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Gestão Das Políticas Educacionais e Trabalho Docente
Gestão Das Políticas Educacionais e Trabalho Docente
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Professora Doutora do Departamento de Fundamentos e Política Educacional do Centro de Educação e
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte.
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Didática e Prática de Ensino: diálogos sobre a Escola, a Formação de Professores e a Sociedade
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trabalho. Concordando com Lima (2002) é fundamental ressaltar neste capítulo duas
formas de responsabilização, por entender que elas demonstram de forma mais
consistente as idéias do autor e favorecem o processo de hiperburocratização das
instituições: a responsabilização pela introdução da lógica dos resultados e a
responsabilização pela competição administrada,
Concernente à responsabilização pela introdução da lógica dos resultados,
orienta-se pelo constante monitoramento e controle desses resultados, sendo necessário,
torná-los quantificáveis para assim auferir os ganhos de eficiência e efetividade das
políticas. Isso permite que essas normas sejam elevadas e controladas ao extremo o que,
na prática, torna-se excessivo o controle, as normas e as regras. Como parte da
estratégia para promover a modernização do Estado, pressupõe a comparação entre
“metas” e “resultados” o que implica uma organização hierárquica que cria uma cadeia
de responsabilização desde o Governo Central até os diretores, gerentes e funcionários
públicos nos diferentes níveis subnacionais e locais conduzidos pela busca da
adequação entre as metas e os resultados. A profissionalização desses gerentes se
constitui numa das principais medidas para as capacidades institucionais do Estado não
mais executor, mas regulador das políticas. A função da alta e profissionalizada
burocracia reside em elaborar as grandes linhas da política nacional; supervisionar o
processo de descentralização e fiscalizar os vários provedores dos serviços públicos,
ajudando a montar as redes de cooperação entre os diversos agentes sociais envolvidos
nas políticas.
Os gerentes ou gestores atuam dentro de um sistema descentralizado, flexível,
com liberdade para tomar decisões e administrar recursos, em contrapartida, com maior
responsabilidade pessoal em relação aos resultados, podendo inclusive ter sua
remuneração (por meio de gratificações e premiações) e a remuneração dos demais
funcionários, condicionado aos resultados. Essa forma de autocontrole por parte dos
gestores públicos, faz com que eles assumam para si o ônus do sucesso da sua missão.
Outra forma de verificar o excessivo controle do atual modelo de gestão é a
incorporação da avaliação como forma de promover a consciência tanto por parte dos
avaliadores quanto dos avaliados, em relação aos critérios e às metas que servem de
referência para medir o desempenho em cada instituição. A avaliação implica em
mecanismo de formação constante de todos os envolvidos na gestão, de tal forma que,
em um processo de prestação de contas, os gerentes responsáveis pela execução dos
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programas devem ser capazes não, apenas, de reconhecer os acertos e desacertos da sua
gestão, mas também de prestar explicações conscientes e racionais sobre os fatores que
determinaram o sucesso ou o fracasso .
De igual modo, desempenham papel preponderante os mecanismos de
acompanhamento da execução como indutor do ajuste entre metas e resultados, em
oposição ao modelo anterior cuja preocupação central voltava-se para a fiscalização da
legalidade e cumprimento de horários, rotinas, sem a preocupação com a satisfação dos
usuários. Por meio do acompanhamento, os gerentes responsáveis procuram manter o
controle dos programas e dos recursos, incorporando a autoavaliação como prática
interna de cada órgão executor, e estabelecendo controles seletivos e estratégicos para
garantir o uso racional dos recursos.
No que se refere à responsabilização pela competição administrada, essa
provocou as transformações mais significativas, quanto à redefinição do Estado e à
relação deste com a sociedade. Essa forma de responsabilização parte do princípio de
que a falta de concorrência no interior do serviço público é um fator impeditivo da
eficácia, eficiência e qualidade deste, apontando, como solução, formas de diversificar
os provedores dos serviços e ações públicas, para que em meio à pluralidade de atores,
se instaurem diferentes formas de competição. Se a competição acontece entre órgãos
governamentais, o Estado deve se fortalecer para acompanhar e avaliar a execução das
ações descentralizadas. Se ocorrer entre empresas privadas que prestem serviço público
por meio de concessões, é necessária a criação de agências reguladoras independentes
do Executivo e Legislativo, cuja tarefa é fiscalizar os setores privados. E ainda, no caso
da prestação de serviços pelo terceiro-setor (entidades públicas não-estatais), deve haver
uma constante fiscalização por meio do acompanhamento dos contratos obedecendo à
lógica dos resultados.
