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CAMILA MENDONÇA DANIEL

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO PARA DESENVOLVER


HABILIDADES MOTORAS

Bauru
2018
CAMILA MENDONÇA DANIEL

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO PARA DESENVOLVER


HABILIDADES MOTORAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade Anhanguera de Bauru, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Pedagogia.

Orientador:

Bauru
2018
CAMILA MENDONÇA DANIEL

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO PARA DESENVOLVER HABILIDADES


MOTORAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade Anhanguera de Bauru, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Cidade, dia de mês de ano (Fonte Arial 12)

Substitua as palavras em vermelho conforme o


local e data de aprovação.
Dedico este trabalho a Deus e aos meus
amados Pais.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, “ Aquele que nunca vemos, mas podemos


sentir ao nosso lado, sempre nos zelando; nossa gratidão pôr ter nos dado o Dom
da vida e a possibilidade de completar mais uma etapa da nossa existência.” Sei
que sem ele nada eu poderia fazer!

Também agradeço muito aos meus pais – “ as palavras nunca serão


suficientes para expressar a nossa gratidão e o respeito que tenho para com vocês
que não somente nos deram a vida, como também orientaram os nossos passos”.
Com certeza seguiremos em frente com muita coragem e dedicação, vocês foram a
peça chave para esse grande presente em nossa vida minha vida.

A minha família, o meu Obrigado, pelos momentos em que me apoiaram,


pelas palavras de incentivo, de consolo. Obrigada pela compreensão nos tantos
momentos em que nos ausentamos.

A todos os nossos amigos de classe, professores pelos conhecimentos


transmitidos, pela dedicação, pela amizade. Obrigada por todo o apoio, as palavras
amigas e a presença ao nosso lado.

E em especial a orientadora que com paciência ajudou a terminar esse


valioso trabalho.
DANIEL, Camila Mendonça. A importância do lúdico para desenvolver
habilidades motoras. 2018. 35. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Pedagogia) – Faculdade Anhanguera de Bauru. Bauru. 2018.

RESUMO

A criança deve ser vista como um ser em constante desenvolvimento, e, portanto


deve ser estimulada em todos os seus aspectos, físico, motor, cognitivo, afetivo,
social, valendo-se da importância do desenvolvimento das habilidades motoras.
Existe então a necessidade que todos esses aspectos sejam valorizados e
respeitados, iniciando pela Educação Infantil. Esse trabalho pedagógico tanto pode,
como deve ser realizado pelos educadores que estejam com as crianças nessa
etapa. Dessa forma é preciso que a Educação Infantil forneça subsídios que
possam favorecer o desenvolvimento global da criança. Para a criança, o brincar,
não é apenas um passatempo; seus jogos estão relacionados com um aprendizado
fundamental: o conhecimento e vivência do mundo que a cerca. Assim esse trabalho
tem por objetivo reconhecer a importância das brincadeiras, ou seja, do lúdico como
facilitadores do desenvolvimento integral da criança, demonstrando que eles são
ferramentas que contribui na formação corporal, afetivo e cognitivo. O estudo foi
desenvolvido a partir de metodologia da pesquisa bibliográfica, pelo estudo de textos
científicos da literatura da área. Essa pesquisa iniciou com levantamento de dados,
através dos sites e livros propostos, buscando na literatura o devido embasamento
para que outras pessoas que tenham o mesmo interesse possam ter material
suficiente para pesquisa. Através da pesquisa realizada entendeu-se que o brincar é
fundamental para a saúde física, emocional e intelectual da criança. O entendimento
e a participação do professor ao estimular as atividades lúdicas poderá obter
grandes êxitos com relação a aprendizagem como também contribuir para que a
desenvolva um conceito positivo de mundo, ajudando no seu crescimento e
contribuindo para um bom desenvolvimento de suas habilidades motoras.

Palavras chave: Educação infantil; Habilidades motoras; a importância do brincar


DANIEL, Camila Mendonça. The importance of the playful to develop motor
skills. 2018. 35. Course Completion Work (Graduation in Pedagogy) - Faculdade
Anhanguera de Bauru. Bauru. 2018.

ABSTRACT

The child must be seen as a being in constant development, and therefore must be
stimulated in all its aspects, physical, motor, cognitive, affective, social, relying on the
importance of the development of motor skills. There is a need for all these aspects
to be valued and respected, beginning with Early Childhood Education. This
pedagogical work can and should be done by the educators who are with the children
at this stage. In this way it is necessary that Child Education provide subsidies that
may favor the overall development of the child. For the child, playing is not just a
hobby; his games are related to a fundamental learning: the knowledge and
experience of the world that surrounds it. Thus, this work aims to recognize the
importance of play, that is, play as facilitators of the child's integral development,
demonstrating that they are tools that contribute to the corporal, affective and
cognitive formation. The study was developed from a methodology of bibliographic
research, by the study of scientific texts of the area literature. This research started
with data collection, through the proposed sites and books, seeking in literature the
due foundation so that other people who have the same interest may have enough
material for research. Through the realized research it was understood that the play
is fundamental for the physical, emotional and intellectual health of the child. The
teacher's understanding and participation in stimulating play activities can achieve
great successes in relation to learning as well as contribute to the development of a
positive concept of the world, helping in its growth and contributing to a good
development of its motor skills.

