FÓRUM ROSACRUZ

Publicação Privativa aos Membros da AMORC Volume XI – Nº 01 – 2018

Xilogravura de 1583: O Universo Emergindo do Graal

(De um MS no Museu Metropolitano de Arte)
2 Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018
 Mensagem do Grande Mestre
Ano 3371
Prezados Fratres e Sorores
Saudações em todas as Pontas do nosso Sagrado Triângulo!
Li recentemente um excerto de uma obra de nosso Imperator Frater Christian Bernard que me
tocou sensivelmente devido ao seu alcance e profundo conteúdo místico. Refiro-me às virtudes e ao
que ele bem colocou como estado de “Rose-Croix”. Se, por um lado, as quatro virtudes primárias da
compreensão, do serviço; da compaixão e do amor nos permitem, se praticadas, sermos chamados de
místicos, por outro e mais desafiadoramente, quando elas se fundem e formam uma entidade elas nos
aproximam e somente nos aproximam do estado de “Rose-Croix”. Mas o que será este estado? É um
estado conquistado por longa e árdua jornada que nos aproxima do ideal. Este ideal é o ponto em que
todo buscador sincero na Senda procura alcançar. Um reflexo da incorporação das virtudes na relação
com o outro, com a sua consciência e com as Leis Divinas.
Tarefa sobre-humana? Sim, mas é isto que nos dispusemos a perseguir quando optamos pelo
misticismo. Talvez o estado de “Rose-Croix” seja para ser idealizado e perseguido, mas dificilmente
alcançado face ao grau de perfeição que requer. Se a Rosacruz é um Símbolo Cósmico, o estado ”Rose-
Croix” é um estado sagrado do casamento do nosso eu objetivo com o nosso eu psíquico, e isto é uma
meta de corajosos.
É uma busca difícil, mas a reintegração ao estado de pureza original, segundo Martinez de Pasqually
e o pensamento martinista, é compensador. É o fim da nostalgia do Ser Humano da sua Casa Celeste.
Vamos empreender esforços para que a voz interior nos ajude. Este é o nosso mister como místicos!
O místico faz tudo ao seu alcance para cultivar e manter as quatro principais virtudes e, desta
forma, garantir o direito de ser chamado de místico: compreensão, serviço, compaixão e amor. Essas
virtudes fluem entre elas e acabam convergindo em uma unidade perfeita, formando uma única
entidade que nos move para mais perto do estado “Rose-Croix”. Porém, a estrada é longa e a subida
é árdua, com seus testes como as várias pedras ao longo do caminho. Força de vontade, perseverança
e confiança são as três virtudes subsequentes, que precisam ser manifestadas se desejamos atingir a
elevação espiritual. Podemos fazer isso juntos, sob a égide do símbolo sagrado da Rosacruz, e graças
a todas as experiências – agradáveis e desagradáveis – que já vivemos e continuamos vivendo. Essa
escolha é nossa, por isso temos o livre arbítrio.
Christian Bernard
Este fórum está rico em informações especiais aos nossos membros que fazem da revista um
complemento dos seus estudos. Parabenizo a equipe de montagem e composição da edição e em
especial à Soror Bia pela seleção e tradução de algumas questões até então inéditas para os estudantes
de língua portuguesa.
Desejo a todos uma boa leitura.
Despeço-me com os meus melhores votos de Paz Profunda!
Sincera e Fraternalmente

Hélio de Moraes e Marques

Grande Mestre.

Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018 1

 NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA

ossos ensinamentos Rosacruzes nos dizem que a meditação é o meio de

mudarmos a consciência de um nível para outro. No livro Rosacruz intitulado
Mansões da Alma afirma-se que as personalidades-alma, após a transição, têm
o privilégio de habitar em doze mansões, ou divisões, do reino Cósmico. Os
místicos estão de acordo neste ponto, desde eras remotas?

A questão é a seguinte: Serão os níveis cipalmente com a fase conceitual da consci-

de consciência que ascendemos ou porque
progredimos em nossos exercícios de medi-
tação os mesmos que as doze mansões onde
as personalidades-alma podem permanecer
após a transição?
A expressão níveis de consciência é ar-
bitrária e, possivelmente, errônea. A cons-
ciência não apresenta hiatos, isto é, lacunas
ou distintos começos e fins. Temos frequen-
temente nos referido à consciência como
uma corrente, ou seja, algo de fluxo contí-
nuo. O homem percebe, neste fluxo, vários
fenômenos que, para a sua percepção, são
bastante diferentes e aparentemente desco-
nexos. A primeira e a mais comum qualida-
de dessa corrente de consciência é a fase ob-
jetiva. É a que deriva das impressões, isto é,
de vibrações do exterior que impressionam
nossos sentidos receptores (visão, audição,
tato, etc.). Durante a maior parte da nossa
vida consciente permanecemos, talvez infe-
lizmente, apenas nesta porção da corrente
de consciência. Raramente fazemos esforço
para nos aprofundarmos.
As demandas da nossa existência mate-
rial, física, em nossa complexa sociedade,
mantêm-nos firmemente presos a este esta-
do objetivo. Com muito pouca frequência,
dedicamo-nos mesmo a usar livremente
o aspecto subjetivo da consciência. Este é
um aspecto mais profundo, ou, se preferir
o leitor, mais elevado, da mesma simples
corrente de consciência. Relaciona-se prin-
ência, tal como se manifesta no raciocínio,
na imaginação, na memória e na vontade.
Quantos de nós dedicamos realmente al-
gum tempo ao pensamento abstrato, a nos
determos para analisar mentalmente um
problema ou uma circunstância? Quantos
dedicamos algum tempo a exercitar a ima-
ginação criadora para verdadeiramente pla-
nejar, em detalhes, alguma coisa ou ocor-
rência, raciocinando ao mesmo tempo em
que visualizamos?
Mas, que dizer do aspecto psíquico da
consciência, no qual devem ocorrer as ex-
periências pessoais de ordem psíquica? A
psicologia considera psíquicos todos os
aspectos sublimares da consciência; isto é,
todos os que se encontram por trás da fase
objetiva. Por conseguinte, nossos estados
emocionais, nossas fantasias e nossa imagi-
nação, neste sentido, são consideradas psí-
quicas, e não apenas poderes como a per-
cepção extrassensorial. A psicologia estabe-
lece uma espécie de ampla distinção entre
fase subjetiva de consciência e a subcons-
ciente. Tem ela uma boa compreensão, os
atributos do objetivo e do subjetivo, confor-
me revelará uma consulta a qualquer livro
de texto. Contudo, percebe agora que exis-
tem vários outros fenômenos mal compre-
endidos ou mesmo expressos, por muitas
pessoas, que ocorrem para além ou acima
do nível subjetivo de consciência. E desig-
nou toda essa outra corrente de consciência

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com vários nomes, sendo mais comum o Serão esses mais elevados ou profundos
agrupamento de todos eles sob o título de planos ou níveis de consciência os mesmos
“subconsciente”. que aqueles que tradicionalmente mencio-
É nessas outras porções da corrente de nados, nos quais a personalidade da alma
consciência que ocorrem os fenômenos permanece após a transição? Responderí-
psíquicos que o místico amos que sim, porém, com certas restri-
busca sentir e realmente ções. Não acreditamos
o faz. Cada um desses que seja possível, para
outros chamados níveis o mortal comum, não
de consciência propor- importa quão psiquica-
ciona diferentes tipos mente desenvolvido se
de experiências; isto é, encontre, penetrar nos
seus fenômenos são in- mais elevados níveis do
terpretados diferente- Cósmico enquanto per-
mente pelo ser humano. maneça no corpo físico.
Nesses níveis, o Eu pode Duvidamos que qual-
manifestar concepção, quer um dos avatares da
isto é, sensações bem Terra tenha jamais al-
diferentes daquelas ob- cançado a mesma cons-
tidas objetivamente. ciência psíquica que
Às vezes, aqueles que seria possível para uma
são capazes de ascen- personalidade-alma de-
der a essa evolução de sencarnada.
consciência, pela medi- Se a mente, enquan-
tação, podem recordar to habitava num corpo
o que ocorreu, embora, mortal, foi capaz de al-
na realidade, as imagens
cançar um tão elevado
que então lhes ocorram
estado de consciência,
possam ser bastante di-
igual ao mais alto esta-
ferentes daquilo que é
do possível após a tran-
sentido nas regiões mais
sição, não acreditamos
elevadas de consciên-
cia. Suas impressões são que possa ter havido
transformadas, ao serem uma recordação objeti-
reduzidas para a consci- va do mesmo. Isto é, o
ência objetiva, inferior, a indivíduo seria objeti-
sensações associadas às vamente incapaz de ter
nossas qualidades sen- sensações traduzidas
soriais, tais como cores, formas, sons, etc. Se sob a forma de ideias, enquanto permane-
não fosse assim, não teríamos meio de alcan- cesse no corpo físico, que lhe tornassem
çar qualquer percepção objetiva de jamais possível a percepção dessa experiência.
termos tido alguma experiência no interior
dos elevados níveis de consciência.

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Sustentamos a ideia de que, quando sa-
bemos que tivemos uma revelação interior,
transcendemos o subjetivo e tivemos uma
experiência num plano mais elevado de
consciência, que é uma das doze mansões
em que a personalidade-alma habita após a
transição.
Qual a vantagem de se tentar alcançar as
mais altas esferas de consciência, os demais
níveis? Cada um deles proporciona uma
experiência distinta, que, parcial ou total-
mente, pode ser transformada em graus
de consciência objetiva, respeitada as limi-
tações que já mencionamos. A vantagem
mais comum é a chamada Iluminação.
Esta luz, conforme o significado literal
da palavra, constitui uma experiência abs-
trata, segundo a terminologia psicológica.
4 Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018
Isto não significa, necessariamente, o in-
fluxo de uma singular gnose, ou co-
nhecimento, mas, antes, trata-se
da faculdade de alcançar
maior a percepção, ou
seja, uma compreensão.
Torna possível esclarecer
aquilo que pode antes ter
sido confuso. Dissipa os
temores, eis que eles nas-
cem da ignorância. Em
outras palavras, podemos
então compreender aqui-
lo que antes duvidávamos
ou não podíamos compre­
ender.
Uma outra vantagem é o es-
tímulo que proporciona ao nosso
estado de ânimo, num encorajamento
para alcançarmos sucesso em algo que te-
nha antes sido objeto de nossa hesitação.
Traz ainda o resultado de um despertar
de nossos talentos e habilidades naturais,
de que não tínhamos consciên­cia. Muitas
grandes invenções, composições musicais,
obras de arte, muitos planos de organiza-
ção e trabalhos literários, surgiram como o
resultado dessa experiência de Consciência
Cósmica. O conhecimento não foi então
proporcionado em detalhes; antes, foram
certas pessoas inspiradas por uma ideia que
as conduziu a seu êxito subsequente.
Portanto, podemos dizer que essas me-
ditações, esses esforços para fazer ascender
ou despertar a parte mais profunda do Eu,
não constituem um empenho meramente
teórico nem uma experimentação ociosa.
–X
 A CRUZ ANSATA

ejo a Cruz Ansata muito presente na literatura e nos templos rosacruzes e

gostaria de entender um pouco mais o seu simbolismo e importância para
o Estudante Rosacruz.

