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PAUL KENNEDY ASCENSAO sci E QUEDA DAS GRANDES POTENCIAS | Transformagdo Econémica | e Conflito Militar de 1500 a 2000 | Tradugao Waltensir Dutra Editora Campus (259) Introducao Exeetiveotrata do poder nacional internacional ao periodo “moderne — isto ¢, depois do Renascimento, Nele procuramos acompanhar ¢ explicar como as virias grandes poténcias ascenderam e caram, umhas eelativamente ‘ourras, durante 0s cinco sécutos decortidos desde a formagilo das "novas monarquias" da Europa ocidental, vo inicio do sistema transoceanicoe global de estados, Ele se ocupa muito, inevitavelmente, de quertas, em especial dos conflitos mais sérios, prolongados, travildos pelas coalizoes de. grandes poténcias e que tiveram grande impacto na ordem internacional, sem set orem, a rigor, um livro de historia milite. Também procura acompanhar as transformagoes ovorridas no equilibrio econdmice mundial a part de 1500, e-apesar disso nao €, pelo menos diretamente, uina obra de historia economi, «a. Ele concentra-se na interacdode economia e estrtegia,evilencinda na his tade todo estado importante do sistema internacional para inelhorar st Hges 24 @ seu poderio, para tomar-se (ou continua) so mesmo tempo tien « forte, © “conflio militar’ mencionado no subtitulo do livto €. portant, examinado sempre no contexto ct “teansformacio econdmica". A vitotia de qualquer grande poténcia nesse period, ou colapso de outta foi geralmente conseqiiéncés de prolongaca lta de suas forcts armada: mas camber da Uuiizagao mais ou menos eficiente de seus rectirsos produtivos em tempo de guerra e, com menos destaque, da maneita pela qual sua economia Vinh Crescendo ou decaindo, em refagdoas outras nacoes importantes, nas dads ue precederam esse conflito, Por essa rizio,alteracao constante i pos de uma grande poténcia em tempo de pa €, para eate estudio, Go importante quanto a maneira pela qual lta na guerra -Atese ayo resumida recebera Um fatamento mito mais cesenvolvide no proprio texto, mas pode ser sintetizaa rapidamente A forga relativa das prineipais nagdes no cendrio.mrundial nunca ermaneve constante, principalmente em vintude da uit de crescimento esigual entre as diferentes sociedades, © das inovagoes tecnologicas © Drganizacionais que proporcionam a uma sociedade maior vantagem clo que outta. Porexemplo, oaparecimento do navioa vela de grande slednce, arth do de canhoes, ¢ 0 eresciimento do coméreio allintica depois de 1500 io fo. ‘am uariformemente vantajosos paratodos os estos da Europa estinmulaeim 4 alguns muito mais do que a outs, Da mesma forma, mais tarde 0 desenvolvimento da energit a vapore dos recursos carboniferos e metalurgicos nos quais ess nova forma de forca se apoiava muckgamente aumentou 0 poder relativo de certas nagdes, diminuindo com isso 0 poderio relat fovtras. Quando sua capacidade produtiva aumentava, os paises tinham hormalmente maior faciidade de arcar com os dnus dos armamentos em ‘grande escala, em tempo de paz, © de manter ¢ abastecer grandes exércitos, ce armadas durante a guerra. Dizer isso parece um mercantilismo grosseiro, mas, 4 riqueza é geralmente necessiria a0 poderio militar, ¢ este por sua Vez & aeralmente necessrio a aquisiio © protelo da riguezy. Se, porém, uma Proporgio demasiado grande dos recursos de um pais ¢ desviada da eriagao de riqueza e atribuida a fins militares, torna-se ento provivel que isso leve 0 enfraquecimento do poderio nacional, a longo prazo. Da mesma maneira, se um pals se excede estrategicamente — digamos, pela conquista de lerrtérios extensos ou em guerras onerosas — corre 0 isco de ver as vantagens potenciais da expansao externa superacas pelas grandes despesas cexigidas — dilema que se torna agudo se o pais em questio tiver enteado num periodo de declinio econémico relativo, & historia dha ascensio © queda dos