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Francisca Thamiris dos Santos

Aluna da Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL


f.thamiris@hotmail.com
Leandro Antonio de Oliveira
Aluno da Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL
leo.spfc01@hotmail.com

A CRISE DA CULTURA DO FUMO E AS ALTERNATIVAS


SÓCIOECONÔMICAS COM A INTRODUÇÃO DE NOVAS CULTURAS NO
MUNICÍPIO DE ARAPIRACA-AL

INTRODUÇÃO

Na década de 70, o município de Arapiraca era quase totalmente coberto pela


cultura do fumo, além de mais de uma dezena de municípios vizinhos que tinham
Arapiraca como polo de transações comerciais neste campo. A cultura mudou a
fisionomia da paisagem na região de Arapiraca, fazendo aparecer uma estrutura fundiária
totalmente diferente do restante do Estado, prevalecendo o minifúndio ou reforma agrária
natural como é conhecida pelos produtores locais.
A partir da importância desta cultura para a região, e principalmente pela crise
que a mesma vem enfrentando, o presente trabalho foi desenvolvido para mostrar a
viabilidade técnica, agronômica, cultural e econômica das culturas alternativas,
(mandioca, milho, abacaxi, as verduras e as frutas), e incentivar o plantio das mesmas no
município de Arapiraca, mostrando a importância proteica e as vantagens alimentares e
econômicas das culturas alternativas para os moradores do município de Arapiraca e de
toda a região fumageira.

OBJETIVOS
• Mostrar a viabilidade técnica, agronômica, cultural e econômica das culturas
alternativas, (mandioca, milho, abacaxi, as verduras e as frutas);
• Incentivar o plantio de culturas alternativas no município de Arapiraca,
mostrando a importância proteica e as vantagens alimentares e econômicas das culturas
alternativas para os moradores do município de Arapiraca e de toda a região fumageira;
• Organizar os trabalhadores agrícolas em uma cooperativa. Melhorar a
autoestima dos produtores neste município;

METODOLOGIA

O presente trabalho foi desenvolvido no Município de Arapiraca, situado na


região do agreste alagoano, mas algumas visitas foram feitas aos municípios vizinhos os
quais fazem parte da região fumageira, estes são:Craíbas, Lagoa da Canoa, São
Sebastião, Limoeiro de Anadia, Taquarana, Coité do Noia, Girão do Ponciano e Feira
Grande.
A sede do município de Arapiraca fica localizada a 246 metros acima do nível do
mar e o seu sítio urbano no pediplanoentramontano também conhecido como área de
depressão Sanfranciscana. Os climas tropical sub-úmido e semiárido, porém amenizados
pela influencia do relevo, com o aparecimento de nascentes nas proximidades da cidade,
onde se inicia a bacia do riacho Piauí.
No primeiro momento, foi feito um levantamento da área coberta pela cultura do
fumo e confrontado com os dados dos censos agrícolas de anos anteriores, para se ter uma
ideia da real área que era plantada e das condições em que essa cultura se encontra no
momento. Também foi feito um levantamento da área ainda não explorada, para se ter uma
visão do potencial que o município pode oferecer em termos de novos projetos. Também
se pesquisou os dados dos municípios vizinhos para se ter uma radiografia da cultura, das
áreas que estão sendo plantadas e confrontá-las com as áreas remanescentes. Estudaram-se
as características físicas e edáficas do habitat natural em que a cultura do fumo está
localizada. Procurou-se encontrar a produtividade do fumo em Arapiraca e compara-la com
a de outras regiões do país. Foram estudados o período útil de exploração dessa cultura e a
viabilidade econômica da mesma, comparada com outras culturas regionais. Aplicação de
questionários para se diagnosticar a situação socioeconômica dos produtores de fumo no
município. Foi feito um estudo para identificar a classificação do clima do município e sua
repercussão na cultura do fumo e nas outras culturas alternativas que estão sendo inseridas
no campo. Foram analisadas as amostras de solos para posteriormente, chegarmos à
classificação e a viabilidade do mesmo para as culturas alternativas. Foram analisados
outros aspectos agronômicos, tanto dos solos, como do clima, no sentido de garantirmos
uma produção de formas sustentável.
Foi feito um estudo do mercado onde deve acontecer a comercialização do fumo e
das culturas alternativas, seu transporte, armazenagem e outros itens que possam interferir
no escoamento da produção. A comercialização dos sucedâneos foi objeto de pesquisa para
a ampliação dos mercados receptores. Percebeu-se que houve um incremento no comércio
local com o consumo de produtos advindos das culturas alternativas e o comércio externo
para outros estados também foi reativado, gerando melhores lucros para os nossos
produtores alternativos. Foi dado os primeiros passos no sentido de se organizar uma
cooperativa para aglutinar os pequenos produtores das culturas alternativas e fortifica-los
para enfrentar as adversidades que essas culturas possam oferecem, pois são culturas
perecíveis.

