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TFC Raja-1
TFC Raja-1
Delegação de Nampula
Candidato Supervisor:
_____________________ ______________________________
Raja Manuel Abacar Elio Rareque, MA
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1.5.2 Características Típicas da Administração Pública...........................................................................26
1.5.3 Princípios da Administração Pública...............................................................................................27
1.5.4 Formalidades dos Actos Administrativos na Administração Pública..............................................28
1.5.5 Escusa e Suspensão na Administração Pública...............................................................................31
CAPITULO II: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS.......................................................33
2.1 Descrição do Local do Estudo................................................................................................................33
2.1.1 Localização Geográfica do Município da Cidade de Nampula........................................................33
2.1.2 Breve Historial do Município da Cidade de Nampula.....................................................................33
2.1.3 Estrutura Orgânica do Município de Cidade de Nampula...............................................................34
2.1.4 Funcionamento do Conselho Municipal da Cidade de Nampula.....................................................34
2.1.5 Organograma do Conselho Municipal da Cidade de Nampula........................................................37
2.1.6 Quadro de Pessoal do Conselho Autarquico da Cidade de Nampula...............................................37
2.2 Perfil dos Participantes da Pesquisa.......................................................................................................38
2.3 O Processo de Tramitação de Expedientes dos Cidadãos no CMCN.....................................................39
2.4 Prazos de Tramitação e Decisão dos Expedientes no Conselho Municipal da Cidade de Nampula.......41
2.5 As Causas do Indeferimento Tácito no Conselho Municipal da Cidade de Nampula.............................42
2.6 Fundamentação das Decisões do Conselho Autárquico da Cidade de Nampula para os cidadãos..........43
Conclusão........................................................................................................................................................45
Sugestões.........................................................................................................................................................47
Referências Bibliográficas...............................................................................................................................48
Apêndice..........................................................................................................................................................50
Apêndice A: Guião de Entrevista aos Funcionários do Conselho Municipal da Cidade de Nampula..........51
Apêndice A: Guião de Entrevista aos cidadãos-utentes do Conselho Municipal da Cidade de Nampula.....52
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DECLARAÇÃO DE AUTORIA
Declaro por minha honra que o presente trabalho é inteiramente de minha autoria e que nunca foi
anteriormente apresentado para avaliação.
O Candidato
___________________________________________
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AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar ao Deus Poderoso, por mi cuidar durante a minha formação.
Aos meus pais que trabalharam em harmonia para o meu bem-estar, pela paciência que tem de me
criar dos meus zero anos até então que estou na fase final do meu curso de Administração Pública,
Comércio e Finanças.
Aos Docentes do ISGECOF por todo apoio, ensinamentos e contribuições que deram desde o início
do curso até a realização deste trabalho.
E a todos aqueles que directa e indirectamente contribuíram para que esse sonho fosse uma
realidade.
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DEDICATÓRIA
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LISTA DE ABREVIATURAS & SIGLAS
AP Administração Pública
H1 & H2 Hipóteses
T1 e T2 Técnicos
MC Munícipes
iv
LISTA DE TABELAS, FIGURAS & GRÁFICOS
v
RESUMO
A presente monografia tem como tema “Análise do Indeferimento Tácito Face o Dever da
Fundamentação na Perspectiva da Responsabilidade da Administração Pública: Caso do Conselho
Municipal da Cidade de Nampula (2018-2020) ”, cujo objectivo principal é analisar a observância do
dever de fundamentação em caso de ocorrência do indeferimento tácito. Em termos objectivos
específicos foram definidos três (3) específicos: identificar o processo de tramitação de expedientes
dos cidadãos; Apresentar as causas do indeferimento tácito; e aferir o nível de fundamentação das
decisões do Conselho Autárquico da Cidade de Nampula para os cidadãos. Deste modo, como
procedimento metodológico adoptou-se uma abordagem qualitativa, consistiu em ouvir as opiniões
dos funcionários e cidadãos, através de combinação de três técnicas de recolha, a pesquisa
bibliográfica, pesquisa documental e entrevista aplicados a 10 participantes da pesquisa. Portanto, da
análise e interpretação de dados colhidos, chegou-se as seguintes conclusões: os cidadãos que as
suas petições passam pelo processo de indeferimento tácito, geralmente não são convocados para
apresentação da justificação do indeferimento da sua petição, fazendo com que eles próprios se
dirijam aos órgãos autárquicos exigir qualquer tipo de fundamentação perante o silêncio da
Administração pública. Acrescido a isso, os prazos de 15 dias, estabelecido pelo Decreto n° 30/2005,
na realidade do CMCN esse preceito legal não tem sido cumprido na plenitude.
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INTRODUÇÃO
Os órgãos administrativos devem decidir sobre todos os assuntos da sua competência que lhes sejam
apresentados pelos cidadãos, em forma de petições, representações, queixas, reclamações ou
recursos apresentados em defesa da legalidade ou do interesse geral, conforme o artigo 26, Lei nº
7/2012, de 08 de Fevereiro.
As decisões tomadas pelos órgãos administrativos (como por exemplo o Conselho Autárquico da
Cidade de Nampula), devem ser devidamente fundamentadas o seu deferimento ou indeferimento
para os cidadãos para que entenda a decisão tomada em nome do interesse público.
Neste âmbito, a presente monografia tem como tema “Análise do Indeferimento Tácito Face o Dever
da Fundamentação na Perspectiva da Responsabilidade da Administração Pública: Caso do Conselho
Municipal da Cidade de Nampula (2018-2020), cujo objectivo principal é analisar se Conselho
Autárquico da Cidade de Nampula, como órgão administrativo, fundamenta sua decisão aos
cidadãos no âmbito do deferimento tácito.
De forma geral, à Administração Pública tem o dever de decidir sobre todos os assuntos da sua
competência que lhes sejam apresentados pelos administrados, designadamente os que lhes disserem
directamente respeito, e ainda os relativos a quaisquer petições, representações, queixas,
reclamações ou recursos apresentados em defesa da legalidade e no interesse geral, conforme dispõe
o nº 1 do artigo 11 da Lei nº 14/2011, de 10 de Agosto, conjugado com o artigo 10 do Decreto nº
30/2001, de 15 de Outubro.
Entretanto, A excepção de a Administração Pública se pronunciar sobre os assuntos submetidos à
sua apreciação só existe na situação de há menos de um ano, contado desde a prática do acto até à
apresentação do novo pedido, ter praticado um acto administrativo sobre o mesmo pedido formulado
pelo administrado e com os mesmos fundamentos, conforme resulta do nº 2 do artigo 11 acima
referido.
Consequentemente, salvo o único caso expresso em que a Administração Pública está isenta do
dever de se pronunciar sobre os assuntos submetidos para a sua decisão, deve sempre tomar decisões
sobre todos os outros assuntos, aceitando ou negando os pedidos formulados pelos administrados (nº
1 do artigo 11 da Lei nº 14/2011, de 10 de Agosto).
Em termos de conteúdos, a monografia discute inicialmente sobre o processo de tramitação de
expedientes dos cidadãos; e depois centra-se na análise sobre as causas do indeferimento e no fim
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analisa o nível de fundamentação dos actos administrativos do Conselho Municipal da Cidade de
Nampula para os cidadãos.
Problematização
De Acordo com Heerdt e Leonel (2007: 120) “ A problematização é a presentação da ideia central
do trabalho, tendo-se o cuidado de evitar termos equívocos e inexpressivos”.
