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FUNDAMENTOS CIENTIFICOS DA GEOPOLITICA E SUA RELACAO COM A TEORIA DE FRONTEIRAS Em debate académico recente, em sa- la de aula, fomos colocados diante da seguinte questao: — Geopolitica, arte ou ciéncia? Expusemos, entao, 0 nosso pensa- mento: — Geopolitica, ciéncia politica. Por qué? Ciéncia, porque pertence a grande familia das ciéncias de observa- cdo nascidas de experiéncia historica incorporadas, pouco a pouco, a drea dos conhecimentos cientificos, apds a con- sagracdio dos pensadores do século XVII —Francis Bacon, Galileu, Descartes — ‘que conseguiram ampliar o horizonte do saber pela criagdo do método de pensa: mento indutivo. Portanto, a Geopolitica pertence ao grupo das ciéncias sociais (politica, eco- nomia, psicologia, sociologia etc.) ends a posicionariamos como um ramo da politica — aquele que trata da aplicacao da politica aos espagos geograficos. Carlos de Meira Mattos General-de-Divisao Considerando-se o conceito de Kant de que as ciéncias tém suas raizes na Fi- losofia, sera facil enconirar-se a fonte do pensamento geopolitico em dois im- portantes ramos da Filosofia, na Gno- siologia (teoria do conhecimento) e na Axiologia (teoria dos valores), Existe a respeito da Geopolitica, nos meios aca- démicos de alguns paises do ocidente de- mocratico, certas restrigdes 4 sua acei- tacao como conhecimento cientifico, Esta recusa advém da criminosa explo- ragao da Geopolitica por politicos e aca- démicos alemaes que, por ocasiao dos dois grandes conflitos bélicos deste sé- culo, tentaram impingir ao mundo suas ambic6es imperialistas revestidas de uma justificativa cientifica baseada na Geopolitica. Associaram-se nesse mis- ter o Kaiser Guilherme II ¢ 0 Yon Lie- bert, na Primeira Grande Guerra, Hi- ter e o professor e geégrafo Kar Haus- 719 hofer, na Segunda Guerra Mundial. Haushofer, diretor do Instituto Geopo- litico de Munique, aviltou este centro cientifico consentindo que ali veiculas- sem as idéias expansionistas de Hitler, tentando impregna-las de uma marca geopolitica baseada em falsa pesquisa ¢ andlise; com essa intengiio mistificado- ra foram tratados os interesses racistas e de expansio territorial que interessa- vam ao Reich. O modelo mais claro da mistificagao cientifica intentada pelo Instituto dirigido por Haushofer foi a teoria do espaco vital —lebensraum —~, espalhada pelo mundo para justificar a necessidade expansionista da Alemanha hitlerista. Mas, a utilizagdo condenavel da Geo- politica por autores ¢ politicos despudo- rados nao a deve atingir como conheci- mento cientifico, como nao atinge a Es- tatistica ea Historia, sempre objetos de falsificagSes intencionais. Foi o desenvolvimento de estudo da Geografia Politica, na Alemanha e na Franga, no final do século XEX, a fon- te geratriz da Geopolitica. Notaram os gedgrafos da escola alema, particular- mente Ratzel, Kjéllen (sueco) e Maull, que os acontecimentos histéricos obe- deciam certas Ieis sugeridas pelo meio fi- sico, espaco geografico, onde se desen- volviam. Aprofundaram suas observa- ces e concluiram que a geografia dos paises e dos continentes induzia compor- tamentos politicos. Aplicadas a essas observacdes a0 método de pensamento indutivo, ja consagrado na pesquisa cientifica, surgiram certas sugestées po- liticas relacionadas com 0 espaco geo- grafico — sua forma, extensdo, posicao geodésica e posic&o relativa aos espacos vizinhos. Aceitas estas observagGes, ba- 80 seados na experiéncia historia, estava criado um ramo da ciéncia politica, que deveu a Kjélien seu batismo com o no- me de Geopolitica. Logo em seguida, na Franca, geégrafos ¢ historiadores do mesmo valor, como Brunhes, Vallaux, Vidal de la Blache, percorrem caminho semelhante, saltando também do cam- po