You are on page 1of 31

1

José Luiz Coutinho

A FAZENDA PINHAL, E SUA PARTICIPAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO,


ECONOMICÔ, URBANISTICO E CULTURAL NA CIDADE DE BOITUVA-SP

Artigo apresentado como requisito parcial para


obtenção do título de Licenciado, pelo Curso de
História do Centro Universitário Nossa Senhora
do Patrocínio – CEUNSP. Cruzeiro do Sul

Orientador (a): Prof (a) Luiz Roberto da Rocha de Francisco

ITU
2019
2

A FAZENDA PINHAL, E SUA PARTICIPAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO,


ECONOMICÔ, URBANISTICO E CULTURAL NA CIDADE DE BOITUVA-SP

The Pinhal farm, and its participation in development economic, urbanistic and cultural
developmentic in the city of Boituva-SP.

José Luiz Coutinho1


Luis Roberto da Rocha de Francisco2

Resumo: como projeto de artigo científico, estamos analisando o relacionamento entre a


cana-de-açúcar e o desenvolvimento urbanístico e econômico do Munícipio de Boituva,
Estado de São Paulo. Trazendo como fontes primárias de pesquisa, de história oral juntamente
com fotos, documentos e recortes de jornal, fornecido pela Fazenda Pinhal e a família Rosa,
proprietários da área desde o século XIX, trata-se de umas das fazendas pioneiras no trabalho
agrícola relacionado à cana-de-açúcar nessa região da cidade de Boituva. Vamos analisar o
percurso da história da Fazenda, desde a chegada do primeiro patriarca, Tristão Rosa, de
origem tropeira, até os dias de hoje com o sr. Colomi Rosa. Serão considerados o processo do
primeiro engenho em 1903, passando pela fabricação do álcool até os dias atuais com a pinga
artesanal, mostrando o desenvolvimento do Munícipio de Boituva desde que era vila até se
tornar cidade.
Palavras-chave: cana-de-açúcar. Tropeirismo. Fazenda. Aguardente artesanal.
Abstract: As a scientific article project, we are analyzing the relationship between sugarcane
and the urban and economic development of Boituva Municipality, State of São Paulo.
Bringing as primary sources of research, oral history along with photos, documents and
newspaper clippings, provided by Fazenda Pinhal and the Rosa family, owners of the area
since the nineteenth century, it is one of the pioneer farms in agricultural work related to sugar
cane in this region of the city of Boituva. Let us analyze the course of the history of the farm,
from the arrival of the first patriarch, Tristão Rosa, of pioneer origin, until today with mr.
Colomi Rosa. Will be considered the process of the first mill in 1903, going through the
manufacture of alcohol to the present day with the artisanal pinga, showing the development
of the municipality of Boituva since it was a village until becoming a city.
Keywords: sugar cane. Tripping. Farm. Artisanal brandy.

1
Aluno do curso de História do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP), Cruzeiro do Sul.
E-mail:joseluiz.coutinho@yahoo.com.br/ luizcoutinho3536@gmail.com Fone: (15)997563953/(15)3363-6076.
2
Professor Orientador: Professor e Mestre Luis Roberto da Rocha de Francisco, do centro Universitário Nossa
Senhora do Patrocínio- CEUNSP- Cruzeiro do Sul, Itu/SP, 2019.
3

Índice de Figuras:

Figura1: Quadro referente ao crescimento da população boituvense.......................................16

Figura 2: Quadro referente à produção agrícola com área de hectares e produtividade..........17

Figura 3: Quadro referente à pecuária, tipos de rebanho e quantidade de cabeças...................17


4

Sumário

1- Fazenda Pinhal e o seu relacionamento com o Tropeirismo........................................5


1.1-Boituva, de pequena vila rural. A Município......................................................5
1.2-A cana-de-açúcar, no Estado São Paulo, a partir de 1930...............................7
1.3-A migração nordestina da década de 80, para o trabalho manual de corte de
cana, e trabalho nas Usinas canavieiras na cidade de Boituva-
SP...................11
2- O papel de uma fazenda de cana-de-açúcar, no desenvolvimento de um
Município...13
2.1- Separação territorial Boituva x
Iperó................................................................14
2.2- Desenvolvimento agrícola da Fazenda Pinhal, junto com a cidade de
Boituva.13
3- Projeto interdisciplinar sobre à conscientização de crianças e adolescentes sobre o
consumo de bebida
alcoolica.......................................................................................21
3.1- Como trazer o tema sobre o uso de bebida alcoólico para sala de
aula...........21
3.2- Projeto Escolar Interdiciplinar...........................................................................23
3.2.1- Introdução..............................................................................................23
3.2.2- Problema................................................................................................24
3.2.3- Objetivo..................................................................................................24
3.2.4- Metodologia............................................................................................24
3.2.5- Recursos
necessários.............................................................................25
3.2.6- Avaliação................................................................................................25
3.3- A grande finalidade do projeto interdisciplinar..................................................25
4- Considerações Finais....................................................................................................25
Fontes Primárias...............................................................................................................26
Bibliografia.........................................................................................................................27
5

1- Fazenda Pinhal e seu relacionamento com o Tropeirismo

O artigo está sendo desenvolvido com base na história da produção de cana-de-


açúcar na Fazenda Pinhal, localizada na Estrada municipal Boituva-Sorocaba s/n Km 8.
Munícipio de Boituva, Estado de São Paulo. Tem como proprietários membros da família
Rosa, que estão no comando da fazenda desde o século XIX. A fazenda foi adquirida através
de uma troca que envolvia um lote de mula, sendo o senhor Tristão Rosa seu primeiro
proprietário, que tinha como ofício o tropeirismo (ROSA, 2019).
O tropeirismo, foi um sistema social de extrema importância para a expansão e ocupação
do território brasileiro nos séculos XVIII e XIX. Homens cruzaram o interior do Brasil
estabelecendo rotas, trilhas, na busca dos muares (burros, mulas) e na utilização destes
como meio de transporte, nos seus lombos foram transportados de tudo um pouco. Uma
complexa divisão social e territorial do trabalho se formou, comandada pelos interesses de
criar, vender, negociar e tanger esses animais, proporcionando assim, o surgimento de
inúmeras vilas, que, mais tarde, se tornariam cidades enquanto, algumas regiões iam
sendo produzidas segundo os interesses mercantilistas, como o Nordeste açucareiro e as
regiões auríferas do Brasil central, uma vasta porção do território seguia à lógica da
atividade tropeira (STRAFONI, p21, 2001).
A fazenda Pinhal, até o século XIX, não tinha muito desenvolvimento agrícola; tinha
uma imensa área, fazendo divisa com Sorocaba e Iperó, se localizando muito próximo à feira
de muares. Podemos dizer que esses animais vendidos e negociados nos muares eram bem
valorizados. Pela falta de outro meio de transporte na época, o tropeirismo era um ofício
lucrativo apesar das longas viagens. A região de Sorocaba ficou muito conhecida através da
feira de muares. O Muares eram um evento que acontecia em Sorocaba por volta do mês de
abril, ao qual vinham pessoas de todas as regiões do Brasil, para compra e troca de animas. A
maioria desses animais tinha como Estado de origem o Rio Grande do Sul. Ao chegarem à
região de Sorocaba, no final de fevereiro e começo de março, eram instalados em pastos
próximos à feira para engorda, para melhorar sua aparência, para melhor distribuição
(STRAFORINI, 2001).
6

Outro fator muito importante foi o nascimento de novas vilas, que com o passar dos
anos se transformaram em cidades, originárias de pontes, ou abrigos, pela viagem dos
tropeiros, quando eram em busca desses animais, mas também na volta para comercialização
na feira de muares.
As cidades originadas pela atividade tropeira não tiveram na religião o elemento primordial
para a configuração da malha urbana e distribuição dos elementos no espaço. Isso quer dizer
que as vilas não se formaram em torno de uma praça central, mas sim a partir de um pouso e /
ou uma ponte. A rota ou a estrada era o elemento que desencadeava todo o processo de
produção daquele espaço específico e singular na colonização do sul do Brasil. A maior
característica daquele espaço foi a simetria na distribuição dos pousos, vilas e cidades ao longo
das rotas. Esse espaço materializado simetricamente foi resultado de um tempo diário, ou seja,
o tempo percorrido diariamente pelos tropeiros (STRAFONI, pp32, 2001).
Quando Tristão Rosa, adquiriu a fazenda Pinhal, a propriedade já tinha escravos e
pequenas plantações de arroz, feijão, café e algodão. Parte da fazenda também era destinada a
agropecuária como: o corte de gado, vaca leiteira, criação de búfalos e porcos. Com a
abolição da escravatura em 1888, a maioria dos antigos escravos preferiram continuar na
fazenda trabalhando e constituindo suas famílias. Esses tipos de construções de casas, para
formar a colônia, e do mesmo modo a construção da primeira casa grande, foram técnicas de
construção civil, desenvolvidas através dos bandeirantes. A partir de 1920 foram sendo
reformadas, sem nenhuma técnica de restauro apropriada (ROSA, 2019).
Os tropeiros levaram ao longo da rota técnica de construção de casas usadas pelos paulistas. É
possível encontrar em inúmeras cidades distribuídas ao longo das rotas, antigos casarões
construídos com a túnica de taipa de pilão, que resistiram ao tempo, mostrando às novas
gerações um tempo histórico diferente e único na colônia, onde a produção do espaço se dará
de forma totalmente diferente do atual. “De Sorocaba para o Sul, Itapetininga e Itapeva, dela
desmembrada no século XVIII, foram também o reino da taipa de pilão” (ALMEIDA,
1950;36).
Como vimos o tropeirismo não trouxe desenvolvimento só para Sorocaba, mais
também para toda Região em torno do Munícipio. A queda de rendimento do tropeirismo
começou por volta do final do século XIX, com a chegada do transporte ferroviário, mesmo
assim continuava tendo sua utilidade. Como mecanismo de condução de cargas, transportando
as mercadorias das fazendas, até os pontos de carregamentos ferroviários. O tropeirismo só
tem o seu término por volta dos anos de 1950. No comando do presidente Juscelino
Kubitschek, que começa a investir em tratores e caminhões substituiu-se o trabalho do
tropeiro nas regiões agrícolas (STRAFORINI, 2001).
7

