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vA | GORDON CHILDE ~ AGVOLUCAD n nOMGM ra a EDITORE if A REVOLUCAO URBANA E “ ae aC. a grande faixa de terra semi-drida em tdrno ©eiterraneo oriental e mais ao leste, até a India, era Ppovoada, por uma multiplicidade de comunidades, Entre elas, podemos x tee ie entinee ale uma diversidade de economia, adequada le das condigées locais — cagador v es e€ pescadore: eaters que usavam enxada, pastdres ndmades e aprciliceed Axos. © nos seus limites havia outras trib E 10S, que s pelos desertos distantes. Essas comunidades dire ee ti lades diversas haviam aumentado o capital cultural do homem pelas descobertas e invengées indicadas no timo capitulo. Haviam acumad uum volume consideravel de conhecimento cientifico -- topomrainng Seol6gico, astronémico, quimico, zooldgicn © botanicn one atividades préticas da agricultura, mecdnica, metalurgia e arqui. verdades cients, "Eat eons eran, também. encerrar : ; seqiiéncia do comércio e dos Mmovimentos de povos que mencionamos, tal ciéncia, técnicas ¢ goes estavam sendo amplamente difundidas, © conheci- mento e€ a prdtica eram transmitidos entre os Povos. E, mesmo tempo, a exclusividade dos grupos lotaie marva n° vencida, a rigidez das instituigde: i oe € ’§ sociais diminufa, as comu- nidades auto-suficientes sacrificavam sua endés es rificay i i ak “ independéncia ¢co- i see zum pepento evoluiu mais depressa nas grandes en ioek tibeirinhas, no vale do Nilo, nas planicies aluviais te 0 tigre ¢ o Eufrates, e nos vales adjacentes do Indo Stus tributarios, em Sinda e no Panjabe. Ali, a abundancia de agua © 0 solo fértil, anualmente renovado pelas chee Sarantiam um abastecimento certo e farto de alimentos, e per- mitiam a expansio da populagio. Por outro lado, a drenagem 142 pviginal dos pantanos e selvas ribeirinhos, ¢ a subseqiiente manu- tengiio dos canais de drenagem e diques protetores, impunham waforgos excepcionalmente pesados, exigindo disciplina perma- nente, das comunidades que desfrutavam as vantagens désses recursos. E como explicamos no inicio do capitulo anterior, a irrigago colocava nas maos dessas comunidades um meio efetivo de garantir a disciplina. E, apesar da abundancia de alimentos, os vales aluviais séio exeepcionalmente pobres em outras matérias-primas essenciais \ vida civilizada. O vale do Nilo nao dispunha de madeira yara construcio, pedra de cantaria, minérios e pedras magicas. A Suméria estava ainda em pior situacgio. A nica madeira yativa era proporcionada pela tamareira, as pedreiras de pedra tle construg’o eram distantes e menos acessiveis do que no Tigito; faltava-lhe nao s6 0 cobre, mas também a perderneira, dda qual os rochedos do Nilo forneciam abundéncia, era também diffe) de conseguir. Na verdade, nas planicies aluviais e nos pintanos até os seixos duros, adequados 4 confecgaio de ma- thados, eram raros. Desde 0 inicio, os sumerianos tiveram de importar a obsidiana arménia ou outras pedras exdticas para fazer ferramentas, Sinda e Panjabe sofriam da mesma escassez do matérias-primas essenciais. Assim, nas grandes planicies aluviais e nas depressdes ribeitinhas, a necessidade de grandes obras piiblicas para secar © irrigar a terra, e proteger as aldeias, tendeu a consolidar a prganizagao social e centralizar o sistema econdmico, Ao mesmo tempo, ‘os habitantes do Egito, Suméria e da bacia do Indo foram obrigados a organizar alguma forma de sistema regular de comércio ou troca, para garantir 0 abastecimento de ma- idvias-primas essenciais. A fertilidade das terras deu aos seus hiabitantes os meios de satisfazer sua necessidade de importagGes. Mas a auto-suficiéncia econémica teve de ser sacrificada e uma eurutura econémica completamente nova foi criada. O exce- dente dos produtos locais devia nao s6 ser suficiente para a toca pelos materiais exdticos como também devia alimentar uum grupo de comerciantes e trabalhadores em transportes, de- dieacdos & obtengao de tais materiais, e um grupo de artesaos expecializados, para trabalharem as importag6es preciosas, da melhor forma, Dentro em pouco, havia necessidade de sol- dados para proteger os comboios e apoiar os mercadores pela fSrga, escribas para manter registros de transagGes que se torna- 143 vam cada vez mais complexas, ¢ funcionarios do Estado para conciliar interésses em choque. E, assim, em cérca de 3000 a.C. 0 quadro que o arqued- logo traca do Egito, Mesopotamia e do vale do Indo ja nao focaliza a atencio nas comunidades de agricultores simples, mas em Estados que abarcam varias profissées e classes. O primeiro plano é ocupado pelos sacerdotés, principes, escribas e autoridades, e um exército de artesdos especializados, soldados profissionais e trabalhadores diversos, todos afastados da tarefa primaria de produvir alimento. Os objetos mais surpreendentes, hoje desenterrados, no sio mais os instruments de agricultura € caca, e outros produtos da industria doméstica, mas mobilidrio dos templos, armas, jarros feitos na roda, e outras manufaturas produzidas em grande escala por artesAos especializados. Como monumentos encontramos, ao invés de cabanas e fazendas, timulos monumentais, templos, palicios e oficinas. E néles ha tédas as formas de substancias exéticas, nio como raridades, mas importadas regularmente e usadas na vida didria. Evidentemente, a modificagao no material do arquedlogo reflete uma transformag4o na economia que produzia o material. Evidentemente, também, a transformagao deveria ser acompa- nhada por um aumento na populagio, Sacerdotes, funcionArios, mercadores, artesdos e soldados deveriam representar novas clas- ses que, como tais, nao poderiam sobreviver numa comunidade auto-suficiente, produtora de alimentos, e ainda menos num grupo de cacadores, E os indicios arqueolégicos bastam para confirmar tal previséo, As novas cidades sio mais espagosas e podem acomodar uma populacéio muito mais densa do que as aldeias agricolas que nelas foram absorvidas, ou que ainda subsistem, a seu lado. Mohenjo-daro, em Sinda, por exemplo, estende-se por 2,5km?; cra uma aglomeragio densa de casas de dois andares, bem dispostas ao longo de suas largas ou becos estreitos, Os cemitérios urbanos atestam nao sé um aumento de riqueza, mas também a multiplicagdo de pessoas. No Nilo, temmos n&o s6 pequenos cemitérios vindos dos tempos pré-histé- ricos, mas também outros, maiores, de timulos monumentais, reservados a nobres e autoridades. O chamado “cemitério real” de Ur foi provavelmente usado apenas por uma fracio da totalidade de cidadaos, e a estimativa mais generosa nao lhe atribui mais de trés séculos (a maioria dos estudiosos reduz tal ntimero pela metade). N&o obstante, compreendia mais de 700 timulos, ainda identificAveis quando descobertos — um 144 juimere muito maior do que o encontrado em qualquer cemitério exMusivamente pré-histdrico. A. modificagio da produgio auto-suficiente de alimentos ea uma economia baseada também na manufatura especia~ vaca @ no comércio externo promoveu, dessa forma, uma acontuada expanséo da populagao. Teve tal efeito sObre as eatatisticas vitais que ganhou o titulo de revolugio, segundo a ‘lpfinigio dada no final do capitulo 1. Na esfera econdmica, 0s resultados da segunda revolugao ta Figito, Mesopotamia e India foram semelhantes, mas somente iy farma abstrata. Concretamente, seus resultados foram espan- fwimiente diferentes das diversas reas, Os detalhes nao so day extruturas econdmicas, mas também dos sistemas politicos © religiosos que nelas se baseiam, divergem evidentemente. Esta ilivergéncia se estende aos mais simples objetos arqueol6gicos. Yin cada regiaio, os ferreiros trabalhavam com as mesmas subs- iineias quimicas por processos simples e andlogos, transfor- dqundovas em ferramentas e armas que atendiam as necessidades lumanas. Mas seus produtos — machados, facas, adagas ¢ wonins de langa — apresentam formas diferentes no Nilo, no ‘ufrates ¢ no Indo, Nao & menor o contraste entre a ceramica fndiana, sumeriana e egipcia, embora a arte do ceramista Hime comum as trés regides. Contrastes idénticos podem ser conatatados em todos os aspectos da atividade humana, Uma explicagio abstrata da revolugao em geral nao pode, portanto, wulutituir a descrigéo de seu curso nas diversas regies. Na Mesopotamia, 0 arqueslogo observa as varias fases da revolugio em varios lugares diferentes do sul, na Suméria, tin Fividu, Ur, Erech, Lagaxe, Larsa, Shuruppak. As fases finals podein ser observadas também no norte, em Acade, Kish, Jomdet Nasr, Opis, Eshnunna e Mari. Na Suméria, em vata local, os sistemas econémicos, no principio ¢ no fim, ne sho apenas semelhantes, mas idénticos. _Em iltima andlise, ta Identidade se baseia numa lingua, religio e organizagdo socia fromuna. Os fatos revelados pelas escavacées em Erech podem, ‘lew forma, scr considerados como ilustrativos do que estava warrendo em outros pontos. Yyech comegou como uma aldeia de agricultores neoliticos. A decadéncia © renovacdo de aldeias sucessivas, como desere- yenies no capitulo 3, formaram gradualmente uma elevaneey ‘ou fell, que Ientamente subia acima do nivel da planicie alagada. 