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A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE EM AIMORÉS EM PERÍODO PANDÊMICO NO


ÂMBITO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

THE JUDICIALIZATION OF HEALTH IN AIMORÉS IN A PANDEMIC PERIOD IN


THE SCOPE OF PUBLIC MINISTRY

MILANEZ, André Luiz Silva (1); JACOB, Alexandre (2)

(1) Graduando em Direito. Faculdade AlfaUnipac Aimorés-MG. E-mail: alsmilanez@gmail.com


(2) Orientador. Faculdade AlfaUnipac Aimorés-MG. E-mail: alexandre.jacob10@gmail.com

RESUMO
Trata-se de um estudo descritivo, na forma de pesquisa exploratória e abordagem da
pesquisa é qualitativa, nas opiniões e significado das coisas nas palavras dos participantes
da pesquisa, com recorte temporal entre 2020 e 2021, onde buscou-se identificar razão da
incidência de procedimentos extrajudiciais e judiciais relacionados ao direito à saúde dos
munícipes de Aimorés. Os sujeitos da pesquisa foram a procuradora-geral municipal e o
promotor de justiça no município de Aimorés. Posteriormente as entrevistas foram
transcritas, descrita e analisadas por consensos e diferenças a partir das falas dos
entrevistados contrastando com os posicionamentos dos tribunais sobre o tema. Percebeu-
se que mesmo com ampliação de abertura de leitos de UTI para o enfrentamento da Covid-
19, o atendimento durante a pandemia ainda é de graves ineficiências na alocação de
recursos assistenciais, principalmente de leitos de UTI, e que ainda se faz necessário
ampliar e aperfeiçoar os padrões e critérios de controle e monitoramento desses recursos.
Assim, este estudo é de grande valia para todos os interessados na temática judicialização
da saúde, pois percebe é uma real necessidade de diálogos cotidianos no que tange o
planejamento do SUS.

Palavras-chave: Direito constitucional. Direito à saúde. Judicialização. Pandemia. Ministério


público.

ABSTRACT
This is a descriptive study, in the form of exploratory research and a qualitative research
approach, based on the opinions and meaning of things in the words of the research
participants, with a time frame between 2020 and 2021, where we sought to identify the
reason for the incidence of extrajudicial and judicial procedures related to the right to health
of the citizens of Aimorés. The research subjects were the municipal attorney general and
the prosecutor in the municipality of Aimorés. Subsequently, the interviews were transcribed,
described and analyzed by consensus and differences from the interviewees' speeches,
contrasting with the positions of the courts on the subject. It noticed that even with the
expansion of opening ICU beds to face Covid-19, care during the pandemic is still seriously
inefficient in the allocation of care resources, mainly ICU beds, and that it is still necessary to
expand and improve the standards and criteria for controlling and monitoring these
resources. Thus, this study is of great value to all those interested in the theme of
judicialization of health, as it perceives a real need for daily dialogues regarding the planning
of the SUS.

Keywords: Constitutional right. Right to health. Judicialization. Pandemic. Public ministry.


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1 INTRODUÇÃO

A judicialização da saúde é um fenômeno crescente dos números de


demandantes que pleiteiam questões relativas à saúde junto ao Judiciário. Alguns
aspectos importantes devem ser considerados para se ter em mente como este
fenômeno surge. A saúde é um direito constitucional, portanto, é fundamental, para
qualquer análise que se faça sobre tal tema, salientar que o eixo central da
discussão não se dá na legitimidade de um direito, mas em mecanismos que
assegurem este sem a necessidade de o Judiciário intervir, ou seja, na garantia do
direito à saúde por aqueles a quem compete (CNJ, 2020).

Registre-se ainda, que com o impacto no direito à saúde decorrente da


pandemia do novo coronavírus, os olhos dos administradores e dos coordenadores
do Poder Judiciário têm se voltado para a questão em decorrência do aumento
exponencial de demandas recebidas pelo Judiciário e seu alto custo envolvido, não
apenas na condução dos processos judiciais, mas também no cumprimento de
decisões que, por vezes, não estão previstas em orçamento por parte dos gestores
do Executivo (CNJ, 2020).

Neste contexto, pretende-se perquirir: por qual motivo se fez necessário a


abertura de um procedimento extrajudicial no Ministério Público para garantir o
direito à saúde aos munícipes de Aimorés durante a pandemia do Covid19?