1.1- Boituva, de pequena vila rural. A Munícipio

O nome Boituva, segundo a língua Tupi, significa ajuntamento de cobras. Vila da


cidade de Porto Feliz, até meados do século XIX, era um território com várias fazendas. Neste
período ainda não existia área urbana no bairro. Situava-se no trajeto entre Porto Feliz e
Sorocaba, e Porto Feliz e Itapetininga. Segundo HOLTZ, NOGUEIRA (2008).
O censo de 1815, menciona que na vila de Boituva, só existiam dois bairros: Pau
d’Alho, e o Santo Antônio, que somados possuíam 204 habitantes. Teve como seus primeiros
moradores os índios guaianases, mas com a chegada dos bandeirantes eles fugiram ou foram
escravizados. Com a inauguração da Estação Ferroviária de Boituva, em 16 de junho de 1882,
a vila que até aquele momento, estabelecia uma área extremamente rural, passa a ser
urbanizada. Já em 1889, Boituva passa a ser o segundo maior ramal da Sorocabana em
tamanho. Em 1920 é construído um pequeno percurso até Porto Feliz, (BRASIL, 2001).
A partir da construção da Estrada de Ferro Sorocabana 3e da Estação de trem, por
volta de 1880, a atual Boituva passou a ser polo de atração de vizinhos, comerciantes
e profissionais ligados ao setor ferroviário. Estes, por questões de segurança e auxílio
mútuo, acabaram criando o atual núcleo urbano. Assim as primeiras residências
passaram a localizar-se nas proximidades da estação (HOLTZ, NOGUEIRA, pp 25,
2008).

Com as mudanças que ocorrem na vila de Boituva entre o final do século XIX e
início do XX, o bairro começa a ter certas transformações, como por exemplo a chegada de
novos moradores vindos de diversas localidades próximos a vila, como: de Tatuí, Porto Feliz,
São Roque e até da Itália. Com o aumento da população local, começa a construção de sua
primeira capela, que é chamada de Capela Santa Cruz. E em 1905 é construída sua primeira
escola mista, chamada de Escola Pública Mista da Vila de Boituva, que teve como sua
primeira professora D. Dolores Trujilo Botelho. A vila, com sua grande ascensão, se
transforma em distrito em 1906, e em 1907 é instalado seu primeiro cartório. Anos mais tarde,
se estabelece no distrito o correio que tem como sua primeira agente, Dona Isabel de Arruda
Lima (FILHO, 1973).

3
Estrada de ferro sorocabana: foi fundada em 1872, e o primeiro trecho da linha foi aberto em 1875, de São
Paulo até Sorocaba. Permaneceu em atividade até outubro de 1971, quando foi extinta e incorporada a
FEPASA. Trens de passageiros de longo percurso trafegaram pela linha tronco até 16 de janeiro de 1999,
quando foram suprimidos pela concessionária FERROBAN, sucessora da FEPASA. A linha está ativa até os
dias de atuais, para trens de carga (BRASIL, 2001).
8

Geograficamente a localização do território boituvense é até os dias de hoje, muito


bom para rotas intermediarias com outras cidades dessa região, pois a cidade faz fronteira
com várias cidades, como: Porto Feliz, Cerquilho, Tatuí, Sorocaba e Iperó, e no início do
século XX, sendo muito bem aproveitado pelos responsáveis da estação férrea. Aumentando a
população rapidamente nesse território, tendo de fazer algumas modificações na vila, como
abastecimento de água em 1909, e a construção de uma nova igreja em 1916 (FILHO, 1973).

Com o grande crescimento urbanístico, Boituva começa a se destacar não só por


causa da Sorocabana, mais também com a chegada da fábrica de algodão, as grandes colheitas
de abacaxi, que eram considerados um dos melhores abacaxis do Brasil, e a grande produção
de cana-de-açúcar na região, surgindo vários pequenos alambiques de cachaça e fabricação de
açúcar. Depois da revolução de 1930, Boituva começa a se tornar um local bastante disputado
no olhar político. Em 1934, o PRP (Partido Republicano Paulista), era contra a emancipação
de Boituva de Porto Feliz, e o Partido Constitucionalista era a favor da emancipação. Essa luta
política se estende até 06 de setembro de 1937, quando foi promulgada a lei número 3045,
criando o Município de Boituva, tendo como seu primeiro administrador o senhor Vicente
Malatesta que assumiu o cargo a partir de 01 de janeiro de 1938 (FILHO, 1973).

A estação ferroviária de Boituva, que foi uma das grandes responsáveis pela rápida
urbanização e desenvolvimento geográfico da vila que se tornaria município, teve grandes
mudanças com a chegada da Rodovia Castelo Branco4, seu funcionamento foi até 1998. Na
década de 90 ela chegou a ficar abandonada, no ano 2000, a estação foi reformada, e foi
utilizada como Secretaria do Turismo. E em 21 de agosto de 2001, o prefeito Edson
Marcurso, junto com a Câmara Municipal, consolidou o tombamento dos prédios históricos
da Estação Ferroviária e a “Cabina de Boituva”, determinada pela lei Número 1387/2001
(PREFEITURA DE BOITUVA, 2019). Em 2008 ela serviu como sede do sindicato dos
trabalhadores do Serviço Público Municipal de Boituva, em 2013, estava sendo utilizado pelo
AA (Alcoólicos Anônimos). Nos dias atuais a Estação se encontra abandonada, toda pinchada
e em péssimas condições. A Prefeitura, junto com setor de Desenvolvimento tem um projeto
para fazer da antiga Estação um Museu, havendo uma linha Férrea turística de Boituva a
Iperó, mas não conseguiram investidores para essa manutenção, pois os custos são bem
elevados. E o único patrimônio histórico da cidade continua abandonado, (BRASIL, 2001).

4
Rodovia Presidente Castelo Branco: também denominada SP-280 ou BR-374, originalmente chamada de
Rodovia do Oeste. Sua construção se iniciou em 1963, e foi entregue no dia 10 de novembro de 1968, pelo
governador Adhemar Pereira de Barros.
9

1.2- A cana-de-açúcar, no Estado de São Paulo, a partir de 1930.

Como podemos observar, a cana-de-açúcar no Brasil vem sendo cultivada desde o


período colonial. Podemos dizer que após sua plantação na região, é que começou a
colonização no nosso território. Antes disso, o Brasil era um lugar de exploração de matéria
prima originária da terra brasileira, ou servia de asilo para baderneiros, bandidos, devedores e
prostitutas. E com a chegada da cana de açúcar, no território, acontece uma grande
transformação, começa a formação de cidades e grandes investidores começam a aplicar fonte
de renda na colônia (FERLINI, 1986).

A estrutura agrária brasileira nasceu do açúcar. Para sua produção terras foram
doadas, homens deixaram a Europa sonhando com a riqueza, organizou-se o
comércio, o tráfico negreiro ganhou fôlego. Produto mais importante da economia
colônial, o açúcar oscilou, desde o século XVI, ao sabor do mercado e da política
econômica, mas se manteve, mantendo uma sociedade violenta onde, sob a capa do
paternalismo, senhores esmagaram escravos e, ainda hoje usineiros esmagam
camponeses (FERLINI, pp 08, 1986).

O desenvolvimento do açúcar começou em meados do século X, no Oriente Médio e


daí em diante ela começa a ser plantada e produzida em diversas regiões do planeta, tendo
como seu início o mundo árabe, passando pela Índia e depois se espalhando, pela África,
Espanha e Portugal, também no sul da Itália. O seu uso de início era destinado à culinária e
produtos medicinais (PÁDUA, 2013). E a o chegar ao Brasil ela acha o clima certo, grande
território para cultivo, um grande casamento que dá certo, e tem grande fonte de renda ao
país.

A cana de açúcar é talvez, o único produto de origem agrícola destinado à alimentação


que ao longo dos séculos foi alvo de disputas e conquistas, mobilizando homens e
nações. A planta que dá origem ao produto encontrou lugar ideal no Brasil. Durante o
regime Imperial, o país dependeu basicamente do seu cultivo e da exportação do
açúcar, calcula-se que naquele período da história a exportação açucareira rendeu ao
Brasil cinco vezes mais que as divisas proporcionadas por todos os outros produtos
agrícolas destinados ao mercado externo (CARAN, 2012).