A implementação e o sucesso dos métodos gerenciais de controle, a posteriori,
propiciaram os parâmetros para que se estabelecessem as primeiras formas de
competição administrada; dentre as principais, destacam-se: adoção de índices e
avaliações de resultados como parâmetros básicos para a ação administrativa; a
flexibilização na gestão de pessoal, inclusive em termos de pagamento; o repasse de
poderes de órgãos centrais às unidades descentralizadas e do topo da organização às
gerências intermediárias; a introdução de uma cultura mais voltada à satisfação de metas
públicas que à observância de regras ensimesmadas; e, especialmente, a
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gestão e controle dos órgãos centrais com repercussão na cultura organizacional das
unidades escolares. A esse respeito, Lima (2011, p. 16) destaca que,
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A definição de trabalho imaterial não é algo simples. Trabalho imaterial pode ser entendido, segundo, Camargo (2013) como aquelas atividades que
possuem como conteúdo principal a comunicação, a cooperação, o conhecimento e o saber. São as qualificações subjetivas que passam a ter um papel
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central no processo de valorização das mercadorias. Uma mercadoria, cuja produção resulta de trabalho imaterial, pode ser quanto a sua forma física, material
ou imaterial; mas a questão principal está no tipo de trabalho, ou de ação, empregado para sua produção. A noção de “saber” é provavelmente o que melhor
define, em um sentido quase didático, o trabalho imaterial, pois diz respeito ao fato de que o valor de uma mercadoria não re sulta necessariamente do
dispêndio de tempo de trabalho empregado na sua produção (trabalho abstrato), mas sim dos saberes mobilizados por aqueles que a produzem.
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numa atividade que envolve pessoas o que vai exigir que esse trabalhador atribua
sentido a sua ação o que determina uma especificidade própria.
Assim, pode-se considerar que o trabalho docente é parte da totalidade
constituída pelo trabalho no capitalismo sendo, portanto, inerente a esse e estando
submetido, à sua lógica e às suas contradições. Nessa perspectiva, a docência pode ser
analisada como qualquer outro tipo de trabalho humano.
No contexto das atuais reformas educacionais e da implementação de um
modelo de gestão no seio das instituições escolares, as reformas passaram a atribuir à
escola múltiplos e diferenciados papéis além das suas funções normais, contribuindo,
assim, para ampliar o raio de atuação docente, consequentemente, provocando
modificando na realização do trabalho. Como bem destaca Oliveira (2004, p. 19), “[...]
el modelo de gestión escolar adoptado combina formas de planejamento y controle
central em la formulación de políticas com la descentralización administrativa en la
ejecución de lãs mismas (p. 19). Tais consequências ocorrem pela flexibilidade
administrativa presente no modelo de gestão vigente que se deriva da descentralização
administrativa, modificando a organização do trabalho, que passa a ser realizado
pautado em um modelo mais flexível.
Segundo Brito e Castro (2013), com as reformas implementadas nos sistemas de
ensino a partir de 1990, o trabalho docente foi reconfigurado. Nos últimos anos, têm
sido observadas novas formas de organização do trabalho docente, associadas também
a uma nova forma de reorganização do sistema escolar, que passou a incorporar um
modelo de regulação educativa, com base nas demandas contextuais do mundo
globalizado. A regulação das políticas educacionais repercute diretamente no trabalho
docente, haja vista que modifica a estrutura e composição da organização escolar
influenciando no seu funcionamento, que segundo Oliveira (2004), se dá em função,
[...] da centralidade atribuída à administração escolar nos programas de
reforma, elegendo a escola como núcleo do planejamento e da gestão;
financiamento per capita, com a criação do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério
(FUNDEF), por meio da Lei n. 9.424/96; a regularidade e a ampliação dos
exames nacionais de avaliação (SAEB, ENEM, ENC), bem como a avaliação
institucional e os mecanismos de gestão escolares que insistem na
participação da comunidade (OLIVEIRA, 2004, P.1130).
