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Júlia

Jannotti Serejo
Acadêmica do 6º Período de
Medicina da UFJF-GV

CEFALEIAS
EPIDEMIOLOGIA
• A dor de cabeça (cefaleia) é uma das principais nos serviços de saúde ambulatoriais e de emergência, cerca de
40%.
• A sociedade sofre dessa doença porque ela é uma patologia comum.
• 99% das mulheres e 94% dos homens terão pelo menos um episódio de dor de cabeça. Alguns autores chegam a
dizer que 100% da população em algum momento da vida terá dor de cabeça.
• Terceira causa de atendimentos nos ambulatórios de clínica médica e a primeira causa de procura pelo
neurologista.
• Representam 4,5% dos atendimentos de emergência.
• Nas emergências está entre os cinco primeiros.
• A prevalência da migrânea (enxaqueca) nas crianças e nos adolescentes é de 7,7%.
• A enxaqueca é comum nessa faixa etária. Então os pais podem chegar desesperados no consultório achando que
o filho tem um tumor na cabeça, devido aos sintomas exacerbados, mas na verdade é só a cefaleia.
• Cefaleia do tipo tensional é mais comum que a migrânea, com prevalência ao longo da vida de
aproximadamente 52%. Contuso, apenas as cefaleias do tipo tensional
• 3% da população geral tem cefaleia crônica, ou seja, cefaleia em > 15 dias por mês. Estes casos são os que mais
tem redução de sua capacidade funcional.
• Esse paciente crônico é mais difícil de tratar à possui mecanismos de adaptação neuronal (via nociceptiva se
adapta e o tratamento se torna mais difícil)
• É observado um aumentado a prevalência da dor de cabeça crônica na população. Uma justificativa para isso é o
uso excessivo de medicamentos, principalmente analgésicos.
• 2-3 mulheres para cada homem possuem cefaleia.
o O predomínio no sexo feminino inicia-se na puberdade à alterações hormonais.

HEREDITARIEDADE
• A história familiar de migrânea é um dos fatores mais fortes e consistentes para risco de migrânea.
• Na migrânea hemiplégica familiar ocorre uma mutação em um único gene, que causa essa condição.

FATORES DESENCADEADORES DE DOR


• Dietéticos: álcool, queijos maturados, glutamato monosódico, chocolate (existem estudos que contradizem),
aspartame, cafeína (lembrar que além do café, ela está na coca-cola e nos derivados do café), nozes, nitritos e
nitratos.
• Hormonais: menstruação, ovulação, reposição hormonal, uso de anabolizantes e anticoncepcional em alta dose.
• Estimulação sensorial: luminosidade (muita sensibilidade à luz), luzes piscantes, odores (estimulação sensorial),
sons e ruídos.
• Estresse: períodos de baixa estima, atividade intensa, perda ou mudança (morte, separação ou mudança de
emprego), crise psicológica.
• Mudança de ambiente ou hábitos: tempo, viagens, estações do ano, altitude, mudanças de horários, padrões de
sono, dieta, restrição alimentar e atividade física irregular (a inatividade física estimula a cefaleia).

TIPOS DE CEFALEIA

AGUDA
• É aquela que o paciente está muito bem até ontem, daí de ontem para hoje começou a ter uma dor de cabeça
forte.
• Normalmente ela tem causa secundária, mas pode ser primária.
• Ocorre normalmente por infecção, como infecção de garganta, sinusite, urinária, que podem cursar com dor de
cabeça. Pode ser ocasionada por álcool e medicamentos.
• Pode ser de doenças fatais, como uma ruptura de aneurisma (paciente com aneurisma cerebral, ela rompe, faz
uma dor de cabeça aguda, forte e altamente incapacitante), AVC, etc.



Júlia Jannotti Serejo
Acadêmica do 6º Período de
Medicina da UFJF-GV

AGUDA RECORRENTE
• Típica da dor de cabeça primária, como enxaqueca.
• Normalmente ela é benigna.
• Paciente relata dor de cabeça e então ela para. Passa alguns dias, ele retorna com a dor de cabeça. Para. A dor de
cabeça fica indo e voltando- ziguezague na frequência da dor de cabeça do paciente.

