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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ º VARA DO JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DO FORO ____________________________(competência do foro de domicílio


do consumidor)
nome do autor (a), qualificaçã o completa, vem, por sua advogada que esta subscreve (Doc.
01 – Procuraçã o – com endereço de e-mail _________@_________) propor a presente AÇÃO
DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS com pedido de ANTECIPAÇÃO DE TUTELA, em face de nome da
empresa, qualificaçã o completa, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor.
PRELIMINARMENTE
A) DA NECESSÁRIA CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA (ART. 5º,
INCISO LXXIV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, LEI Nº 1.060/50)
Inicialmente postula a Requerente os benefícios da justiça gratuita, com fundamento no art.
5º, inciso LXXIV, da Constituiçã o Federal, e artigo 4º da Lei 1.060/50, em virtude de ser
pessoa pobre na acepçã o jurídica da palavra e sem condiçõ es de arcar com os encargos
decorrentes do processo, sem prejuízo de seu pró prio sustento e de sua família, conforme
declaraçã o que segue anexa (Doc. 02 – Declaraçã o de Pobreza).
B) DA COMPETÊNCIA DESTE JUIZADO ESPECIAL (MATÉRIA, VALOR, PESSOA E
TERRITÓRIO)
Ainda antes de adentrar no mérito, cabe à Requerente demonstrar, sucintamente, a
competência deste douto Juizado Especial mediante os critérios objetivos a seguir
expressos.
Trata-se a presente açã o de causa de menor complexidade, cuja matéria, prejuízos
decorrentes de relaçã o de consumo, vem sendo reiteradamente julgada em outros juizados
especiais de natureza cível, devido à pró pria coincidência de princípios dos dois diplomas.
Tal concorrência de princípios é expressa pelo Có digo de Defesa do Consumidor, in verbis:
Art. 5º. Para a execuçã o da Política Nacional das Relaçõ es de Consumo, contará o poder
pú blico com os seguintes instrumentos, entre outros:
(...)
IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a
soluçã o de litígios de consumo
A matéria de que trata a presente açã o é típico caso a ser apreciado em sede de Juizados
Especiais, em conformidade com o que determinam, ainda, os artigos 1º, 2º e 3º, do Có digo
de Defesa do Consumidor.
Assim, uma vez comprovada a competência material deste respeitá vel juízo, denota-se da
simples leitura do pedido expendido nesta exordial a competência por valor, em estrita
legalidade se confrontada com o inciso I do artigo 3º da Lei nº 9.099/1995.
Da mesma maneira, o critério pessoal é sumamente preenchido, tratando-se a Requerente
de pessoa física, livre, capaz para litigar, nos termos cumulativos da Lei dos Juizados
Especiais, em seu artigo 8º, § 2º e do Có digo Civil, em seu artigo 5º.
Resta, assim, a delimitaçã o da competência territorial: é notó rio ser da escolha do autor a
instituiçã o de dois foros comuns concorrentes, (a) o do domicílio do réu, ou (b) o do local
no qual o réu exerce as suas atividades. Ocorre, no entanto, que, no presente caso,
conforme liçõ es do Professor Câ ndido Rangel Dinamarco, faz-se uso de um dos dois foros
especiais: nã o (c) o do local no qual a obrigaçã o deve ser satisfeita, mas (d) o do domicílio
do próprio autor, com um duplo fundamento.
Em primeiro lugar, com base na pró pria natureza da presente açã o, de reparaçã o de danos,
satisfazendo o requisito do inciso III do artigo 4º da Lei nº 9.099/1995, segundo o qual é
competente, para as causas previstas nesta Lei, o Juizado do foro:
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde aquele exerça atividades
profissionais ou econô micas ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou
escritó rio;
II - do lugar onde a obrigaçã o deva ser satisfeita;
III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações para reparação de
dano de qualquer natureza"–
E, como segundo fundamento, específico, por se tratar de açã o de responsabilidade civil
decorrente de relaçã o de consumo lato sensu, conforme se comprovará , o inciso I do artigo
101 do Có digo de Defesa do Consumidor.
