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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 1ª VARA

DO TRABALHO DE FLORIANÓPOLIS/SC
PROCESSO n. 0010101-20.2017.512.0001

LOJAS MENSAS LTDA., já devidamente qualificada nos autos do


processo em epígrafe, por intermédio de seu procurador devidamente
constituído, vem, respeitosa e tempestivamente, perante Vossa Excelência,
interpor RECURSO ORDINÁRIO ADESIVO, com fulcro nos art. 893, II, e arts.
895 e seguintes da CLT c/c art. 997 do CPC, com as respectivas razões
inclusas, requerendo desde já o juízo positivo de admissibilidade do presente
apelo e a consequente remessa dos autos ao juízo ad quem, qual seja, Egrégio
Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região, para o devido processamento do
recurso em baila.

Nestes termos, peço e aguardo deferimento.

Florianópolis/SC, 26 de abril de 2017.

Advogado OAB/UF
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE
DO EGRÉGIO 12° TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DE SANTA
CATARINA
PROCESSO n. 0010101-20.2017.512.0001
ORIGEM: 1ª VARA DO TRABALHO DE FLORIANÓPOLIS/SC
RECORRENTE: LOJAS MENSAS LTDA.
RECORRIDO: JONAS FAGUNDES

Egrégio Tribunal Regional do Trabalho


Doutos Desembargadores

LOJAS MENSAS LTDA, data venia, parcialmente inconformado


com a sentença de fls., prolatada pelo juízo da 1ª Vara do Trabalho de
Florianópolis/SC, nos autos do processo acima destacado, vem, face a Vossa
Excelência, apresentar as razões fáticas e jurídicas do inconformismo, nestes
termos:

1 – DAS QUESTÕES PRELIMINARES


1.1 – Do cabimento
O art. 895, I, da CLT, preconiza o seguinte:

Art. 895. Cabe recurso ordinário para a instância superior:


I – das decisões definitivas ou terminativas das Vara e Juízos, no
prazo de 8 (oito) dias; (…)

As decisões a qual se refere o aludido dispositivo são as que põe termo


ao processo com ou sem julgamento do mérito, conhecidas como sentença.
Portanto, o recurso ordinário é o remédio hábil contra tais decisões. In casu,
vislumbra-se o cabimento do recurso em tela, pois o ato ora questionado é a
sentença prolatada pelo juízo da 1ª Vara do Trabalho de Florianópolis/SC,
então, forçoso concluir que o cabimento do recurso resta demostrado.
O art. 769, da CLT, dispõe que o Código de Processo Civil (CPC) pode
ser utilizado subsidiariamente no Direito Processual do Trabalho, desde que
este seja omisso e que a norma do Direito Processual Civil seja compatível
com os princípios que norteiam este ramo do direito.
Embora a CLT não tenha nenhuma previsão acerca da possibilidade de
interposição de recurso na modalidade adesiva, é possível a aplicação
subsidiária do CPC, eis que não contraria qualquer dos princípios norteadores
do Direito Processual do Trabalho, nesse sentido, a súmula n. 283 do TST.

1.2 – Da tempestidade
Infere-se também do supracitado dispositivo que o prazo para a
interposição do recurso ordinário é 8 (oito) dias, contados a partir da intimação
da sentença. No caso presente, o recorrente foi intimado da r. sentença
recorrida em data, sendo a contagem do prazo iniciada em data e escoando
em data. O presente recurso foi interposto em data, dentro do prazo, portanto,
a interposição do presente apelo é tempestiva.

1.3 – Do preparo
Considerando que ao recorrente foi concedida gratuidade de justiça, nos
termos do art. 790, §3º, CLT. Com efeito, não se faz necessário fazer o
depósito da custa recursal, tendo em vista também que a decisão recorrida não
foi totalmente improcedente.

2.2.1 - Cerceamento de defesa


Durante a audiência de instrução a recorrida requereu a oitiva de
segunda testemunha, o que foi indeferido pelo magistrado. Naquela ocasião as
Lojas Mensa protestaram em face da decisão, evitando, assim, a preclusão
temporal.
A figura do protesto no Direito Processual do Trabalho tem justamente a
finalidade de evitar a preclusão, sobretudo diante de decisões interlocutórias,
vez que estas não são passíveis de recurso imediato no Direito Processual do
Trabalho.
A ausência da oitiva de testemunhas pode configura cerceamento de
defesa, o que não é tolerado pelo art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal de
1988, portanto, a providência que se faz necessária no caso é a declaração de
nulidade da sentença e reabertura da instrução processual para que a parte
produza a referida prova pretendida.
2 – DO MÉRITO
2.1 – Da síntese do processo

