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NUEL CORREIA DE ANDRADE 0S RIOS-DO-ACUCAR DO NORDESTE ORIENTAL IV OS RIOS CORURIPE, JIQUIA E SAO MIGUEL Sr. Diretor. Tenho a honra de encaminhar a V. Excia. o yelatério preliminar relativo as pesquisas geogra- ficas e estudos regionais feitos nos vales do Coru- ripe, do Jiquid e do Séo Miguel, nas Alagoas, por mim e pelo Prof. Gilberto Osério de Andrade, em continuacdo as pesquisas de que fomos incumbidos por V. Excia., como Diretor do INSTITUTO JOAQUIM NABUCO DE PESQUISAS SOCIAIS, sdbre 0s Rios-do-Acticar do Nordeste Oriental, so- bretudo no que diz respeito a poluigdo désses rios pelo derrame das caldas das usinas Concluido o estudo dos vales agueareiros do estado da Paraiba no primeiro semestre de 1958, resolvemos iniciar a pesquisa sébre os das Ala- yous, afim de precisar as caracteristicas dos rios da frente meridional da regido acucareira nordes- tina antes de nos fixarmos na zona de cultura ca- wavieira mais intensa, que é a situada em nosso Para planejarmos e realizarmos 0 Estado das Alagoas, viajamos Hstatistica ¢ owtras , Sarvs estatisticos ie oan drea acucareira alagoang, a raed Sanioneto codida gentilmente ‘Brnesto Gomes Maranhdo, Diretor Pr da Central Acucareira Santo Antonio $4. oi até o Sul do Estado cortando transyer: viajamos os vales agucareiros do Paraiba do Meio, do Sumatima, do Sao Miguel, do Jiquid, do Coru. ripe e do Mirim, regressando & noite & usina San- to Antonio. No dia seguinte (6 de setembro) par. timos na referida camioneta para o Recife, cor. tando os vales do Santo Antonio, do Camaragibe e do Manguaba. : : Reconhecidas, assim, a extensdo e a diversi. dade do campo de estudos que deveriamos fazer, dividimos os trabalhos a serem realizados nas Alagoas em trés etapas, a saber: 1a.) — estudo dos vales do Coruripe, do Ji- quia e do Séo Miguel; : ‘ 2a.) — estudo dos vales tributdrios das la . gous de Mundau e Manguaba (rios Mundau, Pa- roiba do Meio e Sumatima wR e a, I — estudo dos vales do Mirim, do San- ~ __ Antonio, do Camaragibe e do Manguaba. _ Hesolvendo realizar a primeira etapa do pla- no 2.° semestre de 1958, partimos a 4 ¥ ‘i prévimo passado para o Sul das Alagoas ‘em companhia dos profs. Gilberto Osério de An- drade e Rauquirio Marinho da Costa, Instrutor de Geografia do Brasil, também da Faculdade de Filosofia de Pernambuco da Universidade do Re- cife, das professoras Rachel Caldas Lins, Enilda Regina Silva e Ednar Guedes Pereira, do Colégio Estadual de Pernambuco, e das universitdrias Ma- ria Hosana Tavares Pessoa e Eny Moura de Oli- veira, todos séci 0 Regional de Pernam- buco da Associacgdo dos Gedgrafos Brasileiros (A.G.B.). A viagem de pesquisas foi realizada em camioneta da Faculdade de Filosofia de Per- nambuco da Universidade do Recife, gentilmen- te cedida pelo Monsenhor dr. Francise Sales, sew Diretor . No dia 4 de outubro atingimos Palmeira dos indios, primeiro ponto de pernoite, iniciando nos- sas observacoes e inguéritos logo apés a vila de Cachoeirinha, uma vez que o planalto dos Gara- uhuns é drenado pelos formadores dos rios Mun- dau e Paraiba do Meio, sendo a drea de Palmeira dos Indios drenada pelos formadores e afluentes do rio Coruripe. No dia sequinte descemos o Coruripe por Arapiraca e Junqueiro afim de conhecermos 0 al- to e médio cursos désse rio, fazendo observacdes sébre a cultura do fumo em Arapiraca, Alids, es- va bultura, pela drea que ocupa e pela importén- cia econdmica que representa, poderia ser, no. turo, ao meu ver, objeto de extudo especial da odo de G fia Humana deste inguéritos com di genta s da usina, dedicando o dia 6 a in to baixo vale, em visita a cidade (la Coruripe e ea varios engenhos. ” A? viajamos para a usina Sinimbu pela e8- trada carrocdvel que passa em Poxim e Jiquié da Praia, alcancando a fabrica onde fomos hospeda- dos pelo seu diretor-presidente, sr. Antonio Cou- tinho. Ai realizamos, @ tarde, excursdes pelo bai- wo Jiguid até a lagoa terminal e pela drea a mon- iante da usina, enquanto outros grupos de pesqui- sadores realizavam inquéritos com trabalhadores. 4 noite fizemos novos inquéritos com proprietarios, iécnicos e funciondrios de categoria, na casa-gran- de. No dia 8 pela manha viajamos para a usina Caeté, onde deiwamos wm giupo de 4 pesquisado- ves, enquanto os demais desceram pelo baixo Sao Miguel afim de observar a lagoa do Rateio e a costa, até Barra do Sdo Miguel. Recebemos pre- cosas infor macoes do sr. Jodo Cabral Toledo, di- _ retor da usina, que ainda nos acompanhou, & tar- de, em excursdo até a vila da Boca da Mata Dai s para Anadia e atingimos a cidade de ira dos Indios, ponto de pernoite. No dia se- — ainda viajamos perto de 70 km. na estra- tografias e mapas a serem copia graficos e pluviogramas e tomamos as providéncias necessdrias @ elaboracdo do p ie relatério. , Procuramos seguir néle 0 rwmo tracado nos jd anteriormente publicados (Ceard-Mirim e Ma- inanguape), dedicando a Parte I ao estudo dos as- pectos fisicos da paisagem drenada pelos rios Co- ruripe, Jiquid e Séo Miguel, salientando a influ- éncia climdtica nos aspectos morfoldgicos domi- nantes; na Parte II procuramos descrever as vd- vias fases do povoamento, salientando a impor- iancia da pecudria sdbre 0 mesmo; na Parte Il estudamos o uso da terra, salientando 0 desflo- restamento que se vem processando desde 0 século XVI ¢ o desenvolvimento da agricultwra canavi- eira, do arroz, das culturas de subsisténcia e da pecudria; na Parte IV, dedicada a atividade in- dustrial, salientamos e descrevemos os sitios das usinas, as respectivas dieas de influéncia com as atuais possibilidades de expansdo, assim como es- tudamos os sérios problemas de transporte da ca- 3 na, de mao de obra e de melhoria de rendimento industrial, destacando, sobretudo, 0 problema do derrame das caldas e suas conseqiiéncias; final- mente, na Parte V fazemos consideragdes gerais sobre 0 comércio regional, sdbre os problemas re- jativos ao “habitat” rural e as condigées alimen-— fares ¢ sanitérias regionais . > plano formado pelo recuo das escarpas, que dei. xou sdbre o mesmo uma grande quantidade de tselberge e de macicos residuais, chamados local. inente de serras das Cruzes, do Brejo, do Coreun- da, do Gravata, do Japao, da Almacega, ete, Na parte meridional da Borborema, vepre- sentada pelo planalto dos Garanhuns tém suas cabeceiras os formadores dos rios Mundau e Pa- vaiba do Meio, que drenam a zona da mata do Es- tado ora em estudo, e dos pedimentos meridionais désse planalto séem os formadores do Coruripe. Esse rio tem direcio aproximadamente Norte-Sul até a altura de Limoeiro de Anadia, quando toma a direcao Sudeste, demandando o Atlantico. Tam- hém nessa area nascem os rios Sao Miguel e Ji- quia — nas serras do Longa e do Mar Vermelho, vespectivamente — e demandam a Atlantico com cursos na direcéo, aproximadamente, Noroeste- Sudeste. Quanto ao alto sertdo alagoano, é dre- nado pelos rios Ipanema e Moxoté, tributarios do Sao Francisco e oriundos da vertente ocidental da Borborema, em Pernambuco. < Todos ésses rios tem pequena extensao e ia duzido volume dagua, se os relacionamos com 0S lo extremo Norte ou Sul e do Leste do pais, senda ‘maioria tempordrios em grandes trechos de cursos. Entretanto possuem agua suficiente ibastecer a area que drenam e permitem eae PLANALTO dos GARANHUN! E AREA ORENADA PELOS RI0S , CORURIPE, Jiguié E smicueL . | | 20° P Tangue QAre io ino que 5 -yebordo do planalto referido, achamor sdvel iniciar o estudo das respectivas b yacterizando morfologicamente o planalto. A Area estudada compreender4 os municipios eanos de Garanhuns e Bom Conselho, situados no planalto, e os alagoanos de Palmeira dos {ndios, Anadia, Arapiraca , Limoeiro de Anadia, Jun- queiro, So Miguel dos Campos e Coruripe, com- preendendo aproximadamente uma faixa territo- rial que se estende em sentido NNW-SSE (Fig. 1). 