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Presioewte 0 Renlauca liz Indie Lila de Site Mousa 9a Custom GGiberlo Gi Koroire Unies Feoenat 00 Rio oe Janeno/UFRS Reser elo Tebaa Vesetoe Syvie Vargas Cortada Form do Coa @ Cute Cars Antonia Kall Tens Eran UFRI ister Cates Ntson Couto tre Excutva Cacia Moria Coordanadra oe Eayto de Tork) Usa Start CCurdnadva de Paodyto Janse Overs Consco Eiaia! Gatos Nokon Cavin (president) hates Peston, Dera Maul de Cana, Jose Luis Fo doee Paulo Neto, ‘arto Kone, Vigna Foss Inennato oo Patan Kieonce € Aarisice Rucouulew Fresiono Aone Auguste Arles Nelo Chefs de Gains Marcle Brito Procursdore.Cale Sila Sousa dos Santos Cocrsnods Gera de Pes, Documanagto @ Refereice Ui Mots Cordon Geral ce Pranceso a Painting Cahir Graco Eeabalh Ditera de Potimieo Imtorst Maca Santama Dita do Patimrio Metecst Sorta Fabel de Casto Dvetor co Museus @ Cerio Cultures José dc Nascimero Junior Dieter de Plansiamanio © Administagéo Sera Abehzo 80 Ana Carmen Amorim Jara Casco Geréosio de O PATRIAGHIO £m PROCESSO ‘DELON DA POUICA FEDERAL OE PRESERACAO NO BRASH. ARIA CECILIA LONORES FONSECA 2 cin Fouon UHRD/AusC- 2005, Ccopyiant @ 1987 by Maris Co Londres Fonsees Fiche Catalogclion elaborads pola OWvisso 6 Processamente Técn Fovap Fonsees, Maria Cecile Londres 0 Patrinbaio em process proservagte 0 Gras! Mais C fl Rlo ge Jenezo: Edire 296 ps 18 x 28 em 4. Patriménio cultral ~ 6 ‘nivessiaade Federal 40 Rio do co ~ SiBUUFRI Atajaliria da police faderal ¢e ils Londres Fonseca. 2. 6. re 4; Ming = Iphen, 2005. 2, Petimanio Cultural ~ Histo. | envio, Il Insite. 69 Patrimonio Wiatcioo ites Nacional (rast. Thule ISBN 98-7108-1662 (EBlora UFR) (S6N 85-7584-006-1 (phan) 1 edigga = 1697 Exigto oe Tex10 bie Melnem os Santos {Irkan) & Nos Antonia Nena (ipran} {1 edlgauy Alvaro Mendes Inkan) (2 eclgée) Fevisto Avro: Wences (gban) € Sylvie Clemente 65 Wot Copa UNTOESIGN Projate Ste anise Ovstle toragda Fietrence arisaAczuo riareade Fetal 30 io Forum de Cirela «ultra Eelava UFRI dv, Pasteur, 2800 102 cep: zzzstst2 Tella: (21) 42-160 2 m6 (2) 22059505 ¢ 128 8 7 Iiostewon ara br Nee SP sezerrrat ‘900 _ss.cn050¢ Eeante $44, 09400801 FETOp / 2.08 77385. 0. Socials om see 7 HOA DaTA_48_ fos /.20c) LiVRARIA__ZAmZon% AS 23.42 Irsttwe do Peter Hiren Attestation ~ jan SBN Quadra 2, ico feo Caviel Bria (CEP Teo4o.904 Brasla- OF Tel: (on 41478, 412518 ai46n09 Few (2H 4146128, 48-598 Iipstameipnan govt sebmaserginin gos Pore Joie Luis ¢ José Peero Em meméria de Stele Lonabes Sed in Ati du Pagehtr ct) DORArL ooh Co TINA E obec cel Gary, | AGRADECIMENTOS Em goral, 63 pessoas 2 referem ao pesiodo de elanaio Ue lese como um tempo de fsolamento, de renincias, de taba drduo © tonso, Nao foi essa, no entanl, ¢ impressio que me fcou do pefodo em que preparel meu trabalho pare 2 obtengéo do titulo de doutora em Socinlogia pela UnB. Além do profundo enve- Vento com 0 tema, puce sempre conta com 3 valiase colabocagéo de colegas, parertes e amigos. Em Angdica Madeira encontol a orertadora de todos es momentos ¢ @ cispo- ribildede para acompanhar, mesiro quando distale, fodes os passos do. meu trabaino AA Clara de Andrade Aim devo, entre muitas outs coisas, 2 sugestio de estuder 05 processos de tomhamventa, Fal cam ela que descabe os ris pontos Ge contato entre © mundo ds palaras © 0 mundo dos cbots, De dona Gracie, spose ce Rocio Melo Frenco de Andrade, oblve infarmagdes que jamais encon traria em qualquer documento, Dos pretessores do Departamento de Sociiogs da UnB sempre se02b) est. mula e apoio, Devo @ Vilma Figueiredo a sugestéo para procurer na socilogia © caminho pera elaborer as questoes suscladas por minha experincia profes nal na area da cul, Mata Stele G Porig me ocentou com sensblidade no dick ‘momento de elaboragao do proto. De Christsnne © Brasimer F. Nunes recebi sugestées muilo oporunas, que conigiam runes ¢ apontaram trihas ainde nao exploredas Mariza Veloso, minha percera no estudo do patio, Wouxe conti- buigdes veliosas em fungao do conheciento que acurulou sobre o assun Contel sempre com a colaboragdo de meus colegas da erldo Fundaglo Nacio- nal pré-Membre. Xavier Maureau ¢ semre um interlocutor estimulante, em busca e novas formas de aborier a questio do parm, Antnio Herculano Lopes e ‘Antvio Luis Dias de Andrade também ie ajudaram, da diferentes maneras. Maria ‘Ave de Casto me deu aoesso & sua pesquisa sobre os Livros do Tombo. Dora « Pedro Alcintara me repassaram sus rquissina experéncia na area da pecra © cal. d. Liclo Costa, dona Jucith Martins e dona Liga Marins Costa, hers de ‘um Patimbsio que néo conheti, me posskiltaram conhecer e entender melhor 0 entisasmo e mestmo a devopéo desperados pelo Sphan naqueles que Weram oper ‘unidade de dele petcipar. José Siva Quinas, Luis Fefpe P, Serpa, Ana Gila de Olivera, Helena Muss, Anna) Metres, compantlros da referénea, me forne- cerem informagies que, de outto masa, nBo poder obier, os funciondsios do Arquivo Cental do Iphan agradeyo a alengso com que sempre atenderam a minhes sofcltagbes, Ao enti Instituto Brasito do Patimdnio Cultural devo a cispensa de meus encargos funconsis durante o periods de elaborageo da tese. Oa Capes e do CNPq receti apoio fnanceiro em diferentes momentos de meu curso de doutorado, Gelson partcpou desde 0 inicio, © suas sugestbes foram fundamentals pare ‘que eu pudesse me cistanciar de um ponto de vista predominantemente funconal «6 alcangasse um nivel de analise pale [A Viedimic Murino, Paulo Sérgo Pinheito, Celso Laer, Joaquim Fele8o, Jogo Geraldo Piquet Carneiro, Marisa Peiraro e Luis Anténio de Casto Santos agie- ego as centibuigdes e sugestbes falas. De Célis B. Nogueta e Eduardo Slerce rece uma assessoriajuricica de inestimével valor para a fina de investigagee que desenvotv nfo podeia esquecer daqueles que, embora ausenies, debaram sus marca na minha vida pessoal © profisional,@ tamém neste tabaho. A Abisio Magahes, ‘am quem tve 0 priléga @ 0 prazer de conver deseo os primeitos tempos co CNRG, a Fausto Alm sinior, personatzade insigante © cfatva,dovo, entre mui ‘as owas coisas, 0 exemple da busca constanie e entsiasmada do novo, mesme 4,08 cerinhios estetos ca burraca SUAARIO Lista de siglas Prelicio & segunda ecigso Iniodugao Pate - A noglo de paiméno: crateristices @ hstia Cepitio 1 - © patito: uma questio de velor 1.180 pinta coma clos urea 412 0 hn como oma do eomunzago soil 10 poise como cto de uma palic pica CCapiuio 2 - A canstrogée do paviméni: perspective histrca 21. Os prints oo presawaéo de monumenics @ euanonizatéo das nogdes de hse © de are 22 AegiiagSo do patio plo vale racionaidade 23 Ate cos vio ce Abs Reg 24 ampiagéo 6a nooo de patindni € legimasso vis diets tras Parte 2 - 0 patimSnio no Brasil Capitulo 3 - A fase hestica 210 contosto cut 32. O movimento re 321. O eon de nplue na modems bresieve 322 Os maceristas Minas Goris 33 331 332 333 34 344 342 343 35 381 352 36 ‘A ago do Sohan As nites precurseras A insttuonetzago da proto do patindnio O anlepicjeto de Miro da Andade eo decrease 1h 25 © programa de rabelio ¢o Sphan ‘As proxies os lies ‘corso de um saber verdadsvo ‘Um revato em pad © cal 0s coaboradres @ 0s adversos © papel da equpe © do Consetho Contre As woaes dicordortes Uma auloneria toca Capitulo 4 - A fase moderne a 2 43 434 44 45 48 7 0 contexe curl 0 Sphan pésEstado Novo ‘As alteratvas do (@ 2) phan Os camicos da descertalzagto @ busca de neice snlios pare © preserardo (0 onto Navona de Referéncta Cura A unileagso da pois federal depres 2 fusdo fou PCHONRC ‘Uma propose de democrazagéo da police ulus a ctagbo da Secrtara de Cul do MEC 1 alcance © os Kies da pltca federal de preservasio 15 anos 7-60: um baiango Capitulo § - A prdtica d2 tombamento: 1970-1900 51 [A sitombtca dos pocesses de lombereto 81.1 origem dos pedos 512 luscatvas,cereceres « impugnagies 52 (t pinepasprobiomas 2 BRR 106 110 112 116 116 118 120 131 1 139 1 mt 43, 184 188 160 0] 160 183 188 188 521. As concapgis de valor hittin @ de valor atta 522. As concepgies de var excepeional ooo vale nacre 523 Os cancltos de caro istbica@ de eniama 5.24, Sobre a lalinidade do proesso de ti e valor nos tosbamertos 53 A atuaggo do Conse Conelivo 54 Observagbes res Conclusio Referéncias bibfogréticas Anexos ‘Anexo | Cranoeia da police ce presence no Bras ‘nex II Decrtoei nt 25, de 90 de novembre de 1087 ‘exo Il Passor de Gales rummond do Ana ‘nex IV 