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: r PREFEITURA DE JUIZ DE FORA ty iin rt Ay . Pou mau, Arte Solidaria + Artes Plasticas Bandas Novas * Biblioteca Municipal Murilo Mendes * Centro Cultural Bernardo Mascarenhas *Cinema + Festas Populares *Funalfa Edigdes + Lei Murilo Mendes » Literatura * Memoria *Museu da Imagem e do Som *Museu Ferroviario * Museu Mariano Procépio * Nossa Musica *Patriménio + Projeto Descobrir *Teatro Paschoal Carlos Magno O novo projets do Teatro Paschoal Carlos Magno contempla a arte, a estética ea qualidade de um projeto pronto para ser executado, Pagina 24 4 W 7 O acervo do Museu Bee ts: Ferroviario é resgatado pela Funalfa em prédio que est em processo de tombamento pelo IEPHA, Minas Gerais. Pagina 29 De volta 4 Avenida Rio Branco, os desfiles do carnaval juizforano passam a vibrar no compasso dos anscios do povo Paginas 45 © 49 Recursos da ordem de R$ 5.600.000 jé esto aprovados pclo BNDES para beneficiar 0 Museu Mariano Procépio Pagina 72 O prefeito Tarcisio Delgado reitera a importincia do projeto Mercocidades como vitrine fundamental para a cultura juizforana P Pagina 66 » (Cultura 1997 + 2004» Publicagio da Preftitura de Juiz de Fora + Fundasio| Cultural Alfredo Ferreira Lage + Funalfa + Av. Rio Branco, 2234, Centro Juiz de Fora, Minas Gerais. + Fax: (32)32155687 + Fone: (32)3690-7033 + CEP: 36016310 + email: funalfa@funalfaartbr * Distribuisio dlrigida - Presidente Tarcisio Delgado + Superintendente Jost Alberto Pinho Neves Assessora de Relagdes Pablicas Fernanda Brasileiro » Editora Katia Dias Projeto Grifico e Editoracio Eletrénica Rogério Caetano + Fotografias Arquivo Funalfa INDICE 5 Entrevista com Tarcisio Delgado Museu Mariano Procépio 8 11 Artes Plasticas Bandas Novas 14. ica Cinema em primeiro plano 18 22 0s bastidores da cultura Teatro Paschoal Carlos Magno 24 27 Punalfa Edicdes Resgate do Museu Ferrovidrio 29 311 Museu da Imagem e do Som Teatro: uma cena em ebuligio 35. 39 Prémio Cidade de Juiz. de Fora Modernizagio e profissionalismo 42 45 Carnaval ganha a Avenida As festas do povo 49 51 Patrimonio Eclético Projeto Descobrir 55 57 Biblioteca Murilo Mendes Jornal Orpheu 59 62 A Fabrica de cultura Mercocidades 66 72 Museu Mariano Procépio 15 Reflexdes 80 Fazer cultura. funalfa nha 0b ADEMIR FERNANDES DE SOUSA ADILSONANTONIO ROSA ADRIANAABRANTES ADRIANADE LO! C. RODRIGUES AFONSO ESTEVAM DE ANDRADE JUNIOR AIRTON PEREIRAGAUDENCIO ALEXA\ MARIAK. VIANELO ANAMARIAMARTINS RIBEIRO DE OLIVEIRA ANAPAULADILLY DEANDRADE Al DE SOUZAGONCALVES PEREIRA ANGELICA PEREIRA SIPIAO ANNALUCIADE AMEIDA ANTONIO’ CARLOS DURCOFILHO ANTONIO CESAR BRANDAO ANTONIO GERALDO DAC. MOURA ANTONIO}! [AGUIAR AUGUSTO C. DOS SANTOS JUNIOR AULUS DE MORAES AUTAMARIADE AQUINO TABET ALBERTO CAMPOS CARLOS ALBERTO FRANCO E SILVA CARLOS ALBERTO HARGREAVES BOTTI ¢ COSTA VALERIO CARLOS HENRIQUE F.S.LOPES CARLOS JORGE DIAS CARLOS LUIZ MACHADO 6 SOUZA CELSO NORONHA CLARISSE ARAUJO PEREIRA CLAUDIO CONDE ADASILVA CLAUDIO ME MUSSE CRISTIANNE ZAKA DANIELAGUIMARAES DANIELE MARIE UHEBE DANIEL CORREA Dr OLIVEIRACABRAL DNAR ROCHA DOUGLAS FAZOLATTO DOUGLAS DE PAULAPISSOLATO DOZAN MACHADO EDWARD RIANELLI DE SOUZASANTOS EDMILSON DEALMEIDAPEREIRA ELAINE MARI ELMALOPES DE OLIVEIRA ELOHIR JOSE DO NASCIMENTO ELZAMARIA CARVALHO ENEIDA MAF), SOUZA FERNANDAAMARALALMEIDA FERNANDAGUEDES BRASILEIRO FERNANDO EDUARDO & LIMA FRANCISCO DE PAULAALMEIDA FRANCISLENE P.O. DELGADO FREDERICO MERI GER! ROBERTO DO AMARAL GERDAJULIANADE ABREU MACHADO GIOVANNAGRASIANE DE SOUSA Gl! EZEQUIELDOS SANTOS HENRIQUE M. COIMBRAFERREIRA HILDAR. DE PAULA IACYRANDERSO! PEREIRADASILVA ISABELCRISTINAVENTURAFALCE IVANICE C. LOPES IVETE DELIMABASTOS | JOAO BATISTARODRIGUES JOAO BATISTAFELIX DA SILVA JOAO BATISTA VIEIRADEALMEIDA JOA DESOUZA JOELCIOLANDIN JONEUYLMAMDASILVA JORGE ANTONIO FERREIRADACOSTA J ALBERTO PINHONEVES JOSE ANTONIO BALDUTTI JOSE AUGUSTO SCHIMIDT JOSE BERTGES DASILVA JOSELUIZDEOLIVEIRA JOSELUIZDE SOUZA JOSE LUIZ RIBEIRO JOSEMAURICIO CESAR DASILVA JULIO CESAR GONGALVES JULIO CESAR GUEDES JURANDIRAMOS JUSSA\ LARISSA CARVALHO PINHEIRO LAURINDO ANTONIO NETO LEANDRO DOS REIS GOMES LEI LILLYAM VENTURA DASILVA LUCIADE FATIMAG DOS SANTOS LUCIAPIRES AMARAL LUCIMAR DA‘ EDUARDO DE MIRANDALOPES LUIZ OTAVIO DE OLIVEIRA LUIZ RICARDO QUEIROZ LUZIALE! MAGNO MARTINS DE OLIVEIRA MARCELO CLETO MOREIRA MARCELO HELENO DEMEDEIROS MARCOAURELIO DEASSIS MARCOS MARINHO MARCOS VINICIUS DE GODOY MARCUS LADEI MARIA APARECIDA MENDES RIBEIRO MARIAAPARECIDA SILVA ASSIS MARIA ANGELA CAMAR\ APARECIDALOPES MARIAAPARECIDALOUZADA MARIAAUXILIADORABOREM MARIACECILIA MI A.P. MARQUES MARIADAS GRACASALMEIDA MARIADAS GRAQAS FERREIRAPIRES MARIA DAS DE FATIMAARAUJO MARIADE FATIMAARAUJO AGUIAR MARIADE FATIMAFONSECARESENDE | ANDRADE MARIAHILDAG RAMOS MARIAINES COUTINHO MARIALOURESAZEVEDO MARIASAL APARECIDALOURES MARIZATIMPONI PEREIRARODRIGUES MARLUCE FAJARDO MAURICIO FAG! MUNIRAUGUSTO YASBECK NANCY CORREAPLONCZYNSKI NARCISSE SZYMANOWSKI NATALLE VELLOSO OSMARCHOR OSMARDACUNHA PATRICIABARBOSA DA SILVA PATRICIA SA DIAS GOMES PAULOMARFORI PAULOPERROT! PAULO ROBERTO ALVAREZ PAULO ROBERTO SANTI CARVALHOJARDIM RAQUELM.SILVESTRE RAULMOURAORUELA REALINOR.DOSREIS REGI| RITADE CASSIAANDRADE PROCOPIO RITADE CASSIANASCIMENTO ROBERTOVIEIRA ROBS CAETANO ROGERIOTERRA RONALDO BORTON! RONANLOBO RODRIGUES ROSAM.T. DE PA\ CARLOSGRIGORIO SEBASTIAOFERREIRADASILVA SEBASTIAO MISAEL SERGIO DO CARMO Ri TORRES SILVIA MENDES DE OLIVEIRA SILVIO LUIZ DALPRA SONIA LEAL LUSTOSA SONIA MAR TEREZINHAR. COSTACAPUTO VANDAL. DE OLIVEIRA VANDERLE! DORNELAS TOMAZ VIRGINA Gi ELIAS DAFONSECA WELLINGTON JORGE DASILVA WILLIAM GASPARETE BARROSO WILMA MOR! Strugaos da eultura QESF. DEANDRADE ADRIANAVILLELAMENDES ADRIANADE SOUZAPEREIRA AFONSO CELSO (ANICOLATO ALVES ALOISIO ARNALDO DE