Assim, quanto aos critérios de competência, esta inicial preenche todos os requisitos legais,
nã o podendo ser reconhecida, por nenhum dos â ngulos que se observem, a incompetência,
absoluta ou relativa, deste douto juízo, devendo esta açã o ser apreciada e no mérito,
julgada totalmente procedente.
I – DOS FATOS
No dia 06 de março do corrente ano, a Requerente surpreendentemente descobriu que
seu nome havia sido negativado junto ao ó rgã o de proteçã o ao crédito – SERASA - em
virtude de suposta parcela do mês de novembro de 2018 que estaria em aberto, parcela
esta decorrente de dívida contraída com a rede de lojas de eletrodomésticos “Ponto Frio”,
em razã o da compra de um aparelho celular.
Intrigada com tal acontecimento, tendo em vista que, apesar de ter ocorrido o atraso no
pagamento de tal parcela, este foi devidamente efetivado em 06/02, inclusive sem a
incidência de juros ou multa pelo atraso (Doc. 03 – comprovante de pagamento).
Para sanar a questã o, afinal de contas, as parcelas estã o em dia, conforme comprovantes
que seguem anexos (Doc. 04 – comprovantes de pagamento), compareceu na unidade da
rede de varejo onde realizou a sua compra, a fim de tomar explicaçõ es sobre o ocorrido,
oportunidade em que foi informada pela atendente, a qual confirmou que NÃ O HÁ
DÉ BITOS VENCIDOS decorrentes da celebraçã o de contrato de compra de aparelho celular
marca Samsung, modelo Galaxy A8, (Doc. 05 – Pedido de venda) que foi adquirido pela
Requerente.
Ocorre, Excelência, como anotado acima, que a Requerente NÃ O se encontra em débito
para com a empresa Requerida em relaçã o à compra do aparelho celular acima descrito,
nã o existindo razõ es, portanto, para que seu nome conste nos cadastros de maus
pagadores, até porque a pró pria atendente da loja onde foi realizada a compra informou à
Requerente que nã o há valores pendentes de pagamento em relaçã o ao aparelho celular
adquirido pela cliente.
Em decorrência das restriçõ es apontadas, a Requerente está , via de consequência,
impedida, de formalizar contrato de financiamento imobiliá rio, o qual, como sabido, exige a
inexistência de pendências financeiras no nome daquele que firmará o financiamento,
situaçã o esta bastante embaraçosa para quem sempre honrou com todas as obrigaçõ es de
forma pontual e que, por uma infelicidade da vida, atrasou o pagamento de apenas uma
ú nica parcela referente à compra feita com a Requerida. Veja, Excelência, esta restrição
indevida pode impedir a Requerente de conquistar a tal sonhada casa própria.
Como se pode observar, houve negligência por parte da empresa Requerida, por ter
mantido o nome da Requerente no rol dos maus pagadores, mesmo apó s ter quitado a
parcela que teria ensejado tal restriçã o, firmasse contrato alheio a sua vontade, causando-
lhe enormes prejuízos e transtornos, tanto de ordem financeira como moral, isto porque a
Requerente teve de se dirigir por 02 vezes na loja da Requerida, nos dias 06 e 07 de março
de 2019, além de ter realizado diversos telefonemas para setores diferentes, na esperança
de sanar a pendência, já que está prestes a firmar o contrato de financiamento junto à Caixa
Econô mica Federal (Doc. 06 – contrato de financiamento imobiliá rio), o que até o presente
momento nã o foi resolvido, impondo-se, assim, a propositura da presente demanda.
Registre-se que, nã o obstante a comunicaçã o da Requerente à Requerida de que nã o tinha
nenhuma pendência em relaçã o ao celular adquirido, a Requerida nã o procedeu com a
retirada do nome da Requerente dos cadastros dos ó rgã os de proteçã o ao crédito,
conforme pode se confirmar pelo documento anexo (Doc. 07 – Extrato SERASA).
