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Parasitologia

Prof Eunice Minervino


PROTOZOÁRIOS
INTEGRANTES DO REINO PROTISTA, SUB-REINO PROTOZOA

SERES UNICELULARES

SERES EUCARIONTES

NEM TODOS OS REPRESENTANTES SÃO PATÓGENOS


Apresentam as mais variadas formas, processos de alimentação,
locomoção e reprodução.

É uma única célula que, para sobreviver, realiza todas as funções


mantenedoras da vida: alimentação, respiração, reprodução, excreção
e locomoção.

Quanto a morfologia, os protozoários apresentam grandes variações,


conforme sua fase evolutiva e meio a que estejam adaptados.

Podem ser esféricos, ovais ou mesmos alongados. Alguns são


revestidos de cílios, outros possuem flagelos, e existem ainda os que
não possuem nenhuma organela locomotora especializada.
Dependendo da sua atividade fisiológica, algumas espécies possuem
fases bem definidas. Assim temos:
1. Trofozoíto: é a forma ativa do protozoário, na qual ele se alimenta e
se reproduz por diferentes processos.
2. Cisto e oocisto: são formas de resistência. O protozoário secreta
uma parede resistente (parede cística) que o protegerá quando
estiver em meio impróprio ou em fase de latência (os cistos podem
ser encontrados em tecidos ou fezes dos hospedeiros; os oocistos
são encontrados em fezes do hospedeiro e são provenientes de
reprodução sexuada).
3. Gameta: é a forma sexuada, que aparece em espécies do filo
Apicomplexa. O gameta masculino é o microgameta e o feminino é
o macrogameta
Nutrição dos protozoários
Quanto ao tipo de alimentação, os protozoários podem ser:
1. holofíticos ou autotróficos: são os que, a partir de grãos ou pigmentos
citoplasmáticos (cromatóforos), conseguem sintetizar energia a partir da
luz solar (fotossíntese);
2. holozóicos ou heterotróficos: ingerem partículas orgânicas de origem
animal, digerem-nas e, posteriormente, expulsam os metabólitos. Essa
ingestão se dá por fagocitose (ingestão de partículas sólidas) ou pinocitose
(ingestão de partículas pequenas);
3. saprozóicos: "absorvem" substâncias orgânicas de origem vegetal, já
decompostas e dissolvidas em meio liquido;
4. mixotróficos: quando são capazes de se alimentar por mais de um dos
métodos acima descritos.
Locomoção e Reprodução
A movimentação dos protozoários é feita com auxílio de uma
ou associação de duas ou mais das seguintes organelas:
pseudópodos; flagelos; cílios; microtúbulos subpeliculares que
permitem a locomoção por flexão, deslizamento ou
ondulação.

Reprodução assexuada ou sexuada


Constituído por sete filos, dos quais os quatro seguintes têm interesse
em parasitologia humana

1) Filo Sarcomastigophora: com núcleos simples; presença de flagelos,


pseudópodos ou ambos
2) Filo Apicomplexa: com complexo apical , presença de plastídeo não-
fotossintético ou apicoplasto; sem cílios; todos parasitos;
3) Filo Microspora: forma esporos unicelulares com um esporoplasma.
4) Filo Ciliophora: apresentando macro e micronúcleos; com cílios;
DOENÇAS CAUSADAS
POR PROTOZOÁRIOS
GIARDÍASE
AMEBÍASE
MALÁRIA
DOENÇA DE CHAGAS
TOXOPLASMOSE
LEISHMANIOSE
TRICOMONÍASE
Giardia sp.
O gênero Giardia inclui flagelados parasitos do intestino delgado de
mamíferos, aves, répteis e anfíbios, tendo sido, possivelmente, o
primeiro protozoário intestinal humano a ser conhecido.

A primeira descrição do trofozoíto tem sido atribuída a Anton van


Leeuwenhoek (1681), que notou "animalúnculos móveis" em suas
próprias fezes, porém foi Larnbl, em 1859, quem o descreveu mais
detalhadamente.

