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EEN ee. SOCIOLOGIA DA CONSTITUICAO Giancarlo Corer Tradugéo de Juliana Nevenschwander Magalhdes ‘Suméro: 1. Socologl use e constitu; 2. Ctros para ‘bjetas de pesquisa, 5. Tools dos sistemas; 4. Assimetias ‘onsttucensis’ 5 Satema soda do Dieto ¢ organtzagdes forma & Principio fundamentals vazios de conteldo, 7. Dirtosfindomentals¢ valores 8. Referéncas bibogrsces; 8. Notas; 10, Abstract 4. SOCIOLOGIA JURIDICA E CONSTITUICAO ‘A socolola Juridica raramente ocupourse da Constitugso. Pode ser que esse relative desinteresse sea devido 8 manelra na qual a Sovllogla concede seu modo de pesquiar. Se esta investiga os *conclelonementos socials do saber"Juraico easestrutureslatentes” 0 Direto, ou se pratende realizar uma citica das relagSes de poder fexistentes “ocbltados" por simbolos ideoldgicos, ela Volta male Imediatamente sua atengio para problemas claramente socials: acesso 20 direlto pela classes socals mals fracas, acerteza do Diels, 3 sua efetiva imparcalidade ete. onfrontos empiricos, seguremente, ‘io faltam: para qualquer lado que se clhe, observar-se-8 com grand faciidade o quo pou justo € o Direito quando procure administer 2 justiga e, também, o quanto seus princlpios fundamentals so Pouce resoetadas, por mals que sejam reputados uma das conguistas decisivas da modernidade. Se 6 esta a linhe de pesquiss seguida, torne-se compreensivel porque @ ConstituleSo 6 tema de poucs Interesse por parte da sociologia. Pode-se, no maximo, epontar 9 escolamento dos valores da realidade social ~ a Amétieo Latina, esta perspectiva, & um caso bastante estudado (cf, entre outros, Neves 1994). As constituigSes hoje no oferecem mult aberture ara uma andlise critica: quem tom motives (ou coragem?) Pare ‘riicar of diretes fundamentals ou a forma democratic do estado ‘maderno? No entanto, a contrérie do que se penea, & precisamente 2 partir desses pontes indiscutivels que se origina © e=paco pore e ‘rca do Direlto que, normalmente, supBe-se incapaz de realizar seus nobres fins, ou demasiadamente dependente das dlferengas Socials exlstentes para que tenha forca para atacé-las. 2. CRITERIOS PARA OBJETOS DE PESQUISA Pode-se, no entanto, presumir que existam também outros ‘rtéros para construcdo de possivels objetos de pesquisa, Um destes critérios € proposte pelas multas versées da teoria dos sistemas: 0 Improbablidede de certas estruturas ou de certos eventos. Ne formulac3o mais conheciéa dessa linha de Investigacso, 8 Improbabilidade € definida como normalidade que requer muitos Pressupostos (LUHMANN, DE GIORGI 1992: 169 s5.. Trata-se de ‘uma colocagdo que remete imediatamente @ andiises historico comparativas, uma vez que a improbabilidade ~ assim como sua ormalizacio - & sempre um produto de evolugBo. Esta, sem divide, ‘uma vantagem em relacdo as metedologias de pesqulsa “emplricas" procurar a estranheza, naquila que & aparentemente normal, pode lever @ constatacdes surpreendentes diante de fendmengs que, de ‘outro modo, paderiam ser considerados irelevantes. € possivel, enti, subverter a plausibilidade das questdes tipicamente socioldalcas, perguntando-se o que é mais surpreendente: 0 fato de {ques principio fundamentais da moderidade sejam completamente esrespeltados na realidade socal efetiva ou, ainda, 0 foto de 8 Sociedade atual se identifique, radicaimente, mecisnte Indeterminagses semantics tis como os valores, a0 panto de inser los nas consttuicdes. Para oferecar um exempla mais especco: 0 ue € mals estranho, que 9 ideal da igualdade naa encontre Correspondéncia na reslidade ou que uma sociedade Inervelmente heterogénea Identinque-se com tal principio? E claro que, com uma impostaggo desse tipo, no saimos & ‘busca de dados objetivas que atestem injustia ou diseriminagio no campo jurdico, Desde urna tal perspactiva,o interessante € buscar S52 compreender quats esquemas ~ quaisidélas~ sa0 produzidos em {uma sociedade estruturada de forma