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Pesquisa desenvolvida pelo GESTRADO/UFMG. A pesquisa do tipo survey foi realizada em sete
estados brasileiros: Minas Gerais, Pará, Rio Grande do Norte, Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo e
Goiás.
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Considerações finais
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organizações produtivas e dos seus respectivos critérios de gestão tais como a eficácia e
a eficiência, tornando-se prioridade a substituição do modelo de gestão burocrático por
uma gestão gerencial.
Os sistemas educacionais, para se ajustarem às novas diretrizes da reforma do
estado, necessitaram ser reformulados e regulamentados; e contou para isso, com a
orientação de organismos internacionais, que, nas suas diretrizes, apontavam para a
necessidade de tornar os sistemas de ensino mais flexíveis e modernos, com uma gestão
mais eficiente e baseadas em resultados. Dessa forma, a gestão da educação sofreu
profundas modificações, de um modelo patrimonialista e burocrático para uma gestão
democrática definida em Lei ou para uma gestão gerencial imposta pela necessidade de
reformar o estado, tornando-o mais ágil e flexível. Assim, se evidencia uma grande
distância entre a gestão democrática que é definida na Constituição Federal de 1988,
referendada na Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/96 e os programas que são gestados
no Ministério da Educação que apostam no modelo gerencial, como forma de
modernizar a gestão da educação e da escola, permitindo o estabelecimento de um
modelo híbrido de gestão que não tem contribuído para a sistematização de uma prática
democrática nas instituições escolares.
Ademais, o trabalho docente vem sendo reconfigurado no interior das
unidades escolares. As mudanças ocorridas com a gestão, as novas formas de
acompanhar e avaliar o trabalho docente, bem como novas exigências para os
trabalhadores da educação, têm alterado a formação dos trabalhadores da educação,
flexibilizando a sua forma de contratação, aumentando a carga horária de trabalho e
suas atribuições, contribuindo, sobremaneira, para a precarização e a intensificação do
trabalho.
Esse novo modelo de organização educacional tem evidenciado, cada vez
mais, o docente como um trabalhador que presta um serviço técnico e instrumental,
muito associado a questões burocráticas o que tem impedido as chances de realização
do real objetivo da escola: a produção e sistematização do conhecimento e a formação
de indivíduos mais conscientes, atuantes e críticos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA
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Didática e Prática de Ensino: diálogos sobre a Escola, a Formação de Professores e a Sociedade
BRITO, Fabiana Erica de. CASTRO, Alda Maria D. Araújo. As condições do trabalho
docente em tempo de reestruturação produtiva. In: CABRAL NETO, Antônio;
OLIVEIRA, Dalila Andrade; VIEIRA, Lívia Fraga (Orgs.). Trabalho Docente:
desafios no cotidiano da educação básica. São Paulo, Mercado de Letras, 2013.
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FLORES, Maria dos los Ángeles Castilho; TIRADO, Maria Del Carmen Montero. La
naturaleza Del trabajo docente dos profesores de la Escuela Primaria Pública. In:
OLIVEIRA, Dalila; FELDFEBER, Myriam. Nuevas regulaciones educativas em
América Latina: políticas y procesos del trabajo docente. Peru, UCH, 2010.
SAMPAIO, Mª das Mercês F.; MARIN, Alda J. Precarização do trabalho docente e seus
efeitos sobre as práticas curriculares. Educação & Sociedade, Campinas, SP, n 89, 2004.
v 25.
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O tema central deste XVII Endipe são as relações entre a Escola, a Formação de
Professores e a Sociedade. Convergente com esta temática o subeixo Impactos das
políticas na gestão e no trabalho docente bem como o simpósio Gestão das políticas
educacionais e trabalho docente reavivam o debate com questões relacionadas à
Sociedade, em especial às políticas e à gestão educacional.