145 io O primeiro metro ¢ meio désse inorro artificial consiste total- mente em ruinas de cabanas de junco ou casas de tijolos de barro. Os restos simples recolhidos ali ilustram o progresso resumido no Ultimo capitulo — o uso crescente do metal, a introdugao da roda de ceramica, etc. A aldeia cresce de tamanho © riqueza, mas continua uma aldeia. Mas de stibito, ao invés das paredes e lareiras de cabanas modestas, surgem os alicerces de uma construgéo realmente monumental — um templo, ou grupo de templos. E, préximo, eleva-se uma miontanha artificial, protétipo do ziggurat ou torre de degraus, que era uma parte indispensével do templo histérico sumeriano, Esse primeiro ziggurat era construido totalmente de montes de barro formados & mao, com camadas cto betume entre éles. Mas tinha mais de dez metros sébre a superficie do terreno entéo existente — o nivel de rua da aldeia contemporanea. Os flancos ingremes da elevagdo eram amortecidos por saliéncias que se alternavam com depresses, sendo ainda adornados e consolidados por milhares de pequenos ressaltos de ceramica, calcados lado a lado em fileiras cerradas, sobre o barro do ziggurat, quando éste ainda estava umido. Serviam para consolidar a superficie, quando secava, e final- mente se destacavam, formando configuracdes decorativas de saliéncias convexas e circulares quando o monumento estava concluido. No alto da elevagéo havia um pequeno santudrio com paredes brancas de tijolo de barro, e uma escada pela qual a deidade podia descer dos céus. Na base, havia templos mais imponentes. O levantamento da montanha artificial e dos templos, a coleta e transporte do material, a manufatura de milhares de cuias de cer&mica e tijolos, exigiam uma férga’ de trabalho € artesios disciplinada e ampla. Quando afastados da produgio de alimentos, era necess4rio manté-los, ou pagar-lhes safarios, com uma reserva comum de excedente de alimentos. De quem? Presumidamente, essa reserva jA era controlada pelo poder, tal- vez possamos dizer pela “deidade”, em cuja honra e gloria as construgées eram levantadas. A fertilidade da terra e as supers- tigdes de seus cultivadores devem ter dotado seu senhor divino com riquezas, ou pelo menos com excedentes de alimentos. Mas a construgao désse monumento exigia mais do que trabalhadores e sua alimentag3o. O conjunto da obra obedecia 146 ieiGlio cuidadosa: a montanha artificial era colo- i jeus cantos voltados para os pontos cardeais. Uma iilvetora centralizada cra necessdria. Sendo o deus apenas [ejegio fieticia da vontade comunal, tal férga deve ter vplciada pelos seus servos. Naturalmente, o deus ima- ‘pieonteara representantes e intérpretes terrestres, satis- adiministrar e ampliar seus bens, em troca de uma pareela dos rendimentos do deus. Os miagicos © ) que se supdem tenham existido em aldeias ncoliticas, itor uma corporagao de sacerdotes santificados com dide divina e emancipados dos trabalhos nos campos ¢ Interpretavam @les a vontade divina para as massas deeas, ou, em outras palavras, transformavam as ceri- imiijicas, pelas quais a sociedade pretendia forgar os naturals, em ritos mais complicados para a conciliagZo que entiio personificava tais forgas, E nesse processo who estiio revelados os planos dos templos, tal como [itéricos relatam que o plano de um templo thes havia lado num, sonho. amas supor entao que, como no periodo histérico mais uma corporagao de sacerdotes j& corresponde a ésse # temple. E como em todos os documentos escritos, facerdotes devem ter sido os administradores do tesouro lous, Mas a administragao das riquezas do templo impunha {utela nova as pessoas nela empenhadas, Quais eram tarefag, os documentos escritos irao revelar dentro em pouco: oA antecipd-los dizendo que era necessdrio descobrir uma de registar as varias oferendas e sua utilizagao, caso o pylylsse de seu sacerdote a prestagéo de contas da admi- Wittiglo, E, na verdade, no santudrio de ziggurat os escavadores (firam uma tabuinha com a impressio de um sélo e& © sem divida sio ntimeros. E a mais antiga placa de hilidade do mundo, precursora imediata de uma longa © de contabilidade dos templos sumerianos. Awim, © primeiro templo de Erech revela uma comuni- de, olevada A dignidade de cidade, dispondo de um excedente riqueza real, acumulado nas mos de um deus e administrado unis corporagdo de sacerdotes, Significa uma férca orga- da de trabalhadores, industrias especializadas e um sistema rita de comércio ¢ transporte. E, nesse momento crucial, 4 inicio de, pelo menos, um sistema de contagem, e eo. do escrita. E, decerto, Erech nao estava s6: os locais 147 de outras grandes cidades sumerianas mostram restos do mesmo estagio cultural e de uma antiguidade absoluta cquivalente. E, a partir désse ponto, o desenvolvimento de uma civilizagao urbana pode ser acompanhado continuamente até o momento em que a luz plena da historia escrita o ilumina. & uma narrativa de acumulagao de riqueza, de aperfeigoamento técnico, de crescente especializagio e de expansiio do comércio, O templo de Erech nao foi bem conscrvado, tendo sido reconstruido pelo menos quatro vézes, Cada templo sucessivo é maior do que o anterior, As cuias colocadas nas paredes do primeiro ziggurat sao substituidas pelos cones de argila cozida, de extremidades pintadas de préto, vermelho e branco. Sao colocados nas paredes de tijolo de barro de modo a configurar desenhos de mosaicos. No inicio do perfodo histérico, incrus- tagdes de madrepérola e cornalina sébre o betume préto subs- tituem 0 mosaico dos cones de argila. As paredes internas do santuario sfo décoradas, a principio com figuras de animais modeladas em barro, Em scguida, cstas sao substituidas por frisos de placas de pedra ou conchas, e montadas sdbre o betume, No alvorecer da histéria, grupos de animais de grande tamanho, em cobre, fundidos ou batidos sébre um enchimento de betume, substituem as figuras modeladas em barro. O estagio representado pela terceira fase principal da recons- trug’o de Erech é igualmente bem conhecida em Acade (Norte da Babilénia), particularmente em Jemdet Nasr, Nessa época, © aumento da riqueza, um conhecimento mais profundo de Quimica aplicada e de Geologia, um comércio mais regular & mais amplo sio revelados pela importacio e utilizagio do chumbo, prata e lapis-lazili, .A maior habilidade técnica é indicada pela manufatura de artigos de pasta vitrea e de carros de guerra leves, E as léminas de contabilidade ys40 regular- mente inscritas com simbolos ¢ nimeros. Os primeiros sao constituidos principalmente de figuras, mas ja incluem sinais convencionais, que nao se assemelham a objetos, mas j4 dotados de sentido convencional. Ha diferentes sinais numéricos para unidades, dezenas, centenas. As laminas j& aplicam {érmulas aritméticas simples — sabe-se, por exemplo, que a 4rea de um campo € 0 produto de dois lados adjacentes. O aumento das receitas do deus, e o conseqiiente aumento da complexidade contabil, levaram os sacerdotes administra- dores a imaginar sistema de escrita e notag&o numérica inteligiveis para seus colegas e sucessores, na corporagdo permanente dos 148 wirins do templo, Para simplificar a abreviar seus trabalhos, de descobrir ¢ formular regras de contagem e “leis” etvia, Na fase seguinte, bem depois de 3000 a.C., o “cemitério i!) de Ur ilustra brilhantemente a culminagio do processo. vives ji podem fazer fio e solda; produzem cordées deli-. # ornamentos complicados. © caldeireiro é senhor dos ay de lanternagem e fundigo, empregando provavel- (© proceso denominado cire perdue. Assim, €le pode erelonar aos seus companheiros de outros oficios varias uments delicadas e especializadas — machados, adagas, , yoivas, brocas, facas, serrotes, pregos, grampos, agulhas, O\ joalheiros podem furar as mais duras pedras e grava-las yorem usadas como sclos. Os escultores comegam a fazer estatuetas de calcdrio e mesmo de basalto. O carpinteiro, de barcos, carros e camas, confecciona harpas ¢ liras. Hiluralmente, misicos profissionais para tocd-las: chegam mo 4 ocupar um lugar no timulo, ao lado de seus senhores ‘Yodo ¢sse Iuxo e refinamento significa mais do que a jee acumulada e a intensificagio da especializacio. Ba- ie Huma tradig’o artesanal enriquecida e em novas desco- 4 na ei@ncia aplicada. As fundigdes delicadas dos ferreiros eriinos n&io poderiam ter sido obtidas com o cobre puro. ilmente seriam concebiveis a menos que a liga do cobre © es(anho, ou o bronze, tivesse sido descoberta, e as andlises _fritay demonstram o emprégo dessa combinacgio. Isso nao uitificn, por si, atribuir-se aos sumerianos a descoberta: o ve também cra usado na India, aproximadamente na mesma 8, Presumidamente, @le comegou como uma liga acidental, soqullante da fundigao do minério de cobre que encerra estanho, foie impureza natural, ou de misturas ao acaso de minérios de hte © estanko. Mas sémente numa inddstria urbana, usando ‘volve" oriundo de varias fontes diferentes, é que a comparagao Jnria a superioridade do “cobre” de um distrito ou minério. ws olservagio pode ter sido o primeiro passo para isolar-se a ‘imparera que provocava tal superioridade e, assim, para o pre- deliberado da liga. O bronze 86 pode ter sido descoberto eamparagaio deliberada e pela experimentagiao. Outro indicio da cxperimentagao nos é proporcionado por ‘iit prequena adaga de ferro, pertencente ao mesmo perfodo. ‘Vai feita nfio de ferro meteédrico ou ferro teliirico natural, mas 149 de metal reduzido do minério. Pode ter sido resultado de uma experiéncia isolada, e nao ha provas de que a descoberta se tenha desenvolvido, Sdmente em cérca de 1300 a.C. o ferro teve uso industrial regular, e ndo na Mesopotémia, mas na Asia Menor, Outra descoberta do periodo foi o vidro claro. As pedras vitreas e a faianga eram conhecidas dos eg{pcios pré-histéricos, e a arte de sua manufatura fOra introduzida na Mesopotamia antes de 2500 a.C. Mas, pouco depois dessa data, temos exemplos de vidro claro. Podemos classificd-lo como descoberta sumeriana, resultante da experiéncia com ou- tros vidros, de acérdo com as propriedades dos silicatos alca~ linos. O emprégo, em escala to grande, de substdncias importadas, estranhas as planicies aluviais, significa que as relagées co- merciais prenunciadas em periodos anteriores se haviam ampliado e adquirido maior regularidade. Parte do cobre vinha de Omi, ao sul do Gélfo Pérsico. A prata e o chumbo provavel- mente vinham das montanhas do Tauro, na Asia Menor, conhecido como grande centro exportador, pouco depois de 2500 a.C. As conchas grandes vinham do Gélfo Pérsico e do mar da Arabia. A madeira deve ter sido levada das montanhas que atraem a chuva — de Zagro, ou talvez mesmo do Libano, na costa mediterranica. O lapis-lazGli deve ter vindo do Afe- ganistao. E o comércio nao se limitava as matérias-primas. A segunda revolugao ja havia sido realizada no Egito e na india; as cidades da Suméria mantinham relagdes comerciais com outras, no Nilo e Indo. As mercadorias manufaturadas pelas indistrias especializadas de um centro urbano eram vendidas nos bazares de outro. Em varias cidades da Mesopotdmia, foram encontrados selos, contas e mesmo jarrog que nao tém cardter sumeriano, sendo, por outro lado, comuns em cidades contemporaneas de Sinda e Panjabe, Proporcionam prova con- clusiva do comércio internacional, que ligava o Tigre ao Indo, a cérca de dois mil quilémetros de distancia. Revelam um quadro de caravanas que cruzavam regularmente as montanhas e desertos que separam os dois vales, ou de frotas € veleiros ao longo do litoral séco do mar da Arabia, entre a embocadura dos dois rios. Mas @sse tipo de comércio no Oriente nao é, nem jamais foi, um simples transporte de fardos de mercadorias de um lugar para outro. Nos pontos terminais e nas estagdes inter- 150 “iif @iiravanas © os barcos mercantes deviam fazer dlongadas, Representantes do pais exportador, prova- ‘volonizadores, deviam receber a mercadoria em seu fiyentetar uma carga para ser transportada na volta, |, ease melo tempo, os viajant Tal como ha colénias wites de comereiantes britanicos no Pérto, Istambul e ili podemos imaginar colénias de comerciantes in- vm Ure Kish. © comércio, nessas condigées, é na im meio de interc€mbio, um canal pelo qual as adem ser difundidas em escala internacional. 4 wlio apenas as mercadorias — representagao concreta ) invengées —- mas também os homens — artesaos ¢ = que séo transportados pelas caravanas, No ‘a trabalho especializado é surpreendentemente mével, iigiin, Os artesios dirigem-se aos centros onde possam me Inerativamente sua habilidade. E isso deve ter js a antiguidade, A nova classe de artesaos, criada ida revolugao, havia sido liberada das tarefas pri- (i produgio de alimentos e, portanto, da prisio ao ‘Valvex tenham sido liberadas, ao mesmo tempo, dos laos i), embora ainda nao estivessem ligadas fortemente ao Histado local. Dessa forma, podiam dirigir-se para jer lugar onde houvesse emprégo lucrativo. Ou entao, excrayos, seriam enviados como mercadorias aos pontos sua habilidade proporcionasse os maiores precos, na venda. squalquer modo, essa mobilidade explica a difuséo ripida | prncessos técnicos. Voram estas as fases da segunda revolagio da Mesopotamia, Jay mi suas conseqiiéncias industriais e econdmicas para a material do homem. As varias fases sio, sem divida, eptos de um processo orgdnico de acumulagao econémica oresso cientifico e técnico. Mas essa continuidade nao ijliea necessiriamente aos setores etnolégico ¢ politico. Ha, verdaie, indicios de que a acumulacio e o progresso foram pidos ou promovidos pelo advento de novos povos, elas conquistas e invasdes. ‘Awim, por exemplo, os ritos mortudrios se modificam. Os rleultores neoliticos eram geralmente enterrados estendidos, detiades ao comprido, de costas, Na fase cultural II presentada em Jemdet Nasr) os mortos eram enterrados pallies, com os joelhos junto ao queixo; no cemitério real Up, ag esqucletos geralmente esto flexionados, na atitude de 151 sono, enquanto certas personagens, provavelmente reis, sao colo: cadas em timulos monumentais, cercadas de vitimas humana: sacrificadas em suas exéquias. Certas modificagdes na arqui tetura também parecem indicar mais do que simples progress: técnico. © segundo grupo de templos em Erech levanta+ sdbre alicerces de blocos de calcdrio, material que parece es: tranho numa planicie aluvial. No grupo seguinte, a pedr: é abandonada, entrando em uso tijolos achatados, cozidos em forno. Mas o Ultimo grupo de templos e todos os monumentos contemporaneos sio construidos de estranhos tijolos plan -convexos, achatados numa face apenas, mas convexos na outr Acredita-se que @sses novos elementos arquiteténicos repre~ sentam modas estrangeiras introduzidas na Suméria pelos in vasores. Os selos revelam seguramente a ocorréncia de guerras ¢ batalhas, E por fim, quando os registros escritos se tornal explicitos, vemos a Babilénia ocupada por dois distintos grupos lingiifsticos: parte de seus habitantes fala sumério, outra parte fala um dialeto semita — 0 acadiano — aliado ao hebraico ¢ 4rabe, mas radicalmente diferente do sumério. A natureza e os efeitos das problematicas perturbagSes_ étnicas e raciais no podem ser definidos com precisio. Certa- mente n&o interromperam de forma séria a continuidade da cultura material. E os deuses e seus templos sobreviveram A crise; as corporagdes religiosas conservaram sua identidade, qualquer que tenha sido o destino de outras estruturas socia’ E isso ocorreu em téda a historia subseqiiente. Os _registros escritos da Babilénia descrevem freqiientes modificagdes de dinastia e freqiientes conquistas por invasores estrangeiros. Nessas catdstrofes, os templos podiam ser saqueados e derru- bados, mas 0 névo rei ou 0 conquistador bem sucedido regular- mente exibiam sua piedade e seu poder, reconstruindo e enri- quecendo, com novas receitas, os templos das cldades. Ainda em 323 a.C., Alexandre da Macedénia selou sua conquista da Asia reconstruindo o E-sagila, 0 grande templo babilénico. A repetida reconstrugéo de templos pré-histéricos em Erech ¢ outras cidades é testemunho concreto da mesma continuidade de corporagées religiosas, com suas tradigées culturais ininter- tuptas, posteriormente comprovadas sem margem de divida pela Histéria. A medida que as corporagdes dos templos, perdurando através de t6das as vicissitudes, ficavam mais ricas, a tarefa de administrar as crescentes rendas se tornava mais pesada, Os 152 (nitradores tiveram de inventar um meio melhor para joyintre de suas complicadas transagées comerciais, Final- fw, enlaram um sistema de escrita que n&o so seus colegas sucomores imediatos, mas também os eruditos modernos, po- ant ler, Na época do quarto conjunto de templos em Erech, vyom documentos escritos, decifréveis, que complementam as iighies da Arqueologia pré-histérica. Pouco depois de 3000 a.C., 0s primeiros textos escritos yoy tragam um quadro da organizagao social e econémica da Muméria e Acade. A terra é dividida entre quinze ou vinte vidades-Estados, cada qual politicamente auténoma, mas go- somo tédas de uma cultura material comum, uma religiao yomum ¢ uma lingua comum, e bastante interdependentes, econdmicamente. O centro de cada cidade era o temenos sacl, ou cidadela, encerrando os templos da cidade e outras ilivindades. Se quisermos, podemos deduzir que o deus € usm personificagao de orcas mAgicas; representagées_dramé- tipay da morte e renascimento da vegetagao, da semeadura e volheita podem ter sido realizadas anteriormente como ritos iniyjicos destinados a forgar a germinagao das colheitas. Com © tempo, 05 atéres que simbolizavam os gros ¢ sua fertilidade indica passavam a desempenhar o papel de uma divindade que eontrolava as fércas mAgicas, personificadas como um deus que precisava ser ajudado e conciliado. Antes de comegar a his- Iria, a sociedade projetara sua vontade coletiva, suas espe- vangas ¢ médos comuns, nessa personalidade ficticia, a quem reverenciava como Senhor de seu territério. De qualquer modo, cada deus tinha uma residéncia terrestre, © templo da cidade, uma propriedade material, e servos hu- manos, ou seja, a corporagio dos sacerdotes. Os mais antigos Hpeumentos decifraveis da Mesopotamia sao, na verdade, contas day receitas do templo, feitas pelos sacerdotes. Revelam que 0 templo nfo sé era o centro da vida religiosa da cidade, mas também o nticleo da acumulagao de capital. Funcionava como um grande banco; o deus € o principal capitalista da Terra. Os primeiros arquivos de templos registram o empréstimo, pelo vleus, de sementes ou animais de arado aos agricultores, os pampos arrendados, os saldrios pagos aos cervejeiros, constru- tores de barcos, fiadores e outros empregados, adiantamentos we griios ou moeda aos mercadores viajantes. O deus é 0 membro mais rico da comunidade. ‘Sua fortuna fica 4 dispo- tigtio da comunidade, de cuja piedade éle, na verdade, a 153 obteve. Mas a mesma piedade exigia que o devedor nfo s6 Ppagasse o empréstimo contraido como também acrescentasse a @le uma pequena oferenda de agradecimento. Os ministros do deus tinham, sem divida, o cuidado de lembrar ésse dever, e mesmo de estipular antecipadamente o que a conveniéncia mandava que fésse oferecido. Tais oferendas seriam chamadas hoje de juro, ¢ a tarifa do templo poderia ser considerada como usuratia pelos tmpios. Fisse sistema econdmico que fazia do deus um grande capitalista e latifundiario, e do seu templo urn banco da cidade, evidentemente remonta aos periodos pré-histéricos longinquos. As tabuinhas de gésso, encerrando figuras, encontradas no mais antigo templo em Erech, as laminas de Jemdet Nasr, com sua escrita pictérica, séo indubitavelmente precursoras da