CASTRO NUNES ANALIVIADELGADO SAGIORO ANA )IR CAMPOS DE PAULALOPES ANDERSON HEREDIADACOSTA ANDREAD.GERHEIM ANESLEY LOS DEARAUJO PORTO ANTONIO CARLOS DE SOUZA ANTONIO CARLOS DUARTE ANTONIO SEPEREIRAALVES APARECIDAF. DUQUE ARIOVISTO DAIBERT DE CARVALHO ARMANDO F. DE ZENDAMARIAV BARA BEATRIZ PERROTICANTUDO BERNADETE LOPES GONCALVES CARLOS ARLOS AUGUSTO NEVES FRANGA CARLOS BRACHER CARLOS CESAR ARCANJO CARLOS DA |MES CARLOS RAFAELDAFONSECACESTARO CARMEMM.COUTO NAVARRO. CECILIAM. M. DE TINS CLENIR MARIADE JESUS CIRO TABET CONCEIGAO SCOTTFIGUEIRA CRISTINAFERRAZ IIELDOS SANTOS CARNEIRO DARCIPEREIRADA SILVA DERLY GOMES DE OLIVEIRA DIVA DE EGUEDES DE OLIVEIRA EDNAMARIADEALMEIDA EDSON DA SILVA PRIMO EDUARDO DE PAULA § ELIANAMARIAMACHADO ELIZABETH MACEDO SANTOS FERRAZ ELIZABETH PACE CARREIRA DE MIRANDA EPHIGENIA BARRETO DASILVA _EPONINACASTOR DE MELLO ERIDAN S. LEAO DE JAR FERNANDO FABIOFIORESE FLAVIOALOISO CARNEIRO FLAVIO CHEKER FLAVIO FERRAZ DO ALVES FERREIRA GERALDO FAVERO FILHO GERALDO FRANCISCO BALBUTTI GERALDO ERTOALVES GRACIELLE DELGADO ELPES HELIANE CASARIN HENRIQUES MANCINI HELIOMAR JEITAS IKAT. B. ZANCHETTA ILIANAMAALDI DE OLIVEIRA IRENE MARISTANIREISTORGA IRLAN BELPUNTELMOTTA JACQUELINE DASILVA JAIRO MORATORIODOCARMO JOAOALVES VIEIRA JARLOS TRISTAO FONSECA JOAO VIANASALVADOR JOAQUIMESTEVAO CASAL! JOEL ZAQUINI ERAIMUNDO SANGLARD DE PAULA JORGE VALERIODOSREIS JORGESNEIDE SOUZA JOSE {REIS JOSE EDUARDO MOREIRA JOSE ELIAS VALERIO JOSE FRANCISCOGARCIA JOSE LUIZ IELOLEMOS JOSE ROCHABARROS JOSE ROCHABARROS JOSE VALTER DE ARAUJO JULIO }SOARES KARLABEATRIX GRANDE PANCINI _KASSIALEALALCANTARA LAFAYETE ANDRADA MARAL LEILAMARIA FONSECA BARBOSA LEONOR CARNEIRO LIGIA MARIA ALVES LACERDA {A LUCY MARIABRANDAO LUIZAUGUSTO KNOPP DE MENDONCA LUIZDEALMEIDANETO LUIZ BARRETO LYGIADIAS DE TOLEDO MAGALI DELGADO LANDIM MAGDA SIMOES BARREIROS DELO MARTINS GONGALVES MARCELO PEREIRAMACHADO MARCELO PROCOPIO DE OLIVEIRA HBORTOLI_MARGARETH DO CARMO SELL MARGARIDAM.F.MAIA MARIAAPARECIDADACOSTA JAVALCANTE MARIA APARECIDA B. ABDALLAH MARIA APARECIDA BARRAL FEREIRA MARIA E LIMA MARIADAGUIAS. FILGUEIRAS MARIADAS DORES SOARES SILVA_MARIADAS GRAGAS CAS SARMENTO DUARTE MARIADAS GRACAS SILVA MARIADAS GRAGAS SILVABISPO MARIA RIA ENY PEREIRADASILVA MARIAHELENAGONCALVES CAMPOS MARIAHELENAM. M. DE SA EF.FIGUEIRA MARIA VITORIAARANTES PORTUGAL MARILIAL. GUIMARAES PEDROSA MARISA RJSAMPAIO MAURICIO RIBEIRO DE ASSIS MAUROPIANTA MIRIAM FREITAS ESTIDES DELGADO NELLO (NATALIO LUZ) NELSON SIQUEIRA NILO DEARAUJO CAMPOS OLIVIADE PAULALOPES UZA_PAULINO PEIXOTO PAULO CESAR DACOSTA PAULO DOS SANTOS PAULO MARCELO PEDRO IVOCORREA PEDRO MARCUS DE OLIVEIRA PRISCILALANINIDE CARVALHO RACHEL RREIRA BONFATTI REGINA. M. F.PAVAO REGINALDO GOULART DE MATOS RICHARD W.O. LIMA RRA RODOLFO FURTADO DE MENDONCA ROGERIO ALEXANDRE DASILVA ROGERIO PIRES }OSELIMDEPAIVAPEREIRA ROOSEVELT CAMPOS NINA RUIPEREIRADACOSTA SEBASTIAO SERGIO MURILO NEWMAN SERGIOWERNECK RODRIGUES SHIRLEY GOMES LEAO SHIRLEY HILVEIRA DA COSTA SONIA MOREIRA FARTES STELLA M. COMISSARIO JRIO DASILVA WAGNOALTIVO MIRANDA DE CARVALHO WALLACE LEONARDO DIANA WELAINE 4 ZELIALUCIALIMA “TRANSFORMACAO SOCIAL EERE spas hin se faz pela cultura, nao ha outro meio DELGADO 0 finalizar seu terceiro mandato como chefe do Exccutivo de Juiz de Fora, 0 prefeito Tarcisio Delgado faz uma avaliagio positiva da-admi- nistragio na érea cultural. Entre os pontos destacados por eleestio as investimentos na preservagio da meméria ¢ do patriménio, 0 aperfeigoamento da Lei Murilo Mendes, o resgate do carnaval ea luta pela democratiza- ao cultural Quais foram os avangos da administragio na area de preservacio do patri- ménio e da meméria? Esse é um ponto impor tante, que demonstra o grau de civilizagio de uma cidade, Quanto mais civilizada & a sociedade, mais cultua e preserva sua historia. Como diz o ditado: “Quem nao tem meméria, nio faz historia”. és, por meio da Funalfa, procuramos desenvolver um. trabalho interessante na Area, desde a implantagio da reserva técnica do Museu Mariano Procépio, passando pelo fortalccimento da politica de patriménio cultural. Atualizamos a le, introduzimos o conceito de bern imaterial,editamos publicagées como “Guia dos Bens ‘Tombados de Juiz de Fora”, “Ruas da Cidade”, “Memetia da Urbe: bens tombados” e “Memiéria: Conhecer para reservar”. Enfim, avangamos na cidade com restauracio de grandes reas, parques, pragas, ruas e iméveis. Em termos absolutos fizemos muito, mas em termos proporcionais foi pouco, porque ainda ha muito a ser feito. Este processo dinamico da administragdo publica. Andamos com 4 atengio sempre voltada 4 preservacio da meméria, Recuperamos, por exemplo, © primeiro programa de saneamento da cidade, O “Plano Howyan” foi criado ha mais de 100 anos e estava “0 administrador tem que ter sensibilidade para captar a vontade do povo, saber 0 que ele pensa’ Jacqueline Silva perdido. Localizamos o original, restauramos, fizemos a tradugio e publicamos para distribuir. O projeto foi criado por um francés, G. Howyan, quan- do a cidade tinha 12 mil habitantes. sui generis, ‘Também é importante destacar a revitalizagio do Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, a implan- tagio do Museu Ferroviério e a entrega da sede propria da Sociedade Anténio Parreiras, na Praca da Estagio. Inyestimos ainda no patriménio imaterial. Buscamos resgatar tradigbes como a Folia de Reis e as Festas Juninas, que estavam ficando esquecidas. Outro destaque foi o registro do Apito do MeioDia da Joalharia Metidiano, um marco historico ” da cidade, Por trés anos, Juiz. de Fora coordenou a Unidade Temé- tica Cultura da Rede Mercocidades. De que forma esta experiéncia contribuiu para 0 municipio? Acoordenagio da UT Cultura foi, certamente, uum dos pontos altos na nossa gestio. Todos os anos na cipula da Mercocidades, quando sio apresen- tados relatérios das UTS, fomos aplaudidos de pé. Elevamos o nome de nossa cidade de maneira dife- renciada. Hoje, somos referéncia de cultura em todo 0 Mercosul. Isso trouxe visibilidade para o municipio. Apostei na Rede Mercocidades desde 0 primeiro momento, fui membro do conselho diretor. Sou um entusiasta da proposta. Acho importante o movimento continental para fazer frente a globalizagio. Os blocos regionais devem, cada dia ‘mais, estreitar seu relacionamento para se defender ¢ enfrentar outros grupos. Como 0 senhor avalia a trajetoria da Lei Mu- rilo Mendes nos dltimos anos? ‘A execucio da lei avangou demais. Quando entramos, 0 recurso orcamentitio era de RS 100 mil. Estamos fechando agora com um orgamento de RS 1 milhio. Todas as areas foram projetadas com a lei ¢ os produtos foram de qualidade. E claro que sempre & importante promover ajustes ¢ aumento do valor destinado aos projetos seré sempre bem-vindo. O fato é que hoje a Lei Murilo Mendes ¢ exemplo de legislagio ‘municipal quanto & aplicagio e fiscalizagio. A administragio conseguiu superar o desafio de levar cultura aos bairros da cidade? Na frea de cultura popular fizemos bastante coisa, mas nio fizemos tudo. Avangamos menos que deveriamos. A prépria Lei Murilo Mendes em um ‘momento qualquer teri que ampliar 0 foco em propostas que contemplem a periferia. O ‘movimento jf foi iniciado com projetos como: “Benfica da gente”, que oferece curso de iniciagio a produgio audiovi- sual para estudantes da rede publica na Zona Norte; “Teatro nas Quartas", com apresen- tages gratuitas em bairros como Vila Olavo Costa, Bandeirantes, Santa Luzia e Santa Efigénia, ¢ a criagdo da biblioteca comunitiria Farol do Saber, em Monte Castelo. Ha ainda 0 projeto Descobrir, que contempla criangas da rede escolar em todos 0s bairros. $6 em 2004, mais de 35 mil estudantes foram beneficiados com espeticulos de circo ¢ teatro, visitas a parques de diversio e exposigaes de artes. Como o senhor avalia a situagio do Museu Mariano Procépio, que tem sido alvo de criticas? 'Nés fizemos o que nunca foi feito antes. pouco sim, ‘mas nunca havia sido feito. Investimos tanto no parque quanto no acervo. Implantamos a reserva técnica dentro das especificages mais modemas, com climatizagio. O acervo nio-exposto era guardado de forma inadequada, com risco de deterioragio. Também fizemos varias reformas internas no museu. Evidentemente ¢ preciso fazer mais. £ importante dizer que nés j& deixamos aprovado pelo BNDES um projeto de RS 5 milhées para cy, ‘Ja aprovamos pelo BNDES mais de R$ 5.000.000 para o Museu Mariano eat 0D Procopio © Museu Mariano Procépio. O recurso deve se liberac a partir do ano que vem. Buscar mecanismos de inclusio foi uma me perseguida de forma continua. A Prefeitu conseguit contemplar todos os segmentos socis na rea de cultura? ‘Nao sei se contemplamos inteiramente. Se form muito autocriticos, diriamos que poderiamos ter fei ‘mais, No entanto, fizemos muito. A inclusio éa gran palavra da administragao geral. Por meio de manifestacé populares e projetos em diversas reas, contemplam riangas, adultos, terceira idade e adolescentes. E importante permitir que as mai festagdes sejam espontineas € nfo apenas promovic pelo poder piiblico. Temos que apoiar e difundir. Afinal, valeu a po mica em torno da rea zagio do carnaval na R Branco? A Avenida Rio Brar nao € 0 local ideal, mas 1 nao descobrimos oui espago. Pesquisamos mu com as escolas de sam Varias alternativas for apresentadas, mas sem tinha um inconveniente. A Rio Branco nio éo mell lugar para fazer 0 carnaval, € 0 ‘inico lugar em « conseguimos atrair o piblico ¢ manter a animag Assumimos o sacrificio de fazer os destiles Is. As pess falam muito em sambédromo. Tendo local é a cc mais facil que tem. Pode ser de cimento armado até mesmo com a estrutura de arquibane: desmontivel, como nés montamos na Avenida Branco. & muito barato inclusive. Mas, nao ha lv razoivel. O administrador tem que ter sensibilid para captar a vontade do povo. Saber o que cle per Nio adianta fazer 0 desfile das escolas em um Ic ‘onde 0 povo nao vai. elo que procurci até hoje na cidade, acho quea compativel vai ser achada no dia em que tirarem am: ferroviaria do centro da cidade. Quando isso aconte na via férrea sera aberta uma grande avenida, que poe abrigar o sambédromo. O carnaval ¢ importante pe cidade, faz parte de nossa meméria. As pessoas lemb de camavais ha quase 100 anos. Muitas mudangas aoonteceram desde entio. Temos que preservar a festa, dentro da evolugio natural das coisas. Em 1966,0 carnaval passou por uma mudanga de fisionomia. Era um camaval de corso, centrado na Rua Halfeld. Eu lembro disso, era rapazinho. Depois, o carnaval passou a ser na avenida, com alegorias que nao existiam até entio. Como 0 senhor avalia o desempenho das escolas de samba? Nés temos dois problemas para acertar em Juiz de Fora: escolas de samba e futebol. Esti dificil equacionar estes dois pontos. © poder piblico néo pode assumira Liga das Escolas de Samba nem montar um time de futebol. Existem competéncias diferentes do municipio eda liga. Harmonizacio e comprome timento séo fundamentais no proceso. Ha 30 anos ougo o discurso de que as escolas vio comecar a trabalhar para viabilizar o carnaval logo depois da Semana Santa. Depois, 0 assunto é esquecido e s6 se uve falar disso de novo ji no final do ano, as vésperas do carnaval. Nao ha um trabalho conseqiiente para produzir a festa sob o aspecto de obter recursos ¢ de apresentacio mesmo. O carnaval é muito aquém do que poderia set. A cidade nio pode insistir em fazer s6 um carnaval no modelo do Rio de Janeiro, s6 escola de samba. Nao di para concorrer com o Rio, nem Sio Paulo consegue. Acho que deveriamos investir no carnaval tipo da Banda Daki, Bloco do Beco ¢ JF Folia. Um carnaval de povio. Jé discuti muito Com os carnavalescos, mas o pessoal mais antigo do samba no quer abandonar o modelo. Podemos até manter os desfiles como tradigao, mas 0 investimento deveria ser mais no outro modelo de camaval, com maior participagio popular. Hi termos de comparagio entre a politica cultural da gestio que s primeira administracio? E dificil comparar administragées porque sio realidades completamente diferentes. Em qualquer época, cultura sempre foi importante para mim. Apesar da falta de recursos, osetor sempre tem destaque em minhas administragdes. Eu entendo que a transformagio social se faz pela cultura, nio ha outro: encerra com a da sua Cae Somos referéncia de cultura em todo o Mercosul. Isso trouxe visibilidade para o municipio” Novos rumos para um iCONE DA MEMORIA Jacqueline Silva A vila foi edificada por Mariano Procépio em 1861, para receber 4 Familia Imperial de D. Pedro IT Ainda funcionando como departamenta Fundacdo Cultural Alfredo Ferreira Lage - Funal museu recebeu desde 1997 investimentos conti dentro da realidade financeira do municip vo, com mais cone da cultura de Juiz de Fora, © Museu Mariano Procépio encerra o ano de 2004 prestesa trilhar novos rumos. A transformagio do prevista na pio, tem sido amplamente reforma espago em funda administrativa do munici debatida por setores ligados 4 Administracao Muni- cipal, Legislativo, Conselho de Amigos do Museu, Adiscussio ainda nio__convénios e contratos com empres Vitae, de Sao Paulo, e a Espaco & Tempo, del Horizonte, além dos importantes parceiros loca cativas foi a crag considerando a magnitude do ace fentativas de superar as limita as por mei mil pegas. amentirias foram concretizad: as como a Full imprensa e sociedade em geral se encerrou, novas contribuigdes sio aguardadas ¢ 2 assado por ajustes, em busca do modelo ado o contrato de doagio do Uma das ages mais signifi reserva técnica do mus proposta tem p: mais adequado, respeita acervo para o municipio. uu, que garantl 8 armazenamento ade- quado de parte significa- tiva do acervo, antes sujeita a um proceso continuo de deteriora- sao. Paralelamente, foram feitos investi- mentos na recuperagio de peas em mau estado de conservagio. Como. desdobramento da iniciativa, foram ad- quitidas molduras para diversas telas. O acervo da insti- tuigdo foi ampliado com a aquisigdo de valiosos desenhos de Anténio Parrciras ¢ Eliseu Visconti, renomados artistas do final do século XIX, além de pintura de Rodolfo Amoedo. A importincia da colegio foi testada com o empréstimo de pegas, de comum acordo com o Conselho de Amigos do Museu, para exposigies de alcance nacional como Bienal de Sio Paulo Brasil 500 anos. A montagem da Sala de Histéria Natural, totalmente remodelada e climatizada, também contribuiu para valorizago do museu. Uma das areas preferidas pelos visitantes mirins, o setor exibe a colegio de minerais de Alfredo Ferreira Lage, além de exemplares de animais e vegetais do Brasil edo exterior. A colegio de livros raros também mereceu atengio especial, com revisio do espago ¢ mobilidrio. Em parceria com funcionarios e administradores, foram definidas regras para pesquisa no espago, de acordo com padrées internacionais Sujeito a aco natural do tempo, 0 teto da Galeria Maria Amilia foi alvo de restauragio em 1999 ¢ 2004, para a fixagio de rebocos soltos. Também foram feitos investimentos na recuperagio do telhado do museu, que esti recebendo moderno projeto de para-raios. Com 0 objetivo de expor o acervo do museu, foram promovidas mostras diversas. Ainda na vertente de democratizagio do acesso & rica colegio do espaco, foi langado o album “A fotografia no Museu Mariano Procdpio”, de Afonso Rodrigues, editado com apoio da.Lci Murilo Mendes de Incentivo a Cultura. investimento no quadro de pessoal foi uma marca da atual administragio, que, além de pro- Fotografia integrante do acerco porcionar cursos de aperfeigoamento, recompés 0 quadro de funcionarios por meio de concurso piblico. Atualmente, trés projetos de financiamento estio em tramitagio, sob a batuta da Diretoria de Planejamento ¢ Gestio Estratégica (DPGE), sendo um deles jé aprovado e aguardando liberacao de verba do Governo federal “Os grandes desafios do Museu Mariano Procépio neste momento sio manter 0 conjunto do acervo, que j4 passou por um proceso de descaracterizacio, ¢ investir na modernizagio muscoldgica, dentro de conceitos contempo- rineos”, avalia o superintendente da Funalfa, José Alberto Pinho Neves. “Tiradentes Esquartejado”, de Pedro Américo, uma das principais obras do acervo @ mostra Marco do de Juiz. de Fora, 0 Museu Mariano Procépio teve ioneirismo em na obstinacao de edo Ferreira Lage (1865 944), que ¢ 3 formagio de um ‘ou sua vida os mais significativos acervos artisticos, histéricos ¢ de céncias naturais do pais. Em 1915, em museu parti ara Villa edificada por seu pai Mariano Procépio Ferreira age, em 1861, para receber a Familia Imperial do Brasil. Nasc A Minas e um dos mais, primeiro museu significativos do Brasil A ampliagio do acervo levou a onstrucio de um anexo, onde foi criada s Galatia Maria Acoslia, par Programa de Estrutura¢io Vidria: componente parte das obras que integram uma revitalizagio Pee cases de seconhecida import + Entidade financiadora: Banco Nacional de rbrangendo, prindpalmente, o period Desenvolvimento Econémico, BNDES de 1870 a 1930. Em 13 de maio de 1922, + Valor total: R$ 4,341.000,00 S Mises MEERRBRocépio: foi + Situagio tual: recurso aprovado, aguardando oficialmente aberto ao piblico. Jé em Governo Feder fevereiro de 1936, Alfredo Ferreira Lage ‘ratamento técnico e acondicionamento Projeto de 1 fetivou a doacdo ao municipio do de acervo > Mus snjunto do parque ¢ See consiituldo de cerca de + Entidade financiadora: Caixa Econémica 5 mil objetos nas categorias: pintura, Fetal CEP ac + Valor total: RS 331.322,28 escultur ura, desenho, livros raros, + Situagdo atual: aguardando retorno scumento, fotografia, mobiliario, prataria, armaria, numismatica, Projeto de Preservacio do acervo cultural car de Flisticia Natural + Entidade financiadora: Banco Nacional de Desen volvimento Econémico, BNDES + Valor total: RS 553,912,63 + Contrapartida da PJP: R$ 72.249,47 + Valor solicitado: R$ 481.663,16 Situacio atual: aguardando respos do BNDS Juiz de Fora se contextualiza no 5 ESPIRITO DO MUNDO Jinguagem visual é uma das primeiras for- A= de expressio humana, ¢ entrar no uni- verso de um artista plastico é uma viagem sem limite. Diante de um quadro, escultura ou instala- 640, 0 senso de observacio do espectador procura por definigdes sobre aquilo que esta sendo visto. Este ato revela o fascinio que exercem as artes plisticas ¢ a forca da ilusio sobre o imaginario humano. Nos iltimos cinco anos, o Centro Cultural Bemardo Mascarenhas exibiu para a populacio de Juiz de Fora ‘Trabalhos dos mais variados artistas com os mais diferentes estilos puderam ser vistos nesta terra onde corre o Paraibuna. Ao todo, as galerias do CCBM receberam 300 mil visitantes. E pensar que tudo isso comegou com uma deter minacio de D. Joao VI, que importou da Europa ar- tistas para 0 novo mundo. Era a chamada “Missio Francesa’, que chegou nas terras tupiniquins a bordo ‘A obra de Joan Miré integrou "Modernidade Européia: de Renoir a Mondrian” Fernanda Brasileiro do navio americano “Calphe”, em 1816. O grupo, que era liderado por Joaquim Lebreton, e que tinha na co- mitiva os pintores Jean-Baptista Debret e Nicolas Antoine Taunay, os escultores Auguste Marie Taunay, Mare ¢ Zéphirin Ferrez € 0 arquiteto Grandjean de Montigny, fundou aqui o que, hoje, conhecemos como a Escola de Belas Artes da UFRJ. Para a diretora do CCBM, Andréa Gerheim, Juiz de Fora tem sido uma cidade privilegiada no que diz res- peito ds artes plisticas, porque “poucas metrépoles tém acesso as exposigdes que sio apresentadas na cidade”, Em 2000, a mostra “Modernidade Europtia: de Renoir a Mondrian”, do acervo do Museu Nacional de Belas Artes, do Rio de Janeiro, exibiu quase cinco décadas da arte da gravura do Ocidente. Obras de Toulouse Lautrec, Miré, Chagall, Picasso, Dali, Leger, Segonzac, Delaunay, mestres da historia da arte de varios periodos ¢ com técnicas @ Noemisa 5 Batista ema Poesia em A genialidadeem “Leonardo dda Vinci : maravilhas variadas. O espectador esteve diante de um dos mais valiosos acervos piblicos de artes grificas do mundo, Em 2001 0 nosso conhecido mundialmente Carlos Bracher, apresentou a exposicio “5 X Bracher”, Fo- ram 56 trabalhos, mostrando uma pintura intensa, profunda, perturbadora e magnifica, que ocuparam duas galerias do CCBM. ‘Ainda em 2001, “Jazz.~ Henri Matisse”, das cole- ges dos Museus Castro Maya e Chacara do Céu, mostrou 20 obras produzidas em Paris, no ano de 1947, em técnica porchoir, que sao colagens com pa- péis coloridos e imagens do livro que leva 0 mesmo nome da exposicio. Um outro juizforano, jé falecido, mas conside- rado como a “presenca viva na historia da arte”, teve parte de seu trabalho apresentado na cidade. Vinte e quatro obras formaram a exposi¢io “Objetos”, de Arlindo Daibert, em 2002. No mesmo ano, Juiz de Fora recebeu a mostra internacional “Interacidade”, que reuniu 56 artistas de 15 paises, a maioria inte- grante do Mercosul. “Interacidade” apresentou um painel da diversidade artistica contemporinea na América Latina e no Caribe, ao propor a interagio dos artistas com os conceitos atuais das artes plisti- cas € integrou a agenda cultural de projetos coorde- nados pela Funalfa para a Rede Mercocidades daque- leano. No ano passado, Juiz de Fora ficou de joclhos 12 diante de um acervo que é tinico no m “Oratérios: rotciro de fé e arte” reunia peas beleza ¢ originalidade. O piblico teve a oport de de desfrutar 0 encantamento representat) universo religioso e da vida social na época do Colénia ¢ do Império. Uma outra exposigio fez brilhar os olby pessoas que tém sede de conhecimento: “Leo da Vinci: maravilhas mecanicas®. Uma parce Ministério de Ciéncias e Tecnologia e 0 Mut Astronomia e Ciéncias Afins proporcionow 3 tura de Juiz de Fora e a Diretoria de Politica através da Funalfa, exibirem réplicas de proje inventos idealizados por Da Vinci, que most visio revoluciondria de um homem que esta’ anos 4 frente de seu tempo e que se inscrev: paginas da historia da arte como um dos genia tores do Renascimento. Dentre as 66 exposigdes realizadas, em no CCBM, “A Beleza do Reciclar”, do fot Roland Junck, era inédita no Brasil. O vicepre te Executivo Senior da Arcelor, que mo Luxemburgo, combina seus interesses profiss com uma paixio pela cultura, pela arte ¢ peli grafia, Materiais supostamente cinzen inexpressivos, componentes ocultos ¢ secunc tornamse arte através das doses adequadas de« asmo e profissionalismo. “Tudo pode ser fotc Originalidade e beleza em “Oratérios: roteiro de fe: : aa Anténio Parreiras, a conquista da sede definitiva A Sociedade de Belas Artes Antonio Parreiras foi criada h4 70 anos, funcionando neste periodo em varios enderegos, até que, em 1999, em parceria com a Prefeitura de uiz.de Fora, através da Funalfa, passou a ocupar o prédio da antiga Estacao Ferro- varia Central do Brasil, na Praca da Estagio. A edificagio-que no proximo ano completa 200 anos = é tombada pelo Patriménio Municipal. Para receber 0 acervo da SBAAP, que é compos- to em sua maioria por obras de alunos ¢ exalu- nos, a Funalfa realizou uma reforma estrutural no prédio, que possui trés ateliés, uma galeria e ainda uma sala de video e multimeios. Um desenho to, em 1921, por Angelo Bigi, e um retrato de An- tonio Parreiras, pintado por Carlos Gongalves na década de 30, sio rari- dades que compdem o acervo da SBAAP, que uma vez por ano é apresentado & cidade. Ainda este ano, a SBAAP, com recursos da Lei Municipal de In- centivo & Cultura (Lei Murilo Men- des), editou o livro “A Partciras seus artistas”, de Lucas Marques do Amaral. as Sor x do e, em particular, esses pequenos tesouros ocultos”, completa o empresario/artista ‘Também este ano, Juiz de Fora péde conhecer 0 resultado do trabalho de um dos fotdgrafos mais c& lebres da atualidade. Cego desde os 11 anos, oesloveno Evgen Bavcar apresentou a mostra “Memérias do Brasil”, com 30 fotografias em preto e branco. Com uma sensibilidade 4 flor da pele, Bavcar revela suas imagens a partir das descrigdes verbais dos locais por onde passa. “Nas nos olhamos sempre com o olhar do outro, mesmo que seja aquele do espelho”, decla- ra com sabedoria. ‘As artes plisticas fazem com que a gente se sinta parte do “espirito do mundo”, ela ultrapassa fronteiras nacionais ¢ rompe a barreira do tempo. Juiz de Fora, cidade do mundo, aplaude ¢ absorve a beleza plastica dos mestres, Daibert na exposi: (fo “Objetos” 13 Festival consolida todo o seu POTENCIAL MUSICAL Renata Silva Mais de 300 bandas participantes, seis discos gravados ¢ muito rock'n'roll. €0 saldo positivo do Festival de Bandas Novas, que ja faz parte do calendat oficial de Juiz de Fora, desde 1999. Tudo comecou quando os miisicos do gry Patrulha 66, Adriano e Marquinho, resolveram agitar a cidade ¢ promot um intercimbio musical. Para isso, logo pensaram em um concurs no qual os personagens principais seriam os novos talentos. Suar a camisa ¢ apresentaram a proposta a Fundacil Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), que a Iheu a idéia e fez acontecer © maior evento categoria em toda a regis. © objetivo primordial do Bandas Novas é abrir espago p 6s iniciantes, possibilitando um acréscimo cultural para a cida Neste sentido, Adriano 66 sempre orienta os participates pa que nao se prendam a concorréncia, mas ao espirito de unio. Festival € didatico, nfo nos interessa 0 que é melhor ou pion, premiagio nao é necessaria pois a competicio nao existe. O it portante é que as bandas toquem”, pondera. Ao final de cada disputa, os finalistas gravam suas misicas Estiidio Caraiva para compor 0 CD oficial do Festival c transformam em realidade o sonho de divulgagio: seu trabalho. ‘A primeira edigo do Bandas Novas foi modesta, se comparada 4 versio 2004. Segundo Adriano, tanto estrutura fisica quanto a qualidade dos grupos eram amadoras. “O salto é qualitativo se pensarmos no som, palco e até na premiagio”, diz. O que chamamos de modesto jé era um avango para a realidade juizforana, q até entio nao havia vivenciado o encontro de 42 grupos, com a presenga de mais de 10.000 pessoas no show encerramento, no Parque da Lajinha. Em scis anos, o Fest al de Bandas Novas deu um salto qualitative, incentivou novos talentos ¢ ampliou suas fronteiras 14 A dose benigna de sucesso serviu de inspiragio para os anos posteriores, gerando um conseqilente aperfeicoamento na organizagao do concurso. As exibigdes sairam dos pitios de colégios ¢ ganharam novo formato no Clube Tupi. A iluminacio, 0 som ¢ a montagem do palco to- maram ar profissional e conferiram maior respon. sabilidade As bandas. Jé em 2000, o Festival duplicou ontimero de grupos, com 86 inscritos e teve como cri tétios de julgamento a qualidade da obra musical (compo sigdes proprias), a exccucio da banda, a performance, a postu- ra de palco e a resposta do piblico, além da afinagio (cover ou versio). A motivagio social do concurso esteve sempre presente nos shows por meio da arrecadagio de alimentos nao pereciveis para as instituicdes assistenciais de Juiz de Fora. Até a edigéo 2003, cerca de 41 mil tone- ladas de produtos foram distribuidos para a comunidade. © apoio da Lei Municipal de Incentivo a Cultura ~ Lei Murilo Mendes, a partir do ano de 2001, foi o gran. de marco do Bandas Novas. © patrocinio viabilizou melhores condigées para a modernizacio do enconttro, tais como o aperfei- soamento dos discos produzidos, a criagio do site http:// www.festivaldebandasnovas.com.br e a premiagio da banda ven- cedora e do melhor guitarrista Em sua iiltima temporada, que aconteceu no periodo de maio a agosto deste ano, o Festival contou com 76 bandas inscri- tas. A novidade foi a invasio de paulistas ¢ cariocas em um evento de representatividade local. Apesar do grande ntimero de militan- tes de outros estados, as 15 finalistas foram as mineiras Maya, Crazy Mary, Dynamo, Bugs, Ex-therior, Astenia, Puke, Sinopse, (CHA e Martyrium, de Juiz de Fora, Fireworks, de Muriaé, Us Satirs, de Barroso, Silence River Down, de Rio Pomba (MG), Unload, de Miisica e flantropia também andaramn ce méos da Santos Dumont ¢ Raptor, de Uba. A campea 2004 foi a Extherior as, com os ingressos podendo ser trocados por dois que levou para casa R$1000,00 e 100 cdpias Demo de sua missica, _*W#l0s de alimentos nao pereciveis BANDAS CAMPEAS 1999 » Autumn Flowers 2000 + Freefall 2001 + The Plague 2002 + Field 2003 + Faceless 2004 + Exctherior 15 COM FOLEGO para a renovacao e muito mais ra outubro de 2001 E quando o grupo Estagio Blues encheu a Sala de Encenacio Flavio Marcio, no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM), com solos tristes de guitarra e a indisfargével melancolia da gaita blueseira. Curi- ‘050 que o género conhecido por suas letras doloridas tenha sido o primei- 10 suspiro do Projeto Nossa Masica, que de la para cf s6 fez dar alegria a0 pitblico aos miisicos que se tevezam na progra- ‘magio ininterrupta. Toda terga, religiosa- mente ds 20h30 mais ou menos, um grande nome, um desconhecido nome, um consa- grado ou