Inicio com um ponto de vista a respeito do trabalho docente e da sociedade para
depois discutir as políticas e analisar uma determinada política relacionada à formação
do professor em nível de pós-graduação.
Trato de começo do trabalho docente e a respeito dele estabeleço alguns
pressupostos que podem, talvez, ser percebidos na linha do que S. Ball designou de
“recursos para desviar a atenção do imediatismo e do "real" de aflição e tormenta”
(BALL, 2005, p. 541) pelo qual os professores estão passando. Ball refere-se ao
colapso, à erradicação do profissionalismo frente ao qual, argumentos em contrário,
encobririam o caos desencadeado pelas políticas educacionais e os novos processos de
gestão. O trabalho do professor como prática contextualizada, como diálogo com as
circunstancias locais, como compromisso, como prática ético-cultural, como
interlocução constante dentro das instituições e entre elas e a sociedade, para ele,
não tem futuro. O profissionalismo para Ball, que fala num contexto europeu acerca do
pós-estado de bem estar, não tem espaço, tendo em vista “efeitos combinados de
tecnologias de performatividade e gerencialismo” (BALL, 2005, p. 542). Não me
proponho a discutir conceitualmente profissionalismo mas a refletir acerca da prática
docente, considerando que dela não foi totalmente erradicado o profissionalismo, que
dela não foram totalmente eliminados os espaços de diálogo e de sensibilidade para com
as circunstancias locais, de compromisso consigo mesmo, com os alunos e com a
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Destaca-se neste aspecto a importância do pesquisador como alguém que registra, reflete, ajuda a narrar
o saber fazer.
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Mestrado Profissional
Abordarei o tema discutindo os Mestrados Profissionais como política
educacional que se propõe a formar um tipo de profissional específico em sua relação
com o conhecimento e com a prática.
Abordarei também os impactos deste novo tipo de formação stricto sensu na
gestão e no trabalho docente dos próprios MP.
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responsáveis pela orientação dos alunos” (incisos V e VI, art.7º. da Portaria Normativa
7/09) - e menos rígida em termos de carga horária uma vez que é admitida a dedicação
parcial ao curso. A qualificação do corpo docente é objeto de controle, devendo ser
demonstrada pela produção intelectual ou reconhecida experiência profissional. Os
formatos e tipos de trabalho de conclusão de curso foram mais longamente
especificados, apresentando maior diversificação, podendo apresentar-se em forma de:
artigos, patentes, revisão sistemática e aprofundada da literatura, projetos técnicos,
publicações tecnológicas, registros de propriedade intelectual, desenvolvimento de
aplicativos, de materiais instrucionais, didáticos e de produtos, estudos de caso, relatório
técnico com regras de sigilo, dentre outros. Mantém a possibilidade de cursos com
duração determinada – edição única - e a excepcionalidade em termos de concessão de
bolsas de estudos pela Capes.
A Portaria 7/09 abre alternativas diferenciadas, antes não aventadas nos
documentos normativos, possibilitando para a estruturação dos mestrados profissionais,
a forma de consórcios, ou a oferta em instituições como Universidades, centros de
pesquisa, entidades públicas ou privadas.
Os documentos que normatizam o mestrado profissional avançaram em
especificação do formato do trabalho de conclusão de curso e em termos da composição
do corpo docente. Este avanço, entretanto, não parece suficiente para configurar uma
nova forma para esta modalidade de curso em termos de sua estrutura e funcionamento.
A concepção de mestrado profissional no âmbito das normatizações não está clara ao
ponto de configurar um instrumento de avaliação coerente com a especificidade
pretendida. Há declarações gerais como o objetivo de “contribuir para agregar
competitividade e aumentar a produtividade em empresas, organizações públicas e
privadas” mas não está acompanhada de como tal objetivo se expressa em termos
formativos. Neste aspecto a definição de resultados pretendidos não auxilia na
configuração de novas configurações de curso – de funcionamento, de produção
cientifica, curriculares, ... -, afigurando-se a predominância e persistência do formato
dos pós-graduações acadêmicos.