paises lideres do sistema de grandes poténcias, desde 0 avango da Europa ‘ocidental no século XVI— isto é, de nagdes como Espanha, Holanda, Fraga, Império Britinico e atualmente os Estados Unidos — mostra uma correlagao ‘muito significativa, a prazo mais longo, entre a sua capacidade de produaie gerar receitas, de Um lado, e a forga militar, do outto. A historia da *ascensdo e queda das grandes poténcias’ apresentada itulos pode ser rapidamente resumida aqui, © primeizo capitulo prepara 0 cenario para o que se vai seguir, examinando 0 mundo la por 1500, ‘eanalisando os pontos fortes e fracos de cada um dos “centros de poder" da poca: a China dos Ming, o Império Otomano e seu rebento muculmano na India, o Império Mongol, Moscovia, o Japao Tokugawa e os virios estados da Europa centro-ocidental. No inicio do século XVI, ndo era de modo algum, evidente que esta Ultima regio estava destinada a élevar-se acima das outa, Por mais grandiosos © organizados que alguns desses impérios orientais pparecessem, em compara¢io com a Europa, todos cles sofriam, porém, as consequéncias de terem’ uma autoridade’ centralizada que insistia'na Uniformidade de crengas e priticas, nao s6 na religito oficial do estado, como também em dreas como as atividades comerciais ¢ 0 aperfeigoamento de armas, A falta de qualquer autoridade suprema desse tipo, na Europa, © as rivalidades marciais entre seus varios reinos e citades-estados estirmularam uma constante busca le progresso militar, que interagiu proveitosamente com (© progresso tecnologico © comercial também registrado nese ambiente ‘competitive e empresarial. Com menos obsticulos a mudanga, as sociedades ceuropéias entraram numa espiral ascendente de crescimento econdmico © ‘melhoraram a eficiéncia militar que, com o tempo, as colocaria a frente de todas as outras regides do globo, Embora essa dindmica da mudanga tecnol6gica e da competitividade militar impulsionasse a Europa para a frente a sua habitual maneira pluralista © s09 empurrées, ainda perdurava a possibilicke de que uit dos estados competidores puclesse adquirir recursos suficientes para superar os outros, ¢ ‘em seguida dominaro continente. Durante cerca de 150 anos, depois de 1500, tum loco dinistico-religioso sob os Habsburgos espanhois auistriacos 2 pareceu ameacar exatamente isso, & 0s esforgos dos outros estados europeus !msportantes para conter essa “tentativa de dominio Habsburgo" ocupam todo ‘capitulo 2. Como ocorre em todo 0 liv, os pontos fortes e fricos de cad luma das principais poténcias sio analisidos relativamente, e 2 luz das snudangas economicas ¢ tecnol6gicas mais amplas que afetaram a sociedade ‘ocidental como um todo, a fim de que o letor possa compreender melhor 0 resultado das muitas guerras desse periodo. O tema principal desse capitulo € que, apesar dos grandes recursos dos monarcas Habshuurgns, eles s= sobrecarregaram constantemente no decorrer de repetidos conllits, © a «sirutura militar da copula tomou-se demasiado pesada para a base econdmica ue se enfraquecia, Seas outas grandes poténctas europetas tambem softiam jmensamente com essas guerras prolongadas, conseguiam — embora com dificuldade — manter 0 equilibrio enue seus recursos materials ¢ seu poder militar, melhor do que seus inimigos Habsburgos. As lucas entre as grandes poténcias ocorridas de 1660 a 1815, © ccomentadas no capitulo 3, no podem serresumidas com a mesma failidade {que uma disputa entre um grande bloco w 0s seus muitos vais, Fol nesse complicido.periodo que, enquanto cers exgrandes poténcias, como Espanha e Holanda, esavam ctindo para o segundo plano, surgiram cinco ssiados principais (Franca, Gri-Beetanha, Rissis, AUstria © Prassia) que passaram a dominar 3 diplomacia e o belicismo da Europa do século XVM, © travaram uma série de prolongadas gucrnas de coulizao, marcidas por allancas que se modificavam