Talvez uma busca de significado tenha Parece que ela tinha três aspectos, para
sido o que atraiu a atenção de tantas os egípcios antigos, assim como havia
pessoas para o símbolo conhecido como a três divindades básicas: a alça - caos, a
crux ansata ou ankh. “Ankh” era a palavra exalação ou o espírito santo de Osíris (que
egípcia para chave e significava “chave diz no Capítulo XLII do Livro Egípcio dos
da vida”, ao passo que “crux ansata” é a Mortos, “eu não posso ser pegado com
interpretação latina para cruz com alça. a mão, mas sou aquele que pode te pegar
A ankh é um valioso lembrete para em sua mão. (Salve) Ó Ovo! (Salve) Ó
muitas pessoas, porque corresponde, não Ovo!”) - e as duas partes da cruz abaixo da
apenas à vida, mas também ao universo. alça, a dualidade de pensamento positivo e
Há uma qualidade estética em sua forma negativo constituindo a vontade de Osíris
combinando a cruz e a alça, que satisfaz, cruzada com a mente de sua esposa
além dos nossos sentidos físicos, nossa Ísis.
natureza emocional, na qual está oculto seu
Esse ovo cósmico da criação,
significado profundo e simbólico.
de fato, se manifestava
Na cerâmica pré-dinástica que aparece nos inúmeros personagens
no livro Uma História do Egito, de James H. representados pelos diversos
Breasted, há figuras de mulheres unindo as
deuses dos egípcios. Para eles,
mãos acima da cabeça, como a representar
Osíris, Ísís e seu
essa alça. Mas não foi encontrado nada da
filho Hórus
real crux ansata até setecentos anos mais
funcionavam
tarde, na Quinta Dinastia - mais de dois
do mesmo
mil anos antes de Cristo.
A partir dessa época, em que os reis
egípcios eram conhecidos mais como
construtores do que como guerreiros, a
Ankh foi entalhada em baixos-relevos,
tumbas e cerâmica, na África, na Palestina
e na Mesopotâmia, bem como em moedas
e joias no mundo inteiro.
Nunca foi encontrada alguma prova do
significado objetivo da cruz ansata, mas
pouco se pode duvidar das ideias esotéricas
por trás do objeto físico.

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modo que seu deus-sol Ra, a energia criativa
nutriente que deu vida a toda as coisas e as
fez crescer. Sem começo nem fim, o eterno
Ra era representado por esse símbolo.
Numa cruz ansata, a história simples do
Gênesis poderia ser transmitida ao longo
da cruz do tempo.
Por falta de compreensão de ideias
abstratas, a alma tinha de ser algo tangível
para o egípcio comum. Como era impossível
para ele pensar em Deus como uma energia
impessoal dando vida a todos os seres, era
necessário que os sacerdotes inventassem
deuses correspondendo às ideias da
criação: Osíris, senhor do mundo inferior,
e Isis, a mãe que não carregava apenas uma
ankh, mas também seu filho Hórus, deus
do Sol. Dessa pitoresca trindade evoluíram
as várias personagens e os diversos nomes
substitutos transmitidos através dos séculos.
Os nomes e personagens mudavam, mas os
conceitos eram sempre os mesmos.
Os egípcios aprendiam que um deus não
era divino a menos que possuísse a chave da
vida. Como os faraós representavam deuses,
eram em geral apresentados segurando uma
ankh na mão direita. Este símbolo, segurado
por aqueles que eram considerados dignos,
significava que quem estava com ele podia
viver no mundo espiritual assim como no
mundo físico.
A ankh pode ter aparecido pela primeira
vez quando o homem tomou consciência de
si mesmo, pois ela simbolizava aquilo que
podia se destacar do seu próprio ser e dizer:
“eu sou”. A princípio, dada sua natureza
ingênua, os egípcios usavam a ankh para
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proteção contra animais selvagens e répteis.
Posteriormente, quando eles se tornaram
mais religiosos, passaram a colocá-la nas
ataduras dos mortos, a fim de que também
eles pudessem vaguear sem medo na vida
póstuma. Os egípcios eram instruídos no
sentido de que cada parte do corpo estava
sob a influência de certo amuleto. Como
se acreditava que a ankh renovava a vida
e tornava efetiva a ressurreição de toda
a pessoa, ela passou a ser o amuleto mais
reverenciado de todos. Significava que
aquele que a usava alcançaria, não apenas
“vida”, mas também imortalidade.
Em sua obra, Doutrina Secreta, Madame
Blavatsky nos diz que a crux ansata é uma
outra forma do planeta Vênus: que este
planeta é simbolizado por um globo sobre
uma cruz e significa, esotericamente, que
a humanidade e toda a vida animal se
apartaram do círculo espiritual divino e
caíram na geração de macho e fêmea. Isto
é corroborado pelo capítulo II de Gênesis,
segundo o qual Deus formou Adão do pó
da terra; depois que já tinha feito Adão fez
Eva, no sentido místico, no sexto dia.
Ísis, a Vênus egípcia, era a figura central
nas peças e nos dramas cerimoniais que
representavam a morte de seu esposo,
Osíris. Sirius, a brilhante estrela de Ísis,
marcava o começo do ano quando esses
dramas eram realizados. Às vezes Ísis
segurava um Lótus, símbolo da natalidade,
numa das mãos e uma ankh na outra. E
como a alça da cruz representava o ovo da
vida que era sagrada para ela, os sacerdotes
egípcios nunca comiam ovos.

Mais tarde, quando os sacerdotes foram
convertidos ao cristianismo, São Marcos os
incentivou a abandonar essas velhas crenças
consideradas pagãs. Eles cancelaram os
dramas e os hieróglifos que os descreviam,
e começaram a fazer escrituras partindo
de uma combinação do alfabeto grego
e de algumas formas antigas de letras
egípcias. Substituíram os encantamentos e
as vinhetas do Livro dos Mortos por frases
mais atualizadas e eliminaram todos os
amuletos e símbolos exceto um - a cruz
ansata - que até hoje ainda é valorizada.
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Carl Jung nos diz que um símbolo é um
arquétipo da consciência universal que tem
um tremendo impacto na pessoa, conforme
o símbolo seja criativo ou destrutivo. Isto,
naturalmente, é determinado por seu uso
em gerações passadas. A contemplação
de um símbolo como a ankh, com suas
conotações espirituais, não pode deixar de
influenciar nossas relações com os outros
de maneira benéfica.
Não apenas eleva e inspira a pensar na
vida eterna no outro mundo, mas a ideia de
divindade é um guia para a iluminação aqui
e agora. O grande poeta americano, Epes
Sargent, escreveu: “A alma humana é como
um passarinho numa gaiola. Nada pode
privá-la de seus anseios naturais, ou apagar
a misteriosa lembrança de sua herança
natural”.
Cada um de nós é, de certo modo, uma
réplica da crux ansata, feita à imagem do
conceito de Deus. Carregamos conosco
a alça da divindade e a cruz da vida.
Se combinamos as duas, ao invés de
escolhermos uma ou a outra, a relação se
torna mais íntima. Ninguém expressou isso
melhor do que Jesus, quando disse: “o Pai e
eu somos um”.
Como o gênio da lâmpada de Aladim,
nosso círculo de luz criativa requer o estí­
mulo de nossas ideias, para que possa nos
servir. Não é de admirar que Osíris dissesse:
“(Salve) Ó Ovo! (Salve) Ó Ovo!”.
Shirley A. Fischer, FRC,
Arquivos Rosacruzes
 A Missão Rosacruz no Mundo

espondendo às perguntas sobre a missão da Ordem Rosacruz no mundo

atual, republicamos abaixo o texto do nosso atual Imperator, Frater Christian
Bernard, publicado inicialmente no fórum de abril de 1991.

Caros Fratres e Sorores: palavras, mas que, quase paradoxalmente,

Para os rosacruzes, o número 3344
tem um significado especial só por eles
compreendido. Para aqueles que ainda
não estão familiarizados com nossas
tradições e costumes, o número 3344 será
reconhecido como uma data, caso tenham
lido algum material de divulgação da
Ordem. Como data, que informação esse
número transmite? Simplesmente que
nossa organização tem três mil trezentos e
quarenta e quatro anos de existência? Mas
o que significa isso? Provavelmente muito
pouco.
Mas para nós, rosacruzes, há uma
perspectiva e uma compreensão diferente
que só a mente voltada para o tradicional
pode apreender com plenitude. O número
de anos de nossa existência não é o
principal, e sim o fato de que existimos.
Numa sequência linear de acontecimentos,
não importa se existimos há 50.000 ou há 10
anos. É o que somos que nos dá importância
e, assim como o ano novo que celebramos,
o que nós somos também é especial.
Ao estudarmos os ensinamentos
rosacruzes, começamos lentamente a
despertar para os valores transmitidos
pela Ordem. Aos poucos, começamos a
desvendar os mistérios que cercam assuntos
como os ciclos e a tradição. Por esse
conhecimento alguma coisa quase mágica
começa a acontecer. Em nosso coração
inicia-se o despertar de algo intangível, que
não pode ser expresso pelo intelecto ou por
expressa-se num conhecimento que
transcende todo o conhecimento. Esse
saber é o primeiro sinal de uma abertura
para a vastidão do misticismo. Julgo que se
dedicamos algum tempo para meditar no
que lemos e aprendemos nas monografias,
descobrimos que nosso conhecimento é
muito mais amplo do que as palavras que
estudamos. Falemos disto, pois muitas vezes
passa despercebido do estudante o fato de
que alguma coisa notável se manifestou
em nossa consecução individual – algo
que é novo e ao mesmo tempo antigo
para além de qualquer medida. Qual a
natureza dessa “antiga qualidade do novo?”.
Assim como ocorre com o Ano Novo, que
celebramos através de um ritual tradicional,
encontraremos a resposta a essa pergunta
em nossa tradição.
Entre os Membros da AMORC existe
um enorme interesse pela nossa história.
A ideia de que Sir Francis Bacon foi
um Imperator, ou o conceito de que o
rosacrucianismo do século dezessete
exerceu um profundo impacto na sociedade
europeia e impulsionou uma evolução do
pensamento e dos costumes humanos,
excita a imaginação e o interesse. Mas de
que mais serve esse conhecimento? Será ele
verdadeiramente importante? A resposta
é sim e não ao mesmo tempo. Não é
importante se só permitimos que o interesse
pela história excite nossa imaginação e
nos leve a debates infindáveis sobre o que