Por outro lado, a ênfase na capacitação profissional voltada a procedimentos
técnicos e demandas do mercado de trabalho, a urgência de atender a demandas de
desenvolvimento, o foco na melhoria da eficácia e da eficiência das organizações e na
solução de problemas, o compromisso com a competitividade e aumento da
produtividade, situa as normativas com relação aos mestrados profissionais numa
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cada MP mas refere-se a uma situação geral inferida do conjunto dos MP, embora
algumas transcrições sejam de relatórios específicos.
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Ou seja, de certo ponto de vista pode-se também identificar nos relatórios dos
MP traços de uma cultura performativa e voltada para a obediência a regras exógenas e
para a valorização do que pode ser medido, classificado, controlado, comparado.
Referências:
CERTEAU, Michel de. A Invenção do Cotidiano. Volume 1: Artes de Fazer. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2011
LIMA, Licínio. A escola como organização educativa: uma abordagem sociológica. São
Paulo: Cortez, 2001.
Notas de rodapé:
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2 - Tem-se presente que o relatório “Proposta do Programa”é uma narrativa “oficial” do que cada MP
traça (aceita/imagina/registra) para expressar o que realizou no período. Outros tantos relatos a respeito
do mesmo percurso poderiam ser propostos e até se sobrepor, ao que poderia ser chamado de “oficial”.
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Tabela 1 - Instituição e designação dos cursos de Mestrado Profissional da área de Educação por situação de funcionamento – 2014
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Didática e Prática de Ensino: diálogos sobre a Escola, a Formação de Professores e a Sociedade
Tabela 2 - Quantitativo de Mestrados Profissionais da Área de Educação por situação de funcionamento – 2014
Nº Porcentagem
Coleta Disponível 9 28,00%
Aguardando Homologação pelo CNE 14 44%
Homologado pelo CNE 9 28,00%
32
Tabela 3 - Mestrados profissionais da Área de Educação por condição de reconhecimento conforme temas prevalentes, 2014
Aguardando Já
Temas Implantados homologação homologados
Educação 3 4 1
Gestão e ... 4 3 1
Formação de professores 1 1 2
Tecnologia/educação
tecnológica 1 3
Curriculo/inovações 1 1
Diversidade/educ. campo 2
EJA 1
Educação sexual 1
Prática de ensino 1
Ensino de ... 1
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Didática e Prática de Ensino: diálogos sobre a Escola, a Formação de Professores e a Sociedade
Tabela 4 - Mestrados Profissionais da Área de Educação, por título, área de concentração e linhas de pesquisa e intervenção social 2014
Coleta
Disponível -
IES Área Básica Área de concentração Linhas de Pesquisa e Intervenção Social
UNIPAMPA- 1) Política e gestão da educação; 2) Gestão das práticas docentes na
(SUL) Planejamento educacional diversidade cultural e territorial.
UFLA - Formação de
(SUDESTE) Educação professores 1) Linguagens, diversidade cultural e inovações pedagógicas.
A- Gestão de políticas e
Sistemas educacionais;
b) Políticas públicas e A - 1) Políticas públicas e gestão da educação básica; A - 2) Políticas públicas
gestão da educação e gestão da educação superior. B - 1) Sistema de inovação, cultura e
UNB - (C- profissional e desenvolvimento regional; B - 2) Políticas e gestão da educação profissional e
ESTE) Educação tecnológica. tecnológica.
Formação de
UEPB - Professores da educação
(NORD) Educação básica 1) Linguagens e letramento digital; 2) Práticas de leitura e produção textual.
UNINOVE - Gestão e praticas
(SUDESTE) Educacionais 1) Gestão educacional; 2) Práticas pedagógicas; 3) Práticas político-sociais.
1) Modelos, instrumentos e medidas educacionais; 2) Gestão, avaliação e
reforma da educação pública; 3) Equidade, políticas e financiamento da
UFJF - Gestão e Avaliação da educação pública; 4) Avaliação, currículos e desenvolvimento profissional de
(SUDESTE) Educação Educação Pública gestores e professores de educação básica.