O gênero foi criado por Kunstler (1882) ao observar um flagelado


presente no intestino de girinos de anfíbios.
Três espécies de Giardia foram descobertas inicialmente: Giardia
duodenalis que infecta vários mamíferos, inclusive humanos, aves e
répteis; Giardia muris que infecta roedores, aves e répteis e Giardia
agilis que infecta anfíbios.

A partir de estudos empregando microscopia eletrônica, duas outras


espécies foram propostas: Giardia psittaci e Giardia ardeae, descritas
em periquitos e garças azuis, respectivamente.

As denominações Giardia lamblia, Giardia duodenalis e Giardia


intestinalis têm sido empregadas como sinonímia.
Morfologia
Giardia apresenta duas formas evolutivas: o trofozoíto e o cisto. O
trofozoíto tem formato de pera, com simetria bilateral e mede 20pm de
comprimento por 10pm de largura.

A face dorsal é lisa e convexa, enquanto a face ventral é côncava,


apresentando uma estrutura semelhante a uma ventosa, que é conhecida
por várias denominações: disco ventral, adesivo ou suctorial.

Abaixo do disco, ainda na parte ventral, é observada a presença de uma


ou duas formações paralelas, em forma de vírgula, conhecidas como
corpos medianos.
No interior do trofozoíto, e localizados na sua parte frontal, são encontrados
dois núcleos.

O trofozoíto possui ainda quatro pares de flagelos que se originam de


blefaroplastos ou corpos basais situados nos polos anteriores dos dois
núcleos, a saber: um par de flagelos anteriores, um par de flagelos ventrais,
um par de flagelos posteriores e um par de flagelos caudais.

O cisto é oval ou elipsóide, medindo cerca de 12µm de comprimento por


8µm de largura. O cisto, quando corado, pode mostrar uma delicada
membrana destacada do citoplasma. No seu interior encontram-se dois ou
quatro núcleos, um número variável de fibrilas (axonemas de flagelos) e os
corpos escuros com forma de meia-lua e situados no pólo oposto aos
núcleos
CICLO DE VIDA
G. lamblia é um parasito monoxeno de ciclo biológico dueto.

A via normal de infecção do homem é a ingestão de cistos.

Embora tenha sido demonstrado, experimentalmente, que infecções


em animais se iniciem com trofozoítos, não há evidências de que este
seja um importante modo de transmissão para o homem.
Após a ingestão do cisto, o desencistamento é iniciado no meio ácido
do estômago e completado no duodeno e jejuno, onde ocorre a
colonização do intestino delgado pelos trofozoítos.

Os trofozoítos se multiplicam por divisão binária longitudinal: após a


nucleotomia (divisão nuclear) e duplicação das organelas, ocorre a
plasmotomia (divisão do citoplasma), resultando assim dois trofozoítos
binucleados.

O ciclo se completa pelo encistamento do parasito e sua eliminação


para o meio exterior.
Tal processo pode se iniciar no baixo íleo, mas o ceco é considerado o
principal sítio de encistamento.

Entre as hipóteses sugeridas, tem-se a influência do pH intestinal, o estimulo


de sais biliares e o destacamento do trofozoíto da mucosa.

Este último parece ser o gatilho que provocaria tal mudança e tem sido
sugerido que a resposta imune local seja responsável pelo destacamento do
trofozoíto e seu consequente encistamento. Ao redor do trofozoíto é
secretada pelo parasito uma membrana cística resistente, que tem quitina na
sua composição.