REFERENCIAL TEORICO

A vocação natural da região de Arapiraca esteve sempre voltada para a produção


de fumo, pois, as propriedades químicas e mineralógicas dos solos, a pluviosidade, a
própria declividade do relevo, facilitaram o desenvolvimento dessa cultura. Os conjuntos
de fatores naturais associados aos fatores humanos colocaram a região fumageira de
Arapiraca, como a mais produtiva do estado de Alagoas e uma das maiores produtoras do
Nordeste e do Brasil na produção de fumo de corda. O município de Arapiraca está
localizado na meso-região do Agreste Alagoano, e micro-região de Arapiraca, a qual é
composta por 09 municípios, tendo Arapiraca como centro dessa região. O município de
Arapiraca apresenta um clima tropical sub-úmido, com médias pluviométricas em torno de
800mm/anuais, com chuvas sempre distribuídas nos períodos de outono/inverno e sempre
distribuídas nos meses de maio/junho/julho/agosto e por vezes setembro. Com altitudes
médias de 240m, poucas elevações ou serras, terras planas apresentando-se favoráveis ao
plantio de fumo. Com relação à chegada dessa cultura nos deparamos com o relato de
alguns autores.
Contrariamente ao que sempre se escreveu, o principio da cultura do fumo foi
muito anterior à década de 90 do século XIX ou inicio do século XX(MACEDO, p.73)
que os historiadores apontam como inicial. Segundo Zezito Guedes, a cultura do fumo foi
iniciada nos últimos anos do século XIX e teve como pioneiro Francisco Magalhães que
acolhendo sugestões de um almucreve de Lagarto/SE, chamado Pedro Vieira de melo que
comerciava nas feiras da então vila de Arapiraca, plantou fumo pela primeira vez onde
cuidava do gado no atual bairro de Cacimbas (GUEDES, 1978: p.11).
Alagoas já produzia fumo ainda no período colonial. Em pesquisa realizada por
Gustavo Acioli Lopes sobre o tabaco de Pernambuco na época colonial comprova a
existência da cultura em São Miguel dos campos, no século XVII; Esta área se tornou
produtora de tabaco da melhor qualidade da colônia, embora com um volume de produção
inferior ao de cachoeira no recôncavo baiano (LOPES, 2008: p.96).
Alguns fatores contribuíram para o crescimento da área plantada e também do
consumo de fumo no Brasil e em particular em Arapiraca. Sua extensão territorial
apresenta uma área de 614km2, onde vive uma população em torno de 210.000 habitantes,
que até os anos 70 do século passado, cerca de 90% do setor agrícola vivia da produção de
fumo. Sobre o tema decorre NARDI em sua publicação “A história do fumo brasileiro”,
desde 1940, o fumo brasileiro beneficiou-se através de conjunturas favoráveis, em
particular o crescimento do consumo de fumos claros (fenômeno mundial) e da crise que
atingiu a Rodésia(NARDI, 1985: p.10).
Na década de 70, o município de Arapiraca era quase totalmente coberto pela
cultura do fumo, além de mais de uma dezena de municípios vizinhos que tinham
Arapiraca como polo de transações comerciais neste campo. A cultura mudou a fisionomia
da paisagem na região de Arapiraca, fazendo aparecer uma estrutura fundiária totalmente
diferente do restante do Estado, prevalecendo o minifúndio ou reforma agrária natural
como é conhecida pelos produtores. Em meados dos anos 70, a Bahia passou por uma
tremenda crise fumageira. Por motivos internacionais, o preço do fumo em folha dobrou no
espaço de poucos anos, provocando uma rápida e excessiva demanda pelo fumo de corda
(fumo produzido em Arapiraca). Durante um tempo Bahia e Alagoas disputaram sua
produção, mas a Região Fumageira de Arapiraca estava mais bem preparada e mais
estruturada, para suprir o mercado e forçou Bahia a desistir da produção desse tipo de
fumo. O surto da safra alagoana fez com que, já em 1985, ultrapassasse 30.000 toneladas e
terminasse com a produção ainda remanescente em outros estados como Minas Gerais e
São Paulo. No final da década de 80, a Região Fumageira de Arapiraca produzia quase
80% do fumo de corda do Brasil, segundo (NARDI, 2010: p. 51). A cultura do fumo
sempre foi desenvolvida em pequenas propriedades, tendo como base a economia familiar
e as alterações que estão sendo introduzidas, tem seu ponto alto nas verduras, nas frutas, na
mandioca, no feijão de corda e no milho. O conjunto dos municípios produtores contribui
para o alto índice dessa cultura no Estado e para o fortalecimento da economia de modo
geral.
O crescimento da cidade de Arapiraca teve como mola mestra a cultura do fumo e