Desde o início do século XVI, até os dias de hoje, a cana-de-açúcar sempre esteve
vinculada com a economia do Brasil, começando pelo Nordeste, e depois se locomovendo por
diversas regiões brasileiras. E com o açúcar também veio, um grande investimento em tráfico
negreiro. Exploração essa que dura até meados de 1888, com a abolição. A cana-de-açúcar
teve uma enorme queda econômica depois da descoberta do ouro, e com os grandes coronéis,
10

com suas enormes fazendas de café do século XIX. Mas, a partir de 1930, a cana-de-açúcar
volta aos holofotes, tendo como fonte de investimento, o poderoso Estado de São Paulo, que
era o mais rico território brasileiro, e continua sendo até os dias atuais (PESSINATO, 2014).

Os fatores de impulso que se sucederam foram a relativa desvalorização do café e a


constituição de um ambiente institucional forte, de aparato ao setor por meio da
criação do instituto do açúcar e do álcool (1933). Além disso, atuaram diversas
conjunturas, tanto de origem nacional (instalação de novas usinas e destilarias) e
internacional, que fomentaram diversas vantagens na adoção do canavieiro, fato mais
propriamente evidente (PISSINATO, pp 17, 2014).

Podemos dizer que o Brasil e a cana-de-açúcar a partir de 1930, eles começam a


desenvolver outro tipo de economia, a cana por causa do grande desenvolvimento da
agricultura, já o Brasil tendo que lidar com a queda do café. Mais por outro lado o país chega
ao auge no progresso industrial.

Depois de muitas dificuldades, a cultura da cana-de-açúcar chegou à área da


globalização, enfrentando a rápida mudança de paradigmas que toda a indústria
nacional está sendo submetida e continua em expansão e aumentando sua
produtividade. Hoje o Brasil, além de ser o maior produtor de cana, é o maior do
mundo em produção de açúcar e etanol, conquistando cada vez mais o mercado
externo com o biocombustível, uma alternativa energética importante que substitui
com vantagens os combustíveis fosseis (PISSINATO, pp31, 2014).

Uma das grandes contribuições para a transformação da economia do açúcar a partir


da metade do século XX, foi a produção do álcool e os avanços tecnológicos com resultado do
setor sucroalcooleiro, que é caracterizado pela integração técnica da indústria com a
agricultura, uma parceria que colhe bons frutos. Segundo (PITTA, 2011), que se define como
“revolução verde, que é o processo de modernização do campo. Este termo passou a ser usado
para se referir ao conjunto de políticas e estratégias adotadas para impor a lógica capitalista no
campo. Podemos dizer que até no campo a indústria chegou com seu aprimoramento
mecânico, estabilizando algumas melhorias para agricultura.

O estado de São Paulo é responsável, atualmente por grande parte da produção


nacional, como o álcool, o açúcar, e cana-de-açúcar (respectivamente 50,94%, 60,89%
e 56,06% na safra de 2012/13 de acordo com ÚNICA (2013), e todos os demais
subprodutos oriundos da cana-de-açúcar, sendo, também, o maior mercado
consumidor dos produtos derivados da indústria canavieira (PISSINATO, pp37,

2014).
11

A cultura da cana-de-açúcar no século XXI, é muito lucrativa, pois praticamente se é


aproveitado toda sua matéria orgânica. Da cana-de-açúcar derivam três produtos que são
fortemente benéficos: o açúcar, a aguardente e o álcool. E o que resta de matéria orgânica é
aproveitado como o bagaço na produção de energia e de papel, e a outra parte utilizada como
alimentação de animais (ALBUQUERQUE, 2005).

Quando chega a década de 70, o Brasil vive uma dependência do consumo de


petróleo do exterior, não tendo alternativa, o sucroalcooleiro investe em outra forma, ou seja,
a produção de álcool para substituir o petróleo (PISSINATO, 2014). Até este tempo, o álcool
era produzido apenas para destilação do mel podre, de 1975 a 1979, o Pró álcool que é
desenvolvido pelo Governo Federal como uma forma de conte essa grande crise causada pelo
petróleo, priorizando a produção do álcool anidro para ser adicionada à gasolina (GARCIA,
2005).

A crise do álcool deu inicio no Oriente Médio, quando se inicia a Revolução Islâmica
iraniana de 1979, com a insatisfação do povo com uma Monarquia totalitária, que reprimia de
forma violenta qualquer manifestação contra o governo, que tinha como principal objetivo,
comprar armamentos e se desenvolver economicamente, querendo transformar o Irã em uma
potência Bélica.

“Eles (os iranianos) sentiam que os Estados Unidos eram responsáveis pelos enormes
gastos do Xá nas forças armadas, gastos que eram fora de proporção para as
necessidades de segurança do Irã e eram designadas mais para proteger a posição do
Xá do que para melhorar as condições do povo iraniano. Incontáveis iranianos
acreditavam que os Estados Unidos eram os responsáveis pelo programa de
modernização do Xá que na visão deles violava a lei islâmica fundamental e os
costumes tradicionais da Pérsia.” revolução iraniana derrubou o maior aliado dos
Estados Unidos, pondo fim à ordem de mercado acordada entre eles e a Arábia
Saudita e o Irã. Este último país teve sua oferta de petróleo interrompida, gerando uma
queda de praticamente 8% da oferta global. Os, outros países exportadores de
petróleo, tentando reequilibrar o mercado, elevaram suas exportações, mas o aumento
dos preços foi inevitável. O mercado internacional de petróleo voltava à fase de
instabilidade (MELO, p: 14, 2008).

Em 1980, ainda afetado pelo petróleo, o álcool tem uma pequena queda que passa
por alguns anos, e o setor sucroalcooleiro passa por restruturações de investimentos, redução
dos empréstimos, subsidiados, e eliminação da garantia de mercado e a estabilização de
preços. Com o preço do álcool muito elevado, isso faz que a baixa demanda no final da
12

década de 80, faça o álcool entrar em crise. Desde os anos 70, a cana-de-açúcar vinha vindo
como uma das maiores culturas substituidoras do Brasil, mas com a crise na década de 80, se
deu uma pequena pausa, voltando no século XXI, com todo gás, perdendo apenas para as
pastagens como maior cultura substituidora (PISSINATO, 2014).

O alto desenvolvimento da cana-de-açúcar, também tem seu lado ruim dessa história,
que tem na mão de obra, um trabalho muito sofrido, e com um baixo salário para o cortador
de cana. Que faz muitas pessoas saírem do Nordeste, e virem trabalhar nas lavouras de cana
de açúcar no interior paulista. Essa migração e o desenvolvimento da cana na região da cidade
de Boituva é tema da nossa próxima abordagem, mostrando todo espaço econômico, cultural e
urbano. Que a produção açucareira trouxe para esse Munícipio.

Alguns pontos negativos do setor sucroalcooleiro, tem que ser lembrados como o fato
de que a utilização da mão de obra na cultura da cana-de-açúcar é grande mesmo com
a crescente introdução de máquinas no campo. Mas há, ainda, algumas situações em
que o trabalho do cortador de cana acontece em condições semelhantes à escravidão,
com a exploração do ser humano através de salários por produção, que leva muitos
trabalhadores a exaustão. Adicionalmente à escala brutal de trabalho que são
submetidos os trabalhadores, a cana-de-açúcar é uma das culturas que mais esgotam o
solo, cada vez mais, os pequenos produtores e os pequenos trabalhadores assentados
são seduzidos pelas promessas de altos retornos. Com isto é bastante comum que o
agricultor abandone a cultura de subsistência para se dedicar ao plantio de cana e
acabe submetendo-se a uma relação dependência com o usineiro (PESSINATO).

Mesmo Pessinato relatando o modo de exploração do cortador de cana, podemos


abortar que quando esse cortador sai de sua cidade do Nordeste e parte ruma a o interior
Paulista, ele vem com a esperança de achar um local melhor para sobreviver e desempenha
seu trabalho. E mesmo que na maioria das vezes ele encontra no corte de cana, um trabalho
extremamente difícil, as vezes essas condições precárias ainda são melhores do que aquelas
que ele deixou no Nordeste.

1.3- A migração nordestina na década de 80, para o trabalho manual de corte de cana, e
trabalho nas usinas canavieiras na cidade de Boituva

Com a crise do petróleo no final da década de 70, o álcool começa a ser desenvolvido
e produzido em alto escala para substituir a gasolina, acontecendo essa mudança em todo
Estado de São Paulo inclusive em Boituva. Dando início a uma produção em alta escala, a
família Rosa, decidiu investir alto, construindo uma usina canavieira. Com à necessidade de
mais trabalhadores para ocupar as vagas de emprego, os administradores da fazenda,
13

começaram a realizar o que os outros donos de Usinas canavieiras da região estavam fazendo,
começaram a contratar trabalhadores vindos do nordeste do Brasil, para trabalho no corte de
cana e também para trabalhar dentro da Usina canavieira( JORGE, 2019).

Com o grande problema de mão de obra, para trabalhar nas usinas e no corte de cana,
esses fazendeiros e donos de usina canavieira, começam a trazer pessoas do Nordeste e do
Norte do Brasil, para trabalhar no interior paulista, construindo varias “colônias”, bairros
caracterizados como alojamentos próximos a fazenda, para melhor transportar os
trabalhadores ( NOVAES, 2009).