rapidamente. Foi uma era na ual a Fran, Primeio sob Luis XIV e depois sob Napoleao, chegou mais perto do contole a Europa do que em qualquer outro momento, antes ou depois, Seus «sforgos, porem, foram sempre contidos, pelo menos em itis instincia, por uma combinagao das outras grandes potencias. Como 0 custo dos exercton ¢ armadas nactonais permanentes se tinha tornado enorme em principios do século XVI, um pals que pudesse criar am sistema banciio ¢ crediticio avangado (como fee a Gri-Bretanha) desfritava de muitas vantagens sobre seus rivais financeiramente atrasados, Mas 0 fator da posto. aeogeiica também teve grande importacia na determinagao dos destinos as potencias, fem suas muitaslutas que variavarm com feqidencia —o que ajuda a explicar por que duas nacdes “marginais’ — Rissia ¢ Gri-Bretanha — tinham se fornado muito mais importantes em 1815. Ambas conservavam a capacidade de intervir nas lotas da Europa centro-oeste, estando _geograficamente protegidas contra elas, e amas se expandiram para o mundo extra europe, no decorrer do século XVII, mesmo quando asseguravam a manutencin do equilbro de Forgas. Finalmente, ns ctimas décadas do seculo, a Revolucae Indusral estava em pleno processo na Inglaterr,o que The datia maior capacidade tanto de colonizar no alem-mar, como de frustrar a tenttiva nnapolednica de dominar a Europa Durante todo um século, depois de 1815, em contraste, houve uma notévelansencin de prolongadas guerras de coalsio, Havia um equilbrie ésiratepico, apoiado por todas as principals poténcias no Concerto da Europa, de modo que nenhuma nagioisolada era capaz, nem deseava, atscat se 4 uum tentativa de dominio contineatal. As preocupacoes primordiis dos 3 governos, nas década posteriores a 1815, eram a instabilidade interna e (no Stso da Rssia e dos Estados Unidos) a expansio pelas suas massas terstoriais ‘continentais. Esse cendrio internacional de relaiva estabilidade permitiu que ‘olmpério Britanico atingisse o zénite de seu poderio global, em termos navais, Coloniais e comerciais, e também interagiu favoravelmente com o seu monopélio pritico da produgio industrial a vapor, Na segunda metade do século XIX, porém, a industralizagio se estava estendendo a glgumas outras repides, e comegava a fazer com que fel da balanga do podertn intemacional Se afastasse das nagées lideres mais antigas e comecasse a pender para os paises dotados dos recursos e da organizagio para explorar os meios de producio e a tecnologia mais novos. 4 alguns dos conflitos mais importantes essa epoca — a Guerra da Criméia, até certo ponto, ¢ mais especialmente a Guerra Civil Americana e a Guerra Franco-Prissiana — estavam impondo a derrota 3s sociedades que nao tinham modernizado seus sistemas militares, es quais faltava a infra-estrutura industrial de ampla base para sustentar 0S fenorines exércitos, ¢ as armas muito mais caras € complicadas que estavam agora transformando a natureza da guerra Com a aproximagio do século XX, portanto, o ritmo da transformacio tecnol6gica eas taxas desiguais de crescimento tomaramo sistema internacional ‘muito mais insivel e complexo do que era 50 anos antes. Iss0 evidenciou-se nna intensa corrida pés-1880 pelas grandes poténcias, em busca de mais teres colonais ra Africa, Asia e Pacico © em parte peo lucto, em parte pelo medo de serem eclipsadas. Evidenciou-se também no crescente ntimero de comidas armamentistas, tanto em terra como no maf, € na criagio de lianas militares fas, mesmo na paz, com os diferentes governos buscando aliados para uma possivel guerra futura. Atris das freqiientes disputas Ccoloniais ¢ crises internacionais do period pré-1914, porém, os indices de poder econémico, década a década, mostram mudancas ainda mais fundamen- tais nos equilbrios mundiais — na verdade, o eclipse do que foi, por mais de trés séculos, essencialmente um sistema