2 — Os fatores clim limaticos € es fico devido 4 ex- ntes meteoro- m, tanto fisi- ~ climaticos € O conhecimento dos sencial a qualquer traordinaria influ légicos sdbre a for ca quanto cultu que dependem em processes que provocam a meteorizacéo das rochas e na depen- déncia déles esta, também, até certo ponto, a ati- vidade humana, sobretudo no que diz respeito @ agricultura e a pecuaria. A importancia do eli- ma é tao grande que os modernos geomorfélogos franceses TRICART (J. — 1953 e 1955), sobre- tudo, e DERRUAU (Max — 1956) abandonaram — a velha idéia da geomorfologia normal de DA’ para dividir o globo em regides moi i Infelizmente os dados climaticos DE ANDRADE 14 MANUEL CORREIA Caeté; outra iniciou suas observacdes em 1956, a Coruripe; e a Sinimbu disp6 ae sete anos apenas. Fora dai, contamos unicamen- te com os dados dos postos meteorolégicos de Ana- dia, Palmeira dos indios, Limoeiro de Anadia e Garanhuns. A maioria dos dados climatolégicos é fornecida apenas em suas médias, maximas e minimas, dados que tém grande importancia me- teorolégica, mas sao insuficientes para os estudos elimaticos. O ideal seria que dispuzéssemos de dados referentes 4 queda de chuvyas por horas e minutos durante os grandes aguaceiros, afim de podermos calcular a sua capacidade erosiva. Contudo, lancando mao dos registos disponi- yeis, podemos considerar o clima de téda a area estudada do tipo tropical, segundo a classificacao de KOPPEN (W. sd), uma vez que a tempe- ratura média do més frio é sempre superior a 18° C (20°, jem Anadia, 18°, 1 em Araripina, 199 4 em Coruripe e 21°, 1 em Pameira dos Indios) . En- quanto isto, as médias dos méses mais quentes sao peer’ superiores a 30° (Anadia 31°, 3, Arapira- ee ee once dos indios, 30°), com exce- como sée ces : ae & de 250 a Vé-se ques Bee eee nas regides de baixa latitude, pitude térmica anual nao é elevada. Essa Pequena oscilacéo térmica anual permite que s¢ des tropicais as ao contrario do que aconte temperadas, onde am] ° i poe de dados desde 1952, 4 j ‘ 08 RIOS CORURIPE, JIQUIA E840 MIGUEL —— istas avultam em importancia sob varios aspectos, como a quantidade de chuvas que caem, a sua dis- tribuigéo pelas estacdes do ano e até o modo como caem freqiientemente: se sob a forma de chu- vas fracas e continuadas, ou sob a forma de pe- sadose rapidos aguaceiros. Todos estes aspectos devem ser objeto de estudo do gedgrafo, uma vez que certas regides brasileiras onde choye mais de 700mm por ano — taxa muito satisfatoria nos climas temperados — podem ser consideradas co- mo semi-dridas. 0 regime pluviométrico é bastante irregular, caindo a maioria das chuvas nos méses de outo- no-inverno, ao passo que na primavera e verao fa- zem-se escassas. Anos ha em que nos méses de novembro e, as vezes, de dezembro, nao c4i uma gota de chuva. No Agreste a maior ocorréncia de chuvas se da nos méses de maio, junho e julho, en- quanto nas varzeas pr6ximas ao litoral sao muito chuvosos os méses de marco, abril, maio, junho, julho e agosto, sendo irriséria a queda de chuvas de setembro a fevereiro. Em maio chegam a cair cerca de 40% do total das chuvas anuais, 0 que indica grande irregularidade pluviométrica. Con- udo, usamos com certa reserva os dados forne- cidos pelas usinas porque, como salientamos ante- riormente, correspondem a um periodo muito cur- Gi B ee na Coruripe e 7 anos na Sinimbu O vegime de chuvas pode ser explicado pelo das massas de ar que exercem influéncia aliseos de Sudeste, da massa (7' Ww MANUEL CORREIA DE ANDRADE dos aliseos austrais, no deserto africano de Ka. jaar (ANDRADE, G.0. — 1959), adquire vaz lores crescentes de umidade especifica ao atraves- sar 0 Oceano, e aleanga 0 continente formada por duas camadas superpostas, onde ha inversao de temperatura, uma vez que a inferior é fresea e timida e a superior quente e séca. Alcangando 0 litoral, a massa de ar ascende provocando logo ~ precipitacdes. Em Pernambuco e Paraiba ela pe- netra pouco para o interior devido a barreira for- mada pela Borborema, enquanto nas Alagoas, nao tendo pela frente qualquer barreira montanhosa, avanca até Sant’Ana do Ipanema (GUERRA, Inés A. L. T. — 1955), detendo a massa He (Equatorial continental) que sobe 0 Parnatba e, apés aleancar o Sao Francisco, di por sua de- pressao em direc&o ao Leste (ANDRADE, G.O. — 1959) . _ No outono-inverno — méses de marco, abril, maio, junho, julho e agdsto — 0 avanco da F'.P.A. (Brente Polar), que sobe o litoral brasileiro en- ern ees, provoca a queda de chuvas : - Dai as maximas pluviométricas se da- ee € 0 clima poder ser classifica- * eae Ze pela totalidade dos autores H— 1951, if ERNARDES, L. M. Caval- ' ; SANTOS, L. Bezerra — 1952} KA, Inés L. T. — 1955; ANDRADE, G 295%). As chuvas caidas no outono tala 4 também da influéncia dos dol- ac nte chegam até ds Alago ‘ chuvas quanto A sua d OS RIOS CORURIPE, JIQUIA E SA0 - de indices pluviométricos ent: é muito freqtiente e o mente frateeie DE. Oximos | TONNE (Emmanuel — 1950, tomo I) j4 ae nalou. Em excursées no Nordeste netauneiata quando as serras se antepdem aos ventos, tenunae vertentes a barlavento bem mais imidas que as de sotavento, como observamos em estudo sobre a serra de Ororobé (ANDRADE, M.C. — s|d). Também tal fato se observa 4 proporgao que nos distanciamos do litoral. Em estudos anteriores *ANDRADE, M.C. — 1958) constatamos que ao Norte de Pernambuco os indices pluviométricos cdem de Goiana para Alianga e ao Norte da Pa- raiba, como diminuem de Mamanguape para Gua- rabira (ANDRADE, M.C. — 1957). Isto por- que, ao galgar o continente, sofrem os aliseos um yesfriamento adiabatico, provocando chuvas oro- graficas que diminuem a proporgao que a massa de ar caminha para o interior. Novo movimento da ascencdo, causador de novas chuvas de relévo, sucedera se a massa de ar encontrar uma cadeia montanhosa. Nas Alagoas notamos que a média pluviométrica 6, em Coruripe, de 1.148mm, cain- do em Limoeiro de Anadia, no pediplano, para 881mm, tornando a subir em Palmeira dos indios, nos pedimentos do planalto dos Garanhuns, para 893mm. Garanhuns, sdbre o planalto do mesmo nome, ao Norte de Palmeira dos fndios, apresenta uma média anual de 850mm. ¥ que, situada a cer- ta distancia do bordo do planalto, j4 nao se bene- - ficia muito das chuvas orograficas resultantes do resfriamento adiabatico do ar ao escalar o bordo meridional do mesmo. Vé-se, assim, que @ eS tidad uvas dimindi do litoral par 18 MANUEL CORREIA DE ANDRADE yerdadeiramente sertaneja- fates ae porém, situada no piemonte do er pa a yanhuns (como acontece em Pernambuc a ‘Usina Cruanji, ao pé do macigo do rae em 7 lagao a Goiana e Alianga, e como acon’ et na Pa- yaiba com Pirpirituba, ao pé do macigo de Cupao- ba, em relacdéo a Mamanguape e Guarabira) é be- neficiada por chuvas orograficas. 3 — Os diferentes quadros regionais. Para melhor compreensio da area drenada pelos rios Coruripe, Jiquia e Sao Miguel, é neces- sario que se inicie o estudo pelo do planalto dos Garanhuns. Planalto onde tém cabeceiras os prin- cipais rios alagoanos da vertente atlantica e al- guns dos afluentes do Una A essa unidade geografi pediplano cristalino que si ao pé do mes- pediplano de Arapi- emos somar 0 mo e pode ser denominado de } Yaca; e somar também os tabuleiros, possivelmen- te pliocénicos, formados pelo glacis de deposigao da Borborema, e mais as formacées litoraneas e 0s profundos vales quaterndrios escavados pelos F0s nos tabuleiros e em parte inundados, possivel- mente, pela transgressao flandriana, onde estao as lagoas e as varzeas. O planalto dos Garanhuns é quase inteira- mente pernambucano e se alteia ao Sul do planal- da Borborema sobre o aplanamento de 450- OS RIOS CORURIPE, JIQUIA & SAO MIGUET, 19 Borborema, representado pelos pontos mais altos do planalto dos Garanhuns assim como pela serra Negra (ANDRADE, G.O. — 1954), o pico do Jabre e a prépria Ororoba. Distinguem-se no mesmo duas aplanacées, uma de 700-800m e ou- tra de 800-900m. A primeira é bem visivel na es- trada Sao Caetano - Garanhuns, entre a cidade de Lagédo e a vila de Jupi. A umidade do ar e a vegetacao estao em fun- cao da maior ou menor exposicéo aos ventos; € observa-se na parte meridional exposta & FIPS (Frente Polar Atlantica) e, conseqiientemente, mais chovida, um relévo bem movimentado com vales em forma de “V” bastante encaixados. Sao os altos vales do Mundau, do Paraiba do Meio e seus formadores. Ai notamos encostas ingremes com inclinacées que as vezes aleangam os 30°. O dima mais tmido permite uma ocupacao do solo dominantemente agricola, com culturas de café, banana, roca, cereais, etc. Em algumas encostas a cultura do café, quase sempre feita sem som- breamento, é terraceada. A porcdo setentrional a sotavento das cristas vesiduais mais elevadas apresenta paisagem bem. diferente. O velévo 6 pouco movimentado e 0 re- hordo do planalto — entre Cachoeirinha e Lagé- do — nao se apresenta tio acentuado como no meridional, Os yales dos rios dos Pintos, do dupi e do Canhoto, apesar de préximos iis nascen- “tes, mtiam-se largos e pouco profundos, regides semi-dridas. é fo aquelll ica do Agreste e nao A 7 remos em Garanhu: e que ja foi quase totalmente d agricultores sedentos de boas terra a do café nos anos em que éste pro. ou precos altamente compensadores, nvem salientar, porém, que nas areas maj las existem ilhas sécas e naquelas mais séeg atrario, pequenas ilhas umidas, conforme menor exposicdo aos ventos provocados asTkeF.P.A. 7 ebordo meridional do planalto é escarpa- da Bom Conselho a Palmeira dos fndios) 9 um trecho mais ingreme onde a deeliyi. superior a 50m por quilémetro. Ao seu so- 4 ndo-o ao pediplano de Arapiraca, encon- os 2). As torrentes que desce vales estreitos e profu erficie mais alta formando auténtico (embayements). Os trechos de rochas ‘istentes e os menos atacados pela erosao torrentes servem de interflivios mando saliéncias que sio verdadeira ‘olégicas (foto 1) . @ inelinacio do rebordo merid erosio feita sob condigdes » Mas pod FOTO N° 1 — Rebordo meridional do planalto ‘dos Garanhuns e pediplano cristalino. Observem-se ‘as reentrancias ¢ saliéncias existentes no bordo do planalto em consequéncia da acho das torrentes. A cidade de Palmeira dos indios esta construida sébre (0s pedimentos. Foto de M. C. de Andrade. yanhuns ¢ inclin: direcdo 20 O da Borborema, pois t 0 do recto do rebordo = da mes z ». Porque se hoje @ réicas esp tenticas bahad Lye & : 1958) em que ima semi-arido ‘o altamente especializada como éa nossa caatinga - jamos ainda com o mestre _ _ francés que tenha havido pequenas variacdes, nao tanto da quantidade das chuvas, mas da sua ‘edo anual e que tenha havido peri a estacio chuvosa se tenha reduzido te, ra MANUEL CORREIA DE ANDRADE — yr ee ae Ihor distribuidas, a mata deve ter avancado 36 0 Agreste e éste ter conquistado a caatinga os tre, chos mais favoraveis. Na verdade, as regides dg climas indeeisos entre a umidade e a semi-arid, devem ter sentido com maior intensidade essas ya. riacdes, do que aquelas dominantemente tmidas oy dominantemente sécas (BAULIG — 1952). A 4rea que deve ter Age nediplaniag no >Hioceno — pois participa da superficie pliocénigg Se viccietie Oriental (ANDRADE, G. 0.—1958) e corresponde ao que LESTER KING (1956) cha. ma, no Brasil Leste, de ciclo de erosao Velhas — esta localizada sdbre rochas do complexo cristalj- no brasileiro “como sempre dobradas e falhadas” {Oliveira, A. I.) . Dobras e falhas que devem ser pre-pliocénicas, porque sao encontradas também na série Alagoas, sob os tabuleiros, mas nao 0 sio nas barreiras que se sobrepdem a série menciona- da (MOTA, Lindonor — 1957) . Da aco das nap- pes deau pluviale ruisselantes em época de clima mais séco resultou a formac lo grande plano que vem sendo dissecado pelos vales fluyiais no periodo post-pleistocénico. Ess ales — do Co- ruripe e dos seus afluentes — no alto e médio cur- So dissecaram o pediplano em, aproximadamente uns 30a 40 m, dando ao mesmo o aspecto de sua- ves ondulacées. Morros residuais dispersos, auténticos inse- berge, chamados localmente de serras, espalham- 8e pela superficie, testemunhando pontos outrora | oeupados pelo planalto, “e 0 manto de regolito 6 espésso, ora arendsos ae tomando neste caso a coloraga0 Vr cola-é muit iS vezes, amarela. A atividade ito intensa, recobrindo na época chuv' -tura do algodéo erbéceo ? ‘meira dos {ndios, do fumo nos solos ai de Arapiraca e por todas as Areas, 0 milho, 4 man- dioca e outras culturas de subsisténcia. Inquéritos realizados em varios pontos da re- — ~ giao, indicam que essas culturas sdo feitas nos mé- ses chuvosos — outono e inverno —, uma vez que jaa estagéo séca as chuvas faltam completamente e os rios ¢ lagoas, assim como a vegetacéo, secam . Da vegetacdo primitiva pouco se pode dizer por- gue a drea j4 foi inteiramente desmatada, mas nos pontos nao cultivados domina um mato rastei- ro representado por jurubeba (Solanum panicula- wm L), espinheiro (?), malva-valente (?), ma- ta pasto (7), cipé de cesto (7), milha (?), ca- pim estréla (Dichromena ciliata Vah. L), ete. Nao concordamos, por é motivos, com 0 Gonselho Nacional ce (1950 e 1956) quando chama a essa 1 de zona sertaneja, con- siderando-a como parte do sertao hiperxeréfito. Assim pensamos porque aqui o clima nao pode ser considerado semi-drido (nao devido a taxa pluvio- métrica, mas devido ao fato de haver uma esta- cdo tmida de 3 a 4 méses permitindo o dominio da agricultura sobre a pecuaria), mas sub-tmido, a ponto de ser considerada pelos préprios geégra- fos do Conselho Nacional de Geografia do tipo As endo Bshw (BERNARDES, L. M. C. — 1951 GUERRA, 1.A.L.T. — 1955) dominante a _ Oeste do rio Ipanema; porque é uma area ite agricola, onde as cultu 01 tipicas do sertio, quase ge t s e bromelidceas, mas por encontradas no Agreste e até na Zon ia de uma area de Agreste, nas Alg re a mata atlantica e os tabuleiros, a Lest. t&o semi-arido, a Oeste. 4 A zona dos tabuleiros estende-se desde op ano de Arapiraca até as formacoes litoraneg suindo nas Alagoas muito maior largura | em Pernambuco. Acha-se inclinada, gros: odo, em direcao ao mar, po' ¢ i de altitude a Oeste de Arapiraca, para descer s imidades da praia onde fe stas 4 acdo das ondas n ves S40 mortas, porquanto fc gem marinha — terraco de acumulagao m (ANDRADE, G. 0. — 1955) — se inte _ poem entre elas e 0 Oceano. Seu contacto com o pediplano faz-se, as ve es, vemente, quase imperceptivel como na estrada aca-Junqueiro ; As vezes, ao contrario, é tor , Como se observa em Boca da Mata, pelos rios Sao Miguel e Suma’ do de pediplano se apresenta mui! » com varios serrotes que ap 48 vezes abruptas.. ¥ 0 que se obse amada serra do Nacéia, © “se de auténtico cOes arenosas soot Bae Uae FOTO No 2 — Tabuleiros situados ao Norte do rio Sio Miguel. Observa-se que devido a pequena pessura da camada arenosa as dguas das chuvas ‘depositam-se sdbre a camada argilosa subjacente en- ‘chareando a estrada. A vegetacio dominante 6 a “mata de varas Foto de G. O. de Andrade. OS RIOS CORURIPE, JIQUIA F BAO MIGUEL yamentos granitico-gndissicos sio numerosos nas vertentes. Nao ha dtivida de que o pediplano cristalino © a rea dos tabuleiros constituem a continuagao da superficie de aplanamento pliocénica estuda- da por ANDRADE (G. 0. — 1958) nas porcées setentrional e oriental da Borborema. Esta su- perficie contorna também a parte meridional do planalto apresentando maior extensao do que nos trechos dantes estudados pelo geomorfélogo per- nambucano. Superficie de aplanamento de igual zltitude foi estudada no Brasil Oriental pelo geo- yorfologo africano KING (Lester — 1957), que a denominou de superficie ao Velhas. N6és também tivemos oport de de encontra-la (ANDRADE, M.C. - ) na regiao contes- tada entre o Espirito Santo e Minas Gerais, ao pé da serra dos Aimorés. Ai a superficie de aplana- mento apresenta soberbos inselberge, assemelhan- do-se alguns ao famoso Pao de Actcar do Rio de Janeiro. No caso alagoano, o pedimento de Ara- piraca constitui o glacis de evosio da Borborema, 0s tabuleiros 0 glacis de acumulagao. O manto arenoso dos tabuleiros nao é, po- vém, muito espésso. MOREIRA E SILVA (1919) acha que ésses depésitos arenosos sejam secun- dérios, tercidvios e quaternarios. Nao concorda- inidio do estudioso alagoano, localizam sempre s6- MANUEL CORREIA DE ANDRADE 26 ‘te (BAULIG, H. — 1953, Rougerie, G. — 1956) consignados em outros continentes. 4 A espessura da formagao arenosa varia myj- tw de um lugar para outro. Em alguns Pontos, como nos interfltivios do Sao Miguel com a lagoa do Jiquié e mesmo ao Norte de Sao Miguel, ela é de apenas, 0,10 a 0,20m. Em outros alcanca de 0,50m a 1m ¢ até mais de 1m em outros lugares, Variavel espessura, assim como da drena- gem, creio que depende o porte da vegetacao ; por- tue quando a camada de areia é ma; ténue as da chuva se detém na camada argilosa sub- ite e afloram como extensas lagdas. Na épo- ea das chuvas ha grandes dreas de tabuleiro, as- “sim, muito encharcadas (foto 2). Nos pontos em Que 0 manto arenoso é pouco espésso aparece uma Vegetacdo chamada por BRANDAO (Oté- Bo) — 1949) de “mata de varas”. De fato, para quem a a caminhos através dessas “areas, causa estran lesa 0 domini ‘Buias , dicam que a mata pos- Xeelente qualidade como (Aspidosperma polyneu- epicen)? 4 canafistula (Cassia , Papeiy, i ica- 4 ings ira (| Peiro (Genipa ameri Be ga sp.) . 