Permeia-se a hipótese de omissão do ente federativo municipal, ainda que o


Supremo Tribunal Federal (STF) tenha aclarado a competência comum de todos os
entes e a necessária cooperação entre eles, como se pode observar a partir de
trechos das ementas de julgamento de ações centrais: “o Estado garantidor dos
direitos fundamentais não é apenas a União, mas também os Estados e os
municípios” (STF, 2020).

Neste ínterim, a pesquisa objetiva analisar os motivos para abertura de


procedimento extrajudicial no Ministério Público para garantia do direito à saúde no
município de Aimorés durante a pandemia pelo Covid-19. Para alcançar esse
objetivo é preciso estudar a legislação relativa ao direito constitucional e em especial
o direito à saúde; levantar a incidência de procedimentos extrajudiciais da área da
saúde abertos na Promotoria Única de Justiça de Aimorés entre os anos de 2020 e
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2021; comparar o posicionamento dos órgãos de justiça, dos conselhos superiores


relacionados ao tema, bem como, do Ministério Público; identificar a percepção dos
operadores do Direito sobre o tema.

O tipo de pesquisa é o descritivo, na forma de pesquisa exploratória e


abordagem da pesquisa é qualitativa, nas opiniões e significado das coisas nas
palavras dos participantes da pesquisa, com recorte temporal de dois anos. O local
da pesquisa é a Promotoria Única de Justiça do Ministério Público do Estado de
Minas Gerais, em Aimorés, em razão da incidência de diversos procedimentos
extrajudiciais e judiciais relacionados ao direito à saúde dos munícipes de Aimorés,
tendo como sujeitos da pesquisa a procuradora-geral municipal e o promotor de
justiça no município de Aimorés.

Nesse passo, as fontes primárias de embasamento da pesquisa são a


Constituição da República Federativa do Brasil (1988), a Lei nº. 8.080 (1990), que
dispõe sobre promoção e proteção à saúde, a Lei Orgânica do Ministério Público
(1993) e a Constituição do Estado de Minas Gerais (1989) e as fontes secundárias
as obras de Nathália Masson (2020), Roberta Silva Vasconcelos (2020) e Cristina
Keiko Yamaguchi (2017), além de julgados dos tribunais brasileiros e publicações
oficiais do Conselho Nacional de Justiça (2020; 2021) e do Conselho Nacional de
Secretarias Municipais de Saúde (2021), dentre outras.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 DA SAÚDE COMO DIREITO CONSTITUCIONAL

Em primeiro momento, cumpre salientar que nos termos do artigo 6º, caput,
na redação dada pelas Emendas Constitucionais 26/2000, 64/2010 e 90/2015, são
direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados (BRASIL, 1988).

Em linhas gerais, os direitos sociais, direitos de segunda dimensão,


apresentam-se como prestações positivas a serem implementadas pelo Estado
(Social de Direito) e tendem a concretizar a perspectiva de uma isonomia
substancial e social na busca de melhores e adequadas condições de vida, estando,
ainda, consagrados como fundamentos da República Federativa do Brasil (artigo 1º,
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IV, da CRFB/1988). Enquanto direitos fundamentais, alocados no Título II da


CRFB/1988, os direitos sociais têm aplicação imediata (artigo 5º, §1º) e podem ser
implementados, no caso de omissão legislativa, pelas técnicas de controle, quais
sejam, o mandado de injunção ou a ADO (ação direta de inconstitucionalidade por
omissão) (LENZA, 2022).

Neste passo, o artigo 196 da CRFB/1988 dispõe:

Art. 196 A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante


políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para
sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988).
Em razão disso, por simetria, o Poder Constituinte derivado decorrente em
Minas Gerais, cuidando de um princípio constitucional estabelecido, dispôs no artigo
186 da Constituição estadual:

Art. 186 A saúde é direito de todos, e a assistência a ela é dever do Estado,


assegurada mediante políticas sociais e econômicas que visem à
eliminação do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e aos serviços para sua promoção, proteção e
recuperação.
Parágrafo único. O direito à saúde implica a garantia de:
I – Condições dignas de trabalho, moradia, alimentação, educação,
transporte, lazer e saneamento básico;
II – Acesso às informações de interesse para a saúde, obrigado o Poder
Público a manter a população informada sobre os riscos e danos à saúde e
sobre as medidas de prevenção e controle;
III – Dignidade, gratuidade e boa qualidade no atendimento e no tratamento
de saúde;
IV – Participação da sociedade, por intermédio de entidades
representativas, na elaboração de políticas, na definição de estratégias de
implementação e no controle das atividades com impacto sobre a saúde
(MINAS GERAIS, 1989).
É indiscutível que o direito à saúde relaciona-se de forma direta com o direito
à vida. Todavia, não é nada fácil, nem simples, desenvolver um conceito jurídico do
que seja saúde. Segundo Reissinger, o principal conceito se dá a partir do próprio
preâmbulo da Constituição da Organização Mundial de Saúde: "estado completo de
bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças ou
enfermidades” (BRASIL, 1988). A Lei Orgânica da Saúde (Lei nº. 8.080/1990), por
outro lado, apresenta uma leitura que engloba ainda no conceito de saúde um
conjunto de ações públicas que assegurem uma vida digna e a autonomia dos
sujeitos beneficiários (BRASIL, 1990). Por isso mesmo, fala-se em medidas de
saúde preventiva e medidas de saúde curativa: primeiro conceito se revelaria como
um status positivus libertatis – na leitura de Jellinek, conectado à noção de mínimo
existencial enquanto o segundo, um status positivus socialis (isto é, um direito social,
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propriamente dito) (FERNANDES, 2020).

Com efeito, o simples reconhecimento de direitos fundamentais nem


sempre se mostra suficiente para que os indivíduos possam efetivamente
gozá-los, tamanha a desigualdade que ainda existe no meio social. O
direito de propriedade nada significa, por exemplo, para quem ainda
sequer consegue alimentar-se ou se vestir adequadamente. É indispensável,
portanto, que o Estado consagre um conjunto de direitos fundamentais
destinados justamente à obtenção, tanto quanto possível, da desejada
igualdade material entre as pessoas. Estão incluídos nessa categoria de
direitos fundamentais, por exemplo, os direitos relacionados ao trabalho, à
saúde, à previdência social e à proteção à velhice (DANTAS, 2021).

2.2 DO MINISTÉRIO PÚBLICO E SUAS ATRIBUIÇÕES COMO AGENTE


LEGITIMADO DA PROMOÇÃO DA SAÚDE

Cumpre assinalar que, compreende função institucional do Ministério Público


zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública
aos direitos assegurados na Constituição, com fulcro no artigo 129, II e artigo 197,
ambos da CRFB/1988. Ao propósito, estabelece em seu artigo 127 que “o Ministério
Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
sociais e individuais indisponíveis” (BRASIL, 1988).

Com efeito, a Lei nº. 8.625/1993, que Institui a Lei Orgânica Nacional do
Ministério Público, estabelece no artigo 27, inciso II, que “cabe ao Ministério Público
exercer a defesa dos direitos assegurados nas Constituições Federal e Estadual,
sempre que se cuidar de garantir-lhe o respeito, pelos órgãos da Administração
Pública Estadual ou Municipal, direta ou indireta” (BRASIL, 1993).

Por sua vez, a Comissão da Saúde do Conselho Nacional do Ministério


Público, em cumprimento aos objetivos previstos na Resolução CNMP nº. 186, de 05
de março de 2018 (alterada pela Emenda Regimental nº. 23, de 18 de dezembro de
2019), estabeleceu no seu Plano Diretor para o biênio 2020-2021 dois eixos de
atuação alinhados com o Planejamento Estratégico do CNMP: o estabelecimento de
uma política continuada de atenção à saúde mental dos integrantes do Ministério
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Público brasileiro e o desenvolvimento de estratégias para a racionalização da


judicialização da saúde (GONÇALVES, 2021).

De feito, o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de


Defesa da Saúde (CAOSAUDE), órgão auxiliar da atividade funcional do Ministério
Público na área da Defesa da Saúde Pública, tem a finalidade de coordenar,
sistematizar, integrar e propor a uniformização das ações dos Órgãos de Execução
com atuação em sua área de competência, fomentando a atuação resolutiva dos
Órgãos de Execução do Ministério Público nos temas relacionados com a defesa da
saúde, com prioridade para a tutela coletiva, sem prejuízo de sua atuação concreta
na defesa do interesse individual (direito constitucional indisponível), notadamente
nas situações de urgências e emergências, evidenciadas pela falta ou omissão do
ente governamental (MPMG, 2020).

É importante ressaltar, ainda, que o fato de o Ministério Público atuar na


defesa de determinados cidadãos não necessariamente implica na judicialização da
demanda, tendo em vista que esse órgão também atua em conjunto com os Poderes
Executivo e Legislativo, no âmbito administrativo, dispondo de diversos instrumentos
para a efetivação do direito a saúde sem recorrer ao Poder Judiciário, tais como os
inquéritos civis, as Audiências Públicas, recomendações e compromissos de
ajustamento de conduta. Nesses casos, o promotor de justiça atua como
intermediador do problema, em busca da melhor solução possível, evitando que se
recorra ao Poder Judiciário, e priorizando uma atuação não demandista
(VASCONCELOS, 2020).

2.3 DA JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE E SEUS IMPACTOS

Na última década, no Brasil, os tribunais brasileiros têm sido protagonistas de


uma celeuma, na qual se antagonizam administradores públicos, gestores da saúde
e procuradores municipais com defensores públicos e promotores mediados por
juízes, em face do grande volume de ações judiciais que demandam por serviços de
saúde.

Este fenômeno decorre de outro, a judicialização da política, e se denominou


de judicialização do direito à saúde ou mais comumente nominado como
judicialização da saúde por levar aos Tribunais demandas sociais tendo por causa
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de pedir agravo à saúde do cidadão, Noutra dimensão, se imputa que a interferência


provocada pelas decisões judiciais oriundas da expressiva massividade de
processos judiciais que cotidianamente aportam nos fóruns com requerimentos de
liminares, impõe prestações cujos valores financeiros alcançam cifras expressivas,
causando, sob a ótica da Administração Pública, um desarranjo no já caótico
sistema público de saúde (YAMAGUCHI, 2017).

O fenômeno da judicialização da saúde está ligado a uma problematização de


duas direções distintas. Há de um lado, o Estado, que possui limites orçamentários,
enquanto que de outro lado há o cidadão em busca de um dos direitos fundamentais
mais importantes: o direito à saúde, que engloba o direito à vida e à dignidade da
pessoa humana. Além disso, este fenômeno acarreta uma série de consequências,
tanto positivas quanto negativas.

É indubitável que a atuação do Poder Judiciário, ao conceder as tutelas de


saúde, torna-se importante nessa relação, pois sem esse controle, o Poder
Executivo, responsável por administrar a gestão dos recursos de saúde,
descumpriria o que está assegurado constitucionalmente. Salienta-se que esta
medida também impõe ao poder público a demonstração da falta de ineficiência
perante a sociedade, que deve buscar ao judiciário um meio de obtenção de
efetivação de um direito fundamental (YAMAGUCHI, 2017).

A atuação estatal deficiente (ou inexistente) na implementação deste direito


fundamental autoriza qualquer pessoa (nacional ou estrangeira) a acionar o Poder
Judiciário a interferir quando configurada hipótese de injustificável inércia estatal ou
de abusividade governamental. Segundo o STF, é viável o controle e a intervenção
do Poder Judiciário em tema.de implementação de políticas públicas sempre que os
órgãos estatais, anormalmente, deixarem de "respeitar o mandamento
constitucional, frustrando-lhe, arbitrariamente, a eficácia jurídico-social, seja por
intolerável omissão, seja por qualquer outra inaceitável modalidade de
comportamento estatal desviante" (MASSON, 2020).

Embora com respaldo legal, a judicialização da saúde pode permitir a


indivíduos pularem filas de espera e acessarem tratamentos médicos não
disponíveis a outros na mesma situação através das ações individuais (CONASEMS,
2021b).
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Ordens judiciais para fornecimento de tratamentos podem ter um impacto


proporcionalmente muito maior em municípios, que geralmente possuem
orçamentos muito menores que o de estados ou do governo federal. Algumas
poucas ações de tratamentos de alto custo, às vezes uma única ação, já bastam
para comprometer uma parcela enorme de orçamentos municipais de saúde,
afetando outros serviços e usuários.

Municípios, sobretudo os de pequeno porte, também têm mais dificuldade


para conseguir os recursos humanos com conhecimento técnico especializado em
direito e políticas de saúde para melhor prevenir e responder a ações judiciais. A
judicialização da saúde requer um conhecimento específico e multidisciplinar que
nem sempre está disponível a todos os municípios. É preciso, portanto, difundir esse
conhecimento para aprimorar os recursos humanos necessários em âmbito
municipal (CONASEMS, 2021b).

Não é mansa e pacífica a questão, conforme se verá o próprio Judiciário tem


reconhecido os impactos negativos de decisões judiciais que concedem tratamentos
médicos ignorando evidência científica e as políticas do SUS. Existem muitas
iniciativas lideradas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para aumentar o
diálogo entre Judiciário e gestores de saúde (por exemplo, o Fórum Nacional de
Saúde e os comitês estaduais de saúde) e para qualificar tecnicamente as decisões
dos magistrados, por exemplo, os núcleos de assistência técnica (NAT-JUS) e varas
judiciais especializadas em saúde (CONASEMS, 2021a).

Consoante noção cediça, é de se dizer, o Supremo Tribunal Federal (STF), o


tribunal de mais alta hierarquia no Judiciário brasileiro, também tem se mostrado
sensível à necessidade de parâmetros mais claros e de um melhor equilíbrio entre,
de um lado, a proteção judicial do direito à saúde e, do outro, a sustentabilidade,
eficiência e equidade no SUS. Essa preocupação do STF resultou em três decisões
recentes que buscam trazer parâmetros para a atuação judicial e respostas
definitivas a vários questionamentos sobre o tema, sobre as quais se analisará na
seção especifica sobre o tema (CONASEMS, 2021a).

3 PESQUISA E ANÁLISE DE DADOS

3.1 A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE EM AIMORÉS DURANTE A PANDEMIA


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Aimorés é um município brasileiro no interior do estado de Minas Gerais,


Região Sudeste, localizado no Vale do Rio Doce a 440 km da capital mineira.
Segundo dados do IBGE a população estimada em 2021 era de 25.226 pessoas, e a
população no último censo (2010) era de 24.959 pessoas, a densidade demográfica
(2010) era de 18,50 hab/km². A taxa de mortalidade infantil média na cidade é de
3.02 para 1.000 nascidos vivos. As internações devido a diarreias são de 6.1 para
cada 1.000 habitantes. Apresenta 80.4% de domicílios com esgotamento sanitário
adequado, 81.3% de domicílios urbanos em vias públicas com arborização e 14.4%
de domicílios urbanos em vias públicas com urbanização adequada, como a
presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio (IBGE, 2010).

A incidência total de procedimentos extrajudiciais da área da saúde


instaurados na Promotoria Única de Justiça de Aimorés entre os anos de 2020 e
2022 foram de 52 (100%) procedimentos extrajudiciais, sendo que, 11 (23%)
procedimentos necessitaram ser judicializados, 34 (63%) foram arquivados e 7
(14%) foram juntados a outros procedimentos já instaurados ou a procedimentos
policiais. Dentre esses, a principal causa para a judicialização dos procedimentos
instaurados durante o período pandêmico foram tanto a necessidade de tratamento
em leito de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), mas também a necessidade de
fornecimento de medicamentos.

Entretanto, observa-se que mais da metade dos procedimentos instaurados


foram arquivados, mas isso não reflete necessariamente que o motivo do
arquivamento de fato foi a satisfatividade demandada. Isso porque muitas vezes a
perda superveniente do objeto ocorre por óbito do demandante, visto que a urgência
do pleito foi a transferência imediata para uma UTI ou a indispensabilidade de uso
de determinado medicamento.

Em derradeiro, quanto aos demais procedimentos instaurados, houve


principalmente o apensamento a outro procedimento já instaurado ou a juntada a
procedimento policial.

3.2 A PERCEPÇÃO DOS OPERADORES DO DIREITO

3.2.1 A Percepção Sobre a Judicialização da Saúde

Cumpre ratificar que os sujeitos da pesquisa foram a Procuradora-Geral do


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Município de Aimorés e o Promotor de Justiça da Promotoria Única de Justiça de


Aimorés. Neste interim, mormente a percepção sobre a judicialização da saúde,
segundo o Promotor de Justiça, houve maiores situações de judicialização,
especialmente no período da pandemia com vistas à obtenção de transferência
hospitalar em razão da ausência de vagas de UTI.

Noutro prisma, para a Procuradora-Geral Municipal, em regra, são os


municípios os entes mais condenados, individual ou solidariamente, respondendo
financeiramente por essas ações, uma vez que são os mais acessíveis aos cidadãos
e até mesmo ao judiciário, principalmente na efetivação das citações e intimações.

3.2.2 Impactos da Judicialização da Saúde

No que tange ao impacto da judicialização da saúde, indubitavelmente,


ambos os sujeitos da pesquisa, são congruentes, pois, para a representante do ente
político municipal, com a judicialização da saúde vê-se um comprometimento de
recursos públicos (que são restritos pela própria CRFB/1988) com grande impacto
orçamentário municipal, o que por consequência, diminui a possibilidade de serem
oferecidas outras ações e serviços de saúde ao restante da coletividade.

Na mesma senda, para o representante do Ministério Público, a judicialização


é reflexo da desorganização administrativa da Saúde em âmbito municipal, estadual
e federal, pois, só se judicializa quando os serviços e insumos em saúde são
insuficientes/ineficientes/precários para a população e ao se judicializar, embora
haja o impacto positivo para o autor especificamente, quanto a população poderá
haver afetação ou prejuízo, pois a consequência será o impacto orçamentário para o
atendimento da população em geral sem que a Administração tenha se preparado
para tanto previamente.

3.2.3 Alternativa Para a Judicialização da Saúde

Questionado sobre a alternativa para a judicialização da saúde, segundo a


Procuradora-Geral Municipal, é preciso, neste assunto o mais delicado equilíbrio, a
utilização de parâmetros, pois se trata de uma questão de direito público, devendo o
Judiciário acautelar-se no acolhimento do pleito, com a devida adequação entre a
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possibilidade do município (existência de meios materiais disponíveis e


disponibilidade econômica para concretizar a prestação) e às necessidades
fundamentais de todos os cidadãos, levando em consideração a razoabilidade da
pretensão, a competência para o fornecimento, além da imprescindibilidade da
mesma.

Lado outro, na percepção do Ministério Público é imprescindível melhor


organização administrativa e pactuação do SUS no âmbito bipartite e tripartite
(níveis municipal, estadual e federal).

3.3 O POSICIONAMENTO DOS TRIBUNAIS

No que tange à saúde, o Conselho Nacional de Justiça – CNJ, no ano de


2010 instituiu o Fórum Nacional do Judiciário para Monitoramento e Resolução das
Demandas de Assistência à Saúde, visando adotar medidas concretas e normativas
voltadas à prevenção de conflitos judiciais e à qualificação das decisões tomadas
pelos Magistrados, em sede de cognição sumária, além da definição de estratégias
nas questões de direito sanitário, mediante estudos e formulação de proposições
pertinentes. Por conseguinte, em novembro de 2017 foi criado o Sistema e-NatJus, e
implementado em 2018, com o objetivo de dar aos Magistrados Estaduais e
Federais fundamentos para decidir com segurança, lastreado em evidência
cientifica, por objeto o direito à saúde, ainda que durante o plantio judicial, quando
levados a decidirem sobre a concessão de determinado medicamento, procedimento
ou produto ou qualquer outra tecnologia em saúde (CNJ, 2019).

Nesse sentido, considerando a multiplicação de demandas judiciais em que


se litiga sobre o direito à saúde no contexto pandêmico, e que podem ensejar, em
uma macroanálise, a desorganização do SUS e um ineficiência alocativa em uma
conjuntura que já é de carência de recursos humanos e materiais, recomendou-se
aos magistrados com atuação nas demandas envolvendo o direito à saúde que
priorizem, sempre que possível, a solução consensual da controvérsia, por meio do
uso da negociação, da conciliação ou da mediação, podendo o magistrado designar
um mediador capacitado em questões de saúde para realizar diálogo entre o
solicitante e os prepostos ou gestores dos serviços de saúde, na busca de uma
solução adequada e eficiente para o conflito (CNJ, 2021).
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Já se caminha para um número que supera um milhão e quinhentos mil de


processos judiciais relacionados ao Direito a Saúde e, mesmo assim, não se tem
observado melhorias significativas no cotidiano dos cidadãos. Ou seja, a despeito do
acesso ao Judiciário, as pessoas não estão, em linhas gerais, obtendo mais
benefícios nas suas vidas (CONASS, 2018).

Atualmente se exige do julgador com competência em demandas de saúde


pública qualidades outras além do conhecimento jurídico. Chamado a resolver esses
conflitos dramáticos, o juiz precisa ter um domínio muito maior do que aquele que se
resume à aplicação do direito em situações ordinárias, pois, em se tratando de
judicialização da saúde, magistrados estão permanentemente no fio da navalha ao
terem que decidir entre o direito fundamental à vida e os custos que esse direito
impõe ao Estado e à sociedade (RONCHI, 2021).

O Grupo de estudos da judicialização da saúde pública, bem como a Revista


DECIDIR – Pesquisa temática, canais de publicações periódicas, ambos da Escola
Judicial Desembargador Edésio Fernandes (EJEF), primeira escola de magistratura
a integrar um Tribunal de Justiça no Brasil, pertencente ao Tribunal de Justiça do
Estado de Minas Gerais (TJ-MG) divulgam temas jurídicos atuais de ampla
repercussão e relevância, do qual se extrai os julgados mais importantes referentes
à judicialização da saúde.

Em recente julgado, o TJMG se manifestou sobre a teoria da reserva do


possível, como não sendo um mero artifício argumentativo que visa à recusa dos
entes estaduais e municipais na prestação dos direitos constitucionais, mas conceito
que traz à tona limitações orçamentárias da Administração Pública, de forma que se
possa discutir como melhor utilizar os recursos disponíveis e como traçar critérios
para que se possa ponderar os interesses conflitantes em jogo. Ou seja, não se
presta a reserva do possível a eximir o ente público de suas obrigações, mas de
sugerir que, em determinadas situações, verificado o custo da prestação que se
almeja aliado com as possibilidades econômicas existentes, há possibilidade de
mitigar a efetividade das normas programáticas (TJ-MG, 2022a).

Sobre o tema, vale trazer à baila os ensinamentos de Paulo Roberto Lyrio


Pimenta:

A teoria da reserva do possível corresponde à ideia de que a efetivação de


direitos constitucionais sociais se submete à reserva da capacidade
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financeira do Estado, pois depende de prestações financiadas pelos cofres


públicos. Essa disponibilidade financeira deve ser avaliada pelo Poder
Legislativo, pois é o órgão que detém competência constitucional para
elaborar o orçamento público; IV - A reserva do possível não importa em
esvaziamento da eficácia das normas programáticas, ou até mesmo em
reconhecimento da sua ineficácia. De forma alguma. O significado dessa
construção jurisprudencial é que os direitos estabelecidos pelas normas em
estudo são direitos prima facie, razão pela qual estão submetidos a uma
necessidade de ponderação. Logo, em determinados casos poderá ter um
peso maior um princípio orçamentário, em detrimento de um direito
fundamentado em um princípio veiculado pelas normas programáticas"
(PIMENTA, 2012).
Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), dispôs que, em regra
geral, descabe ao Judiciário imiscuir-se na formulação ou execução de programas
sociais ou econômicos. Entretanto, como tudo no Estado de Direito, as políticas
públicas se submetem a controle de constitucionalidade e legalidade, mormente
quando o que se tem não é exatamente o exercício de uma política pública qualquer,
mas a sua completa ausência ou cumprimento meramente perfunctório ou
insuficiente.

Ainda segundo o STJ, a reserva do possível não configura carta de alforria


para o administrador incompetente, relapso ou insensível à degradação da
dignidade da pessoa humana, já que é impensável que possa legitimar ou justificar a
omissão estatal capaz de matar o cidadão de fome ou por negação de apoio
médico-hospitalar. A escusa da "limitação de recursos orçamentários"
frequentemente não passa de biombo para esconder a opção do administrador pelas
suas prioridades particulares em vez daquelas estatuídas na Constituição e nas leis,
sobrepondo o interesse pessoal às necessidades mais urgentes da coletividade. O
absurdo e a aberração orçamentários, por ultrapassarem e vilipendiarem os limites
do razoável, as fronteiras do bom-senso e até políticas públicas legisladas, são
plenamente sindicáveis pelo Judiciário, não compondo, em absoluto, a esfera da
discricionariedade do Administrador, nem indicando rompimento do princípio da
separação dos Poderes (STJ, 2012).

Em derradeiro, o Supremo Tribunal Federal (STF), no Leading Case RE


566.471, deliberou fixar a tese de repercussão tema 6, em que se discutia, à luz dos
artigos 2º; 5º; 6º; 196; e 198, §§ 1º e 2º, da CRFB/1988, a obrigatoriedade, ou não,
de o Estado fornecer medicamento de alto custo a portador de doença grave que
não possui condições financeiras para comprá-lo, firmou a seguinte tese, “dever do
Estado de fornecer medicamento de alto custo a portador de doença grave que não
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possui condições financeiras para comprá-lo” (STF, 2007).