conta-~ bilidade dos templos, que hoje podemos ler. Estas justificam, assim, a descrigao j4 feita do desenvolvimento econémico’ da Suméria. Constituem a base da anflise das conseqiiéncias cientificas da segunda revolugdo, a ser feita no capitulo se- guinte, Mas em cérca de 3000 a.C. surge, ao lado da divindade em cada cidade, um potentado temporal. fle se intitula humildemente o “vice-governante” do deus, mas também, ousa- damente, “rei”. ‘Talvez tivesse, antes, representado o deus na- -queles dramas sacros imaginados acima, como fator na génese da divindade. Na verdade, éle ainda representa o deus em alguns atos do drama. Mas emancipou-se do destino do ator original — ser encerrado numa tumba, como a semente na terra, E certamente usurpou uma parcela substancial do poder temporal do deus sobre os homens. Chega mesmo a oprimir seus stiditos segundo documentos bastante antigos. O Estado, na verdade, “surgi da sociedade, coloca-se acima déla e sepa- ra-se dela’. Nao obstante, o rej desempenhava fungdes econdmicas es- senciais no desenvolvimento da sociedade sumeriana. Possuia © poder material de um governante civil e de um comandante militar, Um dos usos désse poder pode ter sido 0 de fazer com que “os antagonismos”, gerados pela revolugdo, “classes com interésses antagdnicos, nao se consumissem, e A sociedade, na luta estéril”, Mas os documentos silenciam sdbre isso, © Nao falam no uso do poder estatal para suplernentar o trabalho da “emprésa privada”, atendendo as necessidades econdmicas 154 Os primeiros reis se jactam de suas atividades eco- abrir canais, construir templos, importar madeira iia, © cobre @ granito de Oma, S40 por vézes retratados auaumentos posando de pedreiros ou de arquitetos que 1m © plano de um templo do seu deus. ‘Hom diivida, o poderio real acelerou a acumulagio de em alimentos e riqueza real. Cortestios, ministros, mua- » soldados eram sustentados pelo excedente assim arreca- {i o exército desempenhava uma fungao econdmica, pro- lo « cidade, seus canais ¢ campos irrigados e pastos, contra ides dos ndmades das estepes proximas, ou de tribos das montanhas. No fim, criaria uma ordem politica compativel com a realidade econémica do que © sistema de Histados. ‘A Baixa Mesopotamia é uma unidade geogrdfica, depen- wiva a sobrevivéncia, das 4guas de seus dois rios, e para vida civilizada, da importagio das mesmas_ substancias de fontes comuns, Precisamente porque dependiam das don mesmos rios, é provavel que tenham surgido disputas lerras e dircitos 4s Aguas, entre as varias cidades autd- yay, Exatamente porque tédas elas se baseavam no mesmo colo exterior pata lhes proporcionar as mesmas matérias seicias & industria, as rivalidades comerciais eram inevi- ix entre Estados soberanos, A contradig&o entre um sistema wOinico, que devia ser unitério, e 0 separatismo politico Huese evidente nas intermindveis guertas dindsticas. Os curientos mais antigos, depois das contas dos templos, regis- im, na verdade, guerras entre cidades adjacentes e tratados fy suspendiam temporariamente. A. ambigio de qualquer aaata de uma cidade era a hegemonia sbre seus vizinhos. Max nenhum resultado permanente foi obtido por essas intestinas até 2500 a.C. (ou mais tarde.) Foi entao que | yevernante semita de Agade ou Acade, a quem chamamos argo, estabelecen um império por téda a Babilnia, e jie durou, com intervalos de revolta, quase um século, Seu Jolin foi posteriormente imitado, com maior ou menor éxito, ‘polos veis de Ur e outras cidades. Mas sdmente um pouco oi) (ou antes) de 1800 a.C. a Babilénia se tornava uma lidade politica, uma nagdo unificada com uma capital yum, um cédigo comum de leis escritas, um calendario co- (uti, @ um sistema permanente de govérno, com Hamurabi, rel fubilénia. E, entao, a tltima cidade-Estado foi absorvida 155 pelo Estado territorial que correspondia, no todo, as realidad das necessidades econdmicas. No Egito, parece que a unificag&o politica coincidiu com O Vale do Nilo é, geogrdficamente, até uma unidade econdmica mais natural do que a planicie do Tigre e Eufrates, e assim os fatres Ao mesmo. tempo, o contraste entre o estreito vale do Alto Egito e o Histdricamente, a_ unificagao do Egito significa a unido dessas Duas Terras num, Ginico reino. Tal fato precedeu a unificagao da Babilénia por Sargio, em cérca de cinco séculos, de modo que a segunda a realizagao da segunda revolugao econémica. naturais tendentes 4 unidade foram mais eficientes. Delta aberto, o Baixo Egito, é fundamental. revolugao nas duas regides é aproximadamente contemporanea, O Egito depende menos completamente das importagées Em particular, o abaste- cimento local de excelente pederneira tornou o metal menos Na verdade, a pedra exteriores do que a Mesopotamia, essencial para as finalidades industriais. ainda era usada pelos agricultores ¢ artesios egipcios mil anos depois que seus contempor4neos babilénios haviam comegado a usar apenas instrumentos de metal. Na realidade, os artigos de luxo e os necess4rios & magia — malaquita, pedras pre- ciosas, ouro, especiarias —- que tiveram de ser importados para o Egito. Assim, sémente a procura dessas subst4ncias, em grande escala, tornou inevit4vel a organizagao sistemética do comércio exterior, ¢ a especializacio de industrias de manu- fatura. Tal procura sé se tornou efetiva com a ascensio de urna classe que atribuia um valor extravagante aos materiais exéticos, com finalidades magicas, e ao mesmo tempo dispunha de uma riqueza excedente para satisfazer seus desejos, Assim, as reservas necessdrias para a transformagio do sistema econémico nao foram acumuladas nos templos de uma divindade comunal, mas nas mfos de um monarca que jd se havia colocado acima da sociedade de onde surgira. A unifica- cao do Egito e a criagao de um Estado baseado na industria secundaria e no comércio, bem como na produgao de alimentos, foram finalmente realizadas quando um rei do Alto Egito, Me- nes, conquistou o Delta. Seus ancestrais nao haviam deixado tra- gos concretos de sua ascensio ao poder, compardvel aos templos pré-histéricos da Suméria. Assim, temos de reconstruir 0 curso da revolug’o, a ascensio da monarquia, através de dedugdes perigosas de fontes literdrias posteriores, ao invés de lermos o registro concreto dos restos arqueolégicos. 156 Uma explicagio plausivel, mas bastante especulativa uments muito simplificada, da génese da monarquia egipcia joguinte: na aldeia pré-histérica, as comunidades de clas yorlugio auto-suficiente de alimentos, cujos cemitérios se am no vale do Nilo, podem ter caido sob o dominio de clase de magos. Na época em que a maioria dos aldedes viduals, tendo constatado a inutilidade de sua magia pri- i, inclinava-se a confiar na mégica de pessoas mais _inte- Wiios, alguamas destas adquiriram um pouco de autoridade -ponseguirem éxito em pretensas influéncias s6bre a fertilidade ealheitas, 0 tempo e a cheia do Nilo. A invengao de um \lirio solar, possibilitando a previsio acurada das cheias, (como dissemos no final do capitulo anterior) uma forma a tle justificar tais pretensdes ¢ consolidar essa autoridade. impé-la, a capacidade pratica de cortar o abastecimento Agua, bloqueando canais de irrigagao, seria um meio efe- i Mas & provavel que nossos hipotéticos magos-chefes tenham Mefewtado apenas um perfodo limitado de autoridade, como ‘vortla com os chefes histéricos que governavam as tribos nilé- fleas no século passado, Seus podéres mgicos seriam consi- gaios como correlativos aos podéres fisicos. Sdmente um fo sadio © vigoroso realizaria, eficientemente, os ritos neces- wiilogy antes que a idade lhe prejudicasse a férca, éle devia i orto para dar lugar a um sucessor jovem € viril. © chefe sé poderia evitar tal destino se convencesse os ‘lito; de que pela sua magia secreta podia ficar imune as | yevay {fsicas. Um dos ancestrais de Menes pretendeu, na seulade, dispor désse rejuvenescimento magico. | De qualquer ‘wala, todos os farads histéricos realizavam periédicamente um Jiig — © festival de Sede — que parece destinado a garantir a «ayagio da juventude, por urna morte e ressurreigao simu- Tha Com éste rito, modelado pelos festivais agricolas men- ‘uloy paginas atrés, 0 faraé se erguia depois de sua morte sjhdlica, com a juventude restaurada, tal como o grao que win sido semeado. ‘Ao mesmo tempo, talvez, o chefe mago procurava iden- (flenrese com o totem de seu cla e monopolizar a comunhao ‘(im 6 animal ou objeto que todos os pertencentes ao cla haviam ypyereneiado como ancestral comum. De qualquer forma, Menes 1 sous Sucessores sc identificam com o Falcao, Horo, que fora % totem de seu cli. Mas, como ja vimos no capitulo 5, havia { 157 outros totens pertencentes a outros clas. A unificagio do Egito foi a vitéria de Horo, entio personificado pelo chefe do do Falco, sdbre todos os outros totens; é@stes dltimos foram degradados & categoria de deuses de segunda classe, ou divi dades locais Os egipcios sempre tiveram idéias particularmente vigorosis sObre a continuagio da existéncia depois da morte. Em époc pré-histéricas, @les se comportaram como se acreditassem que 0 homem morto, em seu timulo, desejasse o alimento, os utensfli © ornamentos que usara na vida real. Nas €pocas histéricas comportaram-se como se o corpo de seu rei, do ttimulo, pude ainda garantir-lhes 0s beneficios mAgicos que lhes havia confe- rido em vida. E o rei, por sua vez, agia como se, depois de morto, pudesse, por meios magicos, continuar garantindo-se 0 gézo dos prazeres substanciais que desfrutava em vida. A monarquia egipcia devia seu poder as vitérias materiais — a derrubada dos chefes e pequenos reis rivais — das quais a conquista do Delta foi a altima. Mas devia também sua autoridade 4s idéias bastante contraditérias da imortalidade do rei, que descrevemos. A conquista féz de Menes senhor de recursos estupendos — o botim de suas conquistas e, poste- riormente, o rendimento permanente da terra de que era, tedricamente, dono absoluto e praticamente um senhor feudal. Mas essa riqueza concentrada era empregada principalmente na salvaguarda da imortalidade que a garantia, Os reis, é claro, realmente morriam e eram substituidos pelos filhos ou irmaos. Houve, até, modificagdes de dinastias em condigdes que nos escapam, Mas a idéia de um rei divino, uma hierarquia de autoridades nomeadas pelo rei e a orga- nizagao estatal que éle criou e elas administravam, constitufam elementos efetivos da continuidade. Através da todo o Velho Reino, a autoridade do faraé como deus, sua capacidade magica de garantir a prosperidade da terra se consolidava con- Hnuamente pela invengdo de novos ritos e o aumento de seus atributos. Com a ascenséo da Dinastia III e a transferéncia da capital de Abidos, no Alto Egito, para Ménfis, préximo, do vértice do Delta, o rei comega a absorver as qualidades criadoras de vida do Sol, 0 poder que, com o Nilo, deve ter parecido a todos os egipcios a fonte de fertilidade e riqueza, Na Quinta Dinastia, o faraé se havia transformado no Filho do Sol, de cujo poder benéfico partilhava. 