promissor nome, esti tocando na Sala Flavio Marcio. Criado pela Prefeitura de Juiz de Fora através da Funalfa, sob a batuta do produtor cultural Beto Cam- pos, 0 Projeto Nossa Misica j& promoveu mais de 100 apresentagées diferentes. Caminhando para seus trés anos de vida, o programa mostra folego adoles- cente e parece longe de ter que comegar a repetir atragoes. Nestes dois anos e meio de Nossa Miisica, dé para contar nos dedos das maos do presidente Lula quantos artistas se repetiram como atracio das mostras men- sais, sempre temdticas. Isso prova nao somente 0 volu- me da produgio musical de Juiz de Fora, mas tam- 467 artistas bém a capacidade 155 bandas de renovagio do 115 shows cenirio. Novos sambis- 16 mil espectadores tas, novas bandas 16 PROJETO | NACSONG Wendell Guiducci deheavy metal, novos compositores,intérpretes,violei violonistas, violinistas, violoncelistas..a cada novo més fonte se mostra mais perene, inesgotivel evibrante. prateleira dos sons da cidade juizforana, o Nossa Misc reveza géneros tio distintos quanto 0 jazz, 0 rock, a mish ca sertaneja, 0 reggae, a miisica folclorica e tudo o mail queo leitor conseguir rotular: rock alternativo, speed met grindcore, MPB de vanguarda, scja lio diabo que for q tudo isso queira dizer. Com a mesma ginga, o projeto 20 palco um veterano Armando “Mamio” Aguiar ¢ fresquinha Nanda Cavalcante, uma clissica Tuka’s ¢ um enti recémsaidodo-forno Rama Ruana. Coin o Nossa Misica, foi criado um programa pat a integracdo entre piblico e artista. Aos misicos, s dadas condigées técnicas e mecanismos de divulga adequados i natureza do projeto. A comunidade, é da a oportunidade de conhecer a miisica que seus pr 08 vizinhos produzem, e que ela ainda nao havia pa do para ouvir. ‘As noites de tersa no CCBM costumam ter um pt aod KNDROLL ae ands aes fe 4 50 simbélico. Os convites sio vendidos pelos artistas e 0 dinheiro arrecada- do é revertido para os préprios miisicos, como uma forma de incentivo ao trabalho de cada um. £ sempre bom lembrar que cordas de violao sio ro- minticas, mas também tém seu prego no mercado... De qualquer forma, 30% dos ingressos de cada noite sio distribuidos gratuitamente pela Funalfa E, em certas programagdes, ninguém paga nada para assistir aos shows. Para os artistas jf estabelecidos, 0 Nossa Masica representa a oportunidade de se apresentar em um espago completamente diferente daquele com o qual a majoria esti acostumada. Nao apenas pelo fato de a Sala Flavio Marcio ser um teatro muito especial, com uma bela acistica e visual bacana, mas também pelas condigdes técnicas, com equipamento de luz e som de primeira E mais; tudo 0 que importa ali &a misica, ela é o prato principal e nio divide a atengio com as tentagdes comuns aos bares ¢ casas de shows. E, se isso € importante para um miisico jé conhecido na cidade, imagine para quem esti lé no comecinho da estrada, ainda sem saber direito onde é que as curvas vio dar... E ai que o papel do projeto, de mostrurio da mtisica juizforana, passa a incentivador. SOM AMPLIFICADO O sucesso do Projeto Nossa Miisica nestes trés anos e dois meses de movi- mentagio do cenério local ¢ indiscutivel. No aniversirio de dois anos, a Funalfa lancou um catilogo com os nomes ¢ os contatos de todos os artistas que jd haviam passado pelo programa, ¢ ainda incluiu outros que nao havi- am se apresentado no CCBM até entio. Era uma espécie de mapa da miisica juizforana. Para aumentar a visibilidade do cenirio, 0 projeto vem reco- Ihendo misicas em formato MP3 para serem disponibilizadas no site da Funalfa. Assim, através da grande rede - e com a béngio de uma conexio boa... 0s artistas daqui poderao ser ouvidos em qualquer parte do mundo. Agora, um antigo sonho do produtor Beto Campos vai se realizando. A partir de maio, o Nossa Mitsica vai pular o portio da frente do CCBM para ir fazer barulho nos bairros da cidade. O Nossa Misica Itinerante pretende levar, até o final de 2004, shows de artistas locais a cerca de 18 diferentes bairros da cidade, Cada convidado fari dois show por més, geralmente em pracas piblicas Cada mostra mensal seré tematica, ou seja: em um més os bairros verio uum show de jazz, no seguinte verio um de heavy metal, depois de MPB, samba, rock e por ai vai. As apresentacdes serio gratuitas ¢ devem dar conti- nuidade aquilo que o Nossa Miisica se propés desde o inicio e segue a risca como um credo: oferecer cultura ¢ lazer ao piblico e fomentar a criacao de platéia para os mtisicos. Amém. Nossa Musica MP3 me 70 missicas estio disponiveis no enderego eletronico worw.funalfa.artbr 17 Sessoes gratuitas e incentivo a onan PRODUCAO LOCAL iagio, no final do aia D século XIX, 0 cinema emo- ciona as pessoas e as remete @ um mundo de sonhos ¢ fantasia. A pritica de exibir filmes, gratuita- mente, sempre foi cultivada pela Funalfa, desde sua criagio, ha 25 anos. Atualmente, os projetos pro- movidos sio Cinema Paratodos, Nos ‘Tempos do Cinematographo e Cine- ma na Estagio, além da exibicio de filmes em instituigdes ¢ o patrocinio de produgées ligadas a area audio- visual pela Lei Murilo Mendes. As sessées do fim de semana do projeto Cinema Paratodos sio reali- zadas no Anfiteatro Jodo Carrico. As exibigdes de filmes no anfiteatro pas- sou a ser uma pritica continuada ha cerca de 15 anos, com o projeto Cinema na Prefeitura. Depois, as e xibigdes passaram a ser realizadas no antigo Cine Paraiso e posterior (Oe¢pemea poltlice de mate Ee ca Cultural Bernardo Costa- Gavras A partir de 1997, 0 anfiteatro vol- tou a sediar o projeto que atende a0 pliblico adulto e ao infantil, por meio de sessdes noturnas e matinés. A pro- gramagio inclui produgées recentes dos mais diversos géneros: aventura, comédia, suspense, romance, dramae filmes de animagio. A iniciativa tem uma média mensal