A administração pública tem como um dos cruciais deveres de atender e satisfazer o público através
de leis e regulamentações previamente traçadas para o efeito, o que significa que para todos os
efeitos, uma melhor Administração Pública é estabelecida conforme são instituídas as normas que
irão reger o seu funcionamento.
Referimo-nos nesses termos para discutir em torno da figura jurídica do indeferimento tácito em
confronto com o dever de a Administração Pública fundamentar as decisões (actos administrativos)
que impliquem indeferimento do pedido formulado pelo administrado, tomando ainda em
consideração os outros princípios que regem o funcionamento dos órgãos da Administração Pública,
mormente o da responsabilidade. Ou seja, a actuação conjunta das leis do indeferimento tácito e o
dever da fundamentação sobre a administração pública, é nítido o espaço que abre para uma
discussão sobre os efeitos que esta controvérsia pode ter sob o ponto de vista da responsabilidade da
administração pública.
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carece de urgente intervenção, visto que os administrados vêm reclamando desta problemática desde
um passado não muito recente.
A problemática do CMCN, da emissão de resposta das petições dos cidadãos caracterizados muitas
vezes pela extrapolação dos prazos definidos por lei, indeferimento das petições dos cidadãos sejam
fundamentação dos motivos de facto e de leis que ditaram a decisão, é um problema que tem
acontecido na acção administrativa.
A respeito disso, o vereador institucional, cooperação e desenvolvimento do CMCN, afirmou que
durante a governação de Paulo Vahanle, a autarquia recebeu e atendeu mais de 600 petições de
diferentes áreas de actividade e necessidades dos munícipes1.
Segundo o vereador a decisão de deferimento ou indeferimento das petições dos cidadãos, depende
do assunto que o mesmo solicita ao CMCN, não existem um critério universal.
Entretanto, alguns cidadãos têm reclamado que algumas petições são indeferidas pelos órgãos
municipais sem apresentação de qualquer fundamentação legal ou de facto, sobre tal decisão.
Dentro deste contexto de ideias, levanta-se a seguinte questão de partida para servir como fio
condutor da investigação: Até que o indeferimento tácito afecta o dever de fundamentação dos actos
administrativos no Conselho Autárquico da Cidade de Nampula?
Justificativa
Gil (2007: 52) defende que “justificativa é a relevância técnica, científica e social da pesquisa”. No
entanto, a relevância prática deste tema são as seguintes:
1
Disponível https://cmnampula.gov.mz/2018/11/20/alfredo-alexandre-vereador-institucional-fala-
sobre-o-tratamento-de-peticoes/, consultado em 02 de Junho de 2021, as 14 horas e 23 minutos.
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Pela tamanha inquietude que esta realidade trás tanto para os pesquisadores assim como para
a população, surge a grande necessidade de levar a cabo a pesquisa com o intuito de realizar
uma pesquisa que possa servir de um instrumento que possibilite a minimização dos efeitos
desta triste realidade que o público no geral e os munícipes desta cidade em particular,
vivem. Isto, através duma análise dirigida aos efeitos do contraste que advém da actuação
simultânea das leis do indeferimento tácito e o dever da fundamentação, perspetivando de
igual modo, a melhoria nos cuidados prestados na formulação das leis que instituem a
Administração Publica e sobre tudo na sua aplicabilidade em torno dos objectivos das
instituições públicas.
No tocante ao espaço temporal (2018-2020), deve-se sobretudo por ser um tempo recente e pretende
trazer dados actualizados sobre a matéria da pesquisa.
Objectivos do estudo
Segundo Beuren (2003:65), ‘o objectivo geral indica uma acção ampla, por isso mesmo deve ser
elaborado com base no problema da pesquisa”.
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Objectivo Geral
Objectivos Específicos
De acordo com Heerdt e Leonel (2007:121), definem ʺ o objectivo específico como sendo a
indicação de metas das etapas que levaram a realização dos objectivos gerais"
Para sustentar o objectivo geral são identificados neste projecto os seguintes objectivos específicos:
Identificar o processo de tramitação de expedientes dos cidadãos no Conselho Municipal da
Cidade de Nampula;
Apresentar as causas do indeferimento tácito adoptado pelo Conselho Municipal da Cidade de
Nampula;
Aferir o nível de fundamentação das decisões do Conselho Municipal da Cidade de Nampula
para os cidadãos.
Hipóteses
Para Silva e Menezes (2005:86), ʺ Hipóteses são suposições colocadas como respostas plausíveis e
provisórias para o problema de pesquisa."
De forma a responder a questão de partida, levantam-se as seguintes hipóteses:
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Metodologia de trabalho
Nesta pesquisa está reservado, os procedimentos metodológicos que foi adoptado para a concepcão
da monografia, encontra-se organizado em tipo de pesquisa, técnicas de recolha e análise de dados e
a delimitação do universo e participantes de pesquisa.
Tipos de pesquisa
No modelo de pesquisa científica do ISGECOF, a pesquisa classificada em três (3) níveis,
nomeadamente, quanto a abordagem, objectivo e procedimentos técnicos, que a seguir mostramos.
Quanto à abordagem
Tendo em conta os objectivos específicos definidos na pesquisa e o problema colocado, a pesquisa é
de cunho qualitativo.
Para Vaz (2008: 95), nas pesquisas qualitativas ocorre a valorização do processo e, não
necessariamente, do produto, buscando compreender a dinâmica das relações estabelecidas na
situação em questão e não se preocupando com a quantificação.
A pesquisa qualitativa favorece uma compreensão mais detalhada dos dados obtidos, já que os
significados são apreendidos de forma profunda. Não se preocupa com representatividade numérica,
mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização.
Portanto, a pesquisa é qualitativa porque para analisar a relação entre o indeferimento tácito e
fundamentação da decisão no CMCN foi ouvido e registado as opiniões e sentimentos dos
funcionários do CMCN, em especial da vereação institucional e cooperação, bem como dos cidadãos
utentes da cidade de Nampula.
No entanto, as informações colhidas quer pelos funcionários quer pelos cidadãos no CMCN, serão
apresentados em forma de depoimentos nesta pesquisa.
Quanto aos objectivos
A pesquisa enquadra-se na logica de pesquisa descritiva, que segundo Gil (2007: 89), “a pesquisa
descritiva procura observar, registrar, analisar, classificar e interpretar os fatos ou fenómenos
(variáveis), sem que o pesquisador interfira neles ou os manipule. Este tipo de pesquisa tem como
objectivo fundamental a descrição das características de determinada população ou fenómeno”.
Nesta pesquisa, pretende essencialmente descrever os seguintes aspectos:
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Os processos de tramitação dos expedientes no CMCN;
Os procedimentos no deferimento tácito adoptado pelo CMCN;
Fundamentação das decisões do CMCN para os cidadãos.
Quanto aos procedimentos utilizados
A pesquisa, termos de métodos de procedimento adoptou o estudo de caso, foi realizado
essencialmente no Conselho Municipal da Cidade de Nampula.
Segundo Predanov e De Freeitas (2013), constitui um estudo de caso quando envolve o estudo
profundo e exaustivo de um ou poucos objectos de maneira que permita o seu amplo e detalhado
conhecimento.
Portanto, na pesquisa pretende-se estudar de forma profunda a relação entre o indeferimento tácito e
fundamentação das decisões tomadas pelos órgãos autárquicos no Conselho Municipal da Cidade de
Nampula.
Deste modo, todas as ilações tiradas na pesquisa, bem como as principais decisões dizem respeito
exclusivamente a está instituição.