0 compromiso cull da Nova Repibica ‘nore ¥Pecocaoa de tonbomentesbetoo de 1.1.1070 a 163.1000 nox V ‘Anexo VII Docrle cP 3561, do 4 e agosto de 2000 ‘Anoxo Vil Processos 6 regio strios Ge 2000 2004 ‘Anexo Bons cutuaise natas do Brot rsrtos na liste do pabiéria cule! urd 42 Unesco Procosos de lombamento sheros de 1890 2004 188 195 198 200 5 a7, 213 25 mS 253 29 a a 28 ABA Ape. ABI AGL. AB ALN ce cobrap oNRe. Condophaat Corephaae crc pac Datp oe ver ver pe USTA DE SIGLAS Associagdo Brsiera de Anropsiogia Sento And, S40 Bernardo do Campo e S80 Gactana Associado Brasleka 42 Inrensa Academia Braseka do Leas Ade ney Basta ‘Aanga Utartadre Nacional CConsebho Consilvo do Sphan Ciro Brasbero de Anse e Porearento (Conro Nacional de Reerbncie Cultura CConseho do Patindaio Htc, Atisic, Arquoligic € Tecnoligico Comission Regionale du Patincine Hsterique, Aisnue, ‘Archcogoue ot Etreyrapbique Cento Deparamenio de Assuntos Calas Jor ce Cutura Dopataneric Admiisretno 60 Serigo Pie Depatiamenle de Clare de Prsfetura de Sto Paulo Diis80 de Conseragao © Resauragso Disdo de Ess e Tomtarenio Devaramente de inorensa o Propaaende ) phan DR ore Embratur Funarte 148 tbama iBec eomos esp WCB Ne phan Isob LAA Leep. Lea uw moe ec Nes Wine ons ony Po Pou Po PROB Sepertemento do Patenio Histo © Artista Nacional Dito Regional Ditora do Tombarento © Consenayso Empress Srasivrs de Tusa sca Super de Administapso Fazenda Fundogde Netonl pr-Meména Fundagao Nacional do Ino Funcagaa Nacional de Arte Instulo dos Arquetos do Bras Insta Bras So Meio Ambiente testo Basiero do Patnénio Cultural Inmational Counl of Monuments and Stes Instula de Estudos Econiicos, Sodas © Poiticas de Sé0 Paulo Insitute Hisco © Geogrfico Bresioko lnsiuto Nacional do Foldore Instiuto do Patio Hite e Aiton Nationa Insiuto Suporior 6 Estudos Brasievos Leo de artes Apical wo Arquodtogin, Enogtdfeo © Pasapsice Lewo de Belas Ares Lao Histo Movimento Demoerti Breer Mirstrio de Edveagdo @ Cutura Nieto da Eauasto @ Sate Misr da Cutura Conder cos Adsogedos do Bras Crgenizezo das Nages Unieas Petide Comunisa Progra de Reconstuglo das Ciades Histricas Patide Democtéicn Ptigo do Mevimento Demcxrdio Brasro Senalba Seplan span Sphan ‘phan ‘phan Sudene vow UNE Unesco Programe Nosoral do Ocsenvlvinento do Artesanato Pardo Prosessite Prido Social Democrats Petido da Sccal Democrocis rasa Pardo dus Tabahadors Porido Trabshiste Brsicro Secrataia do Assunlos Cultus eo MEC ‘unsocretatia de Assunios Cults do MEC Sindato dos Enpregados om Enidados Culaais, Receatvas, do ‘Asistencia Soil, de Ornlapdo @ Fomacda Prison, do Bastia Secreta do Panejamonto da Presidenca a Repbica Senvigo do Patintnio Avisieo Naconal Secretaia do Patino Histsicoe Artisfoo Nacional Senvigo do Paintnio Histicn © Astin Neionl Subsecretaia do Patino Histon @ Asieo Nadors! Supeinlendtacia de Desenvolimenta do Noreste ‘Unido Demecrtca Nacional Unido Nacional dos Estuentes Uniled Natiors Eéucaona, Scenic and Cull Organization {Crpanizagdo das Neves Unidas pare 2 Educapéo, Cércia e Cute) PREFACIO A SEGUNDA EDICAO Mania Ceciuia Lowoges Fonseca [A reetiggo de um lito 0 transforma, de elgam mado, em uma nova obra. A reoeptvidade que obleve, 2 disténcis na avaliagzo de seu coneiro, as reagtes os Ieiores s8o elementos que contrbvem pora aprimorar a pimela versio, ade- ‘quando-s &s necessidades do momecto atu, ‘As intervengées fetes nesla segunda edigéo tém como cbjetvo contibuir para ‘que este lvro cumpra sus principal fnaldade: servic de subsidio tanto pare 03 ‘qe esludam a lemética do paliménio cultural bresleo, nas universidades © em ‘outros centos de ensino e pesquisa, quanto para os que, no solr pblico © fam- ‘bém nas véris insténcis da sociedade civil, trebalhem na formuiagdo e imple- mentagao de polices do patrimono, Nesse seni, além de uma revséo ciierosa do texto, foram acrescentados ‘anexos para factar 0 acesso a dados documento releos nos vires capi los. €, embora a pesquisa manterha, como no poderia deka de ser, o seu core ler dalado ~ uma vez que foi concluida em 1994 -, & importante assinaiar que os rummos tomados pela quesiéo do patimnia, nas esferas nacional e inlemaciona, corstturam, em grande parte, desdobramenins de tendéacas que jd se esboca vam no periods focado na pesquisa, Nos Eies deste pretécio, procurre resuir 0s falos que me parece mais siglicstvos No cenasio internacional, @ Urescn tem dasenvolido Uma séie de iniiatvas «que visam & amplagdo da nogSo de patiménio cultural e, mis especiicamente, 20 reconhecimento, & valozarso e 8 selvaguerts do petimério cultural ite. Os programas Tesoures Humanos Vios ¢ Predamaréo das Obras Pines do Patimd- rio Oral ¢ imate da Humaridade, © 2 Convengdo para 8 Salvaqierda do Pati- imOnio Cuxal Inateial, aprneda em 2008, resutam do uma avalaglo cca da apicaclo da Convengao sobre a Salvaquerde do Patiménia Munda, Cultural € Ne- tural, de 1972, que, devido 20s crteios edotaos, tem prvlegiado 4s expressdes monumental e as tadgbes de origem eurpéls © cisié. Oura tendénca reconte 6 2 vabtiagdo do patimério natual e @ eaboragdo de figuras inovadoras, como a e “pelsagem catura. No ditlogo dos palses com a Unesco, 0 Bras tem do par- tipaclo atva, presentendo candidates e cantando com suas experi. As Iidias,propostas © projetos deservobidos nos anos 70 ¢ 80, em grande pare por insptazao de Alosio Magahdes ~ e quo so objelo de anase nos capi. tulos 4 @ 5 -, fram relomados no fal dos anos 90, sobetuso a partir o serins- ‘lo intemacional realizado pelo phen em Fortaleza, denominado Patriménio imate- ‘ik esratigias e formas de protegso. Na Carte de Foreleze,recomendava-se 0 “eprfundamenio da discussio sobre 0 concsity de patito imatetal © o dosen- volvimento da ashides para a eziagie de instnmaato fgal insind « ‘ei! ‘come seu principal mado de preservacéc’ Depois de mais de dois anos de tabano, em 4 do agosto de 2000 foi edtado © decretodein#3.551, que “rst o Registo dos Bens Cutureis de Nature Inge terial e cia 0 Programa Nacional do Patiménio Imatera E, como oooreu com 0 cecrto‘e 25, de 30 do novembro de 1937, 0 instumento legal elaborado geo Bel pare @ prosonacéo do-um campo Ho Seniictvo de seu panini cultural ~ 0 Gos bans cua de caratr processel @ dni ~ caracterzow-se pela abran- gincia de seu aicance © por buscar adequar-se & especiicidade do patinovio tem questo, sbictudo no que diz espelo as agées do selvaquards, Mas, como também fol 0 caso com a feilagdo que requamenia 0 ombamentn, a eiiredade closse instumento legal ainda esta gor ser conquistada, 0 que depender, fndamen- lamenle, 68s policas desenvovidas a pair do sua aplicao e, pnpalmente, de sua apropriagSo pela sociedade brasileira 1 seu favor, 0 decreoiei n= 3.551 tom a exporiéncia do quase scion anos ce vigdnia do deretovel o* 2511997, e, satetuco, 2 consldageo, nae epenas em nivel federal, coma em estados © municipios, de potas de patimério cutu- ra, no devevel sentido da descerWatzagi. Come desalics, enconta 2 dieu ade de se apiorinar e de defrir seu cteto ~ arpo e ido por natureza ~ 60 incuir na sue aploagSo os suelos som cya Baripsgdo esse ebjto néo pocera ser resenedo ~ ccdores, produares, usvaios e paresis -, de daft cierios para a cutorga do regio, de elaorar formas diversificadas @ adequades de sa veguarda, De todo mado, o decetkin# 9.512006 &, sem divide, um marco na trjtiria das posts de patimén, no apenas no Brest, mas também no con- texto intemacionl. Em outros dois campos = 0 da preseriagéo de cents histreas © 0 dos do- cumentos ~ ocorreem fatos sgnfcatvos em termos de polices de pabimério em amo federal. © Programe Monument, dosonvohido com recursos do Banco Interomesizano de Desenvolmeno (BIO), poderébenefcx male do vite cidades brasietes. Nesse mesmo sent, # eeborardo do Termo Geral de Referénca do Plana de Preseragzo de Silo Ubaro Hist veo conibuir para que & con servagio © a gestio dessas ees protgidassxja comparnada com outs ins- tancies do poder piblco © com 2 sociedade. O Projio Resgate velo vibizar © omplo aoesso a fontes dooumentals da Hist basteka no periods cena sob a quarde de instbigdes esvangees. J8 a pesenrdo de sos e remanescantes arqueclégeas, por exempl, ana carece de elena & altura do suas necessida- es. Nas tebatos rtnetes © peuco visas em andamento no ‘phan, desenvol vidos om parceria com entdes pblcas e pivatas,contibuem pare pavimentar uma bese soda para 0 desenvohiment de plicas de