moderna. Se conduzida nessa Gireglo, 2 pesquiss sociolégica apresenta-se como um modo de (bservacdo da realidade social que pe em discussao outros mados Ge observacdo: outros sistemas socials, cutras estruturas, outros ‘esquemes ou idias ~ no pare propor uma perspectiva melhor, mas tho somente para produzir contingéncia e encorajar alternatives ‘Se esses pressupostos podem ser acsitos, nos parece posse! ecortarmas um espago para observer também a Constituicko, desde luna perspectiva nao juridicae nao politca, mas sim sociégica. A Drimaira questio, neste passo, deve ser relativa 8 improbabiligede Gaqullo que chamamos de "ConsttuigSo". Se perguntarmas 20s Juristas o que & a "ConstituicSo™ encontraremos respostas bastante Feterogéneas, mas que compartiham 9 ideio de que 2 Consttuicso importante, Sabretado, porque marca a imposgSo do Dieta postive sobre o Diratto natural, porque vineua de forma completa @ poder e, fambém, porque é universal nisso se encontra sus novidade © sua ruptura com as representacdes normativas do passado. Se, a isto, & Somada um perspective hstrica, de se nota sobretudo, a faclidade om que as cartas constituclonas foram impostas num mundo recem saldo das revolugdes Americana e Francesa. Em poucas décadas as Constituigees torneram-se um instrumento de garantia e de fundamento” (sela Juricico,seja politico) quase natural: parece que ‘esse € 0 resultado de um longo processo histrico. Assim, reso {quem sallenta a novidade historica para a poca resiste com ifculdade 8 tentacdo de explicar 0 surgimento das constituicdes ‘como um inevitavel desenvaivimenta de Direito. Que modernidade leve 8 necessidade de novos “fundamentos” para o Direito &, sem, ‘vida, verdadelro.O respeito moral que as constitulgSes adquirivam, fem nosso tempo &, tombém, « precisemente, Jevido ao foto de que reseas se ve um substitute daqueles fundamentos desaparecidos, fas constituigbes ~ assim se pensa - manifestam-se os fundamentos ‘de um ordenamento. Também, do ponte de vista politico, considera: 2 2 Constiuiggo como uma garantla da eivillzagdo qué eelebra as Conquistas da democraca e da soberania popular. Para a socilogia, no entanto, 0 problema é colocado sob o plane nie apenas histrico, mas, também, evalutivo: @ Consttuiéo, fa como fol construida entre os séoulos XVIII e XIX, ¢ eeramente me aquisigao evolutiva que Fesponde a condigaes socio cultursis ue, no arco de povco mals de um sécula, transformaram-se Drofundamente. A este propésit, também a socologiaépraticamente infnime a0 caractertzar a modermidade coma a diasalucso da. antiga frdem natura, com todas suas assimetras, lerarquas e degmatcas. A forma moderna de diferenciacao da sociedade transformat Grasticamente a velagso do Dirito com as diferengas sociass« com {2 perspectivas temporas, eo Direlto moderno no € mais 0 Dirlto o Jusnaturallsmo ou dos costumes legltimados, porque nobres © ‘ntigos. Consideragies analogas podem ser feitas em relaglo todos (8 outros subsisternas desta sociedad. A diferenca deste tipo de ‘andlise em relacdo as argumentacées dos juristas encontra-se No ‘mado na qual, compreendida a relacda entre o Direlto © seus fundamentos. & de se perguntar, entdo, ce ofunsamento do Direlto € representado elas constituigses, ou mesmo se é absolutamente: nnecessario encontrar-se um vincule normative citima,fundante: de ‘ualquer forma que se quelra compreender 2 Constitulcao, ‘certamente nada se tem a fazer com a dela de uma regra de qualidade “Superior (moral ou juridea). 3. TEORIA DOS SISTEMAS. ‘A Unica tentativa de estudar a ConstitulgSo do ponto de vista socioligico deu-se da perspective da tooria dos sistamas e caminha rhuma reco completamente oposta & nacaa de fundamenta ou de vinculo timo do Direito (LUHMANN 1990). Resumind brevement: trata-se aqui de se considerar a Conetituia como 0 “acoplament estrutural de direito © politica", entendendorse esses coma’ dols

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