Volume VII – Nº 03 – 2015

Publicação Privativa aos Membros da AMORC

Pintura de Nicholas Roerich – O Último Anjo – 1912

 Mensagem do Grande Mestre
Ano 3368

Prezados Fratres e Sorores,

Saudações em todas as pontas do nosso Sagrado Triângulo!

É com alegria que apresento o Fórum Rosacruz em sua última edição de 2015.
Os temas são de interesse de todo estudante rosacruz, pois lançam luz sobre os assuntos
sob abordagens diferentes. Vale destacar que as respostas são extraídas de fóruns de outras
jurisdições, bem como da nossa Grande Loja.
As questões levantadas refletem pontos que são comuns para muitos dos nossos membros
e também provocam reflexões sempre enriquecedoras no estudo do Rosacrucianismo. Espero
que esta seleção possa ser-lhes útil no esclarecimento que leva à verdade.
Lembro que cada membro deverá optar pelo recebimento impresso ou pelo acesso virtual
das nossas revistas em 2016. Essa opção pode ser feita via site, telefone ou por correio impresso.
É importante a nossa adesão ao chamado pela consciência ecológica.
Em 09 de maio de 2016 a GLP completará 60 anos e vamos comemorar duplamente: na data
com atividades incluindo uma convocação no Grande Templo e durante a XXIV Convenção
Nacional Rosacruz – “UMA CHAMA PELA PAZ MUNDIAL” de 21 a 24 de setembro de 2016,
em Curitiba.
Procurem conhecer um pouco mais da URCI. Os fratres e sorores vão gostar.
Desejo a todos um período de festas natalinas pleno de amor, para que as energias divinas
se intensifiquem e se estendam por todo o novo ano que se inicia.
Boa leitura a todos!
Com meus melhores votos de Paz Profunda, sou

Sincera e fraternalmente
AMORC-GLP

Hélio de Moraes e Marques

GRANDE MESTRE

Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015 1


ansiedade é malévola em si? Quais suas principais causas e qual a
melhor forma de controlá-la?
De modo geral, a
ansiedade é sinônimo
de uma palavra bastante
comum em nosso cotidiano:
“preocupação”. Embora ela
se manifeste de múltiplas
maneiras (inquietações
quanto à nossa segurança
material, saúde, medos,
incertezas etc.), todas as
formas de preocupação
nascem da insegurança e
podem, no que diz respeito à
sua natureza, ser voluntárias
ou involuntárias. As do
primeiro tipo são mais fáceis
de serem controladas, ainda
que exijam esforço nesse
sentido e até mesmo alguma
técnica, ao passo que as do
segundo tipo normalmente
dependem de circunstâncias
exteriores, por vezes fora
de nosso controle. Nesse
caso, ainda que não nos
seja possível exercer pleno
domínio sobre o desenrolar
dos fatos que nos angustiam,
é possível controlar e
disciplinar nossas reações
aos estímulos a que eles nos
sujeitam, de forma a não
perdermos nosso equilíbrio
durante a experiência do
processo.
2 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015
ANSIEDADE
Em todos os casos,
o alívio da condição de
ansiedade é possível se
aprendermos a identificar
a causa da preocupação e
a mapear a nossa posição
no esquema das coisas.
Via de regra, o poder
de discernimento pode
nos fazer superiores ao
problema. Deixando-nos
submergir pelas emoções
despertadas pelo processo,
ocorre um desgaste de
energia que nos impede
de dirigir a atenção para
aquilo que pode ser a chave
para o domínio emocional
dos acontecimentos. Nesse
particular, verificamos
que os problemas e
questões causadores de
preocupação têm por base
determinadas emoções
humanas fundamentais.
Esses problemas são
substancialmente
semelhantes em todos os
indivíduos e estão ligados
a instintos básicos, como a
autopreservação e o amor,
mas também podem estar
associados a dificuldades
econômicas, à saúde etc.
Embora não haja um
remédio específico e
imediato para todos os
problemas individuais – e
enquanto estivermos neste
plano terreno teremos
problemas a enfrentar
–, sendo rosacruzes
sabemos que dispomos de
um potencial inato para
combatê-los. Nesse sentido,
temos consciência de que as
possibilidades de melhoria
de nossas condições estão
sempre disponíveis e que
devemos lançar mão de
nossas técnicas milenares
para minorar a aflição que
elas nos causam e, operando
a alquimia espiritual a
que deve se dedicar todo
estudante de misticismo,
extrair as lições que
esse tipo de experiência
invariavelmente nos oferece.
Sabendo, portanto, que as
preocupações são naturais
e próprias da condição
humana, é importante
não deixá-las extrapolar
os limites do nosso
domínio, o que geralmente
ocorre quando cedemos a
tendências pessimistas e
injustificadamente fatalistas
deixando que nossa mente
vislumbre um panorama
mais negativo do que aquele
que de fato é. Se agirmos
assim, os problemas
existentes gerarão novos
problemas, e é evidente
que a vida ficará mais
complicada. Por outro lado,
numa primeira ação de
combate, é particularmente
útil “decompor” o problema
original, separando suas
partes componentes e
identificando seus pontos
básicos. Da mesma maneira
como se combate um
incêndio aniquilando uma
ou mais partes daquilo
que possibilita a existência
do fogo, assim também
um problema pode se
desintegrar ao isolarmos
os fatores que o compõem
e tratarmos cada um
deles de modo particular.
Se compararmos a
preocupação a uma corrente
elétrica que atravessa a
mente, esse combate a cada
um dos fatores que provoca
o medo equivale a cortar o
fluxo dessa corrente.
Há efetivamente tipos
de ansiedade que muitas
vezes independem da ação
humana. Um exemplo,
Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015 3
dentre os mais significativos,
é o medo da morte, que
na Tradição Rosacruz
preferimos chamar de
“transição”, uma vez que
representa uma mudança
de plano, e não o cessar
da vida. Ora, sendo essa
transição inerente à nossa
condição terrena, e portanto
inevitável, não é preciso
temê-la. Lembremos do
filósofo grego Sócrates, que
em sua Apologia salientou
que o além só poderia
ser um bem ou então um
estado de não-consciência,
e que nenhuma dessas
circunstâncias deveria nos
preocupar agora.
Outro fator de controle
da ansiedade consiste
em não atribuir uma
importância excessiva
à necessidade
de resposta
imediata. É
preciso ter
consciência de que, uma
vez que “nada acontece por
acaso”, como diz o célebre
adágio, existe um propósito
cósmico para cada situação,
assim como também existe
em nós um mecanismo
apropriado de resposta a
ela. Portanto, o que nos
compete é atuar de maneira
a empregar o máximo de
recursos que estiverem
ao nosso alcance. Para
além disso, é sábio pedir
inspiração ao Cósmico e ter
confiança em seus desígnios
e no fato que existe um
tempo próprio – que
nem sempre é aquele que
corresponde à nossa noção
de “tempo” – para uma
efetiva resolução.
Isso nos conduz a uma
terceira ferramenta
– quiçá a mais
útil a todo
místico.
Trata-se da
visualização. Tendo
agido objetivamente
numa primeira resposta
ao problema e à emoção
despertada por ele, o
estudante de misticismo
passa à fase de entrega
e de construção mental,
no sentido de visualizar a
situação como se já estivesse
resolvida, como frisam
os nossos ensinamentos
– e não nos mecanismos
de resolução, pois isso
significaria tolher os meios
de ação do Cósmico. Ter
confiança na Grande
Sabedoria Infinita é uma
fonte de paz e de otimismo
bastante eficaz no combate
aos maus sentimentos.
Nesse particular, com um
toque confortador e bem-
humorado, disse o escritor
brasileiro Fernando Sabino:
“No fim tudo dá certo; e
se não deu certo é porque
ainda não chegou ao fim”.
Num amplo sentido,
convém desenvolver uma
filosofia de vida que torne
claro em nossa mente
que não há motivo para
temer o que quer que
seja, sendo tudo quanto
existe parte integrante do
esquema cósmico. Logo,
nos conscientizamos do
fato que os sentimentos
ruins ocorrem quando
permitimos que
nossa imaginação seja
negativamente empregada,
condicionando por
conseguinte, dessa forma,
o nosso mental e o nosso
comportamento. Em última
análise, problemas não são
uma questão de vida ou
morte. Sempre é possível
superá-los pelos artifícios
da inteligência e dos nossos
poderes latentes. Não há
motivo para se temer o
amanhã se vivermos o hoje
da melhor forma possível.
O Fórum Rosacruz
recomenda a leitura da
obra “Ansiedade – um
obstáculo entre o homem
e a felicidade” e os CDs da
série “Desenvolvimento
Comportamental”, editados
e disponibilizados pela
Grande Loja de língua
portuguesa. GLP

METEMPSICOSE

endo o ser humano uma evolução do animal, pode ele, em virtude de

uma punição por um comportamento incorreto, renascer na forma
de um animal ou mesmo de um vegetal? Em outras palavras, ele pode
involuir?
De acordo com os pensamento cada vez mais seria impossível para a alma
ensinamentos rosacruzes, elevado. Nunca retrocede ou do ser humano renascer
não. A personalidade-alma retrograda, pois está sujeito determinado dia no corpo
do ser humano progride à ação da mais inexorável de um animal, por exemplo.
incessantemente e evolui das leis: a Evolução, Ensinamentos dessa
de maneira constante para finalidade suprema de nossa natureza são remanescentes
um padrão de pureza de existência. Por conseguinte, de antigas superstições.

4 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015

 O homem pode ser
“punido” de vários modos
por suas transgressões,
porém essa punição objetiva
capacitá-lo a se purificar
de suas más tendências
e elevar-se a um padrão
mais alto. A reencarnação
da personalidade-alma
de um “transgressor”
em uma forma de vida
considerada inferior
poderia hipoteticamente
servir de punição, mas
não contribuiria para
a sua evolução, para o
seu progresso e para o
desenvolvimento capaz
de torná-lo um ser
espiritual mais elevado,
pois daquela forma ele não
teria como tomar ciência
de tal propósito e nem
tampouco assimilar por
si a lição associada a tal
pena. Independentemente
de seu desejo de nos tornar
melhores e mais perfeitos
em nosso viver, Deus –
cuja vontade é executada
através do Cósmico – não
visa nos castigar por nossas
faltas – ou, melhor dizendo, Portanto, a retrogradação da personalidade-alma, tal
por nossas violações das como enunciada na questão, implicaria na anulação do
leis impessoais que regem próprio objetivo dos princípios cósmicos.
o nosso plano e, por adaptado do livro
conseguinte, a nós mesmos. “Perguntas e Respostas Rosacruzes”

Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015 5

 FENÔMENOS: REALIDADE OU FANTASIA?

requentemente, nos caminhos do misticismo, nos deparamos com

acontecimentos de certa forma diferentes, como por exemplo a
visão da aura. Como é possível diferenciar realidade de fantasia
nestes casos?