da observacao geografica para o das sugest6es politicas da geografia. Nos Es- tados Unidos surgiam as obras do Al- mirante Mahan e de Bowman. Na Ingla~ terra, Mackinder, gedgrafo e diploma- ta, surpreende, em 1904, com sua teo- tia sobre o poder mundial baseado na ocupagéo do heartland, coracio da terra, por uma tinica poténcia politica. Mackinder é considerado o criador da teoria do poder terrestre, assim como 0 Almirante Mahan 0 ¢ da teoria do po- der maritimo. Muito poderiamaos dizer sobre o desenvolvimento ¢ as conse- qiiéncias da teorizagao das idéias geo- politicas neste liltimo século, mas vamos resumir e repetir o pensamento de dois gedgrafos norte-americanos contempo- rancos, da Universidade de Columbia, Preston James e Kempton Webb, que nao se consideram geopoliticos: “Trs principios basicos fundamen- tam as conexées entre qualquer socie- dade humana ¢ 0 espaco geografico que ocupam. O primeiro & que qual- quer sociedade humana para sobre- viver deve realizar uma inter-relagdo operativa coma terra. A terra 6a ex- pressao geral que usamos para nos re- ferirmos ao meio ambiente ou a ba- se de recursos naturais. O segundo principio é que ndo existe habitat — terra ocupada por uma sociedade hu- mana — que seja inteiramente favo- -ravel ou desfavoravel para qualquer tipo de sociedade. A mesma combi- nacdo de formas de habitat pode ser favoravel a algumas sociedades e des- favoravel a outras... O terceiro prin- cipio é que nenhuma sociedade hu- mana seu ambiente natural formam um sistema permanente de elementos inter-relacionados. Quando os habi- tantes de determinada area introdu- zem uma mudanca nos elementos ff- sicos ou biolégicos do habitat, todo. 0 equilibrio ecoldgico pode ser alte- sado”’. Reconhecem os dois itustres profes- sores da Columbia University, antes ci- tados, em linguagem geografica, que evita qualquer comprometimento com a geopolitica, trés principios ou trés leis que endossam a lei de ouro da geopoli- tica — que a geografia influi no compor- tamento das sociedades, portanto, na politica. Um pensamento mais yineulado & geopolitica é o do historiador ¢ socidlo- go inglés Arnold Toynbee, quando con- clui, apds 0 estudo das civilizagdes que povoaram o planeta, desde a época dos impérios da Mesopotamia: “A geografia condiciona, dificulta, sugere, inspira, estimula, enfim, apresenta seu desafio; caberé ao ho- mem responder a este desafio; ou res- ponde e o supera ou nao responde e é derrotado”’. A geopolitica recebeu contribuigdes: valiosas de pensadores e fildsofos famo- sos que permitiram aos seus criadores -— Ritter, Ratzel, Kjéllen, Vidal de la Bla- che, Brunhes ¢ Vallaux entre outros — formularem ¢ sistematizarem seus fun- damentos teéricos. Vamos citar alguns, apenas, entre estes pensadores de reno- me universal que precederam com suas experiéncias 4 teorizagao da ciéncia das relagGes entre as sociedades humanas e omeio geografico. Selecionamos na An- tigitidade, Herddoto e Tucidides, Hipd- crates ¢ Aristételes; na fase do iluminis- mo europeu trouxeram suas idéias aos formuladores da Geopolitica, entre ou- tros, Montesquieu e Hegel. E conhecida a sentenca de Herédo- to: “‘terras férteis homens indolentes, terras Asperas homens duros’?. De Montesquieu, no seu “L’Esprit de Loi” extraimos, estas pérolas que hoje chamariamos de idéias geopoliticas: “Os mares aproximam, as cadeias de. montanha afastam’’. “Se uma reptiblica é pequena, vive améacada de destruic&o por um po- der estrangeiro; se é grande, vive ameagada de desagregacao por con- digdes internas’. De Hegel, no seu livro ‘Philosophy of History” captamos: “Nao devemos considerar 0 solo ocu~ pado pelas nag6es como fator exter- nO, mas como o aspecto ligado 4 na- tureza, intimamente vinculado ao ca- rater do povo. Esse carater, relacio- nado com a natureza do solo, repre- senta o modo ea forma sob os quais as nagdes se apresentam na Historia e nela ocupam hugar e posigao”’. Estes pensamentos valem como um chamamento A razo para a relacdo ho- mem-meio geografico, Para aqueles que insistem em negar o peso da Geopolitica no processo his- térico responde o autor norte-ame- ricano Nicholas Spykman na obra “America’s Strategy in World Policy’’: “A ecopulitica existe ¢ pode explicar ou interpretar muita coisa no com- 81 © “Heartland” de Mackinder ¢ suas extensées portamento de uma poténcia na con- juntura internacional’? Por todas estas razes consideramos a Geopolitica pertencente a familia da Ciéncia Politica, constituindo ramo que estuda ‘‘a politica aplicada aos espagos geograficos”’. Do ponto de vista moderno a Politi- ca é a arte de governar os Esta- dos-Nagio, interpretando suas aspira- des coletivas — interesse nacional — administrando os recursos naturais ¢ psicoldgicos da sociedade, tendo em vis- ta o bem comum de seus habitantes. A maioria dos cientistas politicos conside- ra, como caracteristicas essenciais do Es- tado, 0 seu povo, seu territério e suas instituigdes. Haushofer inclui, entre es- tas caracteristicas essenciais, a frontei- ra. A fronteira, destacada ou nao como caracteristica essencial da Na¢ao-Es- 82 tado, sempre existe e é vital — éa linha ou faixa periférica que contorna 0 ter- ritério, de cuja soberania o Estado néo pode abdicar. Sendo, como é, uma re- gidio periférica, éa faixa de contatocom outras soberanias, com 0 mar ou com o espaco aéreo cujos limites jurisdicio- nais e direito de utilizagao sao regulados por leis internacionais. As fronteiras sao, portanto, regides sensiveis, onde os direitos soberanos dos Estados se con- tatam fisicamente. A histéria nao nos permite minimi- zay o papel relevante das fronteiras na vi- da do Estado. As disputas fronteirigas foram e sao responsaveis pela grande maioria de conflitos e guerras interna- cionais. O gedgrafo e geopolitico fran- cés Lapradeile nos lembra que os con- flitos fronteirigos sdo quase sempre im- pregnados de paixdo e ddios. A importancia da fronteira vem cres- cendo na medida em que aumenta a po- pulac&o do planeta. Realmente, é facil de se imaginar que entre a época do nas- cimento de Jesus Cristo, quando a po- pulacdo do planeta era avaliada em 250. milhées de habitantes e a situagao atual, quando esta populagdo esta beirando os 6 bilhdes de habitantes, aumentaram os problemas relativos a vizinhanga en- tre as nagdes. Num mundo vazio, qua- se ndo havia frontciras ¢ sim imensos es- pacos desabitados separando os niicleos da populacdo. Num mundo densamente povoado (considere-se que a chamada explosdo populacional s6 teve inicio a partir de 1850 quando o niimero de ha- bitantes do planeta atingiu o primeiro bilhdo) aumentaram os contatos terri- toriais entre as nagGes e como tal os con- flitos de jurisdigao estatal ou de frontei- ra. ‘A primeira impressdo que recebemos de um pais quando examinamos 0 ma- pa ou o atlas ¢a de sua forma aparente —- quadrado, losango, circulo, poligo- no, retangulo, filiforme ete. A linha de contorno dessa figura, quando terrestre, €montanha ou plana, outras vezes flu- vial ora maritima. Os paises vizinhos ora sao muitos ora poucos, as vezes apenas omar, O poder politico desses vizinhos pode ser forte ou fraco, de pressao ou de convivéncia. Todos estes fatores de forma, posicao, natureza fisica e pres- sao politica tém influido na evolugao historica e na dinamica de fronteiras dos paises envolvidos. A dindmica das fronteiras, sua for- ¢a e suas conseqiiéncias politicas, obser- vadas, em particular, a partirdo século XVIIL, vém sendoestudadas por indme- Tos autores entre os quais destacaremos Ratzel (alemao), Lord Curzon (inglés), Haushofer (alemao), Holdich e Faweet (ingleses), Vidal de !a Blache, Lapradelle ¢ Ancel (franceses), Gottman, Fisher, Bowman, Baggs, Jones, Prescot (nor- te-americanos), Everardo Backeuser ¢ Hélio Viana (brasileiros). Os autores acima citados, de confor- midade com suas inclinagées geopoliti- cas, criaram uma Teoria de Frontciras, ora pendendo para o determinismo geo- grafico, de marca alema, cujo paradig- ma €a teoria do “Estado organismo vi- vo’, de autoria de Kiéllen. Neste con- ceito kjelliano “‘a fronteira é a epider- me do corpo do Estado’. O Estado — organismo vivo, nasce, tem infancia, puberdadee juventude, portanto, cres- ce, adquire a maturidade e o poder — domina ou é dominado, expande-se, es- tagna ou se desagrega, em todos estes momentos a linha periférica de seu cor- po — sua epiderme — cresce, estacio- na ou reflui. No conceito organicista de Kjéllen, sendo a fronteira a epiderme do corpo do Estadoé ela que recebe ¢ transmite, em primeira mao, todas as manifesta des do poder emitidas ou dirigidas ao cérebro estatal — destinadas ou vindas do exterior. E, portanto, a fronteira, a parte do organismo estatal mais sensi- vel as manifestagdes do mundo exterior. E ali, essencialmente, que se protege a integrids-Je fisica do Estado, Nos conceitos ¢: Haushofer sobre fronteiras predomina a preocupag’io oriunda do Estado central, com frontei- ras terrestres vivas, como era € € 0 caso dos Estados europeus, particularmen- te da Franca, Alemanha ¢ leste da Bu- ropa. Essa preocupacao é que manifesta influgncia no pensamento de Hausho- fer quando escreve: 8&3 “Um fendmeno vital resultante de um jogo de forgas sempre confinan- tecomoa fronteira politica, nao po- de ser plenamente ocupada de /ege Jata em virtude de uma lei coagula- da, vinculada a uma carta oriunda de uma concepgao estatica, nascida de um Estado ja decadente desde 0 mo- mento em que ela foi fixada”. “Somente uma concep¢ao dindémica prevendo constantemente uma alte- rag&o no jogo de forcas pode levar em. conta sua mobilidade ¢ isto nao repre- senta, sendo, considerar a lei do fu- turo, de lege ferenda, que nasceu conosco e que muda em cada gera- Ao; assim podemos pressentir os ru- mos do futuro e suas leis’”, O pequeno trecho acima de Karl Haushofer éum retrato vivo de seu pen- samento pseudogeopolitico ¢ de sua ade- sao A teoria organicista de Kjéllen. Sua linguagem — fenémeno vital, lei coagu- Jada, Estado decadente, lei que nasceu conosco — representa a propria essén- cia do Estado — organismo vivo, Sua concep¢ao politica foi servir ao expan- sionismo germanico, Representa uma perversa distor¢ao da Geopolitica, Fo- ram pensamentos deste teor, cheios de preconceitos expansionistas, que influi- ram para que alguns setores académicos rejeitassem a aceitacaio da Geopolitica como ciéncia. Mas, o peso real da gco- politica na orientagaio das decisées dos Estados Modernos superou esta rejei- cao. De fato, néio ha como se opor a in- fluéncia da geografia, o tinico elemen- to fisico permanente, no contexto dos valores considerados na formulagao da politica do Estado. Contrapondo-se & teoria organicista apresentamos algu- mas expressdes de pensadores franceses, 84 belgas, ingleses, norte-americanos ¢ bra- sileiros, expressGes do pensamento libe- ral democratico sobre este mesmo tema — fronteira, Comecamos pelo gedgrafo francés. Vallaux na sua obra “Geographie So- ciale””: “As fronteiras nao servem apenas de meio de separagdo, mas também de interpenetracao de culturas, interes- ses e objetivos diferentes”. Outro gedgrafo francés, Jacques An- cel, no livro “Geographie de Frontie- res”’: “A fronteira separa mas também po- de aproximar quando se trata de pai- ses altamente civilizados”’. Ointernacionalista belga Charies de Visscher, assim se expressa: **A estabilidade relativa das situacées territoriais garante ao Estado um quadro de seguranga, aquele que abriga os povos dentro de fronteiras reconhecidas. Vem dai 0 interesse que representa, do ponto de vista da or- dem e da paz, a consolidagao das fronteiras c, em sentido inverso, a gravidade de todo incidente que im- plique na sua violagdo”’. O professor Boggs, norte-americano, autor do livro “International Bounda- ries”, assim manifesta seu pensamento: “Uma das principais razdes para se dedicar ao estudo de fronteiras é 0 de- sejo de se selecionar os tipos que pro- varam ser bons e os que se revelaram_ maus. Os primeiros dao estabilidade ao Estado que abrigam, os segundos, sao objeto de constantes controvér- sias, conflitos e guerras’’. Lord Curzon, diplomata ¢ interna~ cionalista inglés, de destacada atuayao. politica no primeiro quarto deste sécu- jo, disse em conferéncia sc bre frontei- ras, pronunciada na Universidade de Oxford, em 1907: “As fronteiras, mais do que qualquer outro fator, tém o mais profundo. efeito sobre a paz e a guerra entre as nages. Todo 0 esforco diplomatico deve ser desenvolvido no sentido de solucionar as tensdes fronteirigas’”. Entre os brasileiros, geégrafos, inter- nacionalistas, diplomatas, militares, va- rios escreveram sobre otema fronteiras. Destacamos Bardo do Rio Branco, Everardo Backeuser, Hélio Viana, Del- gado de Carvalho, Euclydes da Cunha, Lysias Rodrigues, Omar Emir Chaves, Terezinha de Castro ¢ Teixeira Soares. Este ultimo, o Embaixador Teixeira Soares, em ‘‘Histéria da Formagao das. Fronteiras do Brasil’, expressa com fe- licidade 0 que penso traduzir a média do pensamento politico brasileiro sobre o assunto. Leiamos: “Se a fronteira 6 0 condicionamen- to resultante de uma politica, entao seimpde ter em linha de conta, como imperativo vivencial, a existéncia de uma politica de fronteira, Esta poli- tica deve ser vigilante, previdente, consirutiva, para que as fronteiras se- jam estaveis e protegidas, bem como sensibilizadas demografica e econo- micamente, Serao as fronteiras vivas, zonas de alta sensibilidade politica. Ocontrario delas sero as fronteiras mortas, ermas, desprotegidas, esque- cidas. As fronteiras vivas serao sem- pre afirmagoes de um espirito forte de nacionalidade. Fronteiras mortas darfo imagem pouco favoravel de um pais que ndo cuida dos seus lin- des como deveria cuidar, porque fronteiras protegidas ¢ povoadas enaliecem 0 espirito de previdéncia e de organizacéo de um povo”’. Apés apresentarmos as posigdes de autores de mentalidade organicista da escola alema eas confrontarmos com a média do pensamento de autores de for- magao liberal-democratica, podemos chegar a algumas conclusdes: a primei- ra é que, as fronteiras, sao sempre re- gides geopoliticamente sensiveis — quan- do vivas esta sensibilidade ¢ permanen- te e mesmo quando mortas carregam uma sensibilidade potencial. Como tal, cumpre ao Estado, em beneficio da paz eda harmonia internacional, permane- cer vigilante para que esta sensibilidade natural nao se iransforme em tensao, pressdo, antagonismo econflito. A po- litica de fronteiras comega pelos trata- dos internacionais que as definem, de- pois pela cartografia que as retrata em mapas, seguida pela demarcagao que Ihes dé expressao fisica no terreno. Mas tudo isto néo basta, como se trata de re- gides de interesses internacionais confi- nantes, cumpre vigid-las, povod-las ¢ harmonizar estes interesses das popula- goes vizinhas. O Direito Internacional, a Geopoli- tica e a Diplomacia sao os grandes sus- tentaculos de uma politica de fronteiras que busque a estabilidade e a paz. Bibliografia ANCEL, Jacques — “Geopraphie des Frontieres”, Edit, Gallimard, Paris, 1938. 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