Segundo (JORGE, 2019), a safra de cana-de-açúcar, sempre se iniciava no início de


março até o final de novembro, durando em torno de 8 a 9 meses. Ele relata que os
trabalhadores nordestinos, quando partiam para Boituva deixando o Nordeste, já sabiam
exatamente aonde iriam trabalhar quando chegavam à fazenda. De início, vieram
maranhenses, Sergipanos, e com o passar dos anos, a grande maioria vinha da Paraíba. E pode
se dizer que esses trabalhadores, quando conseguiam se estabilizar financeiramente, alugavam
casas na cidade, ou arrumavam casas na própria “colônia”. No caso da fazenda Pinhal, a
locomoção das famílias vidas do Nordeste, era a fazenda que era responsável pelo transporte,
pagando os custos da viagem. E como se trata de um povo que tem em seu DNA, a aplicação
no trabalho, quando acabava a safra canavieira, os trabalhadores que se estabeleciam na
cidade com suas famílias, conseguiam outros tipos de ofícios como: trabalho na construção
civil e outro em metalúrgicas, e os que se estabeleciam na “colônia”, trabalhavam na Fazenda.

O fato é que para os nordestinos saírem do Norte e do Nordeste, mesmo que o


trabalho seja muito cansativo e desgastante, no Estado de São Paulo, no Sudeste, eles
conseguiam condições de vida muito melhores do que em suas cidades natais. Tendo a
possibilidade de progresso, e condições de vida melhores para suas famílias (BERNARDO,
2019).

Do ponto de vista de quem migra, o trabalho no canavial apresenta-se como


possibilidade de modificar uma situação de dificuldade de sobrevivência em
determinados padrões sociais e culturais. O trabalho no eito da cana pode representar
um complemento viabilizador da pequena produção agrícola ou uma estratégia para
viabilizar outras ocupações rurais ou urbanas. Ou seja, são diversas as situações
vivenciadas pelos trabalhadores que se dispõem a viajar para os canaviais paulistas.
Mas há um denominador comum entre eles: todos valorizam o trabalho no corte da
14

cana em que o ganho é pela produção. Quanto mais se corta, mais se ganha. Assim, os
trabalhadores migrantes chegam na região com a disposição de acionar toda sua força
física, toda a sua habilidade e resistência para alcançar bons níveis de produtividade.
O que, sem dúvida, não apenas os qualifica diante dos gestores e empresários, quanto
os justifica diante dos familiares que ficam (NOVAES, pp 121, 2009).

Durante a temporada de safra, o “boia fria”, enfrenta várias diversidades, para o


trabalho manual de corte de cana, entre eles: animais peçonhentos, insetos, mudanças de
clima, poeira da cana queimada, entre outros fatores. Trazendo a prejudicar a saúde do
indivíduo, uma perca intensa de uma grande parte de líquidos corporais, estando a ter diversos
tipos de problemas de saúde como: síncope, elevações dos níveis da pressão-arterial, cefaleia,
desidratação e caibras. A queimada canavieira é outro fator que prejudica o trabalho do “boia
fria”, a poeira dessa queimada é automaticamente prejudicial a saúde, trazendo problemas
respiratórios, na pele do rosto, pescoço e membros superiores (ROCHA, 2007).

Nos últimos 20 anos, têm crescido os estudos que avaliam as condições de trabalho e
os efeitos na saúde dos trabalhadores rurais cortadores de cana. Durante o corte
manual, os trabalhadores ficam expostos a diversos riscos para a saúde, como: riscos
físicos- condições climáticas( temperaturas elevadas, radiação solar, chuva), ruídos
emitidos pelos veículos: riscos de acidentes biológicos-animais peçonhentos; riscos de
acidentes: traumas e de incêndio; riscos ergonômicos-posturas e movimentos
repetitivos, sobrecarga física e riscos psíquicos impostos pelo ritmo de trabalho,
exigência de constante atenção, concentração e falta de pausas regulares. Estudos
realizados em países da América Central com cortadores de cana-de-açúcar também
mostram a elevada morbidade e mortalidade, principalmente associada à epidemia de
doença renal crônica. Apesar da realização de diversos estudos, falta uma
sistematização dos achados e evidências, bem como das medidas sugeridas para
preservar a saúde dos trabalhadores (LEITE, ZANETA, TREVISAN, BURDMANN,
SANTOS, pp 02, 2018).

Estes indivíduos, que migram das regiões mais pobres do Norte e do Nordeste, para
melhores condições de vida e de emprego, encontrando condições de trabalho degradante,
alojamentos precários, e mesmo assim a maioria achando melhores condições do que em seus
antigos Municípios. Nós brasileiros de todas classes sociais, poderíamos olhar com mais
carinho essa profissão que é muito desvalorizada e a o mesmo tempo tão necessária na
agricultura canavieira, sendo tratada com um pouco mais de respeito, adequando leis mais
apropriadas a esses trabalhadores.

2.0- O papel de uma fazenda de cana-de-açúcar, no desenvolvimento de um Município


15

Como nos referimos no início do artigo, a partir do século XX, a Fazenda Pinhal
começa seu trabalho agrícola na matéria prima canavieira, já em 1903, compra um pequeno
engenho, começando a fabricação de cachaça. Pode se dizer que isso não acontece só apenas
na vila de Boituva, é uma expansão agrícola que tem origem em quase todo território Paulista,
a partir de 1930, com a queda da bolsa de valores de Nova York, que diretamente derruba o
preço do café brasileiro. Também ocorrendo um grande desenvolvimento industrial na região
paulistana. Documentos comprovam que desde 1922 o grupo caninha Rosa já tinha alvará de
licença para fabricação de aguardente em sua fazenda, começando assim uma tradição de
mais de 100 anos, com origem com o senhor Tristão Rosa, que depois seus filhos assumiriam
o negócio com a liderança de José Soares Rosa, mais conhecido como “Zezinho Rosa”
(ROSA, 2019).

A aguardente brasileira é uma das bebidas mais consumidas do país, mais conhecida
como cachaça, essa iguaria que tem o princípio de seu consumo com os escravos africanos,
com o passar do tempo ela começa a conviver dentro das casas grandes das fazendas, sendo
degustadas por donos de fazenda, e partindo para os principais capitais brasileira, sendo
consumida pela classe alta e média, se transformando uma das principais expressões culturais
de nosso país (SANDRE, 2014).

Existem algumas versões sobre o surgimento da denominação cachaça: Mario Santo


Maior, 1970, afirma que Luiz Câmara Cascudo esposa a afirmativa de que a palavra
cachaça provém do castelhano cachaza, e significa vinho de borra. Cachaça, me,
aguardente de mel de cana de açúcar ou borra de mel. No entanto, Marcelo Câmara,
2004. Em cachaça, prazer Brasileiro, observa que a origem pode estrar num aspecto
utilitário da aguardente. Segundo ele, alguns autores escrevem que, como a cachaça
era usada para amaciar a carne do “cachaço” (porco de grande porte, reprodutor), aí
estaria a origem. Ainda segundo ele, outros autores, mais aficionados, acreditam que,
na fervura do caldo de cana, forma-se uma figura na superfície em forma de porco, de
um cachaço, e por isso a bebida, resultado da fermentação e destilação do melaço,
subproduto do açúcar, teria recebido o nome de cachaça. (SANDRE, 2004, pp44).

Segundo informações de Marcelo Câmara, 2004, somente em 1813, a segunda edição


do Dicionário da Língua Portuguesa, o famigerado Dicionário Moraes, elaborado pelo
senhor de engenho Antônio Moraes e Silva e publicado em Lisboa, informava que o
vinho de borras, a aguardente de mel, das borras é a cachaça brasileira. O vocábulo
“cachaça” foi, então, dicionarizado pela primeira vez, com a mesma estrutura fonética,
a grafia e o significado que hoje se conhece (SANDRE,2004, pp47).
16

É bem em torno dos anos 20, que com o modernismo instalado no Brasil, que a
cachaça recupera seu sentimento de nacionalismo perdido no século XIX, sendo fonte de
inspirações de composições musicais, e frequentando bailes e bares por todo o Brasil
(SANDRE, 2004).

Conforme o produto Rosa começa a ganhar o cenário na região de Sorocaba,


conquistando grande valorização no mercado regional, vai também impulsionando junto com
a ferrovia Sorocabana fins econômicos e urbanísticos para a cidade de Boituva. Já em 1959,
com Boituva já se estabelecido como cidade, a fazenda Pinhal, administrada pelo seu José
Soares Rosa e Filhos, segundo o documento de alvará de licença de 13 de fevereiro de 1959, a
Caninha Rosa se torna uma das principais fabricantes de aguardente da região. Tendo como
Zezinho Rosa seu protagonista, que entraria sua liderança depois de alguns anos com a
emancipação de Iperó (ROSA, 2019).

2.1- Separação territorial Boituva x Iperó

Segundo (CATANELLI, 2000), Iperó também era considerada uma vila de Porto
Feliz, chamada de Vila de Santo Antônio, tem como registros de destaque na região, com o
trabalho de mineração no morro de Araçoiaba ainda no século XVI. Tendo como um dos
pioneiros de fornos de fundição da América, constituída como grande siderúrgicas industriais
do Brasil, com a Real fábrica de Ferro de São João de Ipanema. Que hoje abriga o histórico
Sitio Arqueológico na Fazenda Ipanema.

O bairro de Iperó, com sua proximidade com a cidade de Sorocaba, também tem
forte influência no tropeirismo, seu território servia de abrigo para animais, que tem nos seus
arredores as áreas conhecidas como “faxinais”.