mundial eurocéntrico. Apesar de todos os seus esforcos, grandes poténcias europeias tradicionais, como Franga © Austria-Hungria, ea recém-unificada Itilia, comegavam a ficar para tris na corrida. Em contraste, os enormes estados continentais dos Estados Unidos e Riissia transferiam-se para.a primeira linha, apesar das ineficiéncias do estado caarista, Entre as nagdes da Europa ocidental,apenasa Alemanha, possivelmente, teve energia para forvar sua entrada na’ seleta liga das futuras poténcias ‘mundiais. © Japao, por outro lado, tencionava firmemente predominar no lesteasiético, masnaoalém. Inevitavelmente, portanto, todas essas modlificagbes criaram problemas consideriveis, ¢ em iitima instancia insotiveis, para um Império Britinico que passou a ter muito mais dificuldades em defender os seus interesses globais do que meio século antes. Embora se possa considerar como o principal fato dos 50 anos posteriores. 1900.0 advento de um mundo bipolarizado, com suas consequlentes “rises para us potncias "médias" (como diz o titulo dos capitulos 5 © 6), essa metamorfose de todo o sistema nao foi suave. Pelo contririo, as desgastantes cesangrentas batalhas de massa da Primeira Guerra Mundial, dando importincia 2 organizacdo industrial e a eficiéncia nacional, proporcionaram a Alemanha 4 imperial certas vantagens em relagao.a uma Russia czarista que se modernizava rapidamente, mas ainda cra atrasada. Poucos meses depois da vitéria na frente leste, porém, a Alemanha viu-se ante a derrota no oeste, enquanto seus aliados sofriam um colapso semelhante nos teatros de guerra baleanico, italiano e do Oriente Préximo. Devido a contribuigdo tardia da ajuda militar americana, e fem especial da ajuda econdmica, a alianga ocidental teve finalmente os recursos para impor-se & coalizao rival. Mas foi uma luta exaustiva para todos os beligerantes nriginais A Austria-Hungria desapareceu, a Risvia entrou em revolugao, a Alemanha foi derrotada; nao obstante, Franga, Ita e até mesmo 4 Gra-Bretanha sofreram pesadamente em sua vit6ria, A tinica excegao foi 0 Japio, que melhorou sua posigao no Pacifico, e, naturalmente, os Estados Unidos, que em 1918 cram indiscutivelmente 4 maior poténcia do mundo. O rapido abandono americano, p6s-1919, de compromissos externos, & © paralelo isolacionismo russo sob 0 regime bolchevique, originaram um sistema internacional que estava mais fora de sintonia com as realidades ‘econ6micas fundamentais do que talvez em qualquer outro momento dos «cinco séculos estudados neste livro, Inglaterra e Franga, embora enfraquecilas, ainda ocupavam 0 centro do palco diplomitico, mas na década de 1930 sua posigdo estava sendo questionada pelos estados militarizados revisionistas dda Italia, Japdo e Alemanha — a tkima visando a uma tentativa muito mais deliberada de hegemonia européia do que até mesmo em 1914, Em segundo plano, porém, 05 Estados Unidos continuavam sendo, de longe, a nagio industrializada mais poderosa do mundo, e a Rissia de Stalin se estava transformando rapidamente numa superpoténcia industrial. Em consequéncia, © dilema para as poténcias revisionistas "médias" era a necessidade de se expandir logo, se ndo quisessem ser obscurecidas pelos dois. gigantes continentais. O dilema para as poténcias médias do status quo.stava em que, 0 lutar contra 0s desafios alemdo e japonés, provavelmente também se enfraqueceriam, A Segunda Guerra Mundial, com todos os seus altos e baixos, confirmou essencialmente esses temores de declinio, Apesar de vitorias iniciais espetaculares, as nagdes do Eixo no poderiam, no fim, ter éxito contra ‘um desequilibrio de recursos produtivos muito maior que o da guerra de 1914- 1918 O que conseguiram foi o eclipse da Franga © 0 enfraquecimento imecuperivel da Inglaterra — antes de serem elas proprias esmagadas por forga superior. Em 1943, 0 mundo bipolar previsto décadas