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A IGREJA BATISTA, A LEI E O SÁBADO

A Igreja Batista tem sua origem num grupo de dissidentes ingleses no século
XVII que foram para a Holanda em 1608 liderados por John Smyth, um
clérigo anglicano, e Thomas Helwys, um advogado. John Smyth discordava
da política e de alguns pontos da doutrina da Igreja Anglicana, como a
questão do batismo, que até então, não era por imersão. Mas a versão dos
batistas é que sua origem teria sido na sucessão apostólica, isto é, teriam
descendido de João Batista, sendo a continuação da igreja primitiva,
prosseguindo através de uma sucessão de igrejas (ou grupos) que
batizavam apenas adultos, como os albigenses, os valdenses e,
principalmente, os anabatistas, os quais pregaram sua mensagem ao
período da Reforma Protestante. Utilizando este ponto de vista, os batistas
se auto-proclamam a única igreja verdadeira.

No Brasil a Igreja Batista se subdividiu em algumas ramificações, como a


“Primeira Igreja”, a “Peniel”, a “Filadélfia”, a “Sião”, etc., mas todas as
partes mantêm a doutrina uniforme por meio das “Convenções Batistas”. As
congregações ou são filiadas a “Convenção Batista do Brasil” (CBB) ou são
filiadas a “Convenção Batista Nacional” (CBN). De qualquer forma, tanto a
CBB quanto a CBN são filiadas a “Aliança Batista Mundial”. Portanto, apesar
de divergirem em questões administrativas, o fator característico que
distingue esse ramo denominacional é a doutrina, o elo de união e entre as
diversas subdivisões dentro da Igreja Batista.

O QUE A IGREJA BATISTA DIZ SOBRE A LEI E O SÁBADO?

O presente artigo não tem por finalidade provar o ensinamento bíblico


através dos testemunhos, depoimentos, credos, catecismos e declarações
aqui transcritos, mas sim apresentar aos batistas mal-informados de sua
própria doutrina qual o posicionamento oficial de sua igreja frente às
questões da Lei de Deus e do sábado.

É fato que seus líderes e autoridades, teólogos de maior gabarito,


professores, ilustres evangelistas, pastores e famosos escritores concordam
com os adventistas e demais cristãos observadores do sábado quanto à
validade deste e de todos os mandamentos do Decálogo como regra de
prática e conduta para o cristão. Inclusive é a mesma posição bíblica
ensinada oficialmente há séculos pelas demais denominações cristãs, como
presbiterianos, congregacionalistas, luteranos, metodistas, anglicanos,
assembleianos, católicos, mórmons, etc.

A única diferença é que quando tratam de “sábado”, esses mesmos autores


batistas pretendem reinterpretar o quarto mandamento como agora se
aplicando ao primeiro dia da semana, supostamente devido à ressurreição
de Cristo. Então, estão certos e de acordo quanto à validade e vigência de
todos os mandamentos do Decálogo e das origens edênicas do princípio
sabático, porém estão equivocados ao acharem que o domingo tomou o
lugar do sábado, uma informação que não consta de parte alguma das
Escrituras.

Vamos conferir agora como os batistas respondem oficialmente às nossas


perguntas.

1) O que é a Lei de Deus? O que são os Dez Mandamentos?

Quem vai nos responder a essa primeira pergunta é o príncipe dos


pregadores batistas, Carlos H. Spurgeon, afirma o seguinte em seus
“Sermons”:

“A Lei de Deus é uma lei divina, santa, celestial, perfeita. Aqueles que
acham defeito na lei, ou que a depreciam em grau mínimo, não
compreendem o seu desígnio e não têm uma idéia correta da própria lei.
Paulo diz que ‘a lei é santa, mas eu sou carnal; vendido sob o pecado’. Em
tudo quanto dizemos concernente à justificação pela fé, nunca
intencionamos diminuir o conceito que nossos ouvintes têm da lei, pois a lei
é uma das obras de Deus mais sublimes. Não há nenhum mandamento a
mais; não há nem um a menos; mas ela é tão incomparável que sua
perfeição é uma prova de sua divindade. Nenhum legislador humano poderia
ter trazido a existência uma lei semelhante à que encontramos no
Decálogo.” — Vol. 2, sermão 18, p. 280. Grifos acrescentados.

Diz também o famoso escritor, evangelista internacional e líder religioso Billy


Graham, que citando Wesley sobre os Dez Mandamentos, diz:

“A exemplo de Wesley, sinto que deva pregar a lei e o juízo antes de pregar
a graça e o amor. (…) Os dez mandamentos… são as leis morais de Deus
para a conduta das pessoas. Alguns pensam que eles foram revogados. Isso
não é verdade. Cristo ensinou a lei. Eles ainda estão em vigor hoje. Deus
não mudou. As pessoas é que têm mudado. (…) A Bíblia diz que todos
pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Os Dez Mandamentos são
um espelho para nos mostrar como ficamos aquém em preencher os
requisitos de Deus.” — Sermão em Times Square, citado em George
Burnham e Lee Fisher, “Billy Graham and the New York Crusade”
(Zondervan Publ. House, Grand Rapids, Mich.), p. 108–109.