Dentro do cisto ocorre nucleotomia, podendo ele apresentar-se então com


quatro núcleos.
Receita de como se infeccionar...
A via normal de infecção do homem é a ingestão de cistos maduros,
que podem ser transmitidos por um dos seguintes mecanismos:
ingestão de águas superficiais sem tratamento ou deficientemente
tratadas (apenas cloro); alimentos contaminados (verduras cruas e
frutas mal lavadas); esses alimentos também podem ser contaminados
por cistos veiculados por moscas e baratas; de pessoa a pessoa, por
meio das mãos contaminadas, em locais de aglomeração humana
(creches, orfanatos etc.); de pessoa a pessoa entre membros de uma
família ou em creches, quando se tem algum indivíduo infectado.
QUAIS MEDIDAS
PROFILÁTICAS PODEMOS
ORIENTAR NOSSOS
PACIENTES?
SINTOMATOLOGIA
A giardíase apresenta um espectro clínico diverso, que varia desde indivíduos
assintomáticos até pacientes sintomáticos que podem apresentar um quadro de
diarreia aguda e autolimitante, ou um quadro de diarreia persistente, com evidência
de má-absorção e perda de peso, que muitas vezes não responde ao tratamento
específico, mesmo em indivíduos imunocompetentes.

Aparentemente, essa variabilidade é multifatorial, e tem sido atribuída a fatores


associados ao parasito (cepa, número de cistos ingeridos) e ao hospedeiro (resposta
imune, estado nutricional, pH do suco gástrico, associação com a microbita
intestinal).

Em alguns casos há evidências marcantes de que uma determinada cepa de Giardia


pode apresentar maior potencial de causar doença.
A maioria das infecções é assintomática e ocorre tanto em adultos quanto
em crianças, que muitas vezes podem eliminar cistos nas fezes por um
período de até seis meses (portadores assintomáticos).

Entre alguns pacientes que desenvolvem sintomas, a giardíase pode


apresentar-se sob forma aguda.

Geralmente, em indivíduos não-imunes, isto é, na primoinfecção, a ingestão


de um elevado número de cistos é capaz de provocar diarreia do tipo
aquosa, explosiva, de odor fétido, acompanhada de gases com distensão e
dores abdominais.

Muco e sangue aparecem raramente nas fezes.

Essa forma aguda dura poucos dias e seus sintomas iniciais podem ser
confundidos com aqueles das diarreias dos tipos viral e bacteriano.
Essa forma é muito comum entre viajantes originários de áreas de baixa
endemicidade que visitam áreas endêmicas.

Apesar da infecção ser autolimitante na maioria dos indivíduos sadios, 30


a 50% podem desenvolver diarreia crônica acompanhada de esteatorréia,
perda de peso e problemas de má-absorção.

As principais complicações da giardíase crônica estão associadas à má


absorção de gordura e de nutrientes, como vitaminas lipossolúveis (A, D,
E, K), vitamina B, ferro, xilose e lactose.

Essas deficiências nutricionais raramente produzem danos sérios nos


adultos, contudo em crianças, podem ter efeitos graves.
DIAGNÓSTICO
Clínico - Em crianças de oito meses a 10-12 anos, a sintomatologia mais
indicativa de giardíase é diarréia com esteatorréia, irritabilidade,
insônia, náuseas e vômitos, perda de apetite (acompanhada ou não de
emagrecimento) e dor abdominal.

Apesar desses sintomas serem bastante característicos, é conveniente a


comprovação por exames laboratoriais.

Laboratorial
Enfermagem manda lembranças aos nossos
amigos BIOMED
Para confirmar a suspeita clínica, deve-se fazer o exame de fezes nos
pacientes para a identificação de cistos ou trofozoítos nas fezes.

Os cistos são encontrados nas fezes da maioria dos indivíduos com


giardíase, enquanto o encontro de trofozoítos é menos frequente, e
está, geralmente, associado às infecções sintomáticas.
Com isto, a observação do aspecto e consistência das fezes fornece
informações sobre a forma evolutiva a ser pesquisada, uma vez que em
fezes formadas e fezes diarréicas predominam cistos e trofozoítos,
respectivamente.
Fezes Formadas : Cistos podem ser detectados em preparações a fresco
pelo método direto; contudo, os métodos de escolha são os de
concentração, principalmente, o método de flutuação pelo sulfato de
zinco (método de Faust e cols.). Preparações com cistos podem ser
coradas com Tricômio ou com Hematoxilina Férrica.