Keywords: Child education; Motor skills; the importance of playing


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................ 0
.. 8

1 DESENVOLVIMENTO 1
INFANTIL.............................................................................. 0

2 A EDUCAÇÃO 1
INFANTIL.......................................................................................... 8

3 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO PROCESSO DE ENSINO


APRENDIZAGEM
NO DESENVOLVIMENTO DA 2
INFÂNCIA.................................................................... 0

3.1 O brincar e o desenvolvimento das habilidades 2


motoras...................................... 3

CONSIDERAÇÕES 2
FINAIS.......................................................................................... 7

REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 2
..... 8
3
ANEXOS..................................................................................................................... 1
....
8

INTRODUÇÃO

Esse trabalho vem mostrar a importância do trabalho com o lúdico na


educação infantil, pois é nela que a criança irá construir suas bases
sócio/cultural/emocional/educacional. Portanto é possível oferecer todas as
possibilidades para que ela possa ter um desenvolvimento pleno, através de
atividades elaboradas pelo educador, onde se supere as dificuldades encontradas
com a ajuda de profissionais que ajudem na construção integral do individuo.
É possível que os educadores possam compreender de forma significativa o
reconhecimento da importância do lúdico, em suas aulas, podendo assim
desenvolver habilidades motoras?
Esse tema se justifica, pois para a criança, o brincar, não é apenas um
passatempo; seus jogos estão relacionados com um aprendizado fundamental: o
conhecimento e vivência do mundo que a cerca (OLIVEIRA, 2017).
O desenvolvimento desse trabalho, tem por objetivo reconhecer a importância
das brincadeiras, ou seja, do lúdico como facilitadores do desenvolvimento integral
da criança, demonstrando que eles são ferramentas que contribui na formação
corporal, afetivo e cognitivo.
O estudo foi desenvolvido a partir de metodologia da pesquisa bibliográfica,
pelo estudo de textos científicos da literatura da área.
Essa pesquisa iniciou com levantamento de dados, através dos sites e livros
propostos, buscando na literatura o devido embasamento para que outras pessoas
que tenham o mesmo interesse possam ter material suficiente para pesquisa.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998),
aponta a necessidade do brincar e jogar, pois são fundamentais para o
desenvolvimento da identidade e autonomia, como também consciência do próprio
corpo. Para Wajskop (2012) é preciso brincar de forma significativa nas escolas
infantis, e, assim, aceitar a brincadeira das crianças como um elemento importante
no currículo e em suas ações pedagógicas. Kishimoto (2011), mostra a importância
do brincar para a criança da educação infantil.
Portanto no primeiro capítulo sera abordado o desenvolvimento infantil, onde
sera demonstrado como a criança se desenvolve desde o seu nascimento e os
aspectos relevantes para que isso ocorra satisfatoriamente.
9

Já no segundo capítulo sera analisado como é vista hoje a Educação infantil,


suas características e sua importancia na vida da criança. No terceiro capítulo sera
mostrado que a importancia do ludico para o desenvolvimento das crianças na
educação infantil, finalizando com as considerações finais e referências.
10

1. O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Os primeiros anos de vida de uma criança são marcados por grandes


transformações e descobertas. Dessa forma evidencia-se que a Educação Infantil é
a etapa inicial da educação básica, sendo de extrema importância para o
desenvolvimento das habilidades que possibilitarão a compreensão e interiorização
do mundo humano pela criança, neste sentido é essencial trabalhar atividades
operacionais, pois é a partir da interação com o meio, determinado por um ato
intencional e dirigido do professor que a criança aprende (DUARTE, BATISTA,
2018).
Para que a criança realmente se desenvolva, é preciso que ela brinque, tenha
prazer e alegria para crescer; precisa do jogo como forma de equilíbrio entre ela e o
mundo. É através da interação criança/mundo. Contudo através do lúdico que a
criança passa a se desenvolver (BRASIL, 1988).

O desenvolvimento integral da infância é fundamental ao desenvolvimento


humano e à construção do capital social, elementos considerados principais
e necessários para romper o ciclo de pobreza e reduzir as brechas da
ineqüidade, igualando as oportunidades não só sócio-econômicas mas
também de gênero, do ser humano (FILGUEIRAS et.al. 2005, p. 11).

Para cada idade, para cada fase de desenvolvimento, existem certos padrões
de comportamento para cada fase de desenvolvimento, existem certos padrões de
comportamento apropriados, que devem ser respeitados (PILETTI, 1993, p.180).

Conceituar o que vem a ser desenvolvimento infantil não é tão simples,


variando com o referencial teórico que se queira adotar e os aspectos que
se queira abordar. [...] “desenvolvimento é o aumento da capacidade do
indivíduo na realização de funções cada vez mais complexas”; já o
neuropediatra certamente pensará na maturação do sistema nervoso
central; da mesma forma, o psicólogo, dependendo da formação e
experiência, estará pensando nos aspectos cognitivos, na inteligência,
adaptação, interrelação com o meio ambiente (MARCONDES, 1991 apud
FILGUEIRAS et.al. 2005, p. 12).

Outro ponto importante para se caracterizar o desenvolvimento, é necessário


compreender que de acordo com Mussen et.al. (1995) apud Figueiras et.el. (2005),
esse desenvolvimento, pode ser definido por mudanças nas estruturas físicas e
neurológicas, cognitivas e comportamentais, que surgem de maneira ordenada e
são relativamente duradouras.
11

[...] desenvolvimento infantil é um processo que vai desde a concepção,


envolvendo vários aspectos, indo desde o crescimento físico, passando pela
maturação neurológica, comportamental, cognitiva, social e afetiva da
criança. Tem como produto tornar a criança competente para responder as
suas necessidades e as do seu meio, considerando seu contexto de vida
(FILGUEIRAS et. al. 2005, p. 11).

Portanto é necessário que a criança desde seu nascimento encontre um


ambiente facilitador para o seu desenvolvimento pleno. Assim sendo o ambiente
pode caracterizar-se desde a família até a escola sendo sua extensão a comunidade
em que vive.
Para que a criança atinja todo seu potencial de desenvolvimento é
necessário estar atento à sua evolução normal e aos fatores que possam
intervir nesta evolução. Portanto, é necessário seu acompanhamento não só
pelos familiares, mas também por profissionais que possam ajudar na
identificação das alterações, encaminhando-as o mais precocemente
possível para tratamento (FILGUEIRAS et. al. 2005, p. 14).

Além de todos os fatores que contribuem para um bom desenvolvimento, ou


seja, o ambiente, os estímulos, entre outros, há também a grande necessidade de
que essa criança seja amada e desejada pela sua família (princípio de tudo), que na
medida do possível esta tente compreender seus sentimentos e saiba satisfazer
suas necessidades ( FILGUEIRAS et. al. 2005).

