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Seré o movimento uma llusto? Zenio de Eiéla Discipulo de Parménides,flho de Teleurigoras, Zendo naseeu em Eléia, por volta de 489 a,C. Ainda cedo, destacoue Se pela nobreza de cariter, desempent hando papel importante o ma Politica qusnto na Filosoli Como politico, purtcipou do govemno de stand comin © ano Neate, que se aposto da cidade. Sezunco 0 iswosiador Didgenes Laério, na tentatva de deposgio do ti 9, Zeno fi capmuro,imerogado e treurado; enuceantn, resistin 4 torture, demonstrando coragem © tomando-se am exemple para os demais Mas foi no terreno da Filosofia que ele se imo E bem verlade que pouco sabemos acerca de « 12 obra. As informacies a respeito do que cle teia pensado encontram: S€ em passagens da obra de Platdo, de Aristételes ¢ de Diogenes Laércio, Segundo tis autores, Zengo teria escrito vétias obras filos6ficas, tais como um teatado Sobre « nature. ‘um tratado Correo fin, uma Intra de Empat & algumas Dipatas. Segundo seus comentadores, Zeno, na cdo de discipulo de Parménides, defenden ardorosa ‘mente as idéias do mest, lev fando adiante a aventura do pes. samento que este itimo havia iniciado. Se Parménides como jf sabemes, fio iniciador da Logica ‘404 movimento uma sto? Zendo de Fla 95 coendendo por Logica um pensamente qe peti een en miversais, com exigénciasinternas de rigor vem conor fe identidade € nie roncradigans (9 trulade com 8 peincipios Zeno, em conteapartid, tii syne 6, 6 0 que allo &, no inventor da diliti Mas o que é a dilética? Tricialmente, na antiga Grécia, era : nica verbal estabelecida em um terreno pol ste de diseuis, Uma specie de pe ios desenvolviam exercicios retstioos = adversi 0, m que és cer a dispaa. Tal arte, dc pensamento, com 0 propésito de vencer a disp ‘a Politica, ecebia também o nome de argumeniaga. Eaquanto crcicio de pensamento aplicado em um diflogo politico, « io 86 sno Finalidade a vitéria, como tam- lalética no s6 possuia como finalid bém visava a destruigio do argumento adversirio Porém, com Zeaiio a dialética deixou de ser tio-somente a. arte de diseatis, para se tornar um método de pensamento, csubelecer ent esas ees conmadges que prove que clas ndo eram verdadeimas, ou que simplesmente evidencias- rosin de Poza Fla, Zeno opr a “esa Hi yensamentn, cle pore oan angunenao people dp iroeres se éte dalton Deacodo com se pce deca ese levantada era preciso estabelecer uma tese opost % Pre Socriios propésito de evidenclara sua contradigio, E-uma vez leangado tal intento, cumpria mostear ao sival que este estava pronuncian- do um discurso fils 1Na verdad, enquanto pai da dialétiea— levando as oposi oes entre as teses em conironto as ilkimas consegitincias = Zeno queria provar aos adversirios que 8 pensamentos que cles defendiam, visto que implicavum contredigdes, eram ape- nas opinides, e que apenas segulam a via da dia, 0 camino do lo-ser, jf apontado por Parménides. Mas quem eram os advessisios de Zentio? Beam aqueles ‘que queriam ridiculaizar as reses do seu mestre Parménides, € {que — na condigio de fl6sofos ~ negavam iconicamente a imo- bilidade e a unida historiadores do pensamento grego, um pensador ann, chama- do ser. Segundo uma anedota contada pelos do Didgenes de Apolbnia,rdiculasizava as teses ce Patménides, 0 ser € imévell™ andando de um lado pasa 0 outro, dizendo: Assim, os argumentos de Zeniio se volkavem contra os de- fensotes do miitiplo e do movimenta. Seguindo a via do nto set, explorando pelo pensamento o terreno da contradigio, en- cdo como propésito cheyar ap absurdo légico de conclusdes que se anulavam, Zeniio nfo media esforgos pata provar que os mobilistas os pluralistas defendiam falsos aggumentos Partindo das teses dos adversirios de Parménides, procu- ‘tava conduzi-ls a conchusées contraditéras; melhor, procurava dlermonsiee ue chs mesmassariam contradigdes e que, por Seré0 movimento uma thsse? Zendo do HAs 7 tanto, eram falsas. Assim, em vez de defender dictates teses do mestre, cle procurava combater as teses ave Em vez de demonstrar a wordade de sua teoria, ust pens mento para provar que a teorias opostas eram falss, pois as premissas destas se sustenivam em opinides oriundas do eam po da experiéncia sensivel, Dessa forma, empehou-se em de monstrar que o movimento cbservado pelos sentidas no po- dia ser compreendido pel taro, ea estranho ii tazio e envolvia contradigio, levando o pensamento a conclisdes absurdas Zenio procurou demonstrat a impossibilidade do movie ‘mento no fimbito da saxo. Assim, determinou a daléica como. uum mérodo empenhado na demonstragho dos absurdos das Copinides dos pluraistas e dos mobilsas, desenvalvendo a sua argamentago por incermédio de poradwenr (uma forma de argo: ‘mento que contrara as opinides concebidas, as erengas ordi sas compattilhadas pela inaoria). Para Zen, o uso de parado- xo tinha como propésito tornar © pensamento incapaz de cencontrat eaminho ou tejeto para um segumento, deinando-o sem resposta, O raciocinio de Zento, como raciocinio dialétco, cra, na verdad, uma exposicio de argamentos sem solugio. E fo na forma de paradox que