às transações comerciais advindas do processo de produção do mesmo. A cultura do fumo
teve várias épocas de apogeu (anos 30, 40, 50, 60, e 70), e a partir dos anos 80, começou o
seu período de declínio, levando consigo, a cidade e toda a região circunvizinha.
As causas desse declínio foram várias, entre elas podem-se elencar as mudanças
de hábito dos nossos trabalhadores rurais, a própria educação dos brasileiros teve
influencia fundamental nessa mudança de comportamento das pessoas, as campanhas
antitabagismo desencadeadas pelos países civilizados, principalmente os países europeus.
Foi neste período que o mundo começou a perceber os males que o fumo podia
causar as populações e a propaganda se espalhou por todos os países do mundo
inteiro(OLIVEIRA, 2004: p.36). A partir de 2002, o Brasil entrou para o grupo dos países
que estão aplicando políticas publicas no sentido de diminuir o consumo e principalmente
a produção de tabaco. Neste sentido, assinou também a convenção quadros para o combate
ao tabagismo a nível mundial e os ministérios passaram a bancar projetos neste campo.
Varias leis e tratados foram confirmados, criando locais para fumantes, depois proibição
total de uso de cigarros em lugares fechados e varias outras situações vexatórias para os
fumantes. Diante desse quadro avassalador contra a cultura e o consumo de tabaco, os
próprios produtores sentindo na pele os prejuízos financeiros, começaram a se organizar e
se informar, buscando novas alternativas para sua sobrevivência e aos poucos, foi sendo
introduzidas algumas culturas e práticas agrícolas para a solidificação dessas culturas
alternativas no município.
O município de Arapiraca tem condições privilegiadas em relação à irrigação,
tanto pela disponibilidade de água no lençol freático, como também pelas propriedades
físicas, químicas e edáficas dos solos que compõem nossa área agricultável, suavidade do
seu relevo, porosidade acentuada, proporcionando grandes facilidades para o processo de
irrigação (OLIVEIRA, 2004: p. 17). Neste período foram elaborados pelos governos
alguns projetos visando ajudar a melhorar as condições desses agricultores, principalmente
no que diz respeito à água e o maior e melhor desses projetos foi à construção de um canal
radial com bifurcação do Rio São Francisco, mais precisamente com uma pequena sangria
no lago de Itaparica que fica a montante das hidrelétricas de Paulo Afonso.
Com a formação de Geógrafo observador e interessado nas transformações que
vem ocorrendo no espaço geográfico e nas viagens de aula de campo, como Professor
Moises Calú de Oliveira e seus alunos pertencentes ao Núcleo de Pesquisas Agrárias –
NUPEA, sempre em contato com os moradores, alunos, produtores de fumo da região,
presenciando as alterações que estavam se projetando no meio rural do município de
Arapiraca, como também nos municípios que formam essa região fumageira, sentiram-se
incomodados e até responsáveis pelas perspectivas de intervenções antrópicas que não
forem cuidadosamente elaboradas e monitoradas dentro das normas de sustentabilidade.
Com a aplicação de questionários aos agricultores, principalmente os pequenos
plantadores de fumo, vislumbramos a perspectivas favoráveis num futuro próximo com a
introdução de algumas culturas como frutas, cujo valor de mercado é superior ao preço do
fumo no mercado internacional, como ficou constado pela pesquisa. Outro fator que nos
levou a acreditar nesta mudança foi o elemento água, cuja existência no lençol freático do
município de Arapiraca, é bastante favorável ao processo, além da perspectiva de
concretização da construção do canal do sertão por parte do governo estadual leva-nos a
acreditar ainda mais na viabilidade do projeto de diversificação de culturas nessa região.
Outro ponto de real interesse e de fundamental importância para esse estudo foi o
mercado consumidor em torno de Arapiraca, com grande aceitabilidade de sua produção
nos municípios do agreste e sertão, pois é sabido que as dificuldades com referencia a água
e solo, fazem do sertão uma párea com pouca ou nenhuma produção de verduras e frutas, o
que podemos ver a melhorar as possibilidades para os nossos produtores, que passaram a
atender a dezenas de cidades tanto em nosso Estado, como dos Estados de Pernambuco e
Sergipe, sem deixar de atender as duas capitais mais próximas no caso, Maceió e Aracaju.