O juízo da 1ª Vara do Trabalho de Florianópolis/SC, na r. sentença


proferida, julgou pela procedência apenas parcial do pedido ao deferir ao
recorrente, o reconhecimento da relação de emprego, condenando o recorrido
ao pagamento das seguintes verbas rescisórias: 30 (trinta) dias de aviso-
prévio, de 7/12 de férias proporcionais acrescidas do 1/3 constitucional, 2/12 de
décimo terceiro salário proporcional e da multa de 40% sobre o FGTS, bem
como assinatura da CTPS, além da multa prevista no art. 477, §8º, da CLT,
reflexos do valor pago a título de aluguel da motocicleta em aviso-prévio, férias
proporcionais acrescidas do 1/3 constitucional, décimo terceiro salário
proporcional e multa de 40% sobre o FGTS e determinando que seja anotada a
CTPS com data de admissão em 01/08/2016 e de saída em 02/03/2017,
constando a função de montador de móveis e salário de R$ 3.900,00 e negar
ao ora recorrente o direito ao recebimento de valor referente ao adicional sobre
as horas laboradas além da hora normal e trabalho externo – horas extras, em
razão de o recorrente estar inserido na exceção prevista no art. 62, inciso I, da
CLT, ou seja, pelo fato de realizar atividade externa incompatível com o
controle de jornada, outrossim, negou o valor referente ao adicional de
periculosidade pela utilização de motocicleta para a realização de suas
funções, ao fundamento de que a previsão do texto celetista somente se aplica
aos casos que envolvem trabalhadores que ficam toda a jornada conduzindo
motocicleta, o que não era o caso do reclamante.

2.2 – Das razões jurídicas da reforma da sentença


2.2.1 - Reconhecimento do vínculo empregatício
O reclamante pleiteiou o reconhecimento do vínculo empregatício no
período de 01/08/2016 a 31/01/2017, com o consequente pagamento das
verbas rescisórias. Aduziu que o contrato de prestação de serviços celebrado
pelas partes é nulo de pleno direito (art. 9o, da CLT), tendo em vista que no
caso concreto estão presentes todos os requisitos ensejadores do
reconhecimento do vínculo empregatício constantes no art. 3° da CLT.
O pleito não merece prosperar, por que o elemento pessoalidade não
está presente no caso sob exame, pois podia determinar que a prestação de
serviços na casa dos clientes da recorrente fosse realizada por outra pessoa.
Além disso, não havia a determinação de comparecimento pessoal diário na
recorrente. A simples ausência deste requisito é mais do que suficiente para
rechaçar a pretensão obreira, vez que o art. 3° dispõe que todos os elementos
caracterizadores do vínculo de emprego devem estar presentes de forma
concomitante. Assim, a ausência de pessoalidade é suficiente para desnaturar
a pretensão do recorrido.
Todavia, também não se vislumbra o elemento subordinação, pois além
de poder designar outra pessoa para executar o seu serviço, o recorrido
poderia recusar a montagem de móveis dos clientes do recorrente. Denota-se,
portanto, que a prestação de serviços se dava de forma autônoma. Esta
autonomia fica evidente quando se investiga que foi o laborista quem definiu o
valor de R$ 20,00 (vinte reais) por cliente visitado, não tendo sido imposto pela
empresa. Como se não bastasse, seu trabalho não era fiscalizado pelo
recorrente, o que reforça a inexistência do mencionado elemento. Por fim,
merece destaque o fato de que o obreiro também prestava serviços, no mesmo
período em que laborava em prol do recorrente, para a concorrência, o que
reforça os argumentos expendidos anteriormente.
Diante do exposto, requer seja julgado improcedente o pedido de
reconhecimento de vínculo empregatício, assim como de seus consectários, ou
seja, de pagamento de 30 (trinta) dias de aviso prévio, de 7/12 de férias
proporcionais acrescidas do 1/3 constitucional, 2/12 de décimo terceiro salário
proporcional e da multa de 40% sobre o FGTS. Improcedentes também as
obrigações de fazer consistentes na anotação da CTPS e na entrega das guias
CD/SD e do TRCT. Por cautela, caso se entenda pela existência do vínculo
empregatício, o que não se espera, passa-se à análise dos demais pedidos.

2.2.2 - Multa do art. 477, §8º, da CLT


A sentença também deferiu ao trabalhador a multa do art. 477, §8º, da
CLT, ao fundamento de que o reconhecimento judicial do vínculo empregatício
acarreta o seu pagamento.
O art. 477, § 8º, da CLT, dispõe que as verbas rescisórias devem ser
pagas no prazo previsto no §6º do mesmo dispositivo legal, sob pena de
pagamento de multa equivalente a um salário do trabalhador. Entretanto, no
caso sob análise, o pleito judicial é justamente de reconhecimento da relação
de emprego. Tendo em vista que o vínculo de emprego sequer existia no
momento da rescisão contratual, resta prejudica e descabida a incidência da
citada multa. Ademais, a previsão legal diz respeito à mora no pagamento das
verbas rescisórias, atraso este que não existe no caso sob exame, haja vista a
inexistência de vínculo de emprego, portanto, o recorrido não faz jus ao valor
das férias proporcionais.