Diante da situaçã o vexató ria pela qual vem passando a Requerente, por ter tido seu nome
injustamente incluído nos ó rgã os de proteçã o ao crédito, vem socorrer-se do Poder
Judiciá rio para ter restabelecida sua tal situaçã o, bem como, para ser devidamente
reparada pelos danos experimentados, ante a conduta negligente da Requerida.
II – DO DIREITO
Pois bem. Se nã o há pendências entre a Requerente e a empresa Requerida envolvendo a
aquisiçã o do aparelho celular marca Samsung, modelo Galaxy A8, no valor de R$ 2.099, 00,
plenamente a propositura da presente açã o, com o fito de levantar a restriçã o noticiada,
com a consequente imposiçã o à Requerida da reparaçã o dos danos causados, conforme se
demonstrará a seguir.
a) DA NECESSÁRIA APLICAÇÃO DO CDC – IMPOSIÇÃO DA REGRA DE INVERSÃO DO
ÔNUS DA PROVA
No caso em debate, apesar de nã o haver débitos a serem quitados, vez que os pagamentos
devidos pela aquisiçã o de aparelho celular feita na loja da rede “Ponto Frio” encontram-se
em dia, há uma relaçã o consumerista lato sensu, e que é regrada pelo Có digo de Defesa do
Consumidor, a teor do que estabelecem os artigos 2º e 3º, do CDC.
Nã o pairam dú vidas que o fato narrado classifica-se perfeitamente como relaçã o de
consumo nos ditames dos artigos mencionados acima, sendo a Requerente tratada como
consumidora, sendo, pois hipossuficiente por nã o possui mecanismos para produzir outros
meios de prova.
Desta forma é a aplicaçã o do instituto da inversã o do ô nus da prova que equilibra a lide
proposta, passando a responsabilidade de provar para o fornecedor, nos termos do que
estabelece o art. 6º, VIII do CDC.
A respeito da hipossuficiência leciona Kazuo Watanabe (2005, p. 794):
Numa relaçã o de consumo [...] a situaçã o do fabricante é de evidente vantagem, pois
somente ele tem pleno conhecimento do projeto, da técnica e do processo utilizado na
fabricaçã o do veículo, e por isso está em melhores condiçõ es de demonstrar a inocorrência
do vício de fabricaçã o. A situaçã o do consumidor é de manifesta vulnerabilidade,
independentemente de sua situaçã o econô mica. [...] Foi precisamente em razã o dessas
situaçõ es, enquadradas no conceito amplo de hipossuficiência, que o legislador estabeleceu
a inversã o do ô nus da prova, para facilitar a tutela jurisdicional do consumidor.
Assim, a Requerente invoca o instituto da inversã o do ô nus da Prova para a Requerida, com
fulcro no Princípio da Isonomia (art. 5º, caput, CF/88), bem como no art. 6º incisos IV, VI e
VIII do CDC, a fim de seja determinada à Requerida a apresentaçã o da documentaçã o que
comprove diversamente do que se alega na presente demanda.
b) DA INEXISTÊNCIA DO DÉBITO
Sabe-se que o credor pode inscrever o nome do devedor inadimplente nos ó rgã os de
proteçã o ao crédito, visto que age no exercício regular de um direito. Contudo, se a
inscriçã o é indevida, o credor é responsabilizado civilmente, sujeito à reparaçã o dos
prejuízos causados, inclusive quanto ao dano moral.
No caso dos autos, a Requerente já realizou no dia 06/02 o pagamento da parcela de
11/2018 devida pela aquisiçã o do aparelho mencionado acima, tendo restado comprovado,
ainda, que as demais parcelas encontram-se devidamente quitadas, inexistindo razã o para
a manutençã o do nome da Requerente junto ao ó rgã o de proteçã o ao crédito.