158 Mas é claro que o faraé divino n&o conseguia a obediéncia inde a scus sGditas apenas béngdos ficticias. Sua auto- (ude era consolidada por beneficios econdémicos concretos, spareionados ao seu reino. Como as divindidades abstratas Mesopotamia, ésse deus concreto dedicava parte de seu poder yiqueza & prosperidade material do reino: uma parcela de 41g rendas era investida em engenhosos empreendimentos lucra- ‘ives, Um farad da Segunda Dinastia é representado inaugu- ila um névo canal de irrigagdo, As operacées instituidas pelo 4ei, ywara © contréle das aguas da enchente, sio mencionadas. livede a fundagdo do reino unificado por Menes, uma medida jecial, o nilémetro, foi estabelecida para medir a altura do ‘ig, mantendo-se um registro das cheias. Tais mensuragées Jeyistros destinavam-se principalmente a servir de base para 1 eleulo dos impostos. Mas, tal como o calendario, indire- wnte ajudavam o agricultor, bem como ao coletor de Pontos. A inmportagio de matérias-primas, necessirias ao desen- Volvimento das inddstrias egipcias, bem como as ceriménias fwebees, cram. financiadas pelas receitas reais, Cobre ¢ tur- quewa eram extraidos do Sinai. Expedigdes equipadas pelo Iatudo e escoltadas por soldados reais eram enviadas perid- dieamente através do deserto, com essa finalidade. O mesmo teortia com a importagao de cedto ¢ resinas do Norte da Siria. © Fistado equipava e abastecia de mercadorias de comércio iy wavios pata a viagem a Biblos. Igualmente, autoridades vernamentais chefiavam expedigdes ao Alto Nilo ¢ traziam Re yolta ouro e especiarias. © principal objetivo désse comércio estrangeiro era, sem diivida, conseguir artigos de luxo e substancias magicas ou ipaterial bélico — enquanto os camponeses e trabaihadores ainda usavam ferramentas de pedra nos campos e minas, os saldados estavam equipados com armas de metal. Mesmo assim, # vomércio proporcionou materiais essenciais ao progresso da Fivilizagio © da ciéncia. Proporcionou meio de vida a novas ‘elusnes. — mercadores, marinheiros, carregadores, soldados, ar- teslios ¢ escribas — mantendo-as com os excedentes recolhidos pelo farad. Finalmente, a monarguia conferiu aos egipcios, desde a yaa fundagiio, beneficios reais que ainda faltavam aos sume- vianos. Uma série de aldeias dispostas ao longo das margens ie um nico rio esté sujeita a sc envolver em questées quanto 159 a limites e direitos 4s Aguas. Na realidade, em téda a histéria egipcia até os tempos modernos, essas disputas paroquiais surgem com violéncia, sempre que o govérno central é fraco. Menes © seus sucessores reprimiram tais conflitos onerosos enquanto durou o Velho Reino. EF, além de manter a paz interna, proservaram a terra da agresso estrangeira, © arido planalto de ambos os lados do vale do Nilo era csparsamente povoado por tribos de pastéres e cagadores pobres, que a qualquer mo- mento podiam fazer incursdes ao vale fértil. O Delta estava exposto aos ataques dos libios, pelo oeste, e dos beduinos, pelo leste, Os nubios, talvez ainda no estagio da agricultura némade, pressionavam constantemente o Alto Egito, na diregao da descida do rio. O exército, que féra o instrumento da unifi- cag&o forgada, passou ent&o a ser empregado para afastar tais saqueadores e invasores, Textos bastante antigos revelam a organizagao de um sistema regular de defesa através do esta- belecimento de postos de fronteira ocupados pelas guarnicées permanentes, dominando os caminhos de acesso ao vale do Nilo. Foram, decerto, essas medidas realistas que promoveram 0 extraordinario aumento da riqueza e populacdo, refletido no registro arqueolégico, depois da conquista de Menes. Mas € necessdrio explicar a ideologia peculiar, associada a tais me- didas, porque no registro arqueolégico as realizagdes econémicas e as descobertas cientificas s6 surgem quando aplicadas a fina- lidades magicas, deformadas como um veiculo ideolégico, Até 2000 a.G., 0 registro arqueolégico do Egito consiste quase totalmente em sepulturas e seu mobilidrio. A partir, talvez, de 5000 a cérca de 3000 a.C., os cemitérios pré-dinds- ticos de covas simples eram guarnecidos, mais ou menos rica- mente, de artigos feitos em casa. Aperfeigoamentos modestos na construgao dos timulos, 0 aparecimento de artigos de luxo importados em ntimero crescente, ocasionalmente implementos de cobre e contas de faianga ilustram o progresso e descobertas descritos no capitulo 7. A unificacgio do Egito com Menes @ seus sucessores imediatos (Primeira Dinastia) é simbolizada pela construgao, préximo de Abidos, de tumbas monumentais que s6 encontram precursoras, € assim mesmo vagas, entre as Uiltimas sepulturas pré-dindsticas. Os ttmulos reais de Abidos eram miniaturas de paldcios, feitas de tijolo e madeira, erguidas no fundo de vastos pogos abertos na arcia do deserto, H& também mastabas de tijolo 160 tle barro, construidas aciina do nivel do chao para servir de juntudrios funerérios para o culto dos mortos e depésito de wferendas mortudrias. As tumbas séo guarnecidas com uma Hijueza e uma variedade sem precedente, de méveis requintados, arias, vasilhas, artigos de toilet e ornamentos feitos com per- {elgiio magistral de cedro, ouro, cobre, alabastro, obsidiana, Wipiselaziili, turquesa € outros materiais escolhidos, nativos ou bstrangeiros, Os depésitos esto cheios de potes bem feitos, vontendo dleo, cerveja, cereais e outros alimentos. Inscrigdes wm selos e tabuinhas de madeira, registrando fatos destacados ilo reino, provam que um sistema de escrita ja havia sido inventado, embora ainda primitivo. Servos e funcionarios sao enterrados em salas adjacentes A cAmara mortuaria real, sendo tie presumir que tenham sido mortos para acompanhar seu fenhor. Um grande ntimero de trabalhadores deve ter sido em- reyado na abertura dos pogos de sepulturas, no preparo € Procite de tijolos e tabuas, e na construgao das tumbas e imastabas. Os artigos bem trabalhados, ali colocados, s&o indu- (itivelmente produto de carpinteiros, ferreiros, canteiros, grava- dorex, ourives e joalheiros especializados e altamente treinados. Ties trabalhadores e artesios peritos, afastados da produgdo primiria, eram pagos pelo excedente recalhido pelo monarca -- 9 botim da conquista e o tributo regularmente arrecadado. Ii dsue excedente deve ter sido usado para obtengao de materiais ailrangeiros, como o cedro, cobre, obsidiana, lapis-lazuli, empre- qidos com tanta liberalidade. As inscrigées mas tumbas ja Alestam a existéncia de escribas e funciondrios encarregados da eoleta e¢ administragao das receitas reais, o planejamento € ditegiio das operagées de construg&o, € outras fungdes. A uni ficagiio do Egito criou, na verdade, as mesmas classes novas ay mesmas profissdes novas que a revolugao urbana na Suméria. Mas seus servicos parecem ter sido dedicados primordialmente A contervagio dos cadéveres reais. A mesma finalidade eram aplicados os crescentes recursos, 4s novas descobertas cientificas dos reinados subseqiientes. Para fwegurar maior durabilidade e seguranga & ‘iltima morada real, o ttimulo passou a ser escavado na rocha viva, na Terceira Dinastia, Os canteiros aprenderam, assim, a trabalhar as. mais davas rochas com ferramentas rudimentares; os arquitetos tinham sie planejar e realizar um complexo de galerias e pogos que jamais podiam ver como um todo (ou seja, tinham de resolver 161 os mesmos problcinas existentes na abertura de um tinel ou uma galeria de mina). Arcos de modilh&o de tijolos de barro eram empregados mesmo na Segunda Dinastia. Na Terceira, o principio do arco verdadeiro havia sido dominado e apli- cado. Os monumentos da superficie — mastabas e capelas fune- rarias — eram igualmente ornamentados, Na Terceira Di- nastia, a pedra substituiu o tijolo de barro, dando & estrutura maior durabilidade. Os feixes de juncos de papiro, que antes sustentavam o paldcio real, foram transformados assim em co- lunas aflautadas, de pedra imperecivel — idéia que herdamos, através da Grécia, do Egito da Terceira Dinastia. As esteiras coloridas de juncos que antes eram penduradas entre as colunas de papiro foram copiadas em telhas vitreas, com Zoser. Com © mesmo monarca a mastaba, agora feita de pedra, foi au- mentada, transformando-se na chamada piramide de degraus. Queops, na Quarta Dinastia, transformou-a por sua vez na piramide verdadeira. 