Podemos transcrever aqui nada mais nada menos que o próprio manual das
Igrejas Batistas, o “New Hampshire Confession of Faith”, sistematizado por
Edward T. Hiscox, onde não há nenhum ensinamento da abolição ou mesmo
da alteração da Lei de Deus nesta positiva declaração:

“Cremos que as Escrituras ensinam que a Lei de Deus é a norma eterna e


imutável de Seu governo moral (Rom. 3:31; Mat. 5:17; Luc. 16:17; Rom.
3:20; 4:15); que essa lei é santa, justa e boa (Rom. 7:12; 7:7, 14, 22; Gál.
3:21; Sal. 119); e que a incapacidade, que as Escrituras atribuem aos
homens caídos, de cumprirem seus preceitos, resulta inteiramente de seu
amor ao pecado (Rom. 8:7, ; livrá-los disso e restaurá-los por meio de um
Mediador a uma sincera obediência à santa lei, é o grande propósito do
evangelho e dos meios de graça relacionados com o estabelecimento da
igreja visível (Rom. 8:2–4).” — Art. 12, p. 63–64. Também é encontrado no
“Manual das Igrejas Batistas”, por William Carey Taylor, ed. 4 (1949), p.
178, art. 12. Citado em O.C.S. Wallace, “What Baptist Believe”, p. 79. Grifos
acrescentados.

Conforme foi visto acima, esses teólogos e autoridades da Igreja Batista têm
a Lei de Deus, os Dez Mandamentos, numa alta estima. Precisaríamos de
mais alguma informação depois desta, dada pelo MANUAL DAS IGREJAS
BATISTAS, que regulamenta todas as praxes da denominação? Creio que
não! Vamos a outra pergunta:

2) Para que serve a Lei de Deus, os Dez Mandamentos?

William Carey Taylor, Doutor em Teologia, professor de seminário batista


por muitos anos, e grande escritor, responde a esta pergunta da seguinte
forma:

“Seria uma bênção se cada púlpito no mundo trovejasse ao povo a voz


divina do Decálogo, pois a Lei é aio [mestre, guia] para guiar a Cristo.” —
Em “Os Dez Mandamentos”, p. 5.

Veja o que se encontra no próprio “Catecismo da Doutrina Batista”:

“Todos nós temos a obrigação de cumprir a Lei Moral… que é a que nos
prescreve as obrigações para com Deus e o próximo. (…) A lei se acha
expressa com maior minuciosidade nos Dez Mandamentos, dados por Deus a
Moisés no Sinai.” — Por Pr. W. D. T. MacDonald, p. 28–29. Grifos
acrescentados.

Por seu turno, o teólogo batista Pr. Nilson do Amaral Fanini, pregador do
programa de televisão “Reencontro”, escreveu o seguinte:

“Se quisermos viver em paz com Deus e com o nosso próximo devemos,
então, observar o Decálogo. (…) Devemos obedecer não por medo mas por
amor. Precisamos observar as leis divinas tais quais elas são e não
acomodá-las de acordo com as tendências da época, esquecendo ou
comprometendo as leis divinas que regem a conduta moral.” — Em “Dez
Passos Para Uma Vida Melhor”, p. 18–19.

Falando de como tratar os “que não sentem os seus pecados” nem “têm
profunda convicção de culpa”, Dwight L. Moody, em seu sermão “Apelos e
Orações”, dá o seguinte conselho a respeito da Lei de Deus:

“Fazei tão-somente que a Lei de Deus opere em tais pessoas, e as mostre a


si próprias como realmente são. (…) Não busqueis curar a ferida antes de o
ferimento ser sentido. Não procureis ministrar o consolo do evangelho sem
que vossos conversos vejam que pecaram — vejam-no e também o sintam.”