antes havia chegado finalmente, ¢ 0 equilfbrio militar se tinha, mais uma vez, equiparado A distribuiglo global dos recursos econdmicos. s dois Gitimos capitulos deste livro examinam os anos nos quais um mundo bipolar parecia, na verdade, existir — econémica, militar ¢ ideologi- camente — ¢ se refleti, em nivel politico, nas muitas crises da guerra fria. A posigao dos Estados Unidos e da U.RS.S. como poténcias de classe especial também parecia reforgar-se coma chegada das armas nucleares e dos sistemas de transporté-las a longas distancias, o que sugesia sera paisagem estrategica, bem como a diplomatica, muito diferente agora de 1900, para nao falarmos de 1800. ao obsante, oprocesso de ascensio queda da grandes potencias — dis diferengasde tas de crescmento ransfornagio tecnologia que levi $Imodificagbes no equlifxio econdmico global, que porsua ver gradualmente inlem nos equitios poltco e mtr — nao tnha cessad Militant, Gs Estados Unidos e ORSS. contneavam na primeira ina enquanto 2 deca de 1960 dav lugar a de 1970 ede 1980. Na verdade, como ambos inerpretavam os problemas internacioais em termos,bipolaes, com irelenca manqetaan sa Hales os beara ond cece Sonkan ‘ramen de que nena outa poténca era capa, Nas mesmas pouty cada, pore, os equlon prautvos globais se alterram mals depressa dl que nunca. A parcela Jo Terceto Mundo na prod ttl de manufac turados e n0 PNB, que na década posterior 195 tnha cat a nivel sem precedes, vem'se expandindo tonstantemente, desde emto-A Europa recuperouse dos prejulos da guerra en forma cs Comunidade Economica Europea, tomouse 4 maior sinidade comerctal do mundo. A Repabica Popular da China est avangando em rimo impressionante, O treme econémico do apo no porauerra foi to fenorenal que, segundo cetox Calculos,ultrapassou recentemente a Risia no PNB tol. Em contra taxa de creselmento americana ers tomaranvse menores, sts parcels a producao-e da riquera globais diminuiram dramaticamente desde decada 441960. Deinando de ado todas as nay es menos portato, evident que hens um mundo multipolar mais uma ver, se medimos peas os Indices econémicos. Dads a preocupagio deste livo com interacao de eaten © economia, pareceu nos adequad um capitulo final embora necescafamente especulatv pura explora presente dispaae ene 0 equlio mat ©-0 equilib produtvo das grandes potencts, cindicer os problemas ¢ ‘portunidades que exister pars ox cinch grandes “cents de poder” police. conomico de hoje — Chin, lap, CE, Unino Soviet eEtados tnidon ‘em sua Tua de séculos part relacionar os meios nacionais com ofa rucionais. A historia da ascenedo e queda das grandes porecls an etd Tonge do seu pont final Sendo tio amplo 0 escopo dest livro, €claro que seri lido pordiferentes pessoas com diferentes objetivos, Alguns leitores encontrarao aqui o que esperavam: um exame, amploc ainda assim detalhado, da politica das grandes poténcias nos Gikimos cinco séculos, da maneira pela qual a posigio relativa de cacla um desses importantes estados foi afetada pela muclanga econémica € tecnologica, ¢ da constante interagio de estratégia e economia, tanto em época de paz como nas provas da guerra, Por definicéo, ele nao trata das poténcias pequenas, nem (em geral) das pequenas guetras bilaterais. Por efinigdo também, o livro € acentuadamente eurocéatrico, em especial nos Sut populacto onsiderdvel, de 1002 130 milhoes de habitantes, em comparagdo com 0830. 