O caso dos faxinais, ao aliar propriedade privada e uso comum, contradiz a fixidez do
ordenamento jurídico que opõe “comum” e “individual”, “privado” e “coletivo”. Os
faxinais demonstram, através da experiência, um modo de habitar o mundo que
articula uso comum e apropriação privada da terra. A existência de um criador
comunitário, ou seja, de área de uso comum destinada a pastagem animal, revela que
há diversas possibilidades que perpassam o privado e o coletivo (BERTUSSI, pp: 10,
2010).
17

Com achegada da Ferrovia Sorocabana em 1927, Iperó muda seus status, assim
como exemplo de Boituva, começa a ter um grande crescimento urbanístico, já em 1944, a
vila Santo Antônio, agora Distrito da Paz de Boituva, muda o nome da vila para Esplanada e
consequentemente se torna Iperó.

Após discussões e polêmicas, decidiram adotar o nome de Iperó, erradamente


traduzido como águas profundas e revoltas. Apesar de ainda não ter sido feito nenhum
estudo linguístico especializado sobre o assunto, podemos citar o significado de um
estudioso do Tupi: “Sede municipal do Estado de São Paulo; Yperoba, literalmente
casca amarga; espécie de madeira usada em construções, geralmente chamada
Peroba”, (TIBIRIÇA, 1985).

Em 1964, os líderes do Distrito de Iperó como: José Abílio Nassil, Joaquim Pedroso
Ramos, Gumercindo de Campos e José Homem de Góes, começam a se organizar para
solicitar a emancipação do distrito. Nesta data quem estava no posto de Governador do Estado
de São Paulo era Adhemar de Barros, que sua vez negou o pedido de emancipação, mas que
no ano seguinte, com várias manifestações do distrito, o governador cedeu ao pedido do povo,
e em 21 de março de 1965, o distrito de Iperó se tornou cidade (TIBIRIÇA, 1985).

Mas, diante dos protestos da população indignada com a decisão do governador, as


autoridades estaduais marcaram um plebiscito e o resultado foi inteiramente “sim”. A
emancipação veio finalmente em 21 de março de 1965, quando Adhemar de Barros
retirou o veto e o Distrito foi elevado à categoria de Munícipio. Nascia então,
legalmente, a cidade de Iperó: terra de Tupiniquins, berço da Siderurgia Nacional,
área de apoio ao Tropeirismo, e personagem importante crescido e fortalecido na saga
da ferrovia, até chegarmos hoje, nos aspectos industriais e tecnológicos presentes
(TIBIRIÇA, 1985).

Segundo (ROSA, 2019), tem um lado dessa emancipação que poucos sabem, de
início essa divisão territorial seria feita partir da rodovia Castelo Branco, para quem vem de
São Paulo sentido Paraná, o lado esquerdo da Rodovia seria Iperó, e o lado direito seria,
Boituva. Mas o senhor José Soares Rosa, sabendo dessa decisão, não ficou muito contente,
pois a fazenda Pinhal fica localizada do lado esquerdo da rodovia Castelo Branco, então se
tornaria território da cidade de Iperó (ROSA 2019).

A família Rosa que estava localizada junto com Boituva desde quando era apenas
uma vila rural, até se torna distrito e consequentemente cidade, e com relação a emancipação
com Iperó, e sua divisão territorial, o senhor José Soares Rosa não achou muito justa essa
decisão, de deixar a Fazenda Pinhal do lado de Iperó. Insatisfeito com essa decisão ele decidiu
18

agir, teve a brilhante ideia de recolher o abaixo-assinado de todos os fazendeiros insatisfeitos


com essa decisão, que moravam ou tinham suas propriedades nessa região localizada do lado
esquerdo da Rodovia Castelo Branco. E começou sua trajetória pelas fazendas vizinhas, subiu
em cima de sua mula e por vários dias foi arrecadando abaixo-assinados. Conseguindo um
certo número significativo, levando para prefeitura de Boituva. Com essa manifestação, ele
conseguiu que ambos os municípios revessem essa divisão, possibilitando a divisão territorial
entre Iperó e Boituva partir da ponte que passa o rio Sorocaba, sendo que o lado esquerdo
seria Município de Iperó e o lado direito começava o Município de Boituva (ROSA, 2019).

2.2- Desenvolvimento agrícola da fazenda Pinhal, junto com a cidade de Boituva

Depois da emancipação de Iperó de Boituva, a Fazenda Pinhal e o grupo Caninha


Rosa, encontra na cachaça sua principal fonte de renda, tendo como seu principal produto, a
cachaça três coronéis e a cachaça caninha Rosa, trazendo uma identidade única de tradição
desde o corte da cana-de-açúcar, até o preparo desde seu início em 1903. Quando ainda era
uma modesta engenhoca movida à roda d’água, e a partir da década de 80 com a construção
de sua Usina açucareira, transformando em uma das principais Indústrias da cidade de
Boituva. Participando frequentemente de feiras especializadas em aguardente (JORGE, 2019).

O setor da aguardente no Brasil é composto, basicamente, por grande número de


empresas de micro e pequeno porte e por um grupo reduzido de mídias empresas que,
em seu conjunto, são responsáveis pela produção anual estimada de 2,0 milhões de
litros/ ano, dos quais 1,3 bilhão, cerca de 65% são registrados oficialmente. As
microempresas e as familiares dirigem cerca de 30 mil alambiques do país, cuja
produção está associada ao cultivo de outras atividades agropecuárias como o milho,
feijão, café, leite, entre outras, e têm na produção de cachaça cerca de 50% da renda
da propriedade (SANDRA, pp 157, 2004).

Com a alta produção da Usina funcionando 24 horas por dia, a fazenda Pinhal se
transformou em uma grande vila, sua colônia que tinha sido construída logo após a abolição,
se ampliou com a construção de novas casas e de alojamentos, para chegada dos novos
trabalhadores vindos do Nordeste. No local já existia igreja, foi instalado o posto de saúde, e
já existindo a escola de ensino de primeira à quarta série do fundamental. A fazenda passa
pela sua melhor fase financeira e estrutural industrial, com a exportação do álcool, grande
produção e venda das bebidas ROSA EXTRA e a TRÊS CORONEIS. E grande
desenvolvimento também na parte da agropecuária, podendo falar que todas linhas
econômicas da fazenda estavam em alta (JORGE, 2019).
19

A aguardente de cana-de-açúcar é a bebida destilada mais consumida no Brasil e a


terceira em escala mundial. De acordo com a Associação Brasileira de Bebidas
(ABRABE), a produção anual brasileira é de 1,3 bilhões de litros, havendo 30 mil
produtores e 5 mil marcas da bebida. Desse total, o país exporta anualmente apenas 15
milhões de litros, ou seja 1% da produção. Se esses números mostram a importância
econômica, evidenciada pelo elevado volume de produção, e social, em função do
emprego familiar e industrial gerado por essa agroindústria, os baixos valores de
exportação indicam que há muito que fazer para desenvolver a qualidade dessa
bebida, apesar de todos os esforços governamentais e privados (FILHO, NOGUEIRA,
pp: 1, 2013).

Até o início da década de 80 a cidade de Boituva, não tinha crescido


urbanisticamente seu território, dentro do Munícipio tinha diversos locais rurais, cercados ou
de lavoura açucareira ou de pasto para criação da pecuária. A partir das criações de Usinas
canavieiras, e a chegada de várias indústrias, e a imigração nordestina para essa região, são
fatos ocorridos para mudança do habitat rural, para o habitat urbanístico, que essas áreas
antigamente pertencentes à pecuária ou agropecuária, começaram a se transformar em
terrenos para construções de casas e comércio (ROSA, 2019).

Impulsionadas por novos investimentos na área agrícola, pecuária e industrial e com a


sustentação de uma infraestrutura viária, as taxas de crescimento aumentam a cada
ano que passa, chegando a quase duplicar sua população no período de 1980 a 1991,
uma média de 7,6% ao ano. Esse percentual descresse no período de 1991 1 1996,
com a taxa anual de 4, 68% e eleva-se, de 1996 a 2000, para 5,08%. Com os 40.787
habitantes, segundo a contagem do IBGE, em 2007, a taxa de crescimento
populacional nos últimos onze anos é de 3,89% (HOLTZ, NOGUEIRA, pp: 31, 2007).

Esses dados passarão a ser mais específicos a partir da criação de órgãos do governo
federal, como o IBGE, sobre a população boituvense durante esse período de urbanização.
Também tem dados obtidos quando Boituva era bairro de Porto Feliz, no período de 1960 e
1970, começa um novo tipo de desenvolvimento, com a construção da Rodovia Castelo
Branco, mesmo assim se tem uma pequena queda da população devido a emancipação de
Iperó (HOLTZ, NOGUEIRA, 2007).

Figura 1: Quadro de População

Ano Habitantes
1815 204
1920 3.797
20

1940 7.674
1950 8.057
1960 9.974
1970 8.976
1980 12.573
1991 23.140
1996 28.560
2000 34.368
2007 40.787
Fonte: (HOLTZ, NOGUEIRA, pp31, 2007).

Dados do ano de 2007, mostram grande desenvolvimento da cidade de Boituva em


outras áreas agrônomas, mais em sua maioria a cana-de-açúcar ainda continua sendo a que
mais ocupa o território boituvense durante esse início de século XXI. Que também tem grande
contribuição da pecuária, em especial a avicultura (HOLTZ, NOGUEIRA, 2007).

Figura 2: Produção agrícola com área de hectares e produtividade.