8 Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018

efetivamente aconteceu em Paris em 1622
ou sobre quem realmente escreveu os
Manifestos Rosacruzes. A resposta é sim
se compreendemos o movimento e nele
participamos.
Fratres e Sorores, aqui se encontra o
“segredo” de compreender a importância
de nossa história e tradição: “participar
num movimento”.
Por que é importante preservarmos e
perpetuarmos nossa tradição?
Porque nossa missão ainda não está
completa. Quantos de vocês pensaram na
Ordem Rosacruz como um movimento
criado para completar uma missão, ou
encararam nossa história vendo nela a
mensagem escrita tão claramente? Quantos
de vocês ligaram os estudos privativos
feitos com tanta diligência, e que exercem
um impacto tão profundo em nossa vida,
às iniciações e rituais em que participamos,
aglutinando tudo isso aos valores rosacruzes
tradicionais? Estes três pontos
Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018 9
produzem o quarto - o quadrado ou
fundação - e nos revelam nossa missão.
Assim como a finalidade da vida,
essa questão tão antiga não pode ser
definida, assim também essa missão não
pode ser expressa. Só temos um saber.
Como mencionamos antes, esse saber ou
conhecimento é a vastidão do misticismo,
Para os místicos rosacruzes existe o
truísmo de que deve se manifestar um
despertar para que a verdade possa ser
conhecida. Esse despertar é uma transição
do intelecto para a consciência mística e
sua aplicação. Naturalmente, isso é evidente
por si mesmo para os rosacruzes. Sem essa
transição, a verdade permanece fugidia.
Isso também é evidente por si mesmo. Para
que aqueles que sabem e têm a guarda da
verdade possam expressá-la, deve haver
alguém que deseje receber essa verdade e,
o que é mais importante, conhecê-la. Uma
vez que conhecemos a verdade, nós nos
tornamos essa verdade, nós a vivenciamos,
somos a verdade.
Por exemplo, referi-me há pouco à
questão de quem teria escrito os Manifestos
Rosacruzes do século XVII – uma discussão
não muito diferente da que
existe sobre a autoria das
obras de Shakespeare.
Alguns eruditos dizem que
os Manifestos Rosacruzes
foram escritos por um
indivíduo chamado
Andrea; outros afirmam
que foi Sir Francis Bacon,
e alguns até dizem que foi
o Dr. John Dee. Identificar
uma pessoa como autora
seria atribuir a obra a
um só indivíduo. Não
sabemos se a intenção foi essa ou não, mas
essa distinção limitaria o efeito da obra
como produto de uma só mente para o
cumprimento de uma finalidade específica.
Mas em certas áreas do rosacrucia­nismo,
por que existem tantas controvérsias em
questões dessa espécie? Talvez para evitar
limitações, E por que se evitariam limitações
se não para preservar e assegurar o sucesso de
uma missão? Na verdade, ninguém escreveu
os Manifestos. Eles foram colocados em
forma de palavras por uma pessoa e levados
a público por um grupo. Manifestos não
são o produto de uma mente individual;
antes, são o resultado de um movimento
visando cumprir uma missão provinda do
coração daqueles que já alcançaram uma
consciência mística e que reconheceram e
assumiram a responsabilidade de perpetuar
a Grande Obra. Quando nos livramos das
limitações da personalidade individual em
assuntos de Luz e nos identificamos com um
movimento de natureza onipotente, nossa
missão torna-se óbvia. Nós simplesmente
sabemos.
O misticismo é uma essência. O
rosacrucianismo é a nossa senda, ou
técnica. Nossa tradição é o nosso veículo,
que consiste em tudo que somos e viremos
a ser. Os Imperatores de nossa Ordem
disseram muitas vezes que, além de nossa
doutrina e ritual, a AMORC é também
uma organização cultural e educacional.
Não devemos pensar nestes dois últimos
aspectos como sendo funções ou acréscimos
separados da AMORC, pois não o são.
Fratres e Sorores, não somos apenas uma
organização que perpetua a cultura e a
educação. Somos uma cultura tradicional
que vive numa sociedade contemporânea.
Somos uma sociedade mundial que
desconhece fronteiras nacionais e trabalha
10 Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018
em paz e harmonia com toda a humanidade.
Essa situação é historicamente sem
paralelo e, de certa forma, identifica nossa
missão, ao mesmo tempo que explica muitas
de nossas ações. Quando Ralph Lewis
disse que os estudos rosacruzes auxiliam o
estudante a desenvolver uma filosofia viva,
ele não falava apenas de benefícios pessoais
dos estudantes, mas também de eles fazerem
com que os elementos da missão sejam
gravados no interior de cada estudante.
Somos uma sociedade, somos uma
cultura, regulamentada por nossas
leis tradicionais para que respeitemos,
auxiliemos e sirvamos à humanidade, sem
nos deixarmos vitimar por limitações de
poder, controle e guerra – problemas que
afligem sociedades e culturas não místicas.
Três mil trezentos e quarenta e quatro
anos atrás, as engrenagens começaram
a girar e foi instituído um plano. Nossas
tradições e atividades nem sempre
foram limitadas a realidades físicas, o
que não poderia ser sempre medido por
documentos históricos, nem isso foi uma
necessidade em tempo algum. A realidade
mística, a realidade rosacruz, não pode
sofrer essas limitações. O importante é que
a tradição permaneceu viva no coração
de muitas pessoas por muito tempo. A
intemporalidade de nossa tradição, a não-
limitação de nosso conhecimento, vem
agindo por um propósito que será cumprido
ainda nesta vida, para a maioria dos Fratres
e Sorores de nossa Ordem.
Esse cumprimento, entretanto, é apenas
um começo, pois quando uma criação está
completa, sua direção deve ser intensificada.
Nosso início é manifestar essa direção.
É agora, mais que em qualquer tempo
passado, que nosso Trabalho deve se tornar
mais difícil, e maior necessidade temos de
todos vocês. Nossa Ordem, nossa missão,
requer que cada um de nós se dedique
infindável e incansavelmente.
Sir Francis Bacon escreveu a
respeito da “Nova Atlântida” e
muitos imaginaram que ele se
referisse à América. De nossa
perspectiva, entretanto, sentimos
que é hora de compreendermos
que ele não falava de um lugar
em particular, e sim de uma
condição de natureza
universal como sendo a
“Nova Atlântida”. Platão,
em Timeu, Critias e A
República escreveu sobre
a “velha” Atlântida. No
sentido tradicional,
a “Velha Atlântida”
fracassou – ou não? A
“Nova Atlântida” é uma decisão que nos Não lutamos contra ilusões; nós as
cabe tomar. transcendemos. Tudo isso está muito bem
Estes são tempos verdadeiramente expresso em nossos ensinamentos, rituais e
cruciais. Estamos afogados na ignorância, tradições e, tal como a missão ditou por 3.344
na ambição e no poder. A própria Ordem anos, em nosso coração. Enfrentamos uma
tarefa árdua, mas fomos muito bem instruídos.
Rosacruz tem sentido os efeitos de indivíduos
e grupos auto centrados que não querem ou Na verdade, é por isso que celebra­mos
não podem reconhecer a missão. Isso não é tradicionalmente cada ano novo – para
surpreendente. É essa a condição do mundo. agradecer e para honrar nosso propósito.
O que será dele? Na verdade, nosso trabalho Eu gostaria de sugerir que estendêssemos a
torna-se agora mais difícil, e nem tudo está tradição do ano novo por mais cinquenta e
claro para todas as pessoas. Cada um de nós dois dias, fazendo uma confirmação diária
precisa reconhecer esta situação para que de nossa dedicação à Ordem Rosacruz e sua
possamos saber como agir. missão, e realizando um trabalho esotérico
em prol da Luz e da consecução do Grande
Não se iludam pensando que existe Plano. Temos certeza de que todos vocês
uma batalha entre a Luz e as Trevas. Só continuarão a trabalhar individualmente, à
existe a Luz. Servimos à Luz. As Trevas são sua própria maneira, por toda a sua vida.
uma ilusão. Embora seja verdade que as Por isso, temos um grande motivo para
Trevas foram promovidas a uma realidade, celebrar este dia!
continuam sendo uma ilusão. Imperator, Christian Bernard

Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018 11

 INICIAÇÃO

emos muitos questionamentos relacionados às iniciações e o seu significado

místico. Para responder algumas destas questões, publi­ camos aqui um
importante artigo do Fr. G.R.S. Mead, que elucida muitos pontos relacionados
à importância da Iniciação Mística.

Que pensamentos e sentimentos templo (profani). Tais ritos secretos eram

diferentes são despertados por esta palavra
de tantos significados! Poucos termos da
literatura mística têm significado mais
profundo; poucas palavras mais prenhes de
significado são pronunciadas por aqueles
que falam sobre temas místicos.
No entanto, quando nos perguntam o que
queremos exatamente dizer com esta palavra,
como é difícil responder com qualquer
precisão! O termo é usado em tantos sentidos
que parece quase impossível descobrir seu
significado primordial e, com ele, o começo de
uma compreensão correta da concepção que
vibra no âmago desta questão.
É, portanto, com muita hesitação que eu
arrisco uma proposição sobre um tema tão
profundo, pedindo desculpas aos leitores que
pensem de outro modo ou estejam mais bem
informados, caso eu diga inadvertidamente
alguma coisa indigna daquilo que para eles é
sagrado; e, não obstante, faço-o com razoável
confiança em que os deuses gostam que
façamos conjeturas sobre o que nos transcende
e sorriem quando tentamos descobrir os seus
segredos.
As origens da palavra Iniciação
Historicamente, a ideia de iniciação está
sempre ligada à instituição de ritos secretos,
de ritos realizados à parte (secrete), quer
nos adyta ou santuários dos templos,
quer em algum lugar oculto aos não-
iniciados, àqueles que não pertenciam ao
geralmente conhecidos como mistérios,
cerimônias e atos sagrados em que os
iniciados deveriam guardar silêncio, sob
pena de morte, e eram assim chamados em
função do termo muein (fechar a boca).
Filologicamente, o termo “iniciação” é
derivado do latim, initiatio, participação
nos ritos religiosos secretos. No significado
de sua raiz, porém, initiatio deve ser
relacionado com a simples ideia de “entrar”
ou “ingresso” (initium, ineo) e, daí, de
“começo”. Proponho que initiare, em seu
significado fundamental, seja, portanto,
“dar início”, e isto é confirmado por um
ritual mitraico que usa o termo grego,
archesthai, “iniciar, começar”, como seu
equivalente.
Como este termo veio a ter seu preciso
sentido técnico posterior, não sabemos, a
menos que ele significasse “ingresso” nas
únicas coisas em que realmente valesse a
pena ingressar. Os próprios latinos tiveram
de engendrar uma ligação. Assim, Cícero
(Leg. II. xiv. 36) escreve:
“Nada é melhor do que estes mistérios,
pelos quais somos refinados e suavizados
de uma vida rude e selvagem para o amor
ao semelhante (humanitatem), e pelos quais
aprendemos os initia, como são chamados,
ou seja, os verdadeiros princípios (principia
= initia, fundamentos ou começos) da vida”.
Devemos, portanto, supor que,
para ouvidos latinos, entre aqueles que

