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Libras: Rejane Regina Koltz Plinski
Libras: Rejane Regina Koltz Plinski
Introdução
A comunidade surda, dentre as tantas que existem, é composta por
pessoas com características próprias de pertencimento, que têm um
espaço comum de partilha linguística e cultural.
Neste capítulo, você vai estudar sobre a comunidade, a cultura e a
identidade surda, bem como a importância da Libras por ser um
idioma visuoespacial que utiliza as mãos, o corpo e as expressões
faciais para a comunicação dentro de um determinado espaço,
caracterizando a cultura e a identidade surda.
A cultura surda
Conforme Behares (1999), os surdos passaram por muitos momentos controver-
sos e difíceis, pois eram proibidos de utilizar a sua língua natural e considerados
pessoas com poucas capacidades intelectuais. A história já deixou claro que as
sociedades já viveram muitas fases de preconceito e desvalorização. Apesar
de tudo isso, os surdos sobreviveram em sua cultura e identidade. A lingua
de sinais, que, a princípio, foi proibida em ambientes públicos,
principalmente nas escolas, manteve-se viva nos corredores e ambientes
fechados. No contexto brasileiro, temos a Libras, que não apenas identifi ca o
surdo, mas desenvolve seu conhecimento de mundo, sua capacidade de
valorizar seu modo de vida e fazer com que se sinta participante da vida
social.
2 Comunidade, cultura e identidade surda
A identidade surda
A constituição da identidade de uma pessoa envolve seu conhecimento de
mundo, suas vivências pessoais, educacionais, culturais e formas particulares
de interagir com o meio social, bem como características que a tornam única
entre seus semelhantes. A identidade se constrói na relação com o outro, em
que são estabelecidos critérios de semelhança e diferença, permitindo que
cada um encontre seu lugar junto à sociedade. Não é diferente com as
pessoas surdas, que formam sua identidade de forma múltipla e multifacetada,
tomando uma posição perante os demais. As identidades surdas estão
constantemente sendo redefi nidas pelo momento histórico e por questões
políticas pelas quais a sociedade está passando, alterando o modo de se
perceber diante dessas mudanças e de se posicionar frente à sociedade.
Assim, em virtude de vários processos vivenciados e mudanças, a identidade
surda se constituirá no reco-nhecimento da surdez como diferença, e não
como defi ciência. No entanto, essa identidade não tem como referência
única e fi xa o uso da língua de sinais, fundamental na cultura surda, visto
que, dependendo da forma como a pessoa
4 Comunidade, cultura e identidade surda
O“ser surdo” não supõe a existência de uma identidade surda única e essencial
a ser revelada a partir de alguns traços comuns e universais. As representações
sobre as identidades mudam com o passar do tempo, nos diferentes grupos
culturais, no espaço geográfico, nos momentos históricos, nos sujeitos. Neste
sentido, é necessário ver a comunidade surda de uma forma ostensivamente
plural. O sujeito contemporâneo não possui uma identidade fixa, estática,
centrada, essencial ou permanente. A identidade é móvel, descentrada, dinâ-
mica, formada e transformada continuamente em relação às formas através
das quais é representada nos diferentes sistemas culturais.
Nesse contexto, a identidade surda será formada de acordo com sua partici-
pação, ou não, na comunidade surda em que ela se desenvolverá e se transfor-
mará; por isso, é importante salientar que as identidades surdas não são todas
iguais, mas, sim, heterogêneas. De acordo com o contato com seus semelhantes,
a identidade da pessoa surda se fortalecerá e lhe trará mais segurança. Assim,
o encontro surdo-surdo é essencial para a construção da identidade surda.
Conforme Perlin (2000), existem quatro principais identidades:
Para saber mais detalhes sobre s identidades surdas, leia as obras Identidades surdas,
de Gladis Perlin, e A surdez — um olhar sobre as diferenças, de Carlos Skliar.
https://goo.gl/ujoXU3
Comunidade, cultura e identidade surda 7
Leituras recomendadas
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Casa Civil - Presidência da República. Dis-
ponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10436.htm>. Acesso
em: 15 fev. 2018.
LOPES, M. C. (Org.). Cultura surda e libras. São Leopoldo: Unisinos, 2012. 155 p.
PERLIN, G. Identidades surdas. In: SKLIAR, C. (Org.). A surdez: um olhar sobre as diferenças.
Porto Alegre: Mediação, 2005. p. 51-73.
SANTOS, S. F; MOLON, S. I. Comunidade surda e língua brasileira de sinais nos relatos
de uma professora surda. Revista Eletrônica de Educação, São Carlos, v. 8, n. 2, p. 304-
320, 2014. Disponível em: <http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/
view/800>. Acesso em: 5 abr. 2018.