Não há solução teórica Cósmica no ser humano, experiência e seus efeitos

para esta pergunta. Isto se
deve a que os resultados dos
exercícios e experimentos,
na sua tradução para a
consciência do indivíduo,
poderem ser semelhantes
ou iguais a uma fantasia.
Esta última pode até ser
provocada por sugestão ou
autossugestão decorrente
da ansiedade de se alcançar
os resultados desejados
ou programados (muito
natural e comum entre
estudantes de misticismo,
principalmente aqueles que
se encontram no início dos
estudos). Por conseguinte, a
solução é necessariamente
prática e repousa numa
percepção direta do indivíduo
quanto à veracidade
do caráter místico dos
resultados alcançados.
Trata-se, portanto, de
uma intuição, no sentido
rosacruz desta palavra (uma
expressão da Consciência
graças à harmonização que
o Eu Interior mantém com a
Mente Universal). O próprio
estudante pode se equivocar
em seu sentimento do
resultado, entendendo-o
como sendo místico por
mera lógica e em função da
ansiedade já mencionada.
A mente deve ser
disciplinada em todos os
seus aspectos para que não
ocorra tão somente uma
desordenada fantasia. Como
disse o filósofo britânico
David Hume (1711-1761):
“A mente é uma espécie
de teatro em que várias
percepções sucessivamente
se apresentam, passam,
tornam a passar, se
desvanecem e se misturam
numa infinita variedade de
atitudes e situações”.
Pode-se ter alguma
indicação a este respeito
atentando-se para
as características da
na consciência e na vida
do indivíduo. Os efeitos
naturais e normais dos
nossos exercícios são
positivos, construtivos e,
em muitos casos, mesmo
curativos. É natural,
portanto, que isto esteja
presente nas características
da própria experiência e em
seus efeitos, distinguindo-se
então da mera fantasia.
Assim, podemos
acrescentar uma
recomendação importante:
o próprio estudante,
por sua sinceridade de
propósito na Senda, deve
estar atento à natural
tendência de sua mente
a forçar a interpretação
de alguma experiência
mística. É evidente que esse
estudante não deve enganar
a si mesmo (por qualquer
prazer emocional que isto
possa proporcionar) e nem
aos outros (pela vaidade de
impressioná-los).

6 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015

 Isto quer dizer que é o
conhecimento, embasado
num real discernimento
pela dedicação aos
estudos, que, quando
devidamente assimilado
e praticado, poderá levar
o próprio indivíduo a
uma vivência psíquica de
cunho
místico e à interpretação
do respectivo fenômeno –
como a aura, no exemplo
citado na pergunta, pois
ela própria, conforme
ensinado no Sétimo
Grau de Templo, pode
ser percebida através
de recursos mecânicos
ou pela percepção
extrassensorial.
mais forte e sadio for o É conveniente esclarecer
Assim, neste exemplo,
corpo físico, e quanto mais que as auras não têm cor
é importante relevar que a
profundamente respirarmos inerente: elas produzem
aura humana é uma mistura
ar fresco, mais magnética cor, ou antes, fazem-nos
de vibrações positivas e
será a nossa aura. Ela não é associá-las à ideia de cor. A
negativas. As vibrações
constante: as alterações do frequência da aura (ou seja,
negativas provêm da energia
meio ambiente, da saúde sua intensidade vibratória,
espírito dos átomos, que
e do pensamento podem ou, digamos, sua irradiação
compõem a substância do
mudar as suas cores. Assim eletromagnética) é tão
corpo humano. A fonte
como todos os seres vivos elevada que transcende
positiva da aura é a Força
têm aura, também a têm as o campo da visão para
Vital, introduzida no
coisas inanimadas. Além além da luz visível.
corpo a cada respiração.
disso, elas retêm em sua Consequentemente, é em
A aura é visível em muitas
própria natureza as radiações verdade impossível para as
circunstâncias, tem sido
magnéticas da aura daqueles irradiações da aura excitar
fotografada e afeta certos
a quem tenham pertencido. diretamente a retina do olho.
instrumentos. Quanto

Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015 7

 Sendo semelhante a uma
irradiação eletromagnética,
uma aura pode induzir
alterações vibratórias
em outras energias, e
efetivamente o faz. Quando
as vibrações de uma aura
se chocam com um campo
luminoso, isto é, entram em
contato com um campo de
luzes coloridas circundando
um corpo humano,
produzem uma distinta
mudança na frequência ou
na intensidade vibratória
dessas luzes.
O choque de vibrações
da aura sobre um campo
luminoso produz uma
alteração sutil na cor
da luz, e essa mudança
é suficiente para nos
capacitar a percebê-la
objetivamente como uma
ligeira modificação do
próprio campo luminoso.
Em outras palavras, o que
vemos então não são as
cores da aura, mas sim
os efeitos que ela produz
sobre o campo luminoso.
Vemos as alterações que
ocorrem neste campo e as
associamos mentalmente
com a aura. Essas, portanto,
são as chamadas cores
da aura. Na verdade, o
8 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015
que vemos são os efeitos
secundários da aura sobre
a luz. Por este motivo, em
muitos experimentos sobre
a aura temos um campo
luminoso estabelecido pela
projeção de certas cores e
luzes sobre uma tela. Essas
luzes são indiscutivelmente
produzidas de maneira
física. Então, colocamos
uma pessoa diante delas e
as irradiações de sua aura
produzem, para usar termos
técnicos, uma frequência
de pulsação – uma vibração
intermediária que constitui
uma alteração no campo
luminoso. Essa mudança
de cor, em uma oitava mais
baixa, corresponde ao estado
ou condição particular da
aura individual.
É também possível
percebermos as cores da
aura, ou aquelas que são
produzidas por uma aura,
sem o recurso físico de
luzes coloridas. Às vezes,
quando estamos próximos a
uma pessoa e sentimos sua
aura, percebemos também,
simultaneamente, uma
espécie de sensação de cor
(a cor parece circundar a
pessoa). Na verdade, não
estamos vendo a aura dessa
pessoa, porém as vibrações
de sua aura causam um
impacto em nosso sistema
nervoso autônomo.
Conforme aprendemos
nas monografias, o sistema
nervoso autônomo está
ligado ao sistema nervoso
espinal por meio de
pequenos nervos chamados
“rami”. As vibrações da
aura são transformadas e
reduzidas a vibrações mais
baixas no sistema simpático
e depois transmitidas ao
sistema espinal através
dos rami de ligação. Em
seguida, essas vibrações
são transportadas a uma
determinada área do cérebro
na qual os impulsos são
recebidos sob a forma
de sensações visuais,
decodificadas na consciência
como cores. Portanto,
podemos também ver a
cor da aura ao redor de
um indivíduo sem a ajuda
de meios físicos; devemos
entender, porém, que a
sensação de cor se produz
em nosso cérebro – em
nossa consciência – por
harmonização psíquica.
Divisão de Ensino e
Instrução da Grande Loja
 OTIMISMO & PENSAMENTO CONSTRUTIVO

m que o otimismo pode ser útil para um místico? O simples fato de se

manter uma atitude mental positiva pode interferir na construção
de nosso futuro?

Em resposta, ouçamos as sábias palavras de um grande rosacruz do passado:

“Reconheço ser ilusão de uma duração – de importante pensar de forma

fundamentalmente um
incorrigível otimista. As
negras nuvens anunciadoras
de tempestade conduzem-
me, para além delas mesmas,
em direção ao Sol sempre
presente que, em breve,
voltará a brilhar. Se o
obstáculo se apresenta, já
vejo no horizonte o amanhã
apaziguado, e os problemas,
se existem, só têm valor na
solução que os arremessará
para o passado. A brevidade
da vida individual e a do
instante que incessantemente
desaparece depois de ter
concebido o novo instante
tornam relativo aquilo que
apenas a minha preocupação
ou o meu pensamento
poderia ter mantido na
uma permanência. Acredito
verdadeiramente que se
cada um de nós adotasse
uma visão semelhante
das coisas, as dificuldades
seriam, por assim dizer,
julgadas de fora, avaliadas
por aquilo que são, melhor
enfrentadas e rapidamente
resolvidas, sem que fôssemos
afetados por outra emoção
que não a de uma surpresa
passageira. Em outras
palavras, cada dia deveria
ser vivido plenamente, mas
ao mesmo tempo colocado
na perspectiva do amanhã, e
até mesmo na de um futuro
longínquo…
No decurso do nosso
caminho compreendemos
rapidamente como é
correta e construtiva. A
nossa vida é geralmente
feita de esperanças e de
desejos frustrados até o dia
em que compreendemos
que o pensamento é a força
fundamental que comanda
o nosso destino e dirige a
nossa vida. De fato, ele é a
causa do nosso sucesso ou
do nosso fracasso no plano
físico […]. Na realidade,
tudo é condicionado pelos
pensamentos ou sentimentos
que mantemos em nós. Esta
é uma verdade que não
pertence a um determinado
indivíduo ou a um grupo de
pessoas, mas ao conjunto da
humanidade. […]
Não devemos jamais
esquecer que o presente tem

Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015 9

sua fonte no passado e que
o amanhã será aquilo que
dele fizermos hoje. Nossas
condições de vida não
são devidas ao acaso ou
à fatalidade; elas têm sua
origem na nossa mente e
nos pensamentos que nela
nutrimos. É impossível
pretender ter uma vida
feliz se mantivermos em
nós mesmos a ansiedade,
a dúvida, a inveja ou
qualquer outro estado mental
negativo. A lei de causa e
10 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015
efeito é universal. Existência
e pensamento estão de tal
forma ligados que esta lei
se aplica a eles com mais
eficiência e poder do que
a qualquer outro campo.
Assim, para mudar a sua
forma de viver, o que está
ao seu redor, o seu estado
físico ou qualquer condição
desarmoniosa que o aflija, é
necessário, antes de qualquer
coisa e acima de tudo,
transformar a sua maneira
de pensar. Em outras
palavras, você deve
controlar os
seus
pensamentos, fazendo
uma seleção rigorosa e
conscienciosa das ideias que
permanecem em sua mente.
Os seus esforços nesse âmbito
não devem ser esporádicos;
se fraquejar uma vez,
fraquejará sempre. Porém, se
você efetuar com constância
esta escolha, que sabemos
ser vital, logo a vontade não
interferirá mais e o fenômeno
do hábito fará o resto.
Os desejos não são
essenciais. Somente o
pensamento conta e o
seu poder de atração é
considerável. Tal qual um
ímã, ele atrai para nós aquilo
que corresponde, no mundo
material, à sua natureza. Se
você estiver num estado de
espírito desequilibrado, não
terá boa saúde e nem será
feliz. Se estiver triste, com
inveja, ciumento ou maldoso,
encontrar-se-á submerso
num ambiente semelhante.
Estabelecerá na sua
existência aquilo que tiver
aceitado dentro de si como
uma realidade, à qual os seus
pensamentos dão vida.
Se você se recusar a
cultivar um ânimo melhor,
sua vida será uma falência
sombria – um fardo tanto
para você mesmo como
para os outros, e isto por
sua própria culpa. Se, pelo
contrário, a partir de hoje,
a partir deste minuto,
aceitar transmutar os seus
pensamentos (e nunca é
tarde demais para fazê-lo!),
você há de viver então a
mais apaixonante aventura
que existe. Verá, pouco
a pouco, a harmonia se
instalar dentro de você e
ao seu redor, as condições
deploráveis desaparecerem
para dar lugar ao equilíbrio
e ao sucesso e os problemas
fisiológicos de toda natureza
serem imediatamente
substituídos por poderosas
condições harmoniosas.
[…] Não se esqueça
jamais de que o receio das
próprias dificuldades é por
si mesmo um pensamento
negativo. Não tente sobretudo
negar as suas condições
Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015 11
desarmoniosas atuais, mas
antes considere-as como
aparências e não as admita
como se fossem realidades.
Não aceitando prestar
atenção a estas aparências,
você retirará toda a vida
do problema, despojando-o
da substância que lhe dava
a sua existência: os seus
próprios pensamentos. Não
tente vencer as dificuldades
querendo lutar contra
qualquer coisa, pois assim
você estará reconhecendo
nessa qualquer coisa um
valor que não existe na
realidade. Simplesmente
se afaste do problema,
expulsando-o da sua mente,
e assim você vai retirar-lhe
toda a vida, de modo que ele
começará imediatamente a se
desagregar.
[…] Qualquer pensa­
mento que não tenha um
caráter construtivo é um
pensamento negativo. Isto
se aplica, por exemplo, aos
pensamentos de insatisfação,
de crítica, de mágoa, de
ciúme, de lástima, de doença,
de acidente e a todos os
pensamentos pessimistas ou
limitadores. O seu coração
sempre lhe dirá se um
pensamento é salubre ou
nefasto; mesmo que o seu
egoísmo se empenhe em
enganá-lo, o seu ser interior
há de guiá-lo.
[…] Assim você não
estará mais receptivo às
vibrações negativas e passará
a colher em cada dia os
frutos dos seus pensamentos
construtivos e bons. Não se
questionará mais sobre o
amanhã porque, do mais
profundo de si mesmo, você
vai confiar na vida.” – C.
 PERFEIÇÃO

or que Deus quer que cada alma emanada da Grande Alma

Universal evolua para atingir a perfeição? E quando atingirmos
a perfeição, com qual propósito voltaremos ao grande coletivo da
Alma Universal?

A concepção humana Por exemplo, podemos para o místico de modo

de propósito está sendo
aplicada, neste caso, à
função cósmica. Todavia,
quando se transfere para o
Cósmico a noção terrena
de propósito, ela é com
frequência incompatível
e incoerente. Precisamos
compreender que
filosoficamente a noção de
propósito é uma ideia da
mente humana.
Esta ideia se deve ao fato
que, como seres humanos,
podemos conceber, e de
fato concebemos, certos
fins ou metas de que ainda
não tivemos experiência
objetiva. Podemos fazer
planos para que algo
aconteça. Além disso, somos
causativos no sentido de
que nossa mente e nossos
poderes pessoais podem
manipular as forças da
Natureza e o nosso ambiente
de modo a promover a
concretização de objetivos
preconcebidos.
achar que uma dada
condição nos proporciona
satisfação. Então,
consideramo-la boa ou
benéfica. Por conseguinte,
para nós, a perfeição é uma
extensão desse bem. Dito de
maneira simples, perfeição
é, em termos, um pleroma
ou plenitude de uma mesma
coisa. Assim, neste caso,
nosso propósito é alcançar
a perfeição – a excelência
dessa coisa particular.
Podem nossas
concepções do Divino
serem compatibilizadas com
essas noções de propósito
e perfeição? O Cósmico
é incompleto em sua
natureza? Existirão coisas
ou estados estranhos à sua
natureza que se deva desejar
ou lutar para conseguir? Ter
um propósito implica em
que haja uma deficiência de
alguma função ou de algum
estado que deva ser suprida.
Para o rosacruz,
geral e para a maioria
dos filósofos morais, o
Cósmico é concebido como
autossuficiente – um todo
uno, de cuja natureza nada
se exclui. Além disso, no
Cósmico nada é imutável;
antes, todas as coisas estão
se transformando, como
disse o filósofo grego
Heráclito a respeito da
existência. No Cósmico, as
coisas não existem. Não há
objetivos fixados; não há
detalhes. Nada é suspenso
por ter alcançado um estado
final.
Os fenômenos cósmicos
específicos que o ser
humano hoje observa
podem não ter existido
cem milhões de anos atrás.
E talvez não sejam os
mesmos daqui a milhões de
anos. Tudo se encontra em
estado de fluxo, algumas
coisas demonstrando-se
mais rápidas e outras mais
lentas, segundo a maneira

12 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015

como os mortais concebem
o tempo. Todavia, também
esta concepção de tempo
não existe no Cósmico. Um
milhão de anos no infinito
poderia ser como o tique-
taque de um segundo num
relógio terreno.
O ponto importante,
então, é que todas as
coisas são potenciais em
alguma forma ou expressão
possível no Cósmico. Na
medida em que serão
percebidas pelo ser humano,
essencialmente já existem.
Consequentemente, não há
desejo ou propósito cósmico
para elas. O Cósmico é o
que é. Não pode se tornar
outra coisa nem para isto se
esforça.
A perfeição, como já
foi dito, é a excelência
de alguma qualidade, no
sentido em que os seres
humanos atribuem ao
Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015 13
vocábulo “excelência”. No
Cósmico, nada é depreciado
ou carente de excelência. O
Cósmico é o pleroma – a
plenitude desta qualidade.
É perfeito em todos os
aspectos.
O homem, porém, avalia
as coisas conforme elas se
relacionam com ele (se lhe
são benéficas ou lhe trazem
satisfação). Por conseguinte,
pode se queixar de algum
fenômeno natural ou
considerá-lo adverso caso
lhe pareça ter este sentido.
Não existem valores no
Cósmico devido à plenitude
e à igualdade de todas as
suas expressões.
Intrinsecamente, o ser
humano é cosmicamente
perfeito; isto é, faz parte
da Essência Cósmica em
sua composição física e na
Força Vital que o anima. A
perfeição espiritual e mística
que ele se esforça para
alcançar é a conscientização
de sua própria perfeição
cósmica, ou seja, saber
que é uno com o Cósmico.
Quando o ser humano
possui essa Consciência
Cósmica é, então, perfeito
em seu conhecimento e
em sua experiência. Há
uma diferença entre fazer
parte do Cósmico e estar
interiormente consciente
dessa união. É a consciência
do Cósmico que constitui
a perfeição que os mortais
se esforçam para alcançar.
Em outras palavras, é como
estarmos em harmonia com
a perfeita Essência Cósmica
de nosso próprio Ser.
Em cada existência
como mortais, devemos
nos esforçar para evoluir a
nossa consciência, ou seja,
fazer com que o ego atinja
a percepção de níveis de

consciência cada vez mais
elevados. Finalmente, a
ascensão chegará ao ponto
em que teremos plenitude
de consciência e estaremos
em estado de unidade com
o Cósmico. Isto, então,
constitui a perfeição mística
ou espiritual dos mortais.
Em conformidade com
a doutrina da reencarnação,
é dito que quando esse
estado é alcançado pelo
ser humano não há mais
necessidade de que ele
reencarne. A personalidade-
alma do ser humano, por sua
iluminação e unidade com o
Cósmico, promoveu, então, a
autoconsciência do Cósmico.
Em outros termos, a
consciência do Cósmico se
projeta através da matéria;
depois, para cima na
escala evolutiva até o ser
14 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015
humano. Finalmente, no
ser humano, como extensão
da Consciência Cósmica,
manifesta-se a percepção
do próprio Cósmico.
Quando isto ocorre, o ciclo
do Cósmico está completo,
pois então sua consciência,
percebendo a si mesma
através do ser humano,
retornou ao seu estado
original.
Não podemos dizer
que o ser humano, neste
processo, tenha cumprido
um propósito cósmico.
O Cósmico não tem
desejo algum de provocar
esse fenômeno. Antes, o
fenômeno ou a ocorrência
da perfeição espiritual do
ser humano é uma função
natural do Cósmico. Neste
processo, o homem alcança
grande inspiração, profundo
e sublime amor ou sensações
que transcendem qualquer
outro prazer que possa
sentir.
Não devemos pensar
em nós mesmos como algo
à parte do Cósmico. Não
estamos sendo usados por
ele e depois abandonados
e esquecidos. Fazemos
parte do Cósmico; todo
o processo (nossas lutas,
nossos fracassos e nossa
evolução) faz parte daquilo
que, por falta de melhor
expressão, pode ser
chamado de ordem cósmica.
Somos pequeníssimas
partículas do Todo cósmico,
como um simples elétron
numa vasta substância
material. Fomos dotados
das faculdades de razão
e vontade, pelas quais
podemos oscilar ou girar
de um lado para o outro
em nossa vida, de uma
ideia para outra, de um
curso de ação para outro,
enquanto percorremos
o ciclo que nos levará à
conscientização de nossa
unidade cósmica. Esses
fatores de razão e vontade,
em termos de tempo finito,
podem parecer atrasar nossa
perfeição, na maneira em
que concebemos o tempo,
mas teremos de atingir essa
perfeição porque somos
parte inseparável do ritmo e
da função do Cósmico. – X
 INICIAÇÃO

stou consciente da importância das iniciações no sentido de serem

rituais que objetivam nos sensibilizar quanto a determinados
aspectos dos ensinamentos rosacruzes. Contudo, gostaria que
o Fórum tecesse comentários sobre o sentido sutil da iniciação enquanto
dramatização e sobre os seus efeitos em nossas vidas profanas.