Para garantir a recolha dos dados que vão suportar a concepção da monografia, foram definidos as
seguintes técnicas de recolha de dados:
Entrevista padronizada
Sendo assim, a entrevista será feita aos funcionários do CMCN, em especial da vereação
Institucional e Cooperação, de modo a verificar e analisar como é tratado o assunto de expedientes
dos cidadãos e a questão da fundamentação das decisões tomadas.
Para tal foi elaborado um guião de entrevista, que consta como apêndice, onde estão registadas
antecipadamente todas as questões relevantes para a pesquisa.
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Análise documental.
A recolha de dados documentais pode servir para dois propósitos principais: Por um lado, o
investigador “tenciona estudá-los por si próprios”, e, por outro, “espera encontrar neles, informações
úteis para estudar outro objecto, (Da Costa, 1992: 201).
Documentos podem ser encontrados em organismos (dados macro sociais e estatísticas), instituições
e bibliotecas.
Sendo assim, na análise documental serão verificados e analisados os documentos produzidos pelo
CMCN no âmbito do deferimento, bem como a legislação existente sobre o assunto.
Pesquisa bibliográfica
Pesquisa bibliográfica: quando elaborada a partir de material já publicado, constituído
principalmente de: livros, revistas, publicações em periódicos e artigos científicos, jornais, boletins,
monografias, dissertações, teses, material cartográfico, internet, com o objectivo de colocar o
pesquisador em contacto directo com todo material já escrito sobre o assunto da pesquisa, (Predanov
& De Freitas, 2013).
Sendo assim, a pesquisa bibliográfica aconteceu basicamente na biblioteca do ISGECOF -Nampula,
na Faculdade de Direito da UCM, Mediateca do BCI, bem como na utilização de todo o acervo
bibliográfico que existe na internet, relacionado com a questão discutido no trabalho.
População
Segundo Gil (2007:44) " universo populacional é o conjunto de elementos que apresentam pelo
menos uma característica em comum".
O estudo compreende um universo populacional que abarca todos os funcionários do CMCN e os
munícipes desta cidade.
Participantes da Pesquisa
Ainda de acordo com Gil (2007:45) “Amostra ou participantes é um subconjunto do universo ou da
população, por meio do qual se estabelecem ou se estimam as características desse universo ou da
população”.
Com base na amostragem por conveniência ou por acessibilidade, que consiste em “O pesquisador
seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que esses possam, de alguma forma, representar
o universo. Aplicamos esse tipo de amostragem em estudos exploratórios ou qualitativos, em que
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não é requerido elevado nível de precisão”, (Predanov & De Freitas, 2013: 98), fez a seguinte
distribuição dos participantes da pesquisa, conforme a tabela 1:
Face a natureza qualitativa da pesquisa, os dados colectados foram analisados utilizado a técnica de
análise de conteúdo de Laurence Bardin.
De acordo com Martins e Bicudo (1989), a análise de conteúdo consiste no entender o significado
das percepções de um determinado sujeito, ou seja, é método que procura tornar explícito a estrutura
e significado implícito da experiência humana.
De acordo com Bardin (1995), o desenvolvimento de uma análise de conteúdo acontece em três (3)
fases, a seguir:
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Fase 3: O Tratamento dos resultados obtidos e interpretação: Aqui os resultados brutos
colhidos através das entrevistas, através de comparação da concordância ou divergência nas
respostas dada pelos entrevistados e cruzamento da literatura e as respostas dos entrevistados,
de modo a apurar a sua ligação.
Estrutura da Monografia
Está pesquisa foi organizado tendo em conta cinco (5) partes fundamentais, que passa-se a
mencionar:
A primeira parte, constitui a parte introdutória da pesquisa, que é composto pelos seguintes a
delimitação no tempo e no espaço, seguida da contextualização, justificativa;
problematização; objectivos da pesquisa; questões de pesquisa; hipóteses; a metodologia de
trabalho.
A segunda parte corresponde o capítulo I da pesquisa, onde apresenta-se o quadro teórico e
conceptual do trabalho e encontra-se subdividido em dois momentos, o primeiro momento
apresentação da teoria de base, e o segundo momento a definição dos conceitos básicos.
A terceira parte, corresponde o capítulo II, onde apresenta-se a revisão da literatura da
pesquisa, onde debate-se teoricamente sobre as temáticas do indeferimento tácito e
fundamentação das decisões tomadas pelos órgãos autárquicos.
Na quarta parte da pesquisa, está reservado ao capítulo III, que aborda sobre apresentação e
análise dos resultados, onde está subdividido em duas etapas fundamentais, primeiro de
caracterização do local do estudo; e segunda da apresentação e discussão dos dados obtidos
na prática.
Na quinta parte e última parte, está reservada para a apresentação da conclusão da pesquisa e
as recomendações trazidas, em função do desenvolvimento da pesquisa.
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CAPITULO I: REFERENCIAL TEÓRICO E CONCEPTUAL
Neste capítulo fez-se uma abordagem dos conceitos básicos da pesquisa, e a revisão da literatura
sobre o indeferimento tácito e dever de fundamentação das decisões administrativas, com base na
doutrina relativa ao Direito administrativo assim como revisão de teorias relativas à ciência da
Administração.
Do ponto de vista legal, a figura do deferimento tácito é tratado pelo Decreto nº30/2001, de 15 de
Outubro, que aprova as normas de funcionamento dos serviços da Administração Pública, na alínea
“e”, do artigo 1, que considera o indeferimento tácito como sendo “presunção legal da negação do
pedido dado por meio de omissão de prática de um acto administrativo por um órgão competente”.
No ponto de vista doutrinária, existe diversas discussões a respeito, segundo de Andrade (2017), o
indeferimento tácito ocorre em caso de silêncio da Administração, cabe pedir a condenação desta na
prática de acto administrativo devido.
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disposição em contrário, a faculdade de presumir indeferida essa pretensão, para poder exercer o
respectivo meio de impugnação.
Na mesma linha de pensamento, CPA, através do acórdão de 25 de Novembro de 1999, afirma que o
acto de indeferimento tácito resulta da falta de decisão final sobre a pretensão dirigida a órgão
administrativo competente, só ocorre quando ele se não pronuncie no prazo de noventa -90 dias.
Portanto, nesta pesquisa entende-se o deferimento tácito adopta-se a abordagem legal, do Decreto nº
30/2001, de 15 de Outubro, que afirma que o indeferimento tácito é a presunção legal da negação do
pedido dado por meio de omissão de prática de um acto administrativo por um órgão competente.
Na mesma linha de pensamento, Nunes, et al (2017), afirma categoricamente que todo o acto
administrativo que produza efeitos jurídicos desfavoráveis a direitos ou interesses individuais de seu
destinatário deve ser obrigatoriamente fundamentado, trata-se de desdobramento natural do devido
processo legal e da garantia fundamental da ampla defesa.
Portanto, entende-se a fundamentação dos actos administrativos uma justificação lógica e racional
que os órgãos administrativos dão a um particular devido uma decisão tomada sobre seu expediente,
sobretudo quando a decisão tomada é desfavorável aos particulares.
Do ponto de vista legal, sobre a fundamentação dos actos administrativos, artigo 14 do Decreto nº
14/2011, de 10 de Agosto, preconiza sobre o princípio de fundamentação dos actos administrativos
que a Administração Pública tem o dever de fundamentar os seus actos que impliquem, o
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designadamente o indeferimento do pedido ou a revogação, a alteração ou a suspensão dos actos
administrativos anteriores.
Já o Decreto nº30/2001, de 15 de Outubro, no seu artigo 12, apresenta o mesmo entendimento sobre
o princípio de fundamentação dos actos administrativos, segundo a qual a Administração Pública
tem o dever de fundamentar os seus actos que impliquem, designadamente o indeferimento do
pedido ou a revogação, a alteração ou a suspensão dos actos administrativos anteriores.
