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Mecânico de Manutenção

Cálculos Aplicados à Manutenção


Cálculos Aplicados à Manutenção

© SENAI-SP, 2017

Material didático organizado pelo núcleo de Meios Educacionais da Gerência de Educação, em parceria
com Escolas SENAI-SP, para o curso de Curso de Aprendizagem Industrial – Mecânico de Manutenção
partir de conteúdos extraídos da intranet.

Equipe responsável

Organização Genilson Jose Cristofoletti


Humberto Aparecido Marim

Editoração Meios Educacionais da Gerência de Educação


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Sumário

Medidas físicas e unidades 07

Princípios da dinâmica 21

Mecânica dos fluidos 51

Princípios da cinemática 63

Energia e trabalho 93

Potência mecânica e rendimento 101

Princípios da termologia 109

Diagrama ferro-carbono 145

Tratamento Térmico 157

Máquinas simples 165

Corrosão 211

Formas de corrosão em relação ao prejuízo do metal 217

Por que corrosão? 225

Agentes da corrosão 227

Proteção contra a corrosão 237


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Medidas físicas e unidades

Objetivos

Ao final desta unidade o participante deverá ser capaz de:


• Identificar grandezas físicas;
• Reconhecer as unidades de base e suplementares do SI;
• Reconhecer os prefixos dos múltiplos e submúltiplos das unidades;
• Efetuar conversões entre múltiplos e submúltiplos de unidades;
• Adicionar vetores;
• Determinar a densidade absoluta de materiais em função da massa e volume;
• Determinar a massa de materiais em função do volume e da densidade absoluta.

Grandezas físicas

O conceito de grandeza física é primitivo e não admite uma definição; porém, temos idéia
do que seja uma grandeza física.

Consideremos um bloco de aço, conforme esquema.

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• O que pode ser medido em relação ao bloco?

Se você pensou em altura, comprimento, largura e volume, acertou! Altura,


comprimento, largura e volume são grandezas físicas.

Se você tivesse pensado em medir a temperatura do bloco; em determinar a densidade


absoluta do material que o constitui; em determinar sua massa por meio de uma balança
e em determinar seu coeficiente de dilatação linear, você estaria pensando em outras
grandezas físicas pertencentes ao bloco.

Observe que as grandezas físicas referem-se ao objeto, mas não são o próprio objeto.

As grandezas físicas podem ser medidas. O que significa medir uma grandeza física?

• Medir uma grandeza física significa compará-la com outra da mesma espécie
denominada unidade.

Por exemplo, se medirmos o comprimento do bloco com um metro e encontrarmos o valor


2m, isto significa que o comprimento medido comporta duas unidades do metro.

Se tivéssemos medido o comprimento do bloco com uma régua graduada em centímetro


encontraríamos o valor de 200cm. Nesse caso estaríamos utilizando um submúltiplo da
unidade metro para expressarmos a medida.

Não confunda medida com medição. Medição é o ato de medir e medida é o resultado da
medição.

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Exercícios

Dentre os exemplos a seguir, assinale com X aqueles que correspondem à grandezas


físicas.
A ( ) uma árvore.
B ( ) uma chapa metálica.
C ( ) massa de um lingote de alumínio.
D ( ) idade da avó.
E ( ) comprimento de uma onda.
F ( ) patriotismo de um cidadão.
G ( ) diâmetro de um furo.
H ( ) simpatia de uma pessoa.
I ( ) velocidade de rotação de uma polia.
J ( ) volume de água contida em um recipiente.
K ( ) pressão exercida pelo torno apoiado no solo.
L ( ) saudades da namorada.
M ( ) tensão elétrica existente na tomada energizada.
N ( ) tristeza por ter perdido dinheiro na Bolsa de Valores do Japão.
O ( ) temperatura no interior de uma forja ligada.
P ( ) intensidade luminosa dentro de uma oficina.
Q ( ) teor de enxofre existente no óleo diesel.
R ( ) aceleração de um automóvel.
S ( ) imaginação de uma pessoa.
T ( ) altura do som emitido por uma sirene.
U ( ) tempo utilizado pela Terra para completar uma volta ao redor do Sol.
V ( ) honradez de um escoteiro.
X ( ) potência elétrica de um chuveiro elétrico.
Y ( ) intensidade da força de atração gravitacional entre a Terra e a Lua.
Z ( ) intensidade da força de tração existente em um cabo de aço esticado.

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Sistema Internacional de Unidades (SI)

O Sistema Internacional de Unidades (SI) apresenta sete unidades de base e duas


unidades suplementares, conforme quadro a seguir.

Unidades de base
Grandeza Unidade Símbolo da unidade
comprimento metro m
massa quilograma kg
tempo segundo s
corrente elétrica ampère A
temperatura termodinâmica kelvin K
quantidade de matéria mol mol
intensidade luminosa candela cd
Unidades suplementares
ângulo plano radiano rd
ângulo sólido esterradiano sr

As unidades das demais grandezas físicas são deduzidas direta ou indiretamente das
unidades de base e suplementares.

Por conveniência operacional o SI adota múltiplos e submúltiplos para serem usados como
prefixos das unidades quando se necessita expressar quantidades muito grandes ou muito
pequenas em relação ao padrão de medida.

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O quadro, a seguir, mostra o prefixo SI para os múltiplos e submúltiplos das unidades,


além do fator pelo qual a unidade é multiplicada. Exemplos são dados no próprio quadro.

PREFIXO SI
Nome Símbolo Fator de multiplicação Exemplo
yotta Y 1024 2Ym = 2.1024 m
zetta Z 1021 3Zm = 3. 1021m
exa E 1018 5EJ = 5.1018 J
peta P 1015 6PV = 6.1015 V
tera T 1012 4TN = 4.1012 N
giga G 109 6GHz = 6.109 Hz
mega M 106 2MW = 2.106 W
quilo k 103 8km = 8.103 m
hecto h 102 5hm = 5.102 m
deca da 10 2daN = 2.10N
−1
deci d 10 9dm = 9.10−1 m
centi c 10−2 5cm = 5.10−2 m
mili m 10−3 9mA = 9.10−3 A
micro µ 10−6 3µm = 3.10−6 m
nano n 10−9 8nC = 8.10−9 C
pico p 10−12 2pm = 2.10−12 m
femto f 10−15 3fV = 3.10−15 V
atto a 10−18 7am = 7.10−18 m
zepto z 10−21 5zF = 5.10−21 F
yocto y 10−24 9yF = 9.10−24 F

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Exercícios

Para resolver os exercícios a seguir, você pode usar regra de três simples. Não se
preocupe se não souber o nome das unidades das grandezas físicas envolvidas. O
objetivo é adquirir habilidade com as operações.

1) Transformar 7,4km em m.

2) Transformar 1h em s.

3) Transformar 10cm em mm.

4) Transformar 40kJ em J.

5) Transformar 100mA em A.

6) Transformar 10mm em m.

7) Transformar 2000 MV em V.

8) Transformar 1pF em F.

9) Transformar 1000cm em m.

10) Transformar 72daN em N.

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Classificação das grandezas físicas

As grandezas físicas são classificadas em duas categorias: escalares e vetoriais.

As grandezas físicas escalares ficam perfeitamente determinadas por um numeral,


geralmente seguido de uma unidade. Por exemplo, a área é uma grandeza física escalar.

Assim, se dissermos que a área de uma chapa metálica é 10 m2 não precisaremos prestar
nenhuma outra informação para as pessoas compreenderem o que estamos dizendo. As
pessoas entenderão que a área da chapa fica determinada pelo numeral 10 seguido da
unidade de medida que é o metro quadrado (m2).

Outros exemplos de grandezas físicas escalares encontram-se a seguir.

Grandezas físicas escalares Exemplos

massa de uma saca de arroz 60kg


temperatura da sala de aula 200C ( lê-se vinte graus Celsius)
volume de uma caixa d´água 100m3
tensão elétrica domiciliar 110 V (lê-se cento e dez volts)
tempo de duração de uma palestra 2h
vazão de água em uma torneira 5m3/s
freqüência de uma emissora de rádio 700MHz (lê-se setecentos megahertz)
comprimento de um fio de cobre 100m
energia liberada numa explosão 1000J (lê-se mil joules)

As grandezas físicas vetoriais ficam perfeitamente determinadas por uma direção e um


sentido, além de um numeral seguido de uma unidade de medida que vai indicar sua
intensidade ou módulo.

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Para compreender o assunto, considere um helicóptero em pleno vôo.

Vamos supor que alguém dissesse para você:


• O helicóptero desloca-se com velocidade de 90km/h!

Somente com a informação a respeito da velocidade do helicóptero você seria capaz de


saber tudo a respeito do vôo?

Por exemplo, o helicóptero voa na direção vertical ou horizontal em relação ao solo? Voa
para cima ou para baixo? Voa para a direita ou para a esquerda? Dirige-se para o norte,
sul, leste ou oeste?

Como se percebe, para determinar corretamente o vôo do helicóptero, além da velocidade,


é preciso saber a direção e o sentido do vôo.

De fato, o helicóptero pode voar tanto na direção horizontal como na direção


vertical ( ) em relação ao solo.

Voando tanto na direção horizontal quanto na direção vertical em relação ao solo, o


helicóptero poderá apresentar os seguintes sentidos de vôo:

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Observe que uma mesma direção pode ter dois sentidos.

Supondo que o helicóptero voa na direção horizontal com sentido da esquerda para a
direita com velocidade de 90km/h temos uma idéia exata de seu vôo:

• Numeral : 90

• Significado físico : velocidade (km/h)

• Direção : horizontal em relação ao solo.

• Sentido : da esquerda para a direita .

Outros exemplos de grandezas físicas vetoriais: aceleração; força; posição; deslocamento;


momento; campo magnético; impulso; etc.

As grandezas físicas vetoriais podem ser representadas por meio de vetores.


O que é vetor?

Vetor é um ente matemático abstrato que pode ser representado por meio de um
segmento de reta orientado. Assim como o número é uma abstração, nós representamos
os números por meio de símbolos chamados numerais.

Observe a figura.

Vemos o operador.

 Quantos?

Imaginamos o número para dizermos:

 Um!
Representamos o número um com o numeral 1.

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E como podemos representar um vetor?


Um vetor deve ter um suporte, uma direção, um sentido e um módulo ou intensidade. Por
exemplo:

Legenda : O = origem
A = extremidade

Notação : vetor a

Observe que a direção fica definida pelo suporte do segmento orientado; o sentido pela
“ponta da flecha” e a intensidade ou módulo pelo comprimento do segmento orientado
segundo uma dada escala.

Para indicar que uma grandeza física é vetorial,


  deve-se colocar uma pequena seta sobre
o símbolo que a representa. Exemplos: V , F .

Quando desejamos expressar apenas a intensidade ou módulo de uma grandeza física


vetorial escrevemos o símbolo que a representa sem a seta. Exemplos: a, F, V.

É interessante relembrar como se faz para adicionar vetores, pois em cálculo vetorial nem
sempre 2 + 2 = 4.

Vetores com mesma direção e sentido


Nesse caso, o vetor resultante tem a mesma direção e o mesmo sentido dos vetores que
estão sendo somados e seu módulo é igual a soma dos módulos dos vetores
considerados.

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Exemplo:

 
d1 d2

  
d = d1 + d 2

Vetores com mesma direção e sentidos opostos


Nesse caso, o vetor resultante terá a mesma direção dos vetores que estão sendo
somados e o sentido do vetor de maior módulo. O módulo do vetor resultante será igual a
diferença entre os módulos dos vetores dados.

Exemplo:

 
a1 a2

  
a = a1 + a 2

Vetores com direções diferentes


Nesse caso aplica-se a regra do polígono ou a regra do paralelogramo.

 
Por exemplo, consideremos dois vetores a e b :


a


b

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Pela regra do polígono, o vetor soma S resultante é representado pelo segmento
orientado que tem origem na origem do primeiro vetor e extremidade na extremidade do
segundo vetor:


Pela regra do paralelogramo o vetor soma S resultante é representado pela diagonal do
paralelogramo que tem origem na origem comum dos vetores considerados:

Exercícios

1. Uma motocicleta está se deslocando com velocidade de 60km/h de oeste para leste.
Pede-se a representação vetorial dessa velocidade.
Escala: 1cm = 30km/h.

Solução:

2. Uma
esfer
a
metálica cai em queda livre de uma certa altura. Representar vetorialmente a
aceleração gravitacional que atua na esfera.


Dados: intensidade de g = 10m/s2 . Escala : 2cm = 10m/s2.

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Solução:

3. Um barco move-se de oeste para leste com velocidade constante de 80km/h. Se


houver um vento de leste para oeste com velocidade de 40km/h, qual será a
velocidade resultante do barco? Desprezar a velocidade das águas. Escala: 1cm =
20km/h.

Solução:

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Princípios da dinâmica

Objetivos

Ao final desta unidade o participante deverá ser capaz de:


• Reconhecer a existência de forças;
• Classificar forças de contato e de campo;
• Identificar forças concorrentes e paralelas;
• Identificar os elementos de uma força;
• Interpretar as leis de newton;
• Aplicar as leis de newton na resolução de problemas;
• Diferenciar peso de massa;
• Determinar o peso dos corpos em função da massa e módulo da aceleração
gravitacional;
• Representar vetorialmente a força-peso;
• Identificar as características que regem o atrito de deslizamento;
• Determinar o coeficiente de atrito de deslizamento entre duas superfícies sólidas de
corpos diferentes;
• Identificar a força normal de compressão em função de forças atuantes nos corpos;
• Resolver problemas a respeito de atrito de deslizamento;
• Identificar as características que regem o atrito de rolamento;
• Determinar o coeficiente de atrito de rolamento;
• Resolver problemas a respeito de atrito de rolamento;
• Indicar situações do cotidiano onde o atrito é útil e prejudicial.

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Força

A noção de força é primitiva. Ela está associada ao ato de empurrar ou puxar.

Se examinarmos as situações mostradas abaixo, notaremos que existem forças


presentes somente pelos efeitos visíveis que elas causam: deformações, movimentos,
parada de movimentos, e assim por diante.

Força é sempre uma causa que, agindo nos corpos, produz efeitos estáticos
(deformações, equilíbrio) e/ou dinâmicos (aceleração, equilíbrio).

Classificação das forças

As forças classificam-se em dois grandes grupos:


• De contato;
• De campo.

As forças de contato são as mais comuns no dia-a-dia. Elas surgem das interações
entre corpos, de forma tal que as massas dos corpos envolvidos tocam-se entre si.

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Exemplos:

Quando limamos uma peça, há interação direta entre


a massa da lima com a massa de nossas mãos e há
interação direta do picado da lima com a superfície
da peça. A força de atrito, responsável pelo desbaste,
é um típico caso de força de contato.

Quando chutamos uma bola de futebol há interação


entre a massa do pé com a massa da bola. A força
causadora do deslocamento da bola é de contato.

Quando um veículo se choca contra outro ocorre


deformações nas fuselagens. Há contato direto entre
as massas do veículos e as forças postas em jogo
são de contato.

As forças de campo atuam à distância, isto é, as massas dos corpos envolvidos não se
tocam.

Exemplos:

A força gravitacional entre a Terra e a Lua é


de campo. A massa desses astros não se
tocam.

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Estando a chave aberta, a agulha fica paralela ao fio. Fechando-se a chave, a agulha
sofre uma deflexão. A massa da agulha não toca a massa do fio. As forças magnética
(da agulha) e eletromagnética (no fio energizado) são de campo.

Quanto à direção as forças podem classificadas em concorrentes ou paralelas.

Exemplos:

Para arrastar a caixa os jovens aplicam forças nas cordas. As cordas possuem um
ponto de aplicação comum, porém, formam um ângulo entre si. No caso temos um
sistema de forças concorrentes.

O carro enguiçou. Os rapazes empregam forças paralelas de mesmo sentido para


deslocarem o carro.

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Elementos de uma força

Sendo uma grandeza física vetorial, uma força deve apresentar direção, sentido e
módulo. Além desses elementos, toda força apresenta um quarto elemento chamado
ponto de aplicação.

Por definição:
• Ponto de aplicação: ponto material onde a força atua.
• Direção: caminho seguido pela força segundo um referencial.
• Sentido: orientação da força segundo um referencial.
• Módulo: valor numérico da força.

Na figura damos um exemplo onde destacamos todos os elementos de uma força que
está sendo aplicada em um bloco:

⇒ ponto de aplicação: ponto A.


⇒ direção : vertical.
⇒ sentido : para cima.
⇒ módulo : 50N.

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Exercícios

1) Nos eventos abaixo há forças atuantes. Classifique-as usando o seguinte código:


( I ) se a força for de contato;
( II ) se a força for de campo.

a) ( ) roda do trem desgastando o trilho da estrada de ferro.


b) ( ) fresa desbastando a peça de alumínio.
c) ( ) impacto do martelo na bigorna.
d) ( ) marés produzidas pela atração da gravidade lunar.
e) ( ) broca penetrando na peça de aço.
f) ( ) deflexão de um elétron dentro de um osciloscópio.
g) ( ) repulsão entre dois pólos iguais de dois ímãs.
h) ( ) atrito entre a sola do sapato e o chão.
i) ( ) pé pisando o freio de um carro.
j) ( ) atração entre cargas elétricas de sinais opostos entre as nuvens e um pára-
raios.
k) ( ) cisalhamento de um fio de cobre através de um alicate.
l) ( ) esmeril afiando ferramenta de corte.
m) ( ) soco no rosto do adversário.
n) ( ) queda de um satélite sobre o oceano, considerando apenas a queda.
o) ( ) freada de um pneu contra a rua asfaltada.
p) ( ) projétil de uma arma perfurando um tanque de guerra.
q) ( ) corte de uma chapa metálica na guilhotina.
r) ( ) corte do formão na madeira.
s) ( ) empuxo que a água exerce contra um barco que nela flutua.

2) Talhar é uma operação manual que consiste em cortar um material metálico com
talhadeira ou bedame pela ação de golpes de martelo. Essa operação é executada
para abrir rasgos, cortar cabeças de rebites, fazer canais para lubrificação e cortar
chapas.

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Baseando-se em seus conhecimentos, assinale com xis (X) a resposta correta que
completa cada afirmação dada a seguir.

a) A força muscular aplicada ao martelo transmite-se diretamente para a:


( ) peça.
( ) talhadeira.
( ) morsa.

b) O ponto de aplicação da força exercida pelo impacto do martelo localiza-se na:


( ) peça.
( ) talhadeira.
( ) morsa.

c) A talhadeira transmite a ação da força de impacto recebida do martelo para:


( ) si mesma.
( ) a peça.
( ) a morsa.

d) A direção da força exercida pela talhadeira, de acordo com a figura e em relação à


peça é:
( ) vertical.
( ) inclinada.
( ) horizontal.
e) De acordo com a figura, o sentido da força exercida pela talhadeira contra a peça
é:
( ) para cima à esquerda.
( ) para baixo à direita.
( ) para cima à direita.
( ) para baixo à esquerda.

f) O efeito produzido pela força muscular aplicada ao martelo é:


( ) um movimento.
( ) uma deformação.

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g) A força de impacto do martelo contra a extremidade arredondada da talhadeira


produz, na mesma, os seguintes efeitos:
( ) deformação e movimento.
( ) equilíbrio e deformação.
h) A força exercida pela ponta da talhadeira contra a peça produz:
( ) equilíbrio e deformação.
( ) movimento e deformação.
( ) apenas deformação.

i) Para segurar o cabo do martelo o operador aplica uma força de:


( ) campo.
( ) de contato.

j) A força de impacto do martelo contra a cabeça arredondada da talhadeira é de:


( ) campo.
( ) contato.

k) A força que a ponta da talhadeira exerce contra a peça é de:


( ) campo.
( ) contato.

l) A força de compressão exercida pelas mandíbulas da morsa contra a peça é de:


( ) campo.
( ) contato.