12 Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018


acreditavam no elevado valor moral dos
mistérios, o significado transmitido era o
de que o homem havia entrado para o rol
dos humanistas, havia dado os primeiros
passos da verdadeira filantropia.
O Padre Latino, Tertuliano, usou initiare
como sinônimo de “batizar” (Monog. VIII.).
Mas não é em latim que podemos esperar
encontrar o verdadeiro significado desta
ideia; é em grego que vamos encontrar os
traços mais fortes. O termo mais geral para
iniciação é telete e, “ser iniciado” é, como
nos diz Plutarco, teleisthai.
A ideia transmitida por estes termos é a
de “aperfeiçoar, completar, realizar, operar”.
Os iniciados eram, assim, os aperfeiçoados
ou, em latim, perfecti e adepti; do mesmo
modo que em sânscrito eles são os sadhu ‘s
ou sadhaka ‘s, da raiz, sadh, aperfeiçoar.
Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018 13
Mas o termo sânscrito
mais genérico, para iniciação,
é diksha, com o significado
original de “preparação” ou
“consagração para um rito
religioso”, em função de diksh,
que significa, literalmente,
“desejar tornar-se apto ou
competente”, uma forma
alternativa da raiz daksh,
“ser competente, capaz, forte
ou poderoso”. Nos Vedas,
daksha e kratu, “energia” e
“inteligência”, ocorrem muitas
vezes juntas, como as duas
principais faculdades da
mente.
Mas, chega de filologia. Já
está perfeita­ mente evidente
que a raiz da ideia de iniciação
está algo relacionada com ritos
religiosos e o aperfeiçoamento
do homem através dos
mesmos, ou sua capacitação para realizar
esses ritos.
Rituais de Iniciação
Ritos religiosos são em geral ritos pelos
quais o homem é posto em contato, com
poderes diferentes dele próprio, com os
poderes invisíveis; esta sempre foi uma
convicção geral da humanidade.
Iniciação, porém, não se relaciona
somente com ritos religiosos em geral, que
são levados a efeito publicamente, para
todo mundo ver, e sim com ritos secretos,
que são reservados àqueles que foram
preparados. Uma iniciação, para ter algum
significado, deve estar sempre relacionada
com a ideia de sigilo.
 Assim temos o rahasya ou “segredo” das
escolas Aupanishad, e os disciplina secreti
ou arcani da tradição mística cristã.
Até aqui nossas ideias têm sido dirigidas
para o que é bom, sagrado e puro, e mantido
ao largo o inverso destas coisas. A história
trágica da humanidade, porém, está repleta
de registros de ritos secretos de baixeza
quase inimaginável, e não se conhece
período da história do mundo em que o
mal não tenha coexistido com o bem.
Na verdade, quase não é ousado
demais dizer que a grande tendência da
humanidade está condicionada de modo
que ação e reação são iguais e opostas.
Assim, sempre que observamos na história
uma época de grande atividade espiritual,
vemos que ela é acompanhada de práticas
execráveis, as próprias antíteses dos
impulsos sublimes.
Todavia, não é objetivo desta reflexão
estudar o lado sombrio, e sim buscar
alguma solução para a questão: que enten­
14 Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018
demos nós, que somos os atuais amantes da
sabedoria, por iniciação?
Bem, em primeiro lugar, é bastante
evidente que aqueles que acreditam na
fraternidade humana só podem buscar
iniciação nos mistérios capazes de
aprimorá-los ou em humanismo, ou na
verdadeira filantropia, no dizer de Cícero.
Quaisquer que sejam as seduções
que nos sejam apresentadas, de adquirir
conhecimento pelo próprio conhecimento,
devemos sempre nos recusar a entrar em
tais círculos, se eles não estiverem fundados
com o propósito de reto pensar e bom agir;
em suma, se eles não forem eticamente
sadios.
Mas acredito que muitos de nós iremos
mais longe e nos aprofundaremos mais no
assunto. Pois, já somos bastante felizes em
nos terem sido transmitidos os tesouros de
muitas tradições iniciáticas do passado, isto
é, os tesouros dos ensinamentos esotéricos
das grandes religiões do mundo, que foram
inspirados pela Divina Providência para a
educação espiritual da humanidade.
Assim, a iniciação começa a ter, para
alguns de nós, um significado muito
profundo. Já aprendemos, ou podíamos
ter aprendido, se tivéssemos feito algum
esforço para isto, qual é a natureza da vida
espiritual, e quais são as balizas da Senda
capaz de nos conduzir da ignorância para a
Gnose, do homem para a Divindade.
Também já aprendemos, ou pelo menos
tivemos oportunidade de aprender, se nos
tivéssemos dado ao trabalho de ler, o que é
que os grandes benfeitores da humanidade
apontam como o meio de autopurificação,
para nos prepararmos para o rito sagrado
pelo qual seremos recebidos na ordem da
verdadeira condição de Homem.
Já aprendemos, se tínhamos os ouvidos
atentos, que os ritos de mistério instituídos
pelo homem são, no máximo, apenas
sombras de coisas mais sublimes, e que um
homem pode nunca ter sido iniciado nesses
ritos e, no entanto, ter evoluído para coisas
verdadeiramente mais elevadas.
E por que é que alguns de nós estamos
convictos disto?
Porque temos extrema confiança em
que a verdadeira iniciação é um processo
natural. Ninguém pode dar nem reter essa
iniciação. Ela é o cumprimento de uma
aliança do homem com Deus, e ninguém
pode dizer sim ou não, exceto esse Deus.
É bem verdade que há muitos ritos
que nos instruem quanto à natureza deste
mistério e que são destinados a despertar
nossa intuição da natureza da consumação
final, pela qual seremos unificados ao nosso
Eu maior e assim alcançaremos a verdadeira
condição de Homem; mas estes ritos não
podem por si mesmos nos aperfeiçoar. Se
Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018 15
conduzidos por aptos e sábios hierofantes e
irmãos, podem nos colocar ante o véu do
santuário dos santuários, mas nós mesmos
teremos de erguer esse véu e somente
quando a voz do Bem-amado nos chamar
do outro lado.
Em outras palavras e concisamente,
iniciação é uma nova partida, um impulso
espiritual que nos é dado; mas a nós cabe
“decidi-la”.
A Verdadeira Iniciação
Ainda existem ritos sagrados executados
na Terra por verdadeiros conhecedores
dos mistérios; quer dizer, por aqueles que
alcançaram o grau de espiritualidade da
condição de Homem, e talvez graus ainda
mais avançados, e que têm autoridade nas
coisas sagradas, outorgada pela Natureza
e pelo Senhor da Natureza. Mesmo estes
ritos, porém, acredito que são auxiliares;
constituem real colaboração litúrgica
dos Servidores de Deus, mas não o ato
determinante, ou a geração, o Fiat ou a
Efficacia.
Na verdade, diz-se que aquele que foi
preparado e purificado, ou melhor, que se
preparou e se libertou da “ilusão mundana”,
despindo-se de qualquer opinião, não é
tornado gnóstico aqui na Terra, por seres
encarnados, mas que, liberado dos estorvos
da carne, passa por outros ritos, interiores
e de maior eficácia, nos quais o mistério é
consumado na paz da perfeita harmonia,
através da sempre renovada liturgia dos mais
puros elementos da Natureza e com a sábia
cooperação das oniscientes inteligências da
Mente, do Grande Iniciador.
Vendo assim que esta iniciação,
o verdadeiro começo consciente do
novo nascimento, é uma coisa natural,
dificilmente podemos acreditar que ela
dependa de quaisquer ritos terrenos
instituídos.
Quando o discípulo está preparado,
diz-se, o Mestre aparece (na verdade
Ele sempre esteve presente, embora o
discípulo não O reconhecesse). Quando
o candidato está devidamente preparado,
pela autopurificação e a disciplina do
autoconhecimento, o Iniciador aparece (na
verdade sempre esteve presente, preparando
a natureza receptiva para nela plantar a
semente do poder gnóstico).
Mas alguns dirão: tudo isto é muito vago
e já ouvimos falar disto antes; nada há de
secreto a este respeito. A iniciação deveria
ser uma coisa bem definida, transmitida
em termos definidos, que pudesse ser
claramente descrita, se fosse permissível
falar destes assuntos.
Lembremo-nos, porém, de que aqui
não estamos falando dos mil e um rituais
iniciáticos formais que, em maior ou menor
grau, simbolizam o fato natural que constitui
o renascimento espiritual consciente.
Antes, estamos tentando avaliar, em
alguma pequena medida, o secretum
secretorum, o “segredo” dos “ritos ocultos”, o
mistério espiritual que nenhuma cerimônia
terrena ou psíquica pode revelar.
Esses rituais apenas velam o mistério. É
o próprio homem que deve erguer o véu,
porque se trata de um mistério de auto
revelação, e esta auto revelação é conduzida
pelo trabalho interno da energia natural da
própria Divindade inata do homem.
Esta “energização” da natureza espiritual
do homem pode se manifestar à sua cons-
ciência “de vigília” ou “de sonho” de muitas
maneiras. Cada indivíduo, entendido do
ponto de vista de processo no tempo e no
16 Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018
espaço, considerado como uma “sequência
do Destino”, que está girando nos círculos
do sempre-devir e re-devir, durante as eras
das muitas vidas de existência individual
que constituem os momentos da vida in-
trauterina do verdadeiro Homem, tem, pre-
sumivelmente, no arquivo de sua memória
mais profunda, muitas imagens dos rituais
iniciáticos pelos quais passou, quer quando
encarnado em alguma vida terrena, ou vi-
vendo na vida póstuma.
No instante de sua grande conversão, que
é começo de seu diálogo consciente com o
seu próprio Eu maior, estas imagens podem
(é válido crer) viver novamente uma vida de
novo significado, e coisas que haviam tido
antes, para a mente carnal, a natureza de
sombras e espetáculos, torturantes tentações
e carências, ou melhor, que não raro haviam
levado à corrupção e aviltamento, tornam-
se inteligíveis à luz do novo alvorecer da
vida e da mente purificadas.
Mas a memória dessas experiências auxi-
liares, seu afloramento à consciência física,
não é absolutamente invariável (é o que se é
dito e parece muito natural de se concluir).
Por outro lado, a “re-visão” de tais
cenas e outras semelhantes pode ocorrer a
muitos que ainda não conhecem o mistério,
de modo que não deve ser entendida,
absolutamente, como prova de consecução
espiritual. Pois, esse afloramento das
imagens à consciência física depende
exclusivamente de suscetibilidade psíquica,
que, em si mesma, nada tem a ver com a
evolução da natureza moral.
A iniciação espiritual, pode-se crer,
está antes condicionada à capacidade
de compreender, interpretar e avaliar
tais fenômenos e eventos subjetivos. O
verdadeiro Iniciado é aquele que alcançou a
luz do discernimento e, assim, compreende.
 Essa ou aquela imagem, esse ou aquele
evento, não têm a menor importância
para ele; não interessa se essa ou aquela
aparência de si mesmo transcorreu
através dessa ou daquela experiência,
ou se outros acontecimentos do gênero
se processaram ou se processam através
de outras aparências. O que importa é o
significado, e só a intuição do significado é o
conhecimento que constitui sabedoria.
Assim sendo, a reminiscência de certas
imagens seletas da experiência passada
ou presente é de pouca importância;
considerando que a memória que é
restaurada por essa iniciação espiritual é a
memória de compreensão, de compreensão
da consciência atual (a despeito do sentido
para que seja dirigida esta consciência).
Trata-se da faculdade de apreciar o
verdadeiro valor da ação, dos aconteci­
mentos; da correta leitura da “história” e do
verdadeiro uso da “lógica”.
Sem dúvida, há toda espécie de iniciações
menores a conhecimentos de uma infinita
variedade de estados psíquicos, assim como
há iniciações a uma vasta variedade de
conhecimento físico, e talvez muitos leitores
achem que muitos desses conhecimentos
Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018 17
valem o grande esforço necessário para que
sejam adquiridos.
De minha parte, sempre me senti
compelido pela esperança de que há um
Caminho mais imediato para a Gnose
Espiritual; e é somente a trilhar este
Caminho, a fim de alcançar e cruzar o Portal
da Gnose, e assim se tomar o Portal para
outros, como verdadeiro Bab1 que acredita
que o homem deve ousar consagrar sua
verdadeira Vontade, doar todo o seu Ser.
O Caminho da Sabedoria
Isto não significa que devamos tolamente
menosprezar as ciências, os conhecimentos
e as artes formais, e sim, apenas que é difícil
evitar a convicção de que, se estas coisas
devessem ser adquiridas através de meios
temporais, por todos os que desejassem
alcançar a sabedoria, então o processo seria
interminável, e a esperança da consumação
final seria indefinidamente protelada.
1 *N. do T. – Bab: chefe religioso persa; o
“portal” (que conduz ao conhecimento da
Verdade Divina).
 Prefiro, portanto, acreditar que existe,
sempre aberto para todos os homens, um
Caminho imediato entre eles e o seu Deus,
e que é somente no tocante ao ponto a que
se pode dizer que um dado conhecimento
lança luz neste Caminho que ele pode, em
qualquer sentido verdadeiro, ser chamado
de iniciático.
Podemos aumentar a ciência e o conheci­
mento, mas nenhum processo de aumento
de ciências e conhecimentos poderá se
igualar à Sabedoria; e a compreensão e a
gnose de que tenho falado têm a natureza
da Sabedoria.
A Sabedoria é eterna e imediata; não
é lógica, não é histórica ou evolutiva,
no sentido comum destas palavras; não
interpreta um “plano” por um outro “plano”;
espontaneamente reconhece a si mesma em
todas as coisas.
E é esse contato consciente com a Sabe­
doria, creio eu, que constitui o ingresso
na Vida, ou a primeira grande e natural
Iniciação.
Isto não significa que a consciência desse
contato seja contínua. O contato, é verdade,
persiste, porque constitui a transformação
18 Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018
permanente da mais profunda natureza do
homem; mas a retenção dessa consciência
transcendente na natureza impermanente
do ser complexo ainda ultrapassa o poder
do recém-nascido bebê Humano.
Este poder tem de ser gradativamente
desenvolvido, e o “crescimento em espírito”,
ou o desenvolvimento do poder de reter o
“sagrado alento”, ou a consciência espiritual,
aqui na Terra, marcam os estágios de
perfeição pelos quais o bebê Humano cresce
até a estatura do Homem Celestial.
E aqui eu prefiro parar, embora se possa
ousar sugerir muito mais, porque este assunto
se desenrola infinitamente, como todos os
conceitos fundamentais da Senda Mística.
Sei que é muito ousado tratar destes
elevados temas, e que me arrisco a ser
acusado de presunção por fazê-lo; meu
único objetivo, porém, foi de sugerir como
é maravilhosa a perspectiva que se abre
diante de nós quando ousamos contemplar
a natureza do significado desta poderosa
palavra, INICIAÇÃO.
A nebulosa imaginação do que talvez
seja uma parcela mínima deste significado
é, confesso-o sinceramente, presunção.
Mas, como este glorioso ideal é uma das
pressuposições fundamentais da Vida
Mais Profunda, como “Iniciação” é uma
palavra que ocorre com tanta frequência
na literatura mística e pseudomística, não
é totalmente impróprio dizer: “Acho que ela
deve ter algo dessa ou daquela natureza”,
com base nos mais elevados pensamentos
e mais sagrados sentimentos que já foram
despertados em nosso Eu maior pelo estudo
das escrituras do mundo.
Para mim, Iniciação, em seu mais elevado
significado espiritual, denota uma realidade
transcendente; ela tem de ser a necessária
e inevitável consumação de meus atuais
estudos e esforços. Não consigo imaginar
satisfação maior; pois, por sua própria
natureza, ela deve ultrapassar tudo o que
eu posso imaginar e desejar, a que posso
PÁSCOA
Tradição da Páscoa
A festa da Páscoa da igreja cristã é a
celebração dos eventos descritos no Novo
Testamento e ocorre próxima à época da
Páscoa judaica (Pêssach). Contando os
meses para cada lua nova sucessiva, a Páscoa
começa na lua cheia no dia 14 de Nisan, o
primeiro mês hebraico, correspondendo
aproximadamente ao final de março até
meados de abril. Como o calendário religioso
judaico está de acordo com o ciclo lunar e
segue o formato adotado durante o exílio
babilônico, a Pêssach (Passagem), portanto,
a Páscoa, varia de um ano para o outro em
nosso moderno calendário secular. Além
disso, Nisan é o primeiro mês de festivais
Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018 19
aspirar, ou não seria uma consumação ou
consecução final.
Esta Iniciação deve ser o fim da vida em
ignorância natural, e o começo, igualmente
natural, da Vida em Gnose simples. Sua
natureza deve ser imediata e não mediata.
Não deve ser simplesmente um progresso
por outros “planos”, e sim uma percepção
unificada de ação em todos os planos.
O que quer que seja menos do que
isto, creio que pertence a alguma forma
de iniciação, que ainda vela a realidade da
própria coisa, e não Iniciação. Esses véus
muitas vezes são, sem dúvida, muito belos,
e revelam muito mais do que os palpites que
qualquer indivíduo pode esperar alcançar,
mas não pode realmente satisfazer. E creio
que a verdadeira Iniciação é satisfação.
G.R.S. Mead, RFC
e reis, Tishri, no outono, é o início do Ano
Novo judaico.
Segundo alguns estudiosos, a Páscoa
provavelmente se originou de uma
combinação de ritos: o sacrifício do
primogênito dos rebanhos e a confecção
de bolos com o primeiro grão da cevada.
Existem outros elementos que podem
ser derivados de um rito mágico para
proteção contra epidemias. Estas cerimônias
combinadas também foram usadas para
comemorar um evento particular, o Êxodo,
que levou ao fim da escravidão dos hebreus
e à saída do Egito.
 Última Ceia. Mais tarde, foi celebrado no
dia 15, o dia da Crucificação, e, finalmente,
o dia 17, o dia da Ressurreição, tornou-se o
dia oficial da celebração da Páscoa. Como 12
meses lunares não equivalem a um ano solar
e ajustes devem ser feitos para manter os
meses de acordo com as estações do ano, de
10 dias a um mês a mais foram adicionados a
Ressurreição