patimdnio, S20 exerelos| © cadasto dos slios arquecligios e 0 dos bens culls procurades,essim co- imo 0¢ diferentes inventéios de bens cutis em curso? [A questio do petiménio curl tom se benefidedo, no Bras © no contexte Intemacional, da iusto da reso de diversidade cultural, que seré objeto de comvengdo a ser elaborata no Sbito da Unesco. Essa oiscusséo chege & free de cura mas de dez anos 2p6s a Comengio da Oversidade Bictyca (CO) € num momento en que ja se acangou uma razcavel percepct0 dos prejiz0s = trots © simbélioos - que podem decorer do desgesie dos recursos natura 1 a extingo de expécies veges € arimais, Enittano, como ja hava obser ado, a acelerade panda de exsresstes cule ettsicas, de tnguas © red ies ois, de conhecimentos waciconais, ainda no chegs @ provecar 0 meso impacto que 2 cegradagto amtiontl,¢ 6 ale consierade uma conseqiéncia inevtavel do desenvohimeato Essas quests Wm levariado novos e instigates problemas que ~ pela muliplicidade vetledede de atores envolvios - eviden- dam a complexidace de que se reveste hoje @ quastéo do patrimSnio cultural ‘Aas agradecimentos expressos na primeira edigfo, quero acrescentar minhe graiddo 20s colegas do Ministéio da Cullua © das emidades a ele vincwladas ‘com quem tive @ oportunidade de partihar reflexSes e projetos nesses ultimos ‘anos. Como assessora do ministo Francisco Weller, ¢ depcis como coordenado- ra do Secrtirio Oclvio Elisio Alves de Brito, encontel condigdes exoepcionals para ampli € enriquecer mina experéncia com as questdes da cultura e, pat: ‘ularmente, do pariménio cultural. Por outro tado, & com pesar que constato @ erda de varios compantelros de percurso: Antnio Luis Dias de Andrade, Pedro Alcantara, Luis Felipe Perel Serpa, © essa pessoa vstoniria © generosa que foi (0 embaixador Vladimir Murino. Devo a possbiidede de. comparinar esia experncia com um publica mais amplo a Glaveo Campello © Anténio Augusto Arantes, que, como presidentes do phan, vicbizarom as cuas edigbes deste two; & Esltora UFRJ, que agora retera © seu apcio; a Ana Carmen Jara Casco, por su perseveranga e pacincla com meus prazos; e a Alvaro Mendes, por seu rigor © cuidato na revisao do texto Novos bons amigos viecam ampiar o crculo de parceios dessa minha taje- tora profssionale pessoal, © conttbuiram, cas mais cterentos tomas, para 0 te- balho que desenvoio. Destaco Mequla ¢ Quentin, companheivos falemos de to des 08 horas; Elisa Lecnel, sempre presenle desde 0 nosso reenconto; Marcio Carvaino, apcio constante em tanta travessias; e Rogério, cyjo entusiaso, com: Panheirisme e carinho trouxeram mais lve © cor 8 minha vida ‘A meus fos, com quem compartina afeto, experéncias © valores, © @ minha mae, que, ene tsntos legados, nos ensinou @ envelhecer, dedioo este ira Braslia, agosto de 2004 Nous * Paisméno inate 0 gis do palirério frist. Cossié Sina dos altades co Co- ‘isso e do Gry de Tabata Patio nator 2. od Brasil Winsto da Culra = Instua do Patindcio Histo e Arisico Nacional, 2008. 2 LONORES, Celia, Os inant ns olcas de patio msteia Celebragtes sabe 1s da cura popular pesquisa, verti, cea, perspectias, Rio de Janez: Cano [Nviorl de Fok‘ore © Cutura PopuFunste-nstii Go Patnmtne Hséce@ Atitlen Nacional, 2004 “OFsTa MiG cm PROLHINO intRopUchO Se ozeator do Mueau de Kolnarquser mostra stant qual, ee 0 seus leurs, mais rea, lero para fongo doar do Granowall, para uma Sea cea do ticles, ponpir euros sirnse embrangas denaturera aarentenent sgifcat; sto 1d ua ca que, para el, € &idade hea Weber, Ensains 0 sciog A.constlugso de paliménios Histiions e arlstions nacionais & ume pratcs Scaracteristica dos Estados medemos que, através de determinados agente, re ulados entre 0s inviecuas, © com base em instruments jurcicos especifoos, d d » d » d ) ) ) ) ) Na vordade, porém, esse “poder simbtico" des patiménios nacional & rela- tho © tem um alcance limitado, Pois se 0 objetvo dessa paltica estatal ¢ ample, ‘na medida em que nao se diige a selores, grupos ou atvidedes pariculares, mos dz respoita a toda a sociedade nacional, de alo 0 campo de aus produgto 6 bas- tante resto: tata-se de uma police conduzida por inelactuale, que requer um ‘rau do especiaizagio em determinadas éreas do saber (ae, histéia, arcuitture, ‘arquedlogia€, mais reoentemente, elnolagia ¢ enrepoogla)e, por pate dos usué- fio, elgum dominio desses cbaigos. A lelimidede de constiuigio de_um pat’) minio assent, pare sous mentors, nBo apenes no seu valor come sinbols da {> naconaldac, mas tanta om valores clus atbuds a parr do ets | formulados por equelas disciplines. ‘A produgdo de um universo simbéfico 6, nesse caso, ¢ cbjeto mesmo da agdo politica, dal a imporincia do papel que exercem os intelectuis na consrugdo dos patménios culturis. Nesse sarge, séo dois os desafos com que se dafrontam: © primeiro € de, através da slogdo do bens “mbvels e imeveis" conforme 0 Procsito legal vigente na maior dos palses), construr uma representagso da ago que, levendo em conta a pluraldade cultural, funcione como propicadora de um sentimento comum de pertencimente, como relcrgo de uma identdade na clonal; © eogundo € © do fazor com que soja acalto como consensual, ndo-ate trafo, 0 que @ resultado ce uma selogto ~ de determinados bens ~ e de uma ‘onvengdo ~ a abbuiglo, 2 esses bens, de determinados valores. Ou soja, de, 20 mesmo tempo, buscar © consenso e incxrporer @ dversiade. 05 Inlelectusis que estao dire ou indretemente envoidos em ume police e preservagdo nacional fazery o papel de mediedores siiblens, 8 que atuam no sentido de fazer ver coma universls, em tetmos estéieos, e necionals, am termes poiftcos, valores relatvos, atibudos partir de uma perspectva e de um lugar no espego social. & so também as ineiectuals que, a0 apontarem, no exer- cic de sua fungdo erica, © cardter aria da representagio vigento de pot ménio, aluam no sentido de sua tansformageo? (0s processos de seiagdo e protepSo do pattiménio cultural nacional séo regu lados por leis, provedimentas e rtusis bastante espocions, © castumam ser con= ‘duridos por agentes com um pert intlecual defnido (Bourdieu, 1980, p. 8 No contexlo brasivizo, & preciso leer em conta papel polico que, deste © erode colonial, tom aqui exerato os homens de culura: 0 ce aluarem como Portewozes das massas desprovizes de recursos para se organizaram poltice ay cae Tritinino TA HE mente, fangdo que € lagitmada por seu comprenisso com a constugio de nagSo © com a lua pela cidadeis. Dado 0 caer inescapavelmenio ambiguo da posigio cesses inioleduais, sobretido nos perio euloivos, you lelsr apreender co- ‘mo lidaram com os diferentes compromises, os impasses e 08 limes com que sa delontaram. Pois, dvio ao gu extromamente resi, no Bras, da partcisa- ‘fo da socladade nas rollicas cults em gera, e partculamente nas polticas le presoragéo, as decstes dessesinlelecluas foram falores crucisis na orien ‘ago dosses polices Em geal, as polltcas de preservegao sdo conduzides por intletuais de peri traccional (histoiadores, artistas, arquitos, estrtores etc) que se propdem a aluar no Eslado em nome do ileesse pike, na defesa da cult, Heriicada com os valores das camades cuita, Ao prolegerem a cultura desses grupos, con- verlda em valor universal, no team dificutéade em concer, em malores con fits, sua identidade de inteectuais © de homens pubicos. No cas0 do Bras essa fi sivagdo dos inllecisis modemistas que particparam do Senigo do Patiménio Heston e Asteo Nacoral (Sper) desde 1857, e que instousram uma paltca cutural aja contnuiade « presto se mentiveram durante mais de tinta ‘anos, Enteanf, éferenlements do que ovoria entto na Euroa, esses inelec ‘unis eam figures que, nos seus raspeclver campos de atuaclo, tinham pocigaos de vanguard, 0 que confer @ sua atiacso na dea co parindrio uma autorade iterencada, Mos, 2 parr da déceda de 1970, scbretudo quando © regime miftar entrou em cise, essa politica comegou a sér cicada, e seu carder nacional contestato, or se refer apenas as produgées das eles. Nesse momento, coube a intelec- {uals com um novo pel (espedialtas em céncis fsicomateméticas e soca, admiistadores, pessoas Boadas 20 mundo industrial) defnir novos valores € no 1s interesses. Durante as duas décadas que se sequram, essa mudanga evohiu de uma modemizagao da nopio de patiménio ~ 0 que signfcou vineular @ temé- fice de preservagio & questio do desenvahimen's ~ & poitizagi da prética de