1 de crer que nvolyem i ‘tad “pela falta de drenagem, 10 nolo, “4040 chuvosa pela na Corre dessecngiig vil _ FOTO N° 3 — A vegetaciio caracteristica dos tabuleiros 6 semelhante a dos cerrados, dominando espécies de caules retorcidos e folhas grossas, como _ & sambaiba que se observa acima. Ocorrem com ‘frequéncia também as palmeiras. Foto M. C. de Andrade. 08 RIOS CORURIPE, JIQUIA & SAO MIGUEL, ———— il : na estagdo séca” formando-se os chamados “tabu- leiros de caju e de mangaba” cuja cobertura vege- tal assemelha-se a dos campos cerrados e 6 seme- jhante, também, aos tabuleiros pernambucanos, . paraibanos e norte-riograndenses, onde dominam espécies arbustivas com galhos muito retoreidos. (Foto 3). Esta é a explicacdo dada pelo fitoge6- grafo LIMA (Dardano de A. — 1957) em estu- do recente sdbre a origem dos cerrados semelhan- ies, que recobrem os tabuleiros de També e Goia- na em Pernambuco. Encontramos ai freqiiente- mente, além dos cajueiros (Anacardium occiden- tale, L), e da mangabe! (Hancornia speciosa, Gomes), j4 citados, 0 catolé (Syagrus oleracea (Mart) Becc), a pitangueira brava (Hugenia mi- chelii Berg), a sambaiba (Curatella americana L) eo murici de tabuleiro (Byrsonima cydonice- jolia Juss.) . Como salientaremos no Capitulo TH processa-se atualmente uma verdadeira revolugao agraria, uma vez que Benedito e Antonio Couti- nho iniciaram a cultura da cana de agtear no ta- puleiro, por processos modernos, fazendo a derru- bada de grandes extensdes de mata. O viajante que se dirige pela rodagem de Sao Miguel dos Campos para Penedo depara com paisagem seme- Thante a das zonas pioneiras do Sul do pais. A mata derrubada ha poucos anos ainda se denun- cia pela grande quantidade de troncos queim: dos; 0 solo contém muita cinza e, em conseqtiéncia da coivara, apresenta a cor escura, enquanto canayial brota verdejante da terra até bem tempo virgem. Podemos falar, assim, de FOTO N° 4 — Pioneirismo nos tabuleiros. A mata foi destruida em beneficio dos canaviais. Os froncos queimados e os caules derrubados fazem lembrar 0 avanco das frentes pioneitas em outras reas do pais. Foto M. ©. de Andrade. OS RIOS CORURIPE, JIQUIA E SAO MIGUEL. —— mada de conglomerados, arenitos, siltitos, folhe- thos e calcareos, sendo apontada por éle como Eo- cénica, “pelo menos na parte superior”, enquanto OLIVEIRA (Avelino e LEONARDOS, Othon, 1943) considera-a cretacica. No quaternario, as regressdes marinhas fize- yam com que os vales fluviais dissecassem forte- mente os tabuleiros. HA indicacéo de que essa escavacao foi em parte também provocada pela flexura da Borborema, que embora seja pré-cre- tacica (DRESCH, J. — 1957) se realizou a cus- ta de “levantamentos repetidos e intermitentes, desde entao até o Quaternario” (ANDRADE, M. CG. — 1958) . Bsses vales podem ser correlaciona- dos com os do ciclo de erosio Paraguassu, encon: trados no Brasil Oriental por Lester KING. Observando-se os vales dos baixos cursos dos vios Coruripe, Jiqu SAo Miguel, pode-se tirar interessantes conclusoes morfologicas e paleogeo- graficas. Assim, no vale do Coruripe, a aproxima- damente 100m de altitude, quando se percorre a estrada Penedo-Maceié, encontra-se um enorme cascalheiro com seixos cujo diametro varia entre 0,01 e 0,03m (Foto 6) aproximadamente. Sabe- mos que o Coruripe com o seu volume atual, mes- mo nas grandes cheias (que elevam de 1m 0 nivel de suas Aguas) 6 ineapaz de transportar ésse ma- terial. Concluimos, entéo, que tais depésitos de cascalheiros foram feitos em época de clima me- nos timido que o atual, com precipitacoes pluviais pior distribuidas, quando as chuvas cafam com mais intensidade num periodo mais curto, provo- cando enchentes muito mais fortes do que as atu-— ais, Clima semi-rido, talvez com as mesma MANUEL CORREIA DE ANDRADE a 3 i lar. Também a forte correnterg p es vales afluentes, dissecando Muito a ie de aplanamento pliocénica, em forma “Vy” indicam uma estrutura deformada, " yarzea é estreita — 100 a 200m — até as proxi. _ midades de Camagari, a uns 20km da foz, onde passa a se alargar consideravelmente (foto a F Amplia-se por mais de 1km e os tabuleiros descem s6bre ela formando escarpas de aproxima- damente 50m. A escavacéo maior é na margem esquerda. O solo da varzea 6 muito espésso, for. mado por sedimentos depositados pelo rio, com restos da grande floresta que ali existiu. Poy is- So € geralmente muito rico em matéria organi- €a, de cor escura, representados pelo massapé e pela turfa. Ha, também, no centro da varzea créas arenosas. E’, assim, uma varzea c ja paisagem lembra, de certo modo, a do Cearé-Mirim (AN- DRADE, G.O. — 1957), no Rio Grande do Nor- te. O rio, com uma largura média de 6 a 7m, en- it nos préprios sedimentos, serpenteia for- ne meandros. Os terracos marginais sao do nivel de 23m. Esse nivel de terragos j4 foi encon- trado por ANDRADE (G.0. — 1956) em varios do territorio nacional — Solimées, litoral Varaense ¢ maranhense, Rio Grande do Norte, Pa- , Pernambuco, Espirito Santo, ete. — em — vealizadas desde 1954. ja varzea hd, portanto, muita Agua, uma vet das encostas descem riachos afluentes por am — margens, com grande yolume relativamen -# cortam em demanda do coletor. neal: 9,50m como acontece com o Bambé, 00 (ANDRADR, M,C, —- 1908%s » em Pernambuco, FOTO N° 5 — Em algumas. freas do tabuleiro a ‘Agi do homem fez que a vegetacdo primitiva fosse Substituida pelo capim-luca (Sporobolus tenacissi- _ mus). Na foto acima (érea situnda ao Norte da 1: de Poxim) o bucolismo da paisagem primitiva é Pela torre de exploracio da PETROBRAS. Foto de M. C. de Andrade, 08 RIOS CORURIPE, JIQUIA E SAO MIGUEL i tros riachos na Paraiba. Ha, tam- s lagoas na varzea que as vezes sao tes de meandros abandonados como com ou pém, pequena: ox-bow conseqiien' pelo rio principal. 0 baixo Coruripe ja foi mais profundo do que & hoje, pois em 1927 embarcacoes de porte o su- biam até Camacari, transportando maquinas pa- ; ya a instalacao da usina. Hoje, apesar de retifi- cado, nao acreditamos que isso possa acontecer. $6 embarcacoes muito leves e, portanto, impré- prias para 0 transporte de maquinas pesadas, po- deriam subir 0 rio até Camagari, povoado onde se jocaliza a Usina Coruripe. Convém salientar que grande parte da var- zea a juzante da Usina Coruripe formava até al- guns anos atras, na estacéo chuvosa, um verda- deiro paul, onde se encontrava freqiientemente grandes sucuris e jacarés. A regiao permanecia inundada no inverno; mas, no verao as Aguas se éscoavam naturalmente ¢ a 4rea era utilizada co- 10 pastagem para o gado. Recentemente, desejando fazer melhor apro- veitamento das terras sujeitas 4 inundacao, con- seguiram alguns proprietarios que o Departamen- to Nacional de Obras de Saneamento (DNOS) drenasse a Area, retificando 0 leito do rio até al- hg quilémetros a montante da usina Coruripe. la varzea foram abertos trés canais de drena- cada um com 4m de largura e 1,30m a 1,20m ‘undidade, Esses canais tém 4,2 e 1km, res- de extenséo, nao sendo do mesmo rietdrios temem MANUEL CORREIA DE ANDRADE ee Forma-se no leito dos mesmos exuberante Vegeta. ¢ao (foto 8), exigindo que se realize per lodicamen. tea limpeza para facilitar 0 escoamento das Aguas, Todos os canais localizam-se 4 margem direita do Coruripe, uma vez que na esquerda 0 rio corre muito préximo a encosta do tabuleiro. 