Muitos fratres e sorores latina initium, que

têm perguntas importantes
sobre as iniciações e seu
verdadeiro significado.
Quantos de vocês já ouviram
alguém dizer: “Fui iniciado à
Loja” ou então “Fiz a minha
iniciação ao nono grau do
Templo”? Quantos de vocês
não confidenciaram a um
amigo ou membro mais
adiantado que receberam
uma iniciação psíquica ou
cósmica? Quando dizemos
essas coisas, o que queremos
realmente transmitir?
Que participamos de um
ritual? Ou que tivemos
uma experiência psíquica
que não compreendemos
bem, e que por isso deve
ter sido uma iniciação? Em
outras palavras, sabemos
efetivamente o que quer
dizer iniciação? Quais são
as características de uma
iniciação?
A palavra “iniciação”
está relacionada à palavra
significa “entrar
em” ou “começo”.
Etimologicamente,
portanto, “iniciação”
quer dizer um
começo ou a entrada
em um novo curso
de ação; o início de
um novo ciclo de
crescimento. Por
outro lado, é um
ritual, cerimônia ou
método pelo qual
nos é apresentado
um determinado
conhecimento. As
antigas iniciações
aos Mistérios
tinham por
objetivo revelar
dramaticamente
uma gnose ou
sabedoria abstrusa
ao candidato.
Assim, do ponto
de vista rosacruz
a iniciação é um
ritual preparado

Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015 15

para auxiliar o estudante a
entrar em um novo cicio de
crescimento.
Será a iniciação só
isso? Quer dizer que tudo
o que precisamos fazer
é participar de um ritual
rosacruz para sermos
verdadeiros iniciados? E
o que dizer de estarmos
preparados? Estaremos
realmente preparados
para uma iniciação só
porque estudamos certo
número de monografias?
O que significa estarmos
preparados para a iniciação?
Tradicionalmente, o
candidato à iniciação deve
se submeter a certos testes.
Entretanto, ao contrário do
que muitos acreditam, esses
testes têm pouco ou nada a
ver com doenças, confusões
sociais e familiares ou outros
fenômenos de natureza
totalmente exotérica.
Antes, o candidato deve
demonstrar sua insatisfação
com a ordem prosaica da
vida. Deve se dedicar a uma
busca nascida do desejo
de provocar uma transição
de consciência – transição
que resultará numa
compreensão mais profunda
dos mistérios da vida.
Nas antigas Escolas
16 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015
de Mistérios eram feitos
testes para determinar a
preparação do candidato
para a iniciação. Pureza
moral, capacidade mental
de compreender, boa saúde
e certas virtudes como
fortaleza, temperança,
discernimento, dedicação,
etc., constituíam essa
preparação. Em outras
palavras, o candidato à
iniciação se submetia a
um teste de caráter, pois
as pessoas de pontos de
vista mais limitados – as de
caráter mais “negativo” –
são as que mais costumam
abusar ou profanar o
conhecimento que lhes é
revelado no processo da
iniciação. A incapacidade
de satisfazer os requisitos
significa a falta de
preparação para receber a
iniciação.
Se fosse considerado
digno, o candidato era
sujeitado ao processo
iniciático que consistia de
quatro partes, cada qual com
a finalidade de impressionar
sua consciência. A primeira
dessas partes é a Separação,
que simboliza o rompimento
com a antiga maneira de
viver. Nessa fase do ritual,
o candidato tinha os olhos
vendados ou era colocado
numa câmara pouco
iluminada, representando
a relativa ausência da luz.
Enquanto vivenciava a
escuridão da ignorância,
vários ruídos eram às
vezes intencionalmente
produzidos na câmara, a
fim de representar o caos da
mudança de um estado de
vida para outro.
A segunda parte do
processo é a Admissão,
simbolizando o
renascimento. Durante essa
fase, o candidato deveria
aprender que estava a
renascer em consciência
e que devia deixar para
trás conceitos e costumes
errôneos, de modo a se
elevar a uma percepção mais
refinada da existência.
O terceiro aspecto da
iniciação é a Exposição, que
simboliza a revelação. Nessa
fase do processo iniciático,
o candidato vê revelados
em sua consciência certos
sinais, símbolos, percepções
e verdades sagradas.
Em outras palavras, a
consciência do candidato
se torna iluminada,
aumentando sua capacidade
de compreensão.
O quarto e último
aspecto do processo é o mais! Por isso os rituais de da iniciação? Que fase da
Retorno, simbolizando a iniciação no sanctum do lar consciência é iniciada?
volta ao mundo exterior podem ter um significado Uma indicação de
para servir a humanidade, muito maior no que se refere qual fase da consciência
pois assim como recebemos à verdadeira iniciação, pois passa pela iniciação pode
devemos dar. O candidato, apresentam a vantagem de ser discernida através da
entretanto, jura manter induzir o Eu a falar ao Eu. organização do Templo
secreta a experiência, Presumindo-se, Rosacruz. Como a maioria
embora seus resultados portanto, que o candidato já sabe, a disposição do
devam ser aplicados à vida realmente tenha iniciado sua Templo Rosacruz simboliza
no mundo exterior. Esses consciência, o que acontece a fase subconsciente da
quatro aspectos da iniciação depois? Após a iniciação, mente que, de acordo com
estão incorporados a todos a jornada se torna mais os nossos ensinamentos, é
os rituais de iniciações fácil, ou continua o neófito a mente essencial do corpo
rosacruzes. a enfrentar o desafio dos psíquico. Como em todos
Por mais impressionantes testes e das tribulações? O os planos de existência,
que possam parecer essas que realmente ocorre na a mente subconsciente é
fases da iniciação, elas não consciência como resultado dual. Essa dualidade se
passam de atos exteriores
planejados para auxiliar
psicologicamente a indução
ao estado adequado de
consciência pelo qual
o candidato é efetiva e
interiormente iniciado.
Esses atos auxiliam o
candidato a iniciar sua
própria consciência, pois
eles não fazem a iniciação.
Em última análise, é o
candidato quem deve fazer
a iniciação, pois nenhuma
pessoa pode iniciar outra.
Assim sendo, o papel dos
Oficiais nas iniciações de
Templo dos rosacruzes
é simplesmente o de
preceptores ou guias, e nada

Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015 17

manifesta, em parte, na
receptividade da mente
subconsciente a sugestões
vindas do interior e do
exterior. Essencialmente, a
fonte da sugestão interior é
representada na mente pelo
“Deus de nosso coração”,
cuja presença no Templo
Rosacruz é representada por
um lado pela Shekinah e
por outro pela luz de nossa
compreensão, o Mestre
Interior, cuja posição no
Templo é representada pela
estação do Mestre no Leste.
Entre a estação do Mestre e
a Shekinah está o Sanctum,
ou Câmara da Iniciação.
Todas as iniciações
rosacruzes acontecem
18 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015
no Sanctum. Em outras
palavras, a iniciação envolve
o fluxo de vibrações entre o
Deus de nosso coração na
Shekinah e o Mestre Interior
no Leste do Templo.
Quando, em total
merecimento e humildade,
levamos nossa percepção
subjetiva, nosso senso do
Eu, para a corrente da divina
refulgência representada
pelo Sanctum, esse simples e
sagrado ato estimula, vivifica
e harmoniza o fluxo de
energia no corpo psíquico, e
nos tornamos receptáculos
de luz e poder a um grau
ainda maior. Interiormente,
essa conjunção alegórica
das três luzes de nosso ser
nos faz vivenciar algo que
se manifesta exteriormente
como uma compreensão
mais profunda, uma visão
mais abrangente, uma
espécie de retirada do véu da
obscuridade e da ignorância.
Após a transição, quando
a fase mortal e subjetiva da
consciência desaparece, é
essa visão mais abrangente
– essa Luz da consciência
psíquica – que continuará
banhando e energizando o
corpo psíquico e criando as
condições para a encarnação
seguinte. Essa mesma Luz
modelará e iluminará a fase
subjetiva da mente quando
o corpo psíquico novamente
habitar um corpo físico na
encarnação seguinte. Assim,
os frutos de nossos labores –
a colheita de nosso presente
ciclo de crescimento
no plano material – são
preservados e passam de
uma encarnação para outra,
revelando-se na forma de
talentos, capacidades e,
acima de tudo, caráter.
Quer isso dizer, então,
que nossa vida desabrochará
sem mais desafios, sem
testes e tribulações, após
sermos iniciados?
Vamos relembrar uma
característica essencial da
iniciação, que é o chamado
para a mudança, para um
novo curso de ação – um
novo padrão de vida e
de ser. Vamos relembrar,
ainda, que tudo aquilo que
é persiste em seu esforço
de ser. Esse ininterrupto
esforço para existir é tão
parte do mundo físico como
do mundo metafísico e
psíquico, pois a distinção
entre o que chamamos
“físico” e “psíquico” está
somente nas limitações
impostas por nossos
sentidos de percepção.
Dessa forma, nossos velhos
hábitos e atitudes, como
entidades metafísicas,
persistem em seus
Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015 19
esforços de continuação,
ainda que pela iniciação
tenhamos iluminado nossa
consciência. A iniciação,
portanto, assinala o início
do trabalho. Esse ponto
talvez seja melhor ilustrado
por um exemplo. O caso que
vamos relatar é verdadeiro
em todos os detalhes e
mostra claramente que a
iniciação não é senão um
começo, uma espécie de
indicação do caminho.
Estou certo de que nós
todos nos lembramos de
nossa primeira iniciação
na AMORC – aquela que
assinala nossa entrada no
Primeiro Atrium de nossos
estudos. Muitos membros
relatam que nada aconteceu
quando realizaram o ritual;
outros contam que não
o realizaram porque lhes
pareceu sem importância;
outros, ainda, relatam que
isso provocou uma mudança
em suas vidas.
Um frater cuja vida
se modificou por essa
iniciação nos contou que,
após fazer o ritual, tornou-
se agudamente consciente
de que estava realmente
em comunicação com
o Eu Interior. Com essa
compreensão, veio-lhe o
pensamento de que deveria
fazer uma pergunta de vital
importância na época. Ele
perguntou ao Eu Interior:
“Por que é tão difícil, para
mim, me relacionar com
meu pai?”. “Porque você é
muito parecido com ele”,
respondeu a Voz Interior.
Espantado, o frater
sentou-se para pensar nessa
resposta inusitada, pois ele
nunca tinha se considerado
parecido com o pai, nem
de longe. Tinha sempre
se considerado refinado
e evoluído demais para
ser como aquele homem!
Contudo, o frater nos
contou que depois daquela
noite ele pôde afirmar, sem
possibilidade de erro, que
havia, tinha que haver, um
Eu Interior, pois ele jamais
falaria daquela forma!
Naturalmente, o frater
aceitou sem reservas o
veredito do Eu Interior.
Não obstante, o novo
conhecimento adquirido
pelo nosso frater sobre
sua relação com o pai não
dissolveu milagrosamente
a antiga maneira de
ser entre ambos, sendo
substituída por outra mais
harmoniosa. Ao invés
disso, o novo conhecimento
colocou nos seus ombros
a responsabilidade
de modificar esse
relacionamento, pois
ele tinha recebido um
esclarecimento a respeito.
Ele tinha buscado e
recebido, e portanto lhe
cabia dar conforme recebera.
Assim, após a iniciação, o
frater foi confrontado pelo
real desafio da autoanálise
e da autotransmutação. Em
outras palavras, o verdadeiro
trabalho – a verdadeira
transição de consciência –
veio-lhe após a iniciação,
pois esta é como a ação
criadora na semente da vida
que, após o devido tempo
de gestação, dá nascimento
té que ponto a inspiração divina deve condicionar nossas escolhas e
iniciativas no mundo profano?
Certa vez recebemos
em nosso Departamento
de Instrução uma carta de
um frater que dizia: “Eu
gostaria de fazer mudanças
importantes na minha
vida, mas estou esperando
inspiração para saber
exatamente o que fazer”.
Essa assertiva nos relembra
uma divertida fábula de
20 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015
a nós mesmos. A iniciação
nos força a agir, nos
impelindo para a senda da
evolução!
Para encerrar,
desejamos lembrar que, ao
participarmos dos rituais
rosacruzes, seja no sanctum
do lar ou no Templo, a real
aceleração da consciência
não precisa ocorrer
necessariamente no decurso
do próprio ritual. Se isso
acontecer, ótimo; mas se
não ocorrer, não devemos
pensar que fracassamos
ou que fomos deixados
de lado. Mais importante
que isso, não devemos nos
considerar menos do que os
que afirmam ter vivenciado
INSPIRAÇÃO DIVINA
uma região da Europa. As
pessoas daquela região
contam deliciadas a antiga
estória de um anjo que,
quando em vida, era um
trapaceiro travesso, mas que
foi reenviado à Terra para
entregar uma mensagem
importante e inspiradora
à humanidade. Ao chegar
em terra firme, o anjo
vários tipos de experiências
psíquicas. Com muito maior
frequência o candidato se
inicia antes ou depois da
realização física do ritual.
Portanto, se você tem
dúvidas quanto a ser ou não
verdadeiramente iniciado da
AMORC, basta examinar sua
vida, suas atitudes e seu senso
de valor pessoal para verificar
se, em seus anos de afiliação,
se aproximou mais de seu
ideal. Se sua vida mudou
para melhor, então terá sido
iniciado. Se, por outro lado,
sua vida não tiver melhorado,
então seria uma boa ideia
voltar à Iniciação ao Primeiro
Atrium e permitir que o “Eu
fale ao Eu”. – L
viu uma taberna, entrou
e lá ficou a beber e a se
distrair. A estória conclui
dizendo: “é por essa razão
que, mesmo muitos anos
depois, as pessoas daquele
lugar continuam esperando a
inspiração divina!”.
À parte este aspecto
humorístico de ficar
esperando orientação
 celestial, chega um tempo usam computadores. Os
na vida da maioria dos especialistas aconselham os
estudantes de misticismo escritores que enfrentam
em que o caminho essa condição a deixar a
adiante é incerto e se escrita por um tempo e
hesita em dar um passo fazer algo completamente
firme para qualquer lado diferente ou então a
que seja. Uns podem simplesmente começar a
desejar uma mudança escrever, ainda que não
de carreira profissional; seja contextualizado com
outros talvez atender aquilo que estavam criando.
uma situação doméstica O objetivo desse último
que exija séria atenção – conselho é manter os
para não falar de outros “sucos criativos” fluindo e
problemas com os quais ter confiança no fato que
um estudante rosacruz o clarão da inspiração no
pode se defrontar. fim das contas encontrará
Tendo uma natureza uma avenida de entrada
conscienciosa, o estudante na mente. Isto funciona
deseja permanecer em analogamente à antiga
harmonia com o Cósmico, técnica rosacruz que
não embarcando numa consiste em liberar um
sequência de ações pensamento na Mente
infrutíferas. Cósmica, como na fase final
A título de ilustração da técnica de visualização.
desse impasse um tanto Se desejássemos ser
quanto frustrante na vida completamente honestos
do místico, vemos que com nós mesmos (e
na área das belas artes as sempre deveríamos
pessoas frequentemente ser!) e audaciosamente
têm a experiência de assumíssemos uma posição
não saber o que fazer equivalente a dizermos
de um determinado “Não vou fazer nada até que
ponto em diante. Todos Deus me diga o que fazer”,
já ouvimos falar, por então de fato estaríamos
exemplo, do “bloqueio do tentando transferir o fardo
escritor” ou do “bloqueio de nossa escolha – de nossa
do programador”, responsabilidade – para o
para aqueles que Cósmico. Isso é claramente

Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015 21

ridículo. Temos livre-
arbítrio e precisamos usá-lo.
Ao mesmo tempo, é
perfeitamente compreensível
que, ao chegar a uma
verdadeira encruzilhada na
vida e a escolha do caminho
for na melhor das hipóteses
incerta, o místico sensível e
prudente então queira evitar
cometer um erro dramático.
Um frater nos relata que
estava num momento de
estagnação mental quanto à
sua habilidade para escolher
uma carreira adequada para
sua vida e então optou por
se alistar no exército. Seu
raciocínio foi o seguinte:
ele teria então quatro anos
para pensar a respeito e
decidir o que fazer da vida.
Infelizmente ele terminou
seu treinamento militar
e ainda não sabia o que
fazer consigo mesmo. Mais
tarde se deu conta das
oportunidades maravilhosas
que havia deixado passar
durante o seu tempo de
serviço. Por exemplo, o
exército lhe havia oferecido
instrução gratuita em
muitos cursos diferentes.
Também havia tido acesso
a bibliotecas militares na
base e tido muito tempo
extra para dedicar ao estudo
e à pesquisa. Contudo, não
22 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015
havia tirado proveito
daquelas
oportunidades,
essencialmente
gastando quatro
anos à espera
de inspiração.
Foi com grande
lástima que,
finalmente, se
deu conta de seu
erro.
No âmbito
das artes
performáticas,
atores
contam com
frequência ou não. O ato de cumprir
sobre sua grande dificuldade a função de escrever lenta
de interpretar um papel. e magicamente age como
A personagem que devem sugestões sutis dadas à
retratar não “ganha vida” mente, que por sua vez se
para eles. Eles se sentem motiva para o tipo adequado
frustrados por não poder de pensamento.
entrar na pele de uma Um famoso compositor
personalidade e sua atuação e músico de jazz conta
não é convincente. Um bom a história de como ele
diretor vai encorajar com também, num momento
frequência tal intérprete a crítico de sua carreira,
tentar algo – qualquer coisa se sentia totalmente sem
– na interpretação, mas não ímpeto emocional e sem
para apenas para cumprir ideias motivadoras com as
a função de esperar para quais criar novas músicas.
“sentir a personagem”. Como Seu desejo de criatividade
indicado anteriormente, tal musical, ele confessa,
conselho é similar àquele havia secado. Certa noite,
que é dado aos escritores, enquanto dirigia, ele proferiu
qual seja: começar a uma prece silenciosa
escrever, estando disposto e fervorosa pedindo
ajuda. Começou a nevar
muito. Um pensamento
esclarecedor logo se revelou
em sua consciência: cada
floco de neve é diferente,
independente de quantos
sejam os milhões de flocos a
cair. Ele logo associou aquele
pensamento à criatividade
musical e percebeu que
era impossível que um
compositor exaurisse a
Inteligência Infinita de
inspiração. Teve consciência
então de que Deus não era
desprovido de recursos e
que cabia a ele sintonizar-se
a fim de recebê-los. Aquele
pensamento – aquela
mensagem numa noite
de neve – o revitalizou
e fez com que voltasse a
compor estando certo e
confiante no fato que ajuda
e orientação internas estão
sempre presentes para todos
aqueles que sinceramente
as procuram. Essa narrativa
ajuda a revelar dois pontos
importantes relativos à
inspiração e ao fato de se
encontrar um caminho na
vida.
O primeiro ponto diz
respeito à relação entre o
estudante e a Mente de Deus.
Se desejamos obter ajuda
do Infinito – o Supremo
Arquiteto do Universo –,
Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015 23
compete a nós lembrar que
a nossa consciência deve
ser elevada até Ele a fim de
mesclar-se harmonicamente
com algo que é de uma
frequência muito mais
elevada. Nosso desígnio tem
de ser puro, não maculado
de malícia. Deve ser claro
e formulado de modo
simples, devendo representar
(conforme é salientado
em nossas monografias)
a extensão completa dos
nossos poderes de raciocínio
antes de o apresentarmos
ao Eu Interior no intuito de
obter orientação cósmica.
O segundo ponto
relembra a última parte
de qualquer pedido ao
Cósmico. O aspecto final
de uma súplica sincera ao
Cósmico, ou de uma clara
visualização que queremos
manifestar em nossas vidas,
é liberar o pensamento.
Outra analogia nos ocorre:
a esposa de um membro
nos escreveu recentemente
e relatou o seguinte sobre
seu marido: “Ele está
fazendo os seus exercícios de
visualização para conseguir
um emprego. O problema
é que ele fica sentado aqui
em casa, aparentemente
esperando por algum
tipo de direcionamento
ou revelação”. O que esse
frater estava fazendo é
uma interpretação errônea
dessa técnica mística vital.
Em outras palavras, depois
de entregar um pedido ao
Cósmico, cabe então a nós
sair para o mundo e tentar
fazer algo a respeito da
nossa situação. Se fizemos
o pedido e o visualizamos
corretamente, devemos
então permanecer abertos
à inspiração, à orientação
e ao direcionamento do
Mestre Interior ao passo
que lidamos com nossas
tarefas e esforços no sentido
do autoaprimoramento.
Para colocarmos a questão
de forma simples, a Mente
Cósmica quer trabalhar em
harmonia conosco, e nós
agimos errado se tentarmos
deixar Deus fazer todo o
trabalho.
Portanto, ao procurarmos
aquela fagulha divina –
aquele tremor estimulante
de inspiração –, devemos
fazer tudo o que podemos
para sermos dignos de tal
presente antes de sermos
agraciados com ele. Temos
de fazer o trabalho e
convidar esse presente para
dentro de nossas vidas.
(Fórum Rosacruz
de língua inglesa)
 IMPORTÂNCIA DO MISTICISMO