Neste sentido, na presente pesquisa entende-se a fundamentação dos actos administrativos como
sendo a justificação de facto e de direito que os órgãos administrativos pelas decisões tomadas em
casos desfavoráveis aos utentes.
Ainda o autor, acrescenta que a responsabilidade do Estado por condutas omissivas é objectiva, não
dependendo da comprovação de culpa ou dolo. Já nos danos por omissão, o dever de indenizar
condiciona-se à demonstração de culpa ou dolo, submetendo-se à teoria subjectiva.
Nesta ordem de ideias, o artigo 13, do Decreto nº 30/2001, de 15 de Outubro, preconiza também que
a Administração Pública responde pela conduta dos agentes dos seus órgãos e instituições de que
resultem danos a terceiros nos mesmos termos da responsabilidade civil do Estado, sem prejuízo do
seu direito de regresso, conforme as disposições do código civil.
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Portanto, entende-se aqui a responsabilidade da Administração Pública, na perspectiva avançada
pelo Decreto nº 30/2001, de 15 de Outubro, que a responsabilidade da Administração Pública é o
acto dos órgãos administrativos assumir as responsabilidades dos actos tomada pelos seus agentes no
exercício da actividade administrativa de satisfação do interesse público, sem prejuízo do direito de
regresso.
Neste âmbito, foram aprovadas diversas normas jurídicas que fazem menção a figura jurídica de
indeferimento tácito, onde se destacam os seguintes:
O Decreto nº 30/2001, de 15 de Outubro, no artigo 59, preconizando que a falta de decisão final
sobre a pretensão dirigida a um órgão administrativo competente no prazo fixado nesta lei, equivale
a indeferimento do pedido, para os efeitos de impugnação.
Por sua vez, o Decreto nº 14/2011, de 10 de Agosto, que aprova o quadro jurídico sobre
procedimentos Administrativo em todas instituições da Administração Pública, igualmente faz
menção da figura jurídica de indeferimento tácito, no artigo 107, plasmando que a falta no período
fixado para a sua emissão, de decisão final sobre pretensão dirigida a órgão administrativo
competente confere ao interessado salvo disposição em contrário, a faculdade de presumir indeferida
essa pretensão, para poder exercer o respectivo o meio legal de impugnação.
Portanto, percebe-se assim que na Administração Pública Moçambicana, as petições submetidos aos
órgãos administrativo, podem ser de indeferimento tácito.
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Segundo ainda este dispositivo legal, o indeferimento tácito salvo o disposto em lei especial, é de
vinte e cinco dias. No entanto, os prazos acima contam-se, na falta de normal especial:
Neste âmbito, Ministério de Finanças e Administração Pública de Cabo Verde (2006) também
fundamenta os mesmos aspectos preconizado no decreto supracitado, quando afirma que fora dos
casos previstos no artigo sobre deferimento tácito, a falta de decisão final, dentro do prazo
legalmente estabelecido para a tomar, sobre a pretensão dirigida a órgão administrativo competente
confere ao interessado, salvo disposição em contrário, a faculdade de presumir indeferida essa
pretensão, para poder exercer o respectivo meio de impugnação.
Como argumentos a favor da existência do dever de fundamentação são apontados por Rui Machete
(2009):
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Uma maior harmonia entre os particulares e a Administração, já que estes
tendencialmente aceitarão de melhor grado decisões fundamentadas e que possam
compreender em vez de serem confrontados com uma decisão que tanto quanto sabem
poderia muito bem ter sido tomada de forma arbitrária;
Uma maior transparência, tendo em conta que são tornados claros quais os factos precisos
sobre os quais assenta a actuação da Administração;
Este dever é importante não só nos actos discricionários, revelando as razões que levaram
o órgão a escolher uma solução em vez de outra, mas também nos próprios actos
vinculados onde mostra como os factos provados justificam a aplicação de determinada
norma.
Já perspectiva legal, a fundamentação dos actos administrativos é imposta, desde logo á AP pela
constituição da República, no sentido de que “os actos administrativos são fundamentados quando
afecte direitos ou interesses dos cidadãos legalmente tutelados, (Macie, 2012).
Portanto, está lei impõem a AP a necessidade de motivar as suas decisões, particularmente, as que
possam prejudicar os direitos subjectivos e interesses legítimos particulares, isto é, AP deve informar
(o que impõe a notificação das decisões ou publicação, dependendo da forma aplicável ao acto aos
particulares, de forma escrita, os porquês da rejeição dos seus pedidos, da suspensão, revogação ou
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alteração das decisões anteriores tomadas, em particular, quando as novas prejudicam as situações
ou as agravam.
Segundo Macie (2012), três (3) grandes importâncias que podem ser mencionados para o
cumprimento do princípio da fundamentação dos actos administrativos, nomeadamente:
Garantir que os particulares não possam ser lesados ou prejudicados seus direitos pela acção
da Administração Pública na prossecução do interesse público;
O dever de fundamentação constitui uma formalidade essencial em obediência ao princípio
geral do direito que assim considera as formalidades prescritas por lei;
Evita a ilegalidade dentro da Administração Pública, ou seja, a sua não observância gera
ilegalidade do acto administrativo, por vício de forma;
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1.5 Conceito e objectivo da Administração Pública (AP)
Administração pública (AP) é um conceito da área do direito que descreve o conjunto de agentes,
serviços e órgãos instituídos pelo Estado com o objectivo de fazer a gestão de certas áreas de uma
sociedade, como Educação, Saúde, Cultura, etc. Administração pública também representa o
conjunto de acções que compõem a função administrativa.
A administração pública tem como objectivo trabalhar a favor do interesse público, e dos
direitos e interesses dos cidadãos que administra. Na maior parte das vezes, a administração
pública está organizada de forma a reduzir processos burocráticos. Também é comum existir
a descentralização administrativa, no caso da administração pública indirecta, que significa
que alguns interessados podem participar de forma efectiva na gestão de serviços, (Daft
2010: 6)
Um indivíduo que trabalha na administração pública é conhecido como gestor público, e tem uma
grande responsabilidade para com a sociedade e nação, devendo fazer a gestão e administração de
matérias públicas, de forma transparente e ética, em concordância com as normas legais estipuladas.
No âmbito público, Di Pietro (2012:50) admite que a expressão Administração Pública pode ser
compreendida em sentido subjectivo, formal ou orgânico e em sentido objectivo, material ou
funcional:
a) “a) Em sentido subjectivo, formal ou orgânico, ela designa os entes que exercem a actividade
administrativa; compreende pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos incumbidos de
exercer uma das funções em que se triparte a actividade estatal: a função administrativa;
b) Em sentido objectivo, material ou funcional, ela designa a natureza da actividade exercida
pelos referidos entes; nesse sentido, a Administração Pública é a própria função
administrativa que incumbe, predominantemente, ao Poder Executivo”.
Por sua vez, administração pública (em letra minúscula), considerada com base no critério material
ou objectivo se confunde com a função administrativa, devendo ser entendida último a actividade
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administrativa exercida pelo Estado, designando a actividade consistente na defesa concreta do
interesse público. Nesse caso, não se confunde com a função política de Estado, haja vista o fato de
que a administração tem poder de decisão somente na área de suas atribuições e competência
executiva, sem a faculdade de fazer opções de natureza política.
