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Dinâmica de transmissão e distribuição

de doenças
A doença em epidemiologia deve ser entendida em uma tríade:

1. Hospedeiros: características como idade, sexo, etnia, costumes


2. Ambiente: temperatura, moradia, agua, ruído
3. Agente: biológicos, químicos, físicos e nutricionais

Essa tríade estabelecerá a relação com um vetor ou nao, por onde a doença será
transmitida. Porem, para que haja essa transmissão, é necessário que o hospedeiro esteja
susceptível.

Quando falamos de doenças, há três tipos principais:

1. Doenças infectocontagiosas
2. Doenças crônicas não transmissíveis
3. Doenças por causas externas

As doenças infectocontagiosas e crônicas não transmissíveis são as principais no brasil.

A doença transmissível ou infecciosas é causada pela transmissão de um agente patogênico


especifico para um hospedeiro susceptível. Quando falamos em doenças infectocontagiosas,
devemos saber que as doenças infecciosas são diferentes das doenças infectocontagiosas. As
doenças infecciosas são aquelas causadas por organismos que infectam um hospedeiro. Já as
contagiosas precisam de um hospedeiro, mas necessitam que tenha um contato entre
infectado e não infectado para que seja transmitida.

Ex.: dengue é doença infecciosa e não contagiosa

Essa transmissão pode ser direta, através com o contato direto com pessoas infectadas. EX.:
herpes vírus através do contato de feridas.

A transmissão indireta é quando ocorre a partir de outras fontes e não de pessoa para pessoa,
como vetores biológicos ou físicos, partículas aéreas ou outros veículos. Ex.: fômites.

As doenças crônicas não transmissíveis (doenças cardiovasculares, neoplasias, doenças


respiratórias crônicas, diabetes e doença musculoesquelética) são multifatoriais e estão mais
prevalentes no brasil.

#IMPORTANTE: 7 das 10 causas de mortes são de doenças crônicas não transmissíveis.

As taxas de mortes prematuras tem apresentado queda ao longo do tempo, porém, em 2017
apresentou uma elevação, com predominância no sul e sudeste.

Elas Possuem fatores de risco modificáveis e não modificáveis.

Fatores de risco modificáveis para doenças crônicas não transmissíveis: excesso de peso, HAS,
tabagismo, consumo de refrigerante, obesidade, diabetes. Também a influência dos fatores
genéticos

Dos fatores de risco que mais cresceram em prevalência, do maior para o menor foram:

1. Excesso de peso
2. Obesidade
3. HAS
4. diabetes

As 4 doenças crônicas não transmissíveis mais prevalentes são:

1. Doenças cardiovasculares
2. Neoplasias
3. Diabetes
4. Doenças respiratórias
Essas doenças possuem 4 fatores de risco compartilhados: tabagismo, sedentarismo,
abuso de álcool e má alimentação.

Mais de 50% da população do brasil tem excesso de peso ou obesidade. Um dos únicos
indicadores que tem diminuído no brasil é o consumo de refrigerantes (redução maior) e o
tabagismo. Porem, o sobrepeso tem tido o maior crescimento.

As doenças infectocontagiosas estão em declínio e as crônico-degenerativas em ascensão.

Transmissão horizontal pode ocorrer por contato direto e indireto. já a transmissão vertical
ocorre durante a reprodução, desenvolvimento fetal e parto (de mae para filho por contato
direto).

Nas causas externas estão envolvidos 2 tipos de eventos: a natureza das lesões que o paciente
apresenta e circunstancias que produziram essas lesões.