or que o misticismo é interessante para as mentes progressistas?

Como pode a compreensão mística das coisas ajudar-lhes em suas
vidas e em seus empreendimentos?

Porque há na consciência mais profundos mistérios

de todo pensador
progressista um desejo
inerente de pesquisar a
origem das coisas, o mistério
da vida e o do propósito
supremo da nossa existência.
Nos primórdios da história
da civilização, essa pesquisa
consistia na penetração
profunda no aspecto místico
da nossa existência e, assim,
o misticismo tornou-se
uma eminente e profunda
escola de pensamento. Para
as mentes não-esclarecidas,
o misticismo é hoje
erroneamente associado
com o mistério e a magia;
no entanto, não há magia
no misticismo, e o único
mistério que nele persiste
é aquilo que ainda não foi
respondido ou solucionado.
O misticismo representa as
mais elevadas expressões
da Verdade, e o estudo do
misticismo é o estudo da
Verdade em toda a sua
imaculada pureza e em suas
prístinas manifestações.
O misticismo não é uma
religião, embora revele
e explique os maiores e
religiosos. Não é tampouco
um estudo anticientífico,
embora não dependa
das descobertas
da Ciência
para o seu
conhecimento e
aceite muitas de
suas verdades
não só pela
revelação
como
através da
observação
analítica
das mentes
objetivas,
utilizando-
se de todo
processo científico
conhecido do ser humano.
Não é apenas uma filosofia
porque orienta a mente
para a aplicação prática reconhecido por todo
de seus princípios com a artista, músico, arquiteto,
mesma insistência com que inventor ou artesão criador
dá ênfase à necessidade da que o misticismo é a trama
inspiração pela meditação. com a qual ele pode tecer
É fato geralmente as inspiradas impressões
reconhecido por todos os para compreensão objetiva.
eminentes teólogos que a Vemos, assim, que o
essência da religião é o seu misticismo é a própria
misticismo; e é igualmente essência dos nossos mais

24 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015

elevados pensamentos e
do nosso mais nobre viver,
e sem ele como elemento
da Natureza e escola de
instrução o homem se
torna apenas parcialmente
educado e não adquire
conhecimento total das
belezas, dos poderes e das
bênçãos da existência.
A compreensão mística
de todas as coisas que
existem leva o ser humano
a uma comunhão mais
íntima com as leis naturais
do universo e elimina de
sua consciência o temor do
desconhecido e o medo das
coisas mal compreendidas.
Isto resulta em maior paz
para a sua alma e para a
sua mente, maior poder
de vontade e mais firme
determinação de cooperar
com as leis que conhece, a
fim de superar os obstáculos
e as limitações de sua vida
na Terra.
Entre outras benesses, dos efeitos da doença e
o estudo do misticismo lhe das más influências.
propicia o seguinte: • Estimula suas faculdades
• Uma visão mais ampla perceptivas, despertando
da vida com seus e desenvolvendo as
milagres e mistérios, funções intuitivas de
expandindo o horizonte sua mente e tornando-o
de sua compreensão e de muitas maneiras
aumentando seu campo fortalecido para superar
de solidariedade e as provas e situações
harmonização. decorrentes de suas
• Capacita-o a antecipar os atividades diárias, o que
resultados inevitáveis de
resulta em maior sucesso
certos atos de sua vida,
e felicidade.
preparando-os para os
O místico está sempre
mesmos.
alerta para as coisas mais
• Elimina a dúvida
finas, mais elevadas,
relativa às consequências
melhores e mais reais
de outros atos,
proporcionando-lhe o da vida, e ele encontra
poder para prosseguir em prazer, satisfação e paz em
sua existência com mais condições e circunstâncias
certeza e segurança. em que outros permanecem
• Harmoniza o corpo deprimidos, perplexos e
físico com os princípios desencorajados.
criativos e, desse modo, (adaptado do livro
proporciona melhor “Perguntas e Respostas
saúde e maior libertação Rosacruzes”)

TRANSIÇÃO PREDETERMINADA

momento da transição é predeterminado?

Nos ensinamentos média da vida de uma de séculos atrás, que era de

rosacruzes se estabelece
que o homem poderia
viver cerca de 144 anos. De
acordo com os postulados
da ciência, a duração
pessoa é, atualmente, de
setenta a oitenta anos. Isto
constitui um verdadeiro
progresso se comparado
com a expectativa de vida
aproximadamente quarenta
anos.
Portanto, é indubitável
que a duração da vida possa
se prolongar. Naturalmente,

Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015 25

se uma pessoa vive de
acordo com as leis naturais,
se cuida de sua saúde, se
segue uma dieta equilibrada
e se realiza exercícios físicos
com regularidade, alcançará
uma idade avançada.
Contudo, as exigências
da vida social, o descuido
consciente ou inconsciente
de princípios vitais e os
maus hábitos herdados do
passado ou os novos que
estabelecemos – inclusive no
que tange o comportamento
coletivo da humanidade
– nos impedem de chegar
àquela idade que os nossos
ensinamentos situam
próximo de 144 anos.
O fato que o homem
poderia prolongar o
26 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015
período de sua vida, caso se
decidisse a fazê-lo, pode ser
comprovado cientificamente
– e isso também é possível
do ponto de vista cósmico.
A hora da morte não está
fixada de nenhum modo.
Em outras palavras, os seres
humanos são responsáveis
pela duração de suas vidas,
pois nesse particular não há
predestinação e nem “destino”.
Tal coisa é incompatível com
qualquer ideia de que haja
uma justiça divina.
Se fôssemos vítimas do
destino haveria razão para
censurar aqueles que se
esforçam com afinco para
conseguir a qualquer custo
e o quanto antes aquilo que
desejam na vida. Se a hora
da morte fosse estabelecida
de antemão, para que
haveríamos de atender
os enfermos? Se sua hora
houvesse chegado, não se
recuperariam com nada
e nenhum tranquilizante
seria suficiente para
ajudá-los a enfrentar esse
período difícil. A crença
na predestinação redunda
em acreditar no fatalismo.
Uma pessoa que leva seu
cachorro ao veterinário para
que este acabe com o seu
sofrimento com uma injeção
poderia dizer com toda a
sinceridade: “chegou a hora
dele”? Ou poderia no meio
do caminho mudar de ideia,
determinando que ainda
não é a hora dele morrer?
 Admitir que a hora da
morte está predeterminada
significa negar a validade
da investigação científica
cujo propósito é prolongar
a vida. Por que haveríamos
de repreender alguém por
levar uma vida dissoluta,
aconselhando-o a ser mais
moderado e incitando-o
a se comportar com
propriedade, se de qualquer
jeito ele não viverá um dia a
mais nem um dia a menos?
De que serviria a grande
quantidade de literatura
sobre os diferentes métodos
para conservar a boa saúde?
Que desperdício de tempo e
de esforço seria!
A natureza inteira
revela o erro do conceito
de que a hora da morte
está fixada previamente.
Para comprovar isso, basta
olharmos ao nosso redor. Se
cuidarmos das roseiras do
nosso jardim, elas durarão
muitos anos e nossos
amigos vão admirar as belas
rosas que elas produzem.
Se descuidarmos, elas
perecerão.
Quando enfrentamos a
transição de uma pessoa
conhecida ou de um ente
querido, na realidade não
Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015 27
nos consola pensar que
havia chegado a sua hora;
pensamos e atuamos de
maneira oposta, conforme
uma convicção quiçá
inconsciente de que a
hora da morte não está
predeterminada.
Um estudante rosacruz
tem que compreender
claramente que a transição
é a experiência suprema da
vida. Naquele momento,
a consciência é capaz
de apreciar com mais
intensidade o seu aspecto
espiritual. A percepção
da alma, por assim dizer,
é extremamente intensa.
Depois de tudo, naqueles
momentos uma vida inteira
se sintetiza numa impressão
final: de algum modo, é a
imagem concentrada de
toda uma vida. Ao mesmo
tempo se obtém consciência
da razão dessa experiência
final. Poderíamos dizer que
em nenhum momento de
sua vida o moribundo viveu
tão intensamente.
As circunstâncias são
tão variadas quantas são
as múltiplas experiências
pelas quais o ser humano
passa. Podem ser causadas
pelo carma de uma vida
pregressa ou até mesmo
da atual: não apenas
compensam as ações de
uma vida como também
constituem uma lição
fundamental para aquele
que recebe essa Grande
Iniciação. A transição não
é uma provação dolorosa
e nem difícil para quem
deixa o plano terreno. A
personalidade-alma não
sofre as dores de que padece
o veículo físico que ela está
abandonando.
Há exceções ao
princípio segundo o qual
o momento da morte não
está predeterminado, mas
apenas as circunstâncias?
Não existe nenhuma.
Disse o frater Ralph M.
Lewis, nosso ex-Imperator:
“Algumas pessoas aprendem
muitas lições em cinquenta
anos, ao passo que outras
aprenderiam as mesmas
lições apenas se vivessem
um século”. Isso quer dizer
que uma vida não se avalia
de acordo com o período
que a caracteriza. É melhor
viver uma vida curta bem
empregada do que uma
longa e pouco frutífera.
HCI
 ILLUMINATI

uvimos falar que personalidades tais como Goethe ou Eckartshausen

eram associados à Ordem dos Illuminati, que teria sido composta
predominantemente por rosacruzes. Até mesmo a prestigiosa
Encyclopædia Britannica confirma isso. Contudo, é dito por outro lado que
essa organização teria sido fundada por Adam Weishaupt em 1776. O Fórum
poderia dar mais explicações sobre os Illuminati?

