiu vantagens evidentes.

Esta é a teoria mais aceite pela comunidade cientifica. Porém, não explica tudo,
nomeadamente a formação do nucleo e outros organelos intrecelulares para além das
mitocondrias e cloroplastos.

Contudo tem como pontos a favor:

o O facto das mitocondrias e cloroplastos se assemelharem a bactérias;

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o Os cloroplastos e mitocondrias terem o seu próprio genoma e produzirem a sua
membrana interna, dividem-se independentemente da célula e contém moléculas
de DNA circular.
o Os ribossomas destas são semelhantes em tamanho e caracteristicas bioquimicas
aos procariontes. É possivél encontrar ainda hoje associações simbióticas entre
bactérias e eucariontes (mas só em alguns).

Nota: As giardias são descendentes que não captaram mitocôndrias e cloroplastos,


mas contém todos os requisitos de células eucariontes e ainda existem nos dias de
hoje.

A Multicelularidade

Quando uma célula aumenta de tamanho, verifica-se que a razão entre superfície e o
volume diminui, ou seja, o
volume aumenta mais do que a
superficie (membrana), e é por
este mesmo motivo que se
começou a dar a divisão
celular. Este processo apenas
se deu pois a taxa de
metabolismo por quantidade de trocas com o exterior por parte da célula aumentasse
significaria que os gastos eram maiores que a produção de matéria logo ou esta célula
passava a dividir-se, apresentar multicelulariedade ou reduzia o metabolismo.

Deste modo surgiram os primeiros agregados de seres eucariontes- as colónias. Estas


apresentariam alguma diferenciação entre as células funcionando como um “ser”.
Inicialmente todas as células das colónias desempenhavam
a mesma função contudo com o passar do tempo, algumas
células destes agregados ter-se-ão especializado.Como a
volvox.

A volvox é um género de algas verdes que formam


colónias. Esta é uma alga unicelular que apresenta dois
flagelos (biflagelada) que unindo-se por prolongamentos
citoplasmáticos e bainhas, formam uma esfera oca. As

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células da camada externa através dos seus flagelos emprimem movimento à colonia.
Nesta colónia podem destinguir-se dois tipos de células: somáticas (movimento e
nutrição) e reprodutoras.

A existencia de colonias tem extrema importancia pois admite que a multicelularidade


possa ter surgido por evolução de seres como a Volvox. Podemos assim estabelecer as
colónias como passo para a multicelulariade.

Vantagens da multicelularidade

A multicelularidade apresenta grandes vantagens para evolução da vida na Terra,


nomeadamente:

o A grade diversidade de formas e de funcionalidades possibilitou a adaptação a


diferentes ambientes
o Foi possível a sobrevivência de seres de maiores dimensões sem comprometer as
trocas com o meio externo, uma vez que surgiram células ou órgãos
especializados na realização dessas trocas.
o Foi possível aumentar a eficácia na utilização de energia
o Os organismos puderam usufruir de uma maior independência em relação ao
meio externo, pois os vários sistemas de órgãos passaram a contribuir para a
manutenção do meio interno em condições favoráveis à vida.

Evolucionismo e fixismo

Para iniciar este tópico é importante ter


conhecimento que o estado de
conhecimento existente numa
determinada época é uma condicionante
para as explicações que podem ser
avançadas.

A perspetiva evolutiva nem sempre


predominou na ciência, no entanto atualmente retêm maior aceitação pela comunidade
científica.

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Durante séculos admitiu-se que as espécies eram imutáveis ao longo do tempo, teoria
fixista. O Fixismo considerava então que as diferentes espécies de seres vivos eram
permanentes, perfeitas e que foram originadas independentemente umas das outras.
Devido a esta base teórica muitas vezes associa-se o fixismo ao criacionismo e á teoria
da geração espontânea.

No entanto, o trabalhos de cientistas como Lamarck e Darwin fizeram com que hoje em
dia se adopte uma prespetiva evolucionista, isto é, as espécies alteram-se de forma lenta
e progressiva ao longo do tempo. Esta prespetiva foi lancada devido ao aparecimento de
fosseis que nada tinham haver com as espécies que hoje em dia habitam o planeta.

Lamarckismo

Jean-Baptist Pierre Antoine de Monet, cavaleiro de Lamarck foi um grande taxonomista


francês. Este admitiu que os seres vivo provinham de outros seres e que cada espécie
ocupava um lugar na “escala natural”, na qual o Homem ocupava o topo.

Lamarck na sua obra Philosophie Zoologuique a teoria que ficou conhecida por teoria
Lamarckista fundada sobre dois princípios.

o A Leio do uso e desuso


o A Lei da transferência dos caracteres adquiridos

Este acreditava que o ambiente e as necessidades do individuo são as causas


responsáveis pela evolução dos seres vivos. Lamarck defendia que os seres vivos têm
um impulso interior que lhes permite adaptarem-se ao meio quando pressionados por
alguma necessidade imposta pelo ambiente.

A necessidade de se adaptarem às
condições ambientais ditaria
assim um uso ou desuso de
determinados orgão levando à sua
atrofia ou hipertrofia, lei do uso e
desuso.

Estas modificações premitiam


aos individuos uma melhor
adaptação ao meio, sendo

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transmitidas à descendência essas mesmas caracteristicas, lei da transmição dos
caracteres adquiridos.

Alguns exemplos práticos

Alguns exemplos das leis de Lamarck chegaram a ser propostos como o pescoço das
girafas, o das membranas interdigitais das patas dos patos a perda dos membros
posteriores e anteriores pelo lagartos gerando cobras. A mais comum e o melhor
exemplo ilustrativo é o do pescoço das girafas. Estas ao tentarem adaptar-se ao meio em
que viviam e para se alimentar melhor das folhas que ficam nas partes mais altas das
árvores, as girafas começaram a esticar seus pescoços, o que provocou o seu
alongamento. Esta
característica e a
necessidade de comer
folhas em locais mais altos
foram transmitidas por
várias gerações.

O caso dos patos constitui um


exemplo de hipertrofia assim
como o das girafas. Estes pelo uso
esforçado das patas durante a
natação acabaram por criar
membranas interdigitais nestas.

No caso das cobras ocorre a atrofia dos membros posteriores


e anteriores. Estas evoluíram a partir de ancestrais que
apresentavam pernas a corpos curtos. Obrigados, por
modificação ambiental, a rastejar a passar através de aberturas
estreitas, acabavam sendo ápodes a de corpo alongado.

Críticas a Lamarck

Estas explicações foram muito contestadas e entre as críticas sugeriu-se que:

o O facto de a teoria admitir que a matéria viva teria uma “ambição natural” de se
tornar melhor, de forma a que cada ser vivo seria impelido para um grau de
desenvolvimento mais elevado.

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o A lei do uso e desuso não explicar todas as modificações
o A lei da transmissão dos caracteres adquiridos não ser válida. A atrofia ou
hipertrofia não ser transmitida à descendência.

Darwinismo

Em 1831 Charles Robert Darwin partiu a bordo do navio HMS Beagle onde
reconheceu parte dos dados que utilizou para formular a sua teoria no livro A origem
das espécies

o Dados Geológicos (através da teoria de Chales Lyell) – Já era aceite na altura


que a configuração atual da Terra, dos seus oceanos, continentes e cadeias
montanhosas tivesse sido consequência dum fenómeno de mudança constante e
gradual. Semelhantemente, Darwin propôs que a vida também passasse por um
processo de mudança lenta e gradual, que a longo prazo daria origem a novas
espécies.
o Dados Biogeográficos – Na sua viagem, Darwin observou que tanto nas
tartarugas como os tentilhões dos Galápagos, uma mesma espécie, quando
sujeita a condições diferentes, desenvolveria características que a tornassem
mais apta para o seu ambiente, formando, a longo prazo, espécies ligeiramente
diferentes umas das outras, mas ainda assim muito semelhantes, fazendo supor
uma origem única às várias espécies, o que fundamentar a sua teoria.

Outro homem que o influenciou foi Thomas Malthus, com o seu trabalho do
crescimento das populações. Este defendia que a população tende a crescer de forma
geométrica enquanto os recursos alimentares crescem em progressão aritmética, logo
existe um ponto critico em que os recursos não satisfazem as necessidades da
população.

Darwin admitiu então que à semelhança do que acontece com os criadores de animais
(como ele) a Natureza faz uma seleção dos indivíduos reprodutores, seleção natural,
com as diferenças de que são os fatores ambientais que este é um processo evolutivo
lento e gradual.

Este conceito consiste na forma da natureza “selecionar”, dentro de uma determinada


espécie, os organismos mais bem equipados para resistir a uma determinada situação
ambiental. Dentro de uma população há variações naturais e aleatórias,

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independentes do
meio, das
características em
cada indivíduo. Se
um indivíduo A com
uma determinada
característica, por
consequência de
alterações ambientais, ganha vantagem competitiva a um indivíduo B, que não possui
essa característica, então, o indivíduo A vai ter mais facilidade em alimentar-se,
reproduzir-se mais e consequentemente, vai haver na população um crescimento do
número de indivíduos A em relação ao número de indivíduos de B, a este processo
denomina-se reprodução diferencial. Ou seja, uma vez que os indivíduos A são mais
aptos que B, A vai prevalecer enquanto que B vai desaparecer, tornando a população
ligeiramente diferente. A longo prazo, se muitas características forem alteradas, as
diferenças vão ser significativas suficiente para diferenciar as espécies.

Exemplos práticos

Consideremos um exemplo simplificado e hipotético. Nesse exemplo, um grupo de


ratos com variação herdável da cor do pelo (preto vs. amarelo) acabou de se mudar para
um nova área onde as rochas são pretas. Esse ambiente apresenta gaviões, que são
predadores naturais dos ratos. Devido á cor das rochas existentes na região os gaivões
podem ver os ratos amarelos mais facilmente que os ratos pretos.

Deste modo os ratos amarelos são mais facilmente alvo de caça sendo que, uma fração
relativamente maior de ratos amarelos será caçada face à de ratos pretos. Assim, se
olharmos para a proporção entre ratos pretos e amarelos dentro do grupo sobrevivente, a
de ratos pretos será maior do que na população inicial.

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O princípio-chave da teoria da evolução de Charles Darwin é a seleção natural, isto é, a
modificação de seres vivos ao longo de inúmeras gerações de acordo com a capacidade
de se adaptar ao seu ambiente. Uma gazela lenta é devorada pelo leão que, ao matá-la,
não permite que seus genes “lentos” passem adiante. Apenas as gazelas mais rápidas
conseguem se reproduzir e as mais lentas são extintas. O mesmo ocorre com leões
lentos e fracos: não conseguem propagar seus genes. Contudo Darwin não conseguiu
provar como eram transmitidas as caracteristicas vantajosas a determinada população.
Este ao publicar a sua obra foi criticado pela comunidade conservadora da época, com
ideais fixistas e foi caricado em vários jornais da época.

Comparção entre Lamarck e Darwin

Lamarck Darwin
Unidade Evolutiva Individuo População
Agente ativo Esforço e adaptação Meio ambiente
Princípio Lei do uso e desuso Os seres vivos da mesma
fundamentais Lei da transmissão dos espécies apresentam variações
caracteres adquiridos entre si
As populações tendem a
crescer em progressão
geométrica
Luta pela sobrevivência
Características mais aptas
Seleção natural
Transmissão das características
mais aptas à descendência
Acumulação de variações ao
longo dos anos

Principais fatores de Ambiente e necessidades Reprodução diferencial e lei da


evolução do individuo sobrevivência
Papel do ambiente O ambiente constitui um O ambiente exerce uma
fator de evolução devido à seleção natural que fornece aos

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necessidade de adaptação indivíduos que apresentam
dos animais às suas determinadas características
alterações vantagem
Principais críticas A lei do uso e desuso não Falta de explicação como as
apontadas explica todas as características são transmitidas.
modificações Existência de evolução lenta e
A lei da transmissão de gradual constatada pelo registo
caracteres à descendência fóssil existente evidencia
das características mudanças repentinas e fosseis
adquiridas não é válida de transição.

Argumentos do evolucionismo

Argumento da anatomia comparada

A grande diversidade de seres vivos levou á necessidade de os organizar em sistemas de


classificação, sendo que alguns dos sistemas se baseiam no grau de semelhança de
caracteres morfológicos- na anatomia comparada.

A Anatomia Comparada tem fornecido dados que apoiam o Evolucionismo, revelando a


existência de órgãos homólogos análogos e vestigiais nos indivíduos estudados.

o Estruturas homologas- são órgãos que, apesar de desempenharem uma função


diferente, apresentam um plano estrutural semelhante, a mesma posição relativa
e origem embriológica idêntica. Estas são interpretadas como resultado da
seleção natural sobre indivíduos em diferentes meios que enfrentam diferentes
pressões seletivas. Esta situação é designada por evolução divergente, isto é, a
partir de um mesmo
ancestral, devido a diferenças
existentes entre os
indivíduos, ocorre uma
divergência nos organismos
que colonizam diferentes
habitats.

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A seleção natural operada sobre as estruturas originais seleciona aquelas que
permitem uma melhor adaptação dos indivíduos ao habitat colonizado. Estas
estruturas permitem construir séries filogenéticas, que traduzem a evolução dessas
estruturas em diferentes organismos, podendo ser progressivas ou regressivas ou no
caso dos mamíferos a radiação adaptativa.

o Estruturas análogas- são órgãos


que têm uma estrutura e origem
embriológica diferente, mas que
desempenham a mesma função.
As estruturas análogas terão
resultado de pressões seletivas
idênticas sobre indivíduos de diferentes grupos, que conquistaram meios
semelhantes. Neste caso diz-se que correu evolução convergente.
o Estruturas vestigiais- Estas dizem respeito a estruturas atrofiadas, com função
não evidente e desprovida de significado
fisiológico em determinados grupos.
Porém noutros grupos estes podem
apresentar-se bem desenvolvidos e com
significado fisiológico, isto é,
funcionais. As estruturas vestigiais
evidenciam que, contrariamente ao que
defendem os fixistas, os individuos de
uma espécie não se mantiveram
imutáveis, mas foram-se alterando ao longo do tempo, sendo selecionados de
acordo com as condições ambientais.

Argumentos paleontológicos

O registo fóssil é um dos dados que melhor apoiam o evolucionismo. Através da


paleontologia conclui-se que o nosso planeta foi habitado por seres diferentes dos
atuais. Os fósseis de animais já extintos puseram em causa a ideia de imutabilidade
defendida nas teorias fixistas, permitindo concluir que na Terra já existiram seres vivos
muito diferentes daqueles que conhecemos atualmente. Quando o registo fóssil é mais
completo, permite definir percursos evolutivos de determinados grupos, partindo de um
ancestral até às formas atuais – as séries ortogenéticas – através do levantamento das

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modificações que se foram registando ao longo do tempo. Uma série que se encontra
definida é a da evolução dos cavalos. Podemos ainda considerar que existem fosseis que
permitem documentar relações de parentesco (filogenéticas) entre espécies atualmente
muito afastadas estes fosseis designam-se fosseis sintéticas (com características de dois
grupos diferentes) ou de transição (intermédios que correspondem a pontos de
ramificação que conduziram à formação de grupos taxonómicos distintos).

Argumento embriológico

O acompanhamento do desenvolvimento embrionário de diferentes espécies permite


observar homologias (estudo biológico das semelhanças entre estruturas de diferentes
organismos que possuem a mesma origem ontogenética e filogenética). O estudo
comparativo do desenvolvimento embrionário de Peixes, Anfíbios, Repteis, Aves e
Mamíferos permite verificar que os embriões são muito semelhantes nas primeiras
etapas desse desenvolvimento, contudo nas subsequentes as diferenças vão se
acentuando. A embriologia sugere a existência de uma relação de parentesco entre os
diferentes grupos de seres vivos.

Argumento citológico

A universalidade estrutural e funcional do mundo vivo constitui um forte argumento a


favor de uma origem comum. Este baseia-se na teoria celular que enuncia que todos os
seres vivos são constituídos por células e que a célula é a unidade básica estrutural e
funcional comum a todos os seres vivos.

Argumento bioquímico

Nos últimos anos, os estudos da natureza bioquímica vieram dar um impulso notável à
argumentação evolucionista, destacando-se algumas “provas”. O facto de todos os
organismos serem constituídos pelos mesmos compostos
orgânicos (glícidos, lípidos, prótidos e ácidos nucleicos) e
a universalidade do código genético com a intervenção do
DNA e do RNA no mecanismo de síntese proteica. Uma
das formas de estimar a proximidade entre espécies é
através da hibridação do DNA. Nesta técnica, misturam-se
fragmentos das cadeias de DNA desenroladas de espécies
diferentes e espera-se que o emparelhamento ocorra.

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Neodarwinismo ou Teoria Sintética da Evolução

Uma das principais críticas apontadas à Teoria de Darwin era o facto de esta não
explicar o surgimento de “variações naturais” nos indivíduos de uma determinada
espécie, nem o modo como estas eram transmitidas à geração seguinte.