TRANSMISSAO:

 Colonização: o agente persiste na superfície do hospedeiro sem invasão tissular


 Infecção: agente presente nos tecidos, sem sinais e sintomas ou evidencia de dano
 Infecção persistente: estado de infecção que não leva a doença ou cura
 Período de incubação: período que se estende da exposição ao agente ao
aparecimento de sinais e sintomas
 Latência: o agente invadiu o hospedeiro, mas esta sem multiplicação, não infectante,
porem, viável.
 Período prodrômico: período entre os primeiros sintomas da doença e aqueles
sintomas característicos da doença.
 Prodromos: sintomas indicativos do inicio de uma doença
 Doença: presença de sinais e sintomas e multiplicação do agente nos tecidos causando
lesões
 Cura: agente eliminado
 Infectividade: capacidade dos hospedeiros ficarem infectados. É expressa pela divisão
infectados/expostos
 Patogenicidade: capacidade do agente infeccioso produzir doença. Expressa pela
formula doentes/infectados.
 Virulência: gravidade da patogenicidade. Indivíduos graves/doentes
 Poder imunigenico: capacidade do agente de induzir imunização especifica.

#IMPORTANTE

A epidemiologia descritiva fala de: pessoa, tempo e local


As doenças pode se comportar através de:

1. Tendências históricas
2. Cíclicas
3. Esporádicas.

DISTRIBUIÇÃO TEMPORAL

O estudo da distribuição temporal pode fornecer inúmeras informações fundamentais para


compreensão, previsão, busca etiológica, prevenção de doenças e avaliação dos impactos de
intervenções em saúde.

QUARENTENA vs ISOLAMENTO SOCIAL

Quarentena: método de controle da dispersão das doenças transmissíveis, que se refere ao


isolamento do individuo sadio pelo período máximo de incubação da doença, contando a
partir da data do ultimo contato com um caso clinico ou portador da referida doença.

Isolamento social: isolamento de doentes, oara que não transmitam a doença.

Quarentena  indivíduos não doentes, mas que tiveram contato com vetor

Isolamento social  indivíduos doentes.

A avaliação temporal de uma doença antes e depois de uma intervenção pode mostrar a
efetividade daquela medida.

As doenças apresentam 4 tipos de variações: tendência histórica, variações cíclicas, variações


sazonais e variações irregulares

1. TENDENCIA HISTORICA OU SECULAR

A analise secular tem como objetivo avaliar a distribuição temporal dos eventos relacionados
ao processo saúde-doença. Quando essa analise persiste por longos anos, costuma-se
denomina-la de tendência histórica ou secular. Refere a mudanças na frequência (incidência
ou prevalência) ao longo dos anos, como também da mortalidade e leta. A tendência secular é
como a doença evolui ao longo do tempo. Geralmente as analises são de 10 anos ou mais.

A tendência histórica ou secular pode variar de acordo com o surgimento de novas técnicas
diagnosticas, melhorias nas condições sanitárias, sociais e obstétricas. A variação ambiental
também alterou a tendência secular.

VARIAÇÕES CICLICAS

As variações cíclicas são aquelas com ciclos periódicos e regulares – ocorre quando um dado
padrão se repete de intervalo a intervalo. Essas variações têm relação com suas incidências e
podem ter periodicidade mensal, semanal ou anual (geralmente a analise é 1 ano)

Se espera que algumas doenças, como tuberculose, tenha uma variação a cada ano, sendo que
essa variação tem tendência ao declínio.

As variações cíclicas são os picos que a doença apresenta, podendo aumentar ou diminuir ao
longo do tempo dependendo de fatores que favorecem esse processo.

VARIAÇÕES SAZONAIS:
Ocorre quando a incidência de doenças sempre aumenta, periodicamente, em algumas épocas
do ano, meses, dias da semana ou em horas do dia.

Ex.: dengue em períodos quentes, acidentes de transito em horas de grande movimento.

Ex.: aumento de acidentes ofídicos no verão, em tempos quentes e chuvosos, no período de


março a setembro. Por mais que haja o aumento, não tem epidemia.

Nesses casos, é importante avaliar o nível endêmico, ou seja, se esse aumento esta na faixa de
normalidade para aquele período.

A variação sazonal depende de um conjunto de fatores como: temperatura, umidade do ar,


radiações solares, concentração de poluentes, precipitação (chuvas). O comportamento
humano também pode variar de acordo com as estações do ano (inverno = aglomeração =
doenças respiratórias; maior consumo de agua no verão = maior despejo de esgoto =
contaminação fecal-oral).

#IMPORTANTE:

Quando se fala em epidemia, não é um grande numero de doenças, mas sim um numero
inesperado de casos de doenças. Quando se tem um grande número de casos de doenças, mas
se é esperado, diz-se que é um caso cíclico.

VARIAÇÕES IRREGULARES: variações inusitadas na incidência das doenças

CASOS ESPORADICOS

Aquele caso que surgem em uma comunidade e que nunca foram identificados anteriormente.
Se for verificado mais de 1 caso, já é considerada epidemia.

ENDEMIA

São consideradas endêmicas quando as doenças, em uma área geográfica, apresentam padrão
de ocorrência relativamente estável, com incidência e prevalência acima de zero. Geralmente
acomete populações em espaços delimitados e caracterizados, mantendo variações cíclicas e
sazonais.

Ex.: malária

Se ocorrerem mudanças nas condições do hospedeiro, ambiente ou agente, uma doença


endêmica pode se tornar epidêmica.

As variações são regulares, constantes e sistemáticas, ou seja, podem ter níveis pouco
aumentados, mas que nunca superam a faixa de normalidade.

EPIDEMIA

ELEVAÇÃO BRUSCA NO NUMERO DE CASOS CARACTERIZANDO, DE FORMA CLARA, UM


EXCESSO EM RELAÇÃO AO NORMAL ESPERADO.

Ocorrencia em uma região ou comunidade de um numero de casos em excesso, em relação ao


que normalmente seria esperado em um determinado tempo e local.

Apenas o aumento no numero de casos existentes não se configura como epidemia, pois esse
numero pode estar dentro do esperado para a doença em questão.
O numero de casos necessários para classificar uma epidemia varia de acordo com o agente, o
tamanho, o tipo e a susceptibilidade da população exposta e o momento ou local da
ocorrência da doença, pois é necessário saber quais são os níveis endêmicos de uma
população.

“O APARECIMENTO DE UM CASO AUTOCTONE HÁ MUITOS ANOS LIVRE DE UMA


DETERMINADA DOENÇA REPRESENTARIA UMA EPIDEMIA.”

EX.: peste bubônica que há muitos anos não ocorre; varíola.

O único caso de uma doença após um longe período de tempo ausente ou a primeira
identificação de determinada doença precisa de atenção das autoridades. A presença de dois
casos da mesma doença já pode caracterizar uma epidemia.

CARACTERIZAÇÃO NUMERICA DE UMA EPIDEMIA

A monitorização da incidência irregular de uma doença é avaliado pelo DIAGRAMA DE


CONTROLE. É estabelecido um padrão de ocorrência de doença com um limite máximo e
mínimo. É necessário calcular a incidência media para cada mês do ano.

As linhas de limite caracterizam o nível endêmico

A linha vermelha = limite superior ou limiar epidemico

Linha amarela = limite inferior

O valor da media se refere ao numero de casos ou a incidência observada dentro do intervalo


de tempo considerado.

Linha azul = curva epidemica

Se a frequência da doença ultrapassar algum momento o limite superior ou limiar epidêmico,


se caracteriza uma epidemia.

Inicialmente, é necessário avaliar a media histórica da doença. Em seguida, calcula-se dois


desvios padrão para baixo e para cima. A faixa de variações esperadas é chamada de faixa
endêmica.
Faixa endêmica: faixa de números em que se a doença estiver entre essa faixa, diz-se que os
números são esperados. Deve ser maior que dois desvios-padrao.

Se atingir a faixa de cima, se chama limiar epidêmico. Quando supera o limiar epidêmico,
caracteriza-se como epidemia.

1. Incremento inicial dos casos: quando passa de uma situação endêmica para uma
situação epidêmica.
2. Egressao: marco em que ocorre o surgimento dos primeiros casos e termina quando a
incidência é nula ou o processo se estabiliza = endemia
3. Progressão: crescimento progressivo da incidência e termina no clímax
4. Incidência máxima: é o clímax
5. Regressão: ultima fase de evolução da epidemia. Tende a retornar aos valores iniciais
de endemia.
6. Decréscimo endêmico: quando o progresso regride a nível endêmico e as acoes de
controle e vigilância continuam.

CARACTERIZAÇÃO TEMPORAL E ESPACIAL DE UMA EPIDEMIA

ENDEMIA = temporalmente ilimitada

Aumento gradual e constante de casos

EPIDEMIA = restrita a um intervalo de tempo marcado com começo e fim bem definidos, com
retorno aos níveis endêmicos observados antes da ocorrência epidêmica.

Aumento brusco de casos

A epidemia não é limitada somente ao tempo, mas também ao local, a fim de diferenciá-la de
um surto epidêmico e de uma pandemia.

SURTO EPIDEMICO  2 ou mais casos de determinada doença ocorrem em locais circinscritos,


como escolas, dominilios, cozinhas coletivas, eventos isolados, ou seja, onde todos tiveram a
mesma fonte de infecção e os mesmos fatores de risco. São limitados por uma população
geográfica menor. Não se deve utilizar esse termo quando atingir regiões geográficas do
tamanho de um município.
PANDEMIA  ocorrência epidêmica caracterizada por larga expansão geográfica  mais de 1
continente. Ex.: coronavirus

A pandemia não tem um conceito operacional, mas sim, abrangente. É quando a epidemia
atinge níveis globais, com mais de um continente.

OBS.:

O termo variação irregular: mais ligada a epidemia = variações inusitadas na incidência das
doenças, diferente do que seria esperado. INUSITADA

Variação relacionada ao tempo: tendência secular, variação cíclica e variação sazonal.

#MEDNEWS

 Cresce a incidência de sarampo entre 1 e 2 anos em crianças em SP = epidemia


 A epidemia de sarampo é explicada pela diminuição da cobertura vacial – 5% a menos
do que o esperado
 Principal estado atingido = SP (mais de 5000 casos confirmados) – mais de 80% dos
casos do brasil.
 Outros estados: MG, RS
 Principal fator: diminuição da cobertura vacinal (abaixo dos 95%).

FATORES CONDICIONANTES PARA A OCORRENCIA DE EPIDEMIA

 Um dos fatores mais importantes para o surgimento de uma epidemia é o aumento da


população susceptível a doença = nascimentos novos, migrações, baixa cobertura de
vacinas.
 Alterações ambientais = contaminação de agua potável, aglomeração de pessoas e a
transmissão de doenças respiratórias, aumento no numero de vetores infectados,
inexistência ou ineficácia de medidas de controle de vetores, contaminação de
alimentos por microorganismos, extravasamento de produtos químicos e físicos
(poluição do solo, ar, agua),
 Casos esporádicos podem se tornar uma epidemia caso haja fatores que desequilibram
a sua estabilidade.

ASPECTOS DIFERENCIAIS DAS EPIDEMIAS

Existem dois aspectos básicos de diferenciação de uma epidemia:


1. Velocidade do processo epidêmico: epidemias lentas ou explosivas
2. Fonte de origem ou contaminação: fonte comum (pontual) ou fonte progressiva
ou propagada
 Velocidade no processo epidêmico:
A epidemia do tipo explosiva caracteriza-se por aumento brusco no numero de casos
em um curto espaço de tempo, compatível com o período de incubação da doença.
Nesse tipo de epidemia quase todos os expostos são infectados.
Epidemia lenta: a etapa inicial do processo epidêmico é lento e gradual, progredindo
durante um longo tempo. Ocorre geralmente em doenças não transmissíveis, em que
os indivíduos apresentam uma maior resistência ou os vetores tem baixa resistência.
Ex.: aids
 Fonte de origem ou contaminação:

Fonte pontual ou comum: a exposição ocorre durante um curto espaço de tempo e cessa, não
ocorrendo novamente. Ex.: exposição a alimentos contaminados em um evento.

Fonte persistente: existência dilatada e a exposição é prolongada.

Fonte progressiva ou propagada: ocorre quando o mecanismo de transmissão é de


hospedeiro-hospedeiro em cadeia por via respiratória, anal, oral ou genital. Tem progressão
lenta.

O descontrole de uma situação epidêmica deve ser detectado pelo sistema de vigilância em
saúde e caracterizado por uma situação de emergência.

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