Freservagao, na mecida em que o8 sgentes istiuconais se propuseram a atuar como medadores dos grupos sociais maginalzados [unto ao Estado. Esces inte lectus vram na area da cultura, marginal no carjunto das pollicas estas, um ‘espago possvel de resisténcia 20 regime eutnitésio. Seu objet ittmo eta juste mente o de amplar 0 alcance da poltca federal de patiménio, no senlito de de- mocratizi-la © cctocéla a senigo da constupée da cidadania © probiema € que, core observa Bourte, qualquer lla ro intron de um campo ‘pressupée un acordo enve 0s anlagorisas sobre o que merece ser objeto ua (1980, p. 118), ou sea, no caso, sobre 0 que sara 0 cbjtvo especiion a preseragso. Esse, como vemos, fo um dos impasses. que caredetzou @ pollica federal do patie desenvoviéa no Brasil nos anck 70-80; Nesse parce o, oexsrem duas Inhas de aluagio paralelas rum mesmo cabo, «cal, contnuitade do antigo Span, ea da rferéci, oranda do Centro Nacional | ‘ ReferBnca Cult (ENRC), ciado em 1875 ~ que no consequizam conir Er | um minima de defnigies comuns. A hegemania do grupo de referencia, na verds- | so lintou ao plano dscursin; na praca, fi aves dos tombarentcsefetia- | os pela Sphan que coninuou @ ser contuido 0 patiméai histrico € asin‘ nacional ‘uit probleme das pilcas de preseraggo em geral& o flo de que as ever ‘uals domendas de sociedad em relagio & cia s8o exremament diuses. Se cente os produores cutuais ~ cineasias, alors, mice, esctores ele. ~ essas demandes so mais defies, eqGentement, veialadas por meio do organza- ¢2ee corperatvas (assodagtes, snates etc), olor de ume demands social em termos da consitvigdo de um paiménio cultural da nego bastenle poblemtin, scbreluda em uma socedede como a bras, na qual, 20 lado da purabdede dos cenlextos ulus, exslem proundes desiguecades eeondmicesociis, ¢ 2 auononia do uma esira cull soquer fax sentido para alguns grupos da s05e- ade nacional. Nessas casos, fea mals complexa o papel politico dos inlelectuais que sz, dento do Estado, como exganizadores de uma demande cutalcinds ‘80 expiade, no senda de defender os interesses de grupes caentes de orga rizagdo propa. Foi com base nessa realdade que se formulram, nos anos 70 80, vates projetes do CNRC, posterirmente integtado & Fundagdo Naconal pré- Memoria = Em resumo, em ambos os momentas decisios - 0 moments fundador, no fal de déeade de 1850, ¢ 0 momento renovadey, na segunda metaie da décaca de 1810 « ico d0 do 1960 ~ a pesigdo dos inlecuass que conduciam a galtca federal ce preseragao foi marcaéa por alum giau ce anbiiidede, se bem que com resultados eifeentes. Durante 0 Estado Novo, 08 moceristes gozavam ce franca hegemonia no reo inkletal © conseguam resaverrazoevelmets bem, aguele moment, 9 cicotonia ene © qu eansidravam seu papel de homens de ‘ule @ servigo do intrcase publ © sua inseqB0 na adminskagao ce um 7 Trang eC a da peda ‘govemo auloitiria, mantendo junto co MEC e ao govemo federal um ‘nvejavel 120 2 aulenomia. Ja nos anos 70 ¢ 80, na fase de abertura do cagine mitlar, e cree de modemidade e ciate do uma comunidade cienttics mois independents, estuturade diversicada (e. Pécaul, 1990, p, 257-908), 0s intlectusis que s2 propuseram a reoiantar a paliica federal de preservagdo ~ em um sentido que ‘imglicava, a0 contrrio do que havia ocorido no Sohan, uma articulagdo com ‘outras éeas do governo © com os movinentes socials, tendo em vile uma idéia de democradia partcipatva — vita, muilas vezes, seu trabalho « sue atuago jun te 8 um governe autos serem postos sob suspela por outros inelectuais de renome. De um lado, porque se estariam deixando conptar pela dtadura miar, 8 em arse de legtmidade; de out, por se arvorarem em portavozes dos ite- esses populares (Cf. Mice, 1985, p. 127) no momenta em que a socedade cl se reesiuurara,lanlo por meia dos mecanismas de cepceseniagSo pelitea quento por mio de novas formas de organizagdo ndo-govemamentas sca trejeéria que acabel de esbogar muito rapidamente, e que serd epre- sented nos capitulos 3 @ 4, indica, a meu ver, que o grande desafio, ainda hoje, e uma police federal de preservacdo ro Brasil & desewwolver, numa socedsde como a brasileira, uma geliice de patimdnio que se, efelvamente, uma police pibica, Em que medide essa poltca no tem tunconado antes como uma at ‘ede implenteda ¢ conduzida polo Estado, com a paticipagdo de determinados intelectuals, como mais um recu'soideciégieo para obter consenso, para egimar tum piejto nacional co propio Esiado ou, simplesmente, pare inser © peis no concerto das nagdes ciilizedas? io entanto, nas décadas de 1270 © 1960, @ cenlagSo da poltca cultural de senvoivide no nivel federal fol no senitio de ampigr a nogdo de patiménio © de festmuler 2 partopacto secal, popando uma relagdo de colaboragdo entve Eeta- do e suciodace. Nao letiam esse periodo e essa nova onentagao doirado marcas ho sentido de propiciar uma demacratzaran da pltca faderal de patimbnia? Ou fretou-se apenas de afirmagao de uma Goa intengas de agentes insttucionas, carenie, no entano, de oondigbes scxsis © puicas para ser implementada? Pra- ‘urar elementos para cesponder a essas indapagées é un dos objeivos deste re- bal. (0 panorama atu, rtavamente as polticas cultuais no Brasil. parece indicer que nada mudou nesse campo perifrice das poilicas estalais: 2 questao cutural raramente aparece na agenda dos parties politoos au nes ciscursos de eventuais innate candidates; os cargos pts na dre da cultura no despertam mai interesse por parte da dasse paitca; ©, da parte da sociedaie, ras so as ocasibes em {que ocortem mobilizagses em tomo de demandas especticamente volladas pare 2 quostlo de cultura, A facidade © a profunddade com que foi realizado 0 "des. mantelamenio da area da cultura’ no Ineo do govemo Collor seriam um indicio dessa siuagéo. No caso da polica faderal de presenagdo, 08 cerca de mil tens tombados (incuinde-se ai desde monumertos isolados conjuntos da extensdo do Centro Historica de Salvador, com aproximadamente tezentos imbveis, e cdades intei- 2, camo Ow Preto, Tradentes, Ofnda, Antiio Prado) funciona mals como sim bolos abstralos e cislantes da nago do que como marcos eftves de um ident- dade nacional com que a maiofa da populagso se identfique, e que itegrem a ima gem extema do Bras. Na verdade, a idenidade brasiera lem sido representads bascarente pelo samba, pelo flebol, pelo camaval e, mals recentemente, pelas telenovelas e pela Férmuia 1. No exterior, o Brasil continua send valoizado sobre: tudo por seus recursos naluais, pela sua natureze topical ~ salvo nos melos inte lectuas e nos erganismas intemaciorais de cultura, como a Unesco, onde 0 Brasil ‘em vires bens insctos como Patimtnio Cultural da Humanidade (ver Anexo IX) Isso ndo significa, porém, que os bens euluris que se cham sod 2 protecae ‘egal do Estado — em fungdo do tombamento ~ no sejam reconhacidas como de vale, © que a sue preservagao nao sela considerada uma causa jusia. Objegtes fronts sb costumam ocarrer quando a ago do Estado vem contariar interesses parlculares, como, por exemple, de emgresarios da constupse civ, propietarios cde imévels antigs, prefeluras oe cidades histricas com projetos de urbanizagéo moderizadores otc"Para a populagdo em goral, os bens tombedos costumam ser valorizados por sua aniiguidade, por sua riqueza, por sua beleza, cobrando-se inclusive da. instluigho federal maior zeo na tarota de protegéos. J8 v8o lorge 0s tempos em que os agentes do Patrméio coriam o rsco do serem apedrejados or populagées enravecidas, quo ngo hesitavam, incisive, em ooupar um imévet fom vias de ser tombado com leprosos, para frcar sua demoligia* As reagées 2 acdo do Estado, reprasentado pela insttiglo federal encamegada da protecéo do patfiménio, hoje, quando cecuem, se dBo nos tribunals, na imprensa, na uta paltice © no téfico de infusncias.