Impende observar outro recente julgado do Tribunal de Justiça do Estado de


Minas Gerais, que em sede de Reexame Necessário irretocavelmente se manifestou
sobre a responsabilidade solidária dos entes federados, enfatizando que o
posicionamento pacífico do Supremo Tribunal Federal relativo a tratamentos
médicos adequados aos necessitados se inserem no rol dos deveres do Estado,
porquanto responsabilidade solidária dos entes federados, podendo o polo passivo
de ações pleiteando prestações à satisfação do direito à saúde ser composto por
qualquer um deles, isoladamente, ou conjuntamente e que considerando essa
existência de obrigação solidária entre os Entes Federados, nos termos da
jurisprudência do STF, não há que se falar em desobediência às diretivas do SUS
quanto à distribuição das competências para fornecimento de tratamento médico,
pois comprovada a necessidade de realização de determinado exame médico, é
dever do ente público o seu fornecimento, importando a negativa em ofensa ao
direito à saúde garantido constitucionalmente, visto a tese fixada quando do
julgamento do REsp 1657156/RJ (STJ, 2012), ocasião em que foram fixados os
requisitos para a concessão de medicamentos não incorporados em atos normativos
do SUS, que somente é aplicável aos processos que forem distribuídos a partir da
conclusão do julgamento do referido recurso, em razão de ter havido a modulação
dos efeitos de tal decisão, nos termos do art. 927, § 3º, do CPC e que a tese
defensiva da reserva do possível impõe o ônus de prova a quem a alega quanto aos
seus elementos, bem como, consoante posicionamento firmado pelo STJ, em sede
de recurso repetitivo, é possível a imposição de multa diária (astreintes) à Fazenda
Pública (TJ-MG, 2022b).

4 CONCLUSÃO

Os dados coletados nessa pesquisa nos permitem dizer que o principal


motivo para que os munícipes de Aimorés-MG buscassem amparo ao direito à
saúde junto ao Ministério Público em período pandêmico foi à necessidade de
transferência de pacientes para leitos de UTI e a necessidade fornecimento de
medicamentos. Percebe-se que mesmo com ampliação de abertura de leitos de UTI
para o enfrentamento da Covid-19, o atendimento durante a pandemia ainda é de
graves ineficiências na alocação de recursos assistenciais, principalmente de leitos
15

de UTI, e que ainda se faz necessário ampliar e aperfeiçoar os padrões e critérios de


controle e monitoramento desses recursos.

Confirmando a hipótese de omissão do ente federativo municipal, foi possível


perceber ainda que, a principal razão para essa omissão foi à alegação de
indisponibilidade econômica do município, o que revela uma verdadeira
desorganização na alocação de recursos, ainda que esses recursos financeiros
estejam comprometidos, é dever do Estado assegurar o devido funcionamento dos
serviços públicos, em especial, os serviços de saúde durante o período pandêmico.

Em linhas gerais, o que se percebe é uma real necessidade de diálogos


cotidianos no que tange o planejamento do SUS no município de Aimorés-MG, pois
não se deve esperar, claro, que o Judiciário aceite acriticamente qualquer alegação
da Administração ou se satisfaça com considerações gerais sobre separação de
poderes ou escassez de recursos.

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YAMAGUCHI, Cristina Keiko. Judicialização da saúde no Brasil: uma abordagem


interdisciplinar. Erechim: Deviant, 2017.
18

ANEXO 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado participante voluntário:

Você está convidado a responder este questionário anônimo que faz parte da coleta de
dados da pesquisa A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE EM AIMORÉS EM PERÍODO
PANDÊMICO NO ÂMBITO DO MINISTÉRIO PÚBLICO, sob responsabilidade do
pesquisador ANDRÉ LUIZ SILVA MILANEZ, celular 33-8816-4658, do curso de Graduação
em Direito da Faculdade AlfaUnipac Aimorés.

Caso você concorde em participar da pesquisa, leia com atenção os seguintes pontos:
a) Em hipótese alguma o seu nome ou identidade será publicizado;
b) Apenas maiores de idade podem participar da pesquisa;
c) Você é livre para, a qualquer momento, recusar-se a responder às perguntas que lhe
ocasionem constrangimento de qualquer natureza;
d) Você pode deixar de participar da pesquisa e não precisa apresentar justificativas
para isso;
e) Caso você queira, poderá ser informado de todos os resultados obtidos com a
pesquisa, independentemente do fato de mudar seu consentimento em participar da
pesquisa.

QUESTIONÁRIO (GESTOR DA SAÚDE, PROMOTOR DE JUSTIÇA E OPERADORES DO


DIREITO)

Questão 1. Qual sua percepção sobre a judicialização da saúde num município como
Aimorés?

Questão 2. Que impactos, positivos ou negativos, a judicialização da saúde traz ao


município de Aimorés e aos munícipes de forma geral?

Questão 3. Na sua percepção, há alternativa para a judicialização da saúde? Qual?

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