538 milhoes da Europa no século XV; sua cultura notivel, suas planicies wvuto feneis e iigadasligadas por espléndido sistema de canais desde oscculo X, € sua adminisragio unificada, hierirquica, gerida. por uma burcereaa confuciana bem-educada tinham dad sociedad chineea uma coceto cng Fequinte que consttuia motivo de inveja para todo visitante estrangeso. E certo que aqueta civilizacao tinha sido submetida a um severo descepibiio pelas hordas mongéis e pelo dominio que se seguiu a invasto de Kubla: Ran 4 ‘Mapa 1: Centr: do poder mundial no séoulo XVI ‘Mas a China tinha o habito de influir muito mais sobre seus conquistadores do que estes sobre ela, quando a dinastia Ming surgiu em 1386 part reunites © império e derrotar finalmente os mongois, grande parte da velha even cultura permaneceu, Para os letores educados no Fespeito a ciéncia “ocidental’, 0 aspecto mais surpreendente da civiizagio chinesa deve ser a sua procceinda teenologica, Existiram al, desde 0 comego, bibliotecas enommes. A inprecets com tipos méves jd surgira na China do século XI,e dentin em pouce erente {gman de isos Passava a exist. comércio ea indistra, estimulades pela “Consirao dos canais © pelas pressdes demogifias, cram rales ‘equintados, As cidades chinesas eram muito maiores do que suas eanielenteg, PaegraPa medieval e as rolas comescaischinesas eram extensax, © papel pars uso militar ¢ governamental — o exército de mais de um mile de he {mens er, or exemplo, um enorme mercado para produtos de ferro Vale rag GA ALE <$sa produo era muito maior que a da Inglaterra nas prineine fans Ca Riel Indus, sete séculos depois! Os chinesestambvem foram on jatde,€ 0 comércio comas Indias ea ilhas do Pacifico era potemcalmronte aes fucrativo quanto o das rotas das caravanas. A guerra naval amber rokesiae Praticada no Yangtsé muitas dé'cadas antes —a fim de dominar os harcoe de pra de Sung na década de 1260, Kublai Kan foi obrigad a conseeh soc Saebeus do oceano Indico. Pelo que os historiadores © arqueslogos nos Podem dizer 0 tamanho, poder e navegabilidade da marinha de Cheng ie pe tBuns dos navios que levavam os tesouros parecem ter medido cons ae 120 metros de comprimento e deslocado mais de 1.500 toneladas cles bene aventurar-se ousadamente ao sul de Ceuta," fas expedicao chinesa de 1433 fot a dtima delas, e és anos depois medlito imperial poibia a construgdo de navios de alto-mar; cum pouce’pon tarde, uma ordem especifica proibia a existéncia de navios de mie de dans masts. O pessoal naval passaria, a parti de entéo, a ser empregido on, navios menores no Grande Canal, As grandes belonaves de Cheng Ho force abandonadas e apodreceram. Apesar de todas as oportunidades que se gfe, ‘eclam no além-mar, a China tinha decidido voltar as costas para’o manle Havia, sem divida, uma estratégica plausivel para isso. As Fronteiras setentrionais do império estavam novamente sob, preselo des Jponséls, © pode ter sido prudente concentra os recursos miltines haquels area mals vulnerivel. Nessas circunstincias, uma marinha grande eva crs leng ee as gualauer modo a tentativa de expansao chinesa pura Anon (iieinam) fol infrutfera © cara. Nao obstante, esse raciocinio perfetamene arecimento dos portugueses a0 reavaliagao." A defesa terrestre era tudo 0 ram OS mandarins, pois nao tinha todo o Ming pelo ressentimento com as modificagoes que thes tinkam, sido impostas ‘antes pelos mongois. Nessa atimosiec de estaurapao”, a burocracia (que era muito importante) limitava-se a presersat € recapturar 0 pasado, € ndo criar um futuro mais brilhante, basceon a SxPansio € no comércio de além-mar, De acordo com o codigo Confucian, a guerra em si € uma atividade deplorivel, e as forgas armadae cram ecessirias apenas pelo medo dos ataques birbaros ou das revoltas interne Gaiversio dos mandarins pelo exeército (ea marinha) era acompanhadla deen desconfianga para com 0 comeiciante, A acumulagdo de capital privader Pritica de comprar barato c vender caro, a ostentacio do comerciante nee ico, do isso ofendia a elite, a burocracia erudita — quase tanto quanto provocava o ressentimento das massastrabalhadoras, Embora nao desejundo Paralisar toda a economia de mercado, os mandarins intervioham cory “Durante um breve periodo, na década de 1590, uma frota

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