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OS SIGNIFICADOS DO LETRAMENTO ESCOLAR COMO UMA PRATICA SOCIOCULTURAL (Clecio Bunzen ‘A alfabetizagdo & uma prética. E, assim como toda aprética que especfica a uma insttaicto, envolve dversos saberes (por ‘exemplo, quem ensina conhece o sistema afabéticoe suas regras de uso), diversos pos de partcipantes (alunos e professor, ¢ também, os elementos materais que permitem concreisar essa ‘Pritica em simagdes de aula, como quadro-de git, iusragées, livros diddricas quaisquer ouras recursos pedagéticos. Angela Kieiman, Preciso “ensinar™ oletramento?, 2005. Be Fodusio ¢ sobre ios de circulagio de textos (Gempre multissemiéticos) no cotidiano da escola: produgo de cartazes; escritas e desenhos na lousa; roca de bilhetes sobre a aula; anotagdes nos cadernos e nos livros didéticos; escritas nos banheiros e nas carteiras; 99 We ans atm: ine dnd ds ee. NO ert 7 utilizagao do: e | we eender ltamos que, para cOmP! a ‘ecola, preisamos problematizar ‘Ao romper com essa visio dicotmica, assumimos que parte das préticas sociais escolares. erias em que o texto multisemitico desempenha um papel central | a ‘essas préticas discursivas que emer. dicotomias como: “le. “letramento escolar; i por praticas orais | 1. Oconceito de exfera aqui tlizado encontra-se ancorado nos estudos do Citculo de Bakhtin, 2. Basas dicotomias presuptem geralmente uma perspectiva analica que ve at “simagées da vide cotdiana” versus as “situapSes na vida escolar”, No entanto, defenderos, com base em Cena (1994), que pensar a escola como uma esfera da stvidade humana € também pensar as sitapSes da vida cotidiana, mesmo qve marae por proceso institiconss, 3A ttulo de exempliicagio, podemos mencionar 0 surgimento de catdlogas de literatura infantil, produzidos pelas grandes editoras, para apresentarem seus Produtos “ets para a.esola” aos professors. Os catslogos, normalmente,trazem ‘um conjunto de representagesediscursos sobre as prétcas de leituraescolares, pois 100 ‘Assim, 08 Estudos do Letramento ~ entendidos como “o estudo das préticas relacionadas com a escrita em toda a atividade a (Kleiman 2008, p. 489) - nos ajudam a refletir sobre as préticas de uso da 1 escrita que ocorrem nas mais diversas préticas escolares que “abrangem mais do queos eventos de ensino em si, mas todo um /hurocrética, de organizacao do trabalho, de convivencia socialelaces ete.” (Vovio 2008, p. 2). Em suma: toma-se necessario ~ inclusive para ‘pensarmos em mudangas curriculares no ensino da ingua escrita - compreender as priticas de letramento e a const Tia eefera escolar de forma situada e historica. eo dos sigrificados discussio sobre o “Ietramento escolar”, compreendido como wm conjsin- to de préticas socioculturais histGriea e socialmente variaveis, que possui, ‘uma forte relacdo com 08 processos de aprendizagem formal da leiturae. dh exert, wansmissao de conhecimentos ¢ (re)apropriacdo de discursos. ‘Miiltiplas cenas de letramento na esfera escolar ‘Nas primeiras horas da segunda-feira fomos conduzidos & Biblioteca do Colégio para o cerimonial de receber livros. (..) do rised-los, no sujd-los, ndo fazer marcas, dobrando os ) 6 ‘escrita como objeto de aprendizagem. Por essa razo, alguns pesquisado- res, como Kleiman (2001) e Signorini (2007), 18m defendido que o letra- ‘mento escolar precisa ser compreendido no ambito institucional, ou seja, Jevando em consideracio as praticas de planejamento, avaliacdo e gest8o etramento no contexto de trabalho docente (Kleiman 2001). Na esfera escolar, como discutimos ao longo do capitulo, hé textos ‘as mensagens digitalizadas nas telas dos celulares que frequentam as salas de aulas ete. Parece-nos que essa circulago do discurso naesfera escolar ‘no € o enfoque central da concepedo curricular do letramento, apesar de apostar em um ensino voltado para 0 uso de préticas sociais ¢ géneros tespecificos; esquecendo-se talvez. que toda pratica escolar encontra-se relacionada a uma cadeia de géneros que faz esta esfera funcionar nas ‘ais diversas atividades humanas. Referencias bibliogrficas BAKHTIN, M. (2003). “Os generos do discurso”, in Estétion da Criagio Verbal. Séo Paulo: Martins Fontes. 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