® Valoso,trala-se, porém, de um patimério pesado e muo. Pesado, nio sé por sua monumentaidade, pele solidex dos maleais e pele lugar que ocune no espago pice. Pecado porque muds, na medida em quo, 20 indcnar apenas caro sinboo absvats e dstanle J raconadae, em que um grupo mule vedu- ido se reconhece, o relerto a valores estenhos ao iraginatio da grande mora a popardo bras, 0 6nus ce sua pclegdo e cansenacSo acaba sendo co sidsrado coma um fardo por mentes mis pragmaicas, N30 foi oxto 0 sentido das cemendas spresenadas, en 194, 20 fexlo constucinal de 1888, quo ariva cnslderavemente 2 nogdo de panini cura. Essas emendas, apreseiacas a ocasio da revisio censtiudona, visa a reuwir tw 0 unvrso do pati- mésio com as aluigées do insigdo rsponsivel por sua prtegsa.” Psado porque mudo, essa 6, panto, uns das ibias que mavem est taba Iho, Proteldos, a maior parte do temp, do acesso do pio que, em geal, 2 preservegdo como uma athidade cute, prépria dos paises cviizados, esses bens parecem guaréor@ sele chves, pra a grande maioria da populagzo, as informegies, sontdos © valores que team justfcado sua induséo no patimdnio tistico © asco nacional. A distin ente as vadgdes cuts, es dierentes ‘endades colefvas, ene @ puralitade cra da nacéo & a memia nacional cansrulda pelo Estado, fice, desse moto, mais oqude, assim como ot lites desse poltca esiatal enquante politca pica. Nosse sentco, tudo leva @ cer quo o9 notes propa doe ance 70-80 ndo chogaram @ mudatsigifiaivamente esse realidad. ‘ir disso (ou, lez, por iso), © lemo do patindnio © @ questo das pal- cas de proseragéo despertam pouqussio interesse entre os cientslas socks 10 Brash, Done esses, <0 sobetido 0s anoptigos que, evenkaimente, abor dam esse tema, ra medida em que se ressam pelos processes de const 2 Kcenfidades cules cferencadas SSeus lrebalnos,® no entanto, tem-se concenttado na andtse dos discursos ‘fcas, Mas, 20 abordarem esse discurso desligado de uma praca social mais ampla,¢ também da pica instuconal especie, deixam de fora 0 nivel promi mente polico da questeo, a dmensio do confit, na forma, mais velace que contundente, como se manifesta especicamente nesse campo. Este trabalho pratende se dstnguir de outros estudes j8 protuzides sobre 0 mesa lema er tis aspectos: em primero lugar, 0 objeto da pescuisa 6 0 pro: cesso de constugge do patimdrio histérion e antsico no Brasi, considerado en- quanto uma pritica social produtva, ciadora de valor em diferentes dregbes, como observa Antonio Fugusto Arentes: IRA -eeeree seepage eer reer (2 (de aor econdioa que pode ser aumenlado au diigo, depentanda do Hata ‘ante que se dé os bers resenaes; de valor simon, constitu a mers, <6 looriiadeo de dendadonecoral sm ce outs identcades mae especicas «lcels de valor palice, fevendo ao aspects da hogorcris e a ds dros cara (1988, p. 16) NNesse sentido, € importante consierar no apenas a atuacio dos agentes ins- Aivelorsis, como também a paticjpagso ~ dela ou indreta ~ da socedade nease constuglo, ou seja, 2 apronriagso que ¢ feta dessa pritica poltica pelos aie rentes grupos soci Em sagundo lugar, considero os dscursos ofiieis praduzdos sobre 0 pltind to ome um aspeco dessa préica, por mein da. ual diferentes atres, em diferontes moments, fetam resoker nesse campo especiico algumas das grandes quesives que tim ccupedo tradconalmente a refledo sociligca: a fensdo ente o universal ©.0 particular, enbe 0 piblco © 0 prvado, entre tata e modemidade, ene cutura pala, ene Eslado © sociedade, Nesse seni, parto do pressuposla de que tuna paltica de preseragéo ¢ uma pica tem mais amla que um conjunto de atvidades visando protege material de determinados bens, Em tereiro lugar, procure me siuarciticamente em relagdo as andlises $0- ‘re os dois peratos em questo. Consiero que cs fundamentes tanto de algunas crloes tetas, nas cuss itimas décades, 20 que cela o carétor excludente 6 ot tista da construgio do patiménio reaizade pelos intelecWais modemisias nos anos 90 © 40, quanto de cars abjectes fees ao trabalho desenvoviso pelo CNRC, reduzindo-o @ um recurso leglimader de um regime autoiléia em exse, como fu tos de um anacrerisma,? no senide de que anaisam problemas de uma ép0ce 3 pat de quostbos © criéios ‘ornulados em cut. Por esée motive, um dos chia. tis deste tabalho 6 tontar a malor aproximagSo possivel do ponto de vista dos agenles que conduzizam, naqueles cols momentos decisives, @ polfca federal de preservagao no Brasil ‘ho analsar a representacée do patimtnio histtico € artstico nacional cons como tflexo das classes darrinantes ou da pPluaidade cultural rasieire. Procuo, sim, adola uma posigdo de cca 20 modo ‘coma esse chjeto tem sido consivito ¢ deslegizamente elatorado por determina. es sujetos socials, cue stem defo, no Bresi, 0 mongpdio dessa consiugao, Em suma, 0 objeto desta analise no ¢ um produts ~ 0 conunio de bens cultura que comgdem 0 patiimtnio Histcco e artsico nacional na Bras, ou es discursos que 78 FATA lctimam essa produgdo ~ 6 sim © proptio processo de constugéo desse pat Iménio, cu sels, 86 praicas instuconais desonvolidas por determinados aloes, que podem ser mals ou menos democraticas ‘A perspective do uebalha & primordiainente tstbrica: procure! montar ume narrative a part da qual sea pcssivel distingir calegorias unversais como me: ‘mévia, digg, monumento, de formulagdes particulates ~ como patriménio ¢ preservagdo ~ e confinuidades de diferengas. Em termos de perodizagao (yer Anexo 1), recon a um cio j& conse-raco {eh MECISphar!NpM, 1980), pois reflele o modo como a prépiainstuipéo conte va historia: 0 que distingue a fase hedica, gle vai desde @ craséo, ainda em carer provistro, do Sohaa, em 1886, @ 1967, quando termina a longa gestio do Rodtigo Melo Franco do Andrade, da fese modema, triiada com a ascensio de Alvisio Magalhaes na poltica cultural, quando se elaboram noves propostas de ‘aluagio, A gestao de Renato Sosio (1987-1979) canst urn periodo itermesié- tio, quando 0 Sphan lente se adaptar a uma nova conjuntura buscando ada inter- nacional e coexistindo com outas insiuigées federais atuantes na estera da pre- servagio. Um pressupesto fundamental de minha refiexdo & a distingdo entre police estelal - no senido da aividade concentrada e canduzida no inletior do apareino o Estado ~ e polca pibica ~ no sentido de aricalada, inclusive por mecanismos forms, com 05 interesses mtsles da sociedade.* Considero que falar de uma politica publica de preservagSo supe néo apenas levar em conta 2 representa videde do patiiménio ofeil em lermos da diversdade cutural bedi e 2 aber ture & patciparao social na produgto e ra gestéo do patimério, como também as condgbes de apropiagéo desse universo simbdlon por parle da populagdo. E fer fem demoratzagao ‘pica, nesse caso, consterar um corjunto de egies, em vi rios aiveis, visando e desprivatizar esse campo. Essa afrmaggo pare do pressuposio de que os patimérios histricos © aris ticos nacionsis devem ser eniendios no com universos fechados, represert bes de uma nage una e copsa, denificada a um Eslado centlizador, ¢ sit) fem sua relagio com pracas socials de omshugso € de objebiagio de identi. enter, am muilas opartunidades, ‘es coleivas, ue, em tenmos poltcos, repre interesses confitanles entre si ¢ cam Um pfojoto nacional, 8s veves apreseniado 0b a éside do interesse pcbica, Ou sea, frase de, 20 mesmo tempo, atlzar tum ponlo de vista anaitice ~ no sentido de tenlar adequar a perspective da pes ions Cael ‘usa as condigtes atiais do Esiaco @ da sociotade brasiios, sob um regime democtéico ~ e lenlarvislumbrar possbiidedes de paricpagdo social ainda ndo cexploradas." Qual a relagto, no Basi, ente as milttas memes eclatvas @ uma memd- via nacional? E como & conduclde a spropiagdo da phxaldade cultura, eneizada fem prdtcas soiisdferenciadas, por ua praia esttl de produgdo de um pa tino nacional ¢ vice-versa? Esses quests, convals nas pollcas de preser ‘agdo, remetem & Invesigagdo do papel exercido pelos agentes dessa medidaclo, ‘enquano infeectuais @ enquanto homens pdbiicos,* ‘Neste trabalbo, prvienii um periado da poltca federal de preservagio no Brest — os anos 70 © 80 ~ sobre 0 qual exstom pougulsimos eatides, © vou limtarme a aborder um especto dessa police: © processo de selegdo e de valo- rgdo de bens para inesrarem 0 patimtnio hstrico @ ersfoo nacional. Ficam de fora, potanlo, ovtas prices tonsituives dessa polca - as atividades, eminen- temente tonias, de conservaglo e de restauragdo, 2 prolegdo de bens méveis os museus, @ questio espeotica dos, conos histone, @ romozdo ets. Fica de fora também a questo fundamental da eproptiacso que @ socedade faz desses ‘bene © da prépria potica federal de patiménic, que 36 podera ser andiseda @ parr de casos paculaes, Esse 2nguo da questio serd ebordato spenas suma- riamente,e, sobrehdo, no captuio 5, onde me concentto na pesquisa dos pxo- ‘2es0s de tombamento aderos a pair de 1* de janeiro de 1970, digides eo Inst tuto do