As referências aos particularmente pelos Romana. Os Illuminati

Illuminati frequentemente
envolvem observações pouco
lisonjeiras. Isso se deve a um
incompleto entendimento
da história da palavra e à
deturpação de seu significado
original por determinados
grupos de indivíduos.
Muitos rosacruzes se
desapontam quando se lhes
diz que os Illuminati não
são a organização mística ou
espiritualmente idealista que
eles acreditavam. E, de fato,
existe uma conexão negativa
associada a essa palavra.
Illuminati é de origem latina
e significa “os iluminados”. A
palavra também é derivada
de “iluminação”, ou seja, luz,
que deve ser interpretada
tanto no sentido intelectual
quanto no do fenômeno
físico.
A palavra e o seu
equivalente em outras línguas
remontam à Antiguidade
e foram usados por ordens
esotéricas, místicas e secretas,
rosacruzes, significando
um estado mental máximo
de iluminação. Em poucas
palavras, aqueles que, em
seus estudos místicos e
filosóficos, adquiriram um
domínio dos ensinamentos
e doutrinas que lhes haviam
sido disponibilizados,
conferindo-lhes a dignidade e
a honra de serem Illuminati –
“os iluminados”.
Tal indivíduo devia dar
provas de mais do que um
domínio intelectual dos
ensinamentos da ordem
mística ou metafísica da
qual fazia parte. Seu caráter
moral também tinha de ser
da mais alta qualidade. Essas
qualificações são a distinção
original associada à palavra
Illuminati e ao grau da
AMORC designado por esse
nome.
No século XVI, os
verdadeiros Illuminati foram
suprimidos na Espanha pela
inquisição da Igreja Católica
eram “livres pensadores”.
Buscavam individualismo ao
expressar seus pensamentos,
o que os punha em
conflito com as doutrinas
restritivas da Igreja. A ação
perpetrada pela inquisição
e a publicidade feita
sobre o caso fizeram com
que as pessoas, ademais
desinformadas, pensassem
que os Illuminati fossem
algum movimento nefasto.
Em 1776, uma sociedade
maçônica secreta de
contornos políticos
foi formada por Adam
Weishaupt, um professor
de lei canônica, ou seja, de
processos legais internos à
Igreja. Embora Weishaupt
tivesse sido educado pelos
jesuítas, seu ato de formar
uma sociedade maçônica
secreta fez dele um apóstata
perante a Igreja. Como
resultado disso, Weishaupt e
seu corpo maçônico foram
acusados de antijesuítas e
foram suprimidos em 1785.

28 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015


Weishaupt pessoalmente
também foi classificado de
“livre pensador” na época. O
termo era quase considerado
herético pela Igreja porque
essas pessoas não aceitavam
as doutrinas dogmáticas
da religião predominante.
Weishaupt e sua ordem
maçônica, que ele próprio
havia criado, também foram
acusados de interferência
política. Ele advogava
liberdade de pensamento
nas escolas e o direito das
pessoas de ler qualquer
livro que desejassem –
inclusive aqueles contrários
à autoridade teológica. Essa
campanha de liberação de
sua parte e sua oposição à
Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015 29
influência política da Igreja
fizeram com que Weishaupt
fosse acusado de muitos
atos dos quais ele não era
culpado, como por exemplo
maquinar uma revolução. A
literatura da época tornou
pública a alegada vilania de
Weishaupt e os Illuminati
foram erradamente
associados a ele.
Na verdade, os
verdadeiros Illuminati já
existiam muitos séculos
antes do tempo de
Weishaupt. Eles não tinham
conexão com a sociedade
dele e não participavam
de nenhuma cruzada
contra a religião ou contra
os assuntos seculares da
época. No entanto, obras de
referência continuaram por
um longo período a associar
a palavra ”Illuminati”
com Weishaupt e suas
atividades. O nome ficou
então estigmatizado por
indivíduos que fizeram mau
uso dele para seu proveito
pessoal.
No século XVIII, as
palavras “Iluminação” e
“Illuminati” mais uma
vez ganharam a atenção
pública, mas de outra
forma. Era o período do
começo do Iluminismo e
as palavras eram usadas em
conexão com o interesse
despertado pela razão
científica e filosófica – ou
seja, o apelo à razão em
oposição à aceitação cega
da fé. Naturalmente, os
Illuminati daquele período
não estavam associados
com o uso contínuo e mais
antigo do termo pelas
referidas ordens secretas. A
palavra estava então mais
identificada com homens
e mulheres que, na época,
dedicavam-se ao uso do
pensamento individual em
“oposição à confiança na
autoridade externa”. Esse
período foi marcado pelo
crescimento dos sistemas
metafísicos originados na
obra dos filósofos Descartes
e Leibnitz. ZPP
 VIVER EM FUNÇÃO DE ALGO
lícito, do ponto de vista cósmico, viver em função de alguma coisa?
Uma coisa é viver, porém
outra completamente
diferente é ter algo a
que dedicar a vida.
Instintivamente lutamos
para viver, assim como faz
a mais simples das criaturas
vivas. No que tange os seres
chamados inteligentes,
contudo, viver vai mais
além da preservação da
entidade física. Não satisfaz
a inteligência humana ser
apenas um ente animado
e consciente. A vida, no
sentido biológico, é ação. Ela
é dinâmica. Um ser humano
saudável – uma pessoa
normal – gera uma energia
física e mental que precisa
ser dissipada de alguma
forma. A função dessa
energia cinética resulta na
produção de algum tipo
de trabalho. Fisicamente,
pode resultar na locomoção
do corpo ou na aquisição
de alimento, ou ainda em
outras coisas ou condições
necessárias à gratificação
sensorial.
30 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015
A mente e a
individualidade também
têm seus objetivos – suas
metas a serem alcançadas.
Uma mente inteligente
revela energia mental: um
estado passivo não lhe é
condizente. A consciência
objetiva está continuamente
alerta a todas as impressões
de seu meio. Como
resultado disso, o indivíduo
inteligente é observador,
analítico e inquisidor.
Se sua consciência não
puder se focar em algo
que a ocupe, ocorre um
desassossego mental que
produz irritabilidade e
aborrecimento. Se por um
lado é uma tortura negar ao
corpo atividade e restringir
suas funções, por outro, da
mesma forma, a mente é
torturada se for confinada
ou inibida por não ter um
escape.
A mente se satisfaz pela
realização de ideais. Algo
que é concebido como sendo
essencial para a satisfação
intelectual é considerado um
desejo mental. Tais desejos
têm tanta eficácia quanto
os físicos. A menos que a
mente seja capaz de realizá-
los, ao menos em parte,
ocorre aquela irritação que
psicologicamente constitui
a infelicidade na vida do
indivíduo. Foram motores
como estes, que subjazem
a natureza humana, que
promoveram o progresso
da humanidade. Embora a
autoafirmação possa às vezes
ser mal orientada, isso não
diminui sua importância
para o progresso humano.
O self, significando o
agregado da personalidade
humana – física, mental
e moralmente – tem seus
objetivos. Da mesma
forma, ele não pode
permanecer estático sem
causar desarmonia e várias
alienações à personalidade
como um todo. O intelecto
interpreta como ideais as
finalidades às quais o self
aspira. O motor do self
opera na forma de impulsos
emocionais e psíquicos que
se originam nas profundezas
do subconsciente. Eles são a
consequência da “memória
das células” e da mutação
dos genes desenvolvida
como um ajuste da vida
a incontáveis gerações.
Esses impulsos do self são
também a resposta da
consciência e da própria
força da vida às forças
universais das quais eles são
parte integrante. São como
um débil eco, não muito
nítido, embora pungentes
o suficiente para penetrar
e influenciar a modelação
de nossos pensamentos.
Esses impulsos constituem
a vontade moral. Eles fazem
com que adaptemos nosso
comportamento a eles para
dessa forma dirigir
nossas
Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015 31
vidas – física e mentalmente
– e satisfazer o ego. Nossa
filosofia de vida, sendo
ou não expressa por nós
em palavras, é entretanto
manifestada em nossas
ações. Nossos atos e ideais
se ajustam àquilo que é
ditado pelo self.
As coisas pelas quais
vivemos devem ser íntimas.
Elas devem se originar nos
elementos de nossa própria
natureza; de outra forma,
a vida se torna estranha e
vazia para nós. Seguir os
costumes e convenções da
sociedade ou as práticas
de outros, “mantendo as
aparências”,
proporciona
apenas
um prazer
superficial e transitório
se efetivamente não
corresponder àqueles
ideais relacionados aos
elementos de nossa própria
personalidade. É irrelevante
se os outros concordam com
sua busca na vida. O que
importa é que ela represente
o valor da vida para você.
Aquilo que você determina
como a finalidade de sua
existência deve consumir
a atividade de seu corpo e
de sua mente e gratificar
os elementos do self. Isso
é viver. O ser animado
deve realizá-lo, ou terá
falhado. Do ponto de vista
biológico, reproduzir-
se é uma forma de
realização da
vida. Contudo, isso deixa a
mente e o self inatingidos.
É necessário que estejamos
constantemente conscientes
de nossa natureza trina.
Uma finalidade sensorial
na vida, provendo apenas
prazeres físicos à custa
de não se despertar o
talento e não se cultivar a
mente, significa limitar as
possibilidades de uma vida
mais completa.
Autoavaliação é algo de
vital necessidade para que a
vida valha a pena. Pergunte
a si mesmo: “por que você
quer viver?”. A resposta
pode ser chocante. De fato,
disso, será algo pelo qual cujos meios de proporcionar
você pode achar difícil
você está se esforçando? Se satisfação sejam limitados
dar uma resposta a essa
se tratar de um objeto, será às suas propriedades ou
questão. Quando você pensa
que o prazer que deriva qualidades próprias logo
na vida como um meio
dele não reside apenas no perde seu apelo. Logo
que desemboca num fim,
sentimento de possuí-lo? entendemos que os prazeres
o que esse fim representa
Algo que dá satisfação não podem ser um único
para você? Em termos de
apenas por se saber que foi tipo de estímulo; eles devem
atividade, o que lhe traria
adquirido é evanescente. É variar ou sua monotonia
a maior das felicidades?
momentâneo. A satisfação se tornará exasperadora.
Pode ser algo desconhecido
perde sua intensidade e a Portanto, aquilo que se
até o momento, mas que lá
pessoa é forçada a buscá- busca deve ser um meio de
no fundo espera realizar.
la em outra coisa – muitas desencadear um processo
Depois, pergunte a si mesmo
vezes num objeto ilusório. de satisfações interiores,
se aquilo que você procura
Se algo deve ser buscado, pois do contrário o seu
se encontra dentro da sua
isto deve ser apenas um atrativo estará fadado a
potencialidade. Será que
instrumento para se criar uma existência efêmera.
você tem condições físicas,
um prazer mais permanente Os mesmos princípios
saúde, inteligência e desejo
naquele que o busca. Algo psicológicos e filosóficos se
de conseguir aquilo? Além