A Administração Pública exerce múltiplas funções dentro de um Estado. De acordo com Carvalho
(2015), a doutrina moderna costuma apontar quatro (4) tarefas precípuas da Administração Pública,
quais sejam a prestação de serviços públicos, o exercício do poder de polícia, a regulação de
actividades de interesse público, com fomento de actividades privadas e o controle da actuação do
Estado. Analisemos separadamente cada uma dessas actividades:
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respeito ao devido processo legal e com observância das garantias do contraditório e da
ampla defesa para todos aqueles que possam ser atingidos pela actividade controladora.
Dessa forma, pode-se entender a actividade administrativa como a função voltada para o bem de
toda a colectividade, desenvolvida pelo Estado com a intenção de privilegiar a coisa pública e as
necessidades do corpo colectivo. Sendo assim, pode-se dizer que a função administrativa é um
múnus público, configurando uma obrigação ou dever para o administrador público que não terá
liberdade de actuação, sempre actuando em respeito ao direito posto, com a intenção de perseguir o
interesse da colectividade.
A Administração Pública implica a existência necessária de fins públicos, isto é, visa directamente a
satisfação daquelas necessidades colectivas que sejam qualificadas como interesses públicos por
referência ao entendimento, em cada época, do que é indispensável ou adequado à realização das
finalidades últimas da comunidade política.
Ainda segundo o mesmo autor, essa atribuição de tarefas pode ser feita em exclusividade (uso
legítimo da força, justiça, defesa, segurança pública, tributação), ou, sobretudo no que respeita ao
Bem-estar, com a complementação pelo sector social (não lucrativo) e pelo sector privado (nas áreas
da saúde, segurança social e educação). Admite-se ainda a possibilidade de concessão translativa
(serviços públicos de abastecimento de água e de recolha, tratamento e rejeição de efluentes, serviço
postal universal, transportes ferroviários, exploração dos portos de mar, construção e exploração de
infra-estruturas) ou de delegação (auto-regulação do desporto federado) de algumas das tarefas
públicas a favor de entidades privadas.
Acentua-se hoje uma limitação das tarefas de prestação pública – assim, sobretudo por determinação
europeia, privatizam-se serviços essenciais ou de interesse económico geral (como, por exemplo, a
energia, os transportes e as telecomunicações), em que passam a caber à Administração, como
tarefas públicas, a regulação, a fiscalização, a garantia da universalidade do serviço e a defesa dos
26
consumidores, cuja prestação passou a ser tarefa privada e a ser cometida a empresas privadas,
actuando em concorrência no mercado, (Andrade, 2021).
O Decreto nº30/2001, de 15 de Outubro, assim como a Lei 7/2012, de 8 de Fevereiro, aborda sobre
princípios que orientam a organização e funcionamento da Administração Publica, bem como o
relacionamento que os cidadãos têm com as Instituicoes publicas, nomeadamente:
Princípios da Legalidade: A obediência da legalidade administrativa implica
necessariamente, a conformidade da acção administrativa com a lei e o direito.
Princípio de celeridade do processo administrativo: o procedimento administrativo deve
ser célere, de modo a assegurar a economia e a eficácia das decisões.
Princípio da fundamentação dos actos administrativos: Administração Pública deve
fundamentar os seus actos administrativos que implicam designadamente o indeferimento do
pedido ou revogação, alteração ou suspensão de outros actos administrativos anteriores.
Princípio da Responsabilidade da Administração Pública: A Administração Pública
responde pela conduta dos agentes dos seus órgãos e instituições de que resultem danos a
terceiros, nos mesmos termos da responsabilidade do Estado, sem prejuízo do seu direito de
regresso, conforme as disposições do código civil.
Princípio da igualdade e da proporcionalidade: nas suas relações com os particulares, os
órgãos da Administração Pública regem-se pelo princípio da igualdade dos cidadãos perante
a lei e da proporcionalidade dos meios. Ainda este princípio preconiza que é vedado aos
órgãos e instituições da Administração Pública privilegiar, prejudicar, privar de qualquer
direito ou isentar de qualquer dever jurídico um cidadão por motivo da sua cor, raça, sexo,
origem étnica, lugar de nascimento, estado civil dos pais, situação económica, posição social,
filiação partidária ou religiosa.
Princípio de prossecução de interesse público e protecção dos direitos e interesses dos
cidadãos: Os órgãos da Administração Pública, observando o princípio da boa-fé,
prosseguem o interesse público, sem prejuízo dos direitos e interesses dos particulares
protegidos por lei.
27
Princípio da Justiça e imparcialidade: no exercício das suas funções, e no relacionamento
com as pessoas singulares ou colectivas, a Administração Pública deve actuar de forma justa
e imparcial. A imparcialidade impõe que os titulares e os membros dos órgãos da
Administração Pública se abstenham de praticar ou participar a prática de actos ou contratos
administrativos, nomeadamente de tomar decisões que visem interesse próprio, do seu
cônjuge parente ou afim, bem como de outras entidades com ais quais a possa ter conflitos de
interesse, nos termos da lei.
Princípio da Transparência da Administração Pública: os actos administrativos dos
órgãos e instituições da Administração Pública, nomeadamente os regulamentos, normas e
regras processais, são publicados de tal modo que as pessoas singulares e colectivas possam
saber antecipadamente, as condições jurídicas em que poderão realizar os seus interesses e
exercer os seus direitos.
Princípio de colaboração da Administração com os particulares: no desempenho das suas
funções, os órgãos e instituições da Administração Pública colaboram com os particulares,
devendo designadamente: (i) prestar as informações orais ou escritas, bem como os
esclarecimentos que os particulares lhes solicitem; (ii) apoiar e estimular as iniciativas dos
particulares, receber as suas informações e considerar as suas sugestões; e (ii) A
Administração Pública é responsável pelas informações prestadas por escrito aos
particulares, ainda que não obrigatórias.
Princípio da participação dos particulares: os órgãos e instituições da Administração
Pública promovem a participação das pessoas singulares e colectivas que tenham por objecto
a defesa dos seus interesses, a formação de decisões que lhes disserem respeito.
Princípio da decisão: os órgãos da Administração Pública devem decidir sobre todos os
assuntos que lhes sejam apresentados pelos particulares. Portanto, se um assunto for
apresentado a um órgão ao competente em razão da matéria, este emitirá um despacho a
mandar remeter o expediente ao órgão competente, com conhecimento do interessado.
30
contados da data em que o interessado obteve o conhecimento dos
novos factos que servem de fundamento.
10 Impugnação judicial Caso sejam necessário pode-se recorrer o recurso contencioso,
conforme a lei do processo contencioso administrativo em
Moçambique.
11 Correspondência A correspondência oficial entre repartições e entre estas e os
particulares terá a forma de ofício e de nota.
12 Registo de Toda a correspondência e documentos dirigidos a um serviço será na
correspondência altura da sua recepção registados no livro de entrada onde será
escrito de ordem e data de entrada, o número de referência, a data do
documento, a sua proveniência, resumo da matéria, destino e
classificação do arquivo.
Fonte: Adaptado pelo autor
31
Portanto, pode-se aqui compreender a não observância da escusa e suspensão dos agentes da AP, que
tenha algum tipo de conflito de interesse como um particular positivo ou negativo, podem originar a
figura de indeferimento dos processos administrativos, até do tipo de indeferimento tácito.
Dito em outras palavras, quando um agente da AP, no exercício da sua actividade na prática adopta a
escusa ou pedido de suspensão no caso de um acto administrativo interposto pelo administrado na
qual, tem por exemplo uma inimizade grave pode conduzir a ocorrência do indeferimento tácito sem
qualquer tipo de fundamentação.