7 m A execug&o dessas obras exigiu uma férga de trabalho gigantesca. Os imensos blocos de pedra calc4ria ou granito, para a piramide, pesando até 350 toneladas cada, eram ta- lhados em Tura, na margem oriental do Nilo, levados através de flutuantes, rio abaixo até Giza, além do Cairo, e em seguida arrastados por uma rampa ao nivel do planalto, a trinta metros aproximadamente acima do rio. Herédoto foi informado de que cem mil homens foram empregados continuamente durante dez anos, apenas na extragio da pedra. Embora nio féssem “trabalhadores livres”, o exército de canteiros, pedreiros e carregadores recebia alimento e abrigo a expensas das rendas reais, Muitos devem ter perecido, mas ainda assim é provavel que essa distribuigao de riqueza tivesse promovido 0 cresci- mento da populagao. : Mas nfo era necessério apenas trabalho: os arquitetos tiveram de aprender a coordenar e controlar essa enorme f6rga de trabalhadores, ¢ resolver os problemas mecnicos da apli- cago de mio-de-obra no levantamento de blocos pesados e de dificil manuseio. Além disso, parece ter sido atribuida uma. significagdo mistica & precisdo da orientagio e propor¢do da estrutura. O éxito obtido é surpreendente. A base da grande piramide deve ser um quadrado perfeito e, segundo as men- suragdes modernas, o érro n&o excede a trés centimetros de cada lado! 162 ieciio do artesanato egipcio foi conseguida, em grande fila paciéncia inesgotavel e pelo processo de tentativa 4 um monumento, como uma pirdmide, deve ser ‘jai em escala menor, préviamente, e medido com Sua execug’o nao sera concebivel sem célculos que férmulas geométricas, Textos matematicos que sobre- i ¢onlinnam essa suposigéo, Encerram, por exemplo, todo e de problemas dedicados ao c4lculo da massa de uma , Os monumentos finebres, na verdade, significam a de um considerével conhecimento matematico. As § peculiares dos egipcios sébre reis mortos parecem, ¥ inupirado descobertas cientificas que tiveram também Quarta Dinastia, 0 cuidado e conservag4o do corpo no desenvolvimento da? mumificagio, dando emprégo juina classe de embalsamadores profissionais, e propor- wlo oportunidades excepcionais para a acumulagdo de ‘imento da anatomia humana. Nos ttimulos pré-dindsticos, (6 com a séca areia do deserto féra suficiente para pre- if @ barne ¢ o cabelo dos cadaveres, Encerrados em caixées dita ou alabastro, ¢ em tumbas construidas depois da 0, 8 corpos j& nfo eram preservados naturalmente putrefagio. Para combaté-la, foram inventados, gradual- ie, rétodos quimicos de embalsamar e um ritual mA- A sobrevivéncia dos mortos podia ainda ser assegurada pela wiligho de sua pessoa em madeira ou pedra — retratos em forma de estétua, que tinham, evidentemente, de ser jaclow” por meios magicos, E, para serem eficientes, deviam wlharse ao vivo o maximo possivel. Dai, o naturalismo vho de algumas estétuas e baixos-relevos do Reino Antigo. ‘© morto precisava, no outro mundo, dos objetos e servigos ae dispunha neste. Por isso, nao s6 os timulos eram mente guarnecidos de méveis como também se reservavam. lades para proporcionar um abastecimento permanente das ao morto. Para assegurar 0 géz0 dessa provisio, o§ mAgicos da vida da propriedade eram pintados nas les do témulo, j4 na Quarta Dinastia, e com maior regu- » posteriormente. Esses quadros sio nossa melhor fonte ormagdes sObre a vida secular e a organizagao econdmica ite, no final do Reino Antigo. Mostram uma unidade mica que nfo é a cidade, mas uma grande fazenda como 163 uma propriedade medieval. A fazenda é trabalhada pelos cami- poneses, sob a administracio de bailios ou supervisores. As cenas mostram o trabalho nos campos, a criagdo de gado, a caga e a pesca. E vemos os camponeses pagando o arrenda-— mento ou impostos, sempre em mercadorias, enquanto um es- criba toma nota, num papiro, do que cada homem traz, e um supervisor, com © chicote, faz com que os contribuintes paguemi © devido, Mas a propriedade no era exclusivamente agricola: incluia oficinas de ceramica, ferreiro, carpinteiro e joalheiro. . 8 ~ Oficina de Ourives, Segundo uma Pintura do Reino Antigo. Vemos, também nela, supervisores pesando quantidades de ma- terial, para os artesfos e escribas que tomam nota dos volumes produzidos. A comunidade senhorial assemelha-se muito a uma unidade auto-suficiente, com trabalho especializado e classes graduadas, &, decerto, inconcebivel na realidade, A parte do sistema eco- némico mais amplo que € o Estado egipcio. Tal sistema propor- ciona aos artesios da propriedade suas matérias-primas e absorve os produtos excedentes da fazenda. E sabemog que existiram cidades auténticas, embora nenhuma das escavadas, até agora, seja désse periodo, Com a unificagio politica do Egito, surgiu no Vale do Nilo um sistema econdmico no qual a manufatura e comércio se classificavam no mesmo nivel da produgio de alimentos peia agricultura, caga e pesca. Esta revolugao no Egito teve sobre a populacgéo o mesmo efeito observado nas cidades da Meso- potamia, E, como ali, coincidiu com o aparecimento da escrita e Matematica. N&o obstante, agora que os examinamos de perto, os dois sisternas parecem notavelmente diferentes. O 164. * » ule go limita aos produtos individuais dos varios wfeta até os aspectos fundamentais: o centro da 4, numa frea, uma corporagao de sacerdotes, na rea individual; a unidade econémica na Suméria com os campos e aldeias adjacentes, que podia fun- funcionava, por si mesma. No Egito, pelo contrario, @ © reino, como uma propriedade real; os dominios nos quais éle se pode sudividir, deixariam de fun- w botactos déles, ou antes, voltariam a ser comunidades quto-suficientes. A civilizagio egipcia nao é, sob “alum, um pésto colonial avangado da civilizagdo sume- 1 vice-versa. / mieames contrastes, obscurecendo tédas as identidades Hay, provivelmente seriam revelados se os documentos Sep skientssemn © registro arqueolégico no Vale do ‘Ali, & segunda revolugio foi, provavelmente, contem- tla reyolugdo no Egito e Suméria, e foi, de qualquer iperfeigoada em cérca de 2500 a.C. Nessa data, grandes fe htaviam estabelecido em Sinda e no Panjabe, Podem ® 2,5lan?. As casas sio construidas principalmente ijnloy cozidos em fornos, e contam, pelo menos, com dois As ruas e becos para os quais se abrem foram, ‘temente, dispostos de conformidade com um plano precon- preservado durante varios periodos de reconstrugio. Um tle esgotos serve as casas. Entre estas, distingucm-se # fibricas, as residéncias suntuosas de ricos mercadores ou Avios, © as modestas moradias dos artesios e trabalhadores # {eansportes. 1 edificios e os objetos néles encontrados foram produzidos urteslios especializados — oleiros, carpinteiros, ceramistas, %, videeiros, -canteiros, ourives e joalheiros. A regula~ fb ruas significa a existéncia de uma autoridade civil, pores para impor suas decisdes, Era necessério manter iwgndos piblicos para a limpeza dos esgotos. Deve ter l\ivilo ima classe de funciondrios ou escribas, jA que o sistema wc © notagio numeral estava em uso bem como pesos wiedidas padronizados. ‘Ids essas classes, evidentemente muito numerosas, tinham ser mantidas pelo excedente de alimentos produzido pelos peneses que viviam na cidade ou nas aldeias suburbanas. May 0 06 pescadores, laborando muito longe, no mar da Arabia, sontribulam; era importado 0 peixe séco do mar. Os artesios i 165 urbanos, por sua vez, devem produzir um excedente de artigos manufaturados para ser trocado pelas matérias-primas exigidas pela indistria, mas nao encontradas nas planicies aluviais. Nao s6 as cidades da planicie usavam madeira importada do Hi- malaia, e metais e pedras preciosas, vindas de montanhas distantes, mas mercadorias manufaturadas nas cidades foram en- contradas em aldeias pré-histéricas, entre os montes do Belu- quistao e mesmo ainda mais longe na Mesopotamia. A pré-histéria da civilizagéo do Indo é ainda desconhe- cida. As cidades e aldeias mais simples, das quais surgiram essas cidades, continuam sem identificagio. Em cérca de 2500 a.C., a mesma civilizagZo uniforme se estende da embocadura do Indo, através das terras baixas do Panjabe, até o pé dos montes, mas nZo ha evidéncias de qualquer correspondéncia entre uma unidade politica e essa conformidade cultural. £ incerta, mesmo, a existéncia de uma acumulagéo de capital. Temos indicios de uma divisio em classes de ricos e pobres, mas se um rei ou deus estava 4 testa da hierarquia nao sabemos. Templos e paldcios sAo t&o pouco evidentes entre as ruinas que sua existéncia mesma é posta em davida. As revolugdes que descrevemos ocorreram quase simul- tAneamente no Egito e¢ Suméria, e provavelmente também na India. De qualquer modo, a revolugao baseou-se nas mesmas descobertas cientificas e resultou no aparecimento das mesmas classes novas. £ dificil acreditar na independéncia entre tais acontecimentos, especialmente quando.nos lembramos das provas do tradicional intercAmbio existente entre essas Areas. E tal intercambio tornou-se mais intenso do que nunca, no momento da revolugio, ou pouco depois. Na época da unificagio do Egito, objetos e instrumentos que podem ser razoavelmente _considerados como de origem mesopotimica — solos cilindricos, certos motivos artisticos, arquitetura de tijolo e ameias, um novo tipo de barco — surgem no Nilo pela primeira vez. Pouco depois da revolugéo, as manufaturas indianas estavam sendo importadas pela Suméria. E evidente que estava em processo uma forma de difusio. N&o