Pelo o que ocorreu à Requerente, deve ser a Requerida instada a proceder com o
levantamento da negativaçã o da Requerente, bem como o cancelamento do débito que é
patentemente indevido, já que a Requerente já quitou tal parcela, e, portanto, a dívida é
inexistente, sem prejuízo, ainda, do pagamento de indenizaçã o por danos morais, vez que
impô s a Requerente à situaçã o constrangedora, ainda mais estando a Requerente em vias
de concretizar a contrataçã o de financiamento imobiliá rio.
c) DO DANO MORAL INDENIZÁVEL
Está assegurado na Constituiçã o Federal o direito relativo à reparaçã o de danos morais:
Art. 5º Todos sã o iguais perante a lei, sem distinçã o de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
X - Sã o inviolá veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito à indenizaçã o por dano material ou moral decorrente de sua violaçã o.
Sobre a responsabilidade de reparar o dano no caso em questã o, deve-se observar o
disposto no caput artigo 14 do Có digo de Defesa do Consumidor:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,
pela reparaçã o dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestaçã o
dos serviços, bem como por informaçõ es insuficientes ou inadequadas sobre sua fruiçã o e
riscos.
A corroborar o que se anota nestas linhas, pede-se vênia para transcrever interessantes
arestos, vejamos:
CONSTITUCIONAL. PROCESSO CIVIL. APELAÇÃ O CÍVEL. AÇÃ O DE INDENIZAÇÃ O POR
DANOS MORAIS. CONTAS TELEFÔ NICAS. COBRANÇA INDEVIDA. SUSPENSÃ O DOS
SERVIÇOS DE TELEFONIA E INTERNET. MÁ NA PRESTAÇÃ O DO SERVIÇO. ATO ILÍCITO.
ART. 5º, X, DA CF, ART. 6º, VI, ART. 14 DO CDC E ART 927 do CC. VALOR INDENIZATÓ RIO.
PROPORCIONALIDADE. RAZOABILIDADE. IMPROVIMENTO DO APELO. I - A empresa
concessioná ria dos serviços pú blicos de telefonia responde objetivamente pelos prejuízos
causados aos usuá rios, em razã o dos serviços prestados inadequadamente, em simetria
com o preconizado no artigo 14 do CDC; II - constatada a irregularidade da conduta da
concessioná ria de serviço pú blico, consistente na má prestaçã o dos serviços, os prejuízos
sofridos e a existência de nexo causal, impõ e-se a condenaçã o à reparaçã o dos danos
morais; III - verificado que atende à proporcionalidade e à razoabilidade o valor atinente à
indenizaçã o por dano moral, nã o há que se falar em reduçã o; IV - apelo improvido.(TJ-MA -
APL: 0280952014 MA 0035844-04.2013.8.10.0001, Relator: CLEONES CARVALHO CUNHA,
Data de Julgamento: 14/05/2015, TERCEIRA CÂ MARA CÍVEL, Data de Publicaçã o:
19/05/2015)
DIREITO CONSTITUCIONAL E DO CONSUMIDOR. APELAÇÕ ES CÍVEIS EM AÇÃ O DE
INDENIZAÇÃ O POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. INEXISTÊ NCIA DE CONTRATAÇÃ O.
FRAUDE COM A UTILIZAÇÃ O DO NOME DO AUTOR. APLICAÇÃ O DO CÓ DIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR. INTELIGÊ NCIA DO ART. 17 DO CDC. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS
MORAIS. CONFIGURAÇÃ O. POSSIBILIDADE DE INDENIZAÇÃ O. INTELIGÊ NCIA DO ART. 5º,
x, DA cf/88 e do art. 6º, vi, do cdc. RAZOABILIDADE DO QUANTUM FIXADO NA SENTENÇA.