32
CAPITULO II: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Como o próprio título sugere, este capítulo cinge-se em apresentar e analisar os dados recolhidos no
campo de estudo referentes ao objecto da pesquisa, com intuito de submeter as hipóteses a um teste
empírico, constituindo, deste modo, a parte prática do trabalho. Desta feita, encontra-se subdividido
em dois momentos, o primeiro volta-se à descrição da área de estudo e, o segundo, à apresentação e
análise dos dados.
O Município da Cidade de Nampula com uma área de 404 KM² e com uma população estimada em
743.125 segundo Censo 2017. No entanto, na Cidade de Nampula vive cerca de 164,005 agregados
familiares, organiza-se em Postos Administrativos Municipais, subdivididos em Bairros Municipais.
Os Bairros Municipais subdividem-se por sua vez em, Unidades Comunais e Quarteirões.
A verdade é que não existe uma obra condensada da sua história, vingando apenas apontamentos
dispersos de vários autores. Ciente desse facto, Paulo Pires Teixeira, com ascendência em Figueiró
dos Vinhos, deslocou-se por várias vezes para Moçambique para, entre outras obras, concluir as suas
pesquisas e investigações sobre a história de Nampula.
A pesquisa debruça- se igualmente sobre os diferentes episódios registados a partir de 1896, ano em
que foi identificada a região de Mehehe do Régulo Terela M’Phula (Nampula) como estratégica para
33
a construção de um posto militar e assim viabilizar a sua ocupação e pacificação, iniciativa que,
entretanto, foi materializada por Neutel de Abreu a 7 de Fevereiro de 1907, o que levou a construção
do Comando Militar de Macuana.
A povoação de Macuana foi criada em 6 Dezembro de 1919, tornando-se, deste modo, a sede de
Circunscrição Civil de Macuana em Junho de 1921. Com a chegada do Caminho-de-ferro, a partir do
Lumbo (Ilha de Moçambique) para o desenvolvi- mento da povoação, Nampula foi elevada a
categoria de Vila em 19 de Dezembro e de cidade, a 22 de Agosto de 19562.
No órgão legislativo, encontramos uma Assembleia Municipal, eleita por sufrágio universal e
investida de poderes deliberativos e de fiscalização. No órgão executivo, encontramos
primeiramente Presidente do Conselho Municipal, eleito por sufrágio universal, igual, directo,
secreto e periódico, e o Conselho Municipal, como órgão executivo colegial que responde perante a
Assembleia Municipal e dirigido por um Presidente.
Este órgão executivo colegial é constituído pelo Presidente eleito e por Vereadores, por ele
escolhidos e nomeados, nos termos do artigo 49 da Lei 6/2018, 3 de Agosto. Nesta interacção
institucional, o Conselho Municipal planeia e a Assembleia Municipal aprova; o Conselho
Municipal executa e a Assembleia fiscaliza; o Conselho Municipal apresenta contas periódicas do
seu desempenho e a Assembleia avalia os resultados e seus impactos socioeconómico e políticos.
2
Informação disponível no website do Conselho Municipal da Cidade de Nampula, nomeadamente http:
www.cmcn.com.mz, acedido no dia 6 de Abril de 2022, as 10 e 30 minutos.
34
Tabela 4: Órgãos Funcionais do Conselho Municipal da Cidade de Nampula
Vereações Departamentos Serviços Municipais
Departamento de Serviço Municipal dos
1. Promoção Económica e Promoção Económica Sectores Económicos
Gestão de Mercados e Feiras Departamento de Zonas Serviços Agrários
Verdes Serviços Veterinários
Departamento de Mercados Serviço Municipal de
e Feiras Organização de Mercados e
Feiras
2. Administração e Recursos Departamento de Serviço de Administração
Humanos e Cooperação Administração e Recursos Municipal
Humanos Serviço Municipal de
Expediente
Posto Administrativo Unidade de Gestão de
Municipal Expediente e Arquivo
Unidade Administrativa
Municipal
Departamento de Relações Serviço Municipal de
Públicas Relações Públicas
Departamento de Serviço Municipal de
Comunicação e Imagem Comunicação, Imagem e
Imprensa
8. Finanças, Planificação e Departamento de Finanças Serviço Municipal de
Património e Património Finanças e Património
Departamento de Serviço Municipal de
Planificação Planificação e Estatística
Departamento da Unidade
Gestora Executora das
Aquisições
11. Infra-estruturas, Urbanização Departamento de Serviço Municipal de
e Meio Ambiente Urbanização e Gestão de Urbanização
35
Terra Serviço Municipal de
Concessão e Controlo de Uso
de Terra
Serviço Municipal de Gestão
Departamento de
Meio de Agua e Energia
Ambiente, Agua e Energia
Serviço Municipal de Gestão
Ambiental
15. Manutenção, Obras e Departamento de Serviço Municipal de Estradas
Saneamento Manutenção, Obras e e Pontes
Saneamento Serviço Municipal de Obras
Serviço Municipal de
Saneamento
18. Salubridade, Higiene e Gestão Departamento de Serviço Municipal de Higiene,
Funerária Salubridade e Higiene Salubridade e Estética
Serviço Municipal Funerário e
Cemitérios
Serviço de Oficinas, Auto e
Equipamento
21. Transportes, Comunicações e Departamento de Serviço Municipal de
Trânsito Transportes, Transportes
Comunicações e Trânsito Serviço Municipal de Trânsito
e Sinalização Rodoviária
23. Educação, Cultura, Juventude Departamento de Educação Serviços de Educação
e Desporto Primaria
Departamento de Cultura Serviço Municipal da Cultura
Departamento de Serviços Municipal de
Juventude e Desporto Juventude e Desporto
26. Saúde, Mulher e Acção Departamento de Mulher e Serviços de atendimento a
Sociais Acção Social Mulher
Serviço de acção Social
28. Polícia e Fiscalização Comando da Polícia Serviço Municipal de
36
Municipal Municipal Operações
Serviço Municipal de
Administração e logística
Interna
Departamento de Serviço Municipal de
Fiscalização Municipal Fiscalização
Presidente do
CMCN
Gabinete do
Presidente
Policia e Fiscalização
Vereações Municipal
30%
Masculino
Feminino
70%
O gráfico 1 acima demonstra que, a maior parte dos inqueridos desta pesquisa, foram cidadãos do
sexo masculino, com 70% em detrimento do sexo feminino, com 30%. Deste modo, verifica-se na
pesquisa o domínio dos homens na tramitação dos expedientes em relação a mulheres.
38
Gráfico 2: nível de Escolaridade
primario
Medio
Tecnicos
Licenciados
0 1 2 3 4 5 6
Portanto, os dados ilustram que a maior dos entrevistados tem o nível de médio, significado que tem
um nível mínimo para ter entendimento sobre tramitação de expedientes em Moçambique, em
particular no município de Nampula.
39
“Eu aqui deixei meu documento aqui na secretaria, para tratar licença de transporte
e depois vão-me chamar para ir na área de transporte a aqui ao lado”, (MC 4,
2022).
“Não sei, sou deixei meu documento aqui na secretaria e outro dia venho levar
minha resposta”, (MC 2,3, 4, 5, 6 & 7, 2022).
A luz dos dados acima, pode-se tirar as seguintes ilações, primeiro, a maior parte dos cidadãos que
submetem diversos expedientes no CMCN, somente sabem que as suas petições são submetidos e
levantados na secretária-geral e desconhecem completamente onde vão os documentos depois da
submissão ao nível da secretária-geral, bem como o que acontece com os seus expedientes.