Isso significa que a criança precisa ter ao seu redor condições que a
estimulem a se desenvolver em toda a sua potencialidade. Essas condições
podem ser humanas, ou seja, pessoas que promovam de forma positiva
essa interação; e físicas, como moradia, parques, creches e escolas, que
lhe permitam viver experiências diferentes e somatórias que lhes dê
proteção, estímulo e a sensação de conquistas e realizações. Nem sempre
é possível construir ambientes com todas essas características, o que
também não significa que nada é possível ser feito. O primeiro passo é,
portanto, acreditar que as mudanças são possíveis ( FILGUEIRAS et. al.
2005, p. 14).

Portanto sabe-se que a criança é um ser ativo, e precisa desfrutar de diversas


oportunidades como de manusear, explorar, observar, identificar, enumerar,
comparar, classificar e analisar objetos e situações do mundo que a cerca para que
assim possa ir construindo seu desenvolvimento gradativamente (NICOLAU, 1985).
Para isso também é necessário compreender as fases do desenvolvimento
pela qual a criança passa.
12

Dessa forma é preciso conhecer suas fases distintas, como afirma Piaget
(1983):
As fases do desenvolvimento infantil, de 0 a 7 anos, são as seguintes:
1 – De 0 a 2 anos – período sensório motor, em que os sistemas de
esquemas mentais prefiguram futuras operações, porém, sem nenhuma
reversibilidade operatória.
2 – De 2 a 4 anos – Período preconceitual, em que a criança a criança
começa a encarar os estímulos como representativos de outros objetos. É o
início do desenvolvimento da função simbólica que é a base para a
aquisição da linguagem, fator preponderante para o aprendizado da leitura.
3 – De 4 a 7 anos – Período do pensamento intuitivo no qual a criança
deduz por percepção clara, sem necessidade do raciocínio. Ela consegue
elaborar pensamentos mais complexos (CALDAS, 1983, p04)

Piaget preocupou-se mais com o estudo do desenvolvimento mental ou


cognitivo, isto é com o desenvolvimento da forma como os indivíduos conhecem o
mundo exterior e com ele se relacionam (PILETTI, 1993, p.210).

São cada vez mais intensas as aspirações populares por um padrão de


vida melhor no mundo todo: os países subdesenvolvidos ou em vias de
desenvolvimento não vem atendendo a urgentes necessidades populares :
as mudanças educacionais não ocorrem com a frequência e a rapidez
necessária e esperadas; os efeitos dos meios de comunicação de massa
não tem sido absorvidos criticamente pela educação; cresce o número de
indivíduos que não tem oportunidade de desenvolver o seu potencial
intelectual, afetivo-social e psicomotor (NICOLAU, 1985, p.18).

Assim, é preciso entender como a criança se desenvolve e tudo o que


realmente precisa para que isso ocorra de forma satisfatória e plena, tanto para a
criança como também para quem cuida dela.
O primeiro ponto que deve ser levado em consideração, onde a criança faz
seu primeiro contato com o mundo que a cerca é através de seu desenvolvimento
motor
Entende-se por desenvolvimento motor, que ele seja o resultado da
maturação de certos tecidos nervosos, aumento em tamanho e complexidade do
sistema nervoso central, crescimento dos ossos e músculos, portanto, são
comportamentos não aprendidos que surgem espontaneamente, desde que a
criança tenha condições adequadas para exercitar-se. Ele pode considerado um
desenvolvimento progressivo das habilidades de movimento, ou seja, a abertura
para o desenvolvimento motor é dada através do comportamento de movimento
observável do sujeito (GALLAHUE, 2001).

Existem muitas diferenças no tamanho, no peso e no ritmo de crescimento


dos bebês. Ao nascer, a maioria dos bebês pesa entre três e três quilos e
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meio e mede cerca de cinquenta centímetros de altura. Os bebês do sexo


masculino são um pouco maiores e mais pesados que os femininos> no fim
do primeiro ano, o bebê pode estar com cerca de setenta centímetros de
altura e nove quilos de peso. Os primeiros dois anos de vida e o início da
adolescência são os dois períodos em que o crescimento físico é mais
acelerado (PILETTI, 1993, p.214).

Assim sendo, esse desenvolvimento se caracteriza por um processo


sequencial, contínuo e relacionado à idade cronológica, pelo qual o ser humano
adquire uma enorme quantidade de habilidades motoras, sendo que as mudanças
mais acentuadas ocorrerem nos primeiros anos de vida. Este fato faz com que as
experiências que a criança tem durante a infância possam determinar em grande
escala que tipo de adulto, ela irá se tornar (TANNI, 1998).

O comportamento de uma pessoa é considerado maduro na medida em que


for igual ao comportamento de grande parte das pessoas que tem a mesma
idade. Em outras palavras, um comportamento é maduro na medida em que
for adequado à idade do indivíduo (PILETTI, 1993, p. 181).

Considera-se então a maturidade em termos psicológicos, o nível de


desenvolvimento em que a pessoa se encontra, em comparação com as outras
pessoas da mesma idade.

Maturidade significa o nível de desenvolvimento em que a pessoa se


encontra, em comparação com a maioria das pessoas de sua idade. Os
vários tipos de maturidade estão interligados: um não se desenvolve sem
que os outros também se desenvolvam (PILETTI, 1993, p. 186).

Dessa forma para que a criança inicie seu desenvolvimento é preciso que seu
corpo ou seu organismo passe pelas fases maturacionais sem enfrentar problemas
concretos, respeitando assim os níveis da maturidade:

a) Maturidade intelectual – refere-se à maneira como a pessoa vai


conhecendo a si mesma e ao mundo que a cerca;
b) Maturidade social – compreende a evolução da sociabilidade, no
sentido da superação do egocentrismo infantil;
c) Maturidade emocional – diz respeito à expressão e ao controle das
emoções nas diversas idades;
d) Maturidade física – engloba o desenvolvimento das características
físicas: estatura, peso, etc (PILETTI, 1993, p. 186).