FIXAÇÃ O EM QUANTITATIVO DE SALÁ RIOS MÍNIMOS. IMPOSSIBILIDADE. CONVERSÃ O
PARA MOEDA CORRENTE. APELAÇÕ ES CONHECIDAS E IMPROVIDAS. SENTENÇA
MANTIDA. 1. No caso em tela, nã o há dú vidas acerca da aplicaçã o do Có digo de Defesa do
Consumidor, pois, consoante já afirmou o magistrado de piso, muito embora o
autor/apelante/apelado nã o seja consumidor direito da empresa ré/apelante/apelada,
restou confirmado nos autos por ambas as partes que os contratos supostamente firmados
entre elas se tratavam na verdade de fraude, de modo o autor da açã o é considerado
consumidor por equiparaçã o, conforme extrai do que consta no art. 17 do CDC.
2. No que diz respeito à questã o do dano moral, que foi concedido ao apelado pelo
magistrado de primeiro grau em sede de sentença, a Constituiçã o Federal vigente, em seu
artigo 5º, X, determina ser possível a indenizaçã o por dano moral em decorrência de ofensa
à honra. Outrossim, o Có digo de Defesa do Consumidor, aplicá vel ao caso, prevê como
direito bá sico do consumidor à reparaçã o pelos danos morais sofridos, nos termos de seu
art. 6º, VI.
3. Nã o obstante, para que seja concedida reparaçã o indenizató ria em decorrência de danos
morais sofridos, devem ser preenchidos determinados pressupostos ensejadores da
responsabilidade civil, quais sejam, a existência de uma conduta realizada
independentemente de culpa (haja vista tratar-se de relaçã o de consumo, em que a
responsabilidade do fornecedor é objetiva), de nexo de causalidade entre tal
comportamento e de dano ou prejuízo sofrido pelo consumidor ofendido.
4. Tendo em vista a situaçã o apresentada no caso em tela, constata-se que a ré efetivamente
praticou conduta que ocasionou o dano moral sofrido pelo autor, vez que procedeu com
denú ncia que acarretou a instauraçã o de inquérito policial para a averiguaçã o da existência
da autoria e materialidade de fatos delitivos (estelionato e falsidade ideoló gica) a ele
imputados em decorrência de fraude da qual foi vítima, o que lhe ocasionou transtorno e
abalo além do que poderia ser considerado como mero aborrecimento, situaçã o agravada
ainda mais em virtude dos problemas de saú de que lhe acometem.
5. A reparaçã o indenizató ria por dano moral deve ser fixada tendo em vista o princípio da
razoabilidade, consoante o grau de culpa do ofensor, a amplitude do dano experimentado
pelo ofendido e a finalidade compensató ria, vez que o valor arbitrado (prudentemente)
deve ser suficiente a reparar o dano e a coibir a reincidência da conduta, de maneira que
nã o pode ensejar enriquecimento sem causa do ofendido, nem ser excessivamente
diminuto.
6. Assim, incabível se mostra o pleito recursal do Sr. Caetano Mendes Vasconcelos para que
seja elevado o montante indenizató rio fixado na sentença para a quantia de R$ 200.000,00
(duzentos mil reais), na medida em que o valor buscado afigura-se desproporcional. 6. Com
efeito, tomando por base os critérios acima mencionados, mostra-se razoá vel o valor da
indenizaçã o por danos morais fixada em sede de sentença a ser paga pela Brasil Telecom ao
Sr. Caetano Mendes Vasconcelos, qual seja, o de 20 (vinte) salá rios mínimos, que,
entretanto, deve ser convertido em moeda corrente, vez que nã o se mostra possível a
fixaçã o de indenizaçã o em salá rios mínimos.