Novamente Carlos H. Spurgeon, o grande pregador batista, declara:

“Para que existe a Lei de Deus? Para a guardarmos a fim de sermos salvos
por ela? De maneira nenhuma. Foi-nos dada com o fim de mostrar-nos que
não podemos ser salvos pelas obras, e limitarmos a ser salvos pela graça.
Mas se presumis que a lei está alterada para que o homem a possa
observar, deixai-lhe a sua velha esperança legal, e ele está certo de poder a
ela apegar-se. Necessitais duma lei perfeita que mantenha o homem,
quando apartado de Cristo, em estado de desesperança, ponha-o numa
jaula de ferro, feche-o a cadeado e não lhe ofereça escape algum senão o da
fé em Cristo; então se porá a gritar: ‘Senhor, salva-me pela graça, pois
percebo que não me posso salvar por minhas próprias obras.’ E assim é que
S. Paulo o apresenta aos Gálatas: ‘A Escritura incluiu a todos sob o pecado,
para que a promessa pela fé de Jesus Cristo pudesse ser concedida aos que
crêem. Mas antes de vir a fé, éramos mantidos sob a lei, retidos dentro da fé
que depois se revelaria. Por essa causa a lei era nosso aio para conduzir-nos
a Cristo, a fim de sermos justificados pela fé.’ Digo-vos que, pondo de parte
a lei, despojastes o evangelho de seu auxiliar mais competente. Tirastes
dela o aio que leva os homens a Cristo. Eles nunca aceitarão a graça sem
que tremam perante uma lei justa e santa. Por conseguinte, a lei serve ao
mais necessário e bendito propósito, e não deve ser removida do lugar que
ocupa.” — Em “The Perpetuity of the Law of God”, p. 10–11. Grifos
acrescentados.

Resumindo o que esses líderes batistas disseram, a Lei de Deus serve,


dentre outros, para:

—> conduzir a Cristo,


—> nos manter em paz com Deus,
—> servir como regentes da nossa conduta moral,
—> cumprir nosso dever perante Deus,
—> expressar a vontade de Deus e
—> ser regra de conduta, mesmo para os que foram justificados, etc.

3) A Lei de Deus, os Dez Mandamentos, estão vigentes para o cristão?

O grande reformador João Calvino, um dos pioneiros do movimento de


Reforma, e pai da Igreja Batista e da Presbiteriana, comentando Mt. 5:17 e
Lc.16:17 em seu “Comentary on a Harmony of the Gospel”, assim declara:

“Não devemos supor que a vinda de Cristo nos tornou livres da autoridade
da lei; pois ela é a norma eterna de uma vida devota e santa, e deve,
portanto, ser tão imutável como a justiça de Deus, que a envolveu, é
constante e uniforme.” — Vol. 1, p. 277. Grifos acrescentados.

João Calvino também escreveu o seguinte em seus “Institutes”:


“A lei não sofreu nenhuma diminuição de sua autoridade e deve receber de
nossa parte sempre o mesmo respeito e obediência.” — Vol. 2. cap. 7, sec.
15. Grifos acrescentados.

Para o Dr. George Eldon Ladd, teólogo batista de renome, a resposta é a


seguinte:

“Está claro que a Lei continua a ser a expressão da vontade de Deus para a
conduta, mesmo para aqueles que não estão mais sujeitos à lei.” — Em
“Teologia do Novo Testamento”, p. 473. Grifos acrescentados.

Por seu turno, o fervoroso evangelista Dwight L. Moody acrescenta estes


valiosos pensamentos:

“Agora os homens podem cavilar como desejarem a respeito de outras


partes da Bíblia, mas não encontrei jamais um homem honesto que
encontrasse falta nos Dez Mandamentos. Os infiéis podem mofar o do
Legislador e rejeitar Aquele que nos livrou da maldição da lei, mas não
podem deixar de admitir que os mandamentos são corretos. (…) são para
todas as nações, e permanecerão os mandamentos de Deus através de
todos os séculos. Devem-se fazer as pessoas entenderem que os Dez
Mandamentos ainda são obrigatórios, e que há uma penalidade ligada à sua
violação.

“Os mandamentos de Deus, dados a Moisés no monte, em Horebe, são tão


obrigatórios hoje como o foram desde a sua proclamação aos ouvidos do
povo. Os judeus diziam que a lei não foi dada na Palestina (a que pertencia
a Israel), mas no deserto, porque a lei era para todas as nações.

“Jesus jamais condenou a lei e os profetas, mas reprovou aqueles que não
Lhe obedeciam. O fato de Ele haver dado novos mandamentos, não indica
que abolisse os antigos. A interpretação deles por Cristo tornou-os ainda
mais impressivos.” — Em “Weighed and Wanting” (Pesado e achado em
falta), p. 11–16. Grifos acrescentados.