Além de todas essas maturidades importantes, tem-se a maturidade motora,


pois os interesses da criança, até os três anos de idade, estão sobretudo
14

concentrados no mundo exterior e, em especial sobre o aspecto prático do


movimento
Como educação do movimento compreende-se a realização de atividades
motoras que visam o desenvolvimento das habilidades (correr, saltar,
saltitar, arremessar, empurrar, puxar, balançar, subir, descer, andar), da
capacidade física (agilidade, destreza, velocidade, velocidade de reação) e
das qualidades físicas (força, resistência muscular localizada, resistência
aeróbica e resistência anaeróbica). Portanto a educação do movimento
prioriza o aspecto motor na formação do educando. No ambiente
educacional esse trabalho pode ser distribuído ao longo de todo período
escolar, a ênfase, entretanto, ocorre nas séries finais do ensino fundamental
quando as características psicológicas e fisiológicas dos alunos
correspondem às especialidades desta proposta (MATTOS, 1999 apud
BALBÉ, 2009, p. 03).

Toda criança age sempre como se estivesse descobrindo, inventando,


resistindo, perguntando, retrucando, refazendo,socializando-se. Neste momento é
importante que a criança tenha um bom acompanhamento no seu desenvolvimento
físico, cognitivo e psicossocial através de suas habilidades motoras (PILETTI, 1993).

As habilidades motoras e cognitivas são a base da competência motora, a


qual pode ser explicada como “a capacidade do indivíduo de resolver
problemas, enfrentar situações, organizar, planejar, transformar o meio,
sentir-se competente, ter conhecimento dos processos e atitudes
adaptando-os a situação presente“ (CHODUR et.al. 2008, p.01).

Dessa forma, e as crianças da primeira infância, que compreendem as idades


entre, 2 a 6 anos, apresentam as habilidades percepto-motoras em pleno
desenvolvimento, mas ainda confundem direção, esquema corporal, temporal e
espacial, pois a variabilidade das habilidades fundamentais está se desenvolvendo,
de forma que movimentos bilaterais, como pular, não apresentam tanta consistência
as atividades unilaterais (GALLAHUE; OZMUN, 2003 apud ANDRADE et al. 2004),
Ainda diante disso, controle motor refinado também ainda não está totalmente
estabelecido, embora esteja desenvolvendo-se rapidamente. Os olhos ainda não
estão aptos a períodos extensos de trabalhos minuciosos. Para Piaget, nesta idade
as crianças deveriam estar no período pré-operacional, ou seja, percepção aguçada,
comportamento auto-satisfatório e social rudimentar (GALLAHUE; OZMUN, 2003
apud ANDRADE; LUFT; ROLIM, 2004).

A coordenação motora de um simples movimento de agarrar um objeto,


levantá-lo e colocá-lo de volta a mesa podem representar um árduo trabalho
do sistema nervoso central (SNC). É necessário a participação de diferentes
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centros nervosos motores e sensoriais para a organização de programas


motores e para intervenção de diversas sensações oriundas dos receptores
sensoriais, articulares e cutâneos do membro requerido. As atividades
necessárias para a execução do movimento incluem "ler" as propriedades
físicas do objeto, buscar antigas referências sobre ele, mandar impulsos
para os músculos aplicarem uma força determinada, contrair os músculos,
parar de contrair vagarosamente, soltar o objeto no momento certo para ele
não cair nem bater com muita força na mesa. Na criança, o êxito das
atividades coordenativas em cada uma de suas etapas varia conforme o
nível de aprendizado e a evolução do seu desenvolvimento motor
(ANDRADE; LUFT, ROLIM apud ROSA NETO, 2004, p.03).

De acordo com Michaelis (1988, p.701), a motricidade se caracteriza pela


qualidade da força motriz, ou propriedades que certas células nervosas possuem de
determinar a contração muscular.

O movimento humano é construído em função de um objetivo. A partir de


uma intenção como expressividade íntima, o movimento transforma-se em
comportamento significante. O movimento humano é a parte mais ampla e
significativa do comportamento do ser humano (MOLINARI; SENS, 2003,
p.87).

Desta forma, reconhece-se que o sujeito se constrói na interação com o meio


e o movimento é uma das formas que temos para interagir com este meio. Pela
exploração a criança vai construindo conhecimentos sobre as propriedades físicas
dos objetos e inicia a compreensão de quais relações pode estabelecer com eles.
Aprende sobre seus limites; quando puxar, empurrar, chegar perto, se afastar etc.
Assim, pode-se perceber que é através de ações motoras a criança também
interage com a cultura, seja para dominar o uso dos diferentes objetos
(instrumentos) que a espécie humana desenvolveu, seja para usufruir atividades
lúdicas e de lazer, como jogos e brincadeiras, esportes, ginásticas, danças e artes
marciais. Pelo movimento a criança conhece mais sobre si mesma e sobre o outro,
aprendendo a se relacionar. O movimento é parte integrante da construção da
autonomia e identidade, uma vez que contribui para o domínio das habilidades
motoras onde a criança se desenvolve (FILGUEIRAS, 2002).

Motricidade: Processo adaptativo, evolutivo e criativo de um ser práxico,


carente dos outros, do mundo e da transcendência. Intencionalidade
operante, segundo Maurice Merleau-Ponty. O físico, o biológico e o
antropossociológico estão nela, como a dialética numa totalidade. Como ser
carente, o homem é um ser práxico e onde, por isso, a motricidade se
afirmar na intencionalidade electiva. Mas a motricidade humana e,
consequentemente, cultura, acima do mais – cultura não ancilosada em
erudição inerte, mas cultivada porque praticada. A motricidade não se
16

confunde com a motilidade. Esta não excresce a faculdade de execução de


movimentos que resultam da contração de músculos lisos ou estriados. A
motricidade está antes da motilidade, porque tem a ver com os aspectos
psicológico, organizativo, subjetivo do movimento. A motricidade é o virtual
e a motilidade, o atual, de todo o movimento. Afinal, a motilidade é
expressão da motricidade. ” (CUNHA, 1994, apud LUSSAC, 2008, p. 04).