PatrimSnio Histrco Artistco Nacional (Ian). Resumindo 0 rotate deste tsbalho, no capitulo 1 procuo explctar © modo come, ne Brasil, foi rmuiada, @ perti de um esttuto juriico proprio, a nogso ce patimério, enquanto objeto de uma paitce pibica. No capitlo 2, promo ta- Gara histria dessa nagdo,distinquindo invents, ou nogées de aleance univer sal ~ como as nogtes do morumento o de colela ~ de variants, nogtes histor: coments produzides - cama as de patrinénio = de presenacho. Nos captues 3, 4-0 5, procedo & andlise da teeta dessa politca pibica no Brasil relacio- endo com 0 context cutural mais amo Nas "0 poder smb come ger de consti dado pla enunclat, de aver ere fazer er, 6e contr ou de transernar a visio de mundo 0, deste modo, 2 ofé0 sbrO 0 ‘mando, portato mundo poder quese migco que pomite chlo equelonle dauilo que obo pla forga (sia ou ecard), grag ao elle espacio de mebliaclo, <3 Tanne HOTT se orerce9e fr recone, quer dir, ignrao como ait. Is sigtca qu o goer simoticondo reside fos ‘slams sinlons em fora 6e uma Hocloney ce mas ‘quo £0 define mums reac dleminads ~ por mci dsla ~ ente os que exe 0 poder os quo Ie esto slic, que cee, na ppia esta do campo em que se roduz@ 90 roprodez a cana (0 que fez o poder das plavaso das pleas oo oem, coder de mane 3 oem ou ‘ee Subvere,& 2 conga n loptimiade das paras e daqule que ws prnncia, cng ‘uj produ nBo 6 d3 conpetinca das pales” (Borde, 1969, p. 14-15) ‘A comgleraratagto entre cura pl, e 2 questo do pape! dos inlets erquanto omens plas Bo tas reorentes ra eer: ccicgjca. Max Weber (1982), no esto “Apolica como vorapio’, dsingue a éica da respansalidade- en cue apes So rae: das segundo seu resultados ~ 03 ota de conven ~ en que agtes slo aoa segun- ‘ais 0, conseaiientemente, 4 cistingdo entre memétias coelivas diversicadas & ‘ume meméria nacional, neste capiuio procure anaisar © modo especifco de cone: ‘rugdo do universo simbélico dos patiménios cutura's nacionais: a sua consiul- fo, a parr de um estaute juriioo prénrio, a sva propose, camo uma forma de comunizagéo socil, e a sua instucinalaagdo, enquanl objeto de une pol 3 piblica, tio arigo “A hist6ra a are, Gio Carle Argan” pale de uma cisingéo ~ lente coisa valor ~ que serirh de base para a discusséo, neste capitue, 63 noggo de patindnio: ra vex qu as tas de ate so coo s gua es racenao un ao, hd dvesraesas0 tables, Padeso te preoipao pels cass rou Ment ts, casita, conerla, eeu, complas, vend as ue, dese arem mene oval pesqusrem que consis como se ore wens, to recceeao © s8 usuf, 1622, 9. 1) sees dias maneras de abrdar os fndenos atsios ooorem tan m0 tretamerto 60s chamados bens patimoniis. € prépio das poltcas de presera- go estar votagas para as clses © mesmo serem absonides or eas. A ne cesidade do essa proses no sent de destuigéo (alo pr fatres nat rais como humanos), aiads & respansabildade,indsve penal, 6o Estado e de ceventuais propritrios, em relagdo 20s bers tombedos, fez com que 0 objetivo ‘dessas policas acabe se reduzindo & protegdo de bens, convetendo-se assim as isas no objeto principal da preocupegdo ds ates envolides, Consequentemente, 0 valor cultusl que se atibu e esses bens tende a ser neturaizodo, sendo conederade ava propiedade ininsera, acssivel apenas a um olner qulfcsdo. Essa costuma ser 2 vsdo do tecnico, do resteurador, dos responsives,enfim, pela consenagSo da inlegdade material dos bens, mes tr ring por predaminar também enlre os fomuiadores daqueles polices Enteteno, cnsdere que uma police de presererzo do patiménio abrenge necessaiamente um Brio maior que © de um connie 62 atidades vserdo 8 prolegdo de bons. E imgrescndve! i am e questonar 0 proesso de predugio esoe universe que consti um peimdnio, os cits que regem a seecdo de bens e jusificer sua protegao;ieoiiar os sores ervohidos nesse processo os objetvos que alogom pera leciimaro seu trabalho, cera paso do Este dio eltvaronta 2 e382 orca sociale investigat 0 grav de envohimento €e soci dade, Tralese de uma dinenséo menos visve, ras nem por isso menes sign ficava, das poilicas ce presenvacto. No caso dos patiénios hisiéioos e atsfens nacionais, 0 valor que © conjunio de bens, independentemente de sou valor histo, artistic, fio etc, @ 0 valor nacional, cu se, aquole fundado em um sentimento de gerter cimento @ uma comuridede, no caso a nego. Como observa José Regineldo Gon- calves (1990), esses bens viiam objevar, confer realdade e também legitmar esse “comunidade imaginada ssa relagda socal, metic por bens, de base mais afetiva que racional ¢ relaconade ao processo de consiugio de ume idenidade cole - 0 idenidade nacional ~ pressupse um certo grau do consenso quanto a0 valor alibudo a esses bens, que jstiique, inclisive, o evestimento na sua prota, No c2s0 dos pat rménios, essa copacidade de evonar a idéla do nagio decoceria da atibuigdo, 2 cesses bens, de valores de ordem ca culture basicamente o histco e 0 aristn. ‘A nog de patiminio &, potato, dalada, produzida, assim como a iaéia do na fo, n0 fal do séoulo XVI, durante a Revolugdo Francesa, © foi precedida, na { civiizagdo ocidenal, pela autonomizagéo das nogbes de arte © de bistiia, O is- tériea @ 0 aristico assumem, nesse caso, uma dimenséo instumenal, © passam ® ser utizados na constuydo de uma representagdo de nagdo, JA dia Guizot, ro stoulo XIX, que 0 solo da Franga & simbolizado por seus monumentos” Enquanto pritica socal, a constitigdo € a protesia da patriménio estéo ‘aseentades em um esttuto juridco prério, que toma vidvel a gestlo pelo Estado, fem nome da sociedad, de deteminacos bens, selecionados com base em cores cittos, vaiveis no tempo € no espage. A nora juridica, nesse caso, funciona como inguagem cerformativa de um modo bastante pecular: no apenas define diitos e deveres para o Estado ¢ para os ctadsos como também inscrewe no ago social determinados fcones, guages concetas e visiveis de valores que se quer transmilir & preserva. ‘A seguir, com base na iia de patito tal coma & formutsta em textos ju soos brasieites? vou procuar especifear o modo coma, no Bes, se eonsituis ‘8852 nogdo enquanto fat juridico e enquanta alo social 11 A nocio oF matin conn cnet Di Em lermos juridicos, @ nogéo de patiménio histérica @ aristica nacional & re fetida pela primeira ver no Brasil (embora no exalamente com essa denomi- nagée), como sendo abjeto de protegéo obsigoiria por parte do poder pidlice, na Constiuigdo de 1934. Diz o att, 10 das disposigses preliminares: ‘AA. 10 = Conpoie concarenterente & Uri ans Estados: IL prooger as blezas naturals os manumanla de valor hist cu eso, endo imped 2 evasso de cas de ete, Traeatiie On wae TEE E, no entanto, somente com 0 decreto'ei nt 25, de 30 de navembro de 1937, ‘que se reguamenta @ proteedo dos bens culuais no Brasi. Esse texto, am de xplictar os valores que justticam @ protecto, pelo Estado, de “bens moveis © iméveis", em como objetivo resolver a questo da propriedade dosses bens. Desde enti, todas as Conettuigdes bresivras tém ratficado a nogio de pati rménio em tormos de dietos e deveres, 2 serem observados tanto pelo Estado como pelos cidadéos* [A primeira linha do reflex80 que daservolvere diz respello a questo do valor. Em todos 0s textos juris, € 0 valer cultural alibuido 20 bem que justia seu reconhecimento como patiménio e, conseqientements, sue protegéo pelo Estado. |A segunda nna do refexto ~ vineulada & primeie ~ remale especiicemente 8 questéo da. propriadade, crucial nas impicagbes pris do insftuto.do tombe- mento, sobretudo quando consieramas que ¢ malor pate dos bens que compbem 0s patiménics, e, cetamente, os mals slgnicatves, s%0 bens arquiloténicos. Ne medida em que so considerados de interesse pico, 0s bens tomibados se con- \vertem, em certo sentido, em propredade da nagdo, embora néo percam seu card ter de mercadcrias apropriaveis individualmente. © insttuto do tombamento - cspostivo por meio do qual, no decretolel nt 25, e 30.1137, se eleva a protegdo de bens ouluais pelo Estado no Brasil ~incce sobre 0 sistema de valores dos bens por ele alngdos e sobre o esiatuto da pro priedade dosses bers de forme peculiar, especiica. Pera entender essa espe ciicdade, € preciso relomar @ distngSo refeida por Argan enite coisa © valor* Do pento de vist juice - © para fins de reguamentagao do dito de pro: priedade -, tanto 0 Cédgo Civ como 0 Cosigo Penal brass distinguem bens materia, 02 cosas, de bens imateais 0 