0 rio Coruripe enche uma vez por ano subin- do o seu nivel aproximadamente 1m. As cheiag excepcionais se dao geralmente de 3 em 3 anos, co- brindo as vezes 0 terraco de 2/3m, na varzea. Sey volume daégua aumenta a proporcao que se aproxi- ma da foz, por receber um grande ntmero de ria- chos caudalosos que descem dos tabuleiros, disse- cando fortemente o bordo do mesmo. Aos vales formados por essa dissecacio dio o nome de gro- tas. Assemelham-se, quanto 4 forma, aos grotées do Mamanguape, Paraiba (ANDRADE, M.C. — 1957) e aos corgos escavados no ¢ alino, na re- giao drenada pelo Siriji, em Pernambuco (AN- DRADE, M. C. — 1958). Acha-se a varzea em grande parte um pouco acima do nivel do mar, constituindo uma antiga ra entulhada por deposicio fluvial e, na parte proxima ao Oceano, pela deposicio marinha. Pa- 7a 0 entulhamento, a contribuicéo da matéria or- £anica fornecida pelo mangue proximo A foz e pe- 24 floresta timida do interior, foi também aprecid- vel; mas, em consegiiéneia da baixa altitude, a varzea esta sempre ameacada de salinacdo. Assim 4 maré oceanica sobe 0 curso do rio até a cidade de ruribe onde se observam coqueirais em crdas arenosas e, na drea inundada durante o preamar, eee aningas e avencdes. Afirmam os habi- ntes da regiao que antes da retificacdo e draga- em do curso do rio, 56 as grandes marés de mar¢® FOTO N° 6 — Grande cascalheiro depositado ‘pelo rio Coruripe (corte na estrada Maceié-Penedo) que a nosso vér testemunha a existéncia, no pasado, de um clima com precipitacées pluviais mais inten- ‘sas irregularmente distribuidas que o atual. Foto M. C. de Andrade chegavam até ai, 0 que hoje acontece normalmen- _ te. penetracdo constante da Agua do mar no — rio causa sério problema 4 populacao ribeirinha, tem na criacéo do gado — bovino, ovino e ca- 9 — uma fonte de renda substancial; de vez que provoca a morte do capim-canutao (?) e da a. Em compensacao poderia melhorar as condicdes de vida dos pescadores, nao fosse o lan- camento das caldas da usina no rio semanalmente, durante a moagem, pois disporiam de peixes — eamorim (Sciaena wndecimalis) , carapeba (Diap- terus rhombeus, Cuv. e Val.), tainha (Mugil mus), caranha (?) etc. — em abundancia durante quase todo o ano. A maré dinamica al- canca a Usina, situada a 20km da foz. Préximo a foz do Coruripe ainda ha restos de sua antiga la- goa em grande parte entulhada pelo terrago de acumulacao de 2/3m. Como os demais rios ala- goanos, teve o Coruripe, no passado, aterrada sua foz por deposicées arenosas feitas pelas correntes litoraneas de direcdéo SE — influenciadas pelos aliseos — e alagou extensa drea formando lagoa, hoje em grande parte entulhada. A varzea do Jiquid se apresenta bem diversa da do Coruripe. Inicialmente o rio tem muito me- nor extensio e volume dagua que o anteriormente estudado. Nascendo na serra do Longa e com um ‘Curso de 80km, éle é afluente da lagoa do mesmo e, tendo a foz a mais de 15 km do Oceano. uma série de afluentes — Chapeu de Sol, Santa Luzia — paralelos, que ao desa- MANUEL CORREIA DE ANDRADE —<— tao importante quanto o Jiquia — _ varzea subsidiaria quase tS larga pe Uma cipal. enoa ttl A yarzea do Jiquid, mesmo aa des da lagoa terminal, nao aléertea ane ceo 600m de largura e tem suas encostas toe i formando replats dos niveis de 7|8 e 15/16m we _encostas, descem caudalosos afluentes (como 9 a ss no tempo do bangué movia o engenho Prata) a aumentam consideravelmente sua descarga a Nascendo na extremidade oriental do ‘pedi- plano cristalino e tendo grande parte do seu curso na calha que disseca os tabuleiros, esta o Jiquid em zona umida, sendo por isso um rio permanen- te. Suas cheias se dao em maio, junho e julho; de- vido & pequena extensdo do curso escoam-se em poucas horas, nao causando prejuizos aos agri- cultores. i Os solos da varzea sao ora arenosos, ora de miassapé, ora de turfa, éstes nos chamados pauls. O rio constréi em sua foz um delta, que atu almente se dilata na porcao Ocidental da lagoa de Fiquid. Esse fato é comprovado (foto 9) porat 9 cis do antigo armazém de actcar, onde ona duto era embarcado no coméco do século, oe tante hoje do alcance da lagoa. A area dg oe formava até recentemente um extenso pa ee gado durante quase todo 0 ano; hoje, drena ja Usina Sinimbu, é ocupado por cans de supe A lagoa de Jiquia, que tem 22}an2 9 Jiquid ficie é inegavelmente o curs i afogado e alargado. Possiti em sua ext devel! ns formadas por encostas abruptas,, cv e am ar, em alguns pontos, de tectonel jy en da ativa dissecagio do tabuleiro FOTO NO 7 — Aspecto da virzea quaterndtia Coruripe, alguns quilémetros a montante de Ca- dissecando os tabuleiros. As habitagdes sio as encostas afim de ficarem a salvo cheias, Foto de G. 0. de Andrade. 08 RIOS CORURIPE, JIQUIA E SAO MIGUEL, 35 sio linear, no Quaterndrio. Em certas partes ocor- yem extensos terragos de acumulacao de 2|3m. onde se encontram coqueirais. Esta separada do Oceano, ao qual se liga por ; um canal, por extensa restinga. Suas aguas sao salobras, uma vez que a penetracdo das marés faz- para onde sobem peixes de mar como o curimata (?) eo camorim. A atividade pesqueira é muito intensa, havendo povoados tipi- cos de pescadores com populacao numerosa, como Jiquia da Praia, entre a lagoa e o mar. 0 vale do Sao Miguel a juzante da cidade a alarga-se em extensa varzea, com superior a 500m. Os tabuleiros que o margeiam estao fortemente dissecados por yales afluentes de curso muito curto, formando yerdadeiros grotoes (Foto 10). Tem, assim, a en- costa saliéncias e reentrancias s6bre a varzea. Nesta 0 Sao Miguel descreve amplos meandros, en- caixados nos proprios sedimentos — terra¢o de 2/3 —, uma vez que atinge o nivel de base muito antes da foz. Convém salientar que a maré dina- mica penetra até a cidade de Sao Miguel dos Cam- pos, distante 25km. do mar. A embocadura é afo- gada, formando a ampla lagoa do Rateio, no cen- tro da qual situa-se a ilha do Agenor. (Foto 11). A lagoa tem margens baixas formadas pelo terra- ¢o de acumulacio de 2/3m. a Leste, onde se loca- extensos coqueirais; noutros pontos elevam- _ *¢ falésias das barreiras, de cdr vermelha, a al- u dezenas de metros de altura, ou dunas are- osas. A para o Oceano, por traz de exte ‘ ¢ é obstruida em am se lagoa a dentro, que deu o nome, largura sempre ; 36 MANUEL CORREIA DE ANDRADE 0 litoral da regiao é, nos pontos em que gg zabuleiros nao caem em falésias sobre o mar, for. mado pelo terrago de acumulacao de 2 3. Apre- senta restingas sucessivas e paralelas a linha lity. zal, 0 que parece indicar um rectio do Oceano ¢ es. tende-se as vezes por varios quilémetros, coms acontece na ilha de Itamaraca (ANDRADE, G, O. — 1955) em Pernambuco. As restingas barram os rios e riachos exis. tentes na regiao, dificultando a descarga dos mes. mos no Oceano e provocando a formacao de nume- rosas lagoas 4 retaguarda. Na 4rea estudada po demos mencionar, entre outras, as do Rateio, do Niquim, das Pacas, a Déce, a Comprida, dos Man- gues, a Azéda, a de Jacarecica e a de Poxim. De ias a mais importante é a de Jiquia. Tém as mes- mas importancia nao s6 morfolégica, como tam- bém geo-econémica, uma vez que fornecem pesca facil e abundante — devido a riqueza em peixes € crustaéceos — e promovem uma intensa ocupagad humana denunciada pela seqiiéncia de inumeras povoacées e de extensos coqueirais. Desenvolvem um género de vida baseado na pesca, diferente portanto, daquele que caracteriza a area canavi eira vizinha. FOTO N.2 8 — Canal construido pelo DNOS ‘Para drenar a varzea do Coruripe. Observe-se como @ vegetacio aquatica alastra-se obrigando a limpe- za constante do mesmo. Foto M. C, de Andrade. II 0 POVOAMENTO REGIONAL ‘to sobre a cultura da cana de acicar nas Alagoas, afirma o historiador DIE- SUES JUNIOR (Manuel — 1949) que 0 povoa- mento désse Estado foi feito no século XVI, a par- tir de trés focos, aos quais se juntou um quarto, apés a destruicéo do Quilombo dos Palmares por Domingos Jorge Velho. Os trés focos de povoa- " inento inicial foram: Porto Calvo, ao Norte, fun- dado pelo fidalgo alemao Cristovao Lins, que pos- suia ‘ai cinco engenhos de agucar; 0 das lagoas de Mundau e Manguaba, surgindo com a sesmaria doada a Diogo Soares e onde apareceram, ainda ‘periodo pos-holandés, as povoacoes de Santa Lu- ‘ Madalena; e 0 de Penedo, no rio Sao Fran- do ai 0, surgido possivelmente em 1545, quant u Coelho, ao percorrer & costa de sua jisando afugentar 0s corsarios france- tribus Em estudo fei! MANUEL CORREIA DE ANDRADE O povoamento partido de Porto Calvo e da Alagoas caracterizou-se por ser feito a base ds cultura da cana de acticar e da instalacao dos at genhos que ocupavam as varzeas férteis dos p . quenos rios tributarios diretos do Atlantico; a 86 désses pequenos rios mas até dos riachos a a nimos que néle desagtiam com infimo volume a com regime perene. Os povoadores do Sul, d Pa nedo, ao contrario, nao eram dominant nett agricultores, mas, sobretudo, pescadores ae = Re pat Com 0 gado e as pecearia subi a0 Francisco em direcao a cachoeirz ‘ jo Afonso e expandiram-se pelo li eine a Sho Miguel : Pe 0 litoral até o vio dora irs Pan, am. 8, corrente,ROiia™ GUES JUNIOR (Manuel eevee Ponca giao penedense téda aquela qu ?) cham daa Sao Miguel ao rio Sao ite cisko fe estends a O povoament meaten eRe Pets, en hes objeto do nosso vos tempos, uma vez Pe osamente nos primels ‘ ¥am para isso, como a Dae rios fatores contribul- er pequeno 0 nimero dos ee tario que no dispunha d Shee ee Poucos anos e A sua custs Rintieie es oe a Capitania estendia, a uma costa de 60 légoas: 40 Sul de Itamaracs “se da foz do rio Santa Cruy, ‘Além disso, Penedo + até & foz do Sao Franciseo. ck PPenedo