Produto agrícola (cultura) Área em hectares (há) Produtividade média


tonelada/ha
Cana-de-açúcar 7.005 100,0
Milho 1.500 4,8
Feijão 160 0,9
Arroz 24 2,0
Batata-doce 14 24,0
Mandioca 6 10,0
Beterraba 3 26,4
Fonte: (HOLTZ, NOGUEIRA, pp31, 2007).

Figura 3: Pecuária, tipos de rebanho e quantidade de cabeças.

Tipos de rebanho Cabeças


Bovinos de corte 14.000
Bovinos de leite 800
Bovinos mistos 2.000
Equinos 500
21

Suínos 7.900
Aves para corte/ano 1.620.000
Fonte: (HOLTZ, NOGUEIRA, pp31, 2007).

No começo dos anos 80 até o final dos anos 90, é uma época bem lucrativa para
fazenda Pinhal, e quem estava em sua frente eram os filhos e netos do José Soares Rosa. Entre
eles, Colomi Rosa (atual Patriarca família Rosa), que nasceu na fazenda e trabalhou quase
toda a sua vida neste local, trabalhando um tempo fora da fazenda nos anos 70 quando foi um
dos administradores do hospital São Luís de Boituva, na onde ajudou em algumas reformas do
estabelecimento. Depois dessa experiência, Colomi retorna aos negócios da família, na e
assume a administração do grupo Rosa junto com seus irmãos. Quando chega no ano de 1997,
o grupo Rosa recebe um grande golpe imobiliário, conseguindo recuperar parte do território
depois de alguns anos. A Usina de cana-de-açúcar, já não estava indo tão bem, então a família
achou melhor vende-la, as terras que ficou com a família Rosa, foi dividida entre os filhos de
José Soares Rosa, ficando com a fazenda principal com Colomi Rosa (ROSA 2019).

Hoje em dia a fazenda Pinhal, tem maioria de seus bens agendados, no caso do
primeiro alambique que hoje funciona a mecânica de caminhões da usina açucareira, a colônia
continua povoada, maioria de seus moradores trabalham na usina açucareira ou na fazenda.
Os três rios que antigamente era usado para lavagem do algodão, hoje é pesqueiro, também
agendado. A escola, a creche e o posto de saúde foram fechados, mantendo-se só a igreja. O
alambique atual destinado apenas a cachaça artesanal, é administrado pela filha do Colomi
Rosa, Lídia Rosa e pelo seu filho Glauco Rosa, tendo como sua melhor mercadoria a cachaça
artesanal Três Coronéis. E seu Colomi Rosa aos seus 91anos de idade, continua trabalhando
administrando a mecânica de tratores da fazenda (JORGE, 2019).

3.0- Projeto interdisciplinar sobre à conscientização de crianças e adolescentes sobre o


consumo de bebida alcoólica.

A pesquisa referente à fazenda Pinhal e sua participação no desenvolvimento


urbanístico e cultural na cidade de Boituva-SP, se deu na busca de vestígios relacionados à
sua proprietária, a família Rosa desde o século XIX, até os dias de hoje. Sua contribuição para
o desenvolvimento do Município de Boituva. Apresentando como seu principal recurso o
cultivo de cana-de-açúcar, com a origem de seu primeiro engenho a fabricação de aguardente,
e seu avanço durante todo o século XX e início do XXI. Com base nessa pesquisa, temos a
finalidade de propor um projeto educacional, voltado para escolas de ensino básico,
22

fundamental II e ensino médio, sendo instituições públicas, uma semana de conscientização


do uso de bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes.

Segundo os parâmetros curriculares nacionais (PCNS-Brasil, 1988) as atitudes


favoráveis ou desfavoráveis à saúde são construídas desde a infância pela
identificação de valores, observados em grupos de referência, ou seja, família, amigos,
escola. Assim a escola cumpre um papel destacado na formação do indivíduo para
uma vida saudável. Na medida em que o grau de escolaridade em si tem associação
com o nível de saúde dos indivíduos e grupos populares. Nesse contexto nota-se o
quanto é necessário desenvolver programas voltados para a prevenção ao uso indevido
de drogas, nesse cenário a escola tem a possibilidade, no projeto político pedagógico
de inserir temas como o uso do álcool, tabaco e outras drogas, além de promover
discussões pertinentes ao referido tema (MARTINS, QUADROS, pp 13, 2013).

Muitas crianças adolescentes crescem e um convívio familiar e até as vezes


generalizando nos bairros onde eles convivem, sendo bairros de classe menos favorecida, seja
normal o auto uso de bebida alcoólicas. Sendo dobrado o consumo nos finais de semana. E
essa cultura nesses locais, trazem uma visão para o adolescente de que bebida alcoólica é um
ato de prazer e lazer nas horas vagas. Essa cultura traz ao adolescente uma certa liberdade de
estar experimentando álcool muito cedo, sem saber de futuros sintomas prejudiciais à saúde
(HERNANDEZ, 2015).

A crença de que uma reunião social possa não ser agradável sem que inclua consumo
de álcool é comum na nossa sociedade. Os adolescentes são inclinados a imitar os
pais, parentes e heróis da televisão, personagens dos livros, do rádio ou do cinema. É
comum um adolescente revelar que começou a beber porque viu que isso era um
hábito de alguém que ele admira, uma pesquisa realizada por Vieira et al. (2007) com
estudantes de Paulínia (SP), revela que 40,4% dos alunos relataram que familiares
foram os primeiros a lhes oferecer bebida alcoólica e que quase metade (47,9%)
afirmou que há alguém na família que bebe demais (HERNANDEZ, pp: 11, 2015).

Segundo fatos relatados pela literatura mundial, o início do uso de bebidas alcoólicas
entre os adolescentes varia em torno entre os 16 e 20 anos de idade. Temos que considerar o
uso do álcool na adolescência um assunto de extrema complexidade, e que tem que ser
primordial uma discussão nas políticas públicas relacionados a o assunto (HERNANDEZ,
2015).

A partir dos estudos encontrados na literatura, ressalta-se a complexidade do tema e a


necessidade de uma atenção especial para a população adolescente. Os estudos
confirmam a importância de considerar o álcool na adolescência como um fenômeno
23

complexo, multifatorial e socialmente determinado. Participam do conjunto


explicativo do uso do álcool diversos fatores no contexto do ambiente escolar, da
família e sociodemográficos. As políticas públicas não são suficientes, o apoio de uma
família, a escola e a sociedade são essenciais para combater o uso de álcool e suas
consequências. Torna-se urgente envolver a sociedade no debate sobre o consumo de
álcool entre adolescentes, visando aperfeiçoar as políticas públicas existentes, desde a
regulação da oferta até a venda (NETO; FRAGA; RAMOS, 2012).

Os adolescentes, estão cada vez mais cedo experimentando e usando, bebidas


alcoólicas, e cabe a nós profissionais da educação juntamente com especialistas no assunto
conscientizar sobre o uso e suas consequências. Pesquisas realizadas no CEBRID. Centro
Brasileiro de Informação sobre Drogas Psicotrópicas, da Universidade de São Paulo, mostra
uma alta tendência mundial do uso abusivo de álcool. No Brasil a venda de bebida alcoólica,
para menores de idade é proibida, segundo o Estatuto da criança e do adolescente no seu
artigo 81, mas isso parece uma certo tipo de simples formalidade, pois o que vimos é uma
grande parte desses adolescentes consumindo bebidas alcoólicas e se embebedando desde
muito cedo (FERREIRA, NEVES, TEIXEIRA, 2013-2014).

Quase todos os adolescentes em sua grande maioria, já experimentou algum tipo de


substância química que age principalmente no sistema nervoso central, onde altera a função
cerebral e temporalmente muda a percepção o humor, o comportamento e a consciência e
frequentemente o álcool é a primeira a ser experimentada, sendo a mais usada entre os jovens.
Definir um padrão de consumo aceitável para essa faixa etária é quase que impossível, temos
que conscientizar ao ponto desses adolescentes concordarem e perceberem como é importante
a conscientização do uso de bebidas alcoólicas, para melhor entendimento desse produto, que
é tão comercializado, mas também muito prejudicial à saúde.

Hellen Nowlis classificou os usuários em: experimentadores, ocasionais, habituais e


disfuncionais, de acordo com a frequência do uso e os prejuízos causados em suas
relações. O experimentador ingere álcool ou outras drogas sem dar continuidade ao
uso. O usuário ocasional ou recreativo utiliza álcool ou outras drogas, quando
disponíveis, em ambientes favoráveis e em situações especificas ou de lazer, sem
efeito negativo nas relações sociais efetivas ou profissionais. O habitual ou funcional
faz uso regular dessas substâncias e, embora controlado, pode gerar prejuízo nas
relações sociais, familiares, profissionais e na vida em geral. O disfuncional ou
dependente ingere descontroladamente esses tóxicos com efeitos graves na saúde
física e mental e nas relações sociais, profissionais e familiares (CALAÇA,
FERREIRA, DUATE, 2006).
24

3.1- Como trazer o tema sobre uso da bebida alcoólica para sala de aula

Como se trata de uma semana de conscientização dentro do ambiente escolar, seria


crucial ter aulas de aprendizagem sobre o tema abordado. Como podemos discutir essa
questão na aula de história dentro da sala de aula? Podemos trazer o assunto tanto para o 1ª
ano do ensino médio, quanto para o 2ª ano do ensino médio, e para o 3ª ano do ensino médio,
tratando do assunto de diversas e diferentes vertentes. Sendo consideradas a idade média
desses alunos de Ensino Médio, em compreender o assunto melhor do que alunos do
fundamental 2, que ainda estão entre a passagem da infância para a adolescência. Trazendo
épocas e modo de enxergar os fatos de acordo com o período de estudo.