cada ano de acordo com os cálculos feitos em

A Páscoa tornou-se uma festa de
peregrinação, isto é, era realizada apenas no
Templo de Jerusalém, e os devotos deveriam
viajar para aquela cidade para participar.
Porque a celebração começava com uma festa
à noite, sugeriu-se que tem um significado
lunar, talvez sendo remanescente de um
antigo rito da deusa da lua. Outros estudiosos,
observando o equinócio solar,
sugerem que, assim como seus
vizinhos no Oriente Próximo,
as primeiras tribos hebraicas
tiveram um festival solar de
primavera. Em qualquer caso,
um festival na época da lua
cheia era prático quando uma
Jerusalém. Isso fez com que a comunidade
cristã dependesse do sacerdócio judaico para
o conhecimento de precisamente quando,
no ano civil romano, ocorreria o 14º dia de
Nisan.
Para os judeus convertidos ao cristianismo,
essa dependência não era um problema,
mas os bispos de Roma não queriam tal
dependência da fé mais antiga.
A data pascal é o ponto central no ano
eclesiástico da igreja cristã a partir do qual
todos as outras festividades são medidas
(exceto aqueles centrados no dia de Natal,
25 de dezembro) e, portanto, eles tomaram
medidas para estabelecer seus próprios
cálculos. Desde o início, esse padrão de
Páscoa Judaica

peregrinação era ordenada aos

fiéis. Isso era tão verdadeiro
para a Páscoa cristã quanto para
a Páscoa judaica.
A igreja cristã primitiva
inicialmente celebrava a Páscoa
no dia 14 de novembro de Nisan,
o início da história da Paixão na

20 Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018

datação romana foi explicado como
necessário, porque os cálculos de
Jerusalém não eram considerados
totalmente precisos. Mas o mês lunar
continuou a ser usado e ainda é
usado hoje para as datas da Páscoa,
comemorando assim as observações
lunares no início da Judeia. A data da
Páscoa, em linguagem simplificada, é
o primeiro domingo após a primeira lua
cheia após o equinócio da primavera no
hemisfério norte.
Os pontos de mudança do ano solar
foram os períodos em que muitas
práticas religiosas antigas celebravam a
morte do velho e o nascimento do novo. Um
rei pode sofrer uma morte simbólica e ser
“renascido” com uma virilidade renovada.
Um velho rei também pode ser executado
nesta estação, para que um homem mais
jovem possa substituí-lo. Pensa-se que a
renovação da vida no gado, nos cultivos e nas
crianças da tribo ou clã estava em simpatia
mágica com a força do governante, que por
sua vez estava em uma relação especial com o
Sol em seu progresso anual. Para a renovação
do povo, o rei deveria estar disposto a
sacrificar sua vida. Da antiguidade, então,
os significados místicos associados à Páscoa
são o sacrifício, a libertação e a regeneração.
As antigas origens da Páscoa, isto é, de
um festival realizado na época do equinócio
para garantir a fertilidade, revelam-se em
certos costumes. Até mesmo a palavra
inglesa Easter e sua contraparte alemã,
Ostern, derivam do nome de uma deusa
nórdica pré-cristã da aurora e da primavera.
Os costumes relativos aos ovos, ao coelho
da Páscoa, aos fogos, aos jogos de bola etc.,
que se associaram ao festival da Páscoa,
são relíquias dos antigos costumes pagãos.
Por exemplo, em alguns lugares uma figura
Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018 21
Êxodo
representando o inverno era lançada no
fogo da Páscoa, enquanto em tempos mais
recentes, esse personagem representa Judas.
Os primeiros bispos tentaram erradicar o
costume do fogo, mas como com tantos
outros ritos religiosos, eles simplesmente o
adotaram, deram a ele associações cristãs e
acenderam um novo fogo no Sábado Santo,
atingindo a pedra, simbolizando assim a
Ressurreição da Luz do Mundo, tirado de
um túmulo de pedra.
O ovo, como um símbolo de regeneração,
tem sido discutido por muitos autores, mas
o simbolismo por trás do costume de jogos
de handebol entregues em um período por
bispos, padres e monges no início da semana
da Páscoa é obscuro. O jogo de bola estava
ligado em alguns lugares com uma dança na
igreja. Tudo isso pode ser uma lembrança
fraca de alguma conexão inicial entre a forma
da bola e o sol.
No Casamento Alquímico de Christian
Rosenkreuz, um tratado Rosacruz do início
do século 17, a história começa durante a
época da Páscoa. Esta alegoria alquímica
foi descrita como uma fantasia usando a
imagem da fusão elementar, ou o casamento
alquímico, e tocando o tema da morte através
do qual os elementos devem passar antes

mudança de orientação
odemos esperar uma mudança de orientação no mundo sem que essa mudança
ocorra antes em nós mesmos?
Como membros da Ordem Rosacruz
da AMORC, sabemos que o estudo que
empreendemos tem o propósito de nos ajudar
a amadurecer rumo a uma nova visão do
homem, da natureza, do universo e de Deus.
Esse mesmo estudo nos ajuda a entender
as inter-relações que existem entre todas
as manifestações e como essas diferenças
aparentes vêm de uma única realidade.
Neste sentido, por exemplo, será muito mais
fácil para um Rosacruz falar sobre ecologia e
meio ambiente porque ele sabe intimamente
que está falando sobre si mesmo e entende
que não há separação real entre o “lá fora” e o
“aqui dentro”. O mesmo acontece quando nos
22 Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018
de serem transmutados. É também uma
alegoria espiritual que tipifica processos de
regeneração e mudança que lapidam a alma.
À luz desta descrição, podemos ver o tema da
Páscoa em seu sentido místico de sacrifício,
libertação e regeneração. Em um dos seus
artigos, o ex-imperator Harvey Spencer
Lewis, fala do significado místico da Páscoa
da seguinte forma:
O dia era o símbolo de um princípio, uma
grande lei ou uma manifestação mística
que a consciência humana concebe como
sendo verdadeira, boa e edificante ... um
dia de renascimento e regeneração. Esta
Páscoa é verdadeiramente simbólica do
espírito nascente da nova vida, libertando-
se da escravidão do túmulo e tendo sua
forma antiga de materialismo crucificada
e retornada à terra.
Rosicrucian Forum, 2, 2017
relacionamos com os nossos pares. Estamos
amadurecendo uma visão global em que o
outro se torna uma faceta da nossa própria
realidade; manifestação da essência divina
em um nível diferente. Sob essa perspectiva,
acaba-se a necessidade de um confronto
competitivo, uma vez que a competição
envolve o fato de que alguém tem que
“perder” e sabemos que, nessa área, quando
alguém perde, todos somos derrotados.
O estudo dos ensinamentos da AMORC nos
permite ver através das verdades relativas
que cada um carrega dentro deles, uma
verdade maior que representa sua síntese.
No entanto, para fazer isso, é necessário ter
em mente a ideia do caminho místico. É
claro para todos que uma nova visão não
é alcançada de hoje para amanhã, muito
menos pode amadurecer sem que tenha
havido um verdadeiro trabalho interior.
Voltando à metáfora do jardim, é necessário
que a rosa seja cuidada, protegida e regada
em sua medida adequada, caso contrário,
as ervas daninhas e os insetos a afogarão.
É necessária uma atenção modesta,
porém constante. Dia após dia, cuidando
dos detalhes, observando as mudanças,
regando com a quantidade correta de água
e alimentando com o adubo mais adequado.
É essencial que uma pessoa que se aproxime
de um Estudante Rosacruz possa perceber
esse trabalho interior, que se manifesta não
apenas pelas belas palavras que a pessoa
pode expressar, mas pelo exemplo que é
capaz de dar aos outros. É essencial cultivar
boas maneiras, o domínio da voz e atenção
especial deve ser dada à escolha de palavras
e assuntos de conversação, evitando dar
espaço excessivo a exemplos negativos, más
notícias, infortúnios e misérias humanas.
Ser rigoroso na avaliação de si mesmo e
tolerante às fraquezas dos outros sempre foi
Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018 23
um dos maiores exemplos que os Mestres
do passado nos deixaram e queremos
ser dignos herdeiros dessa Tradição.
Deve ser entendido que não é nossa intenção
reduzir o Caminho Místico a um manual de
boas maneiras, no entanto, não podemos
deixar de concluir que nunca se pode falar
de espiritualidade ou evolução espiritual
se a nossa vida continua a mesma; se você
não notar mudanças substanciais de atitude
em relação às coisas e às pessoas. Como
muitos, estaremos vivendo uma ilusão.
Por isso, é importante que cada membro
da Ordem seja uma luz no mundo e que,
quando nos encontrarmos em diferentes
atividades místicas, possamos apreciar a
soma das luzes individuais, iluminando
nossa realidade e reforçando nossa visão.
No final deste processo, cresceremos com a
consciência de que o nosso jardim místico,
o cuidadoso jardineiro e a rosa, com suas
misteriosas pétalas, são apenas uma coisa,
a mesma realidade. E o aumento dessa
consciência dará frutos, o que será benéfico
para toda a humanidade.
Departamento de Instrução da
Grande Loja Italiana
 estudo dos mitos
ual a importância do estudo dos mitos para o desenvolvimento espiritual?
A palavra mito vem do termo grego
“muthos” que inclui a raiz “mu” que também
podemos encontrar em latim sob a forma
de “mutus”, que significa “boca fechada”
ou “cala a boca”. Há outra palavra “muco”
que significa “falar sem abrir a boca” e que
é usada em relação aos Mistérios, onde era
necessário instruir sem palavras. O mito,
portanto, expressa a ideia de instruir no
silêncio, que à primeira vista pode parecer
paradoxal.
A função do mito é nos fazer perceber
algo que é inexprimível através da trans-
missão de uma história sob uma forma ini-
ciática. As palavras do mito não revelam
tudo o que querem dizer, e apenas a medi-
tação e a introspecção nos permitem extrair
as verdades espirituais essenciais contidas
nela. De fato, o que ele quer alcançar no
mito é dirigir-se ao profano, enquanto se
24 Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018
mantém em silêncio sobre os ensinamen-
tos ocultos na história, a fim de despertar
no subconsciente as memórias ou insights
que outrora eram bem conhecidos por nós.
Para dar um exemplo, os antigos mitos gre-
gos ou egípcios, antes de serem gregos ou
egípcios eram principalmente mitos uni-
versais, subprodutos que faziam parte do
patrimônio espiritual da humanidade. Nes-
se sentido, eles poderiam ser comparados a
quaisquer outros mitos tradicionais. O mito
conta uma história sagrada, um aconteci-
mento primordial que teve lugar no início
dos tempos. Contar uma história sagrada é
revelar um mistério porque as personagens
centrais não são seres humanos.
Transmitir um mito é proclamar o
que ocorreu em um tempo sagrado, que
teve lugar antes da existência do próprio
tempo. Proclama o aparecimento de uma
nova situação cósmica ou
de um evento primordial.
É o relato de uma criação,
de uma manifestação
divina. O mito fala apenas
de realidades, ou seja, o
que é sagrado, já que, por
excelência, o sagrado está
ligado ao real. Associado
ao mundo dos númenos,
sua sacralidade revela,
portanto, as estruturas
mais profundas do mundo.
O mito também revela
uma sacralidade porque
conta a atividade criadora dos deuses.
Descreve as várias intervenções, às vezes
dramáticas, do sagrado no mundo. Seu
fundamento está precisamente nesta
incursão no mundo. Não ensina a Tradição
que não se é verdadeiramente humano até
aceitar os ensinamentos dos mitos e imitar
os deuses? Quando são devidamente
assimilados os ensimantos contidos nos
mitos podemos passar do tempo profano
para o tempo sagrado. Mitos, fábulas e
lendas também transmitem ideias-força
através das eras e civilizações. Estas últimas
são direcionadas para a nossa intuição
e, se nos encantam, é porque sentimos
ressoar em nós as reminiscências de
épocas passadas. A essência interna, ou a
substância do mito, é eterna. Corresponde
a algo que existia antes de toda a criação e
que pode fazer-nos vibrar em união com a
nossa alma.
Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018 25
Mircea Eliade disse: “O mito destaca
o homem de seu próprio tempo, do seu
tempo individual, cronológico, histórico
e o projeta, ao menos simbolicamente,
em um instante paradoxal, que não pode
ser medido porque não é constituído por
uma duração determinada. Isto significa
que o mito implica em uma ruptura do
tempo e do mundo que nos rodeia; realiza
uma abertura para o Grande Tempo, até o
Tempo Sagrado”.
Quando trabalhamos para entender a
essência destes momentos primordiais,
sacralizados, não fazemos outra coisa se
não nos harmoniarmos com os valores
eternos e tudo o que toca esses valores só
pode se aproximar da nossa fonte original,
da verdadeira essência das coisas. Além
disso, as verdades espirituais contidas nos
mitos e, mais amplamente, na arte sagrada,
são uma expressão do Divino.
SA da Jurisdição Francesa
 A INFLUÊNCIA DA LUA

espondendo a alguns estudantes que perguntam sobre a influência da lua em

nossas vidas, publicamos aqui um artigo do nosso Primeiro Imperator para
o atual ciclo, Dr. H. SPENCER LEWIS. Esperamos elucidar muitas dúvidas
sobre o assunto.

Não necessitamos recorrer aos princípios
expostos em qualquer ciência arcana para
descobrir que a lua tem certas influências
definidas sobre as nossas vidas ou sobre a
vida em geral, e o propósito deste artigo é
expor, de maneira simples, algumas das
mais vitais dessas influências e ligá-las a
incidentes que afetam a todos nós.
O assunto é digno de um livro, mas,
depois de tudo dito, ele se reduz a um
estudo simples das leis do ritmo. Não
vamos perder tempo em discutir aqui esse
ponto, ou mesmo esboçar completamente o
princípio do ritmo na vida. Ele é, ou deveria
ser, tão bem conhecido da maioria dos
nossos Membros ou leitores para dispensar
tal apresentação aqui.
O ritmo tem seu lugar em todas as fun-
ções da organização do corpo animal e se
manifesta nas fases fisiológicas e psicológi-
cas desse funcionamento. Podemos citar o
movimento peristáltico dos intestinos, as
contrações do esôfago e a pulsação do san-
gue em circulação. Estes e muitos outros
são típicos do ritmo organo-fisiológico e
do processo funcional. O sistema psíquico
ou emocional do Homem tem o seu ritmo
ou atividade rítmica muitas vezes mais ma-
nifesto do que o dos órgãos e, em todas as
doenças mentais ou neuromusculares, tais
como os espasmos, tiques, tremores e ou-
tros, onde se manifesta o excesso de ener-
gia, há períodos de manifestações perfei-
tamente rítmicas. E temos aprendido que
a respiração rítmica é uma ajuda para se
obter saúde e equilíbrio.
Enquanto que tudo isto é geralmente
admitido pelas massas e pelas autoridades
médicas, e, sem dúvida, considerado
com seriedade pelo estudante das leis
naturais, a relação de tal ritmo com as
fases da lua não é, geralmente, conhecida.
Descobertas recentes pela ciência, contudo,
têm confirmado muitos dos princípios
conhecidos por algumas pessoas, que deles
têm feito uso por várias formas. São as
recentes descobertas (1923) combinadas
com o que muitas pessoas haviam
descoberto, que será apresentado agora.
A lua, como planeta, tem um ciclo de
fases bem definido, que cobre um período
de, aproximadamente, vinte e oito dias e

26 Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018

que é conhecido como “mês lunar” ou ciclo
lunar. Usaremos o termo “ciclo”, uma vez
que esse ciclo é dividido em fases e, essas
fases, são, também, divisíveis; dividiremos
o ciclo em unidades, sendo, cada unidade,
uma unidade rítmica, como veremos.
A primeira metade do ciclo da lua é de
catorze dias; a metade deste (ou um quarto
do ciclo) é de sete dias; a metade deste, é
de três dias e meio. Esses três dias e meio
equivalem a oitenta e quatro horas.
O ciclo total da lua, constituindo uma
revolução completa do perigeu ao apogeu
e a volta novamente ao perigeu, é o mês
lunar referido acima e, este ciclo completo
é, muitas vezes, referido como o ciclo longo
da lua, enquanto que um ciclo curto seria o
ciclo ordinário das marés, correspondente
ao movimento superior e inferior da lua.
Logo, temos dois ciclos de lua a considerar:
o curto, de doze horas, conhecido como o
ciclo de marés, da lua, e o longo, de vinte
e oito dias, em média. Só podemos lidar
com médias, devido a ligeiras variações de
tempo. Como existe um ciclo longo e um
ciclo curto, teremos, também, unidades
longas e curtas desses ciclos. Não como
atitude arbitrária e, sim, devido a leis
fundamentais que o leitor compreenderá,
chamaremos os três dias e meio, conforme
encontramos acima, como a unidade do
ciclo longo ou uma unidade longa.
Tomando o ciclo curto de doze horas
e, dividindo-o, teremos unidades de três
horas, como unidade curta.
Em primeiro lugar, notemos que uma
unidade longa de três dias e meio é igual a sete
pequenos ciclos, ou sete vezes doze horas.
As duas unidades, como explicado acima,
uma de três horas e uma de três dias e meio,
manifestam-se em ações rítmicas da mente
e do corpo, como ondas ou ondulações
de uma onda rítmica. Aqui fazemos
importantes descobertas e podemos,
Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018 27
mesmo, ir além da descoberta da ciência,
por meio do nosso outro conhecimento de
certas leis naturais.
O Ciclo das Doenças
No caso de doenças, encontramos fatos
interessantes e úteis, analisando os casos
normais e usando as médias das unidades
do ciclo da lua. Essas médias revelam o efeito
das fases lunares anabólicas ou catabólicas,
ou unidades dos ciclos, como segue:
O período de incubação da Febre Tifoide
é de 7 a 21 dias, ou de 2 a 6 unidades longas;
o período de incubação da Varicela é de
14 dias, ou 4 unidades longas; da Bexiga,
7 a 14 dias, ou 2 a 4 unidades longas; da
Escarlatina, 3 dias e meio, ou uma unidade
longa; do Sarampo, 10 dias e meio ou 3
unidades longas; da Coqueluche, 10 dias e
meio, ou 3 unidades longas; da Dengue, 3
dias e meio, ou 1 unidade longa e a Difteria,
de 3 dias e meio a 10 dias e meio, ou de 1 a
3 unidades longas.
Em todos os casos de febre alta, o
período rítmico dessas unidades é muito
pronunciado e definido. Alterações
regulares ocorrem todos os 7 dias (como
tem sido notado há anos) ou, em outras
palavras, após cada 2 unidades longas (uma
positiva e uma negativa), como veremos.
Quanto mais demorada a doença, mais
definidas são as alterações cada 7 dias e,
mesmo a unidade longa, simples, de 3 dias
e meio, é bem percebida e importante.
Estas unidades de ritmo também se
manifestam no processo de germinação e
de gestação de vida e têm, também, o efeito
de determinar o sexo. A média de tempo
para chocar ovos de muitas espécies é de 3
dias e meio ou 1 unidade longa. Em muitos
insetos é de 1 semana e meia, ou 3 unidades
longas. A galinha põe ovos durante 3
semanas (6 unidades longas) e choca-os
num igual período.