ficava muits i ancised. , onde se concenty: uito distante da vila ria e os mais ha ravam as a itoridades Beattie Cos colonos, fazendo com Mona pee. independente ou de 8. Somava, spuzessem a ir, ne Wa-Se ainda a ameaca ae FOTO N° 9 — Porcio mais ocidental da lagoa do Jiquié e 0 delta, hoje drenado, do rio do mesmo nome. O canavial estende-se até quase a margem da lagoa. A direita observa-se, o antigo armazém ‘onde, no comeco do século XX, as barcacas en- costavam para o embarque do agticar. Devido a de- posicso feita pelo rio, o armazém se acha hoje dis- tante da margem da lagoa. Foto M. C. de Andrade. ee FS 7 oe gee OS RIOS CORURIPE, JIQUIA & f° SAO MIGUEL, seus companheiros de viagem depois eagao em que viajavam endalhougit balxioe dae Rodrigo, em frente 4 foz do rio Coruripe; e 6 deixariam de ameacar os povoadores portuguéses apos a guerra de exterminio feita por Jeronimo de Albuquerque, provavelmente em 1557. (ESPIN- DOLA, Dr. Thomaz de Bom Fim — 1871). As noticias do periodo pré-holandés sao una- nimes em afirmar que na 4rea em estudo — vales do Coruripe, Jiquid e Sao Miguel — 0 povoamen- to era escasso e nao havia influéncia canavieira. ‘Assim KNIVET (Anthony, — 1947), falando s6- bre a area que percorreu no fim do século XVI, afirmou que na barra do Sio Miguel morava um portugués e que, mais além, “seguindo o rio que corre para o interior do continente, reside bom numero de portuguéses, onde existe ainda uma igreja com padres que dizem missa”. Certamen- te refere-se 0 viajante ao nticleo de povoamento que deu origem a cidade de Sao Miguel dos Cam- pos. Salientava que na regiao se explorava 0 pau brasil “ostras que dao pérolas”, balsamo e ar- sores de almacega, convindo referir também a producao de farinha de “cacabe” e a “grande quantidade de gado”. MORENO (Diogo de Cam- pos — 1955), em livro do comego do século XVII, n4o fala em-engenhos no Sul das Alagoas, sali- entando, porém, a importancia da exploragao do pau brasil no vale do Sao Miguel. Também VER- DONCK (GONGALVES DE MELO NETO, Jo- sé Antonio — 1940) em minucioso relatorio que fez para os invasores holandéses sobre a capitania de Pernambuco, apontando os recursos naturais mesma, informa que na regiao meridional das os habitantes vivem quase exclusivamen- MANUEL CORREIA DE ANDRADE de bois e vacas, fazendo tami te da eriacio Bult peice © plantar ‘am een além de explorar o pau brasil @ Povey Tinha essa drea uma funcdo de importa a capitania duartina uma vez que forn biinda Reeprodutos que Ae escassos oe a imediacées, onde a cana ja dominava imperia}jase Sante, como diria GILBERTO FRE hy (1951), as varzeas ricas em massapé do Capiba. vibe, do Jaboatao, do Pirapama, do Ipojuca ©, até certo ponto, do Una. O iinico engenho existente na area por o¢g. siao da dominacao holandésa era 0 Sao Miguel, de. pois chamado de Sinimbu (VAN DER Dug. SEN, — 1947) na margem do riacho déste nome, ao Norte da atual cidade de Sado Miguel. Esse en- genho se tornaria célebre no inicio do século pas. sado, como centro de 1 ncia republicana orga. aizado por Vieira Dantas e D. Ana Lins Vieira, pais do visconde de Sinimbu. Fora fundado por Antonio Barbalho Feio (DIKGUES JUNIOR, Manuel — 1949), que com a invasio o vendeu ao holandés Marten Meynderse, retirando-se para @ Os holandéses, preocupados com o desenvol- vimento urbano do Recife, sobretudo no govérno de Nassau, procuraram manter uma certa diver economica da capitania intensificando & altura da mandioca (GONCALVES DE MELO- , José Antonio — 1947), Certamente em com essa politica, dificultaram, ou nao fayoveceram um surto canavieiro 0 , Visando manter essa regio Capitania, Alids, nas ci FOTO N° 10 — Vale curto e largo de afluente 9 So Miguel que disseca os tabulciros. Obser- @ intensa ocupacéo humana do ™mesmo, con- om a mata que recobre o tabuleiro. Foto M. C. de Andrade. OS RIOS CORURIPE, JIQUIA H SAO MIGUEL a Cane ae cias entao dominantes, com a escravaria em gran- de parte dispersa, com varios engenhos melhor lo- ealizados necessitando de reconstrucao, e com as constantes jneursoes dos guerrilheiros vindos da Bahia, seria dificil conquistar para o aciicar area tao extensa e tao desguarnecida. Por isso, s6 no periodo pds-holandés e, sobre- tudo, apés a destru: co do Quilombo dos Palma- yes, € que as terras doadas aos Moura, aos Rocha Dantas e aos Alves Camélo, puderam entrar para 0 ciclo da cana de agticar, com atraso de mais de um século, se o relacionarmos com 0 ciclo acucarei- yo dos vales wmidos de Pernambuco. $6 no século XVIII 6 que a cana de acucar apresentaria alguma impor neia no Sul das Ala- goas, aparecendo os primeiros engenhos: 2 em Poxim e 7 em Penedo, na primeira metade do sé- culo (INFORMACAO GERAL DA CAPITANIA DE PERNAMBUCO — 1908) . Poxim, freguesia desmembrada de Penedo em 1718 e situada ao Norte da foz do Coruripe, préxima 4 lagoa do mesmo nome, comandou o povoamento do vale que esteve sob sua jurisdic¢do eclesidstica até 1866, quando Coruripe tornou-se freguesia e, depois, ca- peca do municipio. Repete-se aquela disputa que ~ se obser'vou em outros pontos do Nordeste pela he- gemonia regional, luta que se processou no vale do Mamanguape entre Mamanguape e Monte- . Mor; na capitania de Itamaraca, entre Conceicao © Goiana; na varzea do Capibaribe-Beberibe, en _ lve Recife e Olinda; e nas Alagoas, antiaslis MANUEL CORREIA DE ANDRADE 5.893 habitantes, sendo que 4.321 viviam na fy 7 quesia de Sao Miguel — desmembrada da de Ae gem em 1683 (DIEGUES JUNIOR, Manuel — 1944) — e 2.572 viviam na de Poxim. Em gf, iliguel havia, entao, nove engenhos de f. nae igu azer ach car e trinta e duas fazendas de criacao. Van a désse modo, que a criacéo de gado era ainda atividade econémica dominiante na regiao. q No século XIX, a cultura da cana aument; sua drea de expansao na regiao meridional aa Alagoas, ocupando grandes extensdes inclu iva nas margens do Sao Francisco, como observes HARTT (Carlos Frederico — 1941) e GARD. NER (George — 1942). No inicio désse século : nicio désse século tal cultura sofreu uma verdadeira renovacio a vido a uma série de fatores como a alta dos rem no mereadio internacional devido a desorganral cao dos canaviais das colonias inglé : las, provocada pelas guerras ‘napoleaia espa bstituicao da cana crioula, cultivada né econ colonizacao € pouco rendosa, pela cae ae i lhor qualidade; a utilizacio do baga de > mo combustivel, 0 que vinha lib C0 Oe ae da destruigéo das matas, nem nah oa Outros melhoramentos surgi oe ae Berernaiiicio dé 6 c surgidos em Pernam- ea do século, s6 apds 1850 ai vomo a substituicao das ai chegaram, 4 moendas horizontais, a canines ver dégua e de animais’ Bindi stitisso dossenaaiaaay uso do arado, fisse i a engenhos «vant COSTA (CRAVEMRG ets agratio, segunty — 1937) foi introduzido . : — ae A = Fhe : : : oS : Esta lagoa, como as de- a pela deposicéo de cordoes rio Sio Miguel. (G. 0. de Andrade, tauré-lo e introduzir novos métodos agi ane seus parentes e conterraneos. Além de u ; arado, procurou, antes da lei do Ventre-Livre, fa- zer os plantios de cana com bracos assalariados. Sua experiéncia nao foi concluida porque teve que voltar ao Rio, & atividade politica, deixando a ter- ceiros a administracdo do engenho. Nesse século tornou-se a cana de acuear a ati- yidade econémicamente dominante nos baixos va- jes do Coruripe, do Jiquid e do Sao Miguel, ape- sar de terem os proprietarios que enfrentar sérios problemas, como o da rotina agricola e industrial: 0 da falta de transportes, forcando 0 uso de bar- cacas nos citados rios, em seus cursos inferiores, | eno Oceano, até Maceié ou Recife; a falta de bra- cos, uma vez que a epidemia do célera-morbus que atingiu a provincia em 1856, provocou grande mortandade entre os escravos, sem que outros pu- dessem substitui-los de vez que o trafico fora pa- ralizado apés as leis Eusébio de Queiroz e Nabuco de Araujo; a falta de exportagao direta do pérto de Jaragua — Maceié — até o estrangeiro, pon- do o produto alagoano em posicao de inferiorida- de frente ao acticar de Pernambuco. Também so- freu 0 acticar forte concorréncia do agodao que chegou a suplanta-lo em valor de producdo no pe- viodo posterior a 1865. Deu-se 0 surto algodoeiro nas Alagoas, como em Pernambuco e na Paraiba, com a introducao Sementes de novas variedades e com a retirada dos Estados Unidos do mercado internacional, du- te 4 guerra de Secessio. Apesar disso podemos asseverar & verdadeira avistocracia do inte o segundo Reinado, “MANUEL