2.2.3 - Natureza jurídica dos valores pagos a título de aluguel da


motocicleta
No caso em tela resta incontroverso o pagamento de R$ 1.500,00 (mil e
quinhentos reais) para a título de aluguel da motocicleta e demais gastos com o
veículo, conforme se depreende do contrato carreado aos autos. Também
constitui fato incontroverso a média salarial de R$ 2.400,00 (dois mil e
quatrocentos reais) auferida pelo reclamante. Todavia, não é o caso de
aplicação do disposto no art. 457, § 2º, da CLT, ainda que de maneira
analógica, segundo o qual deve ser considerado como parcela de natureza
salarial o valor que for pago a título de ajuda de custo quando superasse 50%
do salário do trabalhador. A mencionada previsão constitui apenas presunção,
admitindo-se, portanto, prova em sentido contrário. Pela análise do contrato de
aluguel verifica-se que o pagamento de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais)
por mês não se destinava apenas ao pagamento da locação, mas também para
cobrir gastos com combustível, manutenção, seguro e depreciação do veículo.
Trata-se de quantia absolutamente razoável, levando em consideração a
atividade desempenhada pelo reclamante. Ademais, a motocicleta era
necessária para a prestação de serviços, o que afasta seu caráter de
contraprestação. Neste contexto, o parâmetro previsto no art. 457, § 2°, da
CLT, não deve ser aplicado, haja vista que as circunstâncias fáticas justificam o
pagamento no referido patamar. Neste sentido é pacífica a jurisprudência
pátria:
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº
13.015/2014 – ALUGUEL DE VEÍCULO E DESPESAS COM
SEGURO – NATUREZA JURÍDICA. O Eg. Tribunal a quo concluiu
pela natureza indenizatória da verba, uma vez que não representava
contraprestação por serviços prestados. Óbice da Súmula nº 126 do
TST. Recurso de Revista não conhecido. (BRASIL. Tribunal Superior
do Trabalho, 8a Turma, processo n. 1681002920135170012,
publicado no DEJT em 22/03/2016.)
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA
INTERPOSTO PELO RECLAMANTE. ALUGUEL DE VEÍCULO.
NATUREZA JURÍDICA. Segundo o Regional, a parcela não tinha
caráter contraprestativo, pois o seu fornecimento era indispensável à
realização do trabalho, o que revela sua natureza indenizatória,
consoante diretriz perfilhada pelo item I da Súmula nº 367 desta
Corte. Agravo de instrumento conhecido e não provido.

RECURSOS DE REVISTA INTERPOSTOS PELAS RECLAMADAS -


ANÁLISE CONJUNTA. VÍNCULO EMPREGATÍCIO. ILICITUDE DA
TERCEIRIZAÇÃO. EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÕES.
INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO DE LINHAS TELEFÔNICAS.
ATIVIDADE FIM. A jurisprudência desta Corte Superior adota
entendimento de que as atividades de instalação e manutenção de
linhas telefônicas e operação de redes de acessos, cabos ópticos,
serviço de comunicação de dados e serviço ADSL são consideradas
atividades fim das empresas concessionárias dos serviços de
telecomunicações, desautorizando a prática da terceirização.
Ressalva de entendimento desta Relatora. Recurso de revista não
conhecido. (BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho, 8a Turma,
processo n. 1681002920135170012, publicado no DEJT em
17/06/2016.)

3 – DOS PEDIDOS
Requer seja o presente apelo conhecido e provido para A) declarar nula
a sentença e reabrir a instrução processual para que a parte produza a prova
pretendida, qual seja, a oitiva da testemunha rechaçada pelo juízo a quo; B)
assim não entendendo, rogo pela reforma da sentença para não reconhecer a
existência de vínculo empregatício, assim como de seus consectários, ou seja,
de pagamento de 30 (trinta) dias de aviso prévio, de 7/12 de férias
proporcionais acrescidas do 1/3 constitucional, 2/12 de décimo terceiro salário
proporcional e da multa de 40% sobre o FGTS, as obrigações de fazer
consistentes na anotação da CTPS e na entrega das guias CD/SD e do TRCT
e o direito a horas extras ao recorrente; C) reconhecer a natural indenizatória
dos valores pagos a título de aluguel da motocicleta; D) intimar o recorrido para
manifestar-se, oferecendo suas contrarrazões no prazo legal.

Nestes termos, pede deferimento.


Florianópolis/SC, 26 de abril de 2017.

Advogado OAB/UF

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