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Da Colônia à República (1500-1930)

Profa: Dra. Míriam Morelli Lima de Mello


 14 Capitanias hereditárias (adoção a particulares) = Governo Geral
 Grande propriedade = mão de obra escrava
 Autoridade sem limites dos donos de terras
 Família patriarcal = formas de pensamento e ideias dominantes da
cultura medieval europeia = Jesuítas
 Distinção do branco colonizador da população nativa, negra e
mestiça
 Propriedade do poder político, econômico e dos bens culturais
 Senhores de engenho X agregados e escravos
 Educação para os senhores: homens não primogênitos

Profa. Dra. Míriam Morelli Lima de Mello


 Conteúdo cultural da educação jesuítica: espírito da Contra-Reforma,
reação ao pensamento crítico. “Humanistas por excelência e os maiores de
seu tempo, concentravam todo seu esforço, do ponto de vista intelectual,
em desenvolver nos seus discípulos, as atividades literárias e acadêmicas,
que correspondiam, de resto, ao homem culto em Portugal, [...] visava
formar letrados eruditos. [Realizava] na colônia, a educação modelada pela
Metrópole, que se manteve fechada e irredutível ao espírito crítico e de
análise, à pesquisa e à experimentação.” (ROMANELLI, 1987)
 O ensino dos padres jesuítas era, portanto, alheio à realidade da Colônia,
não contribuía para modificações da vida social e econômica do Brasil
 O trabalho não demandava preparo, nem para a administração, nem para
sua execução (agricultura rudimentar e trabalho escravo)
 Ensino conservado à margem, sem “utilidade prática” visível;
Profa. Dra. Míriam Morelli Lima de Mello
 Indígenas: conversão à fé católica = escolas elementares
para os “curumins” e criação de núcleos missionários nas
nações indígenas
 Mesma educação dos curumins dirigia-se aos filhos dos
colonos (garantia da evangelização)
 Na camada dominante recrutavam-se os futuros sacerdotes
(ensino das ciências humanas, a letras e as ciências
teológicas)

Profa. Dra. Míriam Morelli Lima de Mello


Educação
elementar
ìndios

Educação Educação
superior elementar
para futuros Jesuítas homens
sacerdotes brancos

Educação
média homens
classe
dominante
Profa. Dra. Míriam Morelli Lima de Mello
 Educação jesuítica = educação da elite (paralela/marginal à
realidade)
 “Foi ela, a educação dada pelos jesuítas, transformada, em educação
de classe, com as características que tão bem distinguiam a
aristocracia rural brasileira, que atravessou todo o período colonial e
imperial e atingiu o período republicano, sem ter sofrido, em suas
bases, qualquer modificação estrutural, mesmo quando a demanda
social de educação começou a aumentar, atingindo as camadas mais
baixas da população e obrigando a sociedade a ampliar a oferta
escolar. Era natural que assim fosse, porque este tipo de educação
veio a transformar-se no símbolo da própria classe, distintivo desta,
fim, portanto, almejado por todo aquele que procurava adquirir status
(ROMANELLI, 1987, p. 35)
Profa. Dra. Míriam Morelli Lima de Mello
 Distinção social passa a se dar pela propriedade da terra e grau de
instrução (bacharel e mestre em artes): constituição de uma pequena
aristocracia de letrados(futuros teólogos, padres-mestres, juízes e
magistrados)
 Estrutura de poder vai se constituindo pela posse da terra e da instrução
 Expulsão dos jesuítas séc. XVIII = “sobrevivência de um modelo de
educação intelectual transplantada, alienada e alienante (ROMANELLI,
1987)
 13 anos até a substituição dos jesuítas: sistema anterior substituído por
diversas disciplinas isoladas ministradas por leigos até o domínio do
Estado

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 Continuidade da educação jesuítica através dos padres e capelães filhos de
proprietários de terra (mestres-escolas ou preceptores) da aristocracia
rural;
 Recrutados para as aulas régias da reforma pombalina;
 Ensino com mesmos objetivos: disciplina estreita e sem originalidade e
criatividade, voltado à submissão, respeito à autoridade e permanência da
escravidão;
 Século XIX verá surgir uma estratificação social mais complexa: camada
intermediária (mineração) especialmente na zona urbana com maior
participação social e política;
 Pequena burguesia (afinidade com a mentalidade burguesa): relevância na
política e nas mudanças do final do século, principalmente por causa do
acesso à educação escolarizada;
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 Diversificação da demanda escolar: oligarquia rural e
pequena burguesia;