RESULTADOS

O município de Arapiraca hoje é uma referencia no Estado de Alagoas na


produção, na comercialização e na industrialização dos produtos advindos das culturas
alternativas, principalmente das frutas e das verduras folhosas. O trabalho apresentou
novas formas de se cultivar essas culturas e transforma-las em um processo produtivo
rentável e seguro do ponto de vista econômico e ao mesmo tempo contribuir para melhorar
a situação socioeconômica dos moradores do município de Arapiraca. Neste sentido,
sugerimos melhorar a instrução dos produtores no que concerne a condição da terra dando-
lhes cursos de capacitação para que eles adquiram conhecimentos sobre o clima, o solo,
além de dotá-los de novas técnicas de plantio, manejo e adubação, como também o
conhecimento do mercado. Já se percebe mudanças nos hábitos e costumes dos moradores
do município de Arapiraca, acarretando uma melhoria na dieta alimentar que tanto o
nordestino precisa e especialmente os habitantes do município de Arapiraca no agreste
alagoano. Com a adequação do novo manejo nas culturas alternativas, não apenas o
município de Arapiraca saiu beneficiado por ser grande produtor, mas outros municípios
como Taquarana, Limoeiro de Anadia, Craíbas, Lagoa da Canoa, Coité do Nóia e Feira
Grande, estão seguindo o mesmo caminho, pois são municípios com grande potencial para
a produção de mandioca, de milho, de algodão, de abacaxi e de inúmeras frutas de grande
valor econômico.
Nossa expectativa está sendo alcançada, pois já se encontra instalada uma fábrica
de beneficiamento de fécula da mandioca e algumas fabriquetas de beneficiamento das,
com a finalidade de absorver toda a produção estimada para os próximos anos neste
município, bem como receber a demanda que naturalmente será desencadeada com o
desenvolvimento deste projeto, provocando a mutação espacial visualizada pelo
pesquisador. A organização dos produtores de fumo e agora de culturas alternativas em
uma cooperativa foi outra grande meta desse projeto, pois com ela, centenas de pequenos
produtores terão segurança para produzir, comercializar ou até industrializar como se
pretende num futuro próximo. Esperamos o apoio da Prefeitura Municipal de Arapiraca, do
CEBRAE/AL, da Secretaria de Agricultura do Estado de Alagoas e da Secretaria
Municipal de Agricultura do município de Arapiraca e dos municípios citados, o que já
está acontecendo com a fecularia que teve todo apoio do Governo do Estado de Alagoas.
Aos poucos o município está saindo desta situação de miserabilidade econômica,
passando a fazer parte daqueles municípios onde o desenvolvimento é o resultado do
trabalho de seus moradores apoiados pelas autoridades municipais e assim não necessitem
do assistencialismo que opera na maioria dos municípios brasileiros. O que podemos
enumerar foi às dificuldades decorrentes do financiamento dessa produção por parte do
poder público o que levou a muitos produtores a desistir de seu projeto. A situação
econômica dos pequenos produtores também pode se constituir em dificuldades para
implantação de novas técnicas o que poderão ser sanado com alguns cursos de capacitação,
dotando-os de informações a cerca dessas culturas, dos resultados obtidos em outros
estados e até os hábitos alimentares de outras comunidades. A receptividade dos
produtores em se conseguir novas mudas, a resistência que os mesmos podem oferecer ao
novo modelo, preferindo continuar com os seus plantios antigos, podem se transformar em
entraves ao desenvolvimento deste trabalho, o que pode ser conduzido com informações e
amostra de novos resultados obtidos em outros estados e ou países o que vai alimentar a
vontade de produzir melhor o que com certeza lhes trará melhores frutos. A falta de
documentos também figurou como dificuldades para que alguns pudessem buscar
empréstimos em bancos oficiais que financiam projetos desse tipo. No projeto já
detectamos a necessidade de se fazer um levantamento desta situação para que possamos
planejar uma ação junto aos órgãos da municipalidade, com o intuito de que esse problema
fosse resolvido com a ajuda de nossos pesquisadores, orientando-os no sentido de adquirir
essa documentação que foi de grande utilidade não apenas nesse projeto, mas, para a sua
vida.
O projeto englobou agricultores de pequeno porte que num futuro bem próximo
podem ter a oportunidade de plantar, cultivar e comercializar o produto. Hoje com a
organização dessa associação, os agricultores já melhoraram suas rendas e o município tem
nova cara no cenário econômico do Estado. Sabendo da importância do projeto, a
prefeitura incentiva à ideia por sentir que a mesma gerará desenvolvimento,