No 1ª ano de ensino médio, poderia abordar fatos relacionados a bebida alcóolica


desde a antiguidade como no caso dos egípcios que deixavam registrados sua fabricação de
vinho e cerveja nos papiros. Até mesmo no Código de Hamurabi, que teve a preocupação de
regulamentar as tabernas e o uso de bebidas, impondo medidas a o uso em excesso.
Mostrando seu papel de destaque na cultura Ocidental, no caso da Grécia e Roma antiga.
Tendo várias utilidades como: energético cicatrizante, purgativo, antitérmico calmante,
antisséptico, e remédio contra doenças crônicas e agudas (SALES, 2010).

No 2ª ano do ensino médio, podemos relatar o desenvolvimento da produção de


aguardente no Brasil colônia, que se iniciou com pequenos engenhos, que tinha como
principais degustadores, as camadas mais baixas da população colonial. Tornando-se moeda
de troca no tráfico de escravos, mostrando sua própria distribuição de venda, muitas vezes em
pequenos estabelecimentos, desclassificada e marginalizada do sistema. Que para o escravo
era um tipo de incentivo ao trabalho, prêmio ou até um fortificante em ocasiões tidas como
merecedoras. Tendo como ocasiões bem graves quando se tratava dos índios, que acontecia
muitos indígenas alcóolatras as vezes incentivado pelo homem branco. E tanto índios quanto
africanos, ao se embebedarem e serem presos fazendo bagunça, sempre alegavam que
estavam embriagados no momento, tentando se safar do delito. Fatos extremamente
interessantes para se pesquisar a respeito (SOUZA, 2004).

Para o 3ª ano do ensino médio, poderíamos retratar fatos ocorridos após a metade do
século XIX, onde o discurso mais antialcoólico, criando força a partir de novas análises e
pesquisas cientificas, quando começam a ser comprovadas experiencias de quanto mal faz a
bebida alcoólica. Tendo o início de medidas normativas aos comportamentos sociais das
classes populares. Destacando os Estados Unidos, e a Europa no final do século XIX e início
25

do XX, quando foi criada um sistema de elevação das taxas sobre a produção e o comércio
das bebidas alcoólicas. Estabelecendo códigos penais, responsabilizando o alcoólatra com seu
delito. E em 1920 chegar à proibição nacional do álcool nos Estados Unidos, alegando a
responsabilidade a grande corrupção política e a prostituição. Este fato que teve aprovação do
congresso, teve forte influência do movimento Puritano, dando início ao período conhecido
como “Proibition” ou “Lei Seca”. Durando de 1920 a 1933, sendo revogada, ficando
responsável cada Estado Norte-americano à autonomia de resolver o problema a sua maneira
(SALES, 2010).

Após analisar o conteúdo que iria ser passado para os alunos, desenvolver seu
conhecimento e sua curiosidade. Como poderíamos trabalhar esse assunto em sala de aula? A
ideia seria simples, de início seria pedido com 15 dias de antecedência, que os alunos
fizessem uma pesquisa relacionada à o tema respectivo de cada série, trazê-lo em forma de
trabalho para escola, e no dia da semana de conscientização do uso da bebida alcóolica na
escola, à aula seria em forma de dialética para saber o pensamento e as expectativas dos
alunos sobre o tema discutido, suas dúvidas e certezas seria trazido para sala de aula no
caderno com anotações respectivas de cada tema abordado, para dinâmica e com isso ocupar
menos tempo na sala de aula com esse tipo de questão.

3.2- Projeto Escolar Interdisciplinar

3.2.1- Introdução:

Conforme o passar dos tempos a sociedade vai se transformando, e a escola tenta


acompanhar essas mudanças. Os projetos interdisciplinares surgem como uma boa forma de
inova o sistema educacional, com a parceria de vários professores com suas experiências de
sala de aula, se concentram em um só conteúdo, mas analisando cada um de uma forma
diferente, dando respaldo para melhoria de ensino de aprendizagem. Possibilitando diferentes
pontos de vista do saber. Contribuindo com uma visão democrática, integrada coletiva e
solidária na troca de experiência, no confronto de opiniões e na busca do consenso de modo
que cada disciplina possa influenciar a outra de forma construtiva e positiva para o
desenvolvimento de conteúdo (SERAFIM, MAIA, 2014).

A utilização dos projetos encontra respaldo na LDE. No artigo 14, ela mostra que os
sistemas de ensino definirão as normas da gestão básica, de acordo com as suas
peculiaridades e conforme os seguintes princípios, I- participação dos profissionais da
26

educação na elaboração de projetos pedagógicos da escola; II- participação das


comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Além desta visão
interdisciplinar a LDB, no artigo 27, sugere também a inclusão dos temas transversais
no conteúdo da educação básica, pois eles propagam “valores fundamentais a o
interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à
ordem democrática” (SERAFIM, MAIA, EDUECE-LIVRO1, 03948, 2014).

Para os alunos, esses projetos interdisciplinares, são fundamental para seu


desenvolvimento de aprendizagem, que lhe permite diversas fontes de informação sobre o
mesmo assunto e que faz ter diversos significados, desde pelo seu espirito crítico e sem crença
herdado da ciências, e também sua maneira de ver e pensar sobre uma sociedade complexa e
interdependente, pelos produtos culturais do conhecimento e as grandes transformações pelas
quais passa esses grupos sociais (SERAFIM, MAIA, 2014).

3.2.2- Problema:

Conscientização dos alunos, a respeito do uso de bebida alcoólica na adolescência,


visando construir a compreensão dos alunos sobre o assunto abordado, contando com a
explicação de todos os professores envolvidos no projeto interdisciplinar, para ajuda em suas
escolhas de vida social cultural e profissional futuramente.

3.2.3- Objetivo:

Trazer a compreensão e entendimento do assunto em questão, para ajuda não só para


os alunos, mais também para comunidade que atualmente em sua grande maioria o consumo
de bebida alcoólica na adolescência se inicia nas periferias.

3.2.4- Metodologia:

O Projeto interdisciplinar em questão que retrata o alcoolismo na adolescência: tem


como Disciplinas envolvidas: Filosofia; Sociologia; Artes; Química; Biologia; História;
estando relacionada de maneiras diferentes o mesmo assunto, por exemplo: em Filosofia
abordando temas como o alcoolismo, discutida dialeticamente entre vários pendores como
Michel Foucault. Em Sociologia tem a grande discussão como cada sociedade em si trata o
tema do alcoolismo. Em Artes, tem toda questão de divulgação com decoração e
planejamento do evento. Com a Química temos todas aquelas substâncias usadas para
desenvolvimento de cada bebida alcoólica. Biologia toda questão na área da saúde, como
27

prejudica o álcool não só fisicamente mais também psicologicamente. E a História que retrata
a bebida alcoólica desde a antiguidade até os dias de hoje.

Cada disciplina vai tratar do mesmo assunto em questão, mais cada responsável por
ela vai dar sua avaliação e sua nota, como quiser sem ser cronologicamente igual para todos.
O evento tem duração de 5 dias, dando início em uma segunda-feira, e finalizando na sexta
feira. As aulas no início da semana serão normais, mais todos aqueles professores envolvidos
com o projeto, vão passar a semana trabalhando o assunto sobre o uso de álcool na
adolescência, em todas as aulas. A partir da quarta-feira, será iniciada palestras educativas
sobre o tema. Com visita de psicólogos especialistas na área, ex alcoólatras e pessoas que
vivem ou presenciam esse tipo de doença de perto. Tendo o intuito de conscientizar o público
alvo de maneira impactante, e a parte da decoração continua colorindo a escola sem previsão
de retirada.

3.2.5- Recursos necessários:

Cada professor com sua disciplina, vai fazer o orçamento de gasto para o evento,
contando com parte de planejamento sendo fundamental para o sucesso da atividade
interdisciplinar. Mas com tudo precisaremos da atenção de todos que trabalham no ambiente
escolar, a esperança de grande parte da participação dos alunos. Na disciplina de História, vai
ser utilizado duas aulas, na semana do evento, mais a participação dos alunos em trazer o
trabalho e as anotações no caderno. E a sala de aula, que vai ser o ambiente para discutir e
analisar temas sobre o conteúdo.

3.2.6- Avaliação:

A avaliação vai ser individual, com cada disciplina aplicando da maneira que achar
melhor. Na disciplina de História, vai ser analisado o trabalho feito em casa que teria a
contagem de 2,0 pontos na média, mais o debate dentro da sala de aula, individual com
participação dos alunos que vai valer 1,0 ponto na média. Para incentivar os alunos para
melhor desempenho do projeto.

3.3- Finalidade do projeto interdisciplinar:

O projeto interdisciplinar sobre o uso de bebida alcoólica para crianças e


adolescentes, tem como fundamento atingir todas as classes sociais, na onde no caso o uso do
álcool é muito comum. Porem podemos perceber que isso acontece na maioria das vezes, em
classes mais baixas, na onde a conscientização é menos divulgada, com uma cultura muito
28

enraizada na onde muitos alunos de origem mais humilde, e de classes menos favorecidas,
que encontram esse tipo de situação na sua comunidade, muitas vezes com seus vizinhos e
até mesmo dentro de seu ambiente familiar. E esse projeto vai trazer uma perspectiva do
assunto com outros olhos, assim conscientizando não só alunos, mais também todos que estão
envolvidos com o projeto e até mesmo tentando impactar até mesmo a comunidade, onde se
encontra essa escola.