 Educação como instrumento de ascensão social

 Título da terra X título de doutor (prestígio social e poder


político);

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 Relação entre classe dominante e pequena burguesia explicam
características dominantes no ensino brasileiro:
1. Relações de dependência (entre as classes)
2. Trabalho físico considerado degradante
3. Ócio como distintivo de classe;
4. Dependência da pequena burguesia da classe dominante para obtenção
de cargos (funções burocráticas, administrativas intelectuais
5. Identificação da pequena burguesia com a classe dominante e
afastamento das classes dominadas (trabalho)
6. Educação que distinguia era a educação da classe dominante (educação
das elites rurais apesar da diversificação de classes sociais)
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 Contradição: dependência da classe dominante e identificação com as
ideias burguesas europeias que contestavam ideais aristocrático-feudais;
 Vitória dos ideais burgueses: abolição da escravatura, proclamação da
República e posterior implantação do capitalismo industrial;
 E a escola?
 Família real (1808) provoca mudanças: criação dos primeiros cursos
superiores (não teológicos com sentido profissional prático), Missão
Cultural Francesa que criou a Real Academia de Desenho, Pintura,
Escultura e Arquitetura Civil em 1820 que deu origem à Escola Nacional de
Belas Artes, Museu Real, Jardim Botânico, Biblioteca Pública e Imprensa
Régia.

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 Consequências: preocupação com o ensino superior e abandono dos
demais níveis (educação para elite aristocrática e nobre), bases para
revolução cultural que culminou na introdução de hábitos,
pensamento e ação que formaram a burguesia brasileira do final do
século; processo de autonomia que resultou na Independência
política de Portugal
 Transferência de poder dentro de uma mesma classe:
Relevância dos letrados na nova ordem (cargos administrativos e
políticos);
Especialmente faculdades de Direito (a partir de 1820)

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 Ato Adicional de 1834: poder central regulamentava ensino do Município Neutro e
ensino superior e Províncias a educação primária e média em suas próprias
jurisdições;
 Ensino superior passa a condicionar a estrutura do ensino secundário (aspiração
de acesso ao ensino superior e os cursos superiores realizavam a seleção)
 Consequência: caráter propedêutico do ensino secundário, conteúdo humanístico,
aversão ao ensino profissionalizante
 Províncias: falta de recursos e tentativa de reunir aulas régias em liceus,
concentração do ensino secundário na iniciativa privada (elitista), ensino primário
abandonado a cargo de mestres-escola sem outra alternativa de trabalho
 1888 = 250.000 alunos na escola primária numa população de 14 milhões
 Abandono da educação popular

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 Sistema federativo
 Descentralização do ensino: dualidade de sistemas
 União: ensino superior e secundário nos Estados e instrução
primária no DF
 Estados: educação primária
 Elite: escolas secundárias acadêmicas e ensino superior
 Educação do povo: escola primária e profissional
 Dualidade do sistema educacional: dualidade da sociedade
escravocrata e dualidade entre centralização e descentralização do
poder
 Sistema educacional: insuficiente para atender a complexificação
crescente da sociedade brasileira
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 Sistema federativo X competências administrativas X desorganização dos
sistemas educacionais brasileiros
 Reforma Benjamim Constant
 Lei Orgânica Rivadávia Côrrea
 Reforma Carlos Maximiliano
 Reforma Rocha Vaz
 República: revolução abortada que contentou-se com a mudança de regime
(Fernando Azevedo)
 Poder político X poder econômico: educação correspondia à educação
humanística e literária da Colônia
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 Federalismo acentuou autonomia dos estados no plano econômico e
educacional
 Liberalismo econômico e político transformou-se num liberalismo
educacional: falta de unidade e continuidade da ação pedagógica
 População majoritariamente rural e economia de base agrícola não
criavam uma demanda para a escola
 “A I República teve, assim, um quadro de demanda educacional que
caracterizou bem as necessidades sentidas pela população e, até certo
ponto, representou as exigências educacionais de uma sociedade cujo
índice de urbanização e de industrialização ainda era baixo. A
permanência, portanto, da velha educação acadêmica e aristocrática e a
pouca importância dada à educação popular fundavam-se na estrutura e
organização da sociedade.”(ROMANELLI, 1987, p. 45)
Profa. Dra. Míriam Morelli Lima de Mello
 ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil (1930/1973).
Petrópolis: Vozes, 1987.

 ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna, 1989.

 RIBEIRO, Maria Luísa Santos. História da educação brasileira: a organização escolar.


Campinas, SP: Autores Associados, 1998.

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