Fezes Diarreicas: Como nas fezes diarreicas encontram-se trofozoítos,


recomenda-se colher o material no laboratório, e examiná-lo
imediatamente, ou diluir as fezes em conservador próprio (MIE SAF,
formol 10%), uma vez que os trofozoítos sobrevivem durante pouco
tempo no meio externo (15-20 minutos). O exame das fezes pode ser
feito pelo método direto e, caso seja necessário, podem ser feitos
esfregaços corados pelo método da Hematoxilina Férrica.
Não é só com cocô que nosso amiguinhos
brincam...
Os métodos imunológicos mais empregados são a imunofluorescência
indireta e o método ELISA.

A detecção de anticorpos anti-Giardia no soro tem apresentado


problemas relacionados com a ocorrência de falso-positivos e baixas
sensibilidade e especificidade.

Nessas reações, anticorpos IgG permanecem elevados por um longo


período, o que impede a distinção entre infecções passadas e recentes,
dificuldando o diagnóstico nas áreas endêmicas.
Desta forma, o diagnóstico sorológico pode auxiliar nos levantamentos
epidemiológicos, contudo não tem demonstrado sensibilidade e
especificidade adequadas para o diagnóstico individual.

A detecção de antígenos nas fezes (copro-antígenos) empregando a


técnica de ELISA tem demonstrado resultados satisfatórios.
Atualmente, vários dos ensaios desenvolvidos são comercializados e
têm demonstrado sensibilidade de 85% a 95% e especificidade de 90%
a 100%.
Tratamento
Os esquemas terapêuticos para giardíase mais empregados são:

metronidazol (Flagil): 15 a 20mg/kg durante sete a dez dias


consecutivos, para crianças, via oral. A dose para adultos e de 250mg,
duas vezes ao dia por sete dias;

tinidazol (Fasigyn): dose única de 2g para adulto e 1g para crianças, sob a


forma líquida, este produto também é apresentado sob a forma de
supositórios, com bons resultados; deve-se repetir a dose uma semana
depois;
furazolidona (Giarlam): 8 a 10mg por kg de peso por dia (máximo de
400mg/dia) durante sete dias, para crianças. Para adultos, a dose e de
400mg em 24 horas, em duas ou quatro vezes por dia, durante sete
dias;

secnidazol (Secnidazol): a dose para adultos é de 2g, em dose única de


quatro comprimidos, de preferência a noite, tomados em uma das
refeições. Crianças com menos de cinco anos: 125mg, duas vezes em
24 horas, por cinco dias.
Curiosidades curiosas
Giardia tem sido reconhecido como um dos agentes
etiológicos da "diarreia dos viajantes" que viajam para zonas
endêmicas.

O cisto resiste até dois meses no meio exterior, em boas


condições de umidade e temperatura. É resistente ao
processo de cloração da água e sobrevive durante muito
tempo embaixo das unhas.
A giardíase é uma infecção frequentemente encontrada em ambientes
coletivos: enfermarias, creches, internatos etc., onde o contato direto de
pessoa a pessoa é frequente e medidas de higiene difíceis de serem
implementados.

As creches são ambientes que apresentam certas condições que favorecem


a transmissão de Giardia. Nesses locais, a prevalência da infecção entre
crianças com 1-4 anos de idade pode ser de 20% a 60%.

Mesmo que muitas dessas crianças sejam assintomáticas, elas são


importantes como fontes de infecção para outras crianças e funcionários da
creche, bem como para os seus familiares.

Babás e manipuladores de alimentos crus (saladas, maioneses etc.) podem


ser fonte de infecção.

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