7. Logo, convertendo-se o quantum indenizató rio para moeda corrente, o mesmo equivale a
R$ 10.900,00 (dez mil e novecentos reais), haja vista o valor do salá rio mínimo vigente à
época da prolaçã o da sentença, em conformidade com a Lei 12.382/2011, com correçã o
monetá ria a ser realizada desde o arbitramento desta indenizaçã o e juros de mora a serem
contados desde a prá tica do ato lesivo. 8. Apelaçõ es conhecidas e improvidas. Sentença
mantida. ACÓ RDÃ O: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acorda a 6ª Câ mara Cível do
Tribunal de Justiça do Estado do Ceará , por UNANIMIDADE, em conhecer e negar
provimento aos recursos de apelaçã o, tudo nos termos do voto da Relatora. Presidente do
Ó rgã o Julgador Relatora PROCURADOR (A) DE JUSTIÇA (TJ-CE - APL:
00758028620058060001 CE 0075802-86.2005.8.06.0001, Relator: MARIA VILAUBA
FAUSTO LOPES, 6ª Câ mara Cível, Data de Publicaçã o: 29/07/2015)
Também acerca do dano moral, dispõ em os artigos 186 e 927 do Có digo Civil Brasileiro:
Art. 186. Aquele que, por açã o ou omissã o voluntá ria, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará -lo.
Resta patente que a Requerente sofreu grande prejuízo e abalo emocional, visto que sofreu
grave dissabor e apreensã o ao ter seu crédito restrito, impondo-lhe o irrepará vel risco de
perder a oportunidade de celebrar junto à Caixa Econô mica Federal o financiamento de seu
imó vel.
Além disso, o Có digo de Defesa do Consumidor se preocupou em garantir a reparaçã o de
danos sofridos pelo consumidor, conforme o artigo 6º, inciso VI, segundo o qual é direito
bá sico do consumidor a efetiva prevençã o e reparaçã o de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difuso.
Em se tratando de inscriçã o indevida no Serasa, como foi o caso em questã o, o dano moral
independe de prova adicional, baseando-se em simples demonstraçã o dos fatos, e também
o extrato obtido pela Requerente.
Já no que se refere ao quantum indenizató rio, este deverá ser apurado levando-se em conta
que se trata de pedido de reparaçã o por dano moral por cobrança e inscriçã o indevida em
cadastro de proteçã o ao crédito, cabendo ao MM. Juízo determinar por equidade o valor da
indenizaçã o, considerando-se as circunstâ ncias do caso
Nã o obstante as diretrizes acima mencionadas, cabe a Requerente anotar que o valor da
indenizaçã o por danos morais a que pretende nã o pode ser inferior a R$ 2.930,50 (dois mil
novecentos e trinta reais e cinquenta centavos), já que restou inscrito o débito de R$
5.029,50 (cinco mil e vinte e nove reais e cinquenta centavos), valor evidentemente bem
acima do valor total da compra realizada pela Requerente, devendo, conforme a lei, a
Requerida repará -los.
IV – DA TUTELA ANTECIPADA
Imperiosa a concessã o da antecipaçã o dos efeitos da tutela jurisdicional, para que seja
determinado o levantamento da inscriçã o do nome da Requerente no cadastro do ó rgã o de
proteçã o ao crédito, sendo que tal pedido de funda no fato de que restou devidamente
provado que a Requerente encontra-se em dia com os pagamentos das parcelas
devidas pela aquisição do aparelho celular, e mais do que isso, que por conta de tal
situaçã o, está impedida de realizar a formalização do contrato de financiamento
imobiliário junto à Caixa Econômica Federal, sem mencionar o grande constrangimento
e apreensã o que vem passando em decorrência do ocorrido, verdadeiro medo de perder,
talvez a ú nica oportunidade que terá em sua vida para a aquisiçã o da tã o sonhada casa
pró pria.
Ora Excelência, a Requerente é pessoa muito íntegra que sempre cumpriu com suas
obrigaçõ es civis e patrimoniais, nã o merecendo a inscriçã o de seu nome no cadastro do
serviço de proteçã o ao crédito.
Toda negativaçã o ou protesto gera dano de difícil reparaçã o, constituindo abuso e grave
ameaça, abalando o prestígio creditício que gozava a Requerente na Praça.