A - Gestão da educação
Educação - Gestão e e redes sociais; B)
UNEB - Tecnologias Aplicadas às Processos tecnológicos A - 1) Gestão da educação e redes sociais; B - 1) Educação, processos
(NORD) Educação e redes sociais tecnológicos e redes sociais.
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Didática e Prática de Ensino: diálogos sobre a Escola, a Formação de Professores e a Sociedade
UFRPE - Tecnologia e Gestão em 1) Ferramentas tecnologicas para EAD; 2) gestao e produção de conteudo
(NORD) Tecnologia Educacional Educação a Distânica para EAD.
1) Políticas e práticas de formação; 2) Linguagens verbo-visuais e
IFSul - (SUL) Educação e Tecnologia Educação tecnologias.
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Didática e Prática de Ensino: diálogos sobre a Escola, a Formação de Professores e a Sociedade
Sem preconceito
Ou mania de passado
Sem querer ficar do lado
De quem não quer navegar
Faça como o velho marinheiro
Que durante o nevoeiro
Leva o barco devagar
(Paulinho da Viola, 1975)
RESUMO
O trabalho reflete sobre as políticas, a gestão e o trabalho docente, buscando nexos entre
uns e outros. A análise discute a educação e a gestão como empreendimentos cuja
produção envolve processo e produto. Para compreender a gestão das políticas
educacionais, toma-se como objeto de estudo a avaliação de larga escala. Situando seu
contexto e trajetória, procura-se identificar elementos de sua gestão, bem como suas
repercussões sobre a escola e o trabalho do professor. Como percurso metodológico se
analisa os termos em separado para, depois, retomar a questão proposta. A reflexão é
finalizada por considerações em torno dos desafios ao trabalho docente em tempos de
Ideb.
1. Esclarecendo os termos
1
Texto apresentado no Simpósio: “Gestão das políticas educacionais e trabalho docente”. Eixo: A
Didática e a Prática de Ensino na relação com a Sociedade, Subeixo: Impactos das políticas na gestão e no
trabalho docente. XVII ENDIPE. Fortaleza, 11 a 14 de novembro de 2014.
2
Da Universidade Estadual do Ceará e da UNINOVE.
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Didática e Prática de Ensino: diálogos sobre a Escola, a Formação de Professores e a Sociedade
optamos por focalizar a “gestão das políticas educacionais e trabalho docente”, a ênfase
está no gerenciamento dessas mesmas políticas. Como se vê, não é difícil incorrer no
risco de nos perdermos em um desafiante e complexo mar de palavras.
Buscando uma rota para responder ao desafio, pensei ser oportuno começar por
refletir sobre o significado dos termos “essenciais” (substantivos e adjetivos) para
depois, cuidar dos “acessórios” (preposições que fazem diferença). Como percurso
metodológico, começo por esclarecer o significado e as implicações de cada um dos
termos em separado para, depois, num movimento de análise voltar à questão inicial.
Ao final, concentro a reflexão sobre o trabalho docente no que, como outros, denomino
de tempos de Ideb (MACEDO, 2011, CARDOSO, 2011 e VIDAL & VIEIRA, 2014).
A expressão “tempos de” não é original. Foi adotada por Schwartzman, Bomeny
& Costa (2000) e venho utilizando-a há mais de dez anos em estudos com foco no
caráter histórico das políticas educacionais (VIEIRA, 2008a e 2010). Sob o signo da
avaliação de larga escala, vimos nascer o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica), sobre o qual esta reflexão se detém. Neste ensaio procuro desenvolver o
argumento de que este índice tem se transformado em um grande motor do trabalho na
escola, daí porque, como síntese toma-se o momento vivido pela política educacional e
pela escola como tempos de Ideb.
Além de trazerem uma nova lógica para a organização e a gestão da escola, esses
tempos têm contribuído para novas configurações e ritmos no trabalho docente.