“Pelo fato de terem os cristãos maior luz, estão mais na obrigação de


observar os preceitos da lei do que os demais”, salienta a “Sociedade de
Publicações Batista” em seu Folheto n° 64, o qual declara:
“Para provar que os Dez Mandamentos são obrigatórios, peça a qualquer
pessoa que os leia, um por um, e pergunte a sua própria consciência se
haveria pecado em transgredi-los. É isto, ou qualquer parte disto, a
liberdade do evangelho? Toda consciência que não tiver cauterizada deve
responder a esta pergunta com uma negativa. (…)

“O Legislador e o Salvador são o mesmo; e os crentes devem estar de


acordo tanto com o primeiro como com o último; mas, se menosprezarmos a
lei que Cristo Se deleitou em honrar, e contestarmos nossa obrigação de a
ela obedecer, como poderemos estar de acordo com Ele? Não somos antes
daquele sentimento que é inimizade contra Deus, nem em verdade o pode
ser? (…)

“Se a lei não for uma norma de conduta para os crentes, e uma perfeita
norma, eles não se acham sujeitos a nenhum padrão; ou, o que vem a ser a
mesma coisa, estão sem lei. Mas, se é assim, não cometem nenhum
pecado; pois ‘onde não há lei, não há transgressão’; e nesse caso, não tem
nenhum pecado a confessar quer a Deus, quer mutuamente; e também não
se acham necessitados de Cristo, como advogado para com o Pai, nem de
perdão diário através de seu sangue. Assim, ao negar a lei, os homens
destroem por completo o evangelho. Os crentes, portanto, em lugar de
estarem isentos da obrigação de obedecer-lhe, acham-se sob maior
obrigação de o fazer do que quaisquer homens do mundo. Estar isento disso
é estar sem lei, e por conseguinte, sem pecado; neste caso poderíamos
viver sem um Salvador, o que é completamente contrário à religião.” — P.
2–6.

Noutro sermão o grande evangelista Billy Graham prossegue:

“Eu vos advirto esta noite, não pode haver paz até que a Lei seja observada
e não há poder em nós para observar a Lei. A natureza humana é corrupta.
É por isso que Cristo veio para dar-nos uma nova natureza e pôr em
operação forças que nos possam trazer à existência uma nova ordem
mundial.” — Sermão em Times Square, citado em George Burnham e Lee
Fisher, “Billy Graham and the New York Crusade” (Zondervan Publ. House,
Grand Rapids, Mich.), p. 191. Grifos acrescentados.

Outra vez o grande evangelista Carlos H. Spurgeon:


“Se alguém me diz: ‘Eis que em substituição aos Dez Mandamentos
recebemos dois, que são muito mais fáceis,’ responder-lhe-ei que essa
versão da lei não é de maneira alguma mais fácil. Uma tal observação
implica falta de meditação e experiência. Esses dois preceitos abrangem os
dez, em seu mais amplo sentido, não podendo ser considerados exclusão de
um jota ou til dos mesmos. Quaisquer dificuldades existentes nos
mandamentos são igualmente encontradas nos dois, que lhes são a súmula
e substância. Se amais a Deus de todo o vosso coração, torna-se-vos preciso
observar a primeira parte (os primeiros quatros mandamentos); e se amais
o próximo como a vós mesmos, precisais observar a segunda (os outros seis
mandamentos).” — Em “The Perpetuity of the Law of God”, p. 5. Grifos
acrescentados.

Na revista trimestral “Mensagem da Cruz”, da “Editora Betânia”, o Pastor


George R. Foster escreve:

“Vejamos o testemunho do Apóstolo Paulo: ‘Eu morri para a lei, a fim de


viver para Deus.Estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas
Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho
de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.’ Gl. 2:19,20

“Primeiro, ele disse: ‘Eu morri para a lei.’ Com isso ele não quis dizer que a
lei tinha morrido para ele mas que ele tinha deixado de observar as leis
cerimoniais e que tinha deixado de confiar na Lei como fonte de salvação ou
poder espiritual.

“A lei de Deus não é anulada pelo evangelho: é cumprida e transcendida por


ele. É bom lembrar que Jesus não veio revogar a Lei e, sim, cumpri-la
(Mateus 5:17). Habitando em nós Jesus continuará cumprindo a Lei por
nosso intermédio, natural e automaticamente. A Lei continua sendo nossa
orientação moral, mas a grande finalidade dela é levar-nos a Cristo e à
salvação.” — Edição outubro-dezembro de 1986, em artigo intitulado “Viva o
Evangelho de Cristo!”, p. 6–7.

O Rev. Andrew Fuller, eminente ministro batista, conhecido como o “Franklin


da teologia”, diz o seguinte:

“Se a doutrina da expiação nos leva a alimentar idéias falsas com relação à
Lei de Deus, ou a negar-lhe autoridade preceituaria, podemos estar certos
de que ela não é a doutrina escriturística da reconciliação. A expiação
relacionava-se com a justiça e esta com a lei ou a revelada vontade do
Soberano, a qual fora violada; e a própria finalidade de expiação é restaurar
a honra da lei. Se a lei, que foi transgredida, fosse injusta, em vez de ser
providenciada uma expiação para o seu quebrantamento, deveria ela ter
sido revogada, e o Legislador levado sