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Beatriz Nunes Costa Anos Letivos 2019/2020 e 2020/2021

Geologia 10º e 11º


Resumo ......................................................................................................................... 6

A terra e os subsistemas em interação ........................................................................ 6

Subsistemas Terrestres .......................................................................................... 7

Hidrosfera ............................................................................................................. 7

Atmosfera ............................................................................................................. 8

Geosfera ................................................................................................................ 9

Biosfera................................................................................................................. 9

As relações entre os subsistemas ......................................................................... 10

Rochas, arquivos que relatam a história da Terra ..................................................... 11

Rochas e seus minerais ............................................................................................ 11

Mais além ................................................................................................................... 12

Propriedades químicas ......................................................................................... 13

Propriedades físicas ............................................................................................. 13

Rochas sedimentares ............................................................................................... 17

Sedimentogénese (meteorização, erosão, transporte, sedimentação)..................... 18

Diagénese ............................................................................................................ 22

Rochas sedimentares arquivos da história da Terra .................................................. 28

Medida do tempo geológico e idade da Terra (datação relativa)............................... 29

Fosseis e processos de fossilização ...................................................................... 29

Datação relativa ...................................................................................................... 31

Memórias dos tempos geológicos ............................................................................ 33

Datação absoluta ou radiométrica ............................................................................ 34

Rochas magmáticas ................................................................................................. 36

Definição de magma............................................................................................ 37

Cristalização e diferenciação dos magmas ........................................................... 38

Consolidação de magmas .................................................................................... 40

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Diversidade de rochas magmáticas ...................................................................... 41

Vulcanologia ........................................................................................................... 44

Vulcanismo- manifestações primárias.................................................................. 44

Vulcanismo central.............................................................................................. 44

Vulcanismo fissural ............................................................................................. 45

Composição da lava e tipos de atividade vulcânica .............................................. 47

Vulcanismo- manifestações secundárias ou residuais ........................................... 49

Vulcões e tectónica de placas .................................................................................. 50

Distribuição dos vulcões...................................................................................... 52

Rochas metamórficas .............................................................................................. 54

Fatores de metamorfismo .................................................................................... 55

Mineralogia das rochas metamórficas .................................................................. 57

Tipos de metamorfismo: Regional e de Contacto ................................................. 58

Textura das rochas metamórficas ......................................................................... 59

O ciclo das Rochas .................................................................................................. 60

Princípios básicos do raciocínio geológico .............................................................. 62

O mobilismo geológico ........................................................................................... 64

As placas tectónicas e os seus movimentos .......................................................... 64

Teoria da Tectónica de placas.................................................................................. 66

Formação do Atlântico ........................................................................................ 69

Como se movem as placas? ................................................................................. 70

Deformação das rochas ........................................................................................... 71

Falha ................................................................................................................... 72

Dobras................................................................................................................. 73

Métodos de estudo do interior da geosfera ............................................................... 74

Métodos diretos ................................................................................................... 74

Métodos indiretos ................................................................................................ 75

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Sismologia .............................................................................................................. 78

Teoria do ressalto elástico ................................................................................... 78

Caracterização dos sismos ................................................................................... 79

Parâmetros da energia sísmica- ondas sísmicas .................................................... 79

Efeitos secundários da atividade sísmica ............................................................. 81

Intensidade e magnitude de um sismo .................................................................. 82

Sismos e placas tectónicas ....................................................................................... 83

Dados de propagação de ondas sísmicas e profundidade das descontinuidades de


geosfera (Mohorovicic, Repetti, Gutenberg e Lehmann) .......................................... 83

Minimização do risco sísmico- previsão e prevenção ........................................... 85

Modelo e dinâmica da estrutura interna da geosfera................................................. 85

Outros contributos para o conhecimento da estrutura interna da Terra ................. 87

Um modelo da estrutura interna da Terra ............................................................. 87

Recursos geológicos e exploração sustentada .......................................................... 88

Recursos renováveis e recursos não renováveis ................................................... 88

Recursos energéticos ........................................................................................... 89

Energia geotérmica.............................................................................................. 91

Recursos minerais ............................................................................................... 93

Recursos hidrológicos ......................................................................................... 95

Os aquíferos ........................................................................................................ 95

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A minha questão problema
Como era a Terra antes de mim? (do ponto de vista
geológico)

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Geologia 10 e 11
Resumo

A terra e os subsistemas em interação

Entende-se por sistema qualquer parte do Universo constituída


por massa e energia e que se considere separadamente com a
finalidade de o observar e investigar. Sendo uma área delimitada
do espaço, um sistema possui sempre fronteira (real ou
imaginária) com o meio envolvente, que se designa limite do
sistema.

As inter-relações dos sistemas com o meio circulante são diversas, permitindo-nos


considerar três tipos de sistema:

o Sistema isolado- não existe permuta de matéria


nem energia através das fronteiras.
o Sistema fechado- ocorre intercambio energético
através dos seus limites mas não de matéria.
o Sistema aberto- ocerre intercâmbio de energia e
de matéria através das respetivas fronteiras.

Relativamente aos sistemas podemos ainda fazer uma distinção entre compostos e
simples. Sendo que, quando um sistema é constituído por várias partes disjuntas diz-se
composto e cada parte denomina-se subsistema.

Relativamente à Terra

Esta constitui um sistema composto e fechado pois este realiza trocas de energia com o
meio envolvente, mas as trocas de matéria com o espaço vizinho consideram-se pouco
significantes pois comparado com a massa da terra é irrelevante (resume-se impacto de
meteoritos, de outros corpos celestes e escape para o espaço de pequenas quantidades de
gases de baixa densidade). Deste modo pode retirar-se deste conhecimento algumas
implicações.

o A quantidade de matéria neste sistema é finita e limitada, os recursos naturais


do planeta são tudo o que temos na atualidade e para o futuro.

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o Os materiais poluentes produzidos pela atividade humana acumulam-se no
interior do sistema.
o Quando ocorrem alterações num subsistema essas afetam ou poderão afetar os
restantes subsistemas pois estes são abertos, dinâmicos e interdependentes
uns dos outros.

Subsistemas Terrestres

Os geólogos estudam a Terra como um conjunto integrado de diferentes componentes


em interação, constituído cada um desses componentes um subsistema.
Tradicionalmente, consideram-se quatro subsistemas principais: hidrosfera, atmosfera,
geosfera e biosfera. Como vimos estes funcionam como sistemas abertos entre si e
qualquer alteração num pode desencadear noutro alguma reação.

Hidrosfera

Este compreende toda a água no estado líquido e sólido que se encontra á superfície da
Terra: oceanos, rios, lagos, calotes de gelo, águas subterrâneas entre outros. Para alguns
autores existe ainda a diferenciação da água no estado sólido constituinte de um outro
subsistema a criosfera. A água é o recurso natural mais importante da Terra pois é
essencial para a existência de qualquer forma de vida na Terra sendo esta uma
substância comum a todos os subsistemas da Terra. Esta movimenta-se na Terra como
já sabemos através do ciclo hidrológico.

Recorda: Ciclo hidrológico

O ciclo hidrológico ocorre de forma natural e diversa no planeta Terra. Ele é


possibilitado, principalmente, pela incidência dos raios solares, da inclinação do globo e
da força da gravidade. Assim, o ciclo hidrológico é entendido como o movimento que a
água faz por meio da natureza, sendo ele circular e constante.

Este ciclo pode ser dividido em dois tipos:

Ciclo menor da água: é a etapa de evaporação da água dos rios, lagoas, lagos e oceanos.
Ocorre transformando-se do estado líquido para o gasoso, por causa dos raios solares
que aumentam a temperatura da água.

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Ciclo maior da água: utilizando o solo, o
processo ocorre por meio da absorção da
água infiltrada pelas raízes das plantas.

Este ciclo contém várias etapas


nomeadamente a Evaporação, a
Condensação, a Precipitação, o
Escoamento superficial, a Evapotranspiração e a Infiltração.

Atmosfera

Constitui o involucro gasoso da Terra, sendo, atualmente, constituída por uma mistura
de gases, dos quais o azoto, o oxigénio, o árgon e o CO2 representam 99,98% do
volume. Este subsistema tem funções de primordial importância:

o É o principal regulador do clima


o Protege a Terra dos efeitos das radiações solares, a camada de
ozono
o Protege do bombardeamento das partículas sólidas originárias do
espaço extraterrestre.
o Fornece gases fundamentais à existência de vida

A sua composição atual


demonstra que esta tem uma
percentagem abundante de azoto, no entanto a
sua composição gasosa não se manteve constante
ao longo dos anos. A atmosfera é ainda
constituída por várias camadas sendo que no seu total esta compõe uma extensão de
aproximadamente 1000 Km. Podemos então subdividir a atmosfera em cinco camadas:
troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera e
exosfera. Elas não se distribuem de forma
igualitária e sua distância varia de acordo com a
densidade dos elementos químicos que as
compõem, de forma que, à medida que se
afastam da superfície da Terra, mais rarefeitas
elas se tornam.

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Geosfera

Entende-se por geosfera a parte superficial da Terra que se encontra no estado sólido,
quer na zona superficial quer na profunda da Terra, tornando este o subsistema de
maiores dimensões. (O núcleo externo segundo o modelo
químico, embora esteja no estado líquido pertence a
igualmente à Geosfera). As transformações e os movimentos
que ocorrem na geosfera tronam a Terra um planeta
geologicamente ativo e em constante mutação. Deste
subsistema podemos retirar um ciclo importante o ciclo das
rochas que estudaremos mais à frente.

Biosfera

Esta é constituída por todos os seres vivos que ocupam habitats tão diversos, como a
terra, ar e água. Esta vida encontra-se situada principalmente na zona superficial da
Terra podendo haver exceções. A existência de vida na Terra é um facto único, até ao
momento, no Sistema Solar. A vida encontra-
se atualmente hierarquizada pelo grau de
simplicidade, do mais simples célula, ao mais
complexo, a própria biosfera.

A espécie humana exerce muitas influências


por vezes negativas, sobre os restantes
subsistemas terrestres e por esse motivo
alguns cientistas propõem que a existência humana não faça parte da biosfera, mas sim
de uma designada antroposfera.

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As relações entre os subsistemas

O sistema Terra depende das interações entre os seus subsistemas abertos e podem ser
estabelecidas algumas relações base para provar tal necessidade, nomeadamente a
fotossíntese e o ciclo do carbono.

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Rochas, arquivos que relatam a história da Terra

Tal como vimos na descrição anterior dos subsistemas podemos perceber que o planeta
Terra é um planeta “vivo”, pois encontra-se em constantes transformações quer internas
quer externas. Uma das formas de ler a história desta grande vivacidade é através do
estudo das rochas. Todas estas modificações geológicas, geográficas e biológicas
encontram-se registadas e preservadas ao longo de milhões de anos nas rochas. O estudo
das rochas e dos seus mais pequenos detalhes é fundamental para sermos capazes de ler
o “livro” da história da Terra, dai ser importante destacar primeiros os tipos de rochas
que temos e quais as suas particularidades, os minerais. Existem então três tipos de
rocha: sedimentares, magmáticas ou ígneas e metamórficas.

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Rochas e seus minerais

As rochas são associações compatíveis e estáveis de minerais. Assim o conhecimento


do conceito de mineral e das suas principais propriedades é indispensável ao estudo e à
identificação das rochas, inclusive das rochas sedimentares, pelo que passaremos a
analisá-las.

Um mineral corresponde a uma substância sólida, natural e inorgânica, de estrutura


cristalina e com composição química fixa ou variável dentro de limites bem definidos,
ou seja, tem de ser sólido, formar-se sem a intervenção do Homem, ser inorgânico, ter
estrutura cristalina e ter composição química definida.

Na natureza existem ainda substâncias idênticas aos


minerais, mas por não possuírem estrutura cristalina
designam-se mineraloides, opala e limonite.

Mais além

“Dois irmãos estavam a perfurar na mina de Naica,


no México quando descobriram uma maravilha
geológica, em formação há centenas de milhares de
anos. A gruta do Cristais, ou Cueva de los Cristales, é
uma palácio cintilante revestido pelos maiores cristais
encontrados pelo Homem. […] Estas estruturas
colossais são compostas por um mineral macio chamado selenite e formaram-se a partir
de água subterrânea saturada com sulfato de cálcio, aquecido por uma camara de
magma inferior. À medida que o magma arrefeceu, os minerais na água começaram a
transformar-se em selenite e a acumular-se de forma constante”.

Revista Quero Saber

Para a identificação dos minerais recorre-se a um conjunto de propriedades químicas e


físicas. Estas propriedades determinam-se pela observação e ou realização de testes
simples.

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Propriedades químicas

Pela definição de mineral sabemos que este necessita de ter uma composição química,
fixa ou variável dentro de limites definidos, passível de ser representada por uma
fórmula química.

Existem classificações como a de Dana e Hurlbut que nos apresentam a distinção


mineralógica face ao anião dominante, no entanto de forma mais rudimentar e simples
podemos fazer químicos para fazer a distinção de alguns minerais. Exemplos destes
testes são o caso do teste da efervescência com ácido, permite a identificação de calcite.
O do sabor ou odor, que permite identificar a halite ou sal-gema assim como o enxofre e
a caulinite e alguns teste como o da florescência que identifica a opala ou o de escrever
no papel, a grafite.

Propriedades físicas

Entre as propriedades físicas mais utilizadas na identificação de minerais podem


destacar-se ainda dois tipos de propriedades: óticas (cor, risca ou traço, brilho) e
mecânicas (clivagem, fratura e dureza).

Cor

A propriedade mais obvia na observação de minerais é, em


regra, a cor. A cor resulta da absorção de radiações da luz
branca que incide sobre o mineral. A cor de um mineral deve
ser observada numa superfície de fratura recente, à luz
natural. Muitos minerais apresentam uma cor constante, própria como o azul da azurite
ou o verde da malaquite sendo chamados deste modo idiocromáticos (idiós “próprio” +
khrõma “cor”). Outros como o quartzo ou a calcite, fluorite, turmalina podem ser
incolores, rosa, roxo, amarelo,
branco, etc. denominam-se
alocromáticos (állos “outro” +
khrõma “cor”).

Risca ou traço

O traço ou risca corresponde à cor de um mineral quando reduzido a pó. Para se


determinar esta cor, risca-se uma superfície despolida de uma porcelana com o mineral.

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Esta propriedade é importante pois mesmo
que a cor do mineral varie a risca mantém-
se constante, podendo ser diferente da cor
do mineral.

A cor de um mineral pode variar devido a


impurezas ou variações no arranjo
tridimensional a risca não varia sendo deste modo mais fiável.

Brilho ou lustre

O brilho é a propriedade que se refere à intensidade de luz refletida por uma superfície
de fratura recente do mineral em estudo. Quanto a esta propriedade os minerais podem
ser subdivididos em mineral de brilho metálico, não metálico e submetálico.

O metálico corresponde a um brilho intenso, semelhante ao dos metais e característico


de minerais opacos, o não metálico é característico dos minerais transparentes ou
translúcidos e o submetálico semelhante ao metálico, mas menos intenso.

Dentro do brilho não metálico podem ainda destacar-se algumas variedades:

o Vítreo - semelhante, no aspeto, ao vidro (quartzo, topázio, água marinha);


o Nacarado – semelhante ao das pérolas (biotite);
o Gorduroso - aspeto de uma superfície engordurada (halite);
o Sedoso - semelhante ao da seda (talco);
o Adamantino - aspeto semelhante ao do diamante com um brilho intenso
(diamante);
o Resinoso – como o aspeto da resina (realgar).

Aviso importante:

Âmbar não é um mineral é resina fóssil, no entanto o carvão é um composto mineral


pois embora seja formado de restos vegetais estes já passaram por muitos processos
de carbonatação.

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Clivagem e fratura

A clivagem é a propriedade física que traduz a


tendência de alguns minerais para fragmentarem
por aplicação de uma força mecânica, segundo
superfícies planas e brilhantes, em direções bem
definidas e constantes. Qualquer plano paralelo
ao de clivagem é outro potencial plano de
clivagem.

A clivagem pode basal, cubica,


octaédrica, dodecaédrica, prismática
e romboédrica podendo também ser
classificada como perfeita (calcite),
distinta ou boa (barite) e indistinta ou
pobre (calcopirite).

Podem ser ainda considerados


diferentes direções de clivagem assim como mais que uma num só mineral.

Esta está relacionada com a estrutura cristalina do mineral, resultando do arranjo dos
átomos ou dos iões e do facto das ligações serem mais fracas numa direção que noutra.
Separam-se mais facilmente os planos ligados entre si por forças mais fracas.

