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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 4

AS INFLUÊNCIAS DE SIGMUND FREUD ............................................................ 5

A 1° E 2° TÓPICA DA PSICANÁLISE [TÓPICA FREUDIANA] ........................ 6

SEXUALIDADE INFANTIL, INCONSCIENTE, APARELHO PSÍQUICO... 6

ENTENDA MAIS SOBRE A 1ª E A 2ª TÓPICA EM FREUD ....................... 7

POR QUE FREUD NÃO FICOU SATISFEITO COM A PRIMEIRA TÓPICA?


.......................................................................................................................................... 8

O QUE É RECALQUE? ............................................................................................... 9

VAMOS EXEMPLIFICAR O CONSCIENTE, PRÉ-CONSCIENTE E


INCONSCIENTE (ID, EGO E SUPEREGO): ................................................ 11

NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA DA PERSONALIDADE .......................................... 15

FREUDIANOS CLÁSSICOS E CONTEMPORÂNEOS ...................................... 16

O NÚCLEO DO MÉTODO PSICANALÍTICO E O SETTING........................... 20

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INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a), seja muito bem vindo(a) ao início da Formação


Livre em Psicanálise Clínica, o curso costuma ser desafiador para o
estudante de psicanálise. Você terá acesso a conteúdo de textos,
videoaulas, imagens e apostilas. O módulo 1, oportuniza o acesso a
conteúdo introdutório que é de suma importância para o exercício
como psicanalista.

Na disciplina anterior, falamos um pouco sobre a área da psicanálise.


Agora, vamos nos aprofundar na teoria psicanalítica de Sigmund Freud.
Teremos mais outras três disciplinas com esta temática teórica, a fim
de que você possa entender a área que você escolheu para atuar.
Vamos lá!

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“A impotência original do ser humano torna-se a fonte
primeira de todos os motivos morais.”

Sigmund Freud

AS INFLUÊNCIAS DE SIGMUND FREUD

Vimos a influência dos médicos abaixo (Charcot e Breuer) para Freud e,


posteriormente, para a psicanálise. Caso não lembre, sugerimos que
refaça a leitura da aula anterior!

A psicanálise tem como grande inovação a elaboração do conceito de


inconsciente, tomado como seu objeto de estudo e a descoberta

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da sexualidade humana. Rompendo, assim, com a tradição da
Psicologia, até então definida como a ciência da consciência e da
razão.

A 1° E 2° TÓPICA DA PSICANÁLISE [TÓPICA FREUDIANA]

SEXUALIDADE INFANTIL, INCONSCIENTE, APARELHO PSÍQUICO...

Segundo Sigmund Freud, a primeira tópica, é dividida em 3 partes


da mente: consciente, pré-consciente e inconsciente, que nos ajudam
a manter a sanidade e a percepção do certo e errado.

O pré-consciente ou (subconsciente – popularmente/senso comum)


como pode ser chamado, fica próximo da consciência, e ambas
consistem no processo secundário.

Sabe aquela frase “Sua consciência está pesada”?! – Essa sensação,


geralmente, ocorre quando seu Pré-Consciente age informando que
tem algo em mente. Contudo, você reluta em deixar sair e como já
pensou, ou até mesmo colocou pra fora, fica aquele incômodo. É a

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ponta do Iceberg onde a Consciência é quem domina, pois recebe
influências do mundo externo. O Pré-consciente apenas armazena
essas influências, deixando algumas coisas mais profundas no
Inconsciente.

A psicanálise, assim como outras teorias, centram sua investigação e


explicação nas causas do comportamento humano, e reconhece como
causa as forças inconscientes, subjacentes e motivadoras do
comportamento individual humano.

ENTENDA MAIS SOBRE A 1ª E A 2ª TÓPICA EM FREUD

Num primeiro momento, Sigmund Freud fala sobre “A Primeira


Tópica”:

Ele era convicto de que o psiquismo humano se estruturava em duas


partes, denominadas de CONSCIENTE (menor porção e mais
insignificante, superficial de toda a personalidade) e
a INCONSCIENTE (maior e mais significativa parte da personalidade,
sede das forças ocultas responsáveis por todo o impulso do
comportamento humano).

Sua teoria foi escrita passo a passo com a sua prática clínica no
atendimento a pessoas com problemas emocionais. Assim foi
reconstruindo ideias, teorias e conceitos que resultaria, mais tarde, na
chamada “Segunda Tópica”. Que é na verdade uma reconstrução do
funcionamento do aparelho mental (ou aparelho psíquico), agora
concebido em três instâncias: Id, Ego e Superego.

O interessante é que no desenvolvimento do pensamento de Freud,


não se afirma categoricamente que a mais recente suprime as
anteriores, mas que a partir dali a psicanálise passou a enfocar as
relações entre as três instâncias psíquicas em vez de apenas classificar
um conteúdo mental como consciente ou inconsciente. A ênfase,

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portanto, é a busca contínua, através de décadas de estudos, no
sentido de aprimorar a tópica do aparelho psíquico.

POR QUE FREUD NÃO FICOU SATISFEITO COM A PRIMEIRA


TÓPICA?

Caro aluno, a primeira tópica se mostrou bastante útil para Freud.


Quando a psicanálise estava direcionada primordialmente à
compreensão das formações do inconsciente e da natureza das
representações mentais que causavam angústia e eram recalcadas.
Todavia, quando o foco da pesquisa psicanalítica começou a ser
orientado para o ego – a instância do psiquismo que, por não suportar
a angústia gerada por determinadas representações mentais, as
mandava para o inconsciente – essa divisão do aparelho psíquico em
consciente, pré-consciente e inconsciente começou a se mostrar
insuficiente. Vejamos porque:

Até então, Freud achava que o ego estava totalmente situado no


consciente e no pré-consciente, afinal no inconsciente estariam
apenas aquelas representações mentais que o ego teria recalcado. Em
outras palavras, naquele momento, Freud considerava que o conflito
psíquico que levaria ao adoecimento psicológico seria travado entre
um ego, consciente que não quer admitir determinados pensamentos,
e o conjunto inconsciente desses pensamentos recalcados, ou seja, um
conflito: ego versus inconsciente.

No entanto, a experiência clínica foi mostrando a Freud que uma parte


considerável do ego também era inconsciente. Como Freud descobriu
isso?

Durante uma análise, o sinal clínico que evidencia que determinados


pensamentos e recordações estão no inconsciente, isto é, foram

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recalcados, isso é demonstrado pela dificuldade do paciente em se
lembrar deles ou de falar sobre o assunto.

Freud compreendia essa situação, ao considerar que haveria uma


resistência do ego ao bloquear o acesso das representações mentais
recalcadas e/ou de seus substitutos. O curioso, contudo, é que o
próprio paciente não teria consciência de que estava empregando essa
resistência! Logo, a resistência não seria um fenômeno consciente,
embora fosse uma função do ego. Conclusão: o ego não é totalmente
consciente. Além disso, as resistências se comportariam de modo
semelhante às representações recalcadas, ou seja, demandariam certa
dose de trabalho para que fossem tornadas conscientes.

O QUE É RECALQUE?

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Conceito de Recalcado (recalque). A noção de recalque (ou
recalcamento e/ou recalcado), para Freud, é caracterizado como "uma
instância psíquica" que divide a consciência do inconsciente.

Também pode ser compreendido em um sentido mais restrito e em


um sentido mais amplo. No sentido mais restrito, o recalque
(propriamente dito) é a operação por meio da qual, um representante
ideativo ligado à uma pulsão é conduzido ao inconsciente ou lá
mantido. Com o propósito de evitar o desprazer que seria ocasionado
pela presença desse representante no sistema pré-
consciente/consciente.

Quanto à segunda tópica de Freud sobre esse assunto...

[...] essa descoberta jogou por terra a hipótese de que o


conflito psíquico se fundamentaria numa oposição entre
ego e inconsciente. No entanto, isso não significaria
admitir que o ego não fosse um dos polos do conflito
psíquico. De fato, mesmo sendo inconsciente, a
resistência continuava a ser um fenômeno produzido pelo
ego. O problema estava em sustentar que o outro polo do
conflito seria o inconsciente, afinal descobrira-se que uma
parte do ego também era inconsciente.

Renato Mezan - Psicanalista

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VAMOS EXEMPLIFICAR O CONSCIENTE, PRÉ-CONSCIENTE E
INCONSCIENTE (ID, EGO E SUPEREGO):

Essa teoria se intitula psicossexual, porque para Freud, a energia


psíquica que move o ser humano, originalmente é inata e sexual, o ID.
E é dela que derivam as duas outras instâncias da personalidade, o Ego
e o superego.

A Teoria Psicanalítica é de extrema importância para o estudo do


desenvolvimento humano. Vamos ver agora de forma mais detalhada
os conceitos de Freud (ID, EGO e SUPEREGO e as fases do
desenvolvimento psicossexual humano).

Nesta teorização vê-se claramente que o desenvolvimento humano é


concebido como um processamento de fases. Essas fases dizem
respeito ao desenvolvimento da personalidade, concebida em três
sistemas – ID, EGO e SUPEREGO – correlacionados com a energia
psíquica que é a força motriz para a operação da personalidade e,
consequentemente, para a sua manifestação pelos comportamentos.

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Vejamos então sobre os conceitos das instâncias psíquica da teoria
psicanalítica de Freud:

O ID é a parte mais primitiva da personalidade, corresponde mais ou


menos à noção de inconsciente. O ID busca a satisfação imediata dos
impulsos, agindo de acordo com o princípio do prazer. É constituído
por forças e impulsos, inclusive os sexuais.

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ID – O id é a fonte da energia psíquica (a libido). É de origem orgânica e
hereditária. Apresenta a forma de instintos que impulsionam o
organismo. Está relacionado a todos os impulsos não civilizados, de
tipo animal, que o indivíduo experimenta. Não tolera tensão. Seu nível
de tensão é elevado, age no sentido de descarregá-la. É regido pelo
princípio do prazer. Sua função é procurar o prazer e evitar o
sofrimento. Localiza-se na zona inconsciente da mente. O Id não
conhece a realidade objetiva, a “lei” ética e social, que nos prende
perante a determinadas situações devido as conclusões da
interpretação alheia. Por isso surge o Ego.

EGO – (em português “eu”), lugar em que se reconhece o eu de cada


um. O ego desenvolve-se a partir do Id, na medida que o bebê vai
tomando consciência de sua própria identidade, com o objetivo de
permitir que seus impulsos sejam eficientes, ou seja, levando em conta
o mundo externo: é o chamado princípio da realidade.

É esse princípio que introduz a razão, o planejamento e a espera


no comportamento humano. A satisfação das pulsões é retardada até
o momento em que a realidade permita satisfazê-las com o máximo
de prazer e o mínimo de consequências negativas.

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O ego é lógico e racional. Sempre cumpre a função de lidar com a
realidade externa (faz um meio campo entre o mundo interno e
externo), lidando com a estimulação que vem tanto da própria mente
como do mundo exterior. Assim, o ego atua como mediador entre o id
e o mundo exterior, tendo que lidar também com o superego, com as
memórias de todo tipo e com as necessidades físicas do corpo. A sua
energia é extraída do Id.

SUPEREGO – Atua como censor do Ego. É o representante interno das


normas e valores sociais que foram transmitidos pelos pais através do
sistema de castigos e recompensas impostos à criança. São nossas
concepções do que é certo e do que é errado. O Superego nos controla
e nos pune (através do remorso, do sentimento de culpa) quando
fazemos algo socialmente considerado errado, e também nos
recompensa (sentimos satisfação, orgulho) quando fazemos algo
meritório. O Superego procura inibir os impulsos do Id, uma vez que
este não conhece a moralidade. É o componente social da
personalidade. As principais funções do Superego são: inibir os
impulsos do id (principalmente os de natureza agressiva e sexual) e
lutar pela perfeição. Localiza-se no consciente e pré-consciente.

Vejamos agora um caso prático desses conceitos:

• Pelo Id o empregado deixaria de comparecer ao trabalho num


belo dia ensolarado, dedicando-se a uma aprazível atividade de
lazer: uma piscina, pescaria, um cinema, ou até sair com
namorado (a), etc.

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• O Ego aconselharia prudência e buscaria uma oportunidade
adequada para essas atividades/momentos.
• O Superego diria ser inaceitável faltar com um compromisso
assumido, por exemplo, com o supervisor ou colegas de
trabalho, ou ao próprio trabalho.

NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA DA PERSONALIDADE

Os três sistemas da personalidade não devem ser considerados como


fatores independentes que governam a personalidade. Cada um deles
têm suas funções próprias, seus princípios, seus dinamismos, mas
atuam um sobre o outro de forma tão estreita que é impossível separar
os seus efeitos.

Níveis de Consciência da Personalidade:

Para Freud, os três níveis de consciência são:

• Consciente: inclui tudo aquilo de que estamos cientes num


determinado momento. Recebe ao mesmo tempo informações
do mundo exterior e do mundo interior;
• Pré-consciente (ou subconsciente): se constitui nas memórias
que podem se tornar acessíveis a qualquer momento, como por
exemplo, o que você fez ontem, o teorema de Pitágoras, o seu
endereço anterior, etc. É uma espécie de “depósito” de
lembranças a disposição, quando necessárias;
• Inconsciente: estão os elementos instintivos e material
reprimido, inacessíveis à consciência e que podem vir à tona num
sonho, num ato falho ou pelo método da associação livre. Os
processos mentais inconscientes desempenham papel
importante no funcionamento psicológico, na saúde mental e na
determinação do comportamento.

Elucidamos abaixo de forma simples o que você aprendeu acima!

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FREUDIANOS CLÁSSICOS E CONTEMPORÂNEOS

Sigmund Freud (1856-1939) criou um modelo da mente com poucas


hipóteses básicas: a vida psíquica é ativada pela energia de dois
impulsos primitivos (em sua primeira teoria dos impulsos, o sexual e o
de autopreservação; em sua segunda teoria dos impulsos, o de vida e
o de morte, ou sexualidade e agressão).

Esses impulsos representam demandas do corpo na mente e tornam-


se conhecidos mediante desejos e necessidades que procuram pelo
objeto específico para alcançar satisfação. Os traços de memória
destas interações (incluindo as representações de objetos e relações
importantes) estruturam toda a mente, construindo formações cada
vez mais complexas, que são por fim divididas em três seções
principais.

Em seu primeiro modelo topográfico, Freud denominou os sistemas


Inconsciente, Pré-consciente e Consciente; em seu segundo modelo
estrutural ele se referiu como Ego, Id e Superego. As estruturas da
mente regulam as energias dos impulsos de acordo (homeostático)
com o princípio do prazer. Metapsicologia é a teoria da mente que
expressa funções psíquicas considerando seus aspectos dinâmico
(impulsos), econômico (energias) e tópico (estrutural).

Sándor Ferenczi (1873-1933) e a escola de psicanálise de Budapeste,


ressaltaram a importância de considerar e reconhecer traumas reais na
infância, os específicos da relação inicial da mãe com o bebê e os da

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“confusão de línguas” (uma confusão entre a ligação afetiva da criança
e as necessidades sexuais do adulto). Que impactam severamente no
desenvolvimento psíquico e na psicopatologia posterior. Ferenczi
enfocou nos mútuos processos intersubjetivos entre o paciente e o
analista no papel primoroso da honestidade e trabalho interno do
analista (autoanálise) no encontro analítico. Mais recentemente, seu
trabalho tem sido reavaliado e tornou-se um novo foco na psicanálise
na França, assim como na Escola Relacional (ver Psicanálise Francesa e
“Psicanálise Relacional”, abaixo).

Psicologia do Ego

Anna Freud (1895-1982), Heinz Hartmann (1884-1970) e outros, focaram


sua atenção no trabalho do ego consciente e inconsciente, seu papel
particular nas defesas inconscientes e seu efeito inibitório nos
processos psíquicos. Hartmann postulou uma área do ego livre de
conflito, que desempenha importantes tarefas como consciência
(awareness), controle motor, pensamento lógico, discurso, percepção
sensorial e teste da realidade – todas essas funções vitais que,
secundariamente, podem ser envolvidas no conflito neurótico.

Ao analisar sistematicamente as defesas do paciente, a psicanálise


objetiva fortalecer o ego no sentido de aumentar o controle de
impulsos, a resolução do conflito e a capacidade de tolerar a frustração
e afetos dolorosos. Hartmann adicionou aos quatro pontos de vista
metapsicológicos Freudianos, os aspectos genéticos e o adaptativo.

Kleinianos clássicos e contemporâneos

Melanie Klein (1882-1960) conceituou a infância começando com


impulsos primitivos experimentados dentro de relações objetais. A
pulsão de morte dirigida para o interior (ver acima) é experimentada
como uma força que ataca despertando ansiedades persecutórias e o

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medo de aniquilamento, que é localizado (projetado) fora do self e leva
a impulsos destrutivos em direção ao objeto frustrador (seio mau),
seguido pelo temor de retaliação. Em contraposição, o objeto que
satisfaz (seio bom) é idealizado e de forma protetora escindido (split
off) do mau objeto. Esta primeira fase é chamada posição
esquizoparanóide, “PS”, caracterizada por splitting, negação,
onipotência e idealização, assim como projeção e introjeção.

A capacidade crescente do ego para integração levará a ansiedades


depressivas de que os impulsos destrutivos tenham danificado o
objeto/seio bom e despertam o desejo por reparação. Esta segunda
fase é chamada de posição depressiva, “D”. Kleinianos
contemporâneos reconheceram que estas fases não estão limitadas à
infância, mas formam uma dinâmica contínua dentro da mente, a
alternância PS.

O ramo Bioniano da escola Kleiniana

Wilfred Bion (1897-1979), relacionado com e partindo de Freud e Klein,


desenvolveu uma nova linguagem para sua teoria do pensar. Ele
introduziu a ideia de que a mente do bebê inicialmente experimenta
um ataque violento de impressões sensoriais e emoções cruas,
chamadas elementos beta, que não portam significado e necessitam
ser evacuadas.

É essencial que o objeto cuidador (continente) aceite estes elementos


beta (conteúdos), os metabolize e transforme em elementos alfa, e os
devolva para o bebê como tais. A mente do bebê os introjeta junto com
a função alfa transformadora, assim construindo sua própria função
alfa, um aparelho capaz de simbolizar, memorizar, sonhar e pensar
pensamentos; isto também desenvolve os conceitos de tempo e
espaço e permite a descriminação entre o consciente e o inconsciente.
Distúrbios psíquicos estão relacionados a perturbações nestas funções
básicas deste aparelho para pensar.

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O ramo de Winnicott da Teoria das Relações de Objeto

Donald Winnicott (1896-1971) delineou a forma como o ambiente de


holding de uma mãe suficientemente boa capacitará a mente do bebê
a criar representações de si e do outro. No espaço intermediário entre
a mãe e o bebê a criança encontra e cria o que ele chama um objeto
transicional (cheirinho) que é e não é a mãe. É este espaço
intermediário ou potencial entre a realidade interna subjetivamente
criada e a realidade externa objetivamente percebida que
permanecerá disponível como um espaço interno para experienciar
vida, criar novas ideias, imagens, fantasias, arte e formar as muitas
apresentações da cultura.

Se a mãe pode responder empaticamente ao gesto espontâneo do


bebê, esse construirá a representação de um verdadeiro self com
capacidade para brincar e ser criativo. Entretanto, se a mãe
continuamente traduz mal os gestos do bebê de acordo com as
necessidades dela, o verdadeiro self da criança permanecerá
escondido sob o escudo de um falso self que é criado para sobreviver
e pode levar, mais tarde na vida, a um sentimento de não ser capaz de
ser verdadeiro.

A psicanálise Francesa tem-se desenvolvido, delineada a partir de, e


em, disputa com Jacques Lacan (1901-81) e suas ideias: (o significado
da linguagem, o phallus, desejo e o outro, e seus conceitos do
imaginário, do simbólico e o [inacessível] real). Seu chamamento por
um retorno a Freud iniciou um sério debate e elaboração dos conceitos
nucleares do pai da psicanálise e, finalmente, estabeleceu o papel
primordial da metapsicologia Freudiana na compreensão da psiquê
humana.

Isto, por sua vez, foi particularmente frutífero no avanço de uma nova
concepção da teoria da sedução, a ênfase nas pulsões de vida e de
morte e a teoria do narcisismo em suas várias apresentações. O

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reconhecimento da importância da teoria dos impulsos, pressionou
por uma ênfase na sexualidade, subjetividade, a linguagem do desejo
e a função estrutural do Complexo de Édipo, em particular a respeito
da posição do terceiro e terceiridade. O que levou à ideia de um
processo terciário, em que os processos inconscientes (primários) e
conscientes (secundários) coexistem e são criativamente combinados.

A psicologia do Self foi fundada nos Estados Unidos por Heinz Kohut
(1913-81), que enfocou no sentido de self do indivíduo, em particular
considerando o desenvolvimento e regulação do narcisismo. Ele
salientou o papel necessário dos pais cuidadores (e posteriormente do
analista) para espelhar de forma empática os estados do self da criança.
E permitir a idealização de transferências alter-ego/gemelares, assim
oferece suporte à criança (o paciente posteriormente) como um self-
objeto, até que esse tenha internalizado suas funções reguladoras.
Com o passar do tempo, Kohut veio a rejeitar o modelo estrutural de
Ego, Id e Superego, assim como a teoria dos impulsos propostos por
Freud, e sugeriu em lugar destes seu modelo de self tripartido.

Psicanálise Relacional, fundada por Steven Mitchell (1946-2000) nos


Estados Unidos, rejeita, biologicamente, a enraizada teoria dos
impulsos de Freud, sugerindo em seu lugar uma teoria do conflito
relacional. Ela combina interações reais, internalizadas e imaginadas
com outros significativos. A personalidade deriva de e é construída a
partir de estruturas que refletem interações aprendidas e expectativas
com os cuidadores primários. Uma vez que a motivação primária do
indivíduo é estar em relacionamentos com outros, ele tenderá a recriar
e encenar os padrões relacionais através da vida. A Psicanálise, então,
consiste em explorar estes padrões e confrontá-los com o que é
espontaneamente e autenticamente cocriado no setting psicanalítico
entre analista e paciente.

O NÚCLEO DO MÉTODO PSICANALÍTICO E O SETTING


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Método psicanalítico: A Psicanálise é a cura pela fala, baseada no
método da livre associação. Em sua regra fundamental, o paciente é
convidado a dizer qualquer coisa que venha a sua mente, sem
restrições do tipo considerações de contexto, decência, sentimentos
de vergonha, culpa e outras objeções.

Ao aderir a esta regra os processos de pensamento do paciente farão


ligações surpreendentes, revelarão conexões conscientemente
indisponíveis com desejos e defesas, e levarão às raízes inconscientes
de conflitos até então não resolvidos que moldam as situações
transferenciais. Ouvindo as associações, os analistas irão entregar-se a
um processo mental similar chamado atenção livremente
flutuante. Pelo qual seguirão as comunicações do paciente assim
como perceberão – as vezes como se em um sonhar acordado – suas
próprias associações que emergirão na contratransferência.

A integração destas várias espécies de informação é um trabalho


principalmente interno para o analista moldar uma visão das situações
transferenciais e contra transferenciais que, finalmente, se agrupam
em uma gestalt emergente (uma fantasia inconsciente), que pode ser
experimentada por ambos, analista e paciente. Com o auxílio das
intervenções do analista – frequentemente interpretações
transferenciais do que transpira no aqui e agora da sessão – uma nova
compreensão do sofrimento do paciente emergirá.

A aplicação repetida destes novos insights em muitas situações


similares, nas quais o mesmo tipo de conflito surge, é o processo de
elaboração, que torna o paciente cada vez mais capaz de reconhecer
os processos de pensamento que movimentam seus conflitos.
Resolver os conflitos e colocá-los em perspectiva ou em repouso,
liberará a mente do paciente de velhas inibições e abrirá espaço para
novas escolhas.

Setting - O método descrito acima é melhor aplicado no setting


clássico: o paciente está confortavelmente deitado no divã, dizendo o

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que lhe vier à mente, sem ser distraído por ver o analista, que
usualmente está sentado atrás do divã. Isto permite, a ambos parceiros
do trabalho analítico, ouvir e refletir completamente acerca do que
transpira na sessão - o paciente se sentirá imerso em seu mundo
interno, reviverá memórias, revisitará experiências importantes, falará
acerca dos sonhos e criará fantasias. Tudo isto que, fazendo parte da
jornada analítica, lançará novas luzes na vida, história e elaborações da
psiquê do paciente.

A sessão de análise comumente dura de 45 a 50 minutos. Com o


objetivo de continuamente aprofundar o processo analítico, as sessões
de psicanálise preferentemente ocorrem em três, quatro ou cinco dias
por semana. Uma menor frequência de sessões semanais ou o uso da
poltrona em lugar do divã poderão às vezes ser necessários. Todos os
acordos acerca do setting (incluindo os horários, o valor da sessão e a
política de cancelamentos) serão contratados por ambos, paciente e
analista, e terão que ser renegociados se mudanças forem necessárias.

A duração de uma análise é difícil de predizer, uma média de três a


cinco anos pode ser esperada, embora qualquer caso individual possa
necessitar de mais ou de menos tempo para o encerramento. Paciente
e analista são livres, para a qualquer momento, decidir interromper ou
terminar a análise.

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