CRÔNICA PROGRESSIVA
• Aquela que o indivíduo fala “de 2 meses pra cá, comecei com uma dor de cabeça, ela foi aumentando e hoje está
insuportável”
• Geralmente secundária, associada a tumor, a pseudo tumor (aumento de causa desconhecida da PIC e com isso,
começa a comprimir nervos da base, principalmente o nervo ótico, requerendo tratamento especifico, podendo o
indivíduo evoluir com cegueira) e aumento idiopático da pressão intracraniana.
• Requer investigação.
• Muito frequente em mulheres, jovens e gordinhas.

CRÔNICA NÃO PROGRESSIVA


• Indivíduo tem uma dor de cabeça, com crises de recorrência, mas ele refere que a dor tem a mesma intensidade,
que não passa nunca, dói todo dia.
• Normalmente benigna.
• É de causa primária.

OBS: Preocupantes são a aguda e crônica progressiva – a aguda recorrente e a crônica não progressiva geralmente são
primárias.

CLASSIFICAÇÃO
• A dor de cabeça primária começa desde a infância e passa por toda a vida da pessoa e, chegando por volta dos 50
anos, ela começa a diminuir (faixa etária adulto-jovem a mais comum é a primária)
o Indivíduo com mais de 50 anos relata que nunca teve dor de cabeça antes à cuidado à chance de ser
secundária é maior.
• A dor de cabeça secundária é mais comum na primeira idade (até 10 anos) à recorrência de infecção é maior, já
que nessa faixa etária a imunidade é mais fraca e a chance de infecção é maior.
• Com o passar da idade, a cefaleia melhora, e a chance de ser secundária diminui. Então aumentar novamente na
faixa dos 50 anos à principalmente por doença neoplásica e distúrbio sistêmico, como hipoglicemia, alteração
de sódio.

CEFALEIA PRIMÁRIA
Longa duração - pode durar horas ou dias:
• Enxaqueca (migrânea) com ou sem aura (maior queixa de cefaleia no consultório de neurologia, pois a dor é
incapacitante, levando o paciente a buscar o médico).
• Cefaleia tensional (mais comum na população).
Curta duração - as crises duram geralmente duram alguns minutos e podem se repetir ao longo do dia:
• Cefaleia em salvas.
• Hemicrania paroxística.
• Síndrome SUNCT.

CEFALEIA SECUNDÁRIA
• Cefaleia da ressaca (maioria)
• Cefaleia da febre à infecção.
• Cefaleia metabólica
• Cefaleia do nariz e dos seios paranasais
• Cefaleia pós-traumática
• Cefaleia por drogas e medicamentos
• Cefaleia ocular


Júlia Jannotti Serejo
Acadêmica do 6º Período de
Medicina da UFJF-GV

• Cefaleia da coluna cervical
• Cefaleia por tumor

OBS: Seja criterioso - se você não sabe se é cefaleia primária, comece a investigar, porque pode ser secundária. Então
seja criterioso, tenha conhecimento e avalie bem, pois, cefaleia primária tem diagnóstico clínico e muitas vezes não tem
exame alterado (acredite na clínica do paciente).

MIGRÂNEA (ENXAQUECA)
• Longa duração (contínua, mas pode ocorrer agudização temporária)
• Principal causa de cefaleia nos consultórios de neurologia.
• É uma dor muito incapacitante: os pacientes procuram mais os consultórios de neurologia.
• Atinge cerca de 25% da população mundial.
• Ela costuma apresentar-se na adolescência, principalmente em períodos menstruais nas mulheres.
• Relação de 2:1 mulheres/homens.
• No Brasil, a prevalência anual da migrânea é de 15,8%, acometendo cerca de 22% das mulheres e 9% dos
homens, com pico de prevalência entre 30 e 50 anos.
• A migrânea sem aura (75% dos casos) é o mais frequente que a com aura (25% dos casos).
• Cerca de 80% dos pacientes têm um familiar direto acometido.
• Fatores associado: fatores genéticos, ambientais, metabólicos, hormonais, medicamentosos.