A fratura de um mineral é a forma como este se rompe quando


não se parte ao longo de superfícies de clivagem. Esta consiste
na fragmentação do mineral sem uma direção determinada,
sendo que as superfícies de fratura não se repetem
paralelamente a si mesmas pois não existem planos com
ligações mais fracas. Um caso comum apresentado é o quartzo.
Esta pode ser fibrosa, serrilhada ou dentada, igual ou plana e irregular.

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Dureza

A dureza (H) de um mineral é a resistência que ele


oferece ao ser riscado (sulcado) por outro mineral.

Esta está condicionada pela estrutura e pelo tipo de


ligações entre as partículas e por isso pode variar com
a direção considerada.

Para ajudar na decifração da dureza dos minerais em


1822 Friedrich Mohs, criou uma escala, conhecida
hoje por escala de Mohs, baseada na capacidade de
um mineral riscar outro. Nesta escala estão contidos
10 minerais todos de dureza conhecida. Utilizando
esta escala é então possível avaliar a dureza de um
mineral e supor o local onde o mineral testado se
enquadraria na escala.

Diz-se que um mineral é mais duro que outro se, e só se, o riscar e não for riscado por
ele, por outro lado dois minerais contém a mesma dureza se se riscarem ou não
mutuamente. É importante realçar que a utilização desta escala proporciona valores
relativos não absolutos. Quando não temos a escala à mão é possível utilizar outros
materiais.

o Unha do dedo- 2,5


o Moeda de cobre- 3
o Lâmina de canivete-5
o Aço de uma lima- 6,5/7

Densidade

A densidade (d) de um mineral depende da sua estrutura cristalina, nomeadamente da


natureza dos seus constituintes e do seu arranjo, mais ou menos compacto. Esta pode
calcular-se pela divisão da massa pelo volume.

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Isomorfismo e polimorfismo

Isomorfismo (do grego “isos” igual + “morphé” forma) indica-nos minerais que
embora apresentem a mesma forma ou idêntica, ou seja, mesma textura, contém
estruturas cristalinas diferentes. Deste modo temos substâncias isomorfas.

Uma caso comum utilizado para referir este aspeto são as plagióclases, que são silicatos
em que os iões de sódio e cálcio se podem substituir sem que alterem a estrutura
cristalina.

Polimorfismo (do grego “polys” vários + “morphé” forma) refere-se em contradição ao


isomorfismo a minerais que apresentam a mesma estrutura cristalina e, no entanto,
adquirem formas diferentes. O carbonato de cálcio (CaCO3), por exemplo, pode formar
dois minerais diferentes calcite e aragonite. Assim como o carbono (C) que pode formar
diamante ou grafite.

Os minerais mais comuns nas rochas:

Rochas sedimentares

Agora que já conhecemos melhor os constituintes das rochas avancemos para as rochas
em si. Como já sabemos existem três tipos de rochas: sedimentares, magmáticas e
metamórficas.

As rochas sedimentares, são agregados naturais de partículas -os sedimentos – de


natureza inorgânica e/ou orgânica. Embora apresentem tem pouca expressão em termos
volumétricos, cobrem cerca de 75% da superfície terrestre, pois formam-se à superfície
da crusta. Logicamente, seguindo esta linha de pensamento estas terão a capacidade de
relatar muitos dos acontecimentos que se verificam à superfície da geosfera. A

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formação de uma rocha sedimentar
pode então ser dividida em duas
partes a Sedimentogénese
(elaboração dos materiais que vão
constituir a rocha até à sua
deposição) e a diagénese
(transformação dos sedimentos em rochas sedimentares consolidadas por processos
físico-químicos).

Sedimentogénese (meteorização, erosão, transporte, sedimentação)

As rochas que afloram à superfície, principalmente magmáticas e metamórficas, ficam


expostas a condições muito diferentes daquela em que se formaram. Deste modo estas
rochas sofrem alterações químicas e físicas que fazem parte de um processo chamado
meteorização, este é um processo lento.

Nota:

A meteorização e a erosão não são a mesma coisa. A meteorização corresponde à


alteração primária das rochas. A erosão corresponde ao conjunto de processos que
permite remover os materiais resultantes da meteorização.

A meteorização pode dar-se através de processos físicos e químicos. A meteorização


física ou mecânica inclui processos de fragmentação da rocha em pedaços cada vez
menores. A meteorização química requer a alteração a nivél da composição química e
mineralógica formando-se outras estruturas cristalinas que passam a dominar no
ambiente terrestre. Estes processos levam ao degaste das rochas de modo a
individualizarem detritos ou clastos, sedimentos.

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Meteorização mecânica

Neste tipo de meteorização incluem-se processos, tais como a cão da água, a ação do
gelo, dos seres vivos, do calor, o crescimento de minerais e alívio de pressão.

Meteorização Fator Descrição Efeitos


mecânica predominante
Ação da água Água /Vento As águas de escorrência deslocam os Chaminés de fada
sedimentos mais finos, formando
e do vento
colunas que ficam protegidas por
detritos maiores. Tanto a água como o
vento transportam detritos que
chocam com as rochas, acelerando o
desgaste.

Ação do gelo Água e temperatura A água ao mudar para o estado solido, Desagregação da rocha
expande e o seu acréscimo de volume
(corioplastia)
exerce forças que aumentam as
fissuras já existentes nas rochas,
degradando-as

Ação dos Atividade dos seres As sementes, germinando em fendas, Desagregação das rochas
vivos originam plantas cujas raízes se
seres vivos
instalam nessas fendas abrindo-as
cada vez mais. Alguns animais cavam
tuneis favorecendo a degradação.

Ação da Variação da Todos os corpos sofrem variações de Desagregação das rochas


temperatura volume provocadas por variações de
temperatura
temperatura
(termoclastia)

Crescimento Existência de sais Por vezes, a água que existe nas Alargamento e desintegração
/Temperatura fraturas e nos poros das rochas das rochas
de minerais
contém sais dissolvidos, que podem
(Haloclastia) precipitar e iniciar o seu crescimento
exercendo assim, uma força
expansiva, que contribui para uma
maior desagregação das rochas.

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Alívio da Pressão O alívio de pressão, conjugado com a Degradação das rochas em
alteração química, provoca o superfícies planas ou concavas
pressão
aparecimento de camadas
(Esfoliação) concêntricas de capas algo semelhante
às escamas de uma cebola. Este
processo designa-se disjunção
esferoidal

Meteorização química

O processo de meteorização química transforma os minerais das rochas em novos


produtos químicos e a sua ação é tanto mais intensa e facilitada quanto maior for o
estado de desagregação física das rochas. Este tipo de meteorização é mais frequente em
regiões quentes e húmidas, nas quais a temperatura tem um papel importante na
velocidade e dinâmica das reações químicas que se efetuam. Alteram-se então os
minerais primários dando origem a novos, existem vários processos nomeadamente a
dissolução a hidratação/desidratação, a hidrólise e a oxidação/redução.

Meteorização química do granito

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Erosão

Após a meteorização das rochas ocorre a erosão, processo


pelo qual os agentes erosivos, como a água e o vento,
arrancam e separam fragmentos, clastos, da
rocha-mãe. A ação erosiva das águas pode
originar estruturas muito peculiares como
as chaminés de fada enquanto a ação do vendo pode originar estruturas
pendulares.

Transporte

Em regra, os materiais resultantes da meteorização não permanecem no seu local de


formação. A força exercida pelos agentes erosivos é geralmente, suficiente para iniciar o
transporte desses materiais. De entre os agentes de transporte, os mais importantes são a
gravidade terrestre, o vento e a água.

o Transporte pela gravidade terrestre- a força exercida pela aceleração da


gravidade faz com que muitos dos materiais se soltem e deslizem ao longo das
encostas.
o Transporte pelo vento- O transporte pelo
vento pode realizar-se por suspensão,
salteação e deslizamento. O vento atua
sobretudo em regiões áridas como desertos,
sem vegetação, nas quais as partículas são transportadas mais facilmente.
o Transporte pela água- Este é o principal agente de transporte sendo os materiais
transportados em solução ou sob forma de clastos.

No seguimentos dos agentes transportadores podemos enunciar que durante o transporte


os materiais sólido experimentam várias alterações. De entre as modificações
experimentadas pelos detritos destacam-se o arredondamento e a granosseleção.

o O arredondamento consiste na perda de arestas e vértices pelos clastos à medida


que o transporte decorre, pois estes chocam entre si.
Deste modo os clastos angulosos tornam-se mais
arredondados podendo fazer se a relação de quanto
mais arredondados maior a duração do transporte.

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o A granosseleção ou granotriagem ocorre quando o sedimento é separado, de
acordo com o tamanho do grão, pelos agentes de transporte. Ou seja, as
partículas são selecionadas e separadas de acordo com o tamanho, forma e
densidade

De acordo com o curso de um rio os clastos


junto à nascente, normalmente são
depositados os blocos e o cascalho mais
grosseiro, a deposição de areia nas zonas
mais a jusante do rio.

Em locais onde a ação dos agentes de erosão


e transporte se anula ou é muito reduzida,
ocorre a sedimentação. Quando os sedimentos se depositam fazem-no geralmente de
forma paralela entre si, os designados estratos.

Diagénese

A diagénese é o conjunto dos fenómenos físicos e químicos que transforma os


sedimentos móveis e incoerentes em rochas sedimentares consolidadas. Dos fenómenos
que intervém na diagénese, destaca-se a compactação, cimentação e recristalização.

o Compactação- à medida que se vão depositando novos sedimentos, os anteriores


vão se rearranjando e os espaços entre eles, poros, diminuem de tamanho.
Ocorre também um aumento de pressão que influencia a saída de água
diminuindo a porosidade e o volume.
o Cimentação- ocorre a precipitação de substâncias químicas dissolvidas na água
que se agregam ao sedimentos acabando por formar uma massa designada
cimento.
o Recristalização- alguns minerais alteram a estrutura cristalina devido ás
alterações de pressão e temperatura e á circulação de água e outros fluido com
iões. A classificação das rochas sedimentares

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A classificação existente para
este tipo de rochas baseia-se
sobretudo em critérios de
composição química e
mineralógica ou na génese dos
sedimentos que as originam.
Conforme o tipo predominante
de sedimentos podemos
considerar diferentes tipos de
rochas sedimentares: rochas
detríticas, quimiogénicas e
biogénicas.
Existem algumas
particularidades que distinguem
estas rochas todas elas
sedimentares.
Rochas sedimentares detríticas

Estas rochas formam-se a partir de fragmentos sólidos, isto é obtido a partir de outras
rochas pré-existentes, por processos de meteorização e de erosão. A granulometria dos
materiais é variável dai ser importante definir as dimensões destes e as consequentes
rochas que se formam. Deste modo os sedimentos detríticos são classificados em função
do tamanho.

Os depósitos de balastros, areias, siltes e argilas classificam-se como rochas


sedimentares detríticas não consolidadas. Estes formam depois rochas consolidadas

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detríticas que podem conter minerais que foram alterados durante o processo de
sedimentação- minerais de neoformação.

Rochas sedimentares quimiogénicas

No caso das rochas sedimentares quimiogénicas, os sedimentos resultam da precipitação


de substâncias químicas dissolvidas numa solução aquosa. Destes processos dos quais
se analisa a precipitação pode destacar-se a evaporação da água, o que leva à formação
de cristais que se acumulam, evaporitos (halite e gesso). Alguns exemplos comum são
rochas carbonatadas como certos calcários e rochas salinas como o sal-gema ou halite.

Calcários de precipitação

No caso do calcário quimiogénicas, a formação é em meio marinho: a calcite (CaCO3),


é um mineral que se pode formar a partir de sedimentos químicos, nomeadamente iões
de cálcio e bicarbonato. Isto acontece quando os meios marinhos sofrem perda de
dióxido de carbono (devido a forte ondulação, ao aumento da temperatura ou à
diminuição da pressão). Deste modo, para que os níveis de dióxido de carbono que se
perdeu sejam repostos, o equilíbrio químico passa a tender no sentido de formação de
CO2, o que leva a formação de calcite e precipitação desta que, mais tarde, depois de
intensa deposição e de diagénese dá origem ao calcário.

Rochas salinas- evaporitos

Estas resultam da precipitação de sais dissolvidos, pela evaporação da água. O gesso


corresponde a sulfato de cálcio hidratado e o sal-gema por halite que é quimicamente
cloreto de sódio. Este é muito denso e muito plástico. Na Natureza os depósitos de sal
gema quando sob pressão podem ascender através de zonas débeis da crosta, formando
grandes massas de sal, chamadas dogmas salinos ou diápiros.

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Métodos de estudo para o interior da terra (gravimetria)

Quando os locais da superfície terrestre com idêntica latitude e altitude apresentam


os valores reais (medidos com um gravímetro – aceleração da gravidade) diferentes
do valor teórico para esse local, diz-se que ocorre uma anomalia gravimétrica.

Nas zonas montanhosas, não se verificam anomalias gravimétricas positivas.


Admite-se que, em profundidade, existam raízes profundas dessas montanhas,
formadas por rochas de baixa densidade. Essas raízes são muito maiores do que a
zona visível e que mergulham no manto (mais denso).

A presença no subsolo de um domo salino, que tem densidade inferior à das rochas
encaixantes, afeta localmente a aceleração da gravidade, que começa a diminuir nas
proximidades desse local, registando-se uma anomalia negativa.

Rochas sedimentares biogénicas

Os sedimentos que compõe as rochas biogénicas podem ser constituídos por detritos
orgânicos ou por materiais resultantes de uma ação bioquímica. Muitas vezes na
natureza os processos inorgânicos e bioquímicos andam ligados por isso alguns autores
consideram estas rochas quimiobiogénicas. De entre as mais conhecidas destacam-se os
calcários biogénicos (conquífero e recifal) assim como o carvão e o petróleo.

Calcários conquíferos

Muitos organismos aquáticos fixam carbonatos, contendo peças esqueléticas como


conhas, polipeiros, carapaças. Após a morte destes animais, estes depositam-se nos
fundos marinhos. A sua parte orgânica é geralmente decomposta, no entanto as conhas
acabam por ser cimentadas evoluindo para calcários consolidados. Recifais ou
conquíferos.

Com já estudamos existem vários calcários é importante fazer a distinção entre eles. O
quimiogénico e os dois biogénicos.

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Rocha Calcário Calcário recifal Calcário
conquífero
Origem Forma-se por precipitação de É um calcário de É um calcário de
carbonato de cálcio [CaCO3], edificação que resulta da acumulação por exemplo,
caracterização
com a formação do mineral fixação de carbonato de de conchas de
calcite. Esta precipitação é cálcio por seres vivos, molúsculos.
desencadeada pela diminuição nomeadamente corais
de teor em CO2 nas águas
marinhas, em consequência da
atividade de seres vivos (ex.
fotossíntese)

Amostra de
mão

Carvão

Os carvões resultam da decomposição lenta de restos de plantas superiores, em


ambientes aquáticos pouco profundos e pouco oxigenados (pântanos). O sedimento
biogénico, de origem vegetal, a partir do qual se forma o carvão é a turfa. Após este, a
sua génese origina cada vez mais carvões ricos em carbono e pobres em O2 e H o que
faz destes importantes combustíveis fosseis.

O processo de formação do carvão começa então com a presença de detritos vegetais


abundantes que aprofundam rapidamente sendo recobertos por sedimentos terrígenos.
Esta matéria é rica em celulose e lenhina e evolui por diagénese para carvões húmidos.
Este ao afundar e sob a ação de bactérias anaeróbias transformam-se em pasta e com o
continuo afundamento a pressão e temperatura aumenta a presença de substâncias
toxicas gera a morte das bactérias havendo perda de água e voláteis e enriquecimento

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em carbono (Incarbonização). Consoante o grau de evolução forma-se assim diferentes
tipos de carvões.

A formação de turfa o sedimento inicial ocorre geralmente em pântanos, em regra, em


zonas de difícil drenagem de água, a parte inferior de musgos e outras plantas herbáceas
transforma-se devido à ação de microrganismos anaeróbios, num produto carbonoso,
rico em voláteis- a turfa.

Petróleo

O petróleo é frequentemente classificado como rocha sedimentar biogénica. Contudo


em classificações atuais este já não é considerado uma rocha. Este forma-se através de
matéria orgânica que migra para os poros das rochas sedimentares, sendo por isso
considerado um fluido ou com “toda a mistura natural de hidrocarbonetos líquidos ou
gasosos”.