Portanto, isto significa que os procedimentos de tramitação de expedientes do CMCN não são
divulgados aos seus utentes para seu conhecimento e domínio.
Segundo, ao nível do CMCN já existe um roteiro de tramitação de expedientes que é do
conhecimento e domínio dos funcionários municipal, em particular da secretária-geral e vereação
institucional que observa as seguintes fases:
abi ne tedo
G
resi den te
P
ecr tár ia
S
era l
G
er açã o
V
is ituco na l
V eraçã o
respo nsá vel
Figura 2: Roteiro de tramitação de petições no CMCN
Portanto, neste ciclo de gestão dos expedientes no CMCN cada interveniente tem a seguinte função:
Secretária-geral: é a entidade responsável pela recepção de todo tipo de expediente que entra
ao nível do município, sua classificação em função de área envolvida, bem como a entrega da
resposta final do expediente interposto pelo cidadão;
Vereação responsável: as vereações são unidades de trabalhos responsáveis por uma
determinada área ou sector. Sendo assim, são responsáveis diante do expediente interposto
40
pelo cidadão emitir parecer técnico sobre o pedido formulado pelo cidadão acerca da sua
viabilidade, que posteriormente servirá de fundamento da decisão final emanado pela
autoridade competente;
Vereação institucional: é responsável pela verificação da legalidade do pedido formulado
pelo cidadão e fazer articulação entre sector envolvidos no expediente formulado pelos
utentes; e
Gabinete do Presidente: é a autoridade competente, responsável pela tomada de decisão ou
deferimento ou indeferimento da petição apresentada, tendo em conta o parecer técnico
formulado ou não, que posteriormente é comunicado ao cidadão.
Estes procedimentos são então em consonância com o Decreto n° 30/2005, de 15 de Outubro, no
artigo 55 e 58, que preconiza por um lado, os documentos deverão ser entregues na Repartição
competente da Administração Pública […], por outro lado, todo o expediente deverá ser apresentado
a quem tem competência para decidir, acompanhado das informações ou pareceres necessários a
decisão final do assunto […].
41
Os dados supracitados, mostram de forma consensual (quer na óptica dos funcionários do CACN
quer na óptica dos cidadãos utentes), o CMCN não cumpre com os prazos fixados por lei na
tramitação e despacho dos expedientes interpostos pelos cidadãos.
A principal razão apontada tem sido a quantidade elevada de expediente submetido pelos cidadãos
que não permite cumprir taxativamente os prazos fixados por lei, isto é, a máquina de pessoal
existente actualmente não conseguem responder a tempo e hora todos os expedientes que são
interpostos.
A título de exemplo, na entrevista feita ao vereador institucional, avançou que por exemplo no ano
de 2021, o CMCM recebeu mais de 4000 expedientes de vários assuntos e complexidade.
Segundo n° 5, do artigo 53, do Decreto n° 30/2005, de 15 de Outubro, o expediente deverá ser
despachado no prazo máximo de 15 dias, contados a partir da data da sua apresentação a despacho.
Portanto, na realidade do CMCN esse preceito legal não tem sido cumprido na plenitude, pois tem
ocorrido casos recorrente que ultrapassam esse período legalmente definido.
42
“Tem havido demora, mas responderam negativamente a minha preocupação”, (MC
5, 2022).
“Eu pedi uma bolsa de estudo para o meu filho, até hoje não tem nenhuma resposta”,
(MC 6, 2022).
“Eu pedi uma licença comercial até hoje não tive nenhuma resposta, sem qualquer
resposta”, (MC 7, 2022).
Em relação aos dados acima, as respostas dos entrevistados (funcionários e munícipes), mostram
uma certa convergência em relação a ocorrência do indeferimento tácito de alguns expedientes
submetidos pelos cidadãos ao CMCN, e na óptica dos funcionários municipais as principais causas
apontadas são:
O impacto orçamental da petição submetida pelos utentes; e
A petição colocada não estar geralmente no plano de governação municipal.
Já óptica dos cidadãos entrevistados, a ocorrência de casos de indeferimento tácito de petições
submetido pelos utentes sem qualquer fundamentação, em assunto ligados a gestão municipal, isto é,
em assuntos ligados a competência e atribuições do CMCN, como por exemplo a questão de
concessão de terra, licença comercial, entre outas questões municipais.
Segundo Campilongo, Gonzaga e Freire (2017), o acto administrativo se encontra fundamentado
quando nele se encontra exposto o seu motivo. Trata-se de aspecto pertinente à formalização do ato
administrativo, uma vez que envolve necessariamente o seu revestimento exterior.
Isto significa que em qualquer petição submetida pelos cidadãos aos CMCN, em caso de resposta
negativa deve ser fundamentada, de modo que o cidadão perceba o real motivo da decisão tomada,
que na prática nem sempre acontece.
“Nós nosso bairro, já pedimos a colocação de fontes de água ao município, que até
aqui não fomos respondidos por exemplo, não sei onde colocar essa questão se é no
município que não responde, FIPAG, uma vez que responde ao Governo”, (MC1,
2022).
“Sim tem ocorrido, já pedimos um espaço para construção, até agora não tivemos
nenhuma resposta”, (MC 2, 2022).
“Ainda não vivi essa situação, o pedido que submeti demorou mais saiu”, (MC 3,
2022).
“Pedimos abertura de rua no meu bairro até agora não houve resposta e nem
qualquer informação a resposta”, (MC 4, 2022).
“Tem havido demora, mas responderam negativamente a minha preocupação”, (MC
5, 2022).
“Eu pedi uma bolsa de estudo para o meu filho, até hoje não tem nenhuma resposta”,
(MC 6, 2022).
“Eu pedi uma licença comercial até hoje não tive nenhuma resposta, sem qualquer
resposta”, (MC 7, 2022).
A luz dos dados supracitados mostram certa contradição entre os funcionários dos diversos níveis e
os cidadãos acerca do indeferimento tácito, para os funcionários entrevistados os cidadãos cuja sua
petição é objecto de indeferimento tácito é geralmente convocado pelo CMCN para apresentar as
devidas justificações deste acto administrativo, se é por motivo orçamental, legalidade ou outro
motivo que a autoridade competente tenha apresentado.
Por um outro lado, os dados revelam que os cidadãos afirmam que tem ocorrido casos de
indeferimento tácito, sem qualquer justificação parte do CMCN, e em áreas de sua competência e
atribuição, apresentando como exemplo a atribuição de espaços dentro do município, licença
comercial, apoio sociais para grupos carenciados quem ficam sem qualquer resposta sem
justificação.
No artigo 12, do Decreto nº30/2001, de 15 de Outubro, preconiza que Administração Pública deve
fundamentar os seus actos administrativos que implicam designadamente o indeferimento do pedido
ou revogação, alteração ou suspensão de outros actos administrativos anteriores.
44
Ao mesmo respeito, Campilongo, Gonzaga e Freire (2017) na realidade prática existem dois (2) tipos
de fundamentação dos actos administrativos, a saber: formal, Trata-se da verificação do
enquadramento legal ou jurídico que a decisão (acto administrativo) tomada ou praticada pelos
agentes públicos, e substancial, trata-se da relevância social que o acto administrativo praticado tem
no contexto na qual foi tomada pelos agentes públicos.
Segundo os cidadãos entrevistados, casos de indeferimento tácito, os órgãos municipais (a
autoridade competente), não apresenta qualquer tipo de justificação formal ou substancial, da
negação do pedido formulado.