Outra das críticas feitas à teoria de Darwin envolveram a aparente incompatibilidade


com o registo fóssil. O Darwinismo considera a existência de uma evolução lenta e
gradual, mas o registo fóssil conhecido evidencia, por um lado, momentos de evolução
rápida e, por outro, fósseis de transição. Confrontado com esta crítica, Darwin admitia
que faltava ainda encontrar muitos destes fósseis e outros nunca seriam encontrados
devido à erosão das camadas sedimentares que os continham.

O desenvolvimento da tecnologia e da ciência, principalmente no âmbito da Genética,


forneceu os conhecimentos necessários para colmatar as lacunas relativas às “variações
naturais”, no entanto, o registo fóssil continua a ser o “calcanhar de Aquiles” da teoria
de Darwin e subsequentes que seguem os mesmos princípios como é o caso do
Neodarwinismo.

O neodarwinismo assenta então em três pilares

o A existência de variabilidade genética nas populações, consideradas como


unidades evolutivas;
o A seleção natural como mecanismo principal da evolução;
o A conceção gradualista que permite explicar que as grandes alterações resultam
da acumulação de pequenas modificações, que vão ocorrendo ao longo do
tempo.

A teoria neodarwinista é uma teoria completa:

 Explica as causas da variabilidade existente nas populações;


 Explica o modo como essas variações se transmitem à descendência.

Um dos erros mais comuns sobre a evolução é considerar que um organismo, durante o
seu período de vida, sofre evolução no sentido darwiniano. A seleção natural atua em
indivíduos, mas o que evolui são as populações.

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A Teoria Sintética da Evolução ou Neodarwinismo admite que as populações são a
unidade evolutiva e apresentam variabilidade sobre a qual a seleção natural atua,
selecionando os portadores do melhor conjunto de alelos fazendo com que estes passem
com mais frequência para a geração seguinte. A variabilidade das populações resulta
das mutações e da recombinação genética (meiose e fecundação).
Recorda:

Mutações: As alterações hereditárias no genoma dos indivíduos podem levar ao


aparecimento de características novas e favoráveis, na medida em que permitem aos
seus portadores, por exemplo, viver mais tempo ou reproduzir-se mais. As mutações
são, assim, fonte primária de variabilidade genética, introduzindo, em regra, novos
genes ou alterações nos genes existentes e, portanto, novas características nos
indivíduos.

Recombinação genética: Favorece o aparecimento de diversas combinações de genes

✓ Meiose: crossing-over; separação aleatória dos cromossomas homólogos

✓ Fecundação (união dos gâmetas ao acaso)

Deste modo quanto maior a variabilidade, maior será a probabilidade de uma dada
população se adaptar a mudanças que ocorram no meio, pois nesta população podem
existir indivíduos portadores de conjuntos genéticos que sejam favorecidos pela seleção
natural. Logo uma população mais heterogénea tem mais chance de sobreviver a
mudanças drásticas do que uma população homogénea e bem-adaptada a um meio.

É importante ainda ressaltar o que consiste no fundo genético, este é o conjunto de


todos os genes presentes numa população num dado momento. Apesar da seleção
natural atuar sobre o fenótipo de uma população uma vez que este resulta no fundo
genético das populações. Em cada fundo genético a frequência dos genes pode variar.

Tipos de seleção natural

Podemos considerar dois tipos de seleção natural, estabilizadora e evolutiva, sendo que
a evolutiva se pode subdividir em dois tipos direcional e disruptiva:

o Seleção estabilizadora- Reduz a variação, favorecendo as características mais


comuns e eliminando as mais extremas. Torna a população mais homogénea.
Comum em populações muito bem-adaptadas a um ambiente.

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o Seleção direcional (evolutiva)- Em mudanças ambientais favorece as
características mais favoráveis ao novo ambiente. Favorece os fenótipos
extremos, os que se afastam da média, “deslocando” o ponto de ajuste em
direção a um dos extremos de distribuição da característica ao longo das
gerações, alterando gradualmente o fundo genético da população.
o Seleção disruptiva
(evolutiva)- Mudanças
ambientais favorecem
características mais extremas
diminuindo as mais comuns.
A seleção atua em mais que
uma direção.

Fatores de evolução

Existem diversos fatores que podem atuar dobre o fundo genéticos de uma população,
modificando-a. Deste podemos destacar alguns como as mutações, as migrações, a
seleção natural, a deriva genética e o cruzamento ao acaso.