obstante, nenhuma teoria de dependéncia unilateral é compativel com os contrastes revelados pelo exame mais deta- Jhado, A civilizago urbana n&o foi simplesmente transplantada de um centro para outro, mas foi, em cada caso, um crescimento orgiinico com raizes no solo local. Se desejarmos uma analogia 166 ‘9 estabelecimento da industria e produg3o fabril meca- pelos capitalistas europeus na Africa ou India no ser4 Devyernos pensar, ‘antes, na ascensio daquele sistema de io nos paises de ambos os lados do Atlantico, América, twnha, Franga, Paises Baixos, partilhavam de uma tra- clontifica, cultural e mercantil comum, muito antes da fio Industrial, Apesar das guerras e barreiras alfan- © intercambio de mercadorias, idéias ¢ pessoas con- lncessantemente, A Inglaterra, na realidade, foi o du prépria revolugéo, mas os outros paises nao lhe simplesmente as invengdes mecdnicas ou a organizagao ailea, Estavam realizando experiéncias ao longo das mesmas © fizeram contribuigdes independentes, quando chegou o “ito, © estabelecimento, na China ou mesmo na Russia, ivieas e ferrovias modeladas pelos padrdes ocidentais, € por gerentes e técnicos europeus ¢ americanos, foi ino totalmente diferente. Awl o Egito, Suméria e {ndia n&o se tinham isolado ou independentes, antes da revolucio. Todos partilhavam, ou menos, de uma tradigao cultural comum, para a qual m contribuido, Essa. tradigdo se manteve e enriqueceu jim intercimbio continuo, envolvendo uma troca de merca- | ldéias e artesaos. E esta a explicagio do paralelismo obser- Uma vez estabelecida, porém, a nova economia nos trés principais, ela se difundiu dali para os centros secun- ip, mais ou menos como o capitalismo ocidental se difundiu ‘enldnias © dependéncias econémicas. A principio nas fron- tlo Rigito, Babilénia e vale do Indo — em Creta, ¢ nas reyas, ma Siria, Assiria, Inf e Beluquistéo -— e depois lange, na Grécia continental e no planalto anatoliano, sul Wiiiisia, vemos aldeias que se transformam em cidades ¢ luteres de alimentos auto-suficientes que passam a espe- imigho industrial e ao comércio exterior. E 0 processo se wele em circulos cada vez mais amplos, em témno de cada uo weundario e terci4rio. Nai novas cidades, nio s6 acérdos abstratos na estrutura niimica ¢ na ciéncia subjacente, mas também a identidade _ farmas dos produtos artificiais, como amuletos, sclos ¢ ‘arias, demonstram como muitos dos elementos vitais da civi- o haviam sido tomados de empréstimo dos centros pri- 167 miarios no Nilo, Eufrates ¢ Indo. centros secundarios era inspirada ou imposta pelos focos mérios. f facil mostrar que 0 processo era inevitdvel. As civilizagées das planicies aluviais dependiam da impor= taco de matéria-prima; parte de sua riqueza excedente tinha de ser empregada na aquisicio dessas importagdes necessdrias, Mas 0 material ambicionado raramente estava num deserto desa- Assim, comunidades em cujos territérios estavam og materiais podiam pretender uma participagio em tais exce- Deviam ter sido convencidas a produzir mais metais, madeiras, especiarias ou pedras preciosas do que eram necessdrios ao consumo doméstico, para troca-los com egipcios, sumerianos bitado. dentes, ou indianos, ou, pelo menos, para alugar-Ihes seus servigos como guias, carregadores e€ trabalhadores. Novas oportunidades de ganhar a vida abriram-se, assim, aos possuidores dos materiais industriais. Mas, para apro- veitd-las, era necessdria a especializacdo. A riqueza excedente da planicie aluvial poderia manter familias de habitantes das montanhas metalfferas, se essas familias deixassem a produgio de alimento para minerar e transportar o minério. Na pratica, decerto, a produg&o de alimento no se paralisou, mas a nova riqueza foi empregada para sustentar uma nova populagio que, na velha economia, teria sido excedente, e condenada A fome ou emigracio. O névo papel de provedor, desempenhado pela matéria-prima, significa nao sé um aumento da populagao, mas também uma divisio em classes. Alguns exemplos ilustrarao, © processo. Os egipcios necessitavam de grandes quantidades de cedro, para tumulos, barcos e méveis. Conseguiam-nas no Libano ¢€ Norte da Siria, embarcando-as do pérto de Biblos (perto de Beirute). Muito antes, porém, do aparecimento das dinastias egipcias, Biblos, como outros portos sirios, foi o local de uma cidade. Scus habitantes, os giblitas da Biblia, eram presumida- mente pescadores e agricultores mais ou menos auto-suficientes. Haviam participado no intercambio exposto no capitulo 6, e mantido contato com o Egito, e provavelmente também com a Mesopotamia, antes da segunda revolugio. O efeito da revolucéo no Egito foi o de tornar efetiva uma tremenda procura de’ matérias-primas que Biblos podia fornecer. Ao atendé-la, os giblitas tiveram a oportunidade de participar 168 te da riqueza do Egito; seus gastos criaram meios familias que n&o poderiam té-lo encontrado na ou pesca locais. Mas a aceitacado de tal situag4o » abandono final da auto-suficiéncia econdmica. rir de ent&o, devia sua prosperidade & produgio mercado externo, os egipcios importados, encontrados em Biblos, ¢ ‘ilo qo periodo imediatamente anterior & unificagdo de jhustram a participago dos giblitas na prosperidade do Jj, evidentemente, mercadores ou funcionarios egipcios ile se instalar ali, para cuidar do comércio vital, tal y) casas mercantis inglésas mantém representantes no “() egipcios ensinaram aos giblitas a administragao da nin erescimento, e de suas receitas; podem até ter esta- ima espécie de protetorado. Um templo de pedra da ia cidade, decorado por artesios egipcios que haviam Para atender as necessidades do comércio, os giblitas a escrita egipcia, «4 iim que adotaram as descobertas dos egipcios, assi- m qua economia aos padrdes da revolugio urbana e (uram de populagéo. A aldeia transformou-se numa lp, ¢ dentro em pouco era bastante rica para tornar-se ato de matérias-primas para outras regioes, um entro tie para a difuséo de nova economia. _Mas a ci izagdo (4 gio foi apenas um transplante da civilizagao egipcia: (enellgéies nativas de arquitetura, ceramica e outros offcios, yeituacio e religiéo, foram conservadas. Os refinamentos a gcrescidos € que foram importados do Egito. E a inspi- le ter vindo de outras diregées, também. Por outro ., « clyilizag&o giblita permanece provinciana, em compares 4 exipcia. Os refinamentos importados nao foram desen- vidos como no pais de origem. Por exemplo, os egipcios feleoaram sua escrita com o passar do tempo; os ebles pyyaram os caracteres arcaicos adotados nas primeiras di- iu, © 08 mantiveram inalterados durante quase mil anos. Afais ou menos da mesma forma, a importagao do cobre, jwati © chumbo das tmontanhas do Tauro para a MesopotAmia [tou no crescimento de uma civilizagio urbana na Capa- | no Planalto da Asia menor. Antes de 2500 a.C., os Mlgamentos nativos, ali, pouco haviam ultrapassado a economia pwaliticn, Os aldedcs locais se satisfaziam com as ferramentas 169 de pedra e os potes feitos 4 m&o, produzidos por uma ind, doméstica nao-especializada. Pouco depois de 2000 a.C, 0 mercadores assirios se instalaram entre as aldeias nativas, pan comerciar com minério, Poucos séculos depois, a correspo Evidentemente, a riqueza excedente da Mesopotamia esta proporcionando sustento a mineiros e ferreiros, que nao fazi contribuig&io direta ao abastecimento comunal de alimentos. mesmo tempo, a escavagao revela que as aldeias se transfo: vam em cidades, dependentes da indistria e comércio, metal torna-se comum, os potes sio manufaturados, na roda, profissionais ao invés de serem feitos pelas donas de ca Os artigos da Mesopotimia s%o copiados para atender necessidades da nova situagio econémica. O sélo cilindrico é adotado como meio de marcar a propriedade e assinar d cumentos. Pouco depois, a escrita babilénica é adaptada transcrigo das linguagens locais. Mas a civilizago capadé como a giblita, preservou suas peculiaridades locais. mente os elementos copiados se desenvolveram mais lentamente Os selos locais, por exemplo, co do que na Mesopotamia. timuam repetindo desenhos, durante mil anos depois de te saido de moda na Babilénia. Mas com freqiiéncia a segunda revolugio foi propagada pela violéncia e imposta pela f6rca do imperialismo. comunidades eram demasiado atrasadas e sem iniciativa para apreciar as vantagens da nova economia e de seus produtos. Os némades que cacavam ou apascentavam seus rebanhos nos flancos do Sinai nao se sentiam atraidos pelo trigo nem pelos artigos manufaturados, nZio se dedicando por isso & mineragdo para os egipcios. As minas eram exploradas por trabalhadores enviados do Egito, e o exército real tinha de protegé-los contra os némades. A partir da Segunda Dinastia, os préprios faraés fizeram-se retratar sobre as rochas do Sinai, “esmagando o mal- dito beduino”, Nesse caso, a intervengio armada nao estendeu a civilizagdo, nem criou novos centros urbanos. Em outros casos, porém, as vitimas do imperialismo foram educadas para competir com os agressores, em cultura material. Os sumerianos tinham de importar sua matéria-prima de terras habitadas por comunidades progressistas, como os elamitas, € para chegar até elas as caravanas tinham de atravessar tertitérios semelhantes. As comunidades atingidas por ésse contato freqiien- 170 age a ai hiah{tavam territérios bem irrigados e gozavam ‘ilwile num regime neolitico. Na verdade, adotaram Gynentos como o carro de rodas da cerimica, e impor- vo, lapis-lazdli e outros artigos de luxo. jy, no todo, satisfaziam-se com os produtos feitos a fodiam viver num conférto modesto, com seus pro- e Suas necessidades de artigos