Dreio das Ccisas, no Codigo Cw, rae ta da coisa, engquanto valor eoonémico aprorive! Indviualmente, @ de suas rela fes privades" (Casto, 1991, p. 25). Distingue 2 coisa, apromrdvel, dos bens ime- teriais, nfo econdmicos, que, no dizer do juste Clovis Bewlacqua, “sto imredio- gies da personalidade que, por nlo serem suscetiveis de medida de valor, nto fazem perte de nosso patiimanio' (apud Casto, 1991, p. 4). Essos bens imeteias, ou valores, so objeto especfica, par exemplo, do Tit lo tl do Cédigo Penal de 1949, De pono de vista juriion, so inapropraveisind- Vidualmente - & dlerenga dos bens materials ~ © 2 telagS0 dos inviduos com ‘esses bans $e exptesse juridicamente sob a forma de diitos: o direito & lberée de, & vida, & instugao etc. Nesse Inka se inscrevetiam tarbém os dteitos au = ae ora TOES turais, mencionados no ait 216 da Consiluigdo de 1988 e reconhecidos pila ‘Unesco, desde 1948, na Declaraco Universal des Dirites do Homem, 0 Gieito, portant, além de ter por objeto intresses que se realize dents o circulo da economia, volts-se também para interesses utes, tanto do inv ‘duo, quanto da fama © da Sociedade. S50 os diilos meta-indivduais, que tem como fivlar no 0 individuo, mes uma cuetvidade mais ov menos abrangente Enire esses intresses figura o interesse pico de que fala 0 art. 1® do decreto- lei né 25, de 30.11.37, Polas caracleristeas do suelo desse po de interesse ~ indelerminado (@ Sociedade naciod, a humanidede ete) - do seu objeo ~ fido (e identidece nacional, @ qualidade de vida, 0 meio ambiente etc), também, pela intensa litgosidade de sous parémetos e pelo cardtor mutve! do seu conteido (ct Mancuso, 1991, , 67-80], o inktesse pico se insere na categoria dos inte resses diusos, ~ 0 proprio direito @ propriedade ~ enquanto diet do indWviduo, consagrado pelo Direto romano, fonte para o Dirito braseko ~ &, no Cétigo Gil Brasileiro, limitado pelo que sara a fungo social da propedade, reguementada pele lgisle- 0. Nesse seni, 0 exercico do dio ce propredade sobre as coisas no se pode contapor a outros valores, nSo-econdmics, de intresse geral, e, por isso, © exercicio desse direito 6 tutetado pola administragdo publica, [No caso especifco do bem tombedo, a tulela da Estado recai sobre aquelos ‘aspectos do bem considorados de inteesse pico ~ velores cultures, rele- ‘@ncias da nacionalidade. O valor patiimorial 6 quaiicado no texto fegak “quer por sua vincuiagdo @ falos memorévels da histéta do Bras, quer por seu ex- ‘cepclonal valor arquecisico ou etnogrsfco, biblogrfico ou artistic” (ar. 18 de- crelolei n® 25, de 3011.37), De ecordo com o mesmo texto, o agente encaegado a atibulgso desse valot, gare fins de tule pbtca,@ @ autrdade estate compe- tente ~ no caso, © Sarvigo do Patriménio Histtrica @ Atistioo Nacional, akaves ce seu Conselho Consulive Cabe 20 poder pibiica, portanto, exercer tuele no sentido de proteger “os velores cultuaisinsios no bem material, pibico ou particular, a cujos prodica menios, pariculaidaces ou pecularidades 6 sensivel a cretvidade e importa do fender ¢ conservar em nome da educagéo, come elementos indicates da arigem, a chilleagdo € de culura nacinais" (Rocha, 1967, p. 31). tse 6, Ilo sensu, 0 cojetvo das poltias do prosonvagia: gaanlr 0 deta 2 cultura dos cidadsos, entencida a oulra, nesse caso, como aqueles valores {ue indice ~ © em que se reconhece ~ a ideniade da nagdo. ‘Traine an otto weve 2 Enietanto, embora 2 piotagdo incida sobre 2s soises, pois estes & que cons: five o objeto de protegio jurtica, 0 objetivo da protegSe legal é assegurar a penranéaca dos valores culturas nels identicados. Esses valores sd sdo alcan- tpvals através das coisas, mas nem sempre coincdem exetamente com unidades rmaleriais. Essa distin se tome mais clara quando considerames o fombamento de conjuntos, seia de bens mOvels (por exemplo, clegdes de museus) ou iméveis (por exempo. centios histrons), Nesses casos, 0 objsto do tembemento & um inico velor ~ 0 2m coletvo {no senido gramateal do termo, de corjunto de wnl- Gades), embore mateiaizado em uma mulipliidade de coises, goralmente hele- rogéneas No 280 do patiménio, 0 valores nl econticas 8 seem protgios (val res ealtuais) esto insaitos na peépria cise, em funglo de seu agenciamento fisko-mataral,e sb podem ser caplados atavés de seus atbulos. Mas, com o tombameno, o bem ndo pede o valor eontica que the & propti, enqueno coisa, passive da apropiago individual. Por esse moto, & predko epuar mais rie mente ainda, nesse caso, 0 exeticle do deo do propiedad Sobre 0 mesmo bem, enquanto bem tomato, rem, assim, dues moda 00 co propiedade: a propndad da exo, alone, detominade por Seu valor cecrnbnin, ¢ a propedede dos valres cultures nla identicados que, por reo do tombarento, passe 2 ser able co propselto da cise: & propiedade da rex fo, ot sea, da socodade sob a tue do Estado Esse duno exercido de propiedad sobre um mesmo bom ger, obvamente uma sie de problemas, ois © exerciso de um to de propriedede fimita neces: tito do out. € exldets que os confiios de itresses ~ sobre setiamenie 0 exe tudo ete o interesse piblica @ 0 privado ~ ficam, nesse caso, mais agudos, mesmo porque 0 chamedo valor cultural de um bem na € reguado oor Um mer cado espacifico, mas se defne no nivel da “economia das trocas De tudo que foi dito, fea dare que © ambit de uma polica de presenagio do petrimbnio vel muito além da mera protégdo de bens movels e iméveis em sua {eigdo moter, pois, $e as coisas funconam como mediagéo imorescindivel dossa ‘alvdade, nd0 consttuem, em principio, a sve justcatva, que & 0 Intoresse pir biico, nem seu objeto iio, que so os valores auluais. E, se os valores que se pitende preserva - conforme estd expito na aberdagem juridice da quesiéo ~ so apreendidos na colse e somente nels, nfo se pode deixar de lever em cons TIENTS OTE eragia 0 fato Obvio de que os sgnifeados nela nao esto conti, nem the $80 Inerenles: so valores atibudas em fungdo de delerminadas reiagdes ene alores socisis, sendo, portant, indspensavel levar em cansideragdo 0 processo de pro ugdo, de reprodugio, de sproptiagio © de reslaboragdo desses velores enquento processo de produgdo simbéica © enquanto pratice social. 12.0 puesto conn foes 0¢ comma st 0 universe dos patiménios histirices e artists nacionals se caracteriza pela helerogeneidade dos bens que 0 inegram, maior cu menor gonforme @ con- cepgdo.de patiiminio e de cultura que se ecole: igeas, pelécins, fetes, chafo- tives, pontes, escultuas, pintuas, vestigios arqueciégicos, paisegens, produgées o chamado arasanato, colegies elnogtaicas, equipamontos industiais, para no falar do que a Unesco denomina patiménio néorfsico ou imateral~ lendas, can- tos, fesas populares, e, meis recentemene, fazeres e saberes os mals diversos. Essa onumeracdo, proposietmente cabtic, visa @ chamar @ alengso para 0 falo de que os bens enumerados acima perencom, enquanto signos, @ sistemas e linguagem disintos: & arquiletura, as artes pléstias, & misice, & elnograia, 2 arqueologia ete. Cada um desses sistemas tem, por sua vez, suas especiic- ‘dades « seu modo préprio de funcionamento enquanto oddigo. Além disso, esses bens cumprem fungoes diferenciadas na vide econdmice e social Do que foi dito acim, pode-se deduzr que © que denorninamos patinnio consitul um dsourso de secundo grav: as fungbes e signiicedos de determinados bens @ acrescontado um ves" especifco enquarto patimério, 0 que acarela a ree semantizagdo do bem e leve a allera;des no seu sistema de valores. O process de selegéa desses bens & conduzido por agentes sulorizados ~ representantes do Estado, com abituigses de*idas ~ © cerita de categoras fhas, a prio defridas, relacionadas a detorinades 29 conceit de morumenia istic. De medso, ele pede sua pseucotansparnda 62 datochevo,Torase< supe opaco de aloe histbicns ansivos ecards 2 prooadmenics componos © conta, (Riel, 1884, p. 16-17) esse char dstanciads que possitilts a desconsugdo das nogSes de monu- mento, monumenta histrco, presenagto, @ o mapeamenta de sua lista. Assim, Riegl plde distin tragos que sera consideradcs universas, de formas cultures espaciicas da civiizagSo cist-ocidenta| Para Rieg, © ato de arigi monumontos® ~ enterdides como “uma obra criada pela mo do homem e eaificeda com 0 cbjetie preciso de conserver sempre pre- senle @ viva na consciénce de geragtes futuras a lembranga de uma ago ou de tu destino” (1964, p. 