ele nos legon o seu pens ‘mento, Os paricloxos de Zeno sio em niimero de quato: a coe rida entre Aguile ea tartaruga, a dicotomia, a flecha eo esti, ds corrida entre Aquilese a tartaruga ¢ 0 mais famoso, Por meio desse paradoxo, Zeno desejou mostrar que, em uma PreSocrtcos corrida entre os dois, caso a tartaruga sass na frente, Aquiles jaan conseguir ulerapassé-la, O argumento se desenvolve da seeuinte maneira: caso seja dada uma pequena vantagem i tartaruga, Aquiles deve comecar sempre pot atingr o ponto de onde a tartaruga parti, Mas, 10 ‘momento em que ele aleanga esse ponto, a trtruga, por sua ver, teri andado um pouco mais Novamente Aquiles teri de Seto movimento uma sia? Zeno oe Hibs 9 veneer essa nove disineia, S6 que, ao aleanga tHe ponte tartaruga jf ent se deslocado aovamente, de cal unnets ee, vencendo as distincias, Aqulles nfo 56 ounea aleangara a tt raga, como dela se aproximart indefinidamente, As destiny vio dimingindo de acordo com a divisilidade do tnjet, unas como a teajetéxia pode ser infinitame re dividida, pois 6 espaci a diminuigio da distincia ist se muhiplicarinfinieament (Or, tal argementagio, bascada nu idéin de que 0 ser ‘quanto espago € divisivel —€ ax infnitamente divisivel~ encon tim-se também no paradoxo da dicosomia. Segundo este, 2 impos- sbilidade do movimentn sed pelo fato deo mével ter de sting primeiro a metade, antes de concur © percurso. Chegando na mesade, tri de ating a metade da metade Fim seguica,a mende metade da metade da metade da metzde De tal forma qe a exda metade, uma nowa metade deve ser atin camerade da metade, id, impedindo gue o mével aleance o fim do pereurso, poi er de veneer metades que se cividem infiniamente, Hi ume variznte da argumentagio: se 0 ser for eivisivel um corredor jamais pereorreri uma distincia para aleancar a meta de chegada, pois no se pode vencer em um tempo fait — o tempo de durigio da corrida ~ uma distancia infinita de ppontos espaciais. Nesta varinglo, o que se demonsita € ain compatbilidade entre 0 tempo finito da corrida e a infinimade «la divisiblidade espacial, O teresito paradoxo & 2 da fecha, Lim arqueiro jamais me PréSocrieos atingitia 0 zlvo com a sua flecha, pois toda flecha, no ar, se ‘encontra em repouso, uma vez que uma coisa esti sempre em repouso quando ocupa um lugar idéntico a si mesms. Neste 9, lech ocupars, em cada instante, wm Lagat i tien & si mesma, estando, em cada instante, portento, em repouso, Zenio, enti, conclui que o movimento & uma sucesso de Fepousos. Mas 0 que é isso? O movimento € repose © a su tessio de repousos engendra © movimento? Mais uma vez 0 movimento se apresen a impensivel para o Al6sof, pois im plice contradicio, Enfim, 0 parsdoxo do estidio, eumbém conhecido como o patadoxo do dobro eda metade do tempo. Aqui, Ze: de que pensemos trés conjuntos de cotpos— A, Be C uum deles formado pela soma de quatro unidades: dio se encontra imével 9 can. la sob A, da esquerda pata a dirita; enquanto o C desfila da diteits pasa a esquesda. A velocidade do conjunto B =a do conjunto C sio iguais. Segundo Zeno, quan do 0s conjuntos B ¢ C estiverem totalmente alinhados como conjnto A, Ser 0 movimento uma Hasso? Zeno ce Hea tor AAA cere cece, cada um deles teri percorrido duas unidades do corjunio A e (quatro unidades do outz0 conjunto, ou sea, B ter pereorvide, dduas vnidades de A e quata unidades de C,o mesmo para ( Segundo o argument, para chegarem complesamente sol A. Be, p dobro e na metade do sam o dobro ea metade da distinc, 90 po, Para Zenio, o tempo que 1 gastou para pereoster dois pontos de A € igual ao tempo gasio para percorrer quatro pontos de C. Assim, B passard diante de 2A ede 4C no mesmo periodo de tempo. Como no paradoxo 6 prossuposta a identidade do espago e do tempo ~ cada ponte percorrido correspondea um ponto no espago ea um instante zo tempo — conelui-se que a metade do tempo é igual a0 do. boro do tempo, © que & contraditério. Com tais patadoxos, Zeno quis provar que Pesménides tina exzio, Mas quis, igualmente, provar algo mais: o movi ‘mento eo eniltiplo sho imper gow pereepsa0 do movimento; niko negou que os nossos sentidos percebem © ‘movimento, o milipl, @variagio; no negou a nossa experi. cia de vida. O que cle quis foi subosdinar os dados dos sentidos as exigincias Yigieas do pensamento, para mostrar que & expe lor PréSocriios riéncia do movimento e a da multiplcidade sio itracionais. A rat, segundo ele, sempre chega 3 contnadicio quando quer pensar o movimento segundo as suas les Wyicas ¢ matematcas, Claro que ¢ possivel erticar = posigio de Zenio, pois o ‘conctito de raz, no seu tempo, ainda estave nascendio, O desenvolvimento da #2240, no correr de tempo, ini: mostrar ‘que seus argumentos estavarn errados, No entanto, uma inegi- ‘vel contribuigio foi dada por Zeniio e seu mestre Parménides: nna condigio de inicisdores da Laigica, de precursotes da Ontologia, de inventores dos unitersai, cles leparam, paca @ Filosofia e a Ciéncia, a idéia de que tv leis imutiveis na Nagn- reza. E essa é uma das condigdes do afiver cienifico,

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