4.0- Considerações finais

A pesquisa cientifica que teve como finalidade mostrar, a grande influência de uma
Fazenda de cana-de-açúcar no desenvolvimento de algumas cidades do interior de São Paulo,
a partir de 1930, com a falência do café a partir de 1929. Tem como fonte de pesquisa a
cidade de Boituva-SP, e a fazenda Pinhal localizada nesse Município. A dona dessa
propriedade desde o século XIX, a família Rosa, que inicia à agricultura de cana-de-açúcar a
partir de 1903, com seu pequeno engenho. Tratando de assuntos similares ao que aconteceu
nesse período. Tristão Rosa seu primeiro Patriarca, tinha como ofício antes de conseguir a
fazenda o Tropeirismo. Um movimento muito forte no início do século XVIII e todo o século
XIX, na região de Sorocaba com a feira de muares, troca e venda de animais de carga.

Trazendo também a história da construção da cidade de Boituva até sua emancipação


da cidade de Porto Feliz. A transformação da agricultura canavieira desde sua chegada no
Brasil no século XVI, e sua alta valorização a partir de 1979, com a fundação do Pró Álcool,
aumento da produção, e um constante aumento de empregos na área rural, começando assim
uma imigração nordestina para o oeste paulistano.

Tratando principalmente do ponto principal da pesquisa que é o desenvolvimento da


fazenda Pinhal juntamente com a cidade de Boituva, mostrando desde o pequeno alambique
de 1903, até grande indústria de aguardente nas décadas de 50 e 60, chegando a sua melhor
faze no final da década de 70 e início da de 80, com a construção de sua Usina Canavieira,
produção em alta escala de aguardente, e também de álcool combustível “etanol”.
Influenciando diretamente no aumento populacional do Município de Boituva, e no seu
desenvolvimento econômico. Passando por uma faze difícil no final dos anos 90, vendendo
várias propriedades inclusive sua Usina Canavieira, mas continuando com a produção de
aguardente, sendo agora mais uma tradição da família do que uma fonte de renda sustentável,
uma produção mais artesanal, tendo maioria dos seus bens agendados, e com Colomi Rosa
29

seu atual Patriarca, a fazenda sendo gerenciada pela sua filha Lídia Rosa e seu neto Glauco
Rosa.

Fontes Primarias:

APPCA- Associação Paulista dos Produtores de cachaça de alambique.

BRASIL, Estações Ferroviárias. www.estacoesferroviarias.com.br/b/boituva.htm. 2001.


CANATELLI: Sandro Antônio. A História de Iperó. Prefeitura de Iperó.
www.ipero.sp.gov.br/nossa-historia/.

CASTILHO, João. Boituva: à águia da Castelo, capital do paraquedismo, de 1776 a 2006.


Itu: Ottoni Editora, 2007.

FILHO, Francisco de Oliveira. Boituva de ontem. 1973.


HOLTZ, José Luiz Ayres; NOGUEIRA, José Luiz. Boituva Atlas Escolar Histórico e
Geográfico. Editora Nova América, 2008.
JORGE, Leandro de Oliveira. Entrevista sobre a família Rosa, e a Fazenda Pinhal.
Boituva-SP. 04 de abril de 2019. Entrevista concedida a José Luiz Coutinho.
PREFEITURA DE BOITUVA, Setor de Desenvolvimento. http://www.boituva.sp.gov.br, e-
mail: boituva@boituva.sp.gov.br, 2019.
REVISTA DE SAÚDE PÚBLICA. rev. Saúde. Pública. 2018; 52:80
ROSA, Colomi. Entrevista sobre a família Rosa, e a Fazenda Pinhal. Boituva-SP. 13 de
outubro de 2018. Entrevista concedida a José Luiz Coutinho.

Bibliografia:

ALBERTI, Verena. Manual de história oral, 3ª edição. Editora FGV. 2005.


ALBUQUERQUE, A. G. Avaliação exegética dos efluentes do processo industrial do álcool.
2005. 63 p. Dissertação (Mestrado) Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade
de São Paulo, São Carlos, 2005.

CALAÇA, Flávia Antunes Caldeira Silva. FERREIRA, Roberto Assis. DUARTE, Marco
Antonio. Uso de álcool entre adolescentes, jovens e universitários. rev.med. Minas Gerais.
2006.
30

CANATELLI, Sandro Antonio. Sociedades Indígenas de Sorocaba e Região: século XVI


ao XIX. Universidade de Sorocaba, dezembro de 2000.

FERLINI, Vera Lúcia Amaral. A civilização do açúcar. Séculos XVI a XVIII. Editora
brasiliense. Tudo é História. 7ª edição. 1986.
FILHO, Waldemar G Venturini. NOGUEIRA, Andressa Milene Parente. Aguardentes e
cachaça. Universidade Estadual Paulista. Campus de Botucatu. Faculdade de Ciências
Agronômicas. Botucatu, agosto de 2013.

FROTA, Luciara Silveira de Aragão. Documentação oral e a temática da seca. Editora


Brasília. 1984.
GARCIA, S.N.P. A rentabilidade na cadeia de suprimentos vista estrategicamente a partir da
margem de contribuição: o caso da indústria do álcool combustível no Estado de São Paulo.
São Carlos- SP, 2005. 107 p. Dissertação apresentada à Escola de Engenharia de São
Carlos. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18140/tde-10072006-
095021/pt-br.php. Acesso em: 15 de maio de 2013.
HERNANDEZ, Rosabel Pentón Hernandez. Prevenção do alcoolismo em adolescentes na
estratégia saúde da família. Universidade Federal de Minas Gerais. Curso de
especialização Estratégia e saúde da Família. 2015.
LEITE, Marceli Rocha. ZANETA, Dirce Maria Trevisan. TRVISAN, Iara Buriola.
BURDMANN, Emmanoel de Almeida. SANTOS, Ubiratan de Paula. O trabalho no corte de
cana-de-açúcar, riscos e efeitos na saúde: Revisão da literatura. Revista de Saúde Pública.
ver. saude. publica.2018;52:80. 2018.
MARTINS, Ivelise do Pilar Souza Guimarães. QUADROS, Emérico Arnaldo. O consumo de
bebidas alcoólicas na adolescência e suas consequências na aprendizagem. Os desafios
da Escola Pública Paranaense na perspectiva do professor PDE. Volume1. 2013.
MELO, Isabeli Estermínio. As crises do Petróleo e seus impactos sobre a inflação do Brasil.
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Novembro de 2008.
NEVES, Keila do Carmo Neves; TEIXEIRA, Maria Luiza de Oliveira; FERREIRA, Marcia
de Assunção. EEAN.edu.br. Fatores e motivação para o consumo de bebidas alcoolicas na
adolescência. Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2013-2014.
NETO, Carla; FRAGA, Sílvia  and.  RAMOS, Elisabete. Consumo de substâncias ilícitas
por adolescentes portugueses. Rev. Saúde Pública [online]. 2012, vol.46, n.5, pp.808-815.
ISSN 0034-8910.  http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102012000500007.

NOVAES, José Roberto Pereira. Trabalho nos Canaviais. Os jovens entre a enxada e o
facão. Ruris. Volume 3. Número 1. março de 2009.
31

PITTA, F. T. modernização retardatária e agroindústria sucroalcooleira paulista: o Proálcool


como reprodução fictícia do capital em crise. 20011. 184 p. Dissertação (Mestrado em
Geografia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São
Paulo. São Paulo, 20011. Disponível em :
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8/36/tde-20102011-110312/pt-br.php acesso em:
20 de abril de 2013.
PSSINATO, Bruno. A cultura da cana-de-açúcar no Estado de São Paulo entre 1950 e 2010: a
evolução histórica da área e da produtividade. Universidade de São Paulo, Escola Superior
de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Piracicaba 2014.
ROCHA, Fernanda Ludmila Rossi Rocha. Análise dos fatores de risco do corte manual e
mecanizado da cana-de-açúcar no Brasil. Segundo o referencial da promoção da saúde.
Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto.2007.
SALES, Eliana. Aspectos do álcool e do alcoolismo no século XIX. Mestrado em História
do curso de Pós-Graduação da Universidade Federal de Pernambuco. 2010.
SANDRE, Sandra. Cachaça Patrimônio brasileiro. Universidade de Brasília, Centro de
excelência em Turismo. Pós-Graduação Latu Sensu. Gastronomia e Segurança
alimentar. 2004.
SERAFIM, Mônica de Souza. MAIA, Janicleide Vidal. Projetos escolares na teia da
interdisciplinaridade: por uma aprendizagem reflexiva e integrada. Didática e Prática de
Ensino na relação com a escola. Universidade Federal do Ceará. 2014.
SILVA, Maria Aparecida Moraes. Trabalho e trabalhadores na região do mar de cana e rio do
álcool. Encontro “trabalhadores canavieiros: Educação, Direito, Trabalho”. São Carlos,
UFSCAR, 2005.

SOUZA, Ricardo Luiz. Cachaça, vinho, cerveja da Colônia ao século XX. Estudos
históricos. p. 56-75. Rio de Janeiro, janeiro-junho de 2004.

STRAFORINI, Rafael. No caminho das tropas. LINC. Editora TCM comunicação. 2001.

You might also like