O óvulo possui, estruturalmente, os
elementos de ambos os sexos, porém, por
uma ligeira alteração funcional é, uma vez,
ativamente feminino e, outra, ativamente
masculino1. Os períodos de alteração se
ajustam às unidades de ritmo referidas
acima. A fertilização do óvulo recebe estas
alterações periódicas em uma das suas
condições ativas de sexo e isto determina o
sexo no embrião.
1 Nota da Redação: A ciência hoje afirma que
a mulher contém somente o cromossomo X,
enquanto o homem possui os dois: X e Y. O
que determina se o embrião vai ser um menino
ou uma menina é a composição resultante da
fecundação: se o espermatozoide que fecunda o
óvulo é o X, será uma menina; mas se o gameta
for masculino (ou seja, o Y), será um menino.
Entretanto, isto não invalida a tese do Dr. Lewis
de que a lua tem influência sobre o sexo do
bebê, pois ela vai influenciar outros fatores que
permitirão a fecundação por X ou Y.
28 Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018
Temos falado sobre as unidades
ou períodos negativos e positivos. É
essa diferença em potencialidade que
determina o sexo da unidade e, também,
a influência fortificante ou debilitante
das unidades durante as doenças. Esses
diferentes potenciais podem ser facilmente
determinados.
A Chave
Voltando, novamente, ao ciclo curto
de doze horas, chamado de ciclo de marés
da lua, verificamos que a ação das marés
nos dá a chave dos potenciais. As seis
horas que precedem o ponto máximo da
maré cheia são fortificantes e as seis horas
imediatamente seguintes são debilitantes
em seu efeito nos processos fisiológicos e
psicológicos da vida. As primeiras três horas
antes da maré cheia são horas positivas ou
constituem uma unidade curta positiva
(ou onda) do ciclo rítmico, ao passo que as
primeiras três horas seguintes são negativas
e constituem a unidade curta negativa.
Cada unidade positiva é precedida de
uma negativa e seguida de outra negativa;
daí, em cada doze horas, ou ciclo de
maré, haver duas unidades positivas e
duas negativas; em cada dia de 24 horas,
há quatro de cada uma dessas unidades.
Mas, para poder determinar quando são
negativas ou positivas, devemos tomar a
hora da maré cheia como base, tomando
a hora da preamar, como conhecida em
cada localidade da face da Terra, a despeito
de estar a localidade próxima a um curso
d’água ou não.
Tomando-se o ciclo longo ou o ciclo
do mês lunar com uma média de 28 dias,
teremos a unidade longa de 3 dias e meio. Há
oito dessas unidades longas em cada ciclo
longo. Verificamos que a primeira dessas
unidades, que precede imediatamente a
hora da lua cheia, é uma unidade longa
positiva, e a unidade que se segue é uma
unidade negativa. Logo, temos 3 dias e
meio, antes da lua cheia, como positivos
em natureza e 3 dias e meio, imediatamente
seguintes, como negativos em natureza. Há
quatro dessas unidades positivas e quatro
negativas, de 3 dias e meio, em cada ciclo
lunar de 28 dias.
É fácil ver, agora, que vivemos sob a
influência de uma série muito sistemática,
embora estranha, de unidades alternadas
de ondas rítmicas positivas e negativas,
umas com duração de 3 horas e, outras,
com duração de 3 dias e meio. Portanto,
enquanto uma das unidades positivas
longas, de 3 dias e meio, está vigorando,
haverá 28 unidades curtas de 3 horas cada,
alternadamente negativas e positivas,
também em ação. Uma unidade curta
positiva, atuando durante a manifestação
de uma unidade longa positiva, criará um
efeito muito positivo; uma unidade curta unidade ou período de tempo puramente
negativa, em ação durante a manifestação positivo produz uma condição forte, uma
de uma unidade longa positiva, resultará em fecundidade masculina, enquanto que uma
uma condição neutra; uma unidade curta unidade ou período puramente negativo
negativa, vigorando durante a manifestação produz uma condição feminina mais suave.
de uma unidade longa negativa, estabelecerá Um é ativo, o outro, o oposto. O período
uma condição decididamente negativa. neutro, como mencionado acima, produz
As unidades longas, de 3 dias e meio, têm uma condição passiva.
a sua maior influência no funcionamento
puramente fisiológico dos órgãos, nos
processos fisiológicos durante a moléstia Nascimento
ou nas condições anormais do corpo como Verificamos que as unidades curtas
um todo. As unidades curtas têm o seu exercem sua influência, muito fortemente,
maior efeito nas funções mentais, psíquicas, nas condições relativas ao parto. Aí, o
nervosas e biológicas e nos processos do sistema nervoso, a ação do simpático e as
corpo, seja na saúde ou na doença. funções orgânicas, são muito sensíveis às
É por esta razão que os períodos longos influências que estivemos descrevendo.
têm uma ação importante nas moléstias Durante a unidade longa negativa,
(“febres”) que já mencionamos e, em muitas especialmente as primeiras 3 horas após
outras, enquanto que nas fases de fertilização, o ponto máximo da preamar, o corpo
fecundação, contágio e processos similares, as está em repouso e as contrações são mais
unidades mais curtas têm maior efeito. Uma fracas e menos favoráveis durante o
trabalho, enquanto que a unidade longa

Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018 29


positiva, especialmente as três primeiras
horas que imediatamente precedem ao
ponto da preamar, produz uma condição
ativa no que se refere às contrações e
condições de outros processos, e menor
esforço voluntário é necessário por parte
da paciente, sem qualquer auxílio externo
ou artificial, promovido pelo médico.
Se o nascimento não ocorrer durante as
primeiras duas unidades (seis horas) que
precedem a preamar, não ocorrerá, sem
condições forçadas e dolorosas, durante
as 3 horas seguintes (a primeira unidade
após a preamar) ou sem sofrimento e
enfraquecimento desnecessários durante
as próximas 3 horas (a segunda unidade
após a preamar). À paciente será permitido
descansar, durante as unidades negativas, e
se tornar ativa e cooperante, apenas durante
a primeira unidade antes da preamar.
Notar-se-á que as contrações, pelo esforço,
são rítmicas e se tornam mais fortes durante
as unidades positivas de tempo, e passivas,
ou fracas, durante as unidades negativas.
Tirando proveito de tais influências no
ritmo, a parturiente conservará muita força,
30 Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018
o uso de drogas tornar-se-á desnecessário
e o auxílio artificial pode ser inteiramente
evitado. De cem testes realizados com este
método, 98 confirmaram cada princípio em
ação e os outros dois foram afetados por
outras causas e condições de anormalidade.
Ao pensar ou planejar, ao falar ou praticar
qualquer ação mental ou funcional que
requeira força do sistema nervoso, qualidade
de magnetismo pessoal e boa vitalidade,
utilizem-se das duas unidades positivas
de tempo. No tratamento das moléstias,
dispense todo o auxílio possível durante as
unidades longas, positivas, e as unidades
curtas, positivas, mas permita que o paciente
descanse durante os períodos negativos. Se
houver manifestação de uma crise, durante
um período longo negativo, conserve o
paciente tão quieto quanto possível até
que uma unidade positiva venha a atuar,
especialmente, uma longa; então, se o
paciente não tiver atingido a crise, a unidade
positiva auxiliará a ultrapassá-la com êxito.
Necessidade de maior
Conhecimento
Para determinar convenientemente as
unidades de tempo, dever-se-á obter, de
uma fonte autêntica, a escala diária, ou
semanal, das marés, da cidade ou localidade
onde se viva e, da mesma forma, uma tabela
das luas, como publicada na maioria dos
almanaques, dando as revoluções ou fases e
ciclos da lua para cada mês.
A matéria não é questão que possa ser
extensamente publicada ou, mesmo, discu-
tida, com muitas pessoas, devido à descren-
ça generalizada quanto aos princípios da
influência da lua; confiamos, porém, que os
nossos leitores estejam bastante interessa-
dos em conhecer a importância do assunto,
fazer alguns testes com o mesmo e ajudar a
estabelecer outros fatos.
The Triangle, de outubro de 1923
 A Catedral da Alma ou Sanctum Celestial

m frater nos escreve recomendando que, em nosso Fórum, tratemos com

destaque de alguns fatos relativos à Catedral da Alma. Referindo‑se à sua
experiência pessoal quanto a esses contatos e a conversas a respeito com
Membros de sua localidade, afirma que seria útil, especialmente aos Membros
mais novos, salientarmos o fato de que não se deve esperar sensação ou manifestação
objetiva bem definida, ao se estabelecer contato com a Catedral.

Nosso frater pensa que muitos Membros
neófitos esperam que alguma sensação es-
tranha afete sua consciência e, enquanto
tentam estabelecer contato com a Catedral,
analisam suas sensações; e, se nada de ex-
traordinário ocorre em sua consciência,
concluem que estão falhando em estabele-
cer o contato desejado.
Isto é verdade e é tão importante que
acho que devemos realmente corrigir as
ideias errôneas que os Membros possam
ter. Em nenhum ponto de nossa literatura
referente à Catedral da Alma há sequer a
insinuação de que o Eu Interior, enquanto
harmonizado com a Catedral, deva ter al-
guma impressão exterior ou objetiva defi-
nida. Isto ocorrerá mais tarde, depois de se
terem feito muitos contatos com a Catedral.
A maioria dos efeitos ou das sensações ob-
jetiva serão percebidas quando se tiver ter-
minado o contato e o período de concentra-
ção e meditação tiver sido encerrado.
No período de contato com a Catedral,
o pensamento dominante não deve ser o de
antecipação de qualquer sensação objetiva,
nem mesmo de qualquer excitação espiritual
ou efeito emocional; ao invés disto, deve ser
de total relaxamento e abandono, no sentido
espiritual da natureza psíquica do Ser.
Se uma pessoa estivesse sentindo pesar,
dor, desalento, ou estivesse penosamen-
te necessitada de paz de espírito, e fosse a
alguma das igrejas ou catedrais de uma ci-
dade, dirigindo-se para um canto da nave,
a fim de meditar e permitir que a Alma se
harmonizasse com Deus, não penetraria ali
esperando que, tão logo cruzasse a porta,
alguma sensação objetiva maravilhosa ou
incomum se infundiria em seu corpo, para
causar uma certa impressão em sua mente e
consciência. Contaria com que tal sensação
objetiva ocorresse gradativamente, à me-
dida que o período de meditação se com-
pletasse, de modo que o maior efeito dessa
harmonização se manifestasse quando o
contato tivesse terminado.
Muitos, tentando estabelecer contato
com a Catedral da Alma, põem-se em um
estado de semirrelaxação e mantêm a mente
ocupada como numa dualidade de conside-
rações. Seus pensamentos giram em torno
de duas ideias: a de alcançarem um estado
intermediário, em que passarão da percep-
ção objetiva para o contato espiritual com a
Catedral, e a de se concentrarem analitica-
mente em seu estado emocional. Esperam
sentir, a qualquer momento, no corpo físico
ou na consciência objetiva, algum tipo de
transição ou mudança que seja equivalen-
te a cruzar o umbral e penetrar na Catedral
num sentido objetivo ou físico.
Com essa dualidade de pensamento e in-
tensa atividade mental, a harmonização com
a Catedral é impossível; a relaxação total fica
inibida e todo o propósito do período é frus-
trado. Esse processo equivale a uma pessoa
deitando-se para dormir pela primeira vez,
ou analisando o sono pela primeira vez. En-
quanto mantém a esperança e expectativa de
entrar em sono profundo, conserva a mente

Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018 31

 Da mesma forma que relaxamos
e abandonamos toda análise e con-
sideração objetiva, entregando-nos
completamente a um estado cós-
mico, podemos passar livre e facil-
mente para o estado intermediário,
no qual de nada estaremos obje-
tivamente conscientes, por alguns
momentos. Gradativamente, aper-
ceber-nos-emos então, interior ou
espiritualmente, de um estado de
consciência dife­rente daquele a que
estamos acostumados.
Durante esse estado de percep-
ção especial, poderemos sentir, vaga
e psiquicamente, contato com ou-
tras pessoas, com um ambiente di-
ferente, com música e sons agradá-
veis, vibrações harmoniosas e har-
monia perfeita. Porém, se fizermos
essas percepções ou sensações sutis
desfilarem no palco de nossa análise
mental, como objetos a serem exibi-
dos para que sua autenticidade seja
comprovada, subtrair-nos-emos
imediatamente do estado subjeti-
vo, espiritual, cósmico, e retornare-
mos, através do estado intermediá-
rio, à plena consciência objetiva. É
como levantarmo-nos subitamente
de nosso lugar etéreo na Catedral
e corrermos para a porta e umbral,
ativa, analisando seu estado de consciência,
saltando excitadamente para fora daquela
a fim de estar completamente alerta a qual-
atmosfera pacífica e bela, para as realidades
quer mudança que se verifique quando passe
complexas e ruidosa da existência terrena.
do estado de vigília para o de sono.
Todo Membro, que teve sucesso em es-
Não podemos dormir conser­vando-nos
tabelecer contato com a Catedral, sabe que
mentalmente alertas a qualquer possível
a percepção mais intensa do que realmente
mudança de consciência. Adormecemos, ou
ocorreu durante seu contato manifestou-se
por nos acomodarmos numa posição con-
após tê-lo completado, após ter retornado
fortável e relaxarmos completamente, aban-
a um estado de plena consciência objetiva,
donando todos os pensamentos e considera-
não tendo tido possibilidade de relembrar
ções objetivos, ou por estarmos tão exaustos
as sensações que passaram ali, delicada e
que o estado de fadiga supera nossa tentativa
levemente, através de sua consciência psí-
de permanecer ativos e despertos.
quica no momento culminante. Em virtude

32 Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018

de minha fecunda experiência com os
princípios da luz e da fotografia, não
posso deixar de comparar a experiên-
cia de estabelecer contato com a Ca-
tedral com a de tirar uma fotografia.
Depois de colocar o filme na máquina
e apontá-la para o objetivo, procede-
mos a abertura da lente, expondo a
superfície do filme à imagem. Aí está
um processo delicado, pois os raios
de luz impressionam suavemente a
superfície sensível do filme, sem a
intervenção de forças mecânicas. O
filme não está “consciente” do que
está sendo impresso sobre ele naquele
momento, exceto de maneira vaga e
sombria, de modo que nenhuma al-
teração visível parece ocorrer no ins-
tante em que a fotografia está sendo
registrada. Depois que a imagem foi
impressa e a lente novamente protegi-
da, o filme é submetido a um proces-
so de revelação mecânica e química.
Então, aquilo que sobre ele foi im-
presso de maneira tão delicada e sutil
começa a se revelar aos sentidos ob-
jetivos e a imagem se desenvolve em
toda sua beleza.
Depois de completado o contato
(deixando-se o indivíduo permanecer Mais uma vez, afirmo que o erro mais
em estado de relaxação e suspensão de cons- grave que uma pessoa pode cometer ao ten-
ciência objetiva durante oito a dez minutos), tar estabelecer contato com o Cósmico é
desenvolve-se pouco a pouco, na mente ob- analisar as sensações, no momento em que
jetiva, uma sensação daquilo que o Eu psí- estão prestes a se imprimir no Eu Psíquico.
quico acabou de experimentar. Esta revela- Desta maneira, o Eu Psíquico nunca é libe-
ção é acompanhada de certas manifestações rado ou aliviado de sua condição subjetiva.
físicas indiscutíveis, que podem facilmente A consciência objetiva domina de tal modo
ser reconhecidas e classificadas. O cansaço, o indivíduo, naquele momento, que ele não
a preocupação, as tensões que se pudesse ter cruza o Umbral da harmonização Cósmi-
antes de realizar esse período de harmoni- ca, mas permanece inibido e ocupado com
zação cósmica desaparecem, cedendo lugar questões analíticas, buscando a luz da pró-
a um crescente sentimento de exaltação, de pria mente objetiva.
expansão espiritual e física, de saúde, de po- Esta resposta foi dada originalmente
der e, sobretudo, de paz absoluta com o uni-
pelo Dr. H. Spencer Lewis
verso.

Fórum Rosacruz – Vol. XI – 01 – 2018 33

 Houve um começo?

ossa mente finita está acostumada ao fato de que todas as coisas materiais têm
começo e fim. A história da Criação também fala de um “começo”. Se o Cosmos
é ilimitado e, portanto, sem fim, conforme aprendemos nas monografias, por
que houve necessidade de um começo? Será que isto se refere apenas ao nosso
planeta, e, neste caso, há alguma prova disto?

O homem transferiu muitas de suas Em alguns casos pensava‑se que

experiências objetivas, resultantes da
natureza de sua mente e de seu organismo,
para o Cosmos. Por exemplo, ele se
compreende como um ser causativo e,
por conseguinte, aplica o conceito de uma
causa última, um começo, ao Cosmos e ao
próprio universo maior. Muitas das coisas
que o homem observa e que lhe parecem ter
um começo constituem na realidade apenas
uma transição de um estado anterior.
Muitas vezes, não podemos perceber o elo
de ligação entre uma série de fenômenos e
uma outra. Uma espécie de manifestação
parece cessar completamente e, uma
outra, começar. Na verdade, um estado
simplesmente se transformou no outro.
Com o progresso dos instrumentos, nos
últimos anos, a Ciência pôde demonstrar
a afinidade entre muitos fenômenos que,
antes, pareciam ter começos independentes.
Em quase todas as antigas religiões, a
ontologia, ou teoria do ser, está relacionada
com uma divindade personificada, um deus
ou uma deusa antropomórficos, ou uma
pluralidade dos mesmos. Essas divindades
eram consideradas como seres superiores,
possuindo, porém, muitas características
parecidas com as humanas. Eram dotadas
de mente que pensava, planejava, e criava
metas a serem alcançadas. Assim, à maneira
do homem, elas criaram o universo (a
realidade total que o homem presume
conhecer).
esses deuses haviam criado o Cosmos de
sua própria natureza. Em outros casos,
imaginava-se que a Criação começara
com um estado de caos (o nada de que os
próprios deuses haviam nascido). Esses
deuses, por sua vez, haviam criado os
demais fenômenos da Natureza. Entretanto,
ao caos, ou a esse estado de não-existência,
os primitivos cosmologistas atribuíam uma
natureza positiva. Esse estado tinha uma
qualidade própria. Não era o nada, como
costumamos pensar (apenas a ausência
de alguma coisa). Presumia‑se que, do
estado informe desse caos, teria surgido um
potencial que dera origem à realidade.
É muito difícil para a média dos homens
conceber um ser eterno, que sempre tenha
existido e nunca tenha tido começo.
Para a maioria das pessoas, a ideia
de autogerarão é também difícil de
compreender, porque, em sua experiência
diária, não é de se esperar que encontrem
algo que sugira esse fenômeno. Uma causa
por trás de tudo, inclusive do Ser absoluto,
do Próprio Cosmos, parece mais conforme
com a experiência finita.
É igualmente difícil aceitar o conceito de
que não há uma condição de não‑existência
absoluta ou nada. Devemos compreender
que é somente percebendo a existência que
temos possibilidade de imaginar a condição
de sua ausência ou do estado oposto. Se

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um estado de não‑existência pudesse ser
identificado como tal, então, teria realmente
uma qualidade própria. O que quer que
exista é, então, um ser de alguma espécie. Se
algo pode provir do chamado nada, então,
racionalmente, esse nada não é na verdade
não‑existência, mas, antes, alguma coisa.
Um estado de nada jamais poderia existir
em si mesmo sem ser alguma coisa.
Filosófica e logicamente, temos neces­
sariamente de aceitar a ideia de que o Ser
sempre existiu e nunca poderia ter tido
um começo, pois, de onde proviria? Se
tentássemos atribuir uma fonte ao Ser,
então, logicamente, acabaríamos voltando
a um estado (ou alguma condição ou
qualidade) que, em si mesmo, teria
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existência. Do mesmo modo, nunca
poderá haver um fim para o Cosmos
(em que poderia o Ser se dissolver, ser
absorvido, fundir-se ou desaparecer?).
O Ser não pode ser destruído, pois isto
implicaria em admitir a existência de um
nada para o qual ele desapareceria, e o
nada não existe.
O Ser está em contínua mudança, disse
Heráclito, filósofo grego, há milhares de
anos. E disse também que a matéria está
sempre se transformando. Todavia, o Ser
puro não é apenas matéria, mas também
a energia que lhe é subjacente e em que
ela pode se transformar. Nas grandes
transições e transformações por que o Ser
está continuamente passando, pode nos
parecer que alguma entidade ou expressão
da natureza tenha se dissolvido no nada.
No entanto, sabemos hoje que se trata
apenas de mudanças para outras expressões
cuja natureza pode não ser imediatamente
perceptível.
Lemos constantemente suposições
científicas sobre o começo do universo.
Nosso sistema solar e mesmo a vasta galáxia
em que ele está situado, com milhões de
outras estrelas e outros planetas, tiveram,
indubitavelmente, começo. Com isto
queremos dizer que existiram num estado
anterior, antes de se manifestarem como
o fazem hoje. Tiveram natureza gasosa ou
de alguma outra substância própria dos
fenômenos cósmicos. Quando falamos
de começo, neste sentido, com relação ao
universo ou às galáxias, estamos apenas
nos referindo à sua forma, tal como hoje
a conhecemos. Não queremos dizer que,
cientificamente, nossa galáxia, a Via Láctea,
por exemplo, ou as demais galáxias, com
seus bilhões de sistemas solares, originaram-
se do nada.
Aliás, os astrofísicos estão hoje tentando
determinar (e esperam que a exploração
espacial lance mais luz neste ponto) a
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natureza da substância primária ou básica
do Cosmos. Em nossa ontologia Rosacruz,
por exemplo, referimo‑nos a Nous, força
dual, binária, como a substância básica
de que todos os fenômenos provêm
continuamente, e a que todos retornam.
Pergunta‑se às vezes com pode haver um
estado de não existência, de nada, quando
se afirma que o Cosmos está se expandindo.
Para onde se expande ele, considerando‑se
que esta teoria, ora em fase de investigação,
seja verdadeira? Devemos considerar que o
Ser não tem fronteiras externas. Que poderia
limitá-lo ou confiná‑lo? O que quer que
tivesse essa propriedade restritiva, seria em
si mesmo o Ser. Devemos compreender que
o Ser cria suas próprias relativas limitações,
e nada mais o poderia fazer. Para melhor
compreendermos este ponto, podemos
considerar uma bola de borracha. Ela não
tem bordas, limitações; no entanto, pode
expandir e contrair sua natureza. Einstein,
em sua Teoria da Relatividade, considera o
Cosmos limitando sua própria massa em
relação à energia e gravidade. Isto representa,
para usarmos um termo paradoxal, o infinito
com uma qualidade finita.
Falando da Terra, que é um grão de
poeira no Cosmos, podemos afirmar que
ela teve um começo. Porém,
mais uma vez, devemos
apenas entender um começo
com relação ao seu estado
como um mundo. Aquilo
de que a Terra consiste
basicamente é parte da
realidade única, do Ser
primário, e este nunca teve
começo. Se o mundo fosse
destruído, isto implicaria
apenas numa transformação
em átomos e suas partículas
subnucleares. – X
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