FISIOPATOLOGIA
Antigamente acreditava-se que a enxaqueca era um fenômeno vascular:
• A enxaqueca tinha um período de vasoconstrição (grave o suficiente para gerar sintomas neurológicos) à
isquemia transitória em determinada área do cérebro à sintomas: pontos luminosos na visão, parestesia,
sintomas de perda visual.
• Em seguida ao processo de vasoconstrição - vasodilatação - indivíduo sentia dor de cabeça.
• Essa teoria caiu quando se percebeu que muitas pessoas fazem uso de vasodilatadores e isso não causa dor de
cabeça – não respeita o território vascular.

Posteriormente, veio outra teoria: “Inflamação neurogênica”


• A enxaqueca ocorre por um mecanismo de inflamação vasogênica periférica - inflamação dos nervos,
principalmente do trigêmeo - liberação de fatores inflamatórios - vasodilatação e irritação das terminações
nervosas (mecanismo direto da dor)
• Começaram a testar anti-inflamatórios no bloqueio da liberação dessas substâncias periféricas e prostaglandinas
para testar se ocorreria a dor - não provaram melhora e nem piora, respectivamente.
• Existe um grau de aumento de substâncias inflamatórias nas terminações, mas ainda não explicava todo o
componente da enxaqueca (não explicava o sofrimento da aura).

Atualmente, a teoria mais aceita é a “teoria da depressão cortical alastrante”:


• O fenômeno vascular, embora ocorra vasoconstrição e vasodilatação, não pode justificar tudo, porque os vasos
não estão contraídos de maneira uniforme (as artérias contraem em momentos diferentes).
• De fato, ocorre uma redução do fluxo sanguíneo nas áreas de dor, vista no eletroencefalograma claramente, mas
que não respeita a anatomia vascular.
• Diminuição do fluxo sanguíneo nos territórios encefálicos à redução do metabolismo cerebral e lentifica o
processo de propagação elétrica nessas regiões à depressão alastrante da região posterior para a região anterior
do cérebro.

Acredita-se hoje, que uma alteração no metabolismo no tronco cerebral desencadeia isso tudo.
• Tem sido demonstrado principalmente por meio de RM.
• Para explicar a fisiopatologia hoje é preciso entender que a enxaqueca é causada pela junção das três teorias,
todas ocasionadas por uma alteração no tronco cerebral.
• CGRT é a pesquisa mais recente para explicar exaqueca e vem sendo utilizado na produção medicamentosa.



Júlia Jannotti Serejo
Acadêmica do 6º Período de
Medicina da UFJF-GV

QUADRO CLÍNICO
• Cefaleia pulsátil, com predomínio temporal, durando 2-3 dias de caráter leve, podendo ser desencadeada uma
dor de forte intensidade com exposição à luz intensa, ruído intenso, alimentos, atividade física, período
menstrual, etc. Pode ter alívio com analgésicos. Geralmente apresenta irritabilidade, bocejos e perda de
concentração horas antes da dor.

1. Sintomas premonitórios da enxaqueca (algumas horas): é antes da enxaqueca


• Alteração do estado mental: depressão, euforia, irritabilidade, hiperatividade, sonolência, falante e inquietude.
• Alterações neurológicas: foto/fonofobia, hiperosmia, bocejos e dificuldade de concentrar-se.
• Alterações do estado geral: sensação de frio, desejos alimentares, anorexia, diarreia/constipação, retenção de
fluidos, sede e indolência.

2. Aura (até 1 hora): paciente pode começar a apresentar sintomas visuais, pontos luminosos, perda da visão; ocorre de 5
a 10 minutos antes da dor de cabeça; e não dura mais que 1h.

3. Cefaleia em si (4 – 72 horas): após 1h mais ou menos, a dor de cabeça incapacitante.

4. Pósdromo (variável).

5. Fase de recuperação.

CRITÉRIO DIAGNÓSTICO – MIGRÂNEA SEM AURA

A. Pelo menos 5 episódios que preencham os critérios B a D.


B. Episódios de cefaleia com duração de 4 a 72h (não tratada ou tratada sem sucesso).
C. A cefaleia tem, pelo menos, 2 das 4 características seguintes:
• Localização unilateral
• Pulsátil
• Dor moderada ou grave
• Agravamento por atividade física de rotina ou seu evitamento (subir escadas, caminhar).
D. Durante a cefaleia, pelo menos, um dos sintomas:
• Fotofobia e fonofobia
• Náuseas e/ou vômitos
E. Não melhor explicada por qualquer outro diagnóstico.

CRITÉRIO DIAGNÓSTICO – MIGRÂNEA COM AURA

• Transtorno recorrente que se manifesta na forma de crises de sintomas neurológicos focais reversíveis, que
geralmente se desenvolvem gradualmente em 5 a 20 minutos e que duram menos de 1h.
• Uma cefaleia migranosa geralmente sucede os sintomas da aura.
• Episódios recorrentes, com minutos de duração, unilaterais, completamente reversíveis, de sintomas visuais,
sensitivos ou outros atribuíveis ao sistema nervoso central, que geralmente se desenvolvem gradualmente e, em
regra, são seguidos por cefaleias com características de enxaqueca e sintomas associados.
® Aura típica com cefaleia migranosa
® Aura típica com cefaleia não-migranosa (não preenche critérios para cefaleia com aura)
® Aura típica sem cefaleia
® Migrânea hemiplégica familiar
® Migrânea hemiplégica esporádica
® Migrânea tipo basilar:
Sintomas vertebro-basilares - diminuição do fluxo sanguíneo para o tronco (bulbo – SRAA – na sua falha, pode
ocorrer, sincope, desmaio, coma, perda do tônus postural; e ponte).
Indivíduo relata desmaio seguido de dor de cabeça intensa, ou síncope seguida de dor de cabeça intensa, ou
síncope com visão turva e dor de cabeça intensa em seguida.


Júlia Jannotti Serejo
Acadêmica do 6º Período de
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SINTOMAS DE AURA
• Ponto cego central ou ponto cego periférico.
• Espectro de fortificação: parece um raio crescendo de dentro para fora OU borrão na periferia e parte da visão
permanece normal.
• Perda de parte do campo visual (hemianopse).
• Queixas de vertigem.
• Queixas de parestesia: primeiro o paciente relata a parestesia e depois a dor de cabeça.
OBS: Normalmente o paciente tem apenas um desses sintomas de aura, mas em alguns casos pode manifestar mais de
um tipo de aura.

TRATAMENTO ABORTIVO
Se náusea ou vômitos à metoclopramida VO, IM, IV ou domperidona VO à
• Cefaleia fraca: AAS, paracetamol, dipirona, AINEs VO (NAPROXENO).
• Cefaleia moderada: AAS, AINEs VO, ertogamina VO, di-hidroergotamina VO, triptanos VO.
• Cefaleia forte à dipirona IV, triptanos VO (almotriptano), SC (melhor tempo de indicação) ou IN, dexametasona
(corticoide) IV, indometacina intrarretal (AINE), clorpromazina IM ou IV, haloperidol/halol (antagonista de
receptor D2 dopaminérgico) IM ou IV (antipsicóticos)
OBS: Cuidado com os antipsicóticos, podem gerar hipotensão - fazer hidratação IV.

TRATAMENTO PROFILÁTICO
Quando fazer o tratamento profilático?
• Quando o indivíduo tem várias crises no mês.
• Quando usa mais de 4 comprimidos analgésicos por mês (risco de cronificação da dor).
Nível A: medicamentos com efeito comprovado:
• Drogas antiepiléticas: topiramato, divalproato de sódio ou valproato (usado em idoso).
• Beta-bloqueadores: metoprolol (menor hipotensão), propranolol ou timolol.
• Triptanos (agonistas de serotonina à vasoconstrição e diminuem fatores pró-inflamatórios) à fravotriptano.
Nível B: medicamentos que provavelmente são efetivos:
• Antidepressivos: amitriptilina, venfalaxina (não provoca aumento de peso).
• Beta-bloqueadores (evitar no paciente que tenha depressão): atenolol (muito hipotensor) e nadolol.
• Triptanos: naratriptano e zolmitriptano.
Nova geração de medicamentos
• Anticorpos monoclonais: Erenumab, Galcanezumab e Fremanezumab (caros!)
• GEPANTS e DITANS.

ESCOLHA DO MEDICAMENTO NO TRATAMENTO PROFILÁTICO


Tirar vantagem do efeito adverso - o paciente tem alguma situação que podemos tirar proveito?


Júlia Jannotti Serejo
Acadêmica do 6º Período de
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• Baixo peso: usar tricíclico (amitriplina), flunarizina ou valproato à abrem o apetite.
• Acima do peso: evitar tricíclico (pode-se usar a nortriptilina), flunarizina e valproato e usar topiramato (reduz
apetite).
• Cálculo renal: evitar topiramato - acidifica a urina à formação de cálculos.
• Insônia: usar tricíclico (antidepressivos que inibem a recaptação de serotonina, noradrenalina e dopamina) à
sedam e dão sono.
• Idosos: usar valproato (mas cuidado com o idoso hepatopata); evitar beta-bloqueadores, bloqueadores de canais
de Ca e tricíclicos (cardiopatas).

Tirar vantagem das comorbidades - fazer dois tratamentos:


• Hipertensão: beta-bloqueadores ou bloqueadores de canais de Ca.
• Vertigem: flunarizina (bloqueador de canal de Ca usado para tratar migrânea).
• Depressão: tricíclico e venlafaxina (antidepressivo inibidor seletivo da recaptação da serotonina e da
noradrenalina).
• Epilepsia ou TBH: valproato ou topiramato (agonista GABAérgico, inibe a anidrase carbônica e antagonista
AMPA de glutamato).

Observar as limitações impostas pelas comorbidades:


• Depressão: evitar beta-bloqueadores e flunarizina - induzem depressão.
• Epilepsia: evitar tricíclico e neuroepiléticos - reduzem o limiar convulsionante.

COMPLICAÇÕES
• Cefaleia crônica diária: cefaleia migranosa que ocorre em 15 ou mais dias por mês, por mais de 3 meses, na
ausência de uso excessivo de medicação.
o Fatores de risco para a cronificação: fatores emocionais, estresse, doenças psiquiátricas e abuso de
analgésicos.
• Estado migranoso: uma crise debilitante de migrânea, durando mais de 72h, com intervalos inferiores a 12h.
Associam-se a náuseas e vômitos seguidas, levando à desidratação e as suas consequências, como a necessidade
de internação.
o Analgésico em excesso pode causar este estado. Tem que hidratar esse paciente com a retirada parcial
dos medicamentos, utiliza-se principalmente antipsicótico.
• Aura persistente sem infarto: sintomas de aura persistindo por mais de 1 semana, sem evidência de infarto em
exame de neuroimagem.
• Infarto migranoso: um ou mais sintomas de aura migranosa, associados a uma lesão cerebral isquêmica em
território apropriado, demonstrada por exame de neuroimagem (a crise de enxaqueca gera uma vasoconstrição
tão intensa que leva a um infarto no território cerebral). Os sintomas persistem por mais de 60min.
• Crise epiléptica desencadeada por migrânea: uma crise epiléptica desencadeada por uma aura de migrânea (a
redução de fluxo sanguíneo cerebral gerada pela vasoconstrição pode levar o neurônio a diminuir o limiar
convulsionante, gerando uma crise epiléptica).

CEFALEIA TENSIONAL
• Dor em aperto na região cervical, que irradia para a região frontal bilateral. Pode ter sensação de peso nas costas
ou de capacete na cabeça. Dura de 2h – 5 dias (mais do que 72h), podendo aparecer vários dias no mês. Pode ter
foto OU fonofobia, mas não tem náusea ou vômito. A dor é leve ou moderada e desencadeada por estresse,
alteração hormonal, etc. E aliviada com repouso e atividade física.
• A cefaleia do tipo tensional episódica é a mais frequente das cefaleias primárias, tendo prevalência global de
42%.
• O pico ocorre na 4ª década de vida.
• 55% dos pacientes são mulheres.

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
• Pelo menos 10 crises com duração entre 30 minutos e 7 dias.
• Cefaleia com pelo menos 2 entre:


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o Pressão ou aperto.
o Intensidade fraca a moderado.
o Localização bilateral.
o Cefaleia não se agrava por subir escadas ou atividade física similar (geralmente aliviada).
• Ausência de náuseas ou vômitos.
• Fotofobia ou fonofobia à só 1 presente.
OBS: Muito associada a bruxismo, alterações de ATM em geral.

FISIOPATOLOGIA
• Ansiedade, estresse, distúrbios emocionais - contração muscular exagerada e persistente (músculos do pescoço,
couro cabeludo e face) - sensibilização de nociceptores periféricos [mecanismo periférico]
+
• Hiperexcitabilidade neuronal (sistema límbico, tronco cerebral e sistema trigeminal) - sensibilização de
interneurônios (medula espinal ou centros supraespinais) [mecanismo central]

resposta antinociceptiva incompleta + modulação anormal da dor à CEFALEIA

TRATAMENTO ABORTIVO
• Aspirina.
• Naproxeno (melhor escolha).
• Ibuprofeno.
• Acetaminofeno.
• Cetoprofeno.

TRAMENTO PROFILÁTICO
Tricíclico é a melhor opção, mas o problema é quando o indivíduo tende a ganhar peso
• Amitriptilina 10-125 mg (aumenta o peso)
• Nortriptilina 25-100 mg (aumenta o peso)
• Mirtazapina 15-30 mg (aumento de peso)
• Topiramato (estudos contraditórios mas alguns pacientes reagem bem).
• Venlafaxina 37,5-150 mg (cuidado com o ganho de peso e insônia).

CEFALEIAS TRIGEMINOAUTONÔMICAS
• Cefaleias de extrema intensidade, associadas com sintomas do SN parassimpático (lacrimejamento dos olhos,
hiperemia conjuntival, congestão nasal ou rinorreia); e do SN simpático (miose, ptose ou síndrome de Horner
parcial - ptose, miose e oftalmia).



Júlia Jannotti Serejo
Acadêmica do 6º Período de
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• O que distingue cada um dos tipos é a duração dos ataques de dor de cabeça.
• Na Mulher, a mais comum é a hemicrania paroxística benigna, enquanto no homem é mais comum a cefaleia em
salvas.
• Cefaleia em salvas, Hemicrania paroxística, Síndrome SUNCT.

CEFALEIA EM SALVAS
• Representa 6% das cefaleias primárias.
• Predomina em homens (3:1): 85%.
• Geralmente o diagnóstico correto ocorre após 6,6 anos, em média.
• Mais frequente entre as 3ª e 5ª décadas de vida.
• As crises ocorrem em surtos de um a três meses, separadas por períodos de remissão que duram geralmente
meses ou anos.
• Tem sido associada a várias causas secundárias: aneurismas, traumatismo craniano, enucleação orbitária,
sinusite esfenoidal, tumores parasselares, mengiomas de medula cervical, hematomas subdurais e
malformações arteriovenosas.
• Características típicas: no rosto a pele é mais enrugada, com aspecto de casca de laranja, queda de sobrancelha e
perda de pelo na face.
• As crises geralmente são noturnas, os sintomas geralmente são unilaterais acompanhados de sintomas
autonômicos.

FATORES DEFLAGADORES
• Álcool (muitos dos pacientes são etilistas).
• Medicamentos vasodilatadores
• Histamina
• Sonos
• Alterações comportamentais
• Aumento das atividades físicas, mentais ou emocionais.

QUADRO CLÍNICO
• Geralmente homem. Paciente relata dor periorbitária e temporal, em pontadas, é tenebrante e duram cerca de 1h.
São acompanhadas de lacrimejamento, hiperemia conjuntival, obstrução nasal e síndrome de Horner
ipsilateralmente. Refere 2-4 episódios por dia, geralmente a noite, sendo desencadeada por ingestão de bebida
alcoólica.
• Dor incapacitante, com crises de dor forte, estritamente unilateral, orbitária, supraorbitária, temporal ou
qualquer combinação desses locais.
• Duração de 15-180 minutos, mas normalmente dura 30 minutos a 1h; ocorrendo desde 1 vez em cada 2 dias, até
8x por dia. Muito recorrente, paciente pode apresentar ela durante dias e depois ficar um bom tempo sem tê-la e,
depois apresenta-la novamente.
• Ocorre principalmente à noite, no homem.
• Normalmente unilateral.
• A dor geralmente está associada à: hiperemia conjuntival ipsilateral; lacrimejo, congestão nasal, rinorreia,
sudorese da região frontal e da face, miose, ptose e/ou edema da pálpebra, e/ou inquietação ou agitação.

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
A. Pelo menos 5 crises que preencham os critérios B a D.
B. Dor forte ou muito forte, unilateral, supraorbitária e/ou temporal, com duração de 15-180 minutos (quando não
tratada).
C. Um dos dois ou ambos seguintes:
1) Pelo menos um dos seguintes sintomas autonômicos ipsilaterais à cefaleia:
• Hiperemia conjuntival ou lacrimejamento
• Congestão nasal ou rinorreia
• Edema de pálpebra
• Sudorese facial e da região frontal


Júlia Jannotti Serejo
Acadêmica do 6º Período de
Medicina da UFJF-GV

• Rubor facial e da região frontal
• Sensação de ouvido cheio
• Miose e/ou ptose
2) Sensação de inquietação e agitação.
D. As crises têm frequência de uma, em cada dois dias, a 8 por dia, durante mais da metade do tempo em que a
perturbação está ativa.

TRATAMENTO ABORTIVO
• O2 a 100% de 6 a 12L por minuto, durante 20 minutos (alívio de 75% das crises).
• Se não melhorar - Sumatriptana 6 mg SC.
• Se não melhorar - lidocaína intranasal (ipsilateral à dor).
• Se ainda não melhorou - corticoterapia.

TRATAMENTO PROFILÁTICO
• Ideal: carbonato de Lítio.
• Verapamil - deve-se fazer avaliação cardíaca.
• Melatonina – também é descrito na literatura.
• Metisergida
• Divalproato
• Topiramato

HEMICRANIA PAROXÍSTICA BENIGNA


• Dor retro-ocular, com duração de 10-20 minutos, frequência de 10-15 vezes ao dia, geralmente associada com
edema palpebral, ptose e lacrimejamento ipsilateral à dor. Cede ao uso de indometacina 25mg 3x ao dia(único
medicamento que apresenta resolução dessa dor) – resposta drástica e absoluta.

QUADRO CLÍNICO
A. Pelo menos 20 crises que cumpram os critérios B a E.
B. Dor grave, unilateral orbitária, supraorbitária e/ou temporal com duração de 2 a 30 minutos.
C. Pelo menos um dos sintomas autonômicos ipsilaterias à dor:
• Hiperemia conjuntival e/ou lacrimejamento
• Congestão nasal e/ou rinorreia
• Edema de pálpebra
• Sudorese facial e da fronte
• Rubor facial e da região frontal
• Sensação de ouvido cheio
• Miose e/ou ptose
D. As crises têm uma frequência superior a 5 por dia, mais de metade do tempo.
E. As crises previnem-se de forma absoluta por doses terapêuticas de indometacina – extremamente irritante para o
estomago, aí deve ser usado também algum medicamento anti-hemético.

NEURALGIA DO TRIGÊMEO
• Idade > 50 anos.

FISIOPATOLOGIA
• Compressão da raiz do nervo trigêmeo na entrada da ponte (loop vascular).

QUADRO CLÍNICO
• Paroxismos de dor excruciante nos lábios, gengivas, bochechas, queixo e muito raramente na região inervada
pela divisão oftálmica.
• Não ocorre perda sensitiva!