Migrações

Correspondem a deslocações de indivíduos de uma população para outra. Estes podem


ser de imigração ou emigração. Estes conduzem a alterações do fundo genético por
serem responsáveis por um fluxo de genes entre populações.

Deriva genética

A deriva genética é um fenómeno que ocorre em populações de pequeno tamanho e


corresponde à variação do fundo genético, devido ao acaso. Este fenómeno não tende a
acontecer em populações numerosas, em
situações normais. Pode, contudo, verificar-
se quando estas populações são sujeitas a
situações ambientais responsáveis pela morte
de muitos indivíduos, conseguindo
sobreviver apenas alguns deles. Nestas
situações (por exemplo, em caso de pesca
intensivas), os sobreviventes não são

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necessariamente os mais aptos, mas aqueles que, por acaso, foram poupados. Sendo
assim, a geração seguinte, que resultará da reprodução dos sobreviventes, poderá
apresentar variações na frequência dos alelos. Quando as populações são pequenas,
estão, normalmente, sujeitas a deriva genética, podendo existir flutuações consideráveis
na frequência dos alelos de uma geração para a seguinte.

Sistemas de classificação

Antes de começar é necessário entender em que consiste a sistemática. A Sistemática é


ciência que procura compreender as relações de parentesco entre os seres vivos e fazer a
sua história evolutiva, podendo também fazer a sua classificação. A sistemática presenta
os seus resultados por meio da classificação biológica ou taxonomia e inclui a forma
como se dão os nomes aos grupos formados, a nomenclatura.

Os sistemas de classificação que surgiram antes de Aristóteles denominaram-se


práticos e foram criados na tentativa de satisfazer as necessidades básicas, como defesa
e alimentação (animais venenosos e não venenosos, comestíveis e não comestíveis).
Mais tarde surgiu então o sistema de classificação de Aristóteles que dividia os seres
vivos em dois reinos (Plantae e Animalia), que por ser baseado em caracteres
evidenciados pelos seres vivos, passou a denominar-se
sistema de classificação racional. Este sistema de
Aristóteles e mais tarde o concebido por Lineu por
serem baseados num número relativamente pequeno
de características foram designados de sistemas de
classificação racional artificial.

Porém para melhorar estas classificações surgiram os sistemas de classificação


naturais, em que a classificação tem por base uma organização dos grupos segundo o
maior número de características possíveis. Os grupos formados reúnem organismos com
maior grau de semelhança. Uma desvantagem destas classificações é que a identificação
dos grupos a que um organismo pertence é por vezes muito difícil ou mesmo
impossível, se não se dispõe de um conhecimento pormenorizado das características do
individuo.

O posterior desenvolvimento das ideias evolucionistas veio a refletir-se sobre os


sistemas de classificação. Como as espécies se foram diversificando ao longo do tempo,
as classificações deviam refletir as relações filogenéticas entre os organismos. Desta

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forma, surgem os sistemas de classificação filogenéticos, que procuram agrupar os
seres vivos de acordo com o grau de parentesco entre eles, permitindo construir arvores
filogenéticas. Estas são consideradas mais rigorosas em vários aspetos, pois mostram as
relações de parentesco que existem entre os seres vivos e levam em conta o fator tempo
(classificações verticais). Apesar disto, foram propostas várias destas classificações,
consoante os critérios escolhidos e os diferentes pontos de vista sobre as relações
evolutivas, com base nas mesmas características. As relações de parentesco entre as
espécies podem representar-se por árvores evolutivas, filéticas ou cladísticas

Classificação filética ou cladística:

o Pretende traduzir com rigor a relação evolutiva dos seres vivos


o Organização de acordo com o grau de parentesco
o Leva em conta a existência de ancestrais comuns
o Exprime as relações filogenéticas através de diagramas designados por
cladogramas

Classificação fenética (não se preocupa com relações evolutivas)

o Semelhanças morfológicas
o Permite a identificação rápida dos seres vivos, pois agrupam-nos de acordo com
o grau de semelhança

A classificação evolutiva clássica tenta conciliar a classificação fenética e a


classificação cladística, considerando não só as relações evolutivas, mas também os
critérios morfológicos. Assim, examina o maior número possível de caracteres e
determina as suas semelhanças e diferenças, de modo a identificar as relações
filogenéticas.