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Força-peso

A força-peso ou simplesmente peso é a força de atração gravitacional à qual os corpos


encontram-se sujeitos.

Interessa-nos apenas a atração gravitacional que a Terra exerce sobre os corpos


situados em sua superfície ou próximos de sua superfície, não nos esquecendo que
todos os corpos do Universo exercem atrações gravitacionais uns sobre os outros.


Quando um corpo está em movimento sob ação exclusiva de seu peso P , ele adquire

uma aceleração g chamada de aceleração gravitacional.

Do princípio fundamental da Dinâmica, temos que:

 
P =m. g


O módulo de g varia com a latitude e altitude. Através de várias experiências

constatou-se que, ao nível do mar, na latitude 450, o módulo de g vale:

9,80665m/s2. Esse é valor normal de g . Na prática, costuma-se arredondar o valor de
 
g para 9,81m/s2. Em problemas numéricos, é normal arredondar-se o valor de g para
10m/s2.

Há diferenças entre peso e massa ?

Sim! Observe:

• Peso é uma grandeza física vetorial e massa é uma grandeza física escalar;
• Peso varia com a altitude e longitude e a massa é invariável;
• Peso é determinado por meio de aparelhos chamados dinamômetros e a massa
por meio de aparelhos chamados balanças;
• A unidade de peso no si é o newton (n) e a unidade de massa no si é o quilograma
(kg).

Sendo o peso uma força, eis seus elementos:


• Ponto de aplicação: no centro de gravidade do corpo considerado;
• Direção : vertical do local considerado;
• Sentido : para baixo, orientado para o centro da terra;
• Módulo : variável, pois depende da massa do corpo considerado e da longitude e
altitude.

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Representação vetorial da força-peso

É muito fácil representar vetorialmente a força-peso. Observe os exemplos:

O corpo ao lado pesa 100N e encontra-se apoiado no solo. A força-peso encontra-se


representada na escala 1cm = 50N.

Um corpo está caindo sobre a superfície terrestre. O módulo da força-peso é 200N no


local considerado. O vetor-peso foi construído na escala 1cm = 100N

Um bloco de peso 20N está deslizando pela superfície de um plano inclinado conforme
figura. A força-peso encontra-se representada vetorialmente na escala 2cm = 20N

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Exercícios

1) Associe corretamente:

( ) varia.
( ) é determinada por meio de balanças.
( p ) = peso ( ) é uma grandeza física vetorial.
( m ) = massa ( ) é uma força.
( ) é invariável.
( ) é quantidade de matéria.
( ) é uma grandeza física escalar.
( ) diminui com a altitude.

2) Determine o peso de um corpo de massa 10kg num local onde a aceleração


gravitacional vale 10m/s2.

Solução:

3) Determine a massa de uma pessoa de peso 588N num local onde a aceleração
gravitacional vale 9,8m/s2.

Solução:

4) Na lua um astronauta de massa 60kg possui um peso de 96N.


Determine o valor da aceleração lunar.

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Solução:

5) Represente vetorialmente a força-peso de cada corpo esquematizado.


Escala: 1cm = 100N

Força de atrito

A força de atrito aparece sempre que um corpo é solicitado a se mover ou quando já


estiver em movimento, interagindo com outros corpos, sejam eles sólidos, líquidos ou
gasosos.

Sob o ponto de vista prático, interessa estudar o atrito entre superfícies sólidas que se
movimentam umas em relação às outras.

Os corpos sólidos podem deslizar ou rolar sobre outros. Assim, é comum falar-se em
atrito de deslizamento e em atrito de rolamento.

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Atrito de deslizamento

O atrito de deslizamento ocorre quando uma superfície escorrega ou desliza em


relação à outra, sem que nenhuma das duas gire. O atrito de deslizamento pode ser
estático ou dinâmico (cinemático).

Se um corpo está sendo solicitado a entrar em movimento em relação à superfície na


qual se apoia, ele fica submetido à força de atrito estático que tentará impedir seu
movimento.

Após o início do movimento, o corpo continua sendo solicitado pela força de atrito que
passa a chamar-se força de atrito dinâmico ou cinemático.

Esquematicamente:

A força de atrito estático é maior do que a força de atrito dinâmico. De fato, a força de
atrito estático adquire valores crescentes que vão de zero até um determinado valor
limite. Aplicando-se ao corpo uma força maior que o valor limite, o corpo não mais se
mantém em repouso.

Iniciado o movimento, supostamente constante, a força de atrito dinâmico torna-se


inferior ao limite máximo da força de atrito estático.

Esquematizando:

A força de atrito estático vai aumentando de intensidade

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Aqui a força de atrito estático é máxima.

Aqui já existe o atrito dinâmico, de módulo inferior ao módulo máximo da força de atrito
estático.

Coeficiente de atrito de deslizamento


Consideremos um bloco de madeira maciço de peso 100N, sendo deslocado por uma
força de 20N.

Se duplicarmos o peso do bloco, deveremos puxá-lo com uma força de 40N para que
ele se movimente.

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Pois bem, analisemos a primeira situação, representando graficamente as forças


atuantes no bloco:


A força F que solicita o bloco a se mover horizontalmente em relação ao plano da

mesa, é numericamente igual à força de atrito dinâmico F atd que se opõe ao
 
movimento. O peso P é numericamente igual à força de reação normal N que a mesa
exerce contra o bloco.
Considerando somente o módulo da força de atrito dinâmico e o módulo da força
normal, dividamos uma pela outra:


• Para um bloco : Fat 20N
= = 0,2
N 100N

• Para dois blocos: Fat 40N
= = 0,2
N 200N

O valor 0,2 é o coeficiente de atrito dinâmico µ (lê-se “mi”) para o par de superfícies em
contato (bloco/mesa). Resumindo:

Como a força de atrito estático é maior que a força de atrito dinâmico, devemos
considerar, para um mesmo par de superfícies, dois coeficientes de atrito: o coeficiente
de atrito estático (µ e ) e o coeficiente de atrito dinâmico (µ d ).

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Cálculos Aplicados à Manutenção

Tanto o coeficiente de atrito estático quanto o dinâmico não apresentam unidades; são
números adimensionais. A seguir, damos uma tabela contendo alguns coeficientes de
atrito de deslizamento. Os valores tabelados foram obtidos experimentalmente.

Par de superfícies µe µd
Superfície seca Superfície lubr.
Aço x aço 0,2 – 0,3 0,1 – 0,2 0,02 – 0,06
Mancais de aço x bronze - - 0,02 – 0,08
Aço x madeira 0,5 0,25 – 0,5 0,02 – 0,01
Madeira x madeira 0,5 – 0,6 0,2 – 0,4 -
Correia de couro x aço 0,5 – 0,6 0,3 – 0,4 -
Borracha x asfalto 0,5 0,8 – 0,9 0,3 – 0,45 (molh.)
Cobre x aço 0,53 0,36 -

Força normal de compressão


A força normal de compressão N é a força que aperta um corpo contra o outro. Em
cada problema estudado, precisamos pesquisar qual a força que faz o papel de força
normal.

Para um bloco sobre um plano horizontal, sujeito à ação de uma força motriz

horizontal, a força normal N tem intensidade igual ao peso do corpo.

Se a força aplicada for inclinada de θem relação


 à horizontal, ela admite uma
componente vertical de intensidade F y = F . senθ que é somada vetorialmente com o

peso do bloco para fornecer a força N .

Esquematicamente:

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Força de atrito no plano inclinado


Consideremos um corpo apoiado sobre um plano inclinado conforme figura.

As forças atuantes no corpo são as abaixo representadas:

Legenda:

P = peso do corpo.

Pn = componente do peso, normal ao plano.

N = força normal.

P t = componente do peso, tangente ao plano.
 
Fat = força de atrito que se opõe à P t

Considerando somente as forças em módulo temos:


Pt = P . sen θ (1)
N = P . cos θ (2)
Fat
Mas, Fat = µ . N ⇒ N = (3)
µ

Fat
Substituindo (3) em (2) resulta : = P . cos θ ⇒
µ

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Cálculos Aplicados à Manutenção

Fat = µ . P . cos θ (4)

Igualando (1) com (4) temos:

sen θ
P/ . sen θ = µ . P/ . cos θ ⇒ µ = ⇒ µ = tg θ
cos θ

Observe que a tangente é numericamente igual ao coeficiente de atrito!

Prática 2 – Atrito de deslizamento

Objetivo
Determinar o coeficiente de atrito estático entre madeira e madeira.

Material necessário
1 paralelepípedo de madeira de peso conhecido
1 tábua
1 transferidor
1 tabela de seno e co-seno ou máquina de calcular com essas funções

Procedimentos
1. Faça a montagem sugerida pelo professor.
2. Quando o corpo começar a deslizar, meça o ângulo entre a tábua e o plano da
mesa, usando o transferidor.
3. Repita o item 2 por mais 4 vezes e tire a média aritmética do valor do ângulo
experimental.
4. Anote o valor encontrado para o ângulo experimental.

5. Determine o coeficiente de atrito estático entre madeira e madeira, lembrando-se


que tgθ = µ e . Faça os cálculos no campo abaixo.

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Atrito de rolamento

Consideremos uma roda de aço apoiada sobre uma superfície plana e rígida.

A roda, estando apoiada sobre uma superfície, causa uma pequena depressão na
mesma. Esta depressão é causada pelo próprio peso da roda. Chamemos de A e B os
pontos que delimitam a depressão.

 
Agora, representemos o peso P da roda; seu raio (r) e uma força F que, aplicada à
roda, tende a girá-la.

  
Determinemos a resultante (R) entre (P) e (F) :

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Se a resultante R ultrapassar os limites da depressão, delimitado pelos pontos A e B,

a roda rolará. Opostamente, se a resultante R encontrar-se entre A e B, a roda
deslizará dentro da cavidade.

 
A distância f entre P e R funciona como verdadeiro coeficiente de atrito de rolamento .

O coeficiente de atrito de rolamento depende da natureza das superfícies em contato.

De fato, à medida que os corpos rolantes forem apresentando menores deformações


 
nas áreas em contato, a força R tende a se aproximar de P . Em conseqüência, f
diminui e o atrito de rolamento diminui também.

Esse conhecimento é aplicado na fabricação de mancais de rolamentos que diminuem


a perda de trabalho das máquinas.

É importante salientar que o coeficiente de atrito de rolamento f apresenta unidade de


comprimento. Essa unidade, normalmente, é o centímetro.

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Consideremos, agora, uma roda de aço sendo submetida a uma força F que tende a

girá-la e a força de atrito de rolamento Frol que tenta impedir o giro da roda:


Pelo esquema a roda rolará porque R encontra-se fora da depressão delimitada pelos

pontos A e B. Nessas condições o módulo de F é numericamente igual ao módulo de

Frol :
F = R rol (1)
 
Determinando o momento das forças F e P teremos, em módulo:
F.r = P.f (2)

Substituindo (1) em (2) teremos, em módulo:

F rol . r = P. f P .f
F rol =
⇒ r

Alguns coeficientes de atrito de rolamento são dados a seguir.

Elementos rolantes f (cm)


Ferro fundido sobre ferro fundido 0,05
Roda de aço sobre trilho de aço 0,003
Roda de automóvel sobre estrada asfaltada 0,015
Roda de automóvel sobre estrada pavimentada 0,025
Esferas de aço em mancais de aço 0,001

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Exercícios

1) Um bloco de madeira de peso 100N é solicitado a entrar em movimento através de


uma força horizontal de módulo 65N. O bloco encontra-se apoiado em uma
superfície plana e horizontal. Calcular o coeficiente de atrito estático entre a
superfície do bloco e a superfície de apoio.

Solução:

2) Um bloco de alumínio de peso 100N desliza com velocidade constante sobre uma
superfície plana e horizontal. O coeficiente de atrito dinâmico entre ambas as
superfícies em contato vale 0,12. Determine o valor da força de atrito atuante no
bloco.

Solução:

3) Um corpo de massa 4kg movimenta-se sobre a superfície de uma mesa sob a ação

de uma força F de intensidade 30N. Sabendo-se que o coeficiente de atrito
dinâmico entre as superfícies em contato vale 0,5, determine a aceleração do
corpo. Adote g = 10m/s2.

Solução:

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4) Um bloco de massa 5kg desliza, descendo por um plano inclinado que forma um
ângulo θ com a horizontal. Sabe-se que: µ d = 0,5; senθ = 0,6; cosθ = 0,8 e que g =
10m/s2. Nessas condições determine:
a) o módulo da força normal;
b) o módulo da força de atrito;
c) o módulo da componente Pt;
d) a aceleração do bloco.

Solução:

a)

b)

c)

d)

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Cálculos Aplicados à Manutenção

5) Um bloco de massa 10kg repousa em uma superfície horizontal. Uma força


horizontal de intensidade crescente é aplicada ao bloco.


O gráfico a seguir representa a intensidade da força de atrito em função de F . Adote
g= 10m/s2.

a) Determine os coeficientes de atrito estático e dinâmico entre o bloco e o plano de


apoio, suposto horizontal;

b) Determine o valor do módulo da aceleração que o bloco adquire quando é aplicada


uma força horizontal de intensidade F=80N.

Solução:

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6) Um bloco de peso 10N é puxado por meio de uma força F de módulo 10N
conforme esquema. Determine a aceleração do bloco desprezando a resistência do
ar. Dados: µ d =0,25; senθ = 0,6; cosθ = 0,8; g=10m/s2.

Solução:

7) Um bloco de aço de peso 1250N é colocado sobre um plano inclinado construído


em madeira. O coeficiente de atrito dinâmico entre o bloco e a madeira é 0,4.
Determine:
a) O módulo da força de atrito;

b) O módulo da força Pt ;

c) O módulo da força Pn
d) Se o corpo vai ou não deslizar.

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Solução:

a) b)

c) d)

8) Uma roda de aço de 40cm de raio percorre um trilho de aço. A roda faz parte de um
vagonete que exerce sobre ela uma carga total de 800N. determine a força de atrito
de rolamento entre a roda e o trilho sabendo que f=0,003cm.

Solução:

9) Uma roda gira sobre uma superfície plana e rígida. Sabendo que a roda pesa 200N
e que a força de atrito de rolamento atuante vale 2N, determine o raio da roda.
Dado: f= 0,02cm.

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Solução:

Atrito útil e prejudicial

Geralmente temos a impressão de que o atrito deveria ser eliminado do mundo dos
fenômenos físicos porque é considerado sempre prejudicial devido às seguintes
conseqüências:

• Desgasta as superfícies onde ele se manifesta;


• Reduz a vida útil dos mecanismos;
• Produz calor que pode fundir os elementos das máquinas;
• Diminui o rendimento das máquinas;
• Promove soldagem entre elementos de máquinas;
• Produz eletricidade estática; etc.

Contudo, se não houvesse atrito não poderíamos:


• Andar;
• Limar uma peça;
• Frear um carro;
• Furar uma peça;
• Serrar um material;
• Riscar uma placa metálica;
• Escrever com lápis;
• Apertar parafusos;
• Acionar polias através de correias;
• Fresar uma peça;
• Acender um palito de fósforo na lixa da caixa;
• Etc.

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Se não houvesse atrito não teríamos, com certeza, passado do estágio pré-histórico. A
conquista do fogo, pelo homem, necessitou da presença do atrito:

Realmente, dois pedaços de madeira seca e dura, roçando-se entre si, produzem calor
e fogo. Essa técnica ainda é utilizada por tribos primitivas para obter fogo.

Afinal de contas, o atrito é útil ou prejudicial ?


Para responder é preciso analisar os efeitos que ele produz e os resultados que
desejamos obter, pois existe uma relatividade entre o útil e o prejudicial.
Para exemplificar, consideremos uma fresagem conforme figura.

Pergunta-se:

 O atrito entre as arestas cortantes da fresa e o material é útil ou prejudicial?

Para responder devemos indagar:

 O que desejamos?

Se a resposta for:  desbastar o material para obter uma peça – então o atrito é útil!
Sem ele não seria possível trabalhar o material. O fato da fresa sofrer desgaste nas
arestas cortantes é o preço que devemos pagar para obter a peça.

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Consideremos, agora, duas engrenagens funcionando a seco.

O atrito, no caso, é útil ou prejudicial ?

Novamente devemos indagar: - o que desejamos ?


Resposta: - mover as engrenagens sem danificá-las!

Então, como as engrenagens estão sem graxa e o atrito encontra-se em nível muito
alto, o atrito está sendo prejudicial!

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Exercícios

Analise as situações a seguir e escreva ( U ) se o atrito for útil e ( P ) se for prejudicial.

A ( ) atrito entre a polia e a correia.

B ( ) atrito entre o bedame e a mão que o segura.

C ( ) atrito entre um eixo e um mancal sem óleo ou graxa.

D ( ) atrito nas engrenagens da caixa marchas de um carro com lubrificação


deficiente.

E ( ) atrito entre uma peça e o mordente de uma morsa de bancada.

F ( ) atrito do rebolo de um esmeril contra uma ferramenta sendo afiada.

G ( ) atrito entre o ar e um paraquedas.

H ( ) atrito entre um meteoro contra a camada de ar de nosso planeta.

I ( ) atrito entre os pneus de um carro contra o solo.

J ( ) atrito entre o vento e um carro de corrida fórmula-1.

K ( ) atrito das sapatas dos freios de um trem contra as rodas.

L ( ) atrito entre o giz e o quadro-negro.

M ( ) atrito entre a sola do sapato contra o chão.

N ( ) atrito entre uma broca e uma peça a ser perfurada.

O ( ) atrito entre um carro de fórmula 1 contra o ar.

P ( ) atrito entre um parafuso e uma porca de sujeição.

Q ( ) atrito entre um prego e uma ripa de madeira que deve ficar presa.

R ( ) atrito entre uma serra circular contra uma tábua de madeira.

S ( ) atrito entre uma palhinha de aço (bom bril) contra o fundo de uma
panela de alumínio a ser polida.

T ( ) atrito entre uma mesa a ser deslocada contra a superfície do carpete


onde se encontra apoiada.

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Mecânica dos fluidos

O ramo da Ciência que estuda o comportamento dos fluidos em repouso chama-se


fluidostática; e hidrostático é o estudo específico de fluidos líquidos em repouso.

A pressão é força distribuída por área. Pois bem, os líquidos também exercem
pressão.

Suponha um recipiente contendo um líquido em equilíbrio. As forças de pressão


exercidas pelo fluido sobre a parede são normais a ela. Se assim não fosse, o líquido
estaria escorrendo ao longo da parede, o que negaria a hipótese de equilíbrio.

Princípio de Pascal

"A pressão exercida num ponto de um líquido se transmite em igual intensidade em


todas as direções."

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Cálculos Aplicados à Manutenção

Assim sendo, ao se aplicar uma força F sobre uma superfície A de um líquido, cria-se
uma pressão p que será a mesma em todos os pontos do líquido.

Nesta primeira análise estamos desprezando o peso do líquido.

Aplicação do princípio de Pascal


Uma aplicação do princípio de Pascal é a prensa hidráulica, que permite multiplicar a
força aplicada.

A figura abaixo mostra, esquematicamente, o funcionamento de uma prensa


hidráulica.

Neste exemplo, os êmbolos têm seções de áreas A1 e A2, sendo A2 > A1.

Aplicando a força F1 perpendicularmente ao êmbolo de área A1, surgirá a pressão p1:

F1
p =
1
A1

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Cálculos Aplicados à Manutenção

De acordo com o princípio de Pascal, essa pressão será transmitida integralmente ao


êmbolo de área A2, que ficará sujeito à força F2.

F2
p =
2
A2

Como a pressão p é a mesma, conclui-se que:

p1 = p2

Sendo: p1= e p2 =

Temos:
= logo: =

Como A 2 é maior que A 1 , isto implica que F 2 seja maior do que F 1 .

A2 > A1 ⇒ F2 > F1

Outra relação importante é mostrada na figura abaixo. Os deslocamentos S1 e S2 dos


êmbolos indica que o volume de líquido deslocado de um lado é igual ao volume de
líquido deslocado do outro lado.

Isto é: V1 = V2

Assim: A 1 * S 1 = A 2 * S 2 Logo -

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Cálculos Aplicados à Manutenção

Comparando as expressões anteriores obtemos:

= = e daí: =

F 1 x S 1 = F 2 x S 2 De onde concluímos que:

• O trabalho realizado por F1 sobre o êmbolo 1 é igual ao trabalho realizado por F2


sobre o êmbolo 2.
• A prensa hidráulica multiplica força. Todavia, não multiplica energia, nem trabalho, nem
potência.

Pressão
Um corpo, ao ser apoiado sobre um plano horizontal, terá o seu peso distribuído
uniformemente ao longo da superfície de contato

A força em cada unidade de área recebe o nome de pressão e é calculada pela


formula:

F p = pressão
p= onde:
F = força
A
A = área

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Unidades de pressão nos sistemas

• Internacional: Pa (Pascal)
• Técnico kgf/cm2 ou kp/cm2 (quilogramas-força por centímetro quadrado)
• Inglês lb/pol2 (libras por polegada quadrada)
psi (pounds per square inch)

Pressão de um gás

Os gases não possuem forma própria, por serem fluidos. São compressíveis e
constituídos de partículas (moléculas, átomos, íons) que se movimentam de forma
rápida e desordenada, ocupando sempre o volume total do recipiente que o contêm.

As moléculas de um gás ao se movimentarem se chocam entre si e também com as


paredes dos recipientes. Ao se chocarem, as moléculas produzem um a espécie de
bombardeiro sobre essas paredes, gerando, assim uma pressão (p).

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Pressão atmosférica

As camadas de ar exercem um peso sobre a superfície da terra. A atmosfera exerce


sobre nós uma força equivalente ao seu peso e ela atua em todos os sentidos e direções
com a mesma intensidade.

A pressão atmosférica varia de acordo com a altitude, pois em grandes alturas, a massa
de ar é menor do que ao nível do mar.

Pressão
Altitude (m)
(mbar)
0 1.013
500 955
1.000 899
2.000 795
5.000 540
8.000 356

Visto que a altitude e as condições do tempo também alteram a pressão atmosférica,


adota-se uma pressão de referência que é pressão atmosférica absoluta ao nível do
mar.

Pressão atmosférica absoluta:


• 1.013 mbar;
• 1.013 hPa;
• 760 Torr;
• 1,033 kg/cm2;
• 14,7 psi.

Pressão absoluta e pressão manométrica

A pressão manométrica é a que se lê nos instrumentos de medição (manômetros) em


compressores, ou linhas de ar comprimido e também nos catálogos e especificações
técnicas.

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Cálculos Aplicados à Manutenção

A pressão manométrica não considera a pressão atmosférica.

A pressão absoluta é soma da pressão atmosférica com a pressão


manométrica. Quando representamos a pressão absoluta, acrescentamos o
símbolo (a) após a unidade, por exemplo, 50 psi (a).

Exercícios

1. Aplica-se uma força de 80 N perpendicularmente a uma superfície de


área 0,8 m2. Calcule a pressão exercida.

2. Qual a pressão exercida por um tanque de água que pesa 1000 N, sobre
a sua base que tem uma área de
2 m2?

3. A água contida num tanque exerce uma pressão de 40 N/m2 sobre a sua
base. Se a base tem uma área de 10 m2, calcule a força exercida pela água
sobre a base.

4. Para pregar um prego numa parede, aplica-se uma martelada que transmite
ao prego uma força de 50
N. A área de contato da ponta do prego com a parede é de 0,2 mm2. Calcule a
pressão exercida sobre a parede no instante da martelada.

5. Uma pessoa cujo peso é 720 N está parada sobre o solo, apoiada nos dois
pés. Admitindo que a área do solado de cada um dos sapatos seja de 120
cm2, qual a pressão, em N/m2, que a pessoa exerce sobre o solo?

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Vazão

A vazão representa o volume deslocado de um fluido numa unidade de tempo.

Um exemplo clássico para a medição de vazão é a realização do cálculo a


partir do enchimento completo de um reservatório através da água que escoa
por uma torneira aberta como mostra a figura.

Considere que ao mesmo tempo em que a torneira é aberta um cronômetro é


acionado. Supondo que o cronômetro foi desligado assim que o balde ficou
completamente cheio marcando um tempo t, uma vez conhecido o volume V
do balde e o tempo t para seu completo enchimento, a equação é facilmente
aplicável resultando na vazão volumétrica desejada.

Q = vazão

Onde: v = volume de fluido deslocado

t = tempo

Exemplo:

Um balde tem capacidade de 200 litros, e ao abrir a torneira completamente, este


levou cerca de 15min para encher completamente.

Aplicando a formula temos:

Q= vazão
t = 15min substituindo valores temos
v = 200 litros

Concluímos então que a vazão da torneira é de aproximadamente 13,33 litros por


minutos.

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Cálculos Aplicados à Manutenção

Relação entre Área e Velocidade

Em tubulações, a vazão do fluido depende da velocidade e da seção transversal


do tubo, dessa forma podemos determinar matematicamente a vazão volumétrica
através do valor encontrado na relação entre a área da seção transversal do
condutor e a velocidade do escoamento do produto como pode ser observado na
figura a seguir.

Pela análise da figura, é possível observar que o volume do cilindro tracejado é dado por:
V = volume de fluido deslocado
V=d⋅A onde d = distância
A = Área

Substituindo essa equação na equação de vazão volumétrica, pode-se escrever que:


Q v = vazão

Onde d = distância

A = área

t = tempo

A partir dos conceitos básicos de cinemática aplicados em Física, sabe-se que a


relação d/t é a velocidade do escoamento, portanto, pode-se escrever a vazão
volumétrica da seguinte forma:
Q v = vazão volumétrica
Qv = v ⋅ A onde v = velocidade de escoamento

A = área da seção transversal

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Cálculos Aplicados à Manutenção

Relações importantes
1m3 = 1000 litros

1h = 3600s

1min = 60s

Área da seção transversal circular

Em compressores, a vazão representa a quantidade de ar descarregada em um


determinado intervalo de tempo, também chamada “capacidade efetiva” ou “ar
livre”.

Unidades de vazão nos sistemas

• Internacional (SI) l/min (litros por minuto)


m3/min (metros cúbicos por minuto)
m3/h (metros cúbicos por hora )
• Sistema Inglês pcm (pés cúbicos por minuto )
cfm (cubic feet per minute)

Estas unidades se referem a quantidade de ar ou gás comprimido efetivamente


nas condições de temperatura e pressão no local onde está instalado o
compressor. Como estas condições variam em função da altitude, umidade
relativa e temperatura, são definidas condições padrão de medidas, sendo que
as mais usadas são:

• Nm3/h (newton metro cúbico por hora) definido a pressão 1,033 kg/cm2,
temperatura de 0ºC e umidade relativa 0%;

• SCFM (standart cubic feet per minute) definida a pressão de 14,7 lb/pol2
(psi) , temperatura de 60ºF e umidade relativa de 0%.

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Exercício

1. Calcular o tempo que levará para encher um tambor de 214 litros, sabendo-se
que a velocidade de escoamento do líquido é de 0,3m/s e o diâmetro do
tubo conectado ao tambor é igual a 30mm.

2. Calcular o diâmetro de uma tubulação, sabendo-se que pela mesma, escoa água
a uma velocidade de 6m/s. A tubulação está conectada a um tanque com
volume de 12000 litros e leva 1 hora, 5 minutos e 49 segundos para
enchê-lo totalmente.

3. Uma mangueira é conectada em um tanque com capacidade de 10000


litros. O tempo gasto para encher totalmente o tanque é de 500 minutos.
Calcule a vazão volumétrica máxima da mangueira.

4. Calcular a vazão volumétrica de um fluido que escoa por uma tubulação com
uma velocidade média de 1,4 m/s, sabendo-se que o diâmetro interno da
seção da tubulação é igual a 5 cm.

5. Calcular o volume de um reservatório, sabendo-se que a vazão de escoamento


de um líquido é igual a 5 l/s. Para encher o reservatório totalmente são
necessárias 2 horas.

6. No entamboramento de um determinado produto são utilizados tambores de


214 litros. Para encher um tambor levam-se 20 min. Calcule:

a) A vazão volumétrica da tubulação utilizada para encher os tambores.

b) O diâmetro da tubulação, em milímetros, sabendo-se que a velocidade de


escoamento é de 5 m/s.

c) A produção após 24 horas, desconsiderando-se o tempo de deslocamento


dos tambores.

7. Um determinado líquido é descarregado de um tanque cúbico de 5m de


aresta por um tubo de 5cm de diâmetro. A vazão no tubo é 10 l/s, determinar:

a) a velocidade do fluído no tubo.

b) o tempo que o nível do líquido levará para descer 20cm.

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Cálculos Aplicados à Manutenção

Princípios da cinemática escalar

Objetivos

Ao final desta unidade o participante deverá ser capaz de:


• Reconhecer o referencial como parâmetro básico para informar se um corpo está em
repouso ou em movimento;
• Classificar movimentos em função da trajetória;
• Determinar a posição ocupada por um corpo ao longo da trajetória;
• Determinar o deslocamento efetuado por corpos em movimento em função das
posições final e inicial;
• Definir velocidade escalar média;
• Resolver problemas a respeito de movimento uniforme;
• Definir aceleração;
• Identificar movimento uniformemente variado;
• Resolver problemas a respeito de movimento uniformemente variado;
• Relacionar período e freqüência no movimento circular uniforme;
• Resolver problemas a respeito de velocidade tangencial;
• Resolver problemas envolvendo o sistema biela-manivela.

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Cálculos Aplicados à Manutenção

Movimento e repouso

Para dizermos se um corpo está em movimento ou repouso necessitamos de um


referencial.

Se num dado intervalo de tempo um corpo estiver afastando-se ou aproximando-se de um


dado referencial, diremos que o corpo encontra-se em movimento.

Caso a distância do corpo não se altere em relação ao referencial no decorrer do tempo,


diremos que o corpo encontra-se em repouso.

Enquanto o professor escreve na lousa pergunta-se:

a) O giz está em repouso ou em movimento em relação à lousa?


__________________________________________________________________

b) A lousa está em repouso ou em movimento em relação ao chão?


__________________________________________________________________

c) A lousa está em repouso ou em movimento em relação ao apagador?


__________________________________________________________________

d) A cadeira onde você está sentado encontra-se em repouso ou em movimento?


__________________________________________________________________

e) A Terra está em repouso ou em movimento em relação ao Sol?


__________________________________________________________________

f) Sua casa está em repouso ou em movimento em relação ao poste do outro lado da


rua?
__________________________________________________________________

SENAI-SP 64
Cálculos Aplicados à Manutenção

Trajetória

Quando um corpo se movimenta em relação a um dado referencial ele ocupa diversos


pontos do espaço. Se unirmos todos esses pontos, obteremos uma linha geométrica. Essa
linha geométrica recebe o nome de trajetória.

A trajetória depende do referencial adotado.

O esquiador está se locomovendo em relação à uma montanha. O rastro que o esqui deixa
na neve é a trajetória, ou seja, a sucessão de pontos que o esquiador ocupa ao se
locomover.

Em relação aos eixos das polias, um ponto A da correia descreve uma trajetória circular.

De acordo com a trajetória os movimentos são classificados em retilíneos e curvilíneos


(circular, parabólico, helicoidal, elíptico).

SENAI-SP 65
Cálculos Aplicados à Manutenção

Exercícios

Complete as afirmações:

1) Em relação à peça a ferramenta de


desbaste descreve uma trajetória
....................................................

2) Em relação ao solo o projétil lançado


pelo canhão descreve uma
rajetória......................................

3) Em relação ao Sol o planeta Terra


descreve uma trajetória
....................................................

4) Em relação à peça a fresa descreve


uma trajetória
....................................................

5 Um avião lança uma bomba contra um


alvo localizado no solo. Para o piloto
do avião a bomba descreve uma
trajetória
........................................
Para um observador situado no solo a
bomba descreve uma
trajetória............................

SENAI-SP 66
Cálculos Aplicados à Manutenção

Posição e deslocamento

O movimento de um corpo fica bem descrito quando sabemos determinar sua posição com
o passar do tempo.

Atribuindo-se à trajetória um sentido positivo de percurso e tomando-se como referencial


um ponto a partir do qual começamos a medir as posições, fica fácil determinar a posição
de um corpo.

Por exemplo, a posição do carro no ponto A é − 10km; no ponto C é 10km e no ponto D é


30km. Observe que o referencial adotado é o ponto B.

Quando um corpo se movimenta em relação a um dado referencial sua posição varia no


decorrer do tempo. Essa variação de posição é chamada deslocamento sendo
representada por ∆S onde ∆ (lê-se delta) indica uma variação qualquer.

Para calcular o deslocamento realizado por um corpo no decorrer do tempo, em relação a


um dado referencial, basta efetuar a diferença entre a sua posição final (S) e sua posição
inicial (S o ).

Em símbolos:

∆S = S - S 0

A título de exemplo, consideremos uma esfera rolando sobre uma superfície horizontal.

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Cálculos Aplicados à Manutenção

A tabela mostra a variação de posição da esfera em função do tempo.

t (s) 0 1 2 3 4 5
S (m) -2 -1 0 1 2 3
Posições S1 S2 S3 S4 S5 S6

Agora, calculemos o deslocamento efetuado pela esfera entre 0 e 5s; entre 1s e 3s; entre
3s e 5s e entre 2s e 5s.

Solução:

a) entre 0 e 5s ⇒ ∆S = S 6 − S 1 ⇒ ∆S = 3 − (−2) ⇒ ∆S = 5m
b) entre 1s e 3s ⇒ ∆S = S 4 − S 2 ⇒ ∆S = 1 − (−1) ⇒ ∆S = 2m
c) entre 3s e 5s ⇒ ∆S = S 4 − S 3 ⇒ ∆S = 3 − 1 ⇒ ∆S = 2m
d) entre 2s e 5s ⇒ ∆S = S 6 − S 3 ⇒ ∆S = 3 − 60 ⇒ ∆S = − 60m

O deslocamento realizado por um corpo pode ser positivo, negativo ou nulo. Será positivo
quando o corpo se movimenta no mesmo sentido em que foi orientada a trajetória e
negativo em caso contrário.

O deslocamento será nulo quando a posição final do corpo for igual à sua posição inicial.
Isto, contudo, não significa que o corpo esteja em repouso.

Exercícios

1) Ruiz montou a tabela que retrata o deslocamento efetuado por uma ferramenta de
corte sendo utilizada para tornear uma peça.

t (s) 1 2 3 4 5 6

S (mm) 0 1 2 3 4 5

Posições SA SB SC SD SE SF

SENAI-SP 68
Cálculos Aplicados à Manutenção

Determine o deslocamento da ferramenta entre os instantes 1s e 3s; entre 2s e 5s;


entre 3s e 6s e entre 1s e 6s.

Solução:
a) entre 1s e 3s ⇒
b) entre 2s e 5s ⇒
c) entre 3s e 6s ⇒
d) entre 1s e 6s ⇒

2) Um automóvel sai de uma cidade A, vai até uma cidade B e retorna à cidade A. A
distância entre as duas cidades é de 60km. Determine o deslocamento realizado pelo
automóvel.

Solução:

Velocidade escalar média

Um móvel desloca-se de um ponto A para um ponto B realizando um deslocamento ∆S


num intervalo de tempo ∆t, conforme esquema:

SENAI-SP 69
Cálculos Aplicados à Manutenção

A velocidade escalar média (V m ) do móvel é definida como o quociente entre o


deslocamento ∆S que ele realiza e o intervalo de tempo ∆t gasto para realizar o
deslocamento. Em símbolos:

∆S
Vm =
∆t

No SI a unidade de velocidade é metro por segundo (m/s), porém, é usual o múltiplo


quilômetro por hora (km/h) para expressar a velocidade de meios de transporte como
caminhões, automóveis, aviões, etc.

Em operações de usinagem também é usual expressar-se a velocidade de corte ou


velocidade tangencial em metros por minuto (m/min).

Para transformar m/s em km/h e vice-versa, basta aplicar as seguintes relações:

Exemplo:

A velocidade média de um automóvel é 72km/h. Quanto vale essa velocidade em m/s?

Solução: V m = 72km/s + 3,6 ⇒

Vm = 20m/s

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Cálculos Aplicados à Manutenção

Movimento Uniforme (MU)

Um movimento é dito uniforme quando a velocidade é constante e não nula.


Suponhamos que um móvel parta da posição A no instante t o = 0 e, no instante t, passe
pela posição B, mantendo sempre a mesma velocidade:

Partindo da definição de velocidade, podemos obter a equação horária do movimento


uniforme:

∆S S − S0 S − S0
V= ⇒V= ⇒V= ⇒ S − S0 = V . t ⇒ S = S0 + V . t
∆t t − t0 t

Abaixo, mostramos os gráficos da equação horária do movimento uniforme:

S ⇒ crescente S ⇒ decrescente
∆S > 0 ⇒ movimento progressivo ∆S < 0 ⇒ movimento retrógrado

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Cálculos Aplicados à Manutenção

Observe, agora, os gráficos da velocidade do movimento uniforme:

V ⇒ constante V ⇒ constante
V > 0 ⇒ movimento progressivo V < 0 ⇒ movimento retrógrado
N N
A= ∆S A= ∆S

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Cálculos Aplicados à Manutenção

Exercícios

1) Um avião percorre 900km em 30 minutos. Qual sua velocidade média em m/s ?

Solução:

2) Caixas colocadas numa esteira de uma linha de produção percorrem 32m em 40s.
Determine:
a) A velocidade da esteira em m/s.
b) A quantidade de caixas transportadas por hora, sabendo que entre elas existe uma
distância de 0,6m de separação.

a) b)

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Cálculos Aplicados à Manutenção

3) O guindaste transportador possui uma velocidade média de trabalho de 4m/min para


erguer, deslocar na horizontal e baixar uma carga sobre um caminhão. Determine o
tempo total gasto pelo guindaste para levar a carga até o caminhão.

Solução:

4) Uma ferramenta de torno desbasta um tarugo de aço. Quantos metros de cavaco serão
desbastados em 2 horas, sabendo-se que a velocidade média de desbaste é 30m/min?

Solução:

5) Um ciclista percorreu 6000m em 30min. Expresse a velocidade média desenvolvida


pelo ciclista em km/h.

Solução:

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Cálculos Aplicados à Manutenção

Movimento uniformemente variado (MUV)

Um móvel está em movimento uniformemente variado, em relação a um referencial,


quando sua velocidade varia no decorrer do tempo. Para caracterizar a maior ou menor
rapidez com que a velocidade varia é necessário introduzir a grandeza física vetorial

chamada aceleração ( a ).

No MUV o módulo da aceleração é constante e não nulo, sendo dada pela expressão:

∆V
a=
∆t

Legenda: a = módulo da aceleração


∆V = variação do módulo da velocidade
∆t = variação do tempo

No SI a unidade de aceleração é o metro por segundo ao quadrado (m/s2).

Interpretação: falar, por exemplo, que a aceleração de um móvel é 2m/s2, significa dizer
que a velocidade do móvel varia 2 metros por segundo em cada segundo.

Partindo do conceito de aceleração podemos deduzir a equação da velocidade do MUV.


Para tanto, consideremos um corpo animado de MUV, conforme o esquema:

Partindo da expressão que fornece o módulo da aceleração teremos:

SENAI-SP 75
Cálculos Aplicados à Manutenção

∆V V − V0 V − V0
a= ⇒a= ⇒a= ⇒ V − V0 = a . t ⇒
∆t t − t0 t

V = V0 + a . t

Gráficos da velocidade do MUV

a>0 a<0

N
A = ∆S

Função horária do MUV

A função horária do MUV é dada pela seguinte expressão:

at 2
S = S 0 + V0 t +
2

O gráfico dessa função é uma parábola.

SENAI-SP 76
Cálculos Aplicados à Manutenção

Equação de Torricelli

Para resolver determinados problemas de MUV, especialmente quando não se dispõe da


variável tempo, a equação de Torricelli é extremamente útil:

V 2 = Vo 2 + 2a . ∆S

Exercícios

1) A velocidade de um móvel varia com o tempo segundo a equação:


V = 5 + 10t (V → m/s ; t→ s). Determine:
a) a velocidade inicial do móvel;
b) a aceleração do móvel;
c) a velocidade do móvel para t = 6s;
d) a variação da velocidade do móvel nos primeiros 10s.

Solução:

a)

b)

c)

d)

2) Um jipe, partindo do repouso, percorre 100m de distância com aceleração constante de


2m/s2. Qual a velocidade do jipe?

Solução:

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Cálculos Aplicados à Manutenção

3) Uma partícula descreve um MUV e o gráfico da velocidade em função do tempo é


mostrado abaixo.

Determine:

a) a velocidade inicial da partícula;


b) a aceleração da partícula;
c) a função horária da velocidade;
d) o deslocamento realizado pela
partícula nos 2 primeiros segundos do
movimento.

Solução:

a)

b)

c)

d)

4) O movimento de um corpo obedece a seguinte função horária:


S = 18 – 9t + t2 (S→m ; t→ s). Determine:
a) o espaço inicial do movimento realizado pelo corpo;
b) a velocidade inicial do movimento realizado pelo corpo;
c) a aceleração adquirida pelo corpo;
d) a função horária da velocidade que rege o movimento do corpo;
e) o instante em que o corpo muda o sentido de movimento.

Solução:

a)

b)

c)

d)

e)

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Cálculos Aplicados à Manutenção

5) Um corpo, inicialmente em repouso, adquire uma aceleração de 10m/s2.


Determine sua posição quando a velocidade for igual a 50m/s.

Solução:

6) Um automóvel, inicialmente em repouso em relação a um dado referencial, adquire


uma aceleração de 2m/s2. Determine a velocidade do automóvel 15 segundos após a
partida.

Solução:

7) Um trem está com velocidade de 20m/s quando são aplicados os freios que lhe
comunicam uma aceleração escalar de módulo igual a 2m/s2. Determine a distância
que o trem percorre até parar.

Solução:

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Cálculos Aplicados à Manutenção

8) Um automóvel estava deslocando-se em relação a um dado referencial.


Um estudante, ao lado do motorista, registrou os seguintes dados:

tempo (s) 0 1 2 3 4 5
velocidade (km/h) 0 18 36 54 72 90
Velocidade (m/s) 0 5 10 15 20 25

Determine:

a) A aceleração do automóvel em m/s2;


b) A função horária da velocidade que rege o movimento do automóvel;
c) O gráfico da velocidade em função do tempo;
d) O espaço percorrido pelo automóvel durante os 5 primeiros segundos.

Solução:

a)

b)

c)

d)

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Cálculos Aplicados à Manutenção

Movimento circular

Movimento circular é aquele cuja trajetória, em relação a um referencial, é uma


circunferência.

O movimento circular ocorre em vários mecanismos, conforme mostra as figuras:

Quando o movimento é circular e uniforme (MCU), o móvel passa pelas mesmas posições
anteriores, em idênticas condições, o que conduz a repetição do fenômeno.

Essa repetição de um movimento ou de um fenômeno qualquer no decurso do tempo é


expresso por duas grandezas físicas escalares: o período (T) e a frequência (f).

Período (T) é o menor intervalo de tempo de repetição de um fenômeno. O período é


medido em unidades de tempo: segundos, minutos, horas, dias, etc.
SENAI-SP 81
Cálculos Aplicados à Manutenção

A frequência (f) é o número de vezes que o fenômeno se repete na unidade de tempo


considerada.

O período e a freqüência estão associados, pois o período é o intervalo de tempo para o


fenômeno se repetir uma vez e a freqüência é o número de vezes para a repetição do
fenômeno na unidade de tempo.

Por exemplo, se um corpo efetua 12 voltas em 1s num MCU, sua frequência é 12 voltas
por segundo e o seu período é o tempo de uma volta, ou seja, 1/12 segundos.

Conclui-se que o período é o inverso da frequência e vice-versa.


Em símbolos:

1 1
f= eT=
T f

Unidades de frequência usuais:


• Voltas por segundo;
• Ciclos por minuto ou rotações por minuto (rpm)
• Ciclos por segundo (c/s)

No SI a unidade de freqüência é ciclos por segundo (c/s). Essa unidade recebe o nome de
hertz (Hz).

Observação:

A abreviatura rpm, apesar de incorreta, é muito utilizada na prática. É incorreta porque a


abreviatura de minuto é min ao passo que m é a abreviatura de metro. Como o erro está
consagrado pelo uso, nos problemas usaremos a abreviatura rpm.

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Cálculos Aplicados à Manutenção

Velocidade tangencial ou velocidade periférica (V t )


Consideremos uma polia em rotação, conforme esquema:

Um ponto P da periferia da polia percorre, durante uma rotação, uma distância que é o
próprio comprimento da circunferência.

A Matemática ensina que o comprimento de qualquer circunferência é dado pela


expressão:

C=2.π.R (1)

Contudo, 2R = D (2)

Substituindo (2) em (1) temos:

C=π.D (3)
Se a polia efetua n voltas por minuto, o ponto P percorrerá uma distância
∆S = C . n (4).

Substituindo (3) em (4) resulta:

∆S = π . R . n (5)

∆S
Mas, V = (6)
∆t

Substituindo (5) em (6) obtém-se a fórmula prática que nos fornece o módulo da
velocidade tangencial (V t ):

π .D .n π . 2 .R .n
Vt = ou Vt =
Dt ∆t

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Cálculos Aplicados à Manutenção

Exercícios

1) Determine a velocidade de corte em m/min utilizada para tornear um material de 60mm


de diâmetro que gira a 300 rpm. Adote π = 3.

Solução:

2) Calcule as velocidades periféricas das engrenagens esquematizadas, sabendo que o


eixo gira a 240rpm. Adote π = 3 e expresse os resultados em m/min.

Solução:

a) b)

SENAI-SP 84
Cálculos Aplicados à Manutenção

3) Uma peça deve ser fresada com uma velocidade de corte de 25,12m/min. O diâmetro
da fresa é 100mm. Calcule o número de rotações que a fresa deverá executar por
minuto.

Solução:

4) Uma polia de 120mm de diâmetro apresenta uma velocidade periférica de 31,4m/s.


Determine o número de rotações que ela executa por minuto.

Solução:

5) Uma serra mármore com 20cm de diâmetro executa 12000rpm. Adotando π =3,
determine a velocidade tangencial da serra em m/s.

Solução:

SENAI-SP 85
Cálculos Aplicados à Manutenção

6) Uma lixadeira manual de diâmetro 170mm, quando em funcionamento, executa 1800


rotações por minuto. Adotando π = 3 determine a velocidade tangencial da lixadeira em
m/min.

Solução:

7) Uma retificadora pneumática manual munida de um pequeno rebolo tipo ponta


montada com diâmetro de 5mm desenvolve uma velocidade tangencial de 5m/s.
Adotando π = 3, calcule o número de rotações que o rebolo desenvolve por minuto.

Solução:

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Cálculos Aplicados à Manutenção

Transmissão e transformação de movimentos

Em qualquer máquina operatriz é indispensável que a peça ou a ferramenta esteja


animada de movimento adequado, e que sua velocidade seja conveniente ao trabalho a
ser executado.

Contudo, o motor que aciona a máquina operatriz nem sempre produz o movimento
apropriado ao trabalho que se deseja executar.

Quando isto ocorre, torna-se necessário aplicar mecanismos de transformação de


movimentos.

No estudo do movimento em máquinas, é necessário diferenciar o significado dos termos


transmissão e transformação de movimentos.

• Transmissão de movimento é a passagem de movimento de um órgão da máquina


para outro órgão da mesma máquina.

• Transformação de movimento é a alteração de velocidade e/ou trajetória que ocorre


num mecanismo de transmissão.

Exemplos:

No sistema de polias de mesmo diâmetro ocorre


somente transmissão de movimento.

No sistema constituído por duas engrenagens de


diâmetros diferentes e acopladas entre si, ocorre
transmissão de movimento com alteração do sentido
de rotação e com alteração de velocidades.

Discutiremos, a seguir, o sistema biela-manivela.

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Cálculos Aplicados à Manutenção

O mecanismo biela-manivela permite transformar o movimento retilíneo alternado em


circular contínuo e vice-versa. Observe o esquema do mecanismo e localize a biela e a
manivela.

A manivela é fixada pelo seu núcleo ao eixo de um volante ou mesmo de uma polia ou
ainda ao eixo principal de um motor (eixo de manivela).

Perpendicularmente ao eixo fica o braço da manivela que também é perpendicular ao eixo.

A biela é uma barra rígida que se articula em duas extremidades: na manivela e no eixo da
cruzeta. Na ilustração a cruzeta encontra-se dentro da corrediça.
A cruzeta é uma peça de ligação entre a biela e o pistão (ou êmbolo).

SENAI-SP 88
Cálculos Aplicados à Manutenção

Para entender o funcionamento da biela-manivela, considere uma bomba a pistão,


conforme esquema:

O volante aciona a manivela que executa um movimento circular. Por sua vez, a manivela
aciona a biela que, estando conjugada à cruzeta, comunica-lhe um movimento retilíneo
alternado (vai – e – vem).

De fato, a cada meia volta da manivela, a biela se encontra indo ou voltando.

Quando o ponto B da manivela encontra-se na posição B´, o ponto A da cruzeta (ligada à


biela) encontra-se no final do curso, isto é, em A´.

Se a manivela estiver no ponto C, o ponto A da cruzeta estará no início do curso, ou seja,


em A´´.

No caso de máquinas a vapor e dos pistões de automóveis, o pistão ou êmbolo aciona a


cruzeta que descreve um movimento retilíneo. Por sua vez, a cruzeta aciona a biela que,
estando conjugada ao cabo da manivela (virabrequim), comunica-lhe um movimento
circular.

É fácil perceber que, a cada vai-e-vem do pistão, corresponderá uma rotação completa da
manivela.

SENAI-SP 89
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Em outras palavras, o espaço percorrido pelo pistão, em cada rotação completa da


manivela, será igual a duas vezes o curso (C), ou seja: uma rotação completa da manivela
= 2C.

Conhecendo o número de rotações por minuto que a manivela descreve, torna-se fácil
determinar a velocidade média da cruzeta ou do pistão, conforme expressão:

2 . C .n
Vm = (m/s)
60

Legenda:

n = número de rotações por minuto


C = curso do êmbolo ou pistão

Convém salientar que, no mecanismo biela-manivela, o curso (C) da cruzeta ou do pistão


deverá ser igual ao diâmetro (D) da circunferência percorrida pela manivela.

Conclusão: uma cilindrada (ida e volta) da cruzeta ou do pistão terá a duração exata da
revolução completa do volante:

C=D ou C = 2 . R

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Exercícios

1) O pistão de um motor tem 60mm de curso e o motor gira a 6000rpm. Calcule a


velocidade do pistão, dentro da camisa, em m/s.

Solução:

2) A manivela de uma serra executa 120rpm, acionando uma biela que tem um curso de
0,30m. Determine a velocidade média da biela.

Solução:

3) Calcule o curso do êmbolo e o raio da manivela de uma máquina a vapor, sabendo que
a velocidade média do êmbolo é 20m/s e que a manivela executa 400rpm.

Solução:

a) b)

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Princípios da termologia

Objetivos

Ao fim desta unidade o participante deverá ser capaz de:


• Definir temperatura;
• Identificar as principais escalas termométricas de uso mundial;
• Utilizar equações termométricas para converter gradientes de temperatura de
uma escala termométrica para outra;
• Identificar o princípio de funcionamento dos pirômetros;
• Definir calor;
• Diferenciar calor sensível de calor latente;
• Identificar as formas de transmissão de calor nos diversos meios;
• Identificar os tipos de dilatação às quais os materiais estão sujeitos;
• Resolver problemas do cotidiano envolvendo a dilatação dos materiais;
• Resolver problemas do cotidiano envolvendo quantidade de calor sensível e
calor específico de materiais.

A Termologia é a parte da Física que estuda o calor e os seus efeitos. O calor é


essencial para muitas atividades industriais: soldagem oxiacetilênica; oxi-corte;
estufas de pintura; sistemas de refrigeração; tratamentos térmicos; dilatações
desejáveis; etc.

Sem uma gradiente de calor, a vida, tal como a conhecemos, não seria possível
neste planeta.

Agora, duas perguntas:


- O que é temperatura?
- O que é calor?

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Temperatura

As partículas (átomos, íons e moléculas) que constituem os materiais estão em


constante vibração, pois são dotadas de energia de agitação. Essa energia de
agitação é conhecida pelo nome de energia térmica.

Por exemplo, se conseguíssemos enxergar a estrutura cristalina de um pedaço de


aço (uma liga de ferro e carbono) à temperatura ambiente, veríamos átomos de
ferro e carbono vibrando sem saírem do lugar. Os átomos, que constituem o
cristal, estão dotados de energia térmica.

Concebe-se temperatura como sendo a medida do estado de agitação térmica


das partículas que constituem os materiais. Quanto maior a temperatura, mais
agitadas as partículas e vice-versa.

No gelo as moléculas de água vibram menos do que as moléculas de água no


estado líquido.

A temperatura é medida de forma indireta, por meio de grandezas físicas


chamadas grandezas termométricas, que variam quando a temperatura varia.
Exemplos de grandezas termométricas:

• Volume de um líquido
• Comprimento de uma barra
• Pressão de um gás a volume constante
• Resistência de um material condutor

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Escalas termométricas

O aparelho ou instrumento utilizado para medir temperaturas não muito elevadas


é o termômetro.

Dentre os termômetros, os mais utilizados são os de mercúrio. No termômetro a


mercúrio, a grandeza termométrica é a altura que a coluna de mercúrio assume
para um dado gradiente de temperatura.

As figuras mostram alguns tipos de termômetros.

Máxima e
Clínico Laboratório Metálico A gás
mínima

O conjunto dos valores numéricos que pode assumir a temperatura t constitui uma
escala termométrica, que é estabelecida ao se graduar um termômetro.

Para se graduar uma escala termométrica é necessário estabecer dois pontos


fixos ou dois estados térmicos, que podem ser facilmente obtidos e reproduzidos,
sempre nas mesmas condições. Por exemplo, o ponto de fusão do gelo e o ponto
de ebulição da água, ao nível do mar (onde a pressão atmosférica é considerada
normal), são dois pontos fixos de fácil obtenção.

Baseado no ponto de fusão do gelo e no ponto de ebulição da água ao nível do


mar o astrônomo e físico sueco Anders Celsius (1701-1774) criou a escala
termométrica que leva seu nome: a escala Celsius.

SENAI-SP 111
Cálculos Aplicados à Manutenção

A escala Celsius é a mais difundida no Brasil. Nesta escala atribui-se o valor 0


(zero) ao ponto de fusão do gelo e o valor 100 (cem) ao ponto de ebulição da
água, ao nível do mar.

O intervalo entre os dois pontos fixos, na escala Celsius, é dividido em 100 partes
iguais, constituindo cada parte uma unidade da escala, isto é, 10C (um grau
Celsius), conforme mostra a figura.

Em 1948, no IX Congresso Geral de Pesos e Medidas, ficou decidido que a


palavra centígrado seria substituída por Celsius, em homenagem ao inventor da
escala. Por isso, quando você ouvir falar em rádio, ou TV, ou ler em jornais que a
temperatura é de tantos graus centígrados, você estará ouvindo ou lendo uma
incorreção. Segundo o Sistema Internacional de Unidades (SI), deve-se falar ou
escrever graus Celsius para se referir a uma dada temperatura referente à escala
Celsius.

Nos países de língua inglesa a escala mais utilizada é a escala Fahrenheit, criada
pelo físico alemão Daniel Gabriel Fahrenheit (1686-1736). Nessa escala os
valores dos pontos fixos são: 32 para o ponto de fusão do gelo e 212 para o ponto
de ebulição da água ao nível do mar. O intervalo entre esses dois pontos é
dividido em 180 partes iguais, constituindo cada parte uma unidade da escala, ou
seja, 10 F (um grau fahreinheit)
A temperatura mais baixa que pode existir é um estado térmico em que cessa a
agitação térmica, isto é, os átomos, íons e moléculas deixariam de apresentar
qualquer vibração. Esse limite inferior de temperatura recebe o nome de zero
absoluto, inatingível até então, e que corresponde à temperatura de − 273,150C
(aproximadamente − 2730C).

SENAI-SP 112
Cálculos Aplicados à Manutenção

Baseado nesse estado térmico, Lord Kelvin estabeleceu, em 1848, a escala


absoluta. Experimentalmente, Kelvin verificou que a pressão de um gás diminuia
1/273 do valor inicial quando resfriado, a volume constante, de 00C para −10C.
Concluiu, então, que a pressão seria nula quando o gás estivesse a −2730C.

Como a pressão do gás é devida ao bombardeio das moléculas sobre as paredes


do recipiente que o contém, no estado térmico de pressão nula as moléculas do
gás deveriam ficar em repouso. Se a temperatura é uma medida do grau de
agitação das moléculas, ela deve ser nula quando a agitação for nula.

Podemos compreender essas constatações de Lord Kelvin examinando o gráfico


abaixo, que mostra o que ocorre com o volume de um gás quando aquecido.

Observe que, conforme a temperatura aumenta, o volume aumenta. Lord Kelvin


extrapolou o gráfico e raciocinou em termos de resfriamento e, por matemática,
chegou ao valor −2730C.

Lord Kelvin é o título de nobreza que o célebre físico irlandês William Thomson
(1824 - 1907) recebeu em 1892 da rainha Vitória da Inglaterra. Aos 34 anos, ao
instalar o primeiro cabo telegráfico sob o Atlântico, foi sagrado cavaleiro,
recebendo o título de “Sir”.

A escala absoluta criada por Kelvin tem origem no zero absoluto e adota como
unidade o kelvin (símbolo K), cuja extensão é igual à do grau Celsius. Assim, uma
variação de temperatura de 10C é igual a uma variação de temperatura de 1K.

Na escala absoluta, ou escala Kelvin, o ponto de fusão do gelo vale 273K e o


ponto de ebulição da água, ao nível do mar, vale 373K.

SENAI-SP 113
Cálculos Aplicados à Manutenção

Pode-se estabelecer uma correspondência entre as três escalas termométricas


citadas, conforme esquema a seguir, considerando que a grandeza termométrica
seja a mesma:

De acordo com o esquema, podemos montar as seguintes proporções:

tC − 0 TK − 273 tF − 32 tC TK − 273 tF − 32
= = ⇒ = = ⇒
100 − 0 373 − 273 212 − 32 100 100 180

tC TK − 273 tF − 32
= =
5 5 9

Essa última igualdade permite transformar graus Celsius em kelvin e vice-versa,


bem como transformar graus Celsius em graus fahrenheit e vice-versa e,
finalmente, transformar graus fahrenheit em kelvin e vice-versa.

Observe que para diferenciar a escala absoluta das outras escalas, representa-se
a temperatura absoluta com a letra T. Na indicação de alguma temperatura
absoluta não se usa a palavra “graus” e nem o símbolo “0” , conforme recomenda
o SI. Exemplo: 300K ( trezentos kelvins).

SENAI-SP 114
Cálculos Aplicados à Manutenção

Exercícios

1. Ex-piloto de fórmula-1, Niki Lauda, passeando num Opel, constatou que a


temperatura da água de arrefecimento era 1670F. Niki Lauda parou ou
continuou passeando tranquilamente?
Solução:

2. A temperatura de secagem de uma estufa de pintura é 700C. Expressar


essa temperatura em graus fahrenheit e em Kelvin.

Solução:

a)

b)

SENAI-SP 115
Cálculos Aplicados à Manutenção

3. A temperatura de ignição do querosene ao ar é, aproximadamente, 2950C.


Expresse essa temperatura em graus fahrenheit.

Solução:

4. A temperatura de ignição do etanol ao ar é, aproximadamente, 5580C. Expresse


essa temperatura em kelvin.

Solução:

5. A temperatura da chama de um maçarico oxiacetilênico, preparada para entrar


em operação, é 3373K. Expresse essa temperatura em graus Celsius e em
graus fahrenheit.

Solução:

a)

b)

SENAI-SP 116
Cálculos Aplicados à Manutenção

Pirômetros

Os pirômetros permitem verificar as modificações que ocorrem em determinadas


propriedades dos corpos em função da temperatura e, assim, indiretamente, medir
essas temperaturas.

As medidas de temperaturas elevadas eram feitas antigamente a olho; pois o


homem já havia observado que, com a temperatura, havia modificação do
material, principalmente quando ficava “vermelho”.

Na impossibilidade de medir temperaturas elevadas, até a invenção dos


pirômetros, elas eram avaliadas visualmente.

Os pirômetros podem ser divididos em dois grandes grupos:

• Aparelhos que precisam ficar com uma de suas extremidades imersa no


ambiente cuja temperatura deve ser medida e

• Aparelhos que fazem a medida à distância.

O esquema abaixo mostra um pirômetro do primeiro grupo.

SENAI-SP 117
Cálculos Aplicados à Manutenção

Acompanhando a figura temos dois fios metálicos retorcidos, com composições


químicas diferentes, dentro de um tubo de proteção. Essa parte do conjunto é
imersa, por exemplo, no interior de um forno ou de uma forja. O aquecimento faz
com que surja uma pequena diferença de potencial entre os fios. Essa diferença
de potencial pode ser medida em galvanômetros de precisão, graduados em oC
ou oF.
Observe que temos uma junta quente no interior do forno e uma junta fria na
região exterior.

Na figura abaixo temos o esquema de um pirômetro do segundo grupo. Trata-se


de um pirômetro óptico.

O funcionamento de um pirômetro óptico é bastante simples. Trata-se de provocar,


por efeito Joule, o aquecimento do filamento (resistor) de uma lâmpada que
encontra-se dentro do próprio aparelho, de tal forma que a cor de seu filamento se
confunda com a cor da peça aquecida.

Assim que o operador consegue a sobreposição de cores (filamento e peça) ele


faz a leitura na escala do aparelho, normalmente graduada em oC ou oF.

A vantagem que o pirômetro óptico apresenta é a não necessidade de tocar a


peça, ou mesmo ficar próximo da mesma.

SENAI-SP 118
Cálculos Aplicados à Manutenção

Calor

Quando dois corpos A e B ,em temperaturas diferentes, são postos em contato,


espontaneamente ocorre transferência de energia térmica do corpo com maior
temperatura para o corpo com menor temperatura, até que seja atingido o
equilíbrio térmico.

A causa determinante da passagem de energia do corpo A para o corpo B é a


diferença de temperatura entre eles. Essa passagem de energia é interrompida
quando as temperaturas se igualam.

A energia térmica que passa de A para B recebe, durante o movimento, o nome de


calor.

Portanto, calor é energia térmica em trânsito que passa de um corpo para


outro quando entre eles houver diferenças de temperatura.

Salientemos que o termo calor é usado apenas para indicar a energia que está se
transferindo, não sendo empregado para indicar a energia que o corpo possui.

Transmissão de calor

Transmissão de calor é a passagem de energia térmica de um corpo para outro ou


de uma parte para outra de um mesmo corpo. A transmissão de calor pode ocorrer
segundo três processos distintos: condução, convecção e radiação.

SENAI-SP 119
Cálculos Aplicados à Manutenção

Condução

É o processo de transmissão de calor em que a energia térmica passa de um local


para outro através das partículas (átomos, íons, moléculas) que constituem os
sólidos, especialmente os metálicos que, por natureza, são bons condutores de
calor.
O processo ocorre do seguinte modo: na região mais quente (com maior
temperatura), as partículas têm mais energia, vibrando com mais intensidade; com
esta vibração cada partícula transmite energia para a partícula vizinha que passa
a vibrar mais intensamente; esta transmite energia para a seguinte e, assim,
sucessivamente.

Por exemplo, consideremos uma pequena barra de aço sendo aquecida em uma
das extremidades por meio da chama de um bico de Bunsen, conforme o
esquema.

Na região de aquecimento, os átomos da liga metálica ( aço = ferro + carbono)


passam a vibrar cada vez mais intensamente. A vibração vai passando para os
átomos vizinhos e, após um certo tempo, a barra estará toda aquecida.

Diante do exposto, podemos afirmar que:

• Durante a condução, as partículas dos corpos envolvidos no processo não se


deslocam; apenas vibram mais intensamente;
• A condução exige a presença de um meio material para se realizar; ela não
ocorre no vácuo;
• Durante a condução o calor se propaga da região com maior temperatura para
a região com menor temperatura;
• A condução é o típico processo de transmissão de calor que ocorre nos
sólidos.

A condução do calor só se realiza num dado corpo quando diferentes partes dele
estão em temperaturas diversas: a direção de propagação do calor é sempre dos
pontos de temperatura mais alta para os de temperatura inferior.

SENAI-SP 120
Cálculos Aplicados à Manutenção

Convecção

Convecção é o processo pelo qual a energia térmica é transferida de uma região


para outra do meio, através do movimento de massas no seu interior. Neste caso,
há transporte de energia e também de matéria.

Como há transporte de matéria, a convecção só ocorre em meios fluidos (líquidos


e gases), cujas partículas (átomos, íons, moléculas) possuem grande liberdade de
movimento.
Consideremos uma sauna, conforme figura.

O ar mais próximo da fonte de calor se aquece primeiramente, ficando menos


denso que o restante. Nessas condições ele sobe e o ar de cima, por estar mais
frio e mais denso, desce, ocorrendo troca de posição entre eles. Estabelece-se,
assim, as correntes de convecção entre as massas de ar quente e frio.

Um outro exemplo de convecção é água fervendo numa panela.

O recipiente transmite calor à porção de água que encontra-se no fundo da


panela. Esta porção de água torna-se mais quente e menos densa e sobe,
enquanto a água da parte superior desce, por estar mais fria e mais densa.

Novamente estabelecem-se correntes de convecção.

SENAI-SP 121
Cálculos Aplicados à Manutenção

A convecção pode ser natural ou forçada. É natural quando ocasionada apenas


por diferenças de temperatura e densidade entre as massas do fluido. É forçada
quando ocasionada por bombas ou ventiladores.

Observemos que na convecção não há passagem de energia de um corpo para


outro, mas estes apenas é que se mudam de posição.

Outros casos típicos de convecção são comentados a seguir.

Os aparelhos de ar condicionado operam colocando ar frio dentro de um


ambiente. Eles causam melhor efeito quando colocados na parte superior de uma
sala, pois desse modo provocam a convecção do ar: o ar frio desce e o ar quente
sobe.

SENAI-SP 122
Cálculos Aplicados à Manutenção

Num refrigerador, o congelador fica localizado na parte superior, pois o ar em


contato com o mesmo sofre um resfriamento, tornando-se mais denso. Tornando-
se mais denso ele desce. O ar menos denso, estando mais quente, sobe.
Novamente formam-se correntes de convecção. É importante salientar que as
prateleiras do refrigerador devem ser vazadas, ou gradeadas, para permitir a
convecção do ar.

A retirada de gases residuais da combustão pelas chaminés é resultado das


correntes de convecção. Os gases aquecidos sobem, provocando uma renovação
do ar frio em torno do forno, mantendo a combustão.

Em certos edifícios há sistemas de aquecimento central que aproveitam as


correntes de convecção da água que circula dentro de tubulações. A água é
aquecida pela caldeira e sobe, enquanto a água fria desce. Os radiadores de
calor, que são metálicos, se aquecem por condução e transmitem calor ao
ambiente por convecção. Parte do calor também é transmitido por radiação.

SENAI-SP 123
Cálculos Aplicados à Manutenção

Radiação

A Terra recebe energia radiante emitida pelo Sol. Antes de atingir a Terra, essa
energia emitida pelo Sol atravessa uma região de vácuo.

A mão recebe energia radiante emitida pela lâmpada. Antes de atingir a mão, essa
energia radiante da lâmpada atravessa o ar.

Como se percebe, a energia radiante se propaga tanto no vácuo quanto fora do


vácuo.

A transmissão de energia radiante é feita através de ondas eletromagnéticas e


quando elas atingem um corpo que não lhes é transparente, tais como a superfície
da mão ou o solo, elas são absorvidas e sua energia é transformada em calor.

SENAI-SP 124
Cálculos Aplicados à Manutenção

Toda energia radiante transportada por ondas, como os raios-X, as ondas de


rádio, os raios gama, a luz visível, os raios infravermelhos, os raios ultravioleta, as
microondas, etc, pode converter-se em energia térmica por absorção; entretanto
só as radiações infravermelhas são chamadas de ondas de calor ou radiações
caloríficas.

Experimentalmente verificou-se que todos os corpos com temperatura acima do


zero absoluto estão continuamente emitindo energia radiante. Mesmo que ocorra
o equilíbrio térmico entre um corpo e seu meio ambiente, ele continuará emitindo
energia radiante, mas em contrapartida receberá a mesma quantidade de energia
radiante emitida pelo seu meio ambiente.

Quando a energia radiante incide sobre a superfície de um corpo ela é


parcialmente absorvida, parcialmente refletida e parcialmente refratada.

A energia absorvida (E a ) fica no corpo receptor sob a forma de energia térmica. A


energia refletida (E refl ) retorna ao meio de onde veio e a energia refratada (E refr ) se
transmite através do corpo receptor.
Para compreendermos esses fatos, consideremos uma fronteira F separando dois
meios (1) e (2). Admitamos que uma quantidade de energia radiante (E i ) incida em
F vindo do meio (1).

Atingindo F a energia radiante incidente (E i ) divide-se em três parcelas, conforme


esquema:

SENAI-SP 125
Cálculos Aplicados à Manutenção

Equacionando, temos:

E a + E refl + E refr = E i

Dividindo-se ambos os membros da igualdade por E i , resulta:

E a Erefl Erefr Ei
+ + =
Ei Ei Ei Ei

Ea E
A fração é chamada de poder absorvente (a); a fração refl é chamada de
Ei Ei
E
poder refletor (b) e a fração refr é chamada de poder refrator (c).
Ei
Então:

a + b + c =1

Conclusão:
Se um corpo é bom absorvente (a é grande) ele é mau refletor e mau refrator
( b e c são pequenos); se o corpo for bom refletor (b é grande) ele será mau
absorvente e mau refrator (a e c são pequenos) e assim por diante.

Agora, se um corpo é bom absorvente, ele tem facilidade de se desfazer da


energia absorvida e para isto deve ser bom emissor. Assim, todo bom absorvente
é bom emissor e todo bom refletor e mau emissor.

Por exemplo, consideremos duas esferas de aço niqueladas. Uma das esferas
encontra-se pintada com tinta preta e a outra encontra-se polida. Se deixarmos
ambas as esferas, simultaneamente, para tomarem banho de sol, a esfera pintada
de preto vai se aquecer muito mais rapidamente que a esfera polida; contudo, se
levarmos ambas as esferas para a sombra, a esfera pintada de preto se esfriará
mais rapidamente que a polida.

Saiba que os corpos com cores escuras são bons absorventes de calor e os
claros são bons refletores. Esse conhecimento é útil para a construção da parte
interior de fornos domésticos e industriais, assim como é útil para a escolha de
tintas que serão utilizadas para pintar caminhões que transportam produtos
inflamáveis. Normalmente caminhões que transportam produtos inflamáveis são
pintados com cores claras.

SENAI-SP 126
Cálculos Aplicados à Manutenção

Constatou-se que as pinturas de alumínio absorvem somente 30% da radiação


que recebem, ao passo que as pinturas não metálicas absorvem 90%. A fuligem
absorve 97% e o negro-de-fumo (carbono finamente pulverizado) utilizado no
fabrico de pneus absorve 99% !

Prática: Radiação

Objetivos
Identificar o fenômeno da radiação como forma de propagação do calor.
Verificar a influência das cores na absorção e emissão do calor.

Material necessário
1 termômetro de laboratório
1 termômetro de laboratório com fuligem no bulbo
1 lâmpada
1 fio de ligação
1 extensão com “plugue”
1 interruptor
1 cronômetro
1 haste universal
1 haste auxiliar
pedaços de cordonê

Procedimentos

1 Observe a montagem que o professor vai fazer.

SENAI-SP 127
Cálculos Aplicados à Manutenção

2 Assim que o professor ordenar, vá preenchendo a tabela abaixo.

LÂMPADA ACESA
Tempo (min) Termômetro normal (0C) Termômetro com fuligem (0C)
0
1
2
3
4
5
6
7

3 Assim que o professor ordenar, vá preenchendo a tabela abaixo.

LÂMPADA APAGADA
Tempo (min) Termômetro normal (0C) Termômetro com fuligem (0C)
8
9
10
11
12
13
14

4 Analise ambas as tabelas e assinale (x) na resposta correta das proposições


dadas a seguir:

a) O calor emitido pela lâmpada propagou-se pelo ambiente principalmente por


( ) condução.
( ) convecção.
( ) radiação.

b) Enquanto a lâmpada estava acesa, o termômetro que absorveu mais calor foi
aquele cujo bulbo estava
( ) normal.
( ) com fuligem.

SENAI-SP 128
Cálculos Aplicados à Manutenção

c) Pode-se concluir que ambos os termômetros estavam recebendo a mesma


quantidade de radiação emitida pela lâmpada. Esta conclusão é
( ) verdadeira.
( ) falsa.

d) Enquanto a lâmpada estava acesa, os termômetros não marcaram a


mesma temperatura. Isto ocorreu porque
( ) os termômetros estavam descalibrados.
( ) houve influência das cores dos bulbos.
( ) ocorreu erros em todas as leituras efetuadas.

e) Pode-se concluir que os corpos com cores escuras são


( ) bons absorventes de calor.
( ) maus absorventes de calor.
( ) bons refletores de calor.

f) Pode-se concluir que os corpos com cores claras são:


( ) bons absorventes de calor.
( ) bons refletores de calor.
( ) maus refletores de calor.

g) Com a lâmpada apagada, o termômetro que tendeu a indicar a


temperatura ambiente mais rapidamente foi aquele cujo bulbo estava
( ) normal.
( ) com fuligem.

h) Conclui-se que os corpos com cores escuras também são


( ) bons emissores de calor.
( ) maus emissores de calor.
( ) bons refletores de calor.

i) Deduz-se, também, que os corpos com cores claras são:


( ) maus emissores de calor.
( ) bons refletores de calor.
( ) maus refletores de calor.

SENAI-SP 129
Cálculos Aplicados à Manutenção

j) Pode-se concluir que


( ) todo bom absorvente de calor é bom emissor.
( ) todo bom refletor de calor é bom emissor.
( ) todo bom refletor de calor é mau emissor.
( ) todo bom absorvente de calor é bom refletor.
( ) os corpos com cores escuras são bons absorventes de calor.
( ) os corpos com cores claras são maus absorventes de calor.
( ) a radiação só ocorre no vácuo.
( ) a radiação do calor ocorre no vácuo e fora do vácuo.
( ) a radiação exige a presença de um meio material para ocorrer.

Exercícios

1) Considere duas xícaras. Em uma delas existe café quente e na outra, leite
quente, ambas à mesma temperatura.

Qual dos líquidos se esfriará mais rapidamente? Explique.


___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________

2) Por que os fornos e fogões são geralmente pintados internamente com a cor
negra?
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________

SENAI-SP 130
Cálculos Aplicados à Manutenção

3) Assinale (V) ou (F) para as afirmações a seguir:

A ( ) As roupas indicadas para usar no deserto são claras e grossas.

B ( ) A inversão térmica que ocorre nas grandes cidades nos dias frios é
explicada pela falta de convecção no ar.

C ( ) A madeira é um excelente condutor de calor, pois pega fogo.

D ( ) Todo bom refletor de calor é bom emissor.

E ( ) Os iglus, embora feitos de gelo, possibilitam aos esquimós neles residirem


porque o gelo não é bom condutor de calor.

F ( ) As brisas terrestres e marítimas são explicadas pela convecção.

G ( ) Quando sua mãe ou esposa ou você mesmo passa roupa com ferro
elétrico, o principal processo de propagação do calor do ferro para a roupa
é por radiação.

Dilatação térmica

Quando aquecemos um sólido qualquer, suas dimensões geralmente aumentam.


A este aumento das dimensões de um sólido, devido ao aquecimento, chamamos
dilatação térmica.

De fato, com o aquecimento, o comprimento, a superfície e o volume do corpo


aumentam. A estes aumentos chamamos, respectivamente, de:

• Dilatação linear
• Dilatação superficial
• Dilatação volumétrica

SENAI-SP 131
Cálculos Aplicados à Manutenção

Consideremos um cubo de aço.

Aquecendo-se o cubo teremos os três tipos de dilatação:

• Dilatação linear : aumento do comprimento das arestas, da diagonal das


faces e da diagonal do cubo.

• Dilatação superficial : aumento da área das faces do cubo.

• Dilatação volumétrica : aumento do volume do cubo.

Contudo, de acordo com a forma do corpo, é comum percebermos que um tipo de


dilatação destaca-se sobre os demais. No caso do cubo, por exemplo, a dilatação
volumétrica prevalece sobre a linear e superficial.

SENAI-SP 132
Cálculos Aplicados à Manutenção

No caso de uma chapa de aço sendo aquecida, a dilatação superficial prevalecerá


sobre a volumétrica e a linear.

No caso de um trilho de estrada de ferro, o destaque é para a dilatação linear.


Observe que existe uma folga entre um trilho e outro para permitir que o conjunto
não sofra danos nos dias quentes de verão.

Em suma, quando um sólido se dilata, ele sofre os três tipos de dilatação e,


dependendo de sua forma, haverá destaque para um dos três tipos: ou linear, ou
superficial ou volumétrica.

No caso dos líquidos e gases não tem sentido falar em dilatação superficial e
linear, mas apenas em dilatação volumétrica.

De fato, ao estudar-se líquidos e gases, deve-se observar que, tanto um como o


outro, não apresentam forma própria, não se definindo, portanto, comprimento e
área de líquidos e gases.

O volume de líquidos e gases é medido através das dimensões dos recipientes


que os encerram.

SENAI-SP 133
Cálculos Aplicados à Manutenção

Um fato importante relativo à dilatação é que ela influi na densidade dos corpos.

Quando a temperatura de um dado corpo aumenta, em geral seu volume aumenta


(dilata-se) e como a massa não varia, sua densidade diminui.

A dilatação é um fenômeno que pode ser útil ou prejudicial. Dê um exemplo de


dilatação útil e um exemplo de dilatação prejudicial.

Dilatação útil : _______________________________________________________


_______________________________________________________

_________________________________________________
Dilatação prejudicial : _________________________________________________

Dilatação linear

Fatos experimentais demonstram que:

• A variação de comprimento (∆L) de uma barra metálica é diretamente


proporcional à variação de temperatura (∆t). Esquematicamente:

SENAI-SP 134
Cálculos Aplicados à Manutenção

• A variação de comprimento (∆L) de uma barra metálica é diretamente


proporcional ao comprimento inicial (L i ) para uma mesma variação de
temperatura (∆t). Esquematicamente:

• A variação do comprimento ∆L da barra metálica depende da natureza do


material utilizado em sua fabricação. Esquematicamente:

Matematicamente essas conclusões podem ser reunidas na seguinte expressão:

∆L = L i . α .
∆t

onde α é uma constante de dilatação linear e diferente para cada tipo de material.

Evidentemente:

∆L
α=
L i . ∆t

1
A unidade do coeficiente de dilatação linear ( α ) é: ou 0C−1 .
0 −1
C

SENAI-SP 135
Cálculos Aplicados à Manutenção

A tabela a seguir mostra o valor médio do coeficiente de dilatação linear para


alguns materiais.

Materiais Coeficiente de dilatação linear (α) em 0C−1


Aço 1020 11,7 . 10−6
Aço 1040 11,3 . 10−6
Aço 1080 10,8 . 10−6
Aço inox (18% de Cr e 8% de Ni) 9,00 . 10−6
Alumínio (99,99%) 23,9 . 10−6
Alumínio (99,4%) 22,5 . 10−6
Bronze (95% de Cu e 5% de Sn) 18,0 . 10−6
Chumbo 29,3 . 10−6
Cobre 16,5 . 10−6
Estanho 23,0 . 10−6
Ferro fundido branco 9,00 . 10−6
Ferro fundido cinzento 10,4 . 10−6
Latão comum 19,8 . 10−6
Concreto 12,6 . 10−6
Tijolo comum 9,00 . 10−6
Vidro comum 9,00 . 10−6
Vidro “pirex” 3,20 . 10−6
Os valores dos coeficientes de dilatação linear apresentados são valores médios
obtidos experimentalmente dentro de uma faixa de temperatura não muito grande.

Fisicamente, quando dizemos que o coeficiente de dilatação linear do cobre é


16,5 . 10−6 0C−1, isto significa o seguinte: se uma barra de cobre de 1m de
comprimento sofrer variação de temperatura de 10C, ela sofrerá uma dilatação de
16,5 . 10−6 m, ou seja, terá um acréscimo de 0,0000165m.

Se desejarmos obter o comprimento final de um material sólido que tenha sofrido


dilatação linear, basta utilizar a seguinte fórmula:

L f = L i (1 + α . ∆t)

SENAI-SP 136
Cálculos Aplicados à Manutenção

Prática: Dilatação linear

Objetivo
Determinar o coeficiente de dilatação linear de um material metálico.

Material necessário
1 béquer de 250m
1 bico de Bunsen
1 comparador micrométrico centesimal com base magnética
1 paralelepípedo de aço para suporte da base magnética do comparador
1 tripé
1 tela com amianto
1 paquímetro centesimal
1 termômetro de −100C a +150oC
1 caneca de alumínio
1 caixa com fósforos de segurança
1 cilindro de alumínio maciço de ± 10mm de diâmetro e comprimento de ±100mm

Procedimentos :

1 Observe a montagem que seu professor vai fazer.

2 Anote o valor do comprimento inicial do cilindro de alumínio.

Li =

SENAI-SP 137
Cálculos Aplicados à Manutenção

3 Anote o valor da temperatura inicial do cilindro que é a mesma do ambiente.

t1=

4 O professor vai colocar água aquecida dentro do béquer onde está o cilindro.
Observe o que ocorre com o ponteiro do comparador micrométrico. Explique
porque o ponteiro se moveu.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

5 Após o professor ordenar, anote a variação de comprimento ocorrida com o


cilindro de alumínio e o valor da temperatura no instante considerado.

∆L = tf =

6 Com os dados registrados nos itens 2,3 e 5, calcule o coeficiente de dilatação


linear do alumínio. Use o campo abaixo para fazer os cálculos.

7 Compare o valor do coeficiente de dilatação linear do alumínio, obtido nesta


prática, com o valor dado na tabela. Verifique se a ordem de grandeza foi
atingida ou se ocorreu uma variação muito grande . Não se esqueça da
presença dos erros acidentais, grosseiros e sistemáticos que interferem nas
medições. Anote seus comentários.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

SENAI-SP 138
Cálculos Aplicados à Manutenção

Exercícios

1) Coloca-se um pino de aço no orifício de uma chapa de cobre conforme figura.


Sabendo que o coeficiente de dilatação linear do aço 1020 é 12,0 . 10−6 0C−1 e
que o coeficiente de dilatação linear do cobre é 16,5 . 10−6 0C−1 que efeito se
observa entre o pino e chapa quando:

a) apenas o pino é aquecido?


_______________________________________________________________
b) apenas a chapa é aquecida?

c) ambos são igualmente aquecidos?

2) Um eixo de aço 1040 ficou “engripado” dentro de uma bucha de bronze.


Como você faria para soltar o eixo sem danificá-lo? Consulte a tabela de
coeficientes de dilatação.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

3) A 250C o comprimento de um eixo de aço 1080 é 2m. Calcule seu


comprimento quando a temperatura for 750C.

SENAI-SP 139
Cálculos Aplicados à Manutenção

4) Uma ponte de aço possui comprimento de 60m quando a temperatura


ambiental é de 250C. Se a temperatura passar para 400C, qual será a variação
de comprimento sofrido pela ponte? Dado: α aço = 12 . 10−6 0C−1 .

Solução:

5) No processo de torneamento, o calor gerado pelo atrito da ferramenta de corte


aquece um eixo de alumínio a 650C . Sabendo que a temperatura ambiente é
200C, determine a dilatação sofrida pelo eixo.
Dado: α alumínio = 23 . 10−6 0C−1.

Solução:

SENAI-SP 140
Cálculos Aplicados à Manutenção

6) Um rolamento de aço e deve ser alojado dentro de um mancal de alumínio. O


diâmetro do rolamento e do mancal na temperatura ambiente de 200C é
80mm. O mancal é aquecido a 800C e assim que o rolamento é encaixado sua
temperatura passa para 300C.

Sabendo que α aço = 12 . 10−6 0C−1 e que α alumínio = 23 . 10−6 0C−1, determine:
a) o diâmetro final do mancal;
b) a folga para a montagem em mm.
Solução:

a) b)

SENAI-SP 141
Cálculos Aplicados à Manutenção

Dilatação superficial dos sólidos

É aquela em que predomina a variação em duas dimensões, ou seja, a área.

Para materiais isótropos é válida a relação:

∆A = Ai . β . ∆t

O coeficiente β é chamado de coeficiente de dilatação superficial. Ele é


característico para cada material. Saiba que β = 2α.

Evidentemente, a área final será dada por:

A = Ai (1 + β . ∆t)

Dilatação volumétrica dos sólidos


Nesse tipo de dilatação ocorre variação nas três dimensões do sólido:
comprimento, largura e espessura.

Para sólidos isótropos valem as seguintes relações:

∆V = V i . γ . ∆t
e
V f = V i (1 + γ . ∆t)

O fator γ é chamado de coeficiente de dilatação volumétrico e é


aproximadamente igual ao triplo do coeficiente de dilatação linear, ou seja,
γ = 3α.

SENAI-SP 142
Cálculos Aplicados à Manutenção

Exercícios

1) Uma chapa de aço (α = 12 . 10−6 0C−1) a 200C apresenta uma área de 50cm2.
Determine a nova área quando a chapa é aquecida a 1000C.

Solução:

2) Uma chapa de alumínio mede 2m x 3m a 200C. Se a temperatura da chapa


passar para 1000C, qual será o valor de sua área? Dado: α alumínio = 23 . 10−6
0
C−1.

Solução:

3) Um bloco metálico tem 10cm3 a 293K e 10,048cm3 a 1000C. Determine o


coeficiente de dilatação linear do metal que constitui o cubo no intervalo de
temperatura referido.

Solução:

SENAI-SP 143
Cálculos Aplicados à Manutenção

SENAI-SP 144
Cálculos Aplicados à Manutenção

Diagrama ferro-carbono

SENAI-SP 145
Cálculos Aplicados à Manutenção

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Máquinas simples

Objetivos

Ao fim desta unidade o participante deverá ser capaz de:


• Identificar as máquinas simples;
• Determinar a vantagem mecânica de máquinas simples;
• Determinar o momento ou torque de uma força em situações do cotidiano;
• Identificar tipos de alavancas;
• Resolver problemas envolvendo sistemas que funcionam como alavancas;
• Resolver problemas do cotidiano envolvendo planos inclinados;
• Identificar roldanas fixas e móveis e suas respectivas vantagens mecânicas;
• Resolver problemas do cotidiano envolvendo combinações de roldanas.

Máquinas são aparelhos destinados a transmitir e multiplicar a ação das forças.


Quando a força muscular de um homem é insuficiente para levantar uma pedra, por
exemplo, ele pode recorrer a uma alavanca.

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Com a alavanca o homem poderá executar um trabalho que não poderia ser executado
somente com sua força muscular. Portanto, pelo fato de realizar trabalho, a alavanca é
uma máquina.

Por mais complicada que seja uma máquina (torno convencional, torno CNC,
retificadora, plaina, desempenadeira, guilhotina, prensa, máquina de costura, motor de
automóvel, rotativa, etc.) ela não passa de uma combinação de máquinas simples.

As máquinas simples permitem a transferência de energia mecânica de um ponto da


máquina para outro ponto da mesma máquina.

São três a máquinas simples fundamentais:


• A roda e o eixo;
• Plano inclinado;
• A alavanca.

As demais máquinas simples são derivações das citadas.

A força que se aplica à máquina, isto é, a que deve ser transmitida pela máquina,
 
chama-se força motriz ( F M) ou força potente ( F P)

A força que se opõe a realização do trabalho e que deve ser vencida pela força motriz

chama-se força resistente ou carga ( F R).

A razão entre o módulo da força resistente e o módulo da força potente recebe o nome
de vantagem mecânica (VM) . Em símbolos:

FR
VM =
FM

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Momento de uma força

Quando estamos apertando ou desapertando um parafuso, por exemplo, conseguimos


produzir uma rotação no parafuso através de uma força aplicada no cabo de uma
chave.

Quando desejamos abrir ou fechar uma porta comum, aplicamos uma força na
maçaneta.

A partir dos exemplos vistos, podemos definir momento ou torque de uma força do
seguinte modo: “ momento de uma força ou torque é a capacidade que uma força
têm de produzir rotação no corpo ao redor de um eixo.”

A eficiência de uma força para girar um corpo ao redor de um eixo depende:


• Da intensidade da própria força;
• Do braço de alavanca, isto é, da distância em que a força atua em relação ao eixo
de rotação.

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No caso do exemplo da porta, as afirmações anteriores ficam bem claras:

Podemos abrir a porta puxando a maçaneta com pequeno esforço, pois a distância do
ponto de aplicação de nossa força, em relação ao eixo de rotação (dobradiças) da
porta é grande.

Podemos abrir a porta com mais dificuldade, empurrando-a em um local próximo do


eixo de rotação (dobradiças). Nesse caso, a força aplicada terá que ser mais intensa
para produzir o mesmo efeito, ou seja, abrir a porta.

O momento de uma força (M) é calculado multiplicando-se o seu módulo pelo braço
de alavanca (d):

M=±F.d

A finalidade do sinal algébrico (±) é distinguir os momentos que dão tendência de


rotação no sentido horário, daqueles que dão tendência de rotação no sentido anti-
horário.

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Em cada problema, devemos convencionar que sinal será atribuído ao momento.


Não devemos confundir momento de uma força com trabalho mecânico. O momento
de uma força é uma grandeza física vetorial e o trabalho mecânico é uma grandeza
física escalar.

No SI a unidade de momento é newton . metro (N.m) que não tem nome especial.

Agora, observe o espargidor de água de jardim e a representação das duas forças, de


mesma intensidade, mesma direção e sentidos opostos que o fazem funcionar.

Tal sistema constitui um binário.

Um binário tende a produzir apenas uma rotação no corpo em que é aplicado. Só pode
ser equilibrado por outro binário, pois uma força sozinha que atuasse no corpo
provocaria uma resultante não nula. A resultante de um binário é nula e o seu
momento, em módulo, é dado por:

M binário = F . d

Condições de equilíbrio
Para que um corpo permaneça em equilíbrio duas condições devem ser satisfeitas:

• Módulo da resultante das forças que nele atuam deve ser nula;
• Módulo do momento resultante das forças que nele agem deve ser nulo.

Em símbolos:

ΣF = 0
e
ΣM = 0

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Exercícios

1) Para movimentar um mecanismo, um operador imprime uma força de 150N ao


cabo da manivela. Determine o módulo do momento de força que atua no eixo do
mecanismo.

Solução:

2) Um parafuso deve ser apertado com um momento pré-estabelecido de 40N.m. Se o


comprimento do torquímetro é de 0,20m, que força se deve aplicar no seu cabo
para obter o aperto ideal do parafuso?

Solução:

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3) Um motorista de ônibus faz uma curva para a esquerda, aplicando um binário ao


volante.

Determine o módulo do momento desse binário, sabendo que a força exercida


pelo motorista, no volante, tem intensidade 20N e que o raio do volante é de 20cm.

Solução:

4) Considere as forças atuantes sobre a barra AD de peso desprezível, indicadas na


figura.

Determine :
a) o momento de cada uma das forças em relação ao ponto O;
b) o momento resultante em relação ao ponto O.

Solução:

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5) Uma barra rígida e homogênea de peso 10N articula-se sem atrito em O. Pelo
centro de gravidade da barra suspende-se um corpo A de peso 30N. Determine a

intensidade da força F que equilibra o sistema.

Solução:

6) Arnaldo desejava arrancar um prego usando um martelo de orelha.


A figura mostra as forças, de mesma intensidade, que podem ser aplicadas ao
cabo do martelo.

Com certeza a força mais eficiente a ser aplicada por Arnaldo é a força:
a. ( ) A
b. ( ) B
c. ( ) C
d. ( ) D
e. ( ) E

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  
7) Calcule o momento das forças F1 = 50N; F2 = 6N e F3 = 5N em relação ao ponto O
indicado na figura.

Solução:

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Alavanca

Alavanca é um sólido alongado (geralmente uma barra) que pode girar ao redor de um
ponto de apoio, também conhecido pelo nome de fulcro ou eixo de rotação.

Em toda alavanca encontramos três elementos:

• Braço motriz ou braço potente ou braço de potência (BP);


• Braço resistente ou braço de resistência (BR);
• Fulcro ou eixo de rotação ou ponto de apoio (PA).

O braço de potência (BP) é a distância existente entre o ponto de apoio (PA) e o ponto

de aplicação da força potente ( F P).

O braço de resistência (BR) é a distância existente entre o ponto de apoio (PA) e o



ponto de aplicação da força resistente ( F R).

O ponto de apoio (PA) é o local onde a alavanca se apóia.

Conforme a posição do ponto de apoio em relação à força potente e à força resistente,


as alavancas são classificadas em três espécies: interfixa; inter-resistente e
interpotente.

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Alavanca interfixa
O ponto de apoio localiza-se entre o ponto de aplicação da força potente e o ponto de
aplicação da força resistente. Esquematicamente:

Alavanca inter-resistente
O ponto de aplicação da força resistente encontra-se entre o ponto de apoio e o ponto
de aplicação da força potente. Esquematicamente:

Alavanca interpotente
O ponto de aplicação da força potente encontra-se entre o ponto de apoio e o ponto de
aplicação da força resistente. Esquematicamente:

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Cálculos Aplicados à Manutenção

Muitas ferramentas e dispositivos que utilizamos funcionam como se fossem


alavancas. Por exemplo, o alicate funciona como alavanca interfixa; a guilhotina
manual de cortar chapas e papel funciona como alavanca inter-resistente e a pinça de
depilar funciona como alavanca interpotente.

Para resolver problemas envolvendo alavancas, basta igualar os momentos em


módulo, ou seja:

MFP = MFR ⇒ FP . BR = FR . BR

Prática- Alavanca

Objetivo
Identificar a utilidade de uma alavanca.

Material necessário
1 tábua de madeira maciça ( 30cm x 5cm x 1 cm) com faces lixadas
1 prisma equilátero de madeira maciça ( 8cm x 3cm)

Procedimentos

1 Faça a montagem indicada aplicando uma força vertical, para baixo, com a mão
esquerda na extremidade menor da tábua. Essa extremidade menor será o braço
da força resistente (BR). Com o dedo indicador da mão direita aplique uma força
vertical, para baixo, na extremidade oposta da tábua (BP), de tal forma que a régua
fique na horizontal em relação ao plano da mesa.

SENAI-SP 176
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2 Compare a intensidade das forças aplicadas por ambas as mãos e assinale (X) na
resposta correta de cada afirmativa a seguir:
a) A mão que aplicou força de maior intensidade foi a
( ) esquerda.
( ) direita.

b) A força de maior intensidade foi aplicada no


( ) lado menor da tábua.
( ) lado maior da tábua.
( ) ponto de apoio da tábua.

c) A tábua desempenhou o papel de


( ) alavanca.
( ) motor.
( ) pilha.
d) Supõe-se que você seja pouco forte, mas inteligente. Se você tiver que
deslocar uma carga pesada usando sua força, você poderá usar uma
( ) roda.
( ) arruela.
( ) alavanca.

e) Segundo o item anterior, você aplicará sua força no


( ) braço menor.
( ) braço maior.
( ) ponto de apoio.

f) Se você aplicar sua força no braço menor, o resultado será


( ) bom.
( ) mau.
( ) nulo.

g) Em relação ao trabalho mecânico, quando se usa uma alavanca, pode-se dizer


que
( ) o trabalho da força motriz é menor que o trabalho da força resistente.
( ) o trabalho da força motriz é maior que o trabalho da força resistente.
( ) o trabalho da força motriz é igual ao trabalho da força resistente.

SENAI-SP 177
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h) Uma alavanca permite


( ) deslocar cargas com facilidade.
( ) anular o peso das cargas.

i) Geralmente, quando se usa uma alavanca, busca-se


( ) diminuir o momento da força aplicada para deslocar a carga.
( ) aumentar o momento da força aplicada para deslocar a carga.

Ferramentas que funcionam como alavancas

É interessante estudar a vantagem mecânica que certas ferramentas apresentam


quando funcionam como alavancas. Compreender a aplicação dos momentos ou
torques é fundamental. Acompanhe.

Alicate

O alicate, assim como a tesoura, é uma associação de duas alavancas. Quando


dobramos ou cortamos um pedaço de fio com um alicate, a força feita no cabo é
transferida e ampliada na extremidade contrária.

Para determinar a vantagem mecânica do alicate, calculemos o torque da força feita


com a mão sobre o cabo e a força que aparece ampliada na ponta da ferramenta em
relação ao eixo de rotação (ponto O).

A força feita no cabo produz um torque fazendo-o girar em relação ao ponto O .


Como o braço b desta força é a distância entre o eixo e o ponto de aplicação da força,
o módulo do torque é determinado pela expressão:

M no cabo = FP no cabo . b (I)


SENAI-SP 178
Cálculos Aplicados à Manutenção

Na ponta do alicate, a força é mais intensa que no cabo, e também produz um torque
em relação ao ponto O . Neste caso o braço r da força é menor que o anterior,
correspondendo à distância entre o local onde o fio é comprimido e o ponto O . O
módulo do torque desta força é dado por:

M na ponta = FR na ponta . r (II)

Como os torques tem a mesma intensidade podemos igualar as expressões (I) e (II) :

M no cabo = M na ponta ⇒ FP no cabo . b = FR na ponta .r FR na ponta b


= = VM
⇒ FP no cabo r

Observe que a vantagem mecânica pode ser obtida pela relação entre os módulos das
forças de resistência e potente como pode ser obtida pela relação entre os braços das
forças. A vantagem mecânica indica o quanto foi ampliada a força feita pela mão do
operador sobre o cabo do alicate.
Observe, também, que quanto menor for o braço da força ampliada (braço r), maior
será a vantagem mecânica do alicate. É por esta razão que o local do corte fica bem
próximo da articulação (ponto O), pois aí o braço é o menor possível e a força terá
ampliação máxima.

Chave de fenda

Quando usamos uma chave de fenda para apertar um parafuso, a mão exerce no cabo
duas forças paralelas de sentidos opostos, simétricas ao eixo de rotação, constituindo
um binário.

A ponta da chave também aplica um binário de forças no parafuso, só que os valores


das forças que compõem este binário devem ser maiores do que as do cabo para
produzir o mesmo torque em relação ao eixo, uma vez que o braço na fenda R é
menor do que o braço no cabo (b).

SENAI-SP 179
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Supondo que as forças aplicadas pela mão tenham a mesma intensidade, o torque
produzido por elas em relação ao eixo de rotação tem também a mesma intensidade.
Este dois torques produzem um giro da chave no mesmo sentido e por isso, o torque
resultante é dado por:

M resultante no cabo = 2FP . b (I)

Este mesmo torque resultante é produzido na cabeça do parafuso, ou seja:

M resultante na ponta = 2FR . r (II)

Igualando as expressões (I) e (II) obtemos:

2/ FR b
2P . b = 2R . r ⇒ = = VM
2/ FP r

Mesmo aplicando um torque pode não ocorrer rotação, como é o caso de um parafuso
enferrujado, em que o torque da força de atrito, entre o parafuso e a porca, constitui
um torque oposto ao produzido pela pessoa com a chave de fenda. Nestas situações,
o torque resultante é nulo.

Assim para que um objeto permaneça em repouso, isto é, não translade e não gire em
relação um referencial, além de a força resultante ser nula, o torque resultante também
deve ser nulo.

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Pé - de - cabra e martelo de unha


Tanto para o pé – de - cabra quanto para o martelo de unha, quando utilizados para
arrancar cravos ou pregos, a vantagem mecânica será dada por:

FR d
=
prego
⇒ FP mão . d = FR = VM
MP = MR prego . x. cos α ⇒
mão prego
FP mão x . cos α

Salientemos que não há economia de trabalho usando máquinas. O trabalho sempre


se conserva, ou seja, o trabalho realizado pela força motriz ou potente é igual ao
trabalho realizado pela força resistente. De fato, o que ganhamos em força perdemos
em distância e vice – versa.

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Cálculos Aplicados à Manutenção

Exercícios

1 O braço de resistência de uma tesoura de bancada mede 0,20m e o braço de


potência mede 1,60m. Se um operador exerce uma força muscular de 40N para
cortar uma chapa de aço, determine o módulo da força resistente oferecida pela
chapa.

Solução:

2 Uma chave de fenda é usada para apertar um parafuso. Determine a vantagem


mecânica dessa ferramenta, supondo que seu cabo tenha diâmetro de 20mm e sua
ponta 4mm.

Solução:

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Cálculos Aplicados à Manutenção

 
3 Determine o módulo da força R no sistema, sabendo que o módulo da força P vale
210N.

Solução:

4 Determine a distância d 1 do pedal de freio abaixo, no qual se aplica uma força


potente de módulo 280N. O óleo oferece uma força de resistência de módulo 840N.

Solução:

SENAI-SP 183
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5 A figura mostra um sistema de freio. Determine o módulo da força-peso P que

deve ser aplicada para proporcionar uma força de frenagem R de módulo 300N.

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Cálculos Aplicados à Manutenção

Plano inclinado

O plano inclinado é uma superfície plana e inclinada que forma com a horizontal um
ângulo compreendido entre 00 e 900 .

Por ser encontrado na natureza, o plano inclinado é a máquina simples mais antiga
que se conhece. De fato, encostas de montanhas são planos inclinados.

Já estudamos alguma coisa a respeito de plano inclinado no capítulo de atrito.

Recordando:

 
No equilíbrio estático temos que Pt = Fat ou seja:

 
P . sen θ = µ . P . cos θ

Prática – Plano inclinado

Objetivo
Identificar os fatores que determinam o módulo da força motriz que
Equilibra uma carga resistente num plano inclinado.

Material necessário
1 haste universal
1 fixador
1 roldana fixa em haste
1 caixa com pesos
1 tábua maciça lixada ( 50cm x 5cm x 1cm)

SENAI-SP 185
Cálculos Aplicados à Manutenção

1 tábua maciça lixada ( 30cm x 5cm x 1cm)


1 cilindro de latão com gancho e peso de 4N
1 pedaço de cordonê ou barbante

Procedimentos
1 Monte o plano inclinado usando a tábua de 0,50m de comprimento. A altura do
plano, em relação à superfície da mesa, deverá ser de 0,3m.

2 Determine o módulo da força motriz (FM) capaz de equilibrar a carga (FR) de


módulo 4N e calcule a vantagem mecânica do plano inclinado que você utilizou.
Registre os dados na tabela a seguir e, variando o comprimento (C) e a altura (h)
do plano inclinado conforme indicações da tabela, termine de preenchê-la.

Ensaios C (m) h (m) FR (N) FM (N) VM


I 0,5 0,3 4
II 0,5 0,2 4
III 0,3 0,2 4

3 Analise os dados da tabela e assinale (X) na resposta correta de cada afirmação a


seguir:
a) Em todos os ensaios o módulo da força motriz foi menor que que o módulo da
força resistente.
( ) sim
( ) não

b) Comparando o valor do módulo da força motriz entre os ensaios I e II ele foi


menor no ensaio
( )I
( ) II

SENAI-SP 186
Cálculos Aplicados à Manutenção

c) O fator que influenciou no valor do módulo da força motriz entre os ensaios I e


II foi
( ) a altura do plano inclinado.
( ) o comprimento do plano inclinado.

d) Comparando o módulo da força motriz entre os ensaios II e III, a força motriz foi
menor no ensaio
( )I
( ) II

e) fator que influenciou no valor do módulo da força motriz entre os ensaios II e III
foi
( ) a altura do plano inclinado.
( ) o comprimento do plano inclinado.

f) plano inclinado que ofereceu maior vantagem mecânica foi o do ensaio


( )I
( ) II
( ) III

Considerando apenas o módulo da força resistente e o módulo da força motriz e


desprezando a força de atrito, a vantagem mecânica de um plano inclinado é dada
pela seguinte relação geral:

FR h
VM = =
FM C
Dispositivos que derivam do plano inclinado

Derivando do plano inclinado encontramos a cunha e o parafuso.

Cunha
A cunha funciona como dois planos inclinados ao mesmo tempo.

SENAI-SP 187
Cálculos Aplicados à Manutenção

Veja os exemplos ilustrativos mostrando a presença de cunhas.

Gume do machado Gume da faca Gume do formão

Gume da ferramenta de Gume do corta frio Gume do alicate de corte


corte lateral

Para as cunhas existe a seguinte relação:

  sen θ
FM = 2 . FR .
2
Essa relação têm pouco valor prático, pois devido ao atrito na cunha, o valor real da
força motriz é muito diferente daquele dado pela equação.

Parafuso
O parafuso é um plano inclinado enrolado em um cilindro.

SENAI-SP 188
Cálculos Aplicados à Manutenção

O passo de um parafuso corresponde ao espaço compreendido entre dois fios de


rosca. Esse espaço equivale a uma volta completa do parafuso. O passo de um
parafuso é a altura de seu plano inclinado.

O comprimento do plano inclinado do parafuso é obtido por meio da aplicação do


teorema de Pitágoras:

C2 = p2 + ( D . p )2 ⇒ C2 = p2 + ( D2 . p2 ) ⇒ C = p 2 + (D 2 . p 2 )

Adotando p2 = 10, temos:

C= p 2 + (D 2 . 10)

Os parafusos são utilizados como elementos de fixação e também podem ser


utilizados para movimentar os corpos. É o caso do macaco articulado utilizado para
trocar pneus

SENAI-SP 189
Cálculos Aplicados à Manutenção

Consideremos, agora, uma morsa de bancada.


Se avançarmos um passo (p) o parafuso deslocará uma resistência ( FR ), com
velocidade constante. Assim, o trabalho da força resistente (τR) é dado pelo produto do
módulo da força resistente pelo passo, ou seja, FR .p . Porém, para darmos um passo,
será necessário darmos uma volta completa no manípulo da morsa sob a ação de uma

força potente FP .


Como a força FP é aplicada ao punho do manípulo, ela agirá sempre tangencialmente
a uma trajetória circular de raio r.

Portanto, o trabalho da força potente (τP) será dado pelo produto: FP . 2 . p . r .


Como o trabalho da força potente é igual ao trabalho da força resistente (princípio da
conservação do trabalho), teremos, desprezando os atritos, a seguinte vantagem
mecânica:

τ P = τ R ⇒ FP . 2 . p . r = FR . p ⇒ FR 2 . p . r
VM = =
FP p

SENAI-SP 190
Cálculos Aplicados à Manutenção

Exercícios

1) Um trabalhador carrega um caminhão com grandes bobinas de fios de cobre. Para


cada bobina o trabalhador aplica uma força de 250N. A altura do piso até a
carroçaria mede 1,5m e as pranchas utilizadas têm o comprimento de 3m.
Determine o módulo da força resistente oferecida por cada bobina, desprezando os
atritos.

Solução:

2) Em relação ao problema anterior, considerando que o ângulo formado pelas


pranchas em relação ao solo é de 250, determine o módulo da força potente
necessária para elevar uma carga de 8000N até a carroçaria do caminhão.
Dados: sen 250 = 0,42 e cos 250 = 0,90.

Solução:

SENAI-SP 191
Cálculos Aplicados à Manutenção


3) O esquema mostra um carrinho de alto forno sendo tracionado por uma força F . O
peso do carrinho é 1,5kN. Dado: sem 600 = 0,86. Determine:

a) o módulo da força F ;
b) a distância C percorrida pelo carrinho.

Solução:

a) b)

SENAI-SP 192
Cálculos Aplicados à Manutenção


4) Para soltar um cone da morsa, é necessário uma força F1 de módulo 30N. A cunha
percorre uma distância
 de 5mm e sua altura passa para 1,5mm. Determine o
módulo da força F2 que a cunha exerce contra o cone. Despreze os atritos.

Solução:


5) Examine o esquema e determine o módulo da força F quando a cunha percorre
uma distância de 400mm.

Solução:

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Cálculos Aplicados à Manutenção


6) Um operador aplica uma força potente F 1 de módulo 200N no manípulo de um

balancim, cujo passo de rosca é 4mm. Determine o módulo da força resistente F 2
oferecida pela peça que vai receber uma bucha.

Solução:

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Cálculos Aplicados à Manutenção

Roda

A roda, com certeza, é uma das mais importantes invenções do homem. Como ela foi
inventada ninguém sabe. Contudo, podemos imaginar que, devido às necessidades de
deslocar grandes cargas a longas distâncias, o homem primitivo não podia contar
somente com sua força ou com a força de animais domesticados. Era preciso
descobrir alguma coisa para facilitar a tarefa. Surgiu, então, a roda.

Mas, para ser útil, a roda precisa estar acoplada a um eixo que não passa de uma
segunda roda.

No mundo moderno a presença das rodas é imprescindível. Sem elas não teríamos
automóveis, caminhões, tratores, aviões, polias, roldanas, volantes, engrenagens, etc.
Não teríamos tantos progressos tecnológicos, com certeza.

As primeiras aplicações da roda foram o sarilho e a roda d’água.

Sarilho

Roda d’água

SENAI-SP 195
Cálculos Aplicados à Manutenção

As engrenagens ou rodas dentadas também derivam da roda. As engrenagens são


utilizadas na transmissão de movimentos. Substituem polias e correias quando é
preciso eliminar prováveis perdas de rotação em transmissões de grandes esforços.

Roldanas
Também as roldanas derivam das rodas. As roldanas giram ao redor de eixos que
passam por seus centros. Cordas ou cabos de aço, por exemplo, se encaixam em
sulcos denominados garganta, gola ou gorne e as contornam parcialmente.

As roldanas podem ser fixas ou móveis. Na roldana fixa, o eixo é fixado a um suporte
e, quando em uso, ela não acompanha a carga.

SENAI-SP 196
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Um roldana fixa funciona como se fosse uma alavanca interfixa de braços iguais.
Examine o esquema:

Aplicando a relação das alavancas no esquema temos:


 
FP . BO = FR . AO (1)

Mas BO = AO = r (2)
Substituindo (2) em (1) resulta:

   
FP . r/ = FR . r/ ⇒ FP = F R

 
Se FP = FR , a vantagem mecânica de uma roldana fixa será sempre igual a 1, isto é,
ela não economiza força.

De fato, as roldanas fixas servem para elevar pequenas cargas com comodidade e
segurança, além de possibilitarem a mudança de direção e sentido das forças
aplicadas.

Em termos de deslocamento, a distância percorrida pelo ramo onde a força motriz é


aplicada é a mesma percorrida pelo ramo onde a força resistente é aplicada, ou seja:
S 1 = S 2. Esquematicamente:

SENAI-SP 197
Cálculos Aplicados à Manutenção

S1 = S2

Opostamente, a roldana móvel, quando em uso, desloca-se juntamente com a carga.

A roldana móvel funciona como se fosse uma alavanca inter-resistente.


Examine o esquema:

SENAI-SP 198
Cálculos Aplicados à Manutenção

Pelo esquema temos que:

 
FP . AB = FR . AO (1)

Mas, AB = 2r e AO = r (2)

Substituindo (2) em (1) resulta:

  
FP . 2 r = FR . r ⇒  FR
FP =
2

Como se nota, a vantagem mecânica de uma roldana móvel será igual a 2,


economizando força, portanto.


 FR  
A expressão FP = só é válida somente se as forças FP e F R forem paralelas.
2
Uma expressão mais geral encontra-se no apêndice III.

Em termos de deslocamento, enquanto o ramo onde a força resistente está aplicada


percorre uma distância S 1 , o ramo onde a força motriz é aplicada percorre uma
distância S 2 que é o dobro de S 1 , ou seja:

S 2 = 2S 1

SENAI-SP 199
Cálculos Aplicados à Manutenção

As roldanas fixas e móveis, quando combinadas, dão origem aos mais diversos
aparelhos: moitão, cadernal, talha exponencial, talha diferencial, etc.
A figura abaixo mostra um moitão.

Observe que o moitão apresenta a mesma quantidade de roldanas fixas e móveis.


Tanto as roldanas fixas quanto as móveis encontram-se fixadas solidariamente nos
respectivos eixos. No moitão ao lado temos três roldanas fixas e três roldanas móveis.
Para o moitão é válida a seguinte relação:


 FR
FP = onde m é o número de roldanas móveis.
2 .m

Ao lado temos o esquema de um cadernal. No cadernal, o número de


roldanas fixas é igual ao número de roldanas móveis. As roldanas
fixas são presas em um único suporte e seus eixos não são solidários
uns com os outros. As roldanas móveis são presas em outro suporte
e seus eixos também não são solidários entre si.
Para o cadernal é válida a mesma relação matemática vista para o
moitão, ou seja,

 FR
FP = onde m é o número de roldanas móveis.
2 .m

SENAI-SP 200
Cálculos Aplicados à Manutenção

A figura abaixo mostra uma talha exponencial. A talha exponencial é constituída por
uma roldana fixa e várias roldanas móveis.

Para a talha exponencial é válida a seguinte relação entre os módulos das forças
resistente e motriz:

 FR
FP = n
2

Legenda:

n = número de roldanas móveis.

Já a talha diferencial é constituída por duas roldanas fixas de diâmetros diferentes e


solidárias ao mesmo eixo e uma roldana móvel :

SENAI-SP 201
Cálculos Aplicados à Manutenção

A roldana móvel é responsável pela elevação da carga e encontra-se vinculada às


outras roldanas por uma corrente ou cabo que não possui extremidade livre.

Para a talha diferencial é válida a seguinte relação:


 FR ( a − b ) onde a = raio da roldana fixa maior e b = raio da roldana
FP =
2.a fixa menor.

Sarilho
Uma outra derivação da roda é o sarilho.

O sarilho compõe-se de um cilindro ou tambor horizontal, montado sobre um eixo que


se apoia sobre dois mancais. Numa das extremidades do eixo há uma manivela que
permite girar o tambor sob a ação de uma força motriz.

No tambor se enrola uma corda que serve para prender a carga a ser deslocada.

Para calcular a relação entre a força motriz e a força resistente (carga), consideremos
a vista lateral do sarilho:

SENAI-SP 202
Cálculos Aplicados à Manutenção

No equilíbrio os momentos, em módulo, são iguais, ou seja:

    
M FM  = M FR  ⇒  FM . b =  FR . r ⇒  FR . r
 FM  =  
b

O sarilho só permite aplicar uma força motriz de módulo menor que o módulo da carga
se o braço de sua manivela for maior que o raio do cilindro de seu tambor.

Prática - Roldanas

Objetivos
Identificar roldanas fixas e móveis.
Determinar a vantagem mecânica de roldanas fixas e móveis.

Material necessário
1 haste universal
1 roldana com haste
2 roldanas com gancho
1 haste auxiliar
1 fixador
1 caixa com pesos
1 chapa de aglomerado para proteção da mesa
- cordonê

SENAI-SP 203
Cálculos Aplicados à Manutenção

Procedimentos

1 Faça a montagem indicada usando pesos de 1N de intensidade.

2 Um dos pesos desempenhará o papel de força resistente e o outro desempenhará


o papel de força potente.

3 O sistema encontra-se em equilíbrio?


______________________________________________

4 Repita o item 1 usando como carga os pesos indicados no quadro a seguir e


termine de preenchê-lo. Interessa somente o módulo dos pesos.

FR (N) FP (N) VM
1 1
2
3

5 Que tipo de roldana você utilizou neste experimento?


________________________________________________

6 Qual é a vantagem mecânica da roldana estudada?


________________________________________________

7 Para que serve o tipo de roldana estudada?


________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________

SENAI-SP 204
Cálculos Aplicados à Manutenção

8 Faça a montagem conforme figura, equilibrando o sistema para que o peso da


roldana com gancho não interfira no resultado. Mantenha os fios paralelos.

9 Com cuidado e com o auxílio de um colega, coloque um peso de 2N no gancho da



roldana e procure determinar o valor da força F P capaz de equilíbrá-lo.

10 Transfira os dados para a tabela abaixo e determine a vantagem mecânica do



mecanismo. Aproveite para completar a tabela determinando o valor da força F P

para cada força F R indicada. Determine, também, a vantagem mecânica para
cada situação.

FR (N) FP (N) VM
2
3
6

11 Que tipo de roldana foi utilizada para fixar a carga ?


______________________________________________________

12 Qual é a vantagem mecânica da roldana utilizada para fixar a carga ?


______________________________________________________

SENAI-SP 205
Cálculos Aplicados à Manutenção

13 Na prática, quais são as vantagens apresentadas pelas roldanas fixas? Quais as


vantagens apresentadas pelas roldanas móveis ?
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________

Exercícios

1) Um corpo de massa 10kg é suspenso por um operador até a altura h de 2m em


relação ao solo.Considerando g = 10m/s2 e desprezando o peso da roldana móvel
e os atritos, determine o módulo da força motriz exercida pelo operador.

Solução:

SENAI-SP 206
Cálculos Aplicados à Manutenção

2) Um servente de pedreiro eleva um balde cheio de concreto por meio do mecanismo


mostrado abaixo. Sabendo que a massa do balde é 1kg e que a massa do concreto
é 9kg e que g = 9,8m/s2, determine o módulo da força motriz exercida pelo
servente.

Solução:

3) Um pintor de peso 800N é elevado por meio do sistema de roldanas mostrado


abaixo. Determine o valor da força motriz aplicada no cabo para elevar o pintor.
Determine, também, a distância S 1 percorrida pelo cabo quando o pintor tiver
percorrido a distância S 2 = 3m. Sugestão: S 1 = n . S 2 onde n é o número de ramos
do cabo.