Portanto, existem aqui uma contradição entre os depoimentos dos funcionários e os cidadãos
usuários, pois um lado, os funcionários entrevistados admitem a ocorrência de casos de
indeferimento tácito, mas afirma que tem chamado os utentes para explicar os fundamentos da
decisão tomadas, por outro lado, os cidadãos afirma que em caso de indeferimento tácito ficam
longos períodos sem qualquer tipo de justificação por parte dos órgãos municipais, criando
sentimento de frustração no utente.
Essa realidade reportada pelos cidadãos entrevistados, entra em contradição com o artigo 12, do
Decreto 30/2001, de 15 de Outubro, que afirma que a Administração Pública deve fundamentar os
seus actos administrativos que impliquem designadamente o indeferimento do pedido ou a
revogação, alteração ou suspensão de outros actos administrativos anteriores.
45
Conclusão
O Trabalho que finda analisou o “Indeferimento Tácito face o dever da Fundamentação na
Perspectiva da Responsabilidade da Administração Pública: Caso do Conselho Municipal da
Cidade de Nampula (2018-2020), cujo a problematização do fundo é a temática observância do
princípio de fundamentação em casos de indeferimento tácito na Administração Pública, com base
na realidade do Conselho Municipal da Cidade de Nampula.
Neste âmbito foi levantada a seguinte questão de partida: Até que ponto o indeferimento tácito afecta
o dever de fundamentação dos actos administrativos no Conselho Autárquico da Cidade de
Nampula?
Da questão levantada, com base nos dados e a literatura apresentada chegou a seguinte
entendimento, os cidadãos que as suas petições passam pelo processo de indeferimento tácito,
geralmente não são convocados para apresentação da justificação do indeferimento da sua petição,
fazendo com que eles próprios se dirijam aos órgãos autárquicos exigir qualquer tipo de
fundamentação perante o silêncio da Administração pública.
A pesquisa foi desenvolvida tendo em conta três (3) objectivos específicos, a saber: identificar o
processo de tramitação de expedientes dos cidadãos no Conselho Municipal da Cidade de Nampula;
Apresentar as causas no indeferimento tácito adoptado pelo Conselho Municipal da Cidade de
Nampula; e Aferir o nível de fundamentação das decisões do Conselho Municipal da Cidade de
Nampula para os cidadãos.
Em relação ao primeiro objectivo, os dados mostra que roteiro de tramitação de expedientes dos
cidadãos no CMCN evolve quatro (4) sectores: Secretária-geral, vereação responsável, vereação
institucional; e Gabinete do Presidente, onde cada órgão tem competência e responsabilidades
específicas neste processo. O modelo de tramitação de petições em funcionamento no CMCN está
em consonância com o Decreto n° 30/2005, de 15 de Outubro, nos artigos 55 e 58, mas na prática se
revela bastante burocrático, com dependência excessiva do presidente do CMCN.
Acrescido a isso, os prazos de 15 dias, estabelecido pelo Decreto n° 30/2005, na realidade do CMCN
esse preceito legal não tem sido cumprido na plenitude, pois tem ocorrido casos recorrente que
ultrapassam esse período legalmente definido, havendo casos em que o cidadão tem de esperar 1 ano
para obter resposta.
Relativamente ao segundo objectivo, as causas para o indeferimento tácito, na óptica dos
funcionários do CMCN tem sido dois (2): O impacto orçamental da petição submetida pelos utentes;
e A petição colocada não estar geralmente no plano de governação municipal. Já óptica dos
46
cidadãos, o indeferimento tácito ocorre por falta de princípio de boa-fé dos titulares dos órgãos
autárquicos, pois as petições são submetidas nas áreas de competências das autoridades municipais.
Em relação ao último objectivo, os dados apresentados permitiu chegar a conclusão de que tem
ocorrido casos de indeferimento tácito, sem qualquer justificação parte do CMCN, e em áreas de sua
competência e atribuição, contrariado o artigo 12, do Decreto 30/2001, de 15 de Outubro, que afirma
que a Administração Pública deve fundamentar os seus actos administrativos que impliquem
designadamente o indeferimento do pedido.
Sugestões
Face as constatações chegadas com o desenvolvimento da pesquisa, como por exemplo: (i) excessiva
burocracia dada ao número de sectores envolvidos na tramitação de expedientes; (ii) incumprimento
de prazos fixados por lei para despachos de petições; (iii) ocorrência de casos de indeferimento
tácito sem qualquer fundamentação aos cidadãos visados, entre outros desafios, apresenta-se as
seguintes sugestões:
O presidente do Conselho Municipal da Cidade de Nampula, pode promover a delegação de
competência em algumas áreas menos sensíveis para os vereadores, de modo que as petições
sejam respondidas de forma mais célere e não haja concentração no presidente;
O vereador institucional e de cooperação deve assegurar o cumprimento de prazos legais para
despacho de petições, através de criação de uma matriz electrónica de controlo de
andamentos expedientes;
Solicitar os cidadãos para apresentação dos fundamentos para o indeferimento tácito da
petição dos expedientes;
Divulgar os planos municipais para que os cidadãos submetam petições aliados com os
planos municipais; e
Divulgar aos cidadãos em cada posto administrativos os principais motivos para
indeferimento tácito, de modo a reduzir a ocorrência de casos similares.
47
Referências Bibliográficas
a) Livros e Artigos
Andrade, J. C. V. (2017). Lições de Direito Administrativo (5ª Ed.). Coimbra: Imprensa da
Universidade de Coimbra.
Bardin, L. (1995). Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal: Edições 70.
Beuren, Freitas M. (2003) Como elaborar um projecto de pesquisa. Gradiva publicações. Lisboa.
Campilongo, C. F., Gonzaga, A. A., & Freire, A. L. (2017). Direito Administrativo e
Constitucional. São Paulo: ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUCSP.
Carvalho, J. S. (2015). Manual de direito administrativo. Rio de Janeiro: Lumen Juris.
Da Costa, D. (2015). Técnicas de Recolha de informações. ESTEC/UP/2015/ da Costa, Brasil
Gil, A. (2007) Como Elaborar Projectos de Pesquisa. Atlas editora: São Paulo.
Heerdet, F, and F. M. Leonel. (2010) Metodologia da Pesquisa: Um Guia Pratico. Via Literarum
Editora. São Tome
Mazza, A. (2012). Manual de Direito Administrativo. São Paulo, Brasil: Editora Saraiva.
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de legislação. Cabo Verde: SEAP.
48
Nunes, C. A., et al (2017). Fundamentos de direito público. 4. ed. São Paulo: Malheiros Editores,
2001.
Rui, C. M. (2009). Princípios constitucionais da administração pública. Belo Horizonte: Del Rey.
Silva, R. and G. Mineses (2005). Pesquisas em Administração. Pioneira Thomson Learning, São
Paulo
Vaz, Carlos. (2008). Técnicas de recolha de dados em investigação qualitativa. ESE de Setúbal.
b) Legislação
Lei n.º 6/2018, de 3 de Agosto (aprova o quadro jurídico- legal para a implantação das autarquias
locais.
49
Apêndice
50
Apêndice A: Guião de Entrevista aos Funcionários do Conselho Municipal da Cidade de
Nampula
51
Apêndice A: Guião de Entrevista aos cidadãos-utentes do Conselho Municipal da Cidade de
Nampula
9. Sabe como é feita a tramitação dos expedientes interpostos pelos cidadãos? Sim__; Não____
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
10. Tem sido cumprido os prazos de tramitação de expedientes pelo CMCN? Sim__; Não____;
se não porquê?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
11. O CMCN explica aos cidadãos as causas de indeferimento tácito quando acontece?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
52