32 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015

aplicam às finalidades da
vida que estão relacionadas
a acontecimentos
particulares. Estes não
devem ser momentâneos
em seus efeitos, mas
também motivos de futura
gratificação.
A finalidade que
se busca na vida deve
frequentemente ser ajustada
às circunstâncias mutáveis,
pois do contrário falhará
no cumprimento de seu
propósito. O sentido da vida
para o jovem, para o adulto
de meia idade e para o
ancião é consideravelmente
diferente, especialmente
se os objetivos estiverem
associados a prazeres
físicos. A intensa energia
de um jovem saudável
requer um escape físico,
como por exemplo no
esporte, que possa se tornar
externamente o foco de
suas faculdades. Até então,
a juventude teve muito
pouca experiência capaz
de formar
33 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015
ideais fundamentais que
possam vir a ser estímulos
internos. Assim, tanto a
mente quanto o corpo
literalmente mudam
com frequência de uma
atividade para a outra; isso
consome energia vital, alivia
a tensão e provê prazer.
Transportar os objetivos
da juventude para a meia
idade também só causará
desapontamentos na vida.
Nos anos de velhice já não
se tem a abundância de
energia para se descarregar,
seja em atividades físicas ou
alternando a concentração
entre diversas coisas. Tal
esforço traz portanto à
pessoa de meia idade
mais insatisfação do que
felicidade.
Embora a juventude
possa encontrar maior
satisfação nos esportes e em
experiências continuamente
mutáveis, o jovem
inteligente
também procurará
determinar aquilo que
constitui um interesse
secundário naquele período
da vida. Tal interesse
periférico pode consistir
de um prazer mental que
comande a razão e estimule
a imaginação, requerendo
pensamento e habilidade.
O desenvolvimento de
hobbies intelectuais
exigindo destreza deve ser
estimulado. Tal atividade
é a qualidade essencial
para aquele período
da vida. Contudo, é
importante que os jovens
reconheçam no interior de
si mesmos determinadas
outras predisposições
da mente, quais sejam,
suas inclinações mentais
e talentos. Estes
devem ser

encorajados sempre que
possível. Dessa forma eles
percebem que podem se
satisfazer ainda que possam
estar subordinados àqueles
interesses relacionados
mais intrinsecamente com
o período da vida em curso.
Isto resulta num ajuste
natural à vida no momento
em que os objetivos
supremos da juventude já
não forem mais satisfatórios.
Muitos homens e mulheres
no ocaso de sua juventude
se apegam pateticamente a
finalidades que já não são
capazes de levar adiante
ou de realizar. Como
consequência disso, a vida
perde a sua alegria e, para
34 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015
eles, o seu
significado.
Se tivessem
cultivado desejos
secundários em sua
juventude, estes viriam à
tona como um novo ideal
a ser conquistado – e traria
novas gratificações.
Não se preocupe com
os objetivos habituais que
as pessoas têm inclinação
de estabelecer para si
ou que parecem a coisa
costumeira ou até mesmo
ética a se fazer. Decida
por si mesmo sobre algo
que para você significa
a realização da vida.
Contudo, não se desgaste.
Não gaste a possibilidade
de felicidade futilmente.
Faça do seu propósito algo
que cresça consigo, ao
invés de diminuir com o
passar dos anos. Ademais,
perceba que não são apenas
as coisas que mudam: você
também muda. Pense além
do momento. Você seria
capaz, daqui a 20 ou 30
anos, de extrair a mesma
felicidade daquelas coisas
que hoje parecem propiciá-
la? Escolha um canal de
felicidade na vida que possa
se desenvolver com os anos
e que possa ser uma fonte
inesgotável de satisfação.
Quais seriam essas coisas
para as quais vivemos?
Podemos apenas sugeri-las
em amplo sentido. A escolha
mais pormenorizada deve
ser feita pelo indivíduo,
baseada em suas inclinações
pessoais. As belas artes
são uma categoria. Pintar,
desenhar, tocar um
instrumento musical ou
cantar podem proporcionar
contínuos prazeres para
aqueles cuja sensibilidade ou
talentos apontem para essa
direção. Se, por exemplo, a
música lhe der a maior das
satisfações emocionais, deixe
que os outros interesses
sejam direcionados para as
necessidades e obrigações da
vida. Deixe a música ser o
motivo pelo qual você vive.
O mesmo pode ser dito
para aqueles que descobrem
um amor profundo pelo
conhecimento, uma ânsia
gratificada apenas pela
leitura de boa literatura
ou pelo estudo de alguma
ciência. Mais uma vez, se
esse amor for centralizado
numa realização criativa,
seja efetuada pela mente ou
pelas mãos, faça dela o seu
propósito de vida. Invente,
construa, experimente,
escreva. Se você gosta
de gente e se maravilha
com as conquistas da
humanidade nos campos
da história, exploração e
viagens, então faça disso
o seu propósito. Tudo isso
pode e vai lhe proporcionar
felicidade contínua porque
se manifestará na proporção
do tempo e do esforço que
lhes dedicará.
Tudo isso lhe parece
um objetivo egoísta? Se
as coisas materiais forem
tomadas isoladamente
com a finalidade de
agradar apenas os desejos
sensoriais, aí então podem
ser rotuladas de egoístas. O
mesmo não se diz sobre a
música, a arte, a literatura,
a viagem, a ciência ou
qualquer objetivo criativo,
como a experimentação e a
escrita. O que estas coisas
fazem, ensinam e criam
não apenas dá prazer, mas
também acrescenta algo à
fonte da qual outros podem
vir igualmente buscar
felicidade. Analogamente,
aquele que por exemplo
exercita o hobby da
fotografia não apenas cultiva
seu próprio senso estético,
através do qual ele faz a
experiência da simetria na
forma e da harmonia na cor,
mas também projeta seu
interesse para outros que têm
afinidade com o assunto. O
self dele também se satisfaz
pelo reconhecimento que há
na realização e nos prazeres
evidentes que outros colhem
nela.
Uma vida sem propósitos
é como um barco sem
leme, pois seu rumo muda
continuamente conforme
as condições às quais é
exposto.
(Fórum Rosacruz
de língua inglesa)

COLUMBA & SAUDAÇÃO AO LESTE

ntes do início de rituais – seja convocações regulares, outros rituais ou

iniciações – todos os Oficiais entram no Templo e fazem a saudação
ao Leste, diante da Shekinah, com exceção da Columba. Por qual
motivo?

Uma Columba é uma
virgem vestal da Antiga e
Mística Ordem Rosacruz.
Sua história remonta
às Escolas de Mistérios
da Antiguidade, onde
um fogo perpétuo era
mantido nos templos
por uma jovem garota
especialmente preparada
para o cumprimento desta
função muito importante.
Há séculos, a Columba
perpetua essa tradição
nas Lojas e Capítulos
da Ordem. Seu dever é
velar pela chama sagrada
que queima durante os
rituais rosacruzes. Ela
simboliza também a voz da
consciência e da verdade. A
veste e o toucado brancos
com que ela se reveste
para o cumprimento de

35 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015

 sua função evocam a luz
e a pureza infinitas do
Cósmico.
A Columba deve ser
um exemplo dos ideais
filosóficos e místicos
perpetuados pela AMORC.
Quando ela atua num
Templo rosacruz, representa
a Luz Divina à qual aspiram
todos os membros presentes.
Nessa qualidade, ela é mais
um símbolo vivo do que
propriamente um Oficial
no sentido estrito do termo,
sendo esta a razão pela qual
ela não faz a saudação ao
Leste no início de um ritual.
Todavia, se a Columba
assistir na qualidade de
visitante às convocações
de Loja ou de Capítulo,
então ela usará o avental
rosacruz como todos os
demais membros e fará a
saudação ao Leste ao entrar
no Templo. Nestes casos, ela
não tem lugar reservado e
não usa sua veste.
(Divisão de Organismos
Afiliados da Grande Loja)

Você tem perguntas ou dúvidas

para o Fórum?
Escreva para:
forum@amorc.org.br

36 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 03 – 2015

Antiga e Mística Ordem Rosacruz – AMORC
41 3351-3000 | www.amorc.org.br