35) =, pade ser idenicaco nas époces mais remolas da hu- mmenidade, Segunda Francoise Croay. “o monumento se assemetha bastante a um universal cull" (1992, p. 15) Esse tno de monumento, visendo & rememoragdo calebrativa, & chamado por Riegl monumento “intenciona’ Durante @ Antiguidade e @ Idade Média, esse seria © inion ipo de manu ‘mento conhectlo, mas a part do Renascimento teria comegado a perder impor ‘Spun a TE lencia, sendo atuaimente pouco Freqiente 0 prbprio temo monumenio foi mu- dando de sigcagdo e passou a ser entenddo como monuments histo e ertis- tio, ov sea, toda obra tangivel de valor histirico @ artstao. Essa atibuigdo d= valor, 30 contro do que acore cam. os monuments intencionais, € @ posterior, $6 passa a corer a parte do momento em que, na cultura ocidental, as nogbes Ge arte € de histiia adgirem alguna autonomia, No contexto da histiria, que Le Goff considera “a forma clentifca da membia coletva", a nogao de monumento ‘passa a Sor pensada na sua relagéo oom @ nogdo de document. (1980, p. §35-553) Também a nopto de preservagso deve ser entencida nessa dupla dimen- ‘40, de invaiante @ de varante cultural. A propésito, 62 0 antopélago ncrte-ame- rican James Clifford: Colts, posse, dasstcag e aor no eto, cata, rettos 20 Ocient; ras, em ouas regis esas atvdades nfo preciem ser essccadas & acurulacso (er vz da redstiougo) ov preserva (em vez da decadncla istic ou ala). ‘A prdicaociteral de colt da cra tam sua prépria gnealogia lea, nbrieade em nogles euopsas dsints de fenporaldade e orem, (1988, p. 218) 'As nogtes modemas de manument histérico, de patiménio ¢ de proservacéo 0 oomegam a ser eaborades a parte do momento em que surge a dia de estar dar © conservar um edfcn pela nica raxdo de que é um teslemunho da histéria lou uma obra de arte, ‘Sendo a preservagdo de monumentos uma atvidede necessaramente selativa, uma canstante opedo entre 0 conservar © o destuir (avo cu passive, no sentido endo imped @ destuigso)* eta seré exercida por delerminados agentes, © se- dgundo delerrinades criios, qu ofentam e também legtmem 0 processo de at- buigdo de valores - e, conseqUontemente, 2 preseriagio. € exatamente nesse pro- ‘esse ~ que fom uma dimensdo expicta, regulamentada, come, no caso do Brasl, ‘a insoigao ce bens nos Lis dc Tombo,e outa implicit, « mutas vezes até del beredemente ocutada, que remele as celagdes de poder entte os agentes envol vidos com @ preserragto ~ que se manifesiam 08 contites de interesse em jogo ne prdlica aparentemente tranqdia da preservacao de bens cuturas em nome do interesse pubic, E no semido de tentar apreender esses focos de confilo, que se manfestarn tanlo entre os diferentes giupos sociis envolides com a questéo quanto no inte riot da atvdede institucional, que orioiaei a andise da prtica de preservayio ‘exereida no Bresi, em nivel federal, ras docadas de 1970-1980, Neste capitulo, Teseancie ve rama, Han HT 2 partir dos trabalhos de Alois Riegh (1868), de André Chast Jean-Pierre Batelon’ (1980) © de Frangoise Choay! (1992). prooxarsi elaborar um conjunta de referéncas para pensar a isi dos valores albuides a bens cultures pare fins de presenacéo, Esses autres vlo chamar a alanglo nfo apenas para as codigbes de tans formaczo des nogBes de menumento tstovico, paiméno e preserago, como tarbém para as tenses presenles no pocessn de oreservagéo. & imporarte ob- servar que @ meioia desses auteas (assim como Guile Sato Argan j cto no capitulo anterior) desenvolveu, além de uma atvidede académica,trabalhos em agéncies estas votades para a presenagdo de monuments. Possivaiment, fc es8a emer, mais quo seus ebtudos © pesuses universes, que thes chem a alengdo para a diversidade de veloes etibuides @ um mesmo bem, enquanto rmonumento histo @ arisen, e para os problemas dacarrenies dessa realidade 210s snvbias ou ceric ee acuneos A mutonacio mis worse Ht € ae ‘Tanto Riegl quento Chastel e Babelon detectam no sentimento de plodade ret loca 0 49 dovogto Ge rolquia, earaciritco da dvlizagdo uroptia, 2 orgem o sentimenio de apego a bens simbiiioos que ovocem a idéia de pertencimento a uma comunidade, ainda que imagindrla, S20 Chastel e Babelon que dizem: Em eda sociedad, desde a piss, (.) 0 seta do sagrto inter con Vitando a ater cris objets, coves ugeos, cores bens malar, como excapendo {loi da witdade ied, A etc és lees famines, ado pated da case provavelnere deve ser recolceda ca oie aura base do reba o gains, procs aproximar sou destino dodo cars cbjtoscomuns, armas ia, mesmo cefios, que, por dverasrazées, escoparam da cbsclsoénca © da desing ttl pare se veer cola de um presto patiua,susciar ua geo apsrorad, até mesmo um verdad out, (1860, 9. 1) Esse estalut alibuido a certos tens materzis implica, como no caso dos bers religosos, uma forma de propredade coetva, visando @ preservilos @ a ‘garantir sua tansmisséo através das geragSes. Na Idede Média, a arstocracla piojelave nas seus caslelos © em ouiras representagées de suas tirhagens um sentido de simbo'os de sua contiuidece, ¢, por esse rezS0, esses bens se loma- vam também cbjeto de preservacéo. TFaTNaaTG OTE ‘Se, no caso de traciedo cist, fol @ lela @ guard dos objets de culo © 2 gesioa de sua transmisséo, 0 que chemamos patimdnio sb vai contiui-se efevamente como corpus de bens a serem cultiados, preserves e legados para uma coltvidade, em fungdo de valores legos, como os vakreshistico © arts too, e enquanto reerércas a uma idendade nacional, Por oto lad, cor mos tram Chastel e Babelon, 2 preserapto, embora senda como necessidade por cztosindividuos ox grupos, impessionados com 0 que cansieravam a beleza, 2 anigidade, ou 0 poder de evocegZo de certs monumenios, se mariestva, até © fra do século XVII, apenas om inicatvasioladas,fomadores do que charm “a sentido do patimanio. Se as categorias que vio fundementar a consiuigéo dos chamads pati- rénios histrens e aristioos comegerem. portent, a ser formlades e aplicadas a bens, desde o Renascimento, fia Idsia de nagio que vio garantir sov esto ‘ect, @ foi 0 Estado nacional que wio assegua, aavés de praticas expect ficas, 2 sua preservagdo, Pos, coma diz Vera Mle ‘Aeleva;2o da presengio dos bers cuss 5s reat sxlnene deta, cu sof, s8 aparece ca flo sac, quando 0 Eslto assume 2 sia prtseo aiarés da ordenozojwitca, cs isi cea ofcimeneenquanto bom uta, rmpuaenioa eso, Slidede m0 cz des fs dt Aisne clas de popedade, zeae, uso © opr do sD. (188,18) Fol preciso, potanto, que @ nozdo de manumeno ~ no sau sentido modemo ~ fosse formulada, enquento monurento histron € arson, para que a nogéo de patriménio se convertesse em categoria socakmenle defo, reguamentada Ceoliitada, © adquisso 0 sentdo de heranga coleva ospedcamente culture Como diz Frangoise Choay na intvodugSo jA cteda ao tiro de Riel “a invengao é monuments histirica € soldéia com a dos canceitos de arie © de hiss” (Rog), 1984, p. 19) sca nogdo pressupde a idéia de distincia e a percopgdo da aleidade do tuna ciilzaglo em relagdo a cues, © qve vei corer no Renascimento, qua 6, pela primeira vez, uma outa dstante mais de un miério no tempo € cons derada ancestral da presente. Franoise Choay considera que 0 advento desse colar “dstancado estela, Iberto des paixbes medieval’, que metamrfossia 2s cedioagdes antigas em “objtos de refexéo © de contemplagéc’, se sua por volta a primera metade do stovo XV, Alb en, sera possivel se aproximer da ce tue antga, pag, ressemantzando-, eradindo em temas cstos. Os pré- ‘Tecan Fo THAT onegA SETORIAL| EL! Moe ciécus socials dias anfigos que ro haviam sido dostuides eran reutiizados, ou them seus elementos aproveitados em outras constugses (1992, p. 37)! [Nto foi por acase que Roma se fomou 0 ber da sensiiade moderna. AE se tinha 20asso & presenga simutinea de dois tpos de manumentos ~ 05 antigos, agdos, ¢ 08 cristias - que rematiam @ duas tacigtes clstantes. Sintomatica- ‘manta, foi no século XV que ocoreram as primeras medidas de preservagdo, em proendises por papas através de bulas,visando & protegao de ecifcagées ontigas € cists. Também nesse momento ocoreu, no tatemento dos vestigios da Ant quidede greco-omana, o cuzamento de w8s discursos: 0 da perspectva histrca, © da porspectva artisca © 0 da conservagio. 0 interesse pelas entigudades, que comecou enldo a sug, era objeto de dois tipos de abordagem: a letrada, pelos humenistas, que

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