É através dos movimentos que a criança consegue se conhecer mais e


também ao outro, aprendendo a se relacionar; é a importância do movimento que a
ajuda, pois o ele é parte integrante da construção da autonomia e identidade,
contribuindo para o domínio das habilidades motoras (FILGUEIRAS, 2002).
Percebe-se então que é a partir do desenvolvimento motor, do controle do
próprio corpo e da utilização dos movimentos que se pode observar a criança e
assim detectar suas condições para a motricidade que sofrem variações, permitindo
adequar-se a um tempo e um espaço e assim situando esse sujeito diante do mundo
(MARTINEZ et al. 2003).
Portanto, o desenvolvimento motor desde o nascimento sofre muitas
influencias, do meio social, além da família que significa o primeiro contato que a
criança tem, a escola é quem mais vai exigir modificações e adaptações das
estruturas afetivas, cognitivas, motoras e sociais.
Pode-se compreender então que depois da família o primeiro contato com o
meio em que vive para dar continuidade ao seu desenvolvimento é a escola.

Desde a sua concepção, o indivíduo adquire, ou aprende diversas funções


motoras, as quais farão com que o organismo alcance sua maturidade. Por
meio do seu próprio movimento, a criança desenvolve seus processos
motores. Os movimentos surgem muitas vezes porque a criança tende a
imitar os adultos que a rodeiam ou inspiram-se em outras crianças para
executar suas provas práticas (DIEM, 1980 apud BALBÉ et.al.2009, p. 01).

Por sua vez a primeira etapa pela qual a criança fará essa experiência em
desenvolver sua maturação é através da introdução da criança na Educação Infantil.

A Educação Infantil é o primeiro e decisivo passo para se atingir a


continuidade no ensino com a produção e eficiência desejáveis, tendo como
objetivo principal o desenvolvimento da atividade global que é caracterizado
pelo prolongamento de experiências de movimentos básicos, facilitando a
escolaridade da criança e incorporando-se diretamente em outras fases do
desenvolvimento ao longo da vida (NANNI, 1998 apud BALBÉ et.al. 2009, p.
01).

Para que a criança realmente se desenvolva, é preciso que ela brinque, tenha
prazer e alegria para crescer; precisa do jogo como forma de equilíbrio entre ela e o
17

mundo. É através da interação criança/mundo. Contudo através do lúdico que a


criança passa a se desenvolver (BRASIL, 1988).
Portanto, a Educação Infantil, deve ser considerada como a primeira etapa da
Educação Básica, tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança, em
seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social, onde o desenvolvimento
infantil pleno e a aquisição de conhecimento acontecem, simultaneamente, em
busca da construção da autonomia, identidade e da atuação crítica na sociedade
(BRASIL, 1988).
18

2 A EDUCAÇÃO INFANTIL

Antes a função da Educação Infantil, em todos os lugares do mundo era de


apenas um atendimento meramente assistencialista de caráter economicista, em
virtude das transformações econômicas que traziam consigo o capitalismo, que
visava mão de obra barata e de preferência feminina , pois era a classe que mais
aceitava a essas condições, a um custo favorável a exploração, favorecendo assim
a criação de pré escolas e creches (as pioneiras), destinadas às crianças filhas de
operárias (MENDES, 1999).
Foi a partir da criação da pré-escola e creches a demanda de crianças a
procura dessa modalidade começa a crescer, mesmo não havendo programas que
qualificassem o profissional que atendiam essa camada carente, era preciso
melhorar a qualificação desse professor que se destinava a essa modalidade de
ensino (MENDES, 1999).
Existe uma preocupação com relação ao trabalho com a educação infantil que
esta explícita hoje com o apoio da 1LDB, com características, regras e demais
suplementação pedagógica própria. Ela representou um grande avanço para
melhorar a realidade infantil, colaborando para validar seus direitos como aluno-
cidadão participante da sociedade em que vive.
Portanto, é de grande valia hoje o professor que se engaja a trabalhar com a
Educação Infantil, conhecer a criança no seu todo, ou seja, em suas especificidades
afetivas, emocionais, sociais e cognitivas delas desde a idade de zero a seis anos,
proporcionando assim uma qualidade das experiências oferecidas que possam
contribuir para o exercício da cidadania devem estar embasadas nos seguintes
princípios, que o referencial se coloca ajudando o educador a ter noção de como
trabalhar com os pequenos (SILVA, 2007)
O próprio referencial curricular da educação infantil, destaca o movimento
como um aspecto importante, pois ele contempla a multiplicidade de funções e
manifestações ao ato motor, propiciando um amplo desenvolvimento de aspectos
específicos da motricidade das crianças, abrangendo uma reflexão acerca das
posturas corporais implicadas nas atividades cotidianas, bem como também nas

1
Lei de Diretrizes e Bases da Educação brasileira, ela representa a garantia de uma educação que
agora não se intitula mais como pré escolar e sim como “Educação Infantil”
19

atividades voltadas para a ampliação da cultura corporal de cada criança (BRASIL,


1998).
O brincar é o fazer em si, um fazer que requer tempo e espaço próprios; um
fazer que se constitui de experiências culturais, que é universal e próprio da
saúde, porque facilita o crescimento, conduz aos relacionamentos grupais,
podendo ser uma forma de comunicação consigo mesmo (a criança) e com
os outros (WINNICOTT, 1975, p. 63).

A Educação Infantil é um ótimo espaço para colaborar com o


desenvolvimento das crianças, porém como afirma Kishimoto “as propostas de
educação infantil dividem-se entre as que reproduzem a escola elementar com
ênfase na alfabetização e números (escolarização) e as que introduzem a
brincadeira valorizando a socialização e a re-criação de experiências” (KISHIMOTO,
2016, p. 01).
Dessa forma se faz necessário compreender que o lúdico será uma forma
prazerosa que a criança encontrara para se desenvolver e criar novas expectativas
do mundo que a cerca.
20

3 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM


NO DESENVOLVIMENTO DA INFÂNCIA.