proporcionando futuro melhor para todos. Buscou-se atingir um maior número de
agricultores com os benefícios que as culturas alternativas podem oferecer, principalmente,
quando ela é executada de forma segura e racional. Foi mostrada a necessidade de se
instalar uma fábrica de fécula de faria, haja vista a grande produção de mandioca que vem
crescendo ano a ano. As informações oficiais são de que já está pronta a primeira fábrica
de fécula e sua instalação foi bem localizada no povoado Bálsamo, zona rural do município
de Arapiraca e vai funcionar em consórcio com os municípios da região fumageira e alguns
outros que já eram plantadores de mandioca. A referida fábrica já no primeiro ano de
atividade, já está sendo ampliada e sua capacidade hoje pode processar e transformar 50
toneladas de mandioca/dia. Isso só vem a contribuir para a certeza de que este projeto é
viável.
Apesar da crise da cultura fumageira, os produtores de Arapiraca e região, estão
conseguindo superar as dificuldades e passando pela fase de adaptação dessas novas
culturas com certa naturalidade. Contando com o auxilio de técnicos da Prefeitura e do
Governo do Estado, esses produtores já apresentam uma nova mentalidade não mais
voltada para a cultura do fumo. Outra conclusão que a pesquisa nos trouxe foi à
continuidade da cultura de fumo por pequenos produtores com utilização total de mão-de-
obra familiar, agregando valores e mantendo as famílias no campo. Esse fato foi
constatado pelo fato de que a cultura do fumo exige muito trabalho e a possibilidade de
ocupação de toda a família nos afazeres do sítio durante um período bem maior do que as
outras culturas. No outro extremo da análise, pode-se observar que a crise da cultura do
fumo gerou uma situação de desemprego de cerca de 10.000 trabalhadores só em Arapiraca
e a saída de grande parte desses desempregados para o setor urbano, deixando sufocada a
cidade de Arapiraca que já conta com várias favelas decorrentes deste fenômeno.
Nossa conclusão é de que com o passar do tempo e sendo incrementadas algumas
políticas no campo, a situação venha se normalizar, mesmo sabendo-se que as novas
culturas não geram tantos empregos como a cultura do fumo. A irrigação da região está
sendo esperada como a grande redenção para o setor produtivo no campo destes
municípios. Faltam ainda ações governamentais de auxilio e acompanhamento dos
agricultores, principalmente dos chamados agricultores familiares, para que os mesmos
venham dominar as novas formas de produzir, de armazenar e de comercializar os novos
produtos, pois estes trabalhadores passaram toda a sua vida trabalhando na cultura do
fumo. Um parceiro que deve se engajar nesse processo é o SEBRAE/AL, que detém um
quadro de técnicos da mais alta capacidade administrativa e contábil, pode sem sombra de
dúvida colaborar de forma decisiva na implantação de novos projetos com excelentes
margens de acertos. O homem do campo na região de Arapiraca e toda a região fumageira,
durante todo esse processo de adaptação já demonstrou sua garra e determinação para
realizar tais transformações, sempre lutando e buscando a melhoria da qualidade de vida
para sua família, portanto, este projeto já nasceu vitorioso, pois assim é o povo trabalhador
de Arapiraca cuja distinção não se faz necessário, pelo fato de que a população rural e
urbana deste município se confunde, tanto pelas atividades desenvolvidas, como pelas
relações de comércio, sociais e até de parentesco. Portanto quando se fala da crise do fumo,
toda a população de Arapiraca é atingida e o mesmo acontece com a introdução de outras
culturas. Este projeto foi realizado numa área caracterizada pela estrutura fundiária baseada
na pequena agricultura muito sofrida pelos descasos do governo federal para este
seguimento produtivo que por serem produtores de fumo, não podiam receber os
benefícios do Programa de apoio à agricultura familiar – PRONAF, o que, portanto
aumentou a nossa responsabilidade e a importância que o mesmo representava para o
campo da pesquisa e para a economia da região fumageira no Estado de Alagoas.
Visualizamos através deste projeto, melhores dias para os produtores rurais e para as
comunidades do município de Arapiraca e da região do agreste, pois a cultura do fumo que
representou o crescimento, agora necessita que seja repensada no seu processo de
substituição com sustentabilidade, preservando o que temos de melhor em termos de
preservação e fixação das espécies vegetais e aproveitamento racional dos solos e da água.

REFERENCIAS
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