Todavia, a Requerente nada deve, razã o pela qual a negativaçã o no cadastro de
inadimplentes é totalmente descabida! Temos por concluir que a atitude da Requerida, de
negativar o nome da Requerente, nã o passa de uma arbitrariedade, eivada de mero
descontrole administrativo, JÁ QUE O PAGAMENTO DA PARCELA DEVIDA SE DEU EM
06/02 – OU SEJA, HÁ MAIS DE UM MÊ S ATRÁ S!
Verifica-se, que a situaçã o in casu atende perfeitamente a todos os requisitos esperados
para a concessã o da medida antecipató ria, pelo que se busca, antes da decisã o do mérito
em si, a ordem judicial para sustaçã o dos efeitos de negativaçã o do nome da Requerente
junto ao SERASA e demais ó rgã os de proteçã o ao crédito; para tanto, requer-se de V. Exa.,
se digne determinar a expediçã o de Ofício à empresa Requerida nesse sentido.
V – DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, serve a presente Açã o, para requerer a V. Exa., se digne a:
a) em razã o da verossimilhança dos fatos ora narrados, conceder, liminarmente, a tutela
antecipada, de forma “initio littis” e “inaudita altera pars”, para os fins de a Requerida ser
obrigada, de imediato, a tomar as providências administrativas necessá rias, para exclusã o
do nome da Requerida dos cadastros do SERASA e demais ó rgã os de proteçã o ao crédito;
b) em sendo deferido o pedido constante no item a, seja expedido o competente Ofício
Judicial à Requerida, assinalando-se prazo para cumprimento da ordem, com a fixaçã o de
multa por dia de atraso;
c) ordenar a CITAÇÃ O da REQUERIDA no endereço inicialmente indicado, quanto a
presente açã o, e sobre a decisã o proferida em sede liminar, sendo esta realizada por via
postal (SEED) – visando maior economia e celeridade processual, para que, perante esse
Juízo, apresente a defesa que entender cabível, dentro do prazo legal, sob pena de confissã o
quanto à matéria de fato e declaraçã o de revelia, com designaçã o de data para audiência a
critério do D. Juízo; devendo ao final, ser julgada PROCEDENTE a presente Açã o, sendo a
mesma condenada nos seguintes termos:
I - condenar a Requerida, ao pagamento de uma indenizaçã o, de cunho compensató rio e
punitivo, pelos danos morais causados, em valor pecuniá rio justo e condizente com o caso
apresentado em tela, qual, no entendimento da Requerente, amparado em pacificada
jurisprudência, deve ser equivalente a R$ 2.930,50 (dois mil novecentos e trinta reais e
cinquenta centavos), ou entã o, em valor que esse D. Juízo fixar, pelos seus pró prios
critérios;
II - condenar a Requerida ao pagamento dos honorá rios advocatícios (20% sobre o valor da
causa), das custas processuais e pagamentos que a demanda por ventura ocasionar,
conforme arbitrados por esse D. Juízo;
d) incluir na esperada condenaçã o da Requerida, a incidência juros e correçã o monetá ria
na forma da lei em vigor, desde sua citaçã o;
e) que seja determinada a inversã o do ô nus da prova, conforme art. 6º, VIII, da Lei. 8.078;
f) declarar a inexistência do débito por cabalmente indevido, vez que já quitado; e
g) conceder os benefícios da assistência judiciá ria gratuita à Requerente, nos termos do que
foi exposto e conforme documento que segue anexo.
Por fim, protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas e
cabíveis ao procedimento que ora se adota.
Dá -se a presente causa, o valor de R$ 7.960,00, para todos os efeitos de direito.
Por fim, requer que todas as publicaçõ es e notificaçõ es sejam feitas em nome da advogada
________________, SOB PENA DE NULIDADE.
Nesses termos,
pede deferimento.
_____________, ______________ de 20___.
Nome do Advogado
OAB/__ nº _________

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