de 1.100 freqiien- tadores. O objetivo é popularizara sé a Ce CEM 26/07 a 02/08 - 2004 * 20 horas jnizforanos uma oportunidade gratui- 18 Rus) ca Adriana Abrantes tadelazer. | As mostras tematicas, outra verte te do Cinema Paratodos, acontece durante a semana e foram criadas p ampliar 0 acesso a0 universo cine togrifico, com a exibicio de produ nao disponiveis no circuito comerci A pritica teve inicio em setembro 1999 € visa destacar o cinema cot uma expresso artistica, context lizado com aspectos histdricos, est os ou geogrificos. A primeira mos realizada foi “Retrospectiva Stan Kubrick”, homenageando uns di maiores cineastas de todos os temp. No mesmo més se seguiram mostras “Pablo Picasso” em par ria com a Ginemateca do Consul do Geral da Franga, “Cinema Irat ano” e “Cinema ¢ Historia - Gu ra do Vietna”. De acordo com Jo Mauricio Lemos, responsavel p projeto até setembro de 2003, “a pr gramagio é pensada no intuito evidenciar a obra de personalida géneros cinematogrificos e mo mentos estéticos que contril para a transformagio da forma pensar e de fazer cinema”. Assim, as mostras tematicas | ram ao conhecimento do publi exemplares da filmografia de cing tas como Woody Allen, Fran Truffaut, Alfred Hitchcock, Pex Almodovar. De atores ¢ atrizes, mo Marlon Brando, Gregory Pe Katherine Hepburn, Marilyn Mé roe e outras estrelas de Hollywood. Houve, também, a realizagio de mostras que destacaram movimentos egéneros inovadores, como os filmes noir, a nouvelle vague, 0s épicos dos anos 50, os grandes musicais, a vanguarda russa, entre outros. A programacio, em diversos mo- mentos, voltou sua aten para o ci- nema brasileiro. Dessa forma, foi aberto espaco para 0 conhecimento ediscussio da obra daqueles que con- tribuiram para a construgao da cine- matografia nacional, como Amacio Mazzaropi, Arnaldo Jabour, Leila Diniz e Glauber Rocha. A programagio também abordou produgdes juizforanas na III Mostra Cinema e Arquitetura, realizada em parceria com o Instituto de Arquite- tos do Brasil. Desde sua criagio, as mostras sio reali- zadas mensalmente, com uma estimativa de 420 es- pectadores/mostra. Em 2002, foi criado © projeto Nos Tempos do Cinematographo, com o objetivo de oferecer uma opgio de lazer cultural para o pliblico da terceira ida- de. As sessdes acontecem sempre As sextas-feiras, no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas. A progra- Gregory Peck ¢ Katherine Hepburn inspiraram mostras que homenagearam sua época de ouro em Hollywood a magio, com cerca de 250 participantes por més, ofe- rece filmes dos tempos dureos, protagonizados por Charles Chaplin, Amicio Mazzaropi, os idolos da Jovem Guarda, além de clissicos do cinema mundial, como “Casablanca”, “O Magico de Oz” ¢ outros. Para Carlos Gomes, responsavel pelo projeto, “a grande satisfagio é ver nos olhos dos idosos mesmo brilho quando tinham seus 15 anos”. Em junho deste ano, o Museu Ferrovié- rio inicioua exibigio de filmes com tematica ferroviiria. As mostras Cinema na Estagio integram as atividades comemorativas dos 150 anos da ferrovia ¢ € uma alternativa para incrementar as visitas a instituicao. Até entio, j foram realizados trés ciclos, reunindo um piblico de 100 pessoas por edigio. Na programagio, embora as produgées tenham um mesmo tema, contam historias de diversos géne- ros: suspense, drama, romance, policial, entre outros. Os ciclos sao elaborados pelo diretor do Museu Fer- roviario, Aloisio Nunes de Castro, 0 funcionario Marco Aurélio de Assis ¢ 0 estagiario André Daibert. Paralelamente, a Funalfa promove a exibicio de filmes com foco em projetos sociais. A iniciativa foi 19 20 inaugurada com Cinema nos Hospitais, um projeto piloto inovador, desenvolvido com a Ascomeer, com a fungio de levar alegria ¢ entretenimento aos internos. Atualmente, exis- tem as parcerias com o Casa Viva (Caps) ¢ 0 Centro de Educagio do Menor (CEM), levando lazer e investindo na formagio educacional e cultural dos espectadores. ‘A Lei Murilo Mendes, em suas oito edigGes, jé contem- plow cerca de 30 projetos na Area do audiovisual. A disponibilizagdo de recursos para curtas ¢ longas-metragens, documentirios, videos e outras atividades ligadas ao cinema possibilitou trabalhos de qualidade que funcionam como uma vitrine da producio artistica juizforana. Representou uma oportunidade para profissionais ja conhecidos, como José Sette, diretor de “Geraldo Pereira, o Rei do Samba” ¢ “Labirinto de pedra”. E.0 Grupo Luzes da Cidade, que promoveu ciclo de pales- tras, oficinas de roteiro e diego, a Mostra Win Wenders de Cinema Alemio ¢ 0 Primeiro Plano - Festival de Cinema de Juiz de Fora. Os incentivos da Lei também abriram portas para novos talentos, como Marcos Pimentel, Rogério Terra, ‘Aleques Eiterer, Alexis Parrot, entre outros. Profissionais que, hoje, so nacionalmente reconhecidos, tendo suas produgées selecionadas para eventos do porte do Festival de Cinema de Brasilia, Mostra Internacional de Cinema de Sao Paulo, Fes- tival do Rio BR e Festival de Tiradentes. ‘As produgées abordam temas diversos, desde criticas soci- ais ao retrato do cotidiano de pessoas simples. Outras repre- sentam um resgate da meméria da cidade ao retratarem im- portantes personagens da historia de Juiz de Fora Alguns desses personagens que marcaram época protagonizaram narrativas foram 0 cineasta Joao Carrigo, em “Jodo Carrigo: pioneiro do cinema em Juiz. de Fora”, de Martha Sirimarco; 0 memorialista Pedro Nava, fia do Tempo”, de Marcos Pimentel e “Nava, a meméria do tempo” de Pablo Moura; e 0 sambista Geraldo Pereira, enfoque de “Geraldo Pereira: 0 Rei do Samba”, de José Sette. ‘Também foram produzidos pela Funalfa Edigdes os videos “Paray-una” e “Cine-Theatro Central: sete décadas de emo-

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