Inspirando-me nas palavras de Paulinho da Viola (1975), em “Argumento”, diria que é
preciso examinar esta questão “Sem preconceito / Ou mania de passado / Sem querer
ficar do lado / De quem não quer navegar”. Entendo que em vez de tão somente criticar
esses tempos é necessário examiná-los com a isenção possível. Compreendê-los, por
assim dizer, para neles poder navegar.
Feitas essas observações em torno do rumo e da rota, passemos aos
esclarecimentos.
Políticas
Quando falamos em políticas estamos nos referindo basicamente a o que se faz
ou o que está sendo feito, a propostas e iniciativas desenvolvidas pelo Poder Público
ou por este financiadas. As políticas educacionais em geral são financiadas com
recursos públicos e executadas por instituições públicas. Este é o caso da maioria dos
programas de formação continuada de educadores patrocinados pelo governo federal a
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Didática e Prática de Ensino: diálogos sobre a Escola, a Formação de Professores e a Sociedade
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O ProUni e o Fies são programas Ministério da Educação (MEC) destinados ao financiamento de
estudos de alunos de graduação matriculados em instituições “não gratuitas com avaliação positiva nos
processos conduzidos pelo MEC” (Brasil. MEC. <sisfiesportal.mec.gov.br>). O primeiro consiste na
oferta de bolsas em instituições privadas e o segundo é uma modalidade de empréstimo utilizada durante
o curso e paga depois de sua conclusão com juros de 3,4% ao ano.
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Gestão
Trabalho Docente
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educativos é indiscutível. Como atores desse processo, os docentes estão sob o foco da
“gestão das políticas educacionais” que interfere sobre seu trabalho de distintas
maneiras. Os docentes são, ao mesmo tempo, destinatários e executores de políticas. As
iniciativas voltadas para a melhoria de suas condições de trabalho docente representam
um exemplo de como os docentes podem ser destinatários de políticas. Uma iniciativa
mediada pelo trabalho dos professores em sala de aula, a exemplo de obter bons
resultados no IDEB os envolve como executores e, portanto, sujeitos de políticas. De
fato é um jogo complexo.
Feitos esses esclarecimentos em torno dos termos, é oportuno ir um tanto além
antes de voltar à proposição inicial. Tratemos, agora, de noções que melhor esclarecem
os termos política e gestão e os nexos que se estabelecem entre uma e outra.
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A produção imaterial, por sua vez diz respeito a elaboração humana onde o ato
de produção e o produto são inseparáveis. Este é o caso dos serviços de saúde, de
educação e de muitas manifestações artísticas. Uma show ao vivo, uma consulta médica
e uma aula presencial são exemplos de produção imaterial.
O conceito de produção tem sua origem no pensamento de Marx que, em sua
vasta obra contribuiu para a análise das relações econômicas e sociais. A passagem a
seguir é ilustrativa desta posição.
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3. Aprofundando a proposição
Muitas das políticas que circulam nas diferentes esferas do Poder Público dizem
respeito ao trabalho docente. Em geral são concebidas no âmbito do Ministério da
Educação, passam pelas secretarias estaduais e municipais de educação e aportam no
chão da escola. A concepção e implementação de políticas docentes é um capítulo a
parte, sobre o qual já refleti em trabalho anterior, ao debruçar-me sobre a noção de
gerações e ciclos de políticas (VIEIRA, 2012). Procurando avançar noutra direção, em
decorrência do desafio proposto por este Simpósio do ENDIPE, optei por tomar um
caso de política, mais especificamente a avaliação de larga escala. Porque chegou para
ficar e por sua relevância para o trabalho docente esta merece ser examinada em suas
íntimas conexões com os termos da proposição. Assim, iniciarei por uma breve
retrospectiva das iniciativas de avaliação de larga escala, para depois discutir sua gestão
e articulação com o trabalho docente.
A avaliação de larga escala começa a chegar ao Brasil pelo final dos anos 1980,
quando o governo federal e alguns governos estaduais (BROOKE & CUNHA, 2010)
deflagram iniciativas diversas visando aferir resultados de estudantes em provas
aplicadas em escolas da rede pública. Foi neste contexto que surgiu o Sistema de
Avaliação da Educação Básica (Saeb), desenvolvido pelo Ministério da Educação, que
por seu alcance e abrangência nacional será aqui focalizado por atingir todas as
unidades da federação.