CORREIA DE ANDRADE eC — «a afirmativa estao os sobradées da cidade Mi i os Campos (foto 12) e as canis ga de ins engenhos como a do Prata, no vale do Jiquia (foto 18) que podia hospedar nos dig de festa mais de 60 pessdas. ssa casa, cuja cong. trucdo foi concluida em 1883, era residéncia de uma filha do barao de Jiquia, e 0 engenho movido @ agua, com seus 4.800ha. de extensdo, era um dos mais importantes da entao Provincia das Ala. goas. Da regiao sai um dos maiores homeng publicos do segundo Reinado, Joia Lins Vieira Cansancao de Sinimbu, Visconde de Sinimbu, que foi diplomata, parlamentar, membro do Conse- tho de Estado, Presidente do Conselho de Minis- tros e Ministro da Agricultura, havendo sido se- nhor do engenho Novo durante alguns anos. Além déste, que viveu distante da terra, em- bora sem perder 0 contacto com ela, merecem des- taque os verdadeiros bares do acticar, como Ma- nuel Duarte Ferreira Ferro, bardo de Jiquia, ir- mao do Visconde de Sinimbu e senhor do engenho ilha, no vale do Jiquid; e 0 barao de Sao Miguel dos Campos, Epaminondas da Rocha Vieira, se- nhor do engenho Sinimbu, no vale do Sao Miguel, assim como 0 coronel Joaquim Moreira de Carva- tho, condecorado com a Ordem da Rosa, que vivia como auténtico fidalgo no seu engenho Gloria, si- tuado 4 margem esquerda do Coruripe, e que usa- va sempye gravata a qualquer hora do dia e cos- tumava almocay diaviamente saboreando vinhos Outra figura de proa que nao pode sei esque 4 do Comendadoy Miguel Soares Palmeiras "de proprietiirio no vale do Sio Miguel, — ho de 1889 0 titulo de bariao de Co Foto M. c de Andrade. ripe (DIEGUES JONIOR, Manuel — eae oats ne io que nao teve tem-— retirar a patente. Assim os Vieira (Ferrei- : Ferro.era dessa familia) e os Palmeira domi- waram nos fins do século passado e nas primei- yas décadas déste, os vales do Jiquid e do Sao Mi- guel, enquanto no Coruripe a influéncia politieo- economica era exercida pelos Moreira de Carva- ino, pelos Azevédo ¢ pelos Beltrao. A grande preocupacio dos habitantes da re- giao foi, na segunda metade do século passado, a dificuldade de transportes. Embo) rios Sao Miguel e Coruripe x s no baixo curso, como a lagoa de m toda a sua ex- tens4o, o transporte em ba S$ era pouco segu- ro e vagaroso, dificultando o e: nto da pro- duc4o. Por isso projetaram a construcéo de uma estrada de ferro de Pontal do Coruripe a Palmei- ra dos indios, atvaindo para um porto a ser ali construido o cor e de todo o Agreste alagoano. Essa e: a, porém, n4o foi construi- da ea primeir 1884 (DIEG IOR, Manuel — 1949), li- gou Maceié a U endo construido um ramal tendido até Palmeira dos | indios. Maceié, a: , com a vantagem de ser a __ tapital, roubou a Coruripe o hinterland que ela tanto ambicionava. A regio s6 veiu a conhecer e facil na eva das rodovias, com a cons- o da estrada Maceié-Penedo, possuindo ain- apenas as ferroyias particulares das u pe ¢ Sinimbu. A Great W ‘ MANUEL CORREIA DE ANDRADE : agticar por processos mais mo. pa i clevitionsto do Sr foi Preocupactig de agricultores progressistas durante a segundg do séeulo XIX, tendo Bia ieee lagoas lhoraram suas instalac S lus~ eae Bisonstricao de engenhos-centrais, pre. eursores das modernas usinas, que procuravam Separar a atividade industrial da agricola, 36 foj cogitada nos ultimos 20 anos do ‘século passado, sobretudo apés a instalacao dos primeiros em Per. nambuco. Assim, em 1890, 0 Govérno alagoano eogitava da instalacdo de trés engenhos centrais que seriam localizados em areas distantes afim de nao concorrerem entre si; um em Atalaia, outro em Pilar e um terceiro em Coruripe. Indica tal atitude a importancia obtida pela cultura canayi- cira nésse vale. Em 1892, como informa DIEGUES JUNIOR {Manuel — 1949), ja existiam dois engenhos cen- trais em funcionamento no Estado; o Brasileiro e 0 de propriedade dos Snrs. Amorim Leio & Cia, {sera a atual usina Central Leao?). Em constru- 40 estava outro, no lugar do engenho Ilha, no va- Je do Jiquia; que, adquirindo varias propriedades, transformou-se na atual usina Cansaneao de Si- nimbu, inteiramente reformada depois de 1951, S6 em 1927, seria instalada a usina Coruri- @m terras do engenho Triunfo, pelo dr. Cas- Azevedo que reuniu os agricultores do vale em anonima, Apog adquirir a maioria das fansmitiu a propriedade da usina para ou é anonima lidevada pelo sr. Téreio “using ts, O'# Pretende amplié-la, * ge #1 mais nova da vegiao, Lo cooperativista st FOTO N# 13 — Casa grande senhorial do en- fenho Prata. Construfda no flim do século XIX, Dertenceu @ uma filha do bario de Jiquia e dispu tha de cémodos para hospedar cirea le 60 pessoas. ©. de Andrade. 08 RIOS CORURIPE, JIQUIA © SA wrGUE, sa ; teve como expoentes agricultores (i; Palmeira, Manuel MESSIAS Di) GUSMRG (1961), Moacir Pereira, Ormindo Gusmao Pe. dyo Rocha, Alfredo Oiticica, Esperidiao Lopes, Mario Gomes, Francisco Carneiro, Amelio Uchéa, etc., 0S quais premidos pelos baixos precos do acti. ear mascavo e pela falta de crédito agricola, or. sanizaram a Cooperativa dos Bangueseiros do Es- tado das Alagoas, o Sindicato da Inditstria do Agicar de Engenho e a Associagao dos Plantado- yes de Cana. Compreendendo que a époea do ban- gué e do acicar m vo estava superada, e nao desejando se tornar vassalos de usinas, resolveram 0s proprietarios do vale do Sao Miguel organizar uma Cooperativa e montar fabrica propria. Se- iam assim fornece de si mesmos, e nao de terceiros. A cooperativa, primeira no género or- ganizada na América do Sul, estruturou-se em 1943 e instalou a usina Caeté, que iniciou sua pri- meira moagem em 1946. Foi instalada em terras do engenho Sinimbu, proximo & foz do rio déste nome, no Sao Miguel e a 1km da cidade do mesmo nome. Sua vida, porém, foi dificil, pois o auxilio que 0 IAA Ihe prestou nos primeiros tempos foi Sendo gradativamente diminuido, os bancos nao davam os financiamentos com a mesma facilidade (ue faziam as outras usinas, e 0S cooperados, ate afeitos ao sistema cooperativista e mud i i dualistas, impediam uma eficiente a mini : ped da industria. A ésses fatos jue oe a usina constituida por maquinara toate 4 usd que, além de dar baits rend 4 Be » Necessitaya de freqtientes e "ats. Ands varios anos de dificuldades resolve~ . nos meios canavieiros alagoanos, apdos 1930, e 5 MANUEL CORREIA DE ANDRADE: dos, em 1958, transferir a usina pa. Beg. Companhia de Melhoramentos do Vale do Sao Miguel, liderada pelo sr. Joao Cabral Tole. do. ea r i istem atualmente trés usinas na dreg em a8 aia no vale do Sao Miguel, outra no Jiquid e outra no do Coruripe. Delas, apenas a Si. nimbu conquistou inteiramente o seu vale (0 me- nor dos trés alids) e estendeu sua influéncia pelos tabuleiros e até pelos outros dois vales. A Coruri- com uma capacidade de produgao de aproxima- damente 100.000 sacos anuais, nao se assenhoreou senao de uns 20% das terras da extensa varzea do Coruripe onde, ao lado da cultura da cana, desen- yolvem-se outras culturas e a pecudria. A Caeté, com pequena capacidade de producio (menos de 50.000 sacos por ano), muito ter que se expan- dir para dominar 0 vale do Sao Miguel, que se apresenta quase inteiramente inculto a jusante da cidade de Sao Miguel dos Campos. _Contudo a melhoria das estradas ligando @ regiao a Maceié, a inversao de vultosos capitais e a Yalorizacao dos produtos agricolas provocarad, Segundo tudo indica, um aproveitamento mais ra : onal das terras e 0 progresso geral da regiao. OP this ont Il O USO DA TERRA 1— O homem e a mata. Quase téda a regiao drenada pelo baixo e mé- dio curso do rio Goruripe e pelos rios Jiquia e Sao Miguel foi recoberta no periodo precolonial por mata muito espéssa, mata cuja presenga estava assegurada por condigdes de solo e de clima das mais favoraveis. Essa mata espéssa é testemu- nhada pela grande extensao que ainda hoje ocupa i sdbre os tabuleiros localizados nos interfluvios désses rios, possivelmente as maiores reservas ain- da existentes no Nordeste do Brasil. Extensao tao grande que, em mapa elaborado em 1958 pelo De- Partamento de Estatistica do Bstado das Alagoas para assinalar as’ regides geo-economicas do Es lado, grande parte dos municipios de Sao los Campos e de Coruripe, é colocada no q mam de regiao madeireira. Varias $20 &% | ¥48 de lei af existentes como a suctl 4p.), a copaiba (Copaifera of erma polyne retudo nas Areas do tabuleiro 06 feita ais fe la MANUEL CORREIA DE ANDRADE rs Observa-se que na drea em estudo, a