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS


Júlia Jannotti Serejo
Acadêmica do 6º Período de
Medicina da UFJF-GV

A. Pelo menos 20 crises que cumpram os critérios B a D.
B. Cefaleia moderada a grave, unilateral, com distribuição orbitária, supraorbitária, temporal e/ou outra trigeminal,
durando 1-600 segundos, ocorrendo como pontada única, séries de pontadas ou padrão de dente de serra.
C. Presença de hiperemia conjuntival e/ou lacrimejamento
D. Pelo menos um dos seguintes sintomas ou sinais autonômicos cranianos, ipsilaterais à dor:
• Congestão nasal e/ou rinorreia
• Edema de pálpebra
• Sudorese facial e da região frontal
• Rubor facial e da região frontal
• Sensação de ouvido cheio
• Miose e/ou ptose.
E. As crises tem uma frequência de, pelo menos, uma por dia, durante mais da metade do tempo em que a perturbação
está ativa.

DIAGNÓSTICO POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA


• Pacientes com perda sensorial do trigêmeo, pacientes com sintomas bilaterais, pacientes jovens (menores de 40
anos).

TRATAMENTO
• Carbamazepina, Oxcarbazepina, Pimozida, Fenitoína, Lamotrigina, Pregabalina.
• Sempre começar com a menor dose possível e ir aumentando com o decorrer do tempo.

QUANDO VOCÊ TEM QUE INVESTIGAR O PACIENTE?


• Quando não fecha o diagnóstico ou quando o paciente possui as famosas “bandeiras vermelhas”.

BANDEIRAS VERMELHAS

Sinais de Alerta - SNOOP:


• Sistêmica: sinais sistêmicos como toxemia, rigidez de nuca, rash cutâneo, portadores de neoplasia ou HIV,
usuários de imunossupressores.
• Neurológicos: presença de déficits neurológicos focais, edema de papila e convulsão.
• Idade: cefaleia que iniciou após 50 anos.
• Início: Cefaleia de início súbito ou primeira cefaleia.
• Padrão: Mudança de padrão da cefaleia prévia ou cefaleia progressiva (intensidade, frequência ou duração) ou
cefaleia refratária.

1) História: cefaleia nova ou mudança de padrão da dor.


• Há quanto tempo você tem essa dor de cabeça? - “uma” dor de cabeça x “mais uma” dor de cabeça.
• Cuidado com indivíduo ansioso - tudo que se pergunta a um ansioso ele tem.

2) Cefaleia súbita ou a pior cefaleia da vida do paciente.


• Pensar em patologia neurológica grave: hemorragia subaracnoide, meningoencefalite, trombose venosa cerebral,
hidrocefalia aguda, síndrome do vasoespasmo posterior reversível, dissecção arterial, vasoespasmo.

3) Cefaleia nova em pacientes com neoplasia conhecida, imunodeprimido ou coagulopatia.


• Pensar em metástase, infecção do SNC, linfoma.
• Tem que fazer exame de imagem.

4) Cefaleia nova em pacientes > 50 anos.


• Pensar em arterite temporal.
• Dor orbitária, com sintomas visuais (pode até causar perda da visão), depois paciente relata que dói “tudo”, pode
gerar dor e fraqueza para mastigar ao final da alimentação.
• Faz-se um VHS.


Júlia Jannotti Serejo
Acadêmica do 6º Período de
Medicina da UFJF-GV

• Tratamento: glicocorticoide.

5) Cefaleia e exame clínico e neurológico anormal.


• Fazer sempre o exame de fundo de olho em paciente com cefaleia - papiledema.
• Pensar em infecção.
OBS: Perfil de mulher, jovem e obesa com sintomas visuais, com visão embaçada à se está tudo normal, pensa-se em
aumento da pressão intracraniana idiopática.

6) Cefaleia pós-trauma.
• Pensar em sangramento.

7) Cefaleia do esforço.
• Dor de cabeça na academia, após relação sexual, ou após defecar.

8) Características não usuais de cefaleias primárias.


• Cefaleias refratárias ou progressivas.
• Estado migranoso refratário ao tratamento.
• Aura prolongada (>1h).
• Aura súbita.
• Aura associada a déficits motores, de linguagem ou de nervos cranianos.

RESUMO:
Cefaleia primária?
- SIM - sinais de alarme presentes?
- SIM: investigação diagnóstica.
- NÃO: tratar como cefaleia primária à refratária? SIM - investigação diagnóstica.
- NÃO - diagnóstico diferencial.

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