Solução:

SENAI-SP 207
Cálculos Aplicados à Manutenção

4) Um fazendeiro aplica uma força de 12,5N para elevar um fardo de feno por meio de
um sistema de roldanas. Desprezando os atritos, determine o valor da força
resistente oferecida pelo fardo.

Solução:

SENAI-SP 208
Cálculos Aplicados à Manutenção

5) Determine o módulo da força motriz necessária para elevar uma carga de 1800N
por meio do sistema de roldanas esquematizado.

Solução:

SENAI-SP 209
Cálculos Aplicados à Manutenção

6) Uma carga de peso 300N é elevada por meio da combinação um plano inclinado
com um moitão. O plano inclinado possui comprimento de 1m e altura de 0,6m.

Desprezando os atritos, determine o valor da força motriz F P.

Solução:

SENAI-SP 210
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Corrosão

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SENAI-SP 215
Cálculos Aplicados à Manutenção

SENAI-SP 216
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Formas de corrosão em relação ao prejuízo de metal

São sete as formas mais importantes de corrosão metálica:


• Corrosão uniforme;
• Corrosão por crévice;
• Corrosão por pites;
• Corrosão intergranular;
• Fragilização pelo hidrogênio;
• Corrosão fraturante;
• Corrosão galvânica.

Nas quatro primeiras formas e na corrosão galvânica o principal prejuízo sofrido pelo
metal é a perda de massa. Na quinta forma de corrosão o principal prejuízo é a perda
de resistência mecânica e na corrosão fraturante o prejuízo principal é a fissuração que
poderá ser seguida de fratura.

Corrosão uniforme
São exemplos de corrosão uniforme: o enferrujamento do aço na atmosfera e o ataque
do aço por um ácido.

Essas corrosões são ditas uniformes porque a superfície atacada perde massa de
maneira mais ou menos uniforme em toda a sua extensão.

SENAI-SP 217
Cálculos Aplicados à Manutenção

No primeiro exemplo, o do enferrujamento do aço, o produto da corrosão (a ferrugem)


adere à superfície atacada. No segundo exemplo, o do ataque do aço pelo ácido, o
produto dissolve-se no ácido e não aparece.

A corrosão uniforme é a mais fácil de ser detectada. É visível e, por isso, é a menos
perigosa das corrosões. Seus efeitos podem ser previstos e levados em conta no
momento da especificação das espessuras das paredes metálicas de tanques e tubos.

Essas espessuras são superdimensionadas para levar em conta o metal que será
perdido devido à corrosão. Alumínio e aço inoxidável são muito resistentes à corrosão
uniforme.

Corrosão por crévice


A corrosão por crévice de uma superfície metálica está associada sempre:
• À presença de outra superfície metálica próxima a ela, formando-se uma fresta
entre as duas superfícies onde água pode ficar aprisionada, como no caso de
chapas metálicas empilhadas e armazenadas em local úmido.

• Ou a depósitos de materiais não metálicos sobre a superfície metálica. A corrosão


localiza-se e se aprofunda sob o depósito que pode ser um precipitado, uma
sujidade, areia, incrustação de material biológico, etc.

SENAI-SP 218
Cálculos Aplicados à Manutenção

A corrosão por crévice é muito importante no caso do aço inoxidável. Por isso, se for
necessário operá-lo em presença de água, ele não deve formar frestas nem apresentar
depósitos de qualquer natureza, inclusive tinta.

Corrosão por pites


O aspecto típico da corrosão por pites é mostrado abaixo: a corrosão localiza-se em
alguns pontos, distribuídos ao acaso, e praticamente não existe na maior parte da
superfície metálica.

O pite pode ter várias formas e profundidades, mas apresenta sempre a profundidade
maior que o diâmetro. Por isso o pite pode atravessar completamente a espessura de
uma chapa metálica.

A corrosão por pites é a principal responsável pela perfuração de tanques e tubos que
transportam água. Por isso, essa forma de corrosão, juntamente com a corrosão por
crévice que também é perfurante, é considerada mais grave do que a corrosão
uniforme.

Alumínio e aço inoxidável, que resistem bem à corrosão de vários meios aquosos, são
violentamente atacados por corrosão por pites se esses meios contiverem cloretos
dissolvidos (por exemplo: sal).

Corrosão intergranular

A corrosão intergranular, também chamada intercristalina, começa na superfície e


segue o caminho formado pela região que fica entre os grãos do metal.
O exemplo mais importante de corrosão intergranular é o representado pelo aço
inoxidável soldado eletricamente. A corrosão localiza-se na região próxima à solda.

SENAI-SP 219
Cálculos Aplicados à Manutenção

Fragilização pelo hidrogênio

Materiais metálicos de elevadíssima resistência mecânica tornam-se frágeis, isto é,


quebram com relativa facilidade quando absorvem hidrogênio.

O hidrogênio absorvido encontra-se no estado atômico no metal. Esse hidrogênio pode


ser produzido, a partir de uma corrosão leva à fragilização da liga.

Corrosão fraturante

O resultado de um processo de corrosão pode ser o aparecimento de uma ou mais de


uma ou mais fissuras na superfície da liga e, num estágio mais avançado, a fratura da
liga.

Essa forma de corrosão requer a presença de um esforço de tração na liga e de meio


corrosivo adequado. Nos casos mais comuns o esforço de tração é representado por
uma tensão residual ou por vibração.

O meio adequado depende da natureza da liga.

SENAI-SP 220
Cálculos Aplicados à Manutenção

Assim, por exemplo, aço comum soldado (que apresenta tensões residuais) pode
fraturar por corrosão quando aquecido em meio aquoso alcalino, mas não fratura em
água salgada. Corrosão fraturante é a forma mais grave de corrosão.

Corrosão galvânica
Quando um metal é eletricamente conectado a outro metal mais nobre e o conjunto
estabelece contato com um meio aquoso, observa-se, geralmente, um aumento da
corrosão do metal menos nobre.

A ação aceleradora da corrosão promovida pelo metal mais nobre chama-se ação
galvânica e a corrosão é dita galvânica. A ação aceleradora se faz sentir em qualquer
uma das formas de corrosão apresentadas anteriormente. No conjunto figurado abaixo,
o parafuso e as arruelas de cobre ou de latão promovem a corrosão localizada do aço.

SENAI-SP 221
Cálculos Aplicados à Manutenção

Os metais mais comuns e suas ligas podem ser distribuídos em quatro grupos de
nobreza:
• Grupo 1 - magnésio e suas ligas,
• Grupo 2 - alumínio, zinco, cádmio e suas ligas,
• Grupo 3 - ferro, chumbo, estanho e suas ligas e,
• Grupo 4 - cromo, níquel, cobre, prata, ouro, platina e suas ligas, grafite e aços
inoxidáveis.

Os metais e ligas colocados no mesmo grupo apresentam praticamente a mesma


nobreza.

Os metais e ligas do grupo 4 são mais nobres do que os do grupo 3; os do grupo 3 são
mais nobres do que os do grupo 2 e estes mais nobres do que os do grupo 2.

Metais de um grupo ligados a metais de outro grupo, identificado por um número maior,
podem sofrer corrosão galvânica se o conjunto for posto em contato com meio aquoso.

No exemplo de corrosão galvânica mostrado na figura anterior, o aço pertence ao


grupo 3 e sofre corrosão porque está unido a metal do grupo 4 que, no caso, é o cobre.

SENAI-SP 222
Cálculos Aplicados à Manutenção

Exercícios

Assinale com ( X ) a alternativa correta das questões dadas a seguir:

1. Na corrosão uniforme, o principal prejuízo sofrido pelo material é:


a. ( ) a perda de resistência mecânica.
b. ( ) a perda de massa.
c. ( ) a fissuração.
d. ( ) a inviabilidade do processo.

2. O ataque de uma placa de cobre por ácido nítrico é um exemplo de corrosão:


a. ( ) por crévice.
b. ( ) intergranular.
c. ( ) uniforme.
d. ( ) por pites.

3. Se deixarmos chapas de aço inoxidável empilhadas ao relento, sujeitas à umidade,


com certeza sofrerão corrosão:
a. ( ) uniforme.
b. ( ) por crévice.
c. ( ) por pites.
d. ( ) intergranular.

4. Um tubo de alumínio, por onde passa água salgada, com certeza, sofrerá corrosão:
a. ( ) intergranular.
b. ( ) uniforme.
c. ( ) por crévice.
d. ( ) por pites.

5. Se colocarmos uma chapa de zinco em contato com uma de magnésio úmido,


ocorrerá corrosão galvânica:
a. ( ) na chapa de zinco.
b. ( ) na chapa de magnésio.
c. ( ) em ambas as chapas.
d. ( ) somente nas partes que não estão em contato.

6. Um parafuso de aço é apertado com uma porca de alumínio e o conjunto sofre a


ação da umidade. No caso ocorrerá corrosão:

SENAI-SP 223
Cálculos Aplicados à Manutenção

a. ( ) fraturante do parafuso e arruela.


b. ( ) intergranular da arruela.
c. ( ) galvânica do parafuso.
d. ( ) galvânica da arruela.

7. A forma mais grave de corrosão é a:


a. ( ) fraturante.
b. ( ) intergranular.
c. ( ) uniforme.
d. ( ) por crévice.

SENAI-SP 224
Cálculos Aplicados à Manutenção

Por que corrosão?

Os metais são encontrados na natureza no estado combinado, formando minérios. Os


minérios, ou seja, os compostos dos metais são, portanto, as formas naturais dos
metais.

Os químicos dizem que os compostos constituem o estado estável dos metais.


Logicamente, os metais não combinados, isto é, os metais na forma elementar
constituem o estado não estável. Na natureza o estado não estável transforma-se no
estado estável. Assim, a transformação dos metais nos seus compostos é natural.

Corrosão metálica é, portanto, a transformação natural dos metais nos seus


compostos.

A corrosão do metal começa assim que ele é produzido. Assim que é produzido, o
metal reage com o oxigênio da atmosfera formando óxido:
metal + oxigênio = óxido do metal

O oxigênio atmosférico está presente sempre em grande excesso. A reação não


prossegue até converter todo o metal no seu óxido uma vez que este se forma entre o
metal e o oxigênio dificultando, ou até mesmo impedindo o prosseguimento da reação.
Veja a figura a seguir.

SENAI-SP 225
Cálculos Aplicados à Manutenção

O metal recoberto pelo produto aderente da corrosão inicial fica protegido contra a
corrosão. Diz-se que ele está apassivado.

A corrosão inicial ao ar é, pois, uma corrosão protetora. Na temperatura ambiente e na


ausência da água ou umidade a corrosão protetora seria suficiente para proteger todos
os metais.

Mas, a natureza não é seca. Afinal, vivemos na Terra e não na Lua. Além disso, a
maioria dos processos requerem calor e sujeitam os metais a temperaturas elevadas.
Assim, a corrosão inicial protetora converte-se nos tipos e formas de corrosão
prejudicial apresentadas nos itens anteriores.

Mecanismo da corrosão

Todo metal, com exceção do ouro, recobre-se de uma camada de óxido. Esse óxido
protege o metal contra a corrosão se a temperatura do metal não for elevada ou se o
metal não for colocado dentro de água ou numa atmosfera úmida.

Nessas condições diz-se que o metal está apassivado. A camada de óxido não precisa
ser espessa para exercer ação protetora. Alumínio e aço inoxidável, por exemplo, são
protegidos por camadas cujas espessuras são inferiores a 0,00001mm. Camadas com
essas espessuras não são visíveis, mas existem e podem ser provadas.

SENAI-SP 226
Cálculos Aplicados à Manutenção

Agentes da corrosão

A proteção exercida pelo óxido deixa de ser eficiente em dois casos:


• O metal se encontra em temperatura elevada; ou
• O metal se encontra em meio aquoso ou em meio úmido capaz de condensar água
líquida.

A temperatura elevada aumenta a condutividade elétrica da camada de óxido, o que


facilita a chegada do metal, na forma iônica, até o oxigênio. A temperatura elevada
também aumenta a porosidade e diminui a aderência da camada de óxido, o que
favorece a chegada do oxigênio até o metal.

Qualquer um dos efeitos permite que os reagentes se encontrem e, assim, a oxidação


se processa. É a chamada oxidação a alta temperatura, já exemplificada
anteriormente.

Agora, o que se entende por temperatura elevada?

Depende do metal. Exemplos:


• 450ºC ou mais são temperaturas elevadas para o cobre;
• 500ºC ou mais são temperaturas elevadas para o ferro e,

SENAI-SP 227
Cálculos Aplicados à Manutenção

• 750ºC ou mais são temperaturas elevadas para o aço inoxidável.


Agora, o meio aquoso pode dissolver ou desagregar a camada de óxido, removendo,
assim, a proteção. O meio aquoso permite a formação de pilhas ou elementos de
corrosão que dão origem à corrosão eletroquímica.

As corrosões atmosféricas, pelos solos, pelas águas e pelos produtos químicos são
exemplos de corrosão eletroquímica. Todas as formas de corrosão, vistas
anteriormente, podem ser explicadas pela corrosão eletroquímica. A corrosão
eletroquímica é, portanto, uma modalidade de corrosão muito importante.

Corrosão eletroquímica

Chama-se eletroquímica a corrosão que tem mecanismo eletroquímico, isto é, que


opera da mesma forma que uma pilha. As pilhas que se usam em lanternas, em rádios,
etc., são bem conhecidas por fora. Abaixo mostramos como elas são por dentro:

O pólo positivo também chamado de cátodo e o pólo negativo de ânodo. Eles


somente são unidos pela lâmpada da lanterna ou pelo circuito do rádio quando a pilha
é posta a funcionar. Na lanterna e no rádio desligados os pólos não se encontram em
contato direto. Enquanto a pilha funciona, o zinco do interior da caneca se consome. Aí
a caneca fura e a pasta sai, como acontece com as pilhas esquecidas dentro das
lanternas. Pois bem, muitas pilhas se formam sobre a superfície do metal quando ele é
posto em contato com água, sobretudo quando ela contém eletrólitos dissolvidos que a
tornam um bom condutor iônico de corrente elétrica.

SENAI-SP 228
Cálculos Aplicados à Manutenção

A figura abaixo mostra uma dessas pilhas, chamada também de elemento de


corrosão:

No elemento de corrosão há os mesmos componentes da pilha de lanterna: cátodo,


ânodo e condutor iônico, porém, a forma é diferente. No elemento de corrosão o
cátodo está ligado diretamente ao ânodo e os dois são regiões diferentes da mesma
superfície metálica.

O elemento de corrosão é uma pilha em curto-circuito, funcionando sempre. Não pode


ser desligado, como na lanterna e no rádio. No ânodo do elemento de corrosão, o
metal passa para a água na forma iônica.

O metal sofre oxidação, isto é, se corrói. Ao mesmo tempo, no cátodo, o oxigênio


contido na água sofre redução. Quando a água não contém oxigênio dissolvido, então
ela sofre redução.

Em qualquer caso, formam-se íons-hidroxila como produtos da redução. Abaixo


esquematizamos o exemplo do zinco molhado com água que contém ar dissolvido.

SENAI-SP 229
Cálculos Aplicados à Manutenção

O Zn2+ formado sobre o ânodo caminha em direção do cátodo; os 2OH- formados


sobre o cátodo caminham na direção do ânodo. Ao se encontrarem formam o produto
da corrosão:

Zn2+ + 2OH- Zn(OH) 2 (sólido)

Elementos de corrosão semelhantes formam os outros metais. Por exemplo, o níquel


forma Ni2+ no ânodo e 2OH- no cátodo, sendo o produto da corrosão o Ni(OH) 2 .

Outro exemplo é o alumínio que forma Al3+ no ânodo e 3OH- no cátodo. No caso, o
produto da corrosão será o Al(OH) 3 . No caso do ferro formam-se Fe2+ no ânodo e 2OH-
no cátodo sendo o Fe(OH) 2 o produto da corrosão, se a água não contiver oxigênio.
Caso a água contenha o oxigênio, o produto final da corrosão será o Fe(OH) 3 , que é a
ferrugem.

Explicação das formas de corrosão com base na corrosão eletroquímica

Corrosão uniforme
No início formam-se muitos ânodos e muitos cátodos pequenos.

Depois de algum tempo muitos dos cátodos iniciais transformam-se em ânodos.

SENAI-SP 230
Cálculos Aplicados à Manutenção

As áreas anódicas da superfície do metal estão permanentemente trocando de lugar.

Assim, todos os pontos da superfície metálica, em algum momento, funcionam como


ânodos e sofrem corrosão. O resultado é a perda uniforme de massa da superfície, ou
seja, a corrosão uniforme.

Corrosão por pites


No início os ânodos se instalam nas regiões da superfície onde, por algum motivo, a
camada de óxido foi removida. São poucas regiões.

Depois de algum tempo as regiões anódicas continuam as mesmas e a corrosão as


transformam em pites.

SENAI-SP 231
Cálculos Aplicados à Manutenção

Corrosão por crévice

No início, formam-se muitos ânodos e muitos cátodos pequenos, como na corrosão


uniforme.

Logo o oxigênio da água é consumido pelo cátodo debaixo do depósito e começa a


faltar, porque o detrito dificulta a entrada de ar.

Assim, a superfície do metal, debaixo do depósito, é molhada pelo meio pouco aerado,
enquanto o restante da superfície é molhado pelo meio aerado. O metal molhado pelo
meio aquoso pouco aerado é ânodo e o restante é cátodo.

O resultado é a corrosão por crévice. A área corroída é do tamanho do depósito.


Haverá tantas áreas corroídas quantos forem os depósitos. Neste caso, a corrosão
eletroquímica recebe o nome de corrosão por aeração diferencial.

SENAI-SP 232
Cálculos Aplicados à Manutenção

Corrosão intergranular
No início as regiões anódicas da superfície metálica correspondem às regiões
intergranulares.

No caso de ligas metálicas sensibilizadas, as regiões intergranulares mais profundas


continuam sempre sendo anódicas. O resultado é a corrosão intergranular. Aço
inoxidável sensibiliza-se para a corrosão intergranular quando é soldado eletricamente.

Fragilização pelo hidrogênio


No início, como no caso da corrosão uniforme, formam-se muitos ânodos e muitos
cátodos. Contrariamente a ela e a todas as demais formas de corrosão vistas até
agora, o prejuízo ao metal não depende do que acontece no ânodo, mas sim no
cátodo.

SENAI-SP 233
Cálculos Aplicados à Manutenção

De fato, o hidrogênio atômico formado por redução da água no cátodo penetra no


metal e o fragiliza. Metal fragilizado significa metal quebradiço.

Corrosão fraturante

No início, pela ação do meio corrosivo adequado e quente e do esforço residual de


tração no metal, forma-se uma microfissura cuja ponta é ânodo. A parede da fissura é
cátodo.

O avanço da fissura, que conduz à corrosão fraturante, pode ser o resultado do


consumo do metal do ânodo ou a fragilização do metal pelo hidrogênio produzido no
cátodo.

SENAI-SP 234
Cálculos Aplicados à Manutenção

Corrosão galvânica

No contato de metais de nobrezas diferentes, em presença de meio aquoso, o metal


menos nobre é ânodo e o metal mais nobre é cátodo. A corrosão se localiza em todo o
metal menos nobre se o meio for bom condutor, como é o caso da água do mar.

Nesse caso, quanto menor a área do metal menos nobre - em comparação com a do
metal mais nobre - mais profunda e indesejável é a corrosão. Na figura abaixo, o rebite
sofre corrosão intensa.

SENAI-SP 235
Cálculos Aplicados à Manutenção

SENAI-SP 236
Cálculos Aplicados à Manutenção

Proteção contra a corrosão

SENAI-SP 237
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SENAI-SP 243
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