Árvores filogenéticas:

o História da descendência de um grupo de organismos do seu ancestral comum.


o Relações de parentesco evolutivo entre os seres vivos.
o Semelhanças são decorrentes do facto de todos terem ancestrais comuns.

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Resumindo

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As classificações dos seres vivos em reinos é um bom exemplo do progresso científico.
Começando pela divisão de Aristóteles em dois reinos (Plantae e Animalia). Com a
descoberta do microscópio tornou-se evidente que certos organismos não pertenciam a
nenhum destes reinos, levando à origem do reino Protista. Finalmente no século XX,
Whittaker reviu as classificações dos seus anteriores, e criou a sua própria, que dividia
os seres vivos em 5 reinos – Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia. Esta divisão
respondia a 3 critérios:

o Organização celular
o Nutrição
o Interações nos ecossistemas

Mais tarde no mesmo século, Woese, ao estudar as bactérias, nomeadamente as suas


sequências de RNA ribossómico, concluiu que havia bactérias tão diferentes umas das
outras como diferentes dos eucariontes. Então, o biólogo propôs que se dividissem os
procariontes em dois reinos: Eubacteria e
Archeobacteria. O sistema de Woese define-
se por ter 6 reinos e 3 domínios.

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Taxonomia e nomenclatura

A Taxonomia é o ramo da Biologia que se ocupa da classificação e da nomenclatura dos


diferentes grupos de seres vivos formados. Tem como finalidade adotar sistemas de
classificação uniformes que expressem, da melhor forma, o
grau de semelhança entre os organismos. À medida que o
conhecimento biológico se foi desenvolvendo, aumentou
também a variedade de características utilizadas em
Taxonomia. Estabeleceu-se, assim, uma hierarquia taxonómica
– o sistema hierárquico de classificação.

Os principais taxas utilizados nas classificações atuais são:


Reino, Filo, Classe, Origem, Família, Género e Espécie. A
espécie constitui a unidade básica de classificação, é constituída
por um conjunto de indivíduos que partilham um mesmo fundo
genético, que lhes permite cruzarem-se entre si e originar
descendência fértil.

A chave dicotómica da atividade permite identificar cada um dos seres vivos através de
um conjunto de características que eles possuem quanto mais semelhantes são, maior o
número de taxa comum a que pertence.

A nomenclatura científica assenta em dois pressupostos:

o representa sempre o mesmo ser vivo independentemente do local onde se


encontra;
o é o único nome válido para esse ser vivo.

Os primeiros sistemas foram feitos em latim pelo que é justificável que ainda se use na
nomenclatura. Existem, contudo, algumas regras de nomenclatura.

 A designação dos diferentes grupos taxonómicos é feita em latim


 As espécies são designadas por um sistema de nomenclatura binominal,
segundo o qual o nome da espécie é formado por duas palavras latinas. A
primeira é um substantivo grafado com inicial maiúscula e corresponde ao

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género a que a espécie
pertence. A segunda
palavra é geralmente, um
adjetivo. Escreve-se com
inicial minúscula e designa-se
restritivo específico.
 Todos os taxas superiores à espécie
possuem uma designação uninominal,
ou seja, é constituída por uma única
palavra, escrita com inicial minúscula.
(Animalia)
 O nome das famílias, nos animais é obtido acrescentando -idae à raiz do nome
de um dos géneros. Nas plantas, o sufixo normalmente utilizado é -aceae
(Canidae e Fagaceae)
 Sempre que uma espécie tem subespécies, utiliza-se uma nomenclatura
trinominal para as designar. Assim escreve-se, normalmente, o nome da espécie,
seguido de um terceiro termo denominado restritivo subespecifico.
 Os nomes genéricos, os específicos e os subespecifico devem ser escritos num
tipo de letra diferente da do texto corrente, em computador deve usar-se o
itálico, mas no papel deve sublinhar-se (importante em exame)

Os taxonomistas dão a cada espécie um nome científico. O nome científico consiste


no género e no restritivo específico ou epíteto específico

o Ervilhas: Género = Pisum; restritivo específico = sativa


o Homem: Género = Homo; restritivo específico = sapiens

A nomenclatura binominal é formada pelas duas partes do nome científico de um


organismo. Foi utilizada e desenvolvida por Lineu. O nome binominal de um
organismo ou epíteto científico, é em latim e inclui o nome do género e o epíteto
específico.

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