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4 Com alcance distinto, as duas avaliações se complementam mutuamente. “A ANEB mantém os objetivos,
características e procedimentos das avaliações, anteriormente, realizadas pelo SAEB, ou seja, por meio de amostras
da população, garantindo a continuidade da série histórica dos dados de proficiência dos alunos das redes públicas e
privadas brasileiras. Seus resultados não identificam municípios, escolas, turmas, alunos, professores e diretores. A
Anresc, por sua vez, levanta informações sobre o desempenho de cada uma das escolas urbanas, com mais de 30
alunos de 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental da rede pública brasileira. Seu objetivo principal é oferecer aos
governos estaduais e prefeituras municipais uma avaliação das escolas de suas redes para um planejamento e
aplicação mais preciso de suas políticas” (VIEIRA&VIDAL, 2013, p. 21).
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fizeram ou até mesmo ignorá-las. Fato é que ano a ano e passo a passo tem se tornado
mais difícil fazer de conta que as avaliações externas não existem. Isto porque a escola e
seus docentes não apenas são cobrados, como também premiados (e cada vez mais!) e
mesmo punidos por seu desempenho.
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“pressupõe um conhecimento exato daquilo que não se diz. Como na prática não se
emudece para sempre, faz-se uma opção entre o que se pode dizer e o que não se diz.
Silencia-se o que melhor se conhece” (CANETTI, 1986, p. 327).
Em tese, a escola permanece a mesma; na prática, porém, há sinais de mudanças
evidentes em seu cotidiano. Deveria a escola permanecer a mesma face à avalanche de
transformações que tem invadido a vida contemporânea? Certamente que não.
Entretanto, aqui, vale lembrar o velho dito popular que sugere “nem tanto ao mar, nem
tanto à terra”. Mudanças são inevitáveis e necessárias e, portanto, o equilíbrio parece
estar em fazer “como o velho marinheiro que durante o nevoeiro, leva o barco devagar”
(DA VIOLA, 1975). Num mundo em permanente estado de mudança a escola está
fadada a mudar. Entretanto, há que se manter fiel à sua essência de casa de saber, ensino
e aprendizagem. Qualquer semelhança com uma linha de montagem ameaça o que tem
de melhor que é o desenvolvimento humano contemplando a igualdade na diversidade.
A resposta à terceira pergunta foi parcialmente dada e não deixa de ser um tanto
óbvia. De uma maneira geral, o trabalho docente foi, está e, ao que tudo indica,
continuará sendo alterado pelas políticas de avaliação de larga escala. Viver sob os
tempos de Ideb implica em uma regulação da escola e da sala de aula induzida por
fatores externos onde uma nova ordem se impõe. O calendário antes marcado pelas
datas comemorativas, agora, é pautado por novas rotinas: a preparação para as provas, a
execução, a divulgação dos resultados e, por fim, a premiação. Satisfeitos, ou não, os
docentes se movimentam neste cenário onde a pressão por bons resultados é a palavra
de ordem e onde o processo e o produto de seu trabalho passam a orientar-se para o
cumprimento de metas estabelecidas para e pela escola.
Em um cenário de mudanças profundas no ethos escolar e de alterações sem
precedentes na rotina do trabalho docente, impõe-se refletir sobre a última indagação,
qual seja a dos novos desafios a serem enfrentados pelo(s) professor(es). Aqui ousaria
sugerir que o desafio maior estaria em algo que, que na falta de melhor expressão,
resumiria como buscar um equilíbrio para além das provas. O que quero dizer com
isto?
Se a lógica da avaliação de larga escala é inevitável, é preciso aprender a
conviver com ela. Isto não significa mera aceitação alienada de uma nova ordem e, sim,
enfrentar o novo com conhecimento. Em vez de temer a nova ordem, é necessário
dominá-la para, aí então, poder criticá-la. O que sabem os docentes sobre todo este
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