destryj- edo da floresta pelo homem foi feita por etapas, ’ _ Primeiramente os colonizadores nos séculos XV] XVII e XVIII, destruiram as matas da varzea contiguas aos pastos que alimentavam seus reba- nhos. No inverno, quando grande parte das var. zeas 6 inundada, 0 gado é levado para os pontos mais altos, 4 salvo da inundagao, ou para os tabu. leiros chamados localmente “de caju e mangaba”, ou ainda para pontos também dos tabuleiros onde a mata veiu a ser destruida permitindo o apareci- mento do capim-luca (Sporobolus tenacissimus) . Hste nao é boa forragem, devido 4 sua consistén- cia muito dura, mas queimado antes do inverno, brota muito tenro e 0 gado com éle se alimenta sa- tisfatoriamente durante 20 ou 30 dias. Um més” apés a queima 0 gado, que o tem quase como tnico ulimento, ressente-se. Mas como so poucas as ré- ses para uma grande drea, suporta magro & es- pera da estacao séca, quando ira encontrar me- lhores pastagens na varzea. Ainda hoje ha exten- sées de tabuleiros com essas pastagens pobres, nas proximidades de Poxim, formando contraste com as torres de exploracio da Petrobras, que tenta obter na area o “ouro negro” tio necessdrio ao de- senyolvimento do pais. Essa pecuaria dos primeiros tempos foi feita 4 custa de uma série de fatores: baixa densidade demografica conseqiiente da grande distancia * que se achava de Olinda, permitindo que cada eria- dor tivesse grandes extensdes de terra para W “pequeno niimero de réses e impossibilitando 4 desenvolvesse a agricultura: um mereado 60 dor certo em Olinda e nos engenhos da a acucareirra pernambucana, além da seer concrira, JIQUIA FB SAO MIG - 1 que o gado trazid hamado ertouto} * ‘ani € poste- nais, inclusive por meio da ir sumancia, a ponto de passar a a verdadei- ee ea séca na véreta eal he am no periodo coloni ita ida nos interflivios Sar aanE ‘ann foi RG.IONIOR, Manuel — 194¢rpana ote tar a construcdo de navios mmereantagt falar na exploracao predatéria do pa ee ‘gl (Caesalpinia echinata Lam.), que oe Ate of amata atlantica em téda a area onde éle aa : trado, do cabo de Sao Roque, no Rio Grande do Norte, ao cabo Frio, no Rio de Janeiro. ~~ Osurto canavieiro dos fins do sé ‘edo XIX veio liquidar com as 1 ‘das encostas, e so deixou as dos tabuleiros, gragas ” 4erenca generalizada de que os solos de tabuleiro nao se prestam para a cultura da cana. Preserva- das, porém, até 1951, porque os irmaos Coutinho, adquirirem a usina Sinimbu, resolveram es- 0s canaviais pelos tabuleiros, com a intro- do adubo. Coberta de éxito, a sua experi- la vem sendo seguida por outros agricultores de 1000ha. de mata j4 foram substituidos aviais . 0 é feito, porém, B com grande rapidez, nao interésse na exploracao da floresta. As- 6 proprietério derruba a mata dela retiran- 48 madeiras de lei. 0 solo cheio de tocos, rubados e ramagens ¢ queimado ! . Fazse a primitiva cou ¢ realizavam no periodo DP Jhos mai 8. a —a que tem ciclo vegetativo curto (3 Seroie da cana usando a enxada. $6 4 OW nos depois, quando os tocos estao apodreci ‘€ que se usa 0 trator para uma agricultura meeg. nizada. O canavial cheio de troncos e madeira queimada lembra a paisagem das regides pionej. ras do Sul e do Leste do pais. Assim, queimando-se a mata na propria ter. Ya, ocorre, ao nosso vér, uma exploracao predaté- ria e anti-econémica; 0 solo, que poderia reter grande quantidade de matéria organica forneci- da pela mata (0 solo que é silicoso e pobre em ma- téria organica), tem a mesma transformada em cinza, isto é, em potdssio altamente soltvel. Os processos erosivos se intensificam, acentuando-se sobretudo a acdo das enxurradas. E a riqueza Slorestal é em grande parte destruida quando a madeira de pior qualidade poderia ser utilizada pelos grandes consumidores de lenha: as usinas, as padarias, os poucos engenhos ainda em funcio- namento e as fabricas de tecidos de Sao Miguel dos Campos. Désse modo, vultuoso capital em Jenha é destruido sem nenhum proveito. Convém salien- tar, que apesar da abundancia das matas e grande desmonte que ora si procede, nao ha na regiZo importantes serrarias. S6 ha pequenas, com capitais exiguos, que nao podem atender a0 eitamento da grande quantidade de mat ya destruida pelo machado e pelo fogo. re 2—A cultura da cana de agtcar. 0 contrério do que acontece em Pe -acucareiros da Paraiba e do “a cana de acicar ainda 0 0s RIOS CORURIPE, JIQUIA B 846 , _ MIGUEL -_ na parte ae das parc ue se presta 4 sua cultura, : tudados, apenas 0 Jiquid tem quase ‘dn 5 sae ocupada por canavia justamente o n jmportante dos trés, por ter uma varzea mais es treita, yarzea que ocupa aproximadamente uns gooha., garantindo a usina Sinimbu perto de 70.000 sacos de acticar por ano. A cana pode se expandir na mesma devido as condicées climati- eas favoraveis e aos solos ali dominantes, de mas- sapé e turfa. Para galgar as encostas, os pontos FE jnenos umidos, necessita de irrigacao; além dis- so a drenagem teve que ser feita em pequeno tre- cho do delta do Jiquid, pois a agua ai existente, alagando o terreno, impedia a cultura da cana. mambém contribuiu para a extensao dos canavi- ais no vale a capacidade de esmagamento de té- da a cana produzida pela usina Sinimbu, que des- dea safra 1938-39 vem produzindo mais de 70.000 A varzea do Coruripe, com uma extensio de inais de 8.000ha. de terras aproveitaveis para a cultura da cana de agicar, tem apenas perto a 1.100ha. por esta ocupados. Varios fatores _ Antes de tudo é em stensio a juzante genho Central) e s6 recentemente foi a nada pelo DNOS, podendo entio ser 0cvP 4 tanayiais, Estes, porém, nas proxi . de Coruripe encontram Reem’ a selina prog co ente do % " tha ria entulhada, slevido necessiria a con Mirim, no Rio Gran. os solos de varzea, apesay ser boa, necessitam de y ie ser dado por agricultores capital relativamente grande; limitem-se a areas de exiguag os solos de turfa da baixa-y4y. Acidos, precisando de correcdo. Myj_ impedem também a entrada de m4. s e dificultam a retirada da cana, is estradas que atravessam a varzeq sobre verdadeiros atérros. Além dura sé pode ser feita no estio, esta menos timido — outubro a de. colheita tem de ser realizada antes ereiro por causa das cheias do rio. Os solos dia a jusante da usina so dominan- mpermeé- no estio fazendo com que a cana ne- irrigacao; esta para ser eficiente preci- @ agua seja levada a ra cada tou- a por um orificio perfurado manual- ig sub-solador. Tudo isto encarece a fatos junte-se a pequena capaci- Coruripe, tinica do vale, que pode 90.000 sacos de acticar por ano, a Ihe poderia fornecer canas para Saco. Apesar disso o canavial se . § intercalados desde o engenho enho Passagem, 1km ao Oeste — 9 rio é cortado pela estrada es 44 BR-11, ligando Maceié © % ’ (0S RIOS CORURIPE, JIQUIA E S40 MIGUEL, a 9 arroz ena pecuaria. Até a usina er: n . . ia, ya se abastecer de leite e de animais de tea a q area onde plantaria cana se dispuzesse de maior eapacidade industrial. Também os senhores ai engenho ocupam parte de suas terras com gado le arroZ, por nao disporem de maior cota de {cme eimento para a usina. A No vale do Sao Miguel, onde a usina existen- te — a Caeté — tem capacidade de producao in- ferior a 40.000 sacos de agicar por ano, observa- se que é pequena a Area canavieira. O baixo vale onde o rio serpenteia formando amplos meandros, é praticamente inculto devido ao excesso dagua; ha falta de drenagem, s6 aparecendo o canavial km a juzante da cidade de Sao Miguel, para es- tender-se a montante até Anadia. A propria usi- na nao dispunha de terras para a cultura de vez gue pertencia a uma Cooperativa de plantadores, $6 possuindo, a partir de 1958, uma parte do en- genho Sinimbu, onde cultivou 45ha. Atualmente a imos & ocupacdo dos tabu- leiros pelos canaviais, embora as varzeas que nao necessitam de adubacao ainda se achem em gran- de parte desocupadas. Isso porque a usina Sinim- bu, depois de ocupar a pequena varzea do Jiquia, iecessitou de mais terras para. alimentar sua erescente capacidade industrial. Dispondo de me- thor técnica, passou a plantar seus canayiais nos tabuleiros, onde a camada arenosa tem espessura inferior a 0,50m, derrubando The as matas. Cor- vigiu a falta de matéria organica do solo com © 80 de adubos e obteve grande sucess, pois con- Seguin um rendimento agricola superior & 0 to- Aeladas de cana por hectare. Isto fez com que, usando yariedades mais resistentes & insolagao,

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