Hidrocarbonetos- São compostos químicos constituídos por átomos de hidrogénio e de


carbono, como por exemplo, o propano (C3H8) e o butano (C4H10). A sua formação não
é reproduzível em laboratório.

A formação do petróleo dá-se em ambientes que permitam o desenvolvimento de


fitoplâncton. O primeiro passo deste modo corresponde á deposição destes seres e sua
preservação, dando-se este processo em ambientes aquáticos pouco profundos e
agitados, pobres em O2. A rápida deposição de pequenos sedimentos isola estes restos
orgânicos da ação de decompositores aeróbicos, deste modo o petróleo forma-se no
meio de camadas sedimentares de natureza argilosa ou carbonatada (as rochas-mães).

A compactação e afundamento destas provoca alterações de modo a que as camadas


ricas em matéria orgânica sujeitas a certas temperaturas durante dezenas ou até milhares
de anos se transformem por decomposição anaeróbica no petróleo. Quanto mais tempo
durar o aquecimento ou se este aumentar o
petróleo fica cada vez mais fluido leve
tornando-se no gás natural.

Depois de formado tende a migrar para


níveis superiores dado ser menos denso
que os restantes fluidos da rocha mãe,
contudo para que ocorram acumulações

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consideráveis é necessária a presença de armadilhas petrolíferas, para que se formem
reservatórios de petróleo. A rocha-mãe a rocha cobertura e outras estruturas como falhas
dobras ou dogmas salinos que impedem o movimento do petróleo até à superfície
permitem a formação de jazigos.

Rochas sedimentares arquivos da história da Terra

O estudo dos sedimentos e das rochas sedimentares permite não só fazer a datação de
muitas formações como também reconstituir os ambientes antigos ou paleontológicos
em que a génese da rocha ocorreu. A estratificação é a estrutura mais comum das rochas
sedimentares e resulta do facto da deposição se dar por ação da gravidade na horizontal.
O estrato é a unidade estratigráfica elementar sendo o seu limite inferior o muro e o
superior o teto.

Estrutura sedimentar Indicações paleossedimentares


Estratificação Na sua posição original os estratos são horizontais e Sub-
paralela horizontais.
A individualização de um novo estrato pode resultar;
- Da variação do tipo de sedimentos
-De uma pausa de sedimentação
-De uma alteração nas condições físico-químicas do meio das
condições de sedimentação e de natureza dos sedimentos

Estratificação Na sua posição original, os estratos não são paralelos.


entrecruzada As diferentes inclinações dos planos sedimentares devem-se
essencialmente à variação na direção das correntes de água ou
de vento sendo frequentes, respetivamente, na foz de rios e em
dunas

Sequencia Numa coluna de sedimentação, os sedimentos de maior


granulométrica dimensão, estão na sua base e os de menor dimensão no seu
positiva topo. Em ambientes litorais, este tipo de sequências indicia um
aumento do nivél médio dos oceanos, com transgressão
marinha, o que ocorre em períodos de interglaciação do degelo.

Sequencia Numa coluna de sedimentação, os sedimentos de menor


granulométrica dimensão estão na sua base e os de maior dimensão no sei topo.
negativa Em ambientes litorais, este tipo de sequência indicia uma
diminuição do nivél médio do oceano, com regressão marinha,
o que ocorre em períodos de glaciação.

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Existem diversos ambientes de
sedimentação que se distribuem ao
longo da superfície terrestre. Algumas
rochas (fossilíferas) preservam ainda
determinadas estruturas que ajudam a
desvendar as condições de formação
como é o caso das marcas de
ondulação (observam-se em praias
atuais) fendas de desagregação ou
retração (terrenos argilosos e rochas
antigas), marcas das gostas da chuva e
os icnofósseis.

Medida do tempo geológico e idade da Terra (datação relativa)

Fosseis e processos de fossilização

Um fóssil pode ser definido como o resto ou molde de um organismo que existiu no
nosso planeta, no passado, ou ainda um vestígio da sua atividade, preservado em rochas.

Podemos dividir os fosseis existentes em duas categorias: icnofósseis (fosseis de


vestígios da atividade do ser) e somatofósseis (fosseis de restos somáticos). O conjunto
de processos que leva à preservação de restos ou vestígios de organismos nas rochas
denomina-se fossilização. Existem diversos processos nomeadamente:

o Mumificação- Corresponde a um processo da conservação em que o corpo fica


desidratado e como embalsamado. O organismo é totalmente envolvido num
meio asséptico, resina fóssil, âmbar ou gelo.
o Moldagem- O organismo ou partes dele imprimem um molde em sedimentos
finos que o envolvem ou preenchem. O organismo pode ser destruído, mas o
molde persiste. Podem formar-se (no caso de
conhas) um molde interno e molde externo.
Podem ainda formar-se contramoldes dos
moldes externos e internos. Um dos géneros de
moldagem associado a órgãos achatados é o
caso da impressão

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o Mineralização- Os constituintes das partes duras como ossos, conhas são
substituídos por minerais transportados em solução nas águas subterrâneas que
precipitam.

A presença de fosseis numa rocha pode dar-nos ainda informação sobre o meio
ambiente em que este organismo viveu, mas também sobre a idade da rocha onde o
fóssil se encontra. Assim podemos ter:

o Os fosseis de ambiente [ou de fácies] que nos fornecessem dados sobre o


ambiente existente, tais como temperatura, salinidade, oxigénio. Estes
fósseis contém uma pequena distribuição geográfica e com grande
distribuição estratigráfica, sendo por isso relativos a condições ambientes
muito restritas. Os corais são exemplos de fosseis de fácies.
o Os fosseis de idade [ou característicos] que nos fornecem dados que
permitem determinar a idade das rochas que os contém; são fosseis
correspondentes a espécies de organismos que viveram durante períodos de
tempo geológicos muito curtos e ocuparam grandes áreas dispersas pela
Terra, ou seja, são fosseis que caracterizam determinadas camadas.
Como o caso das trilobites que embora apareçam ao longo do
paleozoico, algumas das suas espécies apenas apareceram
em períodos muito curtos daquela era.

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Datação relativa

Consideremos o exemplo: A Angelina é mais velha que a Ana e mais nova que o
Guilherme. Esta simples frase permite-nos saber a idade relativas destas pessoas
sendo a ordem crescente Ana > Angelina > Guilherme. Caso defina-mos que a
Angelina tem 17 algo muda pois podemos dizer em termos absolutos que a Ana
pode ter idade inferior ou igual à Angelina e o Guilherme idade superior ou igual.
Do mesmo modo que podemos usar a logica com idades podemos utilizá-la com
estratos.

A datação relativa é um processo que permite avaliar a idade das formações rochosas
avaliando umas comparativamente às outras. Neste tipo de datação não conseguimos
dizer que estrato se formou primeiro, mas sim qual o estrato que se formou antes ou
depois.

Relativamente aos estratos a aplicação dos Princípios da Estratigrafia permitem a sua


datação relativa. Existem então 5 princípios:

O princípio da horizontalidade inicial

Os sedimentos à medida que são transportados até uma bacia de sedimentação, por ação
da gravidade, vão formando estratos horizontais.

O princípio da sobreposição

Numa sequencia de estratos não deformados de rochas sedimentares, cada estrato é mais
antigo do que aquele que lhe está por cima e mais recente do que se encontra por
debaixo. Assim numa sequência estratigráfica os estratos serão tanto mais antigos
quanto mais profundos se encontrarem e tanto mais recentes quanto mais à superfície
estiverem.

O princípio da interseção

Segundo este princípio quando um estrato é intersetado por uma estrutura geológica,
como, por exemplo, uma falha ou um filão, a estrutura que interseta é mais recente.

O princípio da inclusão

As inclusões podem ser fragmentos/porções de uma rocha que ficou aprisionada no seio
de outra rocha. A rocha que contém a inclusão é mais recente que a rocha incluída.

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Segundo este princípio, os fragmentos de uma rocha, tais como encraves ou xenólitos,
incorporados noutras rochas são mais antigos do que as rocha que os englobam.

O princípio da Identidade paleontológica

Os fosseis de idade de organismos que viveram um curto período de tempo e que


tiveram uma ampla distribuição geográfica são um dos elementos utilizados para a
datação da Terra, sobretudo através dos estratos sedimentares. Podemos utilizar como
exemplo as trilobites e amonites em que as rochas que as contém foram formadas em
determinados momentos do Mesozoico e do Paleozoico. Assim os fosseis de idade
permitem datar, de forma relativa, as formações geológicas onde se encontram. A
presença de um mesmo fóssil de idade em dois estratos diferentes, mesmo que
separados por quilómetros permitem nos inferir que têm a mesma idade.

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Memórias dos tempos geológicos

A Terra tem cerca de 4600 M.A. e a sua superfície têm vindo a alterar-se desde então.
Tal como nós podemos medir os nossos anos com base em meses semanas dias e horas
a idade da Terra, o tempo geológico pode ser medido com base em várias divisões: éon,
era e período, sendo este conjunto denominado a escala do tempo geológico.

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Datação absoluta ou radiométrica

A descoberta da radioatividade com a consequente interpretação dos seus resultados


permitiu a utilização de elementos radiativos para a determinação da idade de vários
acontecimentos geológicos surgindo deste modo a datação absoluta ou radiométrica.

A datação radiométrica baseia-se na utilização de átomos particulares de certos


elementos químicos- os isótopos. Um determinado elemento químico é isótopo de si
mesmo quando possui o mesmo número atómico e diferente número de massa, sendo
alguns estáveis e outros instáveis. Os instáveis, os núcleos decompõem-se, ou seja, há
lugar à sua desintegração e este processo espontâneo designa-se radioatividade.

Os isótopos radioativos instáveis após um determinado período, registam uma mudança


chamada decaimento radiativo, que os converte num elemento diferente.

Neste processo o isótopo que regista o decaimento denomina-se isótopo-pai e o


resultante deste decaimento isótopo-filho sendo este mais estável do que o que lhe deu
origem.

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A taxa de decaimento
é fixa e não é afetada
pelas condições a que
o isótopo está sujeito.
O tempo necessário
para que ocorra a
desintegração de
metade dos isótopos-
pai em isótopos-filho
denomina-se tempo de semivida ou tempo de meia-vida. Os valores de semivida
obtidos numa determinada rocha até à atualidade permitem-nos datar radiometricamente
a rocha sendo que esses átomos apresentam diferentes valores de semivida.
Limitações da datação absoluta

A escolha do método de datação radiométrica a utilizar irá depender de aspetos tais


como a sua idade espectável (obtida possivelmente por datação relativa), a sua
composição mineralógica, bem como o conhecimento da sua história geológica, sendo
importante analisar fenómenos geológicos aos quais já tenha sido submetida. Deste
modo a determinação da idade absoluta de uma rocha será tanto mais fiável se se
verificarem as seguintes condições.

o O sistema (rocha ou mineral) deve ter permanecido fechado, ou seja, não deve
ter ocorrido perdas ou ganhos de isótopos-filho e isótopos-pai por outros
processos que o decaimento radioativo.
o Deve ser conhecido com o máximo rigor possível o tempo de meia-vida do
isótopo-pai
o A idade da rocha ou mineral deve ser de tal modo alargada que corresponda a
um intervalo de tempo suficiente que permita a desintegração radioativa do
isótopo-pai no isótopo-filho
o A concentração de isótopos-filho e isótopos-pai deve ter de ser em quantidade
que permita a sua determinação
o Deve ser, se possível, conhecida a quantidade inicial do isótopo-filho no
momento da formação da rocha ou mineral a datar, sendo preferível que esta se
encontre a zeros.

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Conceitos chave

Datação absoluta: Processo que permite atribuir uma idade numérica a uma rocha ou
processo geológico

Isótopo radioativo: Forma instável de uma átomo

Tempo de semivida: Tempo necessário para que metade dos átomos-pai se transforme
em átomos-filhos

Rochas magmáticas

As rochas magmáticas ou ígneas formam-se por arrefecimento e solidificação de


magma (material rochoso da geosfera, total ou parcialmente fundido). No interior da
geosfera, a formação de magmas depende do ponto de fusão dos minerais que
constituem os materiais rochosos sendo, assim, condicionada pela temperatura (T) e
pressão (P) a que estão sujeitos, ou seja, a determinada pressão o material funde por
aumento de temperatura, e a determinada temperatura o material funde para diminuir a
pressão. Estas rochas podem ser divididas em dois campos, plutónicas ou intrusivas
que se formam por arrefecimento do magma em profundidade (crusta e manto superior)
e as vulcânicas ou extrusivas que se formam por arrefecimento do magma á superfície
da geosfera ou próximo dela.

Embora o alívio da pressão seja um fator chave para a fusão das rochas e a origem de
magmas, existe também o caso da fusão por hidratação, em que a temperatura de fusão
da rocha baixa devido á presença de água, apesar de os materiais constituintes do manto
permanecerem à mesma profundidade. A junção de água aos materiais mantélicos
desloca o ponto de fusão para temperaturas mais baixas, este processo pode ocorrer nos
limites convergentes de placas.

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Existem diferentes tipos de rochas magmáticas e os seus nomes baseiam se na textura e
composição que apresentam. Estas proveem de três tipos de magmas fundamentais:
basáltico, andesítico e riolitito.

Importante reter:

Um dos fatores que condiciona a fusão de materiais rochosos é a presença de água


nas rochas, que induz uma diminuição do ponto de fusão dos materiais que as
constituem.

Fluxo térmico- Calor perdido á superfície


Gradiente geotérmico- Variação da temperatura mo interior da Terra com o
aumento da profundidade
Grau geotérmico- Nº de metros necessários descer para que a temperatura
suba 1ºC

Á medida que ocorre o arrefecimento e consolidação de magmas e lavas, formam-se


estruturas que contribuem para a reconstituição da história da Terra pois são indicadores
de características paleoclimáticas. É o caso da lava em almofada (pillow lava), da
soleira vulcânica, do dique e do plutão (stocks e batólitos).

Definição de magma

Geralmente, os magmas são gerados em locais onde se verifica uma forte atividade
tectónica, a exemplo do que acontece nos limites de placas convergentes e divergentes.
Porém, existem fenómenos de magmatismo que não ocorrem nestes limites.

Do ponto de vista químico são constituídos por silício, alumínio, ferro, magnésio,
cálcio, potássio, que normalmente, vêm expressos sob a forma de óxidos (SiO 2, Al2O3,
etc.). A quantidade de sílica (SiO2), é um importante parâmetro de classificação dos
magmas, que permite dividi-los em magmas pobres em sílica, ricos em sílica e magmas
de composição intermédia.

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Classificação dos magmas em função da percentagem de SiO 2

Contem cerca de 50% de Contém cerca de 60% de SiO2 e Contém cerca de 70% de
SiO2 e uma pequena bastantes gases dissolvidos
SiO2 e grande quantidade
quantidade de gases
de gases dissolvidos
dissolvidos
Lava básica (pouco viscosa) Lava intermédia Lava ácida (muito viscosa)
Hot spots/ riftes (limites Limites convergentes subducção Limites convergentes (placa
divergentes) (placa oceânica – placa continental / continental- placa continental)
placa oceânica/ placa oceânica)
Manto (fusão peridotito) Origem complexa Fusão rochas da crosta
continental
1000 a 2000ºC  1000ºC 800 a 1000ºC
Gabro/ Basalto Diorito/ Andesito Granito / Riólito
Cristalização e diferenciação dos magmas

Geralmente, os magmas são gerados em locais onde se verifica uma forte atividade
tectónica, a exemplo do que acontece em limites de placas convergentes e divergentes.
Porém existem fenómenos de magmatismo que não ocorrem nestes limites.

Norman Bowen, petrólogo (estuda os constituintes das rochas  estudar petróleo)


observou que os minerais não cristalizam todos ao mesmo tempo. Primeiro cristalizam
os de mais alto ponto de fusão, seguidos dos restantes, por ordem decrescente dos
respetivos graus de fusão. Este processo designa-se por cristalização fracionada e é
um dos processos responsáveis pela diferenciação magmática.

No decurso da cristalização, Bowen verificou que os primeiros minerais a formarem-se


eram a olivina e as plagióclases cálcicas (anortite). Ao longo do arrefecimento do
magma, formam-se outros minerais e, por isso, o quimismo do magma residual vai-se
alterando, relativamente ao magma original, pois muitos dos seus componentes já estão
assimilados na estrutura dos minerais já formados.

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Deste modo Bowen propôs uma série composta por dois ramos:
o Ramo da série de reações descontinua ou dos minerais ferro magnesianos;
o Ramo da série de reação continua ou série das plagióclases.

Da análise da tabela vemos que:

o Após a cristalização completa dos minerais que constituem os dois ramos, a


fração magmática resultante pode apresentar elevadas concentrações de SiO2 e
de metais leves como o potássio e o alumínio
o Cristalizarão após as séries, o feldspato potássico, a moscovite e o quartzo até ao
esgotamento do magma residual.
o Os minerais formados a altas temperaturas são menos estáveis quando
submetidos às condições de meteorização que ocorrem na superfície terrestre. O
quartzo é mais resistente.

A consolidação de um magma
pode envolver três processos:
cristalização fracionada,
diferenciação gravítica e
assimilação magmática.
Como podemos ver através da série de Bowen o magma é uma associação de minerais e
esses minerais têm uma temperatura de solidificação e cristalização própria. Estes

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minerais começam a cristalizar a temperaturas diferentes, numa sequência definida que
depende da pressão e da composição do material fundido.

A fração cristalina separa-se


do restante líquido, por
diferenças de densidade –
diferenciação gravítica –
deixando um magma residual,
quimicamente diferente do
magma original.

Por outro lado, podemos obter a assimilação magmática. A assimilação ocorre devido às
reações do magma e as rochas envolventes. Se o magma se encontra a uma temperatura
superior à do ponto de fusão dos minerais dessas rochas, funde-os e, ao incorporá-los,
altera a sua composição. O magma pode também conservar restos sólidos de rochas
(encraves), que se reconhecem após a consolidação magmática.

Por fim pode ocorrer a mistura de magmas que é quando os magmas basálticos
ascendem, encontram magmas graníticos, misturam-se e originam magmas de
composição intermédia (tipo andesítico)

Consolidação de magmas

Assim nas rochas magmáticas, a formação dos minerais resulta do arrefecimento e da


solidificação do magma. Se este arrefecimento for lento, existem condições para que os

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cristais que se irão desenvolver a partir daquela massa em fusão sejam observáveis a
olho nu. Se, as condições conduzirem a um arrefecimento rápido, não existem
condições para se formarem cristais bem desenvolvidos. As últimas frações do magma
(água, voláteis, sílica e outros solutos minerais) -soluções hidrotermais- podem
preencher fendas das rochas e solidificar, formando filões de um só mineral.

A formação destes minerais como já vimos recorre a uma sequência definida


através da série de Bowen, no entanto é necessário conhecer algumas
condicionantes do meio. Os principais fatores externos que condicionam a
formação de cristais são a agitação do meio em que se encontram, o tempo o
espaço disponível e como é obvio a temperatura. Quanto mais calmo for o meio
mais lento o processo e mais espaço existir mais desenvolvidos e perfeitos serão os
minerais, dando oportunidade ao desenvolvimento de redes cristalinas.

Nota:

A forma dos cristais é dependente das condições do meio, mas a estrutura cristalina
é constante independentemente destas condicionantes.

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Diversidade de rochas magmáticas

A composição das rochas magmáticas tem por base dois critérios fundamentais: a
composição mineralógica e a textura.

Composição mineralógica

Dentro das rochas magmáticas dos minerais que as


constituem podemos destacar os silicatos, SiOx,
sendo que o dióxido de silício é o mais comum SiO2,
tendo este por base desenvolveu-se então uma escala
de acordo com a percentagem de sílica distinguindo
deste modo quatro tipos de rocha, ácidas, intermédias, básicas e ultrabásicas.

Outra propriedade que permite dar a ideia da composição mineralógica das rochas é a
tonalidade geral que apresentam. Minerais como o quartzo, felsdspatos (ortoclases e
plagioclases) e moscovites são minerais de cores claras e pouco densos, chamados de
félsicos (feldspato + silica). A biotite as piroxenas, as anfíbolas e a olivina, pelo facto
de serem ricas em ferro e magnésio apresentam com escura e são designadas por
minerais máficos.

Deste modo quando os minerais predominantes são félsicos como no caso das rochas
ácidas, essas rochas são claras e denominam-se leucocratas. Se os minerais são
dominantemente máficos, como é o caso das rochas básicas, as rochas resultantes
podem ser designadas por melanocratas (escuras). Se a rocha apresenta coloração
intermédia designa-se por mesocrata.

Textura

o Textura fanerítica ou textura granular (com grãos) - rocha formada por


cristais relativamente desenvolvidos e visíveis a olho nu. Este tipo de textura é
característico das rochas intrusivas porque obtém mais tempo para desenvolver
os seus cristais (Gabro/Diorito/Granito). Caso estas contenham mais de 90% de
cristais podem designar-se porfiroides ou holocristalina.
o Textura afanítica ou textura agranular (sem grãos) – os minerais podem
apresentar-se todos cristalizados, mas de pequeníssimas dimensões, ou pode
mesmo formar-se uma pequena porção de matéria não cristalizada. Neste caso, o
aspeto macroscópico da rocha é mais ou menos homogéneo. Esta textura resulta

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de magmas que sofreram arrefecimentos mais rápidos (Basalto/Andesito/Riólito)
Esta textura pode ser considerada porfiroide ou holocristalina caso não atinjam
os 90% de cristais ou ainda caso o valor seja muito inferior a 90% vítrea ou
holohialina, obsidianas.

Tendo em conta a composição mineralógica podemos agrupar as rochas em famílias.

Família do Granito Quando ocorre o choque entre duas placas continentais com consequente
formação de cadeias montanhosas, o forte atrito que se verifica nas zonas
granito
profundas da região vai produzir um aumento de pressão e de temperatura que irá
Riólito
provocar a fusão das rochas constituintes da crusta. Desta forma os magmas
resultantes têm muita SiO2. Formam-se rochas magmáticas ácidas.
Família do Diorito Uma grande parte do manto superior é constituída, essencialmente, por
peridotito, uma rocha holo melanocrata, rica em minerais máficos, como olivina
diorito
e piroxena. Quando uma porção de peridotito se desloca na astenosfera, com um
Andesito
sentido ascendente, a diminuição de temperatura provoca a fusão de minerais
ferromagnesianos, possibilitando a formação de magma basáltico.
Família do Gabro Em alguns locais de colisão de placa oceânica e continental, o magma resultante
provinha da fusão parcial de partes do manto e da crusta sob condições especiais
gabro
Basalto de temperatura e pressão. A água que os sedimentos subductados contém leva á
formação de uma região aquosa e deste modo o magma adquire uma composição
química intermédia, designando-se por andesítico.

Beatriz Nunes Costa Anos Letivos 2019/2020 e 2020/2021


Vulcanologia

O estudo da formação, distribuição e classificação dos fenómenos vulcânicos é


importante na medida em que o vulcanismo é um processo fundamental á formação da
crosta terrestre, as erupções constituem riscos naturais para a sociedade e os materiais
que são libertados durantes as erupções fornecem informações sobre processos químicos
e físicos que ocorrem no interior da terra.

Atualmente acredita-se que a astenosfera é uma das principais fontes de magma, a


mesma rocha fundida que irrompe pela superfície terrestre e que, num processo de
desgaseificação, designa-se por lava.

Distinguem-se dois tipo principais de manifestações vulcânicas: as primárias e as


secundárias ou residuais.

Vulcanismo- manifestações primárias

Estas caracterizam-se pela ocorrência de erupções vulcânicas sendo que nestas são
expelidos para o exterior da geosfera materiais vulcânicos sólidos, piroclastos, líquidos,
lava e gasosos, os gases vulcânicos. As estruturas naturais que permitem a libertação
destes designam-se aparelhos vulcânicos. Como o vulcanismo é um processo superficial
este é responsável pela edificação de formas de relevo. Estas manifestações podem
ainda dividir se em dois tipos: vulcanismo central e fissural.

Vulcanismo central

O aparelho vulcânico designa-se vulcão, que resulta da acumulação de lavas e outros


materiais eruptivos e geralmente é constituída pelo cone vulcânico, chaminé vulcânica,
cratera
vulcânica e
camara
magmática.

Nos flancos
do cone
principal
podem
formar-se
cones

Beatriz Nunes Costa Anos Letivos 2019/2020 e 2020/2021


secundários ou adventícios alimentados pela chaminé principal e pela mesma bolsada
magmática. As rochas no seio das quais se instala a camara magmática denominam-se
rochas encaixantes.

Magma- material de origem rochosa fundido, total ou parcialmente, composto


essencialmente por silicatos (Compostos ricos em sílica e O2). Além da fase líquida, um
magma pode conter uma fase gasosa (composta por vapor de água CO2, SO2 entre
outros) e outra sólida (composta por minerais que se formam no seio do magma ou por
materiais que não chegaram a fundir no processo de formação do magma).
Nota:
Lahar- são fluxos de lama e detritos em consequência da fusão do gelo e neve no
cume de um vulcão ou em consequência de chuvas fortes que transformam
depósitos piroclásticos nomeadamente cinzas em lama, por um fenómeno de
saturação em água.

Formação de caldeiras

O esvaziamento total ou parcial da camara magmática torna o aparelho vulcânico


instável por falta de apoio de sustentação do cone o que pode conduzir ao seu
abatimento- caldeiras vulcânicas- que tem de possuir 1km de diâmetro. A retenção de
água nestas depressões origina lagoas (Lagoa das Sete cidades)

Vulcanismo fissural

As erupções ocorrem ao longo de fraturas da superfície terrestre. Os materiais expelidos


acabam por preencher vales profundos ou de relevo muito acidentados formando vastos
planaltos de acumulação vulcânica.

Materiais expelidos na erupção

Nestas são libertados diversos tipos de produtos nomeadamente piroclastos ou tefra,


lava e gases. Os piroclastos podem resultar de gotículas líquidas, fragmentos de lava ou
de blocos rochosos arrancados do aparelho vulcânico.

Poeira Vulcânica Materiais de dimensões muito reduzidas,


inferiores a 1/16 mm.

Cinzas vulcânicas Fragmentos muito finos, com menos de


2mm de diâmetro, em média, que podem

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ser facilmente transportados pelo vento a
longas distâncias.
Lapili ou bagacina Fragmento com dimensões
compreendidas entre os 2 mm e 64 mm.
Podem ser libertados já solidificados,
formando fragmentos angulosos, ou
podem resultar da consolidação na
superfície de fragmentos de lava
pulverizada, formando fragmentos
arredondados. Quando os fragmentos são
de pedra pomes, ou de outros materiais
de baixa densidade. É aplicada a
designação de bagacina.

Bombas vulcânicas Fragmentos com dimensão superioras 64


mm. São fragmentos de Lava que
solidificam durante o seu percurso aéreo.
Do qual podem resultar uma forma
arredondada característica e com aspeto
vítreo.

Blocos vulcânicos Fragmentos de rocha com dimensão


superior a 64 mm. Projetados na forma
solida, podendo apresentar uma forma
angulosa.

Escoadas piroclásticas (nuvem Emissão de materiais de dimensões


ardente) variadas a elevadas temperaturas, mas em
que as cinzas são dominantes. Devido a
sua elevada densidade deslocam-se
relativamente próximo da superfície.

Escoada de lama ou lahars Emissões de materiais vulcânicos muito


finos que se movimentam saturados em
água.

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Composição da lava e tipos de atividade vulcânica

A quantidade de SiO2 presente numa lava é fundamental para classificar a lava. Estas
podem dividir-se em:

o Lava básica (SiO2 < 50%)


o Lava intermedia (50% < SiO2 < 70%)
o Lava ácida (SiO2 > 70%)

Outro critério para a classificação das lavas é a alta viscosidade e baixa viscosidade
Classificação da lava em Função da viscosidade
Lava Muito Viscosa Lava Pouco Viscosa
Temperatura 800ºC a 1000ºC 1000ºC a 2000ºC
SiO2 Rica em SiO2 Pobre em SiO2
Capacidade de retenção de Dificuldade em libertar Facilidade em libertar
gases
Teor em gases Rica em gases (4% a 6%) Pobre em gases (1% a
2%)

Nota:

Uma rocha proveniente de uma lava viscosa que por muitas vezes contém grandes
quantidades de cavidades ou espaços designados por vesículas denomina-se pedra
pomes. Esta devido ao número de vesiculas pode inclusive ser pouco densas e
flutuar na água.

A solidificação das lavas pode assumir diferentes aspetos em função da sua viscosidade.

o Lava encordoada ou pahoehoe- lavas pouco viscosas que se deslocam com


grande facilidade formando escoadas longas. Após a solidificação originam
superfícies lisas ou semelhantes a cordas. (Nos Açores chamam-se lavas lajes ou
lajidos)
o Lava escoriáceas ou AA- lavas viscosas que se deslocam lentamente. Após
solidificação originam superfícies ásperas, angulosas e muito fissuradas em
resultado da perda rápida dos gases.
o Lava em almofada ou pillow lava- lava viscosa que arrefece dentro de água,
ficando com aspeto de travesseiros sobrepostos uns em cima dos outros.

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Como pode solidificar a lava muito viscosa

o Agulhas vulcânicas, pitões ou neck vulcânico – lava, de elevada viscosidade,


solidifica na chaminé vulcânica funcionando como uma “rolha gigante”
o Domos ou cúpulas- a lava solidifica sobre a abertura vulcânica obstruindo a
cratera
o Nuvem ardente- massas densas de cinzas e gases incandescentes, libertadas
de modo explosivo e dotadas de grande mobilidade, com velocidades que

Resumindo:

Lavas pouco viscosas = gases escapam facilmente = erupções calmas e efusivas

Lavas muitos viscosas = retêm gases = erupções explosivas = destruição total ou


parcial do aparelho vulcânico.

podem atingir dezenas de quilómetros por hora. A sua capacidade destrutiva


é enorme devido à sua elevada densidade. Por vezes os gases expelidos
combinam entre si formando gases tóxicos.

Formato dos cones vulcânicos

Vulcão em Os cones vulcânicos apresentam vertentes


suaves. Resultam da acumulação de sucessivas
escudo ou do
escoadas lávicas, geralmente lavas pouco
tipo havaiano
viscosas

Vulcão Os cones vulcânicos são altos. Resultam da

compósitos ou acumulação de camadas alternadas de


piroclastos acumulados em torno da cratera
estratovulcões
principal ou de adventícias.

Cone de Vulcões de cone de cinzas são vulcões em forma


de cone íngremes construídos a partir de cinzas.
cinzas

Vulcões Não possuem cone vulcânico


São aparelhos constituídos por extensas fraturas,
fissurais
que alternam entre a emissão de lavas pouco
viscosas e a projeção de quantidades enormes de
piroclastos.

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Vulcanismo- manifestações secundárias ou residuais

Nascentes termais

Fontes de água quente com substâncias minerais dissolvidas. Em alguns casos esta água
provém do arrefecimento e condensação de vapor de água que se liberta do magma
(magmáticas ou juvenis). Noutros casos a água libertada das nascentes infiltra-se por
rochas porosas e quando passa junto de rochas aquecidas pela proximidade de camaras
magmáticas ocorre o aquecimento das águas pluviais (meteóricas) e durante a sua
ascensão à superfície contactam com águas frias dai que a sua temperatura seja inferior
à do ponto de ebulição.

Fumarolas

Emissão de nuvens de vapor de água e outros gases, a temperaturas elevadas através de


fendas do aparelho vulcânico. Quando não há mistura com água fria, águas termais, ao
encontrarem uma abertura começam a ferver devido à diminuição de pressão originando
fumarolas.

o Sulfataras (se contém gases ricos em enxofre)


o Mofetas (gases tóxicos)

Geiseres

Jatos de água e vapor quente projetados a grandes alturas, de forma intermitente.

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Vulcões e tectónica de placas

Os fenómenos vulcânicos ocorrem tanto nas zonas de fronteira entre placas tectónicas
(inter-placas) quer no interior das placas (intraplaca).

Vulcanismo de subducção

A convergência de duas placas, obriga ao mergulho da placa mais densa, originando-se,


uma zona de subducção. A partir de certa profundidade, as condições de pressão e
temperatura, induzem a fusão da placa em subducção, dos sedimentos e de parte do
manto, formando-se desta forma, magma. Este tipo de magma de origem pouco
profunda, origina geralmente erupções do tipo de explosivo ou misto.

o Quando temos Placa oceânica- Placa oceânica, formam-se arcos insulares.


o Quando temos Placa oceânica-Placa continental. Origina-se uma cadeia
montanhosa costeira com atividade vulcânica.

Este tipo de vulcanismo representa 80% dos vulcões ativos.

Vulcanismo de vale de rifte

O afastamento de placas tectônicas origina sistemas de fissuras na crusta com milhares


de quilômetros de comprimento, através dos quais um magma ascende a superfície.
Estes magmas muitos deles com formação pouco profunda, originam geralmente,
erupções do tipo não explosivo, efusivas e ou mistas.

Este tipo de vulcanismo representa cerca de 15% dos vulcões ativos.

Vulcanismo intraplaca

Este tipo de vulcanismo explica a existência de ilhas no interior de placas oceânicas e


alguns vulcões isolados no interior dos continentes. Neste caso os magmas, cuja origem
se pressupõe nas zonas mais profundas do manto, desencadeiam geralmente, erupções
do tipo não é explosivo (efusivas e/ou mistas).

Este tipo de vulcanismo representa cerca de 5% dos vulcões ativos.

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Hot spots

Os pontos quentes correspondem a locais da superfície terrestre por onde o magma


proveniente do manto ascende. O movimento da placa tectónica gera um alinhamento
dos vulcões progressivamente mais antigos. Esta cadeia de ilhas começa no vulcão ativo
assente sobre o ponto quente e estende-se num sequencia de montanhas e cadeias
vulcânicas submersas progressivamente mais antigas, extintas e erodidas.

A formação destas deve-se á formação de plumas térmicas que derivam da instabilidade


entre a fronteira núcleo manto que provoca a ascensão de uma coluna de matéria quente
que sobre através do manto. Esta pluma ao atingir a litosfera, devido à descompressão, o
material funde e o magma penetra e derrama á superfície formando mantos de basalto.
Devido à saída do magma podem originar-se vulcões e formar-se-á um ponto quente
sobre o qual se moverá a da placa, originando estas cadeias lineares de vulcões.

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Limites Correspondem a riftes. As lavas são de natureza básica (basálticas/pouco viscosas),
divergentes originando uma atividade vulcânica central ou fissural, do tipo efusivo ou misto

(O-C / O-O) estão associados a O-C a atividade vulcânica forma-se na cadeia


zonas de subducção. Nestes montanhosa que se cria ao lado da crosta
limites de placas litosféricas continental, resultante da colisão das placas.
Limites
geram-se magmas intermédios e Origina-se um conjunto de vulcões paralelos à
convergentes
ácidos (andesíticos/ riolititos fossa oceânica - arco vulcânico continental
muito viscosos) e a atividade O-O origina-se um conjunto de ilhas vulcânicas,
vulcânica é do tipo explosivo. em forma de arco - arco vulcânico insular
Hot spot O vulcanismo intraplaca está associado a pontos quentes. Trata-se de locais onde
(ponto emergem plumas matélicas ou térmicas, que se pensa terem origem entre o manto e

quente) o núcleo externo

Distribuição dos vulcões

As zonas do globo onde ocorre atividade vulcânica coincide, geralmente, com zonas de
elevada sismicidade, sendo que grande parte ocorre no limite entre placas, sobretudo na
fronteira da placa do Pacifico “anel de fogo”.

Risco vulcânico minimização

Alguns riscos associados a erupções vulcânicas


Perigo Danos Minimização de alguns riscos
Escoadas de -Raramente constituem ameaça direta ao ser Identificação de possíveis pontos
lava humano emissores de lava
-Destruição de estradas, edifícios, terrenos de Antecipação do padrão de escorrência da
cultivo
lava
-Incêndios
Controlo das ecoadas através de barreiras,
-Cortes de vias de comunicação
canais e arrefecimento com água

Projeções de Destruição de estradas e edifícios As pessoas devem manter-se afastadas do


piroclastos Incêndios vulcão em atividade
Problemas respiratórios e oculares Uso de capacete de proteção
Intoxicações Proteção de olhos e vias respiratórias
Perigo para aviação civil e militar Desvio das rotas aéreas
Libertação de Intoxicação As pessoas devem manter-se afastadas da
gases Envenenamento fonte de emissão dos gases
Asfixia Proteção de vias respiratórias
O estado eruptivo de um vulcão pode ser considerado ativo, adormecido ou extinto com
base na data da última erupção vulcânica. Caso não tenha entrado em erupção da

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atualidade até ao início do Holocénico e caso apresente sinais de forte erosão este é
dado como extinto.

Basicamente, as regiões onde têm ocorrido erupções vulcânicas nos últimos 10 000
anos, desde a última glaciação, denominam-se regiões de vulcanismo ativo. Caso não
haja registo neste período, o vulcanismo é inativo.

O estudo dos vulcões é importante pois a atividade vulcânica foi importante para
potenciar a origem da vida na Terra, através da libertação de vapor de água e compostos
essenciais à síntese orgânica, para a criação de uma atmosfera primitiva rica em CO 2 e o
surgimento do efeito estufa, as alterações dos mecanismos climáticos, momentos de
extinção em massa e a modelação do relevo continental e oceânico.

Benefícios do vulcanismo

O vulcanismo apesar do seu poder destrutivo pode trazer vários benefícios.

A nivél dos solos, nas regiões sujeitas as atividades vulcânicas os solos são muito
férteis devido à deposição de cinzas vulcânicas. Este facto contribui para o
desenvolvimento da agricultura e da pecuária.

As regiões vulcânicas são autênticos laboratórios naturais, o que permite aos cientistas
estudar os fenómenos vulcânicos e contribuir para o desenvolvimento da Ciência.

As cinzas resultantes da atividade vulcânica e as nascentes termais, por conterem muitos


minerais, são frequentemente utilizadas em tratamentos medicinais, o que contribui para
estimular o turismo destas regiões, o que contribui para a evolução da sua economia.

O calor do subsolo (energia geotérmica) pode ser aproveitado para a produção de


energia elétrica ou para o aquecimento de edifícios do ambiente e de águas, utilizadas
por exemplo na hotelaria.

Durante a atividade vulcânica podem formar-se depósitos de minerais, como por


exemplo o enxofre. Assim, nalgumas regiões vulcânicas a exploração mineira também
contribui para o desenvolvimento económico.

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Rochas metamórficas

As rochas metamórficas formam-se através de um conjunto de processos litológicos


designado por metamorfismo. O metamorfismo consiste numa série de transformações
mineralógicas e estruturais que ocorrem nas rochas que ocorrem nas rochas quando
estas se encontram em determinados estados de tensão, pressão e temperatura mais
elevados do que na sua génese. O metamorfismo consiste num conjunto de processos
lentos e complexos no qual as rochas se mantém sempre no estado sólido.

A atuação progressiva e conjunta dos fatores de pressão e temperatura é responsável por


processos de metamorfismo de larga escala, designados por metamorfismo regional
(que está relacionado com o movimento de placas tectónicas), contudo existem outras
formas de metamorfismo.

o O metamorfismo térmico ou metamorfismo de contacto cujo fator dominante


é a temperatura relacionada com intrusões magmáticas.
o O metamorfismo de impacto cujo fator dominante é a pressão relacionada
como por exemplo com a queda de meteoritos.

As características das rochas metamórficas dependem do tipo de rocha preexistente que


é sujeita a processos de metamorfismo. Sob ação de fatores de metamorfismo, os
minerais de rochas pré-existentes podem recristianizar originando novos minerais. Os
processos metamórficos formam estruturas que contribuem para a reconstituição da
Terra. Podem ainda destacar-se três texturas metamórficas principais a xistosa, a
gnássica e a granular.

Deste modo:
Metamorfismo regional → rochas metamórficas foliadas
Metamorfismo térmico ou de contacto → rochas não foliadas ou
granoblásticas
Metamorfismo de impacto → rochas metamórficas cataclásticas

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Fatores de metamorfismo

A metaforização de rochas pré-existentes, por alteração da sua composição


mineralógica e/ou textura, depende do tipo e da intensidade de certos fatores- fatores de
metamorfismo- que determinam o grau de instabilidade dessas rochas. Os processos
metamórficos são então controlados por diversos fatores nomeadamente a tensão, a
temperatura, os fluidos circulantes, o tempo e a composição da rocha parental.

Tensão

O metamorfismo é um processo geológico intimamente ligado à geodinâmica interna.


As rochas metamórficas são formadas a diferentes profundidades. Á medida que as
rochas aumentam de profundidade na crusta, são sujeitas a campos de tensões quer
devido ao peso exercido pela coluna de material subjacente quer devido aos
movimentos tectónicos. No interior da Terra, as rochas estão sujeitas a dois tipos de
tensão: a tensão litostática e a tensão não litostática ou tensão dirigida.

o A tensão litostática faz diminuir o


volume da rocha durante a
metaforização. Assim, nas rochas
sujeitas a um aumento progressivo de
tensão litostática, os minerais tendem a
ocupar menos espaço, pelo que os
minerais metamórficos são mais densos,
dado os seus átomos e iões ficarem mais
próximos na malha cristalina.
o A tensão não litostática ocorre quando as forças em atuação não são iguais em
todas as direções. Esta influência a textura das rochas porque alinha
paralelamente os minerais que as constituem. Assim, quando uma rocha
apresenta estruturas planares, em resultado do
alinhamento paralelo dos seus minerais, por ação de
tensões dirigidas, diz-se que é uma rocha com textura
foliada. (Podem ser definidos 3 tipos de foliação em
função do grau de metamorfismo, a clivagem
ardosífera, a xistosidade e o bandando gnássico).

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Temperatura

O calor interno da Terra tem uma importante ação sobre a composição mineralógica e
sobre a textura das rochas. Através da ação do calor, as ligações químicas que definem a
estrutura cristalina dos minerais podem ser alteradas ou quebradas.

Quando submetidos a temperaturas superiores a 200ºC, as rochas iniciam o processo de


metamorfismo. Temperaturas desta
ordem são atingidas, sensivelmente a 10
km de profundidade (dependendo do grau
geotérmico), embora não seja linear há
sempre exceções. Quando as rochas são
submetidas a temperaturas da ordem dos
800ºC inicia-se a transição do
metamorfismo para o magmatismo.

Fluidos circulantes

A composição química e, por consequência, mineralógica das rochas pode ser alterada
significativamente pela introdução ou remoção de componentes químicos. Os fluido
libertados por um magma podem transportar iões em solução ou outros elementos
solúveis em águas quentes sob pressão. A circulação destes fluidos no interior das
rochas- circulação intrarrochosa- permite a troca de átomos e de iões entre as rochas e
os fluidos circulantes. Desta reação resulta a metaforização da rocha, por alteração da
sua composição química e mineralógica. Por vezes, ocorre a substituição completa de
um mineral por outro, sem que se verifique uma alteração da textura da rocha.

O tempo

Estes fenómenos são extremamente lentos, por isso o tempo pode ser considerado um
fator.

Composição da rocha parental

A rocha parental pode influenciar o tipo de metaforização e os fatores a implementar


neste processo. No caso de um argilito, rocha rica em água sendo que parte se encontra
nos poros e outra parte da constituição dos minerais desta, ao sofrer metamorfização
sofre uma desidratação progressiva, em função do aumento da temperatura e da tensão.

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A água libertada ira constituir um indutor de metamorfismo, suscetível de transformar o
argilito numa rocha metamórfica.

Mineralogia das rochas metamórficas

A recristalização é a reorganização dos elementos de um mineral original numa


combinação mais estável, devido às novas condições de tensão, temperatura, fluidos
envolventes entre outros. Esta verifica-se através da alteração da estrutura cristalina do
mineral. Uma forma de distinguirmos as rochas metamórficas é através da sua
mineralogia pois existem alguns minerais que são específicos destas- minerais índice
(clorite, estaurolite, silimanite, cianite, andaluzite e epídoto). No entanto estas permitem
inferir O aumento progressivo das condições de pressão e temperatura relaciona-se com
diferentes graus de metamorfismo, sendo considerados o metamorfismo de baixo grau,
o metamorfismo de grau intermédio e o metamorfismo de alto grau.

Nota:

Minerais índice: A identificação destes minerais pode dar indicação ao geólogo das
condições de temperatura e pressão existentes quando da sua formação. São
exclusivos das rochas metamórficas. Ex: andaluzite, a cianite e a silimanite.

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Tipos de metamorfismo: Regional e de Contacto

Metamorfismo Regional

É um tipo de metamorfismo que


afeta extensas áreas na crusta
terrestre tendo origem em
processos que envolvem
contextos tectónicos relacionados
com a convergência de placas.
Este deve-se à existência de
temperaturas e tensões elevadas,
bem como à circulação de fluidos. Quando as condições de tensão e temperatura
ultrapassam determinados valores, nomeadamente a temperatura rondar perto dos
800ºC, entramos no domínio do ultrametamorfismo, o qual marca a fronteira entre o
metamorfismo e o magmatismo.

Metamorfismo térmico ou de contacto

Este é considerado um tipo de metamorfismo local e resulta da instalação de um


magma, a elevadas temperaturas, no seio de rochas pré-existentes. Estas intrusões
metaforizam as rochas circundantes devido, essencialmente à elevada temperatura e à
libertação de fluidos. A orla de rochas alteradas metamorficamente em torno de uma
intrusão magmática designa-se auréola metamórfica. A sua espessura e o grau de
metamorfismo dependem da temperatura do magma, bem como da dimensão da
intrusão e da
profundidade a que esta
ocorre. As rochas de
mais alto grau de
metamorfismo da
auréola designam-se
corneanas. Os calcários
podem originar
mármores e os arenitos
transforma-se em
quartzitos.

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Textura das rochas metamórficas

A textura das rochas metamórficas é determinada pelo tamanho, forma e arranjo dos
minerais que as constituem. O tamanho dos grãos é também importante na determinação
da textura. Podem distinguir-se dois grandes grupos de rochas metamórficas: as rochas
foliadas e as rochas não foliadas ou granoblásticas.

Foliação- Consiste em qualquer estrutura planar de uma rocha que pode ser originada
durante os processos de metamorfismo e resulta, quer de um alinhamento preferencial
de certos minerais anteriores ao metamorfismo, quer da orientação de novos
minerais formados durante os processos de recristalização.

Dentro das rochas não foliadas ou granoblásticas podemos considerar três tipos de
foliação característicos de rochas com baixo, médio e alto grau de metamorfização.

Clivagem Xistosidade Bandano gnássico


A rocha divide-se facilmente ao A rocha divide-se segundo A rocha apresenta alternância de
longo de planos paralelos em superfícies lisas e brilhantes. bandas de cor clara e escura.
folhas finas e baças.
Resulta do alinhamento paralelo Resulta da ocorrência de
Resulta do alinhamento paralelo e crescimento de minerais como intensos fenómenos de
de minerais, como micas, em as micas em rochas de grão recristalização devido às tensões
rochas de grão fino. médio. não litostática.

Característica do metamorfismo Características do Características do


de baixo grau metamorfismo de grau metamorfismo de alto grau
intermédio

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O ciclo das Rochas

A formação de todas as rochas- sedimentares, magmáticas e metamórficas- resulta da


ação conjugada de geodinâmica interna e externa. Os processos geológicos
sedimentares, metamórficos e magmáticos interligam-se através do ciclo das rochas ou
ciclo litológico.

Diagénese

Através deste podemos ver que:

o Os processos sedimentares são impulsionados pela energia solar, gravitacional e


pelo clima. O calor solar fornece energia suficiente para que, na superfície
terrestre ocorra a evapotranspiração, iniciando-se o ciclo da água e,
consequentemente, a meteorização, a erosão e modelação do relevo por
transporte e sedimentação.
o Os processos magmáticos e metamórficos são impulsionados pela energia do
interior da Terra- geotermia- e integram a parte interna do ciclo das rochas.
Desta interatividade externa e interna formam-se as rochas sedimentares
magmáticas e as metamórficas.

A interação dos diversos sistemas permite a ligação entre os diferentes tipos de rocha de
uma forma dinâmica.

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Agora conhecidos os diferentes tipo de rochas somos capazes de interpretar os
processos pelos quais as rochas que podemos observar à superfície se formaram e qual a
sua idade relativa ou até absoluta. As formações rochosas expostas à superfície-
afloramentos- permitem-nos com bases nos conhecimentos adquiridos sobre as rochas
identificar diferentes litologias (tipos de rochas) presentes numa determinada região e
inferir sobre a sua história geológica.

No entanto ainda temos muito a perceber sobre estas!

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Princípios básicos do raciocínio geológico

Como já percebemos a geologia estuda a Terra desde a sua origem à atualidade e


preocupa-se em perceber a formação e estrutura, bem como as sucessivas
transformações que foram afetando os diferentes subsistemas do nosso planeta. Deste
modo foram sugeridas teorias explicativas da evolução da Terra: o catastrofismo, o
uniformitarismo e atualismo e o neocatastrofismo.

Catastrofismo

Até ao sec. XVIII, acreditava-se que a criação da Terra tinha origem divina. O
catastrofismo, teoria catastrofista ou das revoluções surgiu através de Georges Cuvier,
para em combinação com o Diluvio de Noé, explicar as mudanças abruptas ocorridas no
decurso da história da Terra. Este constatou a existência de descontinuidades
importantes e bruscas na fauna “extinções em massa” eram catástrofes, após as quais
surgem períodos de reconstituição. As alterações na terra eram então criadas por
acontecimentos súbitos, sem ciclicidade e catastróficos. Estas catástrofes “revoluções”
aconteciam em partes distintas do globo e só podiam ser estudadas através dos vestígios
fosseis, sendo que estas zonas eram repovoadas por animais de zonas não afetas por esta
catástrofe.

Uniformitarismo e atualismo

Hutton, sábio escocês, considerou que as rochas se formavam por processos naturais e
não devido a qualquer intervenção sobrenatural. As rochas terão se formado por
processos físicos e químicos semelhantes aos que existem atualmente e considerou que
as leis da natureza são constantes no tempo e no espaço (O Presente é a chave do
Passado). A esta uniformidade deu-se a designação de uniformitarismo. Hutton
avançou com a ideia da imensidão do tempo geológico, que a história da Terra, escrita
nas diferentes rochas da crusta terrestre, seria representada pela sucessão de diferente
conjuntos de estratos. Ou seja, Hutton defendeu que o passado pode ser explicado com
base no que se observa hoje, uma vez que as causas de determinados fenómenos do
passado são idênticas às que provocam o mesmo tipo de fenómenos no presente, desta
forma foi defendido o princípio do Atualismo ou das Causas Atuais.

Para Hutton o Uniformitarismo assenta ainda num outro princípio, o Princípio Do


Gradualismo ou Gradualismo Uniformitarista, que nos diz que os processos

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geológicos são graduais e lentos, sem descontinuidades súbitas. Desta forma é possível
explicar fenómenos como erosão ou a formação do vale de um rio, processos que
podem demorar milhões de anos, dai o seu carater tranquilo e gradual. Estas ideias
ficaram conhecidas por Teoria do Uniformitarismo. (Hutton admitiu, contudo, a
existência de fenómenos violentos, como sismos e vulcões)

Esta obra foi fortemente criticada e não teve o impacto imediato na época, mas
gradualmente as suas ideias foram sendo conhecidas e aceites. Seria Charles Lyell, na
sua obra princípios da Geologia a fazer renascer esta teoria uniformitarista, opôs-se ao
catastrofismo, passando a explicar os problemas geológicos a ser olhados e
interpretados com base nas leis naturais.

Nota:

Lyell estudou o vulcão Etna, na Sicília, na tentativa de demonstrar que este não teria
sido construído numa só erupção, mas sim que a estrutura cónica era resultado de
uma lenta acumulação de escoadas lávicas.

A teoria da evolução das espécies, de Charles Darwin foi fortemente influenciada


pelas ideias de Lyell e foi suportada pelo estudo dos fosseis, que mostrou que as
espécies animais e vegetais se sucederam ao longo dos tempos geológicos, de modo
tranquilo e gradual. Verifica-se assim, a aplicação do Uniformitarismo e do
Gradualismo nos estudos biológicos.

O uniformitarismo rompeu a interpretação dos fenómenos geológicos com recurso a


crenças religiosas. No entanto é necessário ter precauções no uso da teoria pois
atualmente considera-se que as forças naturais, responsáveis pelos processos e
fenómenos geológicos não se mantém constantes, podendo variar de intensidade, é o
caso da atividade vulcânica, que se supõe ter sido muito mais intensa do que hoje a
encontramos.

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Neocatastrofismo ou o Catastrofismo Atualista

Esta corrente de pensamento geológico aceita os princípios do Uniformitarismo (que


integra processos graduais e lentos), mas admite a existência de catástrofes (esporádicas
e intensas) - chuvas de asteroides ou cometas- como importantes agentes modeladores
da vida e da geodinâmica terrestre.

O mobilismo geológico

As placas tectónicas e os seus movimentos

É no contexto do uniformitarismo que surgem duas ideias revolucionárias

o No domínio da geologia a Hipótese da Deriva Continental formulada por Alfred


Wegener;
o No domínio da biologia a Teoria da Origem das Espécies de Charles Darwin.
Segundo Alfred Wegener no passado teria existido um único continente- o
supercontinente Pangeia- que se fraturou em diversos continentes e que se
afastaram num processo de deriva continental.

Mobilismo geológico / Fixismo geológico


As novas ideias de Wegener chocaram a visão científica dominante na época, tendo
gerado um debate científico. A ideia mobilista (de mobilidade continental) colidia
com as perspetivas fixistas que propunham a imobilidade dos continentes e dos
oceanos, ao longo dos tempos, numa perspetiva geoestacionária do planeta.

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Wegener apoiou a sua hipótese recorrendo a diversos argumentos:

o Argumento morfológico- Os continentes já


estiveram juntos num único supercontinente, a
Pangeia, mas separaram-se, razão pela qual os
limites dos continentes atuais encaixam como peças
de puzzle;
o Argumento litológico-
comparado a sequência litológica de continentes
atualmente separados, como por exemplo a América do
Sul e Africa, verifica-se uma correspondência muito
próxima na sua composição.
o Argumento paleontológico- A existência de fosseis do
feto Glossopteris e de repteis de habitat terrestre e
água doce (Mesosaurus, Lystrosaurus, Cynognathus),
incapazes de atravessar o oceano, em continentes
atualmente separados, sugere que no passado estes
continentes estiveram unidos. A datação destes fosseis
aponta para idades que vão do Carbonífero ao
Triássico, sugerindo a existência da Pangeia no final
do Paleozoico/ início do Mesozoico.
o Argumentos paleoclimáticos- Fosseis de ambiente
permitem reconstituir zonas com o mesmo clima
Paleozoico, nomeadamente a área continental em
fase da glaciação, há cerca de 300-250 Ma (final do
Paleozoico). A análise do paleomovimento das
massas glaciares indica o afastamento dos
continentes atuais a partir do polo sul.

O encaixe da matriz teoria fazia todo o sentido, no entanto por Wegener não ter
conseguido responder à razão pela qual as placas se teriam afastado ou como tal
sucedia, a sua hipótese foi desvalorizada.

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Mais tarde após o final da 2ª Guerra Mundial, foram desenvolvidos sonares para a
deteção de submarinos e estes foram expostos à comunidade científica civil. Este facto
permitiu um melhor estudo da morfologia dos fundos oceânicos, estabelecendo um
modelo da morfologia oceânica dos seus fundos com um vale central, fossas profundas
e planícies abissais. Assim a maior cadeia montanhosa da superfície da terra encontra-se
submersa e designa-se dorsal ou cadeia oceânica, o centro desta é sulcado por uma vale
- o vale de rifte - ao qual se associa atividade vulcânica.

A quantidade de dados adquiridos levou Harry Hess a formular uma hipótese de como
se expandiram os oceanos, modelo que designou por Hipótese da Expansão do fundo
dos oceanos (a ascensão do magma do interior da Terra ao longo do vale de rifte forma
crusta oceânica a qual se expande em direção às fossas onde é destruída).

Teoria da Tectónica de placas

Após a hipótese da deriva continental e da expansão do fundo oceânico foi proposta a


teoria da Tectónica de Placas, John Wilson propôs então que a superfície da Terra está
dividida em grandes porções de litosfera, cada uma delas constituindo uma placa
litostática. Sendo que algumas suportam um oceano, placas oceânicas e outras parte do
continente e parte do oceano, placas mistas.

Nota:

O conceito de placa continental, enquanto placa que transporta um continente não


tem expressão tectónica atual.

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Recorda:

Para um melhor entendimento do que são as placas litosféricas importa destacar as


propriedades mecânica das diversas camadas que compõe a geosfera. De acordo com o
modelo físico as camadas são definidas por mudanças no estado das rochas que as
constituem. Na litosfera as rochas são sólidas e rígidas, comportando-se como sólidos
elásticos. Na astenosfera as rochas também são solidas, mas podem deformar-se e fluir
muito lentamente, comportando-se como líquidos de alta viscosidade.

Admitiu-se então que a litosfera fraturada em placas rígidas se movia sobre uma camada
com menos rigidez, a astenosfera, em consequência da expansão e subducção dos
fundos oceânicos.

Relação de Tipos de
movimentos limites Exemplos Ação tectónica
entre placas tectónicos

-Atividade vulcânica
fissural ou central

Construtivo -Formação de um vale de


Divergentes rifte continental
Há produção/
Movimentos de
acreção de
afastamento de
litosfera em
placas - Formação e expansão
zonas de rifte dos oceanos
- Formação da dorsal
médio oceânica

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-Subducção da litosfera
-Formação e ascensão de
magma
-Formação de arcos de
ilhas vulcânicas
-Atividade sísmica
relevante
Destrutivo
Convergentes -Formação de cadeias

Movimentos de montanhosas e de arcos
subducção/
aproximação de magmáticos continentais
destruição de
placas -Atividade sísmica
litosfera relevante

- Formação de cadeias
montanhosas localizadas
no interior dos
continentes
-Atividade sísmica
relevante
Transformantes
Conservativo
As Placas
Não há
deslocam-se -Atividade sísmica
produção nem
horizontalmente relevante
destruição de
entre si por ação
litosfera
de
O ciclo das rochas pode também ser interpretado segundo esta teoria que explica a
distribuição dos fenómenos magmáticos, metamórficos e sedimentares

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Formação do Atlântico

1. Fragmentação da pangeia- a Pangeia começa a fragmentar-se por ação de forças


do interior da Terra e inicia-se a ascensão do magma através das fendas
2. Formação do rifte- A zona de fragmentação fica mais delgada, formando-se ai o
rifte por onde ascende magma que ao
arrefecer origina basalto. Este vai divergindo
para um lado e o outro do rifte e empurra
os blocos continentais levando ao seu
afastamento
3. Acumulação de água- Entre os
blocos continentais que se estão a
afastar surge uma depressão onde se
vai acumulando água poderá dar
origem a um mar
4. Formação do oceano-
com o continuo afastamento
dos blocos continentais
depressão aumenta e poderá
formar-se um grande mar ou
até mesmo um oceano

Em síntese:

A teoria da Tectónica de placas explica

o A formação e o crescimento/expansão dos oceanos


o O movimento dos continentes
o A formação de cadeias montanhosas, de acros insulares continentais e de
arcos de ilhas vulcânicas
o A distribuição da atividade sísmica

A presença de fosseis marinhos em ambientes terrestres e as extinções com base


na dinâmica das placas litosféricas

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Como se movem as placas?

O movimento das placas litosféricas pressupõe a existência, no interior da Terra, de uma


força geradora desse movimento, uma força motriz. A geotermia.

A geotermia funciona do mesmo modo que a água de uma panela de sopa ao lume, ou
seja, através de correntes ou movimentos cíclicos os movimentos de convecção ou
convectivos. Pensa-se que os materiais rochosos do manto terrestre descrevem estes
movimentos cíclicos de convecção, porem de forma mais lenta, à escala do tempo
geológico. Deste modo o movimento tectónico de placas é condicionado pelo
comportamento mecânico da astenosfera e da mesosfera que á escala geológica se
deformam e fluem como fluidos de alta viscosidade, permitindo a existência de
correntes de convecção impulsionadas pelo calor. Esta corrente é então a causa do
movimento das placas litosféricas. As zonas de rifte localizam-se nos ramos ascendentes
da corrente e as zonas de fossa nos ramos descendentes.

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Quais as evidencias da expansão do fundo dos oceanos

O campo magnético da terra é um fenómeno natural que pode ser confirmado através da
utilização de uma bussola. Através do estudo dos campos magnéticos e a sua
demonstração no registo geológico, o paleomagnetismo, os cientista concluíram que ao
longo da história da Terra ocorreram várias inversões do campo magnético. Este registo
é possível conhecer através do
estudo de minerais com propriedades
magnéticas (magnetite comum no
basalto) que se orientam de acordo
com o campo magnético da sua formação.

Deformação das rochas

A mobilidade das placas litosféricas é responsável por fenômenos geológicos que


modificam a superfície do planeta. Devido esta mobilidade nas rochas que constituem
as placas litosféricas estão sujeitas a fortes tensões, podendo deformar-se e originar por
exemplo cadeias montanhosas.

Define-se tenção como a força exercida por unidade de área em resposta a um estado de
tenção, as rochas deformam-se, por exemplo, fraturando-se e/ou dobrando-se.

A resposta dada pelas rochas durante os processos


de deformação permite classificá-las em rochas de
comportamento frágil e rochas de comportamento
do dúctil. As rochas de comportamento frágil
quando sujeitas a estados de tensão fraturam-se dando origem a falhas. As rochas de
comportamento que dúctil, quando sujeitas a tensões podem sofrer deformação
permanente sem, no entanto, se fraturarem originando dobras. O comportamento das
rochas depende de fatores como a pressão,
a temperatura a que estão sujeitas bem
como do tipo de rocha.

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Tipos de Tensão Tipos de deformação Tipos de limite
associados associado
Compressivo

Zonas de limite tectónico


convergente

Distensivo

Zonas de limite tectónico


divergente

Cisalhaste

Zonas de limite tectónico


transformante

A mesma rocha pode ser frágil a pequena profundidade e dúctil a grande profundidade.

Falha

Uma falha é uma superfície de fratura ao


longo da qual ocorreu um movimento
relativo, entre dois blocos que separa.
Quando as rochas estão sujeitas a tensões e
perdem (ou não tem) a capacidade de dobrar,
fraturam. Caso de blocos rochosos
resultantes da fracturação se desloquem uns
em relação aos outros dizemos que se

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formou uma falha. Estas deformações formam-se geralmente em condições de baixa
pressão e baixa temperatura à superfície da Terra ou perto dela. Existem diversos tipos
de falhas que dependem do tipo tensões
envolvidas na sua formação (Falha
normal, falha inversa e falha de
desligamento).

O plano de falha o rejeito, a direção, a


inclinação, o teto e o muro são
caracterizadores da falha.

Dobras

Uma dobra consiste no encurvamento de uma superfície originalmente plana. As dobras


formam-se, lentamente, no interior da crosta ou do manto devido a tensões
compressivas que afetam de forma permanente e irreversível camadas de rochas
inicialmente planas. Estas formações formam-se, geralmente, em condições de pressão e
temperatura elevadas. Com a aplicação continuada destas tensões ao longo do tempo e
com a erosão, as rochas deformadas
acabam por ser visíveis à superfície
formando relevos montanhosos.

As dobras podem ser descritas tendo


em conta certos elementos
caracterizadores da sua geometria.

Relativamente à posição espacial das dobras estas podem apresentar a abertura virada
para baixo antiforma, abertura voltada para cima sinforma ou uma abertura orientada
lateralmente dobra neutra. Sempre que seja possível determinar a idade das camadas e
se verificar que o núcleo (conjunto de camadas mais internas da dobra) é ocupado pelas
formações mais antigas trata se de um anticlinal se o núcleo for constituído pelas
camadas mais recentes tratar-se-á de um sinclinal.

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Determinação da atitude de uma camada

Direção – é o ângulo entre a


linha N-S e a linha de
intersecção do plano
horizontal; Inclinação – é o
ângulo entre a linha de maior
declive da superfície com o
plano horizontal.

Métodos de estudo do interior da geosfera

O conhecimento da composição e estrutura do interior da Terra é obtido através de


métodos diretos e indiretos.

Métodos diretos

Os métodos diretos são aqueles que permitem estudar diretamente os materiais que nos
fornecem informação sobre o interior da Terra. Estes métodos de estudo possuem uma
eficácia um pouco limitada, uma vez que, por meio destes só é possível obter
informação sobre uma pequena camada superficial da Terra (cerca de 12 km). Destes
podemos distinguir os métodos invasivos (sondagens geológicas, explorações mineiras)
e os métodos não invasivos (análise de afloramentos rochosos, vulcanismo e dos
processos orogénicos)

Processos Invasivos

Sondagens

Por meios de perfurações são retirados tubos rochosos- designados tarolos ou carotes. A
perfuração mais profunda atingiu cerca de 12 km.

Explorações mineiras

Tanto a céu aberto como em galaria subterrânea permite explorar diretamente a geosfera
e obter amostras do seu interior.

Vulcanismo

A análise do vulcanismo constitui um processo não invasivo do estudo do interior da


geosfera. A atividade vulcânica fornece-nos informações importantes acerca do interior

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da Terra. As erupções vulcânica permitem conhecer materiais cuja génese pode ter
ocorrido a muitos km de profundidade e esses materiais são expelidos para o exterior
graças á atividade vulcânica. A análise destes materiais (lavas, cinzas, entre outros)
faculta-nos informações importantes sobre a composição do interior da Terra (crusta e
manto). Refira-se ainda que o magma na sua ascensão pode “arrancar” fragmentos de
rocha encaixante, xenólitos (xeno = estranho + lito = rocha).

Afloramentos

Os movimentos tectónicos quando colocam materiais rochosos formados em


profundidade á superfície- afloramentos- processos orogénicos ( que levam á formação
de montanhas), seja pela erosão, que vai “limpando” o que está à superfície até colocar
a descoberto as rochas do interior da Terra que permite obter amostras de materiais do
interior desta.

Métodos indiretos

Os métodos indiretos permitem recolher informações sobre as zonas da Terra às quais o


investigador não tem acesso. A interpretação da diferente composição dos meteoritos,
das bandas geomagnéticas dos oceanos, ou o gradiente geotérmico, permitem-nos tirar
algumas conclusões acerca da estrutura interna da Terra.

Geotermia

A geotermia é o estudo da variação da temperatura no interior da Terra. Sendo a Terra


um planeta geologicamente ativo a energia térmica provém de duas fontes
fundamentais: a energia inicial do planeta (resultante do impacto com meteoritos),
relacionada com a origem da Terra e a outra resulta da desintegração de elementos
radioativos presentes essencialmente nas rochas da crusta continental.

A Terra emana constantemente quantidades consideráveis de energia sob a forma de


calor.

o Gradiente térmico- corresponde á taxa de variação da temperatura com a


profundidade.
o Grau geotérmico- O número de metros que é necessário descer para que a
temperatura aumente 1ºC
o Fluxo geotérmico- Transferência de calor do interior para o exterior

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Gravimetria

A Terra tal como os restantes planetas do sistema solar, atrai e


é atraída por todos os corpos do Universo, força de atração
Gravítica (A força de atração de dois corpos é diretamente
proporcional ao produto das suas massas e inversamente
proporcional ao quadrado da distância que separa os seus
centros). A superfície da Terra não é plana nem regular e por
isso o valor da gravidade depende da latitude altitude e da densidade dos materiais.
Medições gravimétricas mostram que a mesma massa pode ter diferentes valores de
aceleração da gravidade quando em diferentes locais da Terra, à mesma latitude e
altitude. Estas variações dignam-se anomalias gravimétricas.

As anomalias gravimétricas,
podem ser consideradas negativas-
no caso das rochas salinas, material
de baixa densidade relativa e estas
são mais deformáveis que as rochas
encaixantes, o que proporciona
tendência a ascender formando
dogmas salinos e afetando
localmente a força gravítica. Estes encontram-se frequentemente associados a jazigos
petrolíferos- e positivas- maciços rochosos por exemplo, mais densos que as rochas
envolventes.

Nas cadeias montanhosas, as anomalias gravimétricas que aí se manifestam nem sempre


traduzem grandes concentrações de massa que aí ocorrem. A isostasia refere-se ao
estudo de equilíbrio gravitacional. Este processo admite que os continentes possuem
raízes profundas e estas serão tanto mais profundas quanto mais altas as cadeias
montanhosas, havendo assim equilíbrio hidrodinâmico.

Método sísmico

Através do comportamento das ondas sísmicas é possível retirar conclusões sobre o


interior da geosfera, uma vez qua as ondas modificam a sua direção de propagação e a
sua velocidade quando atravessam materiais com diferente rigidez. Como o interior da
Terra não é homogéneo a propagação das ondas de diferentes modos permite retirar

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conclusões sobre a densidade, composição, estado físico e a espessura das diferentes
camadas constituintes do interior da geosfera.

Geomagnetismo

A Terra possui um campo magnético, este é cercado por um campo de forças


magnéticas, denominado magnetosfera, que permite que qualquer corpo magnético livre
se oriente segundo a direção dos polos magnéticos Norte e Sul. Este campo muda os
seus polos, em intervalos de tempo irregulares.

Os minerais
existentes no
magma, em
particular os que
possuem ferro e
magnésio na sua
composição,
quando estão a
solidificar ficam
magnetizados e
registam o campo
magnético existente naquele momento. As rochas mantêm a polaridade dos seus
minerais exceto se forem submetidos a uma temperatura capaz do alterar (ponto de
Curie).

Através do estudos das rochas basálticas oceânicas é possível observar estas alterações
de polaridade (bandas magnéticas). Assim quando o magnetismo é idêntico á da
polaridade normal designa-se polaridade normal e quando é oposto polaridade inversa.

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Sismologia

A sismologia é o ramo da Geofísica que estuda os sismos causados pela propagação de


ondas sísmicas, geradas natural e artificialmente. Os sismos ou tremores de Terra são
movimentos vibratórios da geosfera causados pela súbita libertação de energia elástica
armazenada nas rochas. Grande partes dos sismos ocorrem nos limites de placas
tectónicas. Devido ao movimento das placas, que podem convergir divergir ou deslocar-
se horizontalmente, as
rochas estão sujeitas a
estados de tensão. O
comportamento das
rochas sujeitas a estados
de tensão permite a sua
classificação em
comportamento dúctil,
frágil e elástico.

Os sismos formam-se quando as rochas têm comportamento frágil e atingem o seu


limite de elasticidade. Neste ponto de limite as rochas fraturam libertando grande parte
da energia elática acumulada, sendo que os dois lado da fratura sofrem um
deslocamento que se designa resalto elástico.

Teoria do ressalto elástico

Nos limites tectónicos, sujeitos a atuação de forças compressivas, distensivos ou de


cisalhamento ocorre a cumulação de energia elástica. Atingindo-se o limite de
resistência da zona da falha, ocorre o movimento dos blocos os seja, ocorre a rotura da
rocha. A movimentação
brusca ou ressalto provoca a
libertação de energia sob a
forma de ondas sísmicas da
energia elástica acumulada.
O ressalto brusco dos blocos
deve-se à súbita libertação
de energia elástica
acumulada.

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O ambiente geodinâmico gerador de sismos é a litosfera. Por vezes a libertação de
energia sísmica é tal que faz vibrar todo o planeta, designando-se o sismo por terramoto,
sendo precedido e sucedido por sismos menores, réplicas ou abalos premonitórios. Para
além dos sismos tectónico podemos considerar os sismos de origem vulcânica
vulcânicos e sismos secundários.

Caracterização dos sismos

A distância entre o foco e o epicentro


designa-se por profundidade ou distância
focal. Esta pode classificar os sismos em
superficiais (>50 km) sismos intermédios
(50 km a 300 km) e sismos profundos (<300
km).

Parâmetros da energia sísmica- ondas sísmicas

A energia sísmica dispersa-se a partir do foco em todas as direções, através de vibrações


que se propagam nos materiais, as ondas sísmicas. As superfícies esféricas definidas
pelo conjunto de pontos na mesma fase do movimento ondulatório designam-se frente

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de onda. A direção de propagação da onda sísmica
perpendicular à frente de onda denomina-se raio
sísmico. Em regra, devido à composição heterogénea
da Terra, o trajeto das ondas é em regra curvilíneo.

Podemos ainda definir quatro tipos de ondas


sísmicas: primárias, secundárias, de Love e de Rayleigh

Internas (origem no foco):

o Ondas P (primárias)- Deformam os materiais com a alteração do seu volume.


Paralelas á direção de propagação da onda longitudinal. São as primeiras a
ser registadas no sismograma. Maior velocidade de propagação e de menor
amplitude. Propagam-se em meios sólidos líquidos e gasosos.
o Ondas S (secundárias)- Deformam os materiais sem alterar o seu volume.
Perpendiculares à direção de propagação da onda. Não se propagam nos
fluidos nem através dos gases. Propagam-se mais lentamente que as P.

Superficiais (origem na superfície por interveniência das onda P e S):

o Ondas de Love- Movimento de torsão, com corte, geralmente paralelo á


superfície. Perpendiculares à direção de propagação da onda. Apenas se
propagam á superfície a amplitude diminui com a profundidade. Não se
propagam em líquidos.
o Ondas de Rayleigh- Movimento elíptico à superfície. Perpendiculares à
direção de propagação da onda. Apenas se propagam á superfície.
Semelhantes à ondulação marinha. A amplitude diminui com a profundidade.
Propagam-se em meios sólidos e líquidos.

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Efeitos secundários da atividade sísmica

Na sequência de um sismo
pode ocorrer tsunamis ou
liquefação de solos.
Quando o epicentro se
localiza no fundo
oceânico/ crusta oceânica,
pode ocorrer a formação
de ondas gigantes-
maremotos, raz de maré
ou tsunami. A velocidade
de propagação da onda é
diretamente proporcional à
profundidade do oceano.

Quando o epicentro se localiza em áreas construidas por sedimentos saturados em água


e com fraca capacidade de drenagem pode ocorrer a sua liquefação, os sedimentos
perdem a sua coesão comportando-se como um fluido.

Deteção e registo de sismos

Um sismograma regista os tempos de chegada e a amplitude dos vários tipos de ondas


sísmicas. Na ausência de quaisquer vibrações, um sismograma é constituído por linha
mais ou menos retas. As primeiras ondas a serem registadas são as de maior velocidade,
ou seja, as ondas P, depois as ondas S, as de Love e de Rayleigh. O registo de um sismo
em três estações sismográficas permite, a partir dos seus sismogramas, determinar o
local de origem do sismo e localizar o seu epicentro.

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Intensidade e magnitude de um sismo

Um sismo pode ser avaliado de dois modos segundo uma escala de intensidade sísmica
e segundo uma escala de magnitude sísmica.

Intensidade- avalia um sismo em função do grau de perceção que a população teve dele
e do seu grau de destruição.

Para definir a intensidade de um sismo numa determinada área utiliza-se a escala


internacional ou Escala de Mercalli Modificada, com 12 graus.

Os novos métodos de
construção
antissísmica levaram a
que esta escala fosse
restabelecida pela
Escala Macrossismica
Europeia também com
XII graus.

A determinação da intensidade de um sismo em vários locais da superfície, onde foi


sentido e a localização do seu epicentro, permitem traçar isossistas (linhas que unem
pontos onde a intensidade do sismo foi a mesma, permitindo uma melhor visualização
da área afetada pelo sismo.

Magnitude- avalia um sismo


em função da quantidade de
energia libertada no hipocentro
sendo determinada pela
máxima amplitude das ondas
sísmicas registadas nos
sismogramas. É uma grandeza
numérica. Para a calcular
utiliza-se a escala de Richer. Esta escala não tem valor máximo sendo por isso aberta.

Para cada sismo existe 1 e 1 só magnitude e várias intensidades conforme a distância ao


epicentro. Ao contrário da escala de intensidades que é qualitativa, a escala de
magnitude é quantitativa.

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Sismos e placas tectónicas

A distribuição dos sismos a nivél mundial não é aleatória, coincidindo, em geral com o
limite de placas tectónicas, em zonas geologicamente instáveis. O enquadramento destes
permite classificá-los em intraplaca e intraplaca

Os sismos podem ocorrem em zonas de aproximação de placas oceânicas e continental,


aproximação de placas continentais, subducção de placas oceânicas, afastamento de
placas oceânicas, afastamento de placas continentais e movimentos horizontais de
placas

Dados de propagação de ondas sísmicas e profundidade das descontinuidades de


geosfera (Mohorovicic, Repetti, Gutenberg e Lehmann)

Durante a expansão a frente da onda sísmica encontra zonas de separação entre meios
com propriedades elásticas distintas. Estas zonas de separação designam-se
descontinuidade e no interior da geosfera definem-se três principais.

o Entre a crusta e o manto (descontinuidade de Mohorovicic)


o Entre o manto superior e o manto inferior (descontinuidade de Repetti)
o Entre o manto é o núcleo (descontinuidade de Gutenberg)
o Entre o núcleo externo e interno (descontinuidade de Lehmann)

Nestas descontinuidades as ondas sísmicas podem


sofrer reflexão e refração. Assim definem-se três
formas de desenvolvimento de uma onda sísmica
(onda direta (1) - emerge sem interagir com
nenhuma descontinuidade; onda refletida (2) e
onda refratada (3)).

Superfície de descontinuidade de
Mohorovicic ou Moho

Profundidade média de 35- 40 km.


Separa a crosta do mando. As ondas P
e as ondas S ao chegarem a uma
estação sismográfica mais distante,
as ondas S são as primeiras embora o
seu percurso seja o mais longo, os

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materiais por onde passa são mais rígidos do que dos materiais por onde passam as
ondas P atribuindo-lhes uma maior velocidade de propagação. As ondas P era diretas e a
S eram refratadas.

Superfície de descontinuidade de Repetti

Esta descontinuidade, localizada a cerca de 700 km de profundidade, foi obtida a partir


do comportamento das ondas sísmicas ao atravessarem o interior do globo terrestre.
Nela, as ondas sísmicas aumentam repentinamente de velocidade, o que leva a concluir
que o manto superior se encontra num estado mais fluído do que o manto inferior, cuja
viscosidade de aproxima do estado sólido.

Superfície de descontinuidade de Gutenberg

Profundidade média de 2883 km (2900 km), responsável pela zona de sombra em


que as ondas S não aparecem além dos 143º. As ondas S não se propagam a partir da
descontinuidade de Gutenberg; as ondas P refratam-se através do núcleo e a sua
velocidade diminui, devido ao aumento da densidade e da diminuição da rigidez dos
materiais existentes. O desvio
das ondas P origina uma zona de
sombra entre 103º-143º, não
emergindo nem ondas P, nem
ondas S diretas. O núcleo
externo apresenta uma
constituição muito diferente do
mando e propriedades físicas
também devido à alteração no comportamento das ondas sísmicas

Superfície de descontinuidade de Lehmann

Profundidade média de 5150 km,


responsável pela refração e reflexão das
ondas P que as obriga a emergir na zona de
sombra. Isto marca a separação entre o
núcleo externo (líquido) e o núcleo
interno(sólido).

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Em resumo

Minimização do risco sísmico- previsão e prevenção

O perigo da atividade sísmica depende, entre outros, da magnitude, da intensidade do


sismo e da densidade populacional da área em analise.

Alguns danos incluem a formação de fendas, colapso de edifícios e infraestruturas, a


liquefação de solos. Sendo algumas das medidas de minimização a identificação de
zonas de risco, a identificação de falhas ativas, a monotorização das principais falhas
geológicas.

Os modelos de previsão sísmica permitem adotar medidas de proteção das populações


nomeadamente a construção de edifícios sismorresistentes, a definição de planos de
evacuação.

Modelo e dinâmica da estrutura interna da geosfera

Os contributos de Mohorovicic, Repetti, Oldham, Gutenberg e Lehmann, na área da


sismologia contribuíram para o conhecimento da estrutura interna da Terra,
subdividindo-a em crusta, manto, núcleo externo e interno.

A crusta ou crosta é uma camada muito fina quando comparada com o raio da geosfera
e a constatação de que existe um diferença entre a velocidade de propagação das ondas
P sob os oceanos e continentes levou à divisão desta em crosta continental e crosta
oceânica.

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O manto é uma camada complexa com diferentes valores de rigidez. Neste podemos
salientar a astenosfera, zona onde se verifica a diminuição da velocidade de propagação
das ondas sísmicas internas, devido à diminuição da rigidez do material mantélico. Esta
encontra-se num estado próximo da fusão e em fusão parcial tendo os seus materiais um
comportamento dúctil.

O comportamento dúctil da astenosfera, permite:

o Movimentos litosféricos verticais, de levantamento e de afundamento ou


subsidência
o Movimentos litosféricos horizontais, de convergência, de divergência e de
cisalhamento (movimentos tectónicos).

Na transição do manto para o núcleo, isto é, na descontinuidade de Gutenberg, as ondas


P sofrem uma diminuição brusca na sua velocidade de propagação e as ondas S deixam
de se propagar. Sabendo que as ondas S não se propagam em meios líquidos é de supor
que o núcleo, pelo menos na sua parte
externa se encontra neste estado.

O reaparecimento das ondas S a partir dos


5150 km deve-se á refração na
descontinuidade de Lehmann.

Á descontinuidade de Gutenberg associa-se


a “camada D” que se presume que seja o
local onde se inicia a formação das plumas
térmicas.

Relativamente ao nucleo podemos dizer que este se subdivide em duas camadas, nucleo
externo, ou endosfera externa, de c
omposição metálica, no estado
liquido e nucleo interno, ou
endosfera interna de conmposição
metálica, no estado sólido.

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Também contribui
Outros contributos para o conhecimento da estrutura interna da Terra

O estudo dos meteoritos encontrados na superfície da geosfera. Muitos dos meteoritos


encontrados na superfície da Terra provêm da cintura de asteroides que orbitam entre
Marte e Júpiter, constituindo por isso importantes testemunhos da formação do Sistema
Solar, dado não terem registado qualquer alteração pro ação de processos magmáticos
e/ou metamórficos. Podemos considerar diferentes tipos de meteoritos, aerólitos ou
pétreos (com muita sílica e pouco ferro e níquel- correspondentes à zona mais externa
da crusta de um planeta em formação) os siderólitos ou petroférreos (cerca de metade
silicatos e metade nique e ferro- correspondentes a fragmentos do manto) e sideritos ou
férreos (formados por liga metálica fero e níquel- fragmentos do núcleo).

A estrutura interna da terra é assim apoiada indiretamente pelos dados de paleontologia


de astrogeologia e do estudo dos meteoritos.

Um modelo da estrutura interna da Terra

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Recursos geológicos e exploração sustentada

Recursos renováveis e recursos não renováveis

Segundo a legislação portuguesa, entende-se por recursos geológicos todos os bens da


natureza geológica existentes na crusta terrestre passiveis de aproveitamento.

Qualquer substância da natureza geológica (sólida, líquida ou gasosa) ou até mesmo o


calor geotérmico pode ser classificada como recurso geológico. O seu aproveitamento
depende da concentração deste na crusta terrestre de modo a permitir a rentabilidade da
sua exploração.

Para compreender melhor este conceitos devemos fazer uma distinção entre recursos e
reservas.

o Recursos- Depósitos conhecidos, mas que atualmente não podem ser explorados
devido a razões tecnológicas, económicas ou
políticas.
o Reservas- É um recurso geológico
conhecido e que pode ser explorado
adequadamente com a tecnologia existente.

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Dentro dos recursos podemos ainda criar uma distinção entre recursos renováveis (que
podem ser repostos à medida que vão sendo consumidos [num curto período de tempo])
e não renováveis (que continuam a ser formados na terra, mas num ritmo que pode levar
muitos milhões de anos. Facilmente se esgotam).

Estes recursos podem ainda ser classificados relativamente à sua função em:
energéticos, minerais (metálicos e não metálicos) e hidrogeológicos*.

*Esta classificação não deve ser considerada rígida, pois a água subterrânea para além
de ser um recurso hidrogeológico pode também ser considerada um recurso energético
se se tratar de água quente. Um outro exemplo diz respeito a minerais como o Urânio,
que é um mineral que pode ser utilizado para obtenção de energia (energia nuclear).

Recursos energéticos

Fontes de energia

A utilização dos recursos energéticos


tornou-se vital para as atuais necessidades
humanas. Dependemos da utilização de
fontes de energia que provêm,
essencialmente, dos chamados
combustíveis fósseis. No entanto, a
utilização excessiva deste tipo de recursos
pode causar graves problemas, ambientais e sociais. Por um lado, estes materiais estão
próximos do esgotamento, por outro lado, o seu uso provoca chuvas ácidas,
aquecimento global e a degradação da camada de ozono.

Combustíveis fósseis

Os combustíveis fósseis ocorrem na crusta terrestre sob três formas principais: os


carvões – sólidos –, o petróleo – líquido – e o gás natural – gasoso.

Na formação desta matéria combustível intervêm fatores como a pressão, o calor, o


tempo e a intervenção de bactérias anaeróbias. Uma vez que os seus processos de
formação são extremamente morosos, estes combustíveis são considerados recursos
energéticos não renováveis. Embora se saiba que estas fontes de energia poderão acabar,
cerca de 75% da energia consumida a nível mundial provém dos combustíveis fósseis.

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A utilização das fontes de energia varia:

o Nos países menos industrializados os carvões, a lenha e o estrume (matéria


orgânica em decomposição) são os combustíveis mais consumidos;
o Nos países mais industrializados o consumo de petróleo e do gás natural é muito
elevado.

O consumo destes recursos energéticos tem vindo a aumentar e não se prevê que haja
diminuição do seu consumo. Torna-se assim urgente gerir de forma sustentada a
exploração/utilização destes recursos e recorrer a fontes de energia alternativas, não só
para evitar o esgotamento previsível dos combustíveis fósseis, como também para
reduzir os malefícios ambientais que advêm do seu consumo.

Desvantagens da utilização dos combustíveis fósseis:

Petróleo

o As suas reservas poderão esgotar-se daqui por 100 anos;


o Como, em certos países, o seu preço é baixo, não se verifica a procura de fontes
de energia alternativas;
o A sua combustão emite grandes quantidades de dióxido de carbono, que é um
dos principais poluentes da atmosfera e que contribui para o aumento do efeito
de estufa;
o Poluição e destruição de ecossistemas aquáticos devido a acidentes no transporte
deste combustível (por exemplo, derrames de crude).

Carvão

o Alterações graves ao nível dos solos, da atmosfera e dos recursos hídricos,


principalmente devidas a emissões de dióxido de enxofre que provocam chuvas
ácidas e a acidificação dos solos;
o Excessiva exploração mineira com destruição de solos;
o Consequências nefastas ao nível da saúde humana;
o Elevadas emissões de gases poluentes, como o dióxido de carbono, que
aumentam o efeito de estufa e o consequente aquecimento global do planeta.

Energia nuclear

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A energia nuclear foi descoberta no século XX e, inicialmente, pensou-se que resolveria
os problemas relacionados com o uso dos combustíveis fósseis. Ao invés, este tipo de
energia foi utilizado, não para benefício do Homem, mas sim para fabricar armas de
destruição maciça, pelo que a sua utilização é deveras discutível. A energia nuclear
obtém-se a partir de minerais radioativos por processos que envolvem mudanças ao
nível dos núcleos atómicos dos minerais utilizados:

o A radioatividade é a possibilidade de certos elementos químicos se


desintegrarem emitindo uma radiação com libertação de energia;
o Nas centrais nucleares provoca-se uma cisão nuclear de um elemento radioativo
que liberta grandes quantidades de energia, sob a forma de calor;
o O calor libertado é aproveitado numa central nuclear para provocar a
vaporização da água;
o O vapor de água produzido é utilizado na produção de eletricidade.

A produção/utilização deste tipo de energia acarreta as seguintes desvantagens:

o Elevados custos ambientais, nomeadamente ao nível de potenciais acidentes em


centrais nucleares;
o Produz resíduos altamente radioativos que são extremamente nocivos para os
seres vivos. Por exemplo, a exposição de indivíduos a elevados níveis de
radioatividade pode provocar cancros, malformações fetais e atrasos mentais em
crianças em desenvolvimento uterino;
o Encontrar locais suficientemente seguros para armazenar os produtos
radioativos, evitando a contaminação dos solos e dos organismos vivos;
o A dificuldade e o custo muito elevado para eliminar os resíduos;
o O elevado preço de construção e manutenção de uma central nuclear.

Energia geotérmica

A energia geotérmica constitui um recurso geológico que pode ser utilizado como fonte
de energia limpa, ou seja, pouco poluente e é
um recurso renovável. Consiste no calor
interno da Terra que se liberta à superfície
sendo que existem zonas do planeta onde se
regista um elevado gradiente geotérmico
(variação de temperatura entre a superfície da

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Terra e o seu interior), nomeadamente nos rifts e nas zonas de colisão de placas
tectónicas. Esta tem grande aproveitamento nas zonas vulcânicas e é transportada do
interior da Terra por um fluido condutor desse calor, sendo a água o mais eficaz.

A energia geotérmica pode ainda ser classificada como energia de alta entalpia, se a
temperatura do fluido for superior a 150 °C, e como energia de baixa entalpia, se a
temperatura for inferior a 150 °C.

Energia de baixa entalpia

Aproveitamento geotérmico em Portugal continental:

o é o único tipo de aproveitamento geotérmico que se encontra em Portugal


continental;
o a ocorrência deste tipo de energia está relacionada com a existência de acidentes
tectónicos, como, por exemplo, falhas;
o o seu aproveitamento é feito em estâncias termais, quer para utilizações
terapêuticas, quer para aquecimento de piscinas e águas de hotéis;
o as águas termais são águas de origem subterrânea que têm uma temperatura
superior em, pelo menos, 4 °C do que a temperatura média do ar de uma região;

Energia de alta entalpia

O seu aproveitamento, no nosso país, faz-se nos Açores, na ilha de São Miguel;

o uma vez que os Açores são ilhas vulcânicas, a temperatura do fluido é muito
elevada;
o nas centrais geotérmicas faz-se o aproveitamento do calor libertado para
produzir energia elétrica.

Vantagens e desvantagens da utilização da energia geotérmica:

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Como ainda não foi possível resolver todos os problemas relacionados com a produção
e o consumo de energia, tem sido intensificada a procura de novas fontes de energia
alternativas. Os principais objetivos desta busca são utilizar e adotar fontes de energia
mais eficazes, renováveis, mais baratas, menos poluentes e menos perigosas para o
homem e o ambiente. Algumas das soluções energéticas encontradas, embora ainda não
sejam utilizadas em grande escala, como seria
desejável, são:

 a energia hidroelétrica
 a energia eólica
 a energia das marés
 a energia das ondas
 a energia da biomassa
 a energia do biogás
 a energia solar

Recursos minerais

Os minerais são constituídos por elementos químicos que estão largamente distribuídos
na crusta terrestre. A grande variedade de minerais encontra-se nas diversas rochas
existentes. De acordo com as suas propriedades químicas, os recursos minerais podem
ser classificados em dois grupos, recursos minerais metálicos e recursos minerais não
metálicos. Relativamente aos recursos minerais metálicos, existem vários exemplos
destes elementos, uns mais comuns e muito utilizados, como o zinco, o cobre, o
alumínio, o ferro e o chumbo e outros mais escassos, como o ouro, a prata e a platina.

Na maior parte das zonas terrestres, qualquer elemento pode encontrar-se ligado a
outros em quantidades semelhantes às que são frequentes na composição média da
crusta.

Clarke - é a concentração ou abundância média de um elemento químico na crusta


terrestre. Exprime-se em partes por milhão (ppm) ou em gramas por tonelada (g/t).

Jazigos minerais - são locais em que a concentração média de um determinado elemento


químico aí identificado é muito superior ao clarke desse elemento. São locais que, se
forem explorados, podem ser economicamente rentáveis.

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Os minérios - são a parte aproveitável num jazigo minera e constituem minerais que
contêm determinados metais. Estes são extraídos para fins económicos. Sendo os mais
comuns os sulfuretos como a galena (sulfureto de chumbo), o cinábrio (sulfureto de
mercúrio), a pirite (sulfureto de ferro) e a esfalerite (sulfureto de zinco).

A parte do minério que, no mesmo jazigo, é rejeitado designa-se ganga ou estéril. Pode
existir em grandes quantidades, por exemplo, na extração do ouro, ou em pequenas
quantidades, como no caso do alumínio.

A exploração mineira pode ser feita em minas a céu aberto ou em explorações


subterrâneas e divide-se em três fases de trabalho - extração do minério, tratamento do
minério e separação e remoção do
estéril.

 Desvantagens exploração
mineira
 Impactos ambientais graves
 Desflorestação
 Remoção das camadas do solo
 Construção de vias e infraestruturas necessárias à exploração.

Acumulação de produtos não úteis

Tal como referi as escombreiras constituem depósitos de produtos extraídos dos


minérios que não têm valor económico (ganga) e acumulam-se nas proximidades das
explorações mineiras Estas podem conter substâncias tóxicas e se não forem
devidamente tratadas, devido à lixiviação poderão contaminar os solos e as águas
subterrâneas.

Recursos minerais não metálicos

São tipos de recursos minerais muito abundantes na Natureza. A sua utilização é tão
ampla e indispensável que são considerados bens de primeira necessidade. Exemplos de
minerais não metálicos são as
areias, as argilas e as rochas
como o granito, o basalto, o
mármore e o calcário, entre
outras. O nosso país é

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relativamente rico em recursos minerais não metálicos e são utilizados em grandes
quantidades como matérias-primas, principalmente para a construção e ornamentação.
São o caso do granito, basalto, xisto, mármore, calcário, areias e argilas. A existência de
água no estado líquido foi uma das condições fundamentais para o aparecimento de vida
no nosso planeta.

Recursos hidrológicos

Na Terra a água representa um recurso relativamente abundante mas nem toda a água
pode ser utilizada pelo Homem.

Devido à escassez de água utilizável para


consumo humano e ao crescimento exponencial
das populações, é cada vez mais frequente a
existência de graves problemas relacionados com
este recurso. A poluição das águas e a sua gestão
sustentável são preocupações permanentes.

A hidrogeologia

A hidrologeologia é o ramo da hidrologia que estuda as águas subterrâneas,


considerando o armazenamento, a circulação e a distribuição das águas terrestres na
zona saturada das formações geológicas. Esta avalia as propriedades físicas e químicas
da água, as suas interações com o meio físico e biológico e as alterações provocadas
pela ocupação antrópica. De acordo com este ramo podemos averiguar que a maior
parte da água doce disponível no nosso planeta é água subterrânea.

As rochas podem funcionar como reservatórios de água que pode ser extraída, através
de técnicas apropriadas, para ser consumida pelo Homem.

Os aquíferos

Os aquiferos são formações geológicas subterrâneas que possuem a capacidade de


armazenar água e possibilitam a sua circulação de forma a que possa ser extraída em
condições economicamente rentáveis e sem impactos ambientais negativos. Estes
possuem uma zona de alimentação – a zona de recarga – que deve ser preservada da

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poluição física (temperatura e
radioatividade), química (metais
pesados e excesso de nutrientes)
e biológica (vírus e bactérias),
para não haver contaminação
destas águas subterrâneas.

Tipos de aquíferos

De acordo com o armazenamento da água, podem ser de dois tipos de aquiferos


livres ou cativos.

o Aquífero livre - é uma formação geológica permeável e parcialmente saturada de


água, por exemplo areias. Nestes pela existência de uma camada impermeável,
como uma camada de argila, a água deixa de se infiltrar, ficando retida. A água
encontra-se à pressão atmosférica e a este local dá-se o nome de superfície
piezométrica ou nível freático.

Zona de aeração: localiza-se


entre o nível freático e a
superfície,ocorre infiltração de
água e fenómenos de
capilaridade, existem espaços
preenchidos por ar e verifica-se
intensa circulação vertical de
água.

Zona de saturação: é uma zona mais profunda, tem na base uma camada impermeável,
neste local os poros das rochas estão saturados de água e o movimento da água é
influenciado pela pressão hidrostática, sendo mais ou menos lento.

Franja capilar: localiza-se acima da zona de saturação a água sobe por capilaridade a
partir da zona saturada, a sua espessura varia de poucos milímetros, em terrenos
arenosos grosseiros, a alguns metros, em terrenos argilosos.

o Aquífero cativo ou confinado - é uma formação geológica permeável, onde a


água se acumula e movimenta. Está limitada por formações geológicas
impermeáveis. A pressão da água é superior à pressão atmosférica. A recarga

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faz-se através de uma zona limitada que contacta com a superfície mas colocada
lateralmente e quando é efetuado um furo para extração, devido à pressão, a
água subirá até à superfície piezométrica originando um furo artesiano;

Quando se faz este furo, se a água consegue atingir a superfície sob a forma de repuxo,
o furo artesiano passa a designar-se furo repuxante.

A extração de água efetua-se nos dois tipos de aquíferos. A capacidade de um aquífero


para armazenar água e a possibilidade da sua extração relacionam-se com duas
características, a porosidade e a permeabilidade:

Porosidade

Diz-se que uma formação é porosa


quando é formada por um agregado de
grãos entre os quais existem espaços
vazios, poros, que podem ser ocupados
pela água ou por ar.

Neste caso a água pode também ficar


retida em fraturas e diáclases das rochas,
que não estão relacionadas com a porosidade, pois estas estruturas não são poros.

Deste modo define-se a porosidade de uma formação rochosa como a razão entre o
volume de vazios (Vv) e o volume total da amostra (Vt).

Permeabilidade

A permeabilidade corresponde á propriedade que


algumas rochas possuem de se deixarem atravessar pela
água com maior ou menor facilidade. Pode ser muito
elevada em terrenos muito porosos em que os espaços
são grandes e estão bem interconectados, como, por
exemplo, em areias limpas. Sendo que pode também ser
extremamente baixa e a formação geológica ser quase
impermeável, se os poros, apesar de numerosos, se
encontrarem semifechados e não permitirem a
circulação da água. Esta situação verifica-se em terrenos argilosos e em certos materiais
vulcânicos.

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