de luxo eram para convencé-los a produzir madeira ou metal wiles quantidades exigidas pelas cidades sumerianas, ou que caravanas Thes perturbassem os campos € panareot ynesmo, ter resistido as manobras dos mercadores sume- © atacado suas caravanas, Assim sendo, os shames ) de empreender expedigées punitivas para garantir a prima © proteger as rotas comercials. wxton muito antigos referem-se As guerras travadas pales 4 da Suméria e Acade contra os elamitas e outros vizin oy, Embora tais referéncias possam relacionar-se a Ses de montanheses empobrecidos contra as, planicies i i podem indicar lutas do tipo suposto ast pane vac a Babil6nia, Sargao de Agade empreendeu sees uiista. nas regides vizinhas, cujo i motivos econémit 7 aplante claros. Suas préprias inscrigoes mencionam exp! 3 ‘nle como objetivos as Montanhas Prateadas EA Joreytas de Cedros (Libano?). Um ater ee erie yeye como éle foi convidado & Capadécia, para dar ee eamereiantes de metais ali instalados, € refere-se om a ‘umm montanha de lapis-laztili. Uma tabuinha ein Pane ae (nclui uma “Terra do Estanho” entre as conquist a Hs Jndubitavelmente, le dominou o distrito a # g ain @ estendeu seus dominios do mar Superior (2 esr tp ou CAspio) até o mar Inferior (Golfo Pérsico), aba saslnn an regides das quais a Babilénia dependia. na fim certos casos, pelo menos as conquistas resultaram i rca da civilizagéo urbana, transformando slantagie pela férga lizac: “ee mine delay mais ou menos auto-suficientes em cidades 4 sca W Wydustriais. Em Ninive, na Assfria (em frente a Mom, © ie Sargdo fundou um templo a Istar, 0 Brien | le ane ya atric de templos ali erguidos. Ora, isso sim i un tug econdmica, pois, como na Suméria, o templo cons- tujia um centro permanente de acumulagao, de ue ue “deyenvelvimento da jndistria. Sua construgao ¢ lecstoee vepreientava o dispéndio de um excedente que mantinha w 171 proletariado prolifico, embora servil. Criava uma nova procu de lapis-lazili, madeira, metal, etc., transformando Ninive num centro de difus&o secundario. Esse processo se pode ter rep tido sob Sargio, ou um pouco antes, em outras cidades assirias E, aproximadamente na mesma época, a escrita babilénica outros elementos eram adotados, j4 plenamente formados, ni Assiria. Sargo e€ seus sucessores podem, portanto, pretender o tituk de “fundadores de cidades”, mesmo nos lugares onde as ald 4 existiam muito antes déles. HA grande verdade na fras biblica sébre “‘Assur’avangando de Shinar (Suméria) e conse truindo Ninive”, etc, O povo da Assiria nao viera da Babilénia, mas os templos mais antigos no que seriam as cidades histéricas da Assiria foram fundados por acadianos (Ninive) ou su rianos, ou foram, pelo menos, omados com estdtuas de cull do tipo sumeriano (Assur), Siria e Assfria eram certamente populosas, muito antes 3000 a.C., provavelmente antes mesmo que a Suméria {6s colonizada, Mas @sses paises da estepe desfrutavam uma preci pitagao pluviométrica regular, de forma que lhes faltava o incentivo para uma organizacao social mais coesa, que fun nava com tanta eficdcia na Baixa Mesopotamia. A popul se dispersava entre numerosas aldeias permanentes, que se transformaram em pequenas cidades, como as modernas aldeias — curdas. Seus présperos habitantes haviam adotado a roda e outros aperfeigoamentos, e ocasionalmente se utilizaram de ma- teriais importados, como I4pis-lazili, ouro e cobre. Mas pelo menos até 3000 a.C., preservaram sua independéncia econd- mica; permaneceram contentes com ferramentas de pedras e armas de pedra, e por isso nfo se utilizaram de importagdes. Mas depois de 3000 a.C. — talvez, na verdade, jA na época de Sargio — stbitamente comegaram a usar reguldrmente 0 metal. Suas ferramentas ¢ armas sio tédas de forma carateristicamente sumeriana, de modo a nao haver dtivida sdbre quem eram seus instrutores em metalurgia. E o sacrificio da auto-suficiéncia, assim atestado, foi acompanhado de outros indicios familiares da segunda revolug4o; dentro em pouco, certas cidades comegaram a expandir-se, enquanto algumas outras eram absorvidas por vizinhos de maior éxito, No se sabe ao certo até que ponto a revolugio foi, aqui, o resultado da conquista real por Sargio ou por algum precursor sumeriano. Até as cidades que mais plausivelmente podem pretender origem acddica nao continua- 172 “yentvon de metalurgia j4 pouco depois sJonias ¢ dlependéncias por muito tempo. Jamais haviam sua cultura nativa, e dentro em pouco se oe de revolia, chegando a ser capitals de novos Estados, 4 propria: Assur. 4} {inperialismo econémico nao propagou & eee ee \ apenas: pela conquista. A resistencia aos aS faq oe aimeaga de ataques, s6 foi possivel pela assimil a a fla civilizagdo dos agressores. As armas ae pe ry za eompetir com © armamento de bronze dos sol ee whiny, tal coro os arcos € machadinhas dos peles-vermelha ‘diam competir com as armas de fogo dos ceropeut! conseguir defender sua independéncia, povos que a ent ym contentadg com o equipamento neolitico, — ‘iveram ‘lowe armas de metal, Isso significou, na pratica, que do aprender a metaltirgica e ajustar sua economia exigéncias. N&o bastava comprar ou roubar uns poi Jiaclos, langas e elmos, manufaturados na Bab ene tinhan’ jpturar ferreiros que treinassem os fabricantes le ame jou proprio povo; tinham de produzir alimentos excedentes ranter 0s novos artesios e garantir as matérias-primas yyhrias; tinham de organizar o comércio para garantir um jecimento regular, Numa palavra, tinham de submeter-se sogunda revolugac & adotar uma economia urbana. ; urbana rudimentar F ‘ rae © inicio da metalurgia e de uma vie ‘Awiltia pode, freqiientemente, ser explicado dessa forma, E ; : 4 A 16 adas_pelas gpenas na Assiria: em tadas as regides atravess pela ay comerciais sumerianas ¢ expostas As campanhas de Sargao no Norte da Siria, no Luristao, no Elam — encontramos de 3000 a.C., quando {pos sumerianos eram copiados localmente, e com freqiténcia ifleatos de ac6rdo com os gostos locais. De uma forma wu de outa, 0 comércio sumeriano & © imperialismo que inspirou gpagaram a metalurgia € a nova economia, que ela signi- ava. a, Fintre 3000 a.C. e 2000 a, C. estabeleceram-se euler ue wsam o bronze em Creta, na Grécia continental, em ia jyiyes Dardanelos, na bacia de Cub, ao norte do Caucaso, no lantto da Asia Menor, na Palestina ¢ Siria, no ira cae luchistiio, Cada uma dessas civilizagdes tinha um car: io, mas t6das exibem tantas caracteristicas concretas de tidade com os produtos do Egito, Suméria e da bacia do 173 Indo ou de um dos centros secundarios que sua divida cor focos anteriores da civilizagéo é indiscutivel. Essas civilizagdes secundarias e tercidrias nio sio or mas resultam da adog&o de tradigdes, idéias e processos bidos pela difus&o de centros mais antigos. Na maioria casos, perdeu-se o mecanismo dessa transmissio. A seg revolugao, uma vez estabelecida, teve de difundir-se. E aldeia, transformada em cidade pela difusio, tomou-se ie fens diatamente um centro de propagagio. Antes de 1500 a, G aimente, os barbaros que viviam ao norte Cos Ics, a nova estrutura industrial alcangava Espanha, Gra-Bretanhi viria a ser o Império Austro-Hingaro, estavam apenas e Alemanha. Em menos de cinco séculos, a maior parte del redo a usar armas e ornamentos de metal, ¢ ocasionalmente penetrara na Escandinavia e Sibéria. instrumentos, em cérca de 2000 a. C. Mas Ce Mas, neesse processo de difuséo, a cultura degradou-s ula erm comunidades pequenas ¢ a ae Sie Quem aprende uma técnica nova, costuma aplic4-la canl Filnham qualquer uso, decerto, pare oe da Grécia e tramente; a eficiéncia exige geragdes de pratica e discip! oj solos. A metalurgia havia si ‘ ap! SE ESI A civilizagao superior, porém, nao é adotada em sua totalidad Te na ae cre peclttabe © povo recipiente sente a necessidade de alguns itens e s6 po Seus vizinhos ao norte ainda ‘ assimilar @sses poucos itens no névo equipamento cultural. E possivel, por exemplo, aprender bastante de metalurgia ¢ conseguir bastante minério para armamentos sem aprender escrever ou estabelecer a organizagio comercial que torna a escrita indispensdvel. Surgem, assim, diferentes graus de civili- pove, heladico da Grécia continental comegara a viver dex mais tarde do que os cretenses & dependia menos fo e manufaturas. Néo fabricava selos préprios, aidamente porque o comércio era demasiado pequeno ae {ql recurso. N&o sabia escrever, naturalmente. A pedra ainda efetivamente com o cobre, como © material de entas, © armas de metal imitavam precariamente as centros primdrios, e que tendem a dispor-se em zonas, térno déstes. Em 2500 a.C, os mindicos de Creta moravam em cidades e viviam da inddstria e comércio, To interessados estavam em aproveitar-se do excedente da riqueza do Egito e Siria que constroem uma cidade até numa pequena ilha sem terra culti- vavel, desde que oferega um pérto adequado. Haviam copiado varios itens do equipamento técnico necessdrio do Egito ou Suméria, diretamente ou através da Siria. Haviam adotado, logo de inicio, 0 sélo como recurso para marcar seus jarros de azeite e fardos de mercadorias. Mas os primeiros selos nativos sio bastante grosseiros. Por fim, os mindicos idealizam uma escrita pictografica imperfeita para ajudar sua contabi- lidade. Podiam fundir e trabalhar os metais, e empregavam um tipo de machado sumeriano, com um buraco para o cabo. Mas as antigas ferramentas de metal iminéicas parecem bastante rudimentares em confronto com os modelos originais. Os carros de rodas foram empregados desde cedo, mas nio a roda de ceramica. 174 175

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