A criança já foi considerada um ser sem as suas características próprias:


adulto em miniatura, ou ainda um adulto incompleto.
À medida em que foi havendo uma compreensão dinâmica do papel da
infância, foi se constatando que há, nessa fase da vida, motivos, interesses e
necessidades que lhe são próprios.
Nos tempos atuais, as propostas de educação infantil dividem-se entre as que
reproduzem a escola elementar com ênfase na alfabetização e números
(escolarização) e as que introduzem a brincadeira valorizando a socialização e a re-
criação de experiências (KISHIMOTO, 2005).
Cada vez mais, as explicações sobre o desenvolvimento infantil se dão sob
uma perspectiva interacionista, isto é, não é só a hereditariedade que influencia a
criança, tampouco o ambiente. Há uma auto-regulação biológica por parte do
individuo que se vai modificando, à media que amadurecem a suas capacidades de
ração, que por sua vez, expressam seu ajustamento ao ambiente.

A introdução da brincadeira no contexto infantil inicia-se, timidamente, com


a criação dos jardins de infância, fruto da expansão da proposta froebeliana
que influencia a educação infantil de todos os países. A difusão não é
uniforme, pois depende de valores selecionados, apropriações de
elementos da teoria e forma como seus discípulos a traduzem. A
apropriação resume o modo pelo qual cada realidade interpreta um dado
teórico que reflete a orientação cultural de cada país (KISHIMOTO, 2005).

A brincadeira infantil também é um importante mecanismo para o


desenvolvimento da aprendizagem da criança. Uma das muitas formas de
transformação e libertação do ser humano, apesar de em pequena contribuição, é a
educação lúdica.

A educação lúdica está distante da concepção ingênua de passatempo,


brincadeira vulgar, diversão superficial. Ela é uma ação inerente na criança,
no adolescente, no jovem e no adulto e aparece sempre como uma forma
transacional em direção a algum conhecimento, que se redefine na
elaboração constante do pensamento individual em permutações com o
pensamento coletivo (ALMEIDA, 2000, p. 13).
21

É preciso saber que o brincar da criança é uma forma infantil da capacidade


humana de experimentar, criar situações, modelos e como dominar a realidade,
experimentando e prevendo os acontecimentos.
Quando brinca, a criança toma certa distância da vida cotidiana, e entra no
mundo imaginário.
Dessa forma pode se perceber que tanto o brincar como a participação nos
jogos será fundamental, pois desenvolvem de forma integrada nos aspectos
cognitivos, afetivos, físicos-motores, morais, lingüísticos e sociais. Este processo de
desenvolvimento se dá a partir da construção que a criança faz na sua interação
com o meio físico e social ( COSTA, 2013).

O brincar é a principal atividade da criança na vida; através do brincar ela


aprende as habilidades para sobreviver e descobre algum padrão no mundo
confuso em que nasceu. [...] “o brincar é o principal meio de aprendizagem
da criança”, onde esta gradualmente desenvolve conceitos de
relacionamentos causais, o poder de discriminar, de fazer julgamentos, de
analisar e sintetizar, de imaginar e formular. Então, o brincar é de
fundamental importância do desenvolvimento da criança, que através do
lúdico, cria mecanismos de aprendizagem que proporcionarão o seu
desenvolvimento integral. [...] auxiliar na aprendizagem escolar, contribuindo
para um fenômeno cultural que consiste de ações psicomotoras exercidas
sobre o ser humano de maneira a favorecer comportamentos e
transformações (OLIVEIRA apud COSTA, 2013, p. 04).

Portanto, é de grande valia hoje o professor que se engaja a trabalhar com a


Educação Infantil, conhecer a criança no seu todo, ou seja, em suas especificidades
afetivas, emocionais, sociais e cognitivas desde a idade de zero a cinco anos,
proporcionando assim uma qualidade das experiências oferecidas, contribuindo
assim para que possam ter o direito de exercer sua cidadania.

A existência de regras em todos os jogos é uma característica


marcante. Há regras explícitas como no xadrez ou amarelinha, regras
implícitas como na brincadeira de faz -de-conta, em que a menina se
faz passar pela mãe que cuida da filha. São regras internas, ocultas,
que ordenam e conduzem a brincadeira.” (KISHIMOTO, 2005, p. 24).

Dessa maneira, Froebel apud Portal Educação (2011, p.31), afirma que o
“brincar é a fase mais importante da infância – do desenvolvimento humano neste
período - por ser a auto-ativa representação do interno – a representação de
necessidades e impulsos internos”.
22

Reconhece-se então que é importante utilizar tanto os jogos como as brincadeiras


em prol do desenvolvimento infantil, como também facilitadores da aprendizagem
significativa.
Pode-se perceber então que tanto o brincar como a participação nos jogos
será fundamental, pois desenvolvem de forma integrada nos aspectos cognitivos,
afetivos, físicos-motores, morais, linguísticos e sociais. Este processo de
desenvolvimento se dá a partir da construção que a criança faz na sua interação
com o meio físico e social ( COSTA, 2009).

O brincar é a principal atividade da criança na vida; através do brincar ela


aprende as habilidades para sobreviver e descobre algum padrão no mundo
confuso em que nasceu. [...] “o brincar é o principal meio de aprendizagem
da criança”, onde esta gradualmente desenvolve conceitos de
relacionamentos causais, o poder de discriminar, de fazer julgamentos, de
analisar e sintetizar, de imaginar e formular. Então, o brincar é de
fundamental importância do desenvolvimento da criança, que através do
lúdico, cria mecanismos de aprendizagem que proporcionarão o seu
desenvolvimento integral. [...] auxiliar na aprendizagem escolar, contribuindo
para um fenômeno cultural que consiste de ações psicomotoras exercidas
sobre o ser humano de maneira a favorecer comportamentos e
transformações OLIVEIRA apud COSTA, 2009, p. 04).

Dessa forma é importante compreender que as brincadeiras não tem somente


função de distração e divertimento e sim um sentido mais profundo, eles são
fundamentais para o desenvolvimento cognitivo, motor e psicológico da criança em
sua integralidade.
De acordo com Huizinga (1996), brincar, jogar, agir ludicamente, exige uma
entrega total do ser humano, corpo e mente, ao mesmo tempo. A atividade lúdica
não admite divisão; e, as próprias atividades lúdicas, por si mesmas, nos conduzem
para esse estado de consciência. Se estivermos num salão de dança e estivermos
verdadeiramente dançando, não haverá lugar para outra coisa a não ser para o
prazer e a alegria do movimento ritmado, harmônico e gracioso do corpo.
A brincadeira é um espaço de socialização, de construção que desenvolve
todos esses sentidos da criança. O ato de brincar não é apenas para o
desenvolvimento escolar da criança pedagogicamente, mas sim para que possa
adquirir experiência de elaboração das vivencias da realidade na construção do ser.
A brincadeira implica para a criança muito mais do que um simples ato de brincar,
pois através da brincadeira ela está se comunicando com o mundo e também está
se expressando (BAHIA, 2009).
23

3.1 O brincar e o desenvolvimento das habilidades motoras

É importante reconhecer que a brincadeira deve acompanhar todo o período


da infância da criança, e isso não pode deixar de ser explorado com a entrada na
educação infantil, pois o lúdico como uma das maneiras mais eficazes para envolver
os alunos nas atividades da Educação Infantil, pois o brincar está intimamente ligado
à criança e seu desenvolvimento motor.

O lúdico tem sua origem na palavra “ludus” que quer dizer “jogo”. Se
achasse confinado em sua origem, o termo lúdico estaria se referindo ao
jogar, ao brincar, ao movimento espontâneo. É muito importante aprender
com alegria. Enquanto se divertem, as crianças se conhecem, aprendem e
descobrem o mundo (BARELA apud VENTURINI et.al 2010, p. 01).

De acordo com Venturini et.al. (2010), é importante trabalhar o lúdico em


todas as atividades na educação infantil, pois é uma maneira de aprender/ensinar,
despertar o prazer e, dessa forma a aprendizagem se realiza. No entanto, o
verdadeiro sentido da educação lúdica só estará garantido se o professor estiver
preparado para realizá-lo, tendo conhecimento sobre os fundamentos da mesma
(LIBANEO apud VENTURINI et.al. 2010).
Dessa forma compreende-se então que o brincar da criança é então a
imaginação e ação sempre imitando o adulto ou outra criança. Isso traz para o
desenvolvimento da criança, vantagens sociais, cognitivas e afetivas, ajudando-as no
seu desenvolvimento em relação à sociedade (VENTURINI et.al. 2010).
Assim,  a criança ao ser estimulada de forma ampla, por meio da exploração
do meio ambiente tem mais chances de praticar as habilidades motoras e,
consequentemente de dominá-las com facilidade.
Até algum tempo atrás as experiências motoras vivenciadas
espontaneamente pela criança e suas atividades diárias eram suficientes
para que adquirissem as habilidades motoras e se formasse uma base para
o aprendizado de habilidades mais complexas. Durante as últimas décadas,
alterações ocorridas na estrutura social e econômica da sociedade, dados os
processos de modernização, urbanização e inovações tecnológicas, têm
proporcionado mudanças nos hábitos cotidianos da vida do homem
moderno. Nessas condições, crianças em idade de Educação Infantil são
geralmente relegadas a brinquedos, na maioria das vezes eletrônicos, ou a
atividades desenvolvidas em pequenos espaços, que limitam aventura lúdica
e experimentação ampla de movimentos (NETO apud VENTURINI et.al.
2010, p. 01).
24

Sendo assim fica claro que o brincar para a criança não é uma questão apenas de
pura diversão, mas também de educação, socialização, construção e pleno
desenvolvimento de suas potencialidades.
Na verdade deve-se entender que o desenvolvimento motor está relacionado
com experiências individuais de cada criança e o tipo de estímulo vivenciado poderá
proporcionar melhor desempenho das habilidades motoras que são divididas em
estágios inicial, elementar e maduro representado pelos movimentos fundamentais
de engatinhar, caminhar, correr, pular arremessar, recepção e chute esses pelos
quais são desenvolvidos pelas crianças com o decorrer dos anos (FREITAS, apud
VENTURINI et.al. 2010).
O que ocorre na educação infantil, se dá através do uso da demonstração ou
de um modelo que com certeza colabora e facilita a aprendizagem de uma
habilidade motora, também conhecida como “Aprendizagem Social”.

Quatro subprocessos governam a aprendizagem pela observação de um


modelo. O primeiro processo é a atenção que determina o que é observado
e qual informação é extraída da ação do modelo. O segundo diz respeito à
retenção, que envolve transformar e reestruturar o que é observado em
códigos simbólicos que são armazenados na memória como modelos
internos da ação. O terceiro é o de reprodução do comportamento, que
envolve a passagem da representação na memória da ação modelada para
a ação física. Finalmente, o quarto é o da motivação e envolve o incentivo
ou motivo para a “performance” da ação modelada (OLIVEIRA, apud
VENTURINI et.al. 2010, p. 02).

De acordo com Oliveira apud Venturini et.al. (2010), pode-se avaliar que é
muito importante as experiências motoras para o indivíduo em processo de
desenvolvimento, principalmente no período da aquisição e combinação das
habilidades motoras básicas, que é o que ocorre com as crianças na educação
infantil .
As habilidades motoras são essenciais para a realização das atividades da
vida diária. A vivência destas são importantes e devem ser abordadas
principalmente dos dois aos seis anos, pois nesta fase as crianças estão
mais propícias ao desenvolvimento e refinamento das habilidades motoras
fundamentais. Dentre estas habilidades destacaremos o equilíbrio, pois o
mesmo exerce grande importância em inúmeros movimentos, inclusive no
andar. Equilíbrio é a habilidade que um indivíduo tem de controlar a
estabilidade do corpo, sendo definida como a resistência apresentada à
aceleração, seja ela angular ou linear, ou ainda, a resistência apresentada
quando o equilíbrio é quebrado (VENTURINI et.al. 2010, p. 02).

O que ocorre nos tempos atuais é que as crianças estão com pouco tempo
para brincar e consequentemente com poucas oportunidades para descobrir, criar e
25

recriar experiências e saberes sobre si mesmo e o mundo, e isso ocorre também na


escola, onde os professores estão preocupados em dar conta do conteúdo
programático e acabam se esquecendo que através do lúdico é possível ir além
(VENTURINI, et.al. 2010).
Dessa forma analisa-se que a diversidade dos espaços, das possibilidades de
atividades motoras, bem como da frequência destas oferecidas as crianças tanto na
escola como nos períodos que se encontram fora dela, não estão atendendo
adequadamente as necessidades do brincar, do ter o tempo livre, do explorar,
fundamental para o seu desenvolvimento (VENTURINI, et.al. 2010).
Portanto, compreende-se que se a criança na educação infantil receber
estimulação adequada em seu período infantil de desenvolvimento das habilidades
motoras, envolvendo a ludicidade, isso trará efeitos positivos para a sua vida social,
emocional e intelectual.
[...] a ludicidade é de fundamental importância para o desenvolvimento das
habilidades motoras em crianças, pois através dos jogos e brincadeiras a
criança se sente estimulada. Assim também a experiência da aprendizagem
tende a se constituir um processo vivenciado prazerosamente. A escola ao
valorizar as atividades lúdicas, ajuda a criança a formar um bom conceito
positivo de mundo, ajudando no seu crescimento e contribuindo para um
bom desenvolvimento de suas habilidades motoras (VENTURINI et.al. 2010,
p. 04).

O professor deve reconhecer a importância do lúdico, do brincar, pois eles


são atividades fundamentais da identidade e da autonomia, pois nas brincadeiras as
crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a
atenção, a imitação, a memória e a imaginação, podendo amadurecer também
algumas capacidades de socialização (COSTA; HENICKA, 2012).
Existem vários estudos que mostram que o brincar é a ação que possibilita à
criança aprender e socializar-se realizando ações lúdicas. “O brincar é uma forma de
a criança desenvolver sua inteligência, por isso deve fazer parte do seu dia a dia. Na
brincadeira a criança assume e exercita os vários papéis com os quais interage no
cotidiano” (COSTA; HENICKA, 2012, p. 02).

Então, pode-se concluir que a brincadeira faz parte da própria natureza e


que a criança é levada a construir o seu próprio percurso e definir a sua
própria identidade. Ela possibilita que a criança aprenda de forma divertida e
abrangente por meio do lúdico, construindo assim seus conhecimentos e
adquirindo autonomia. É no ato de brincar que ela desenvolve sua
identidade, atenção e memória, compreende o outro, enfim, é brincando que
26

se descobre como pessoa socialmente incluída e capaz de conviver com o


diferente (COSTA, HENICKA, 2012, p. 02).

Outro ponto relevante e que deve ser levado em consideração com relação ao
trabalho pedagógico e o lúdico pode ser encontrado no próprio Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil, onde demonstra a preocupação e a
importância do brincar afirmando que se pode observar a coordenação das
experiências previa das crianças e aquilo que os objetos manipulados sugerem ou
provocam no momento presente. Assim, pela repetição que já conhecem, utilizando
a ativação da memória, atualizam seus conhecimentos prévios, ampliando-os e
transformando-os por meio da criação de uma situação imaginaria nova. Portanto
brincar constitui-se dessa forma, em uma atividade interna das crianças baseada no
desenvolvimento da imaginação e na interpretação da realidade, sem ser ilusão ou
mentira (COSTA, HENICKA, 2012).
Seria muito bom que os professores reconhecessem a importância do
lúdico/brincar, e realizassem  brincadeiras e participassem junto com seus alunos e
os observassem durante as mesmas, pois, por meio das brincadeiras, eles
constroem o seu conhecimento, adquirindo autonomia, aprendendo com erros e
acertos (COSTA, HENICKA, 2012).
Na verdade, o brincar pode auxiliar a aprendizagem na infância, porém se faz
necessário que os professores promovam o processo de ensino de forma lúdica,
pois ao contrário a escolarização infantil perderá a sua principal característica; pois é
possível entender que através do lúdico o professor, pode obter informações
valiosíssimas sobre seus alunos, podendo assim estimulá-los em sua criatividade,
autonomia, interação com seus pares, na construção do raciocínio lógico
matemática, nas representações de mundo e de emoções, ajudando assim na
compreensão e desenvolvimento do universo infantil ( GONÇALVES, 2016).
27

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao findar esse trabalho, pode-se compreender que a educação infantil é a


etapa mais importante da infância; pois é através dela que a criança inicia seu
contato com o mundo que a cerca, e também seus primeiros momentos
socializadores, suas descobertas, seu aprendizado, buscando assim experiências
para formar seus conceitos, organizando seu esquema corporal.
E para que isso aconteça é necessário que a criança possa se reconhecer
como sujeito que se constrói na interação com o meio, pois seu desenvolvimento é
progressivo e ocorre através de sua interação com ambiente que a cerca; e que para
se desenvolver é preciso que não somente seu corpo esteja preparado para receber
as informações e estímulos, mas também sua mente, ou seja, seu psicossocial
afetivo acompanhe essas mudanças para que possa então ocorrer um
desenvolvimento integral.
Pode-se compreender através da analise de vários artigos e publicações que
o brincar na educação infantil envolve diversos aspectos importantes, um deles é a
maturação do sistema nervoso central podendo assim ocorrer muitas mudanças e
transformações que ajudam no desenvolvimento integral da criança. Ao jogar e
brincar, a criança acaba por estimular a curiosidade, aprendendo a ter confiança,
como também a conviver em grupo e a lidar com frustrações, aperfeiçoando a
concentração e a atenção do que os rodeia.
Assim, o brincar é fundamental para a saúde física, emocional e intelectual da
criança. O entendimento e a participação do professor ao estimular as atividades
lúdicas poderá obter grandes êxitos com relação a aprendizagem como também
contribuir para que a desenvolva um conceito positivo de mundo, ajudando no seu
crescimento e contribuindo para um bom desenvolvimento de suas habilidades
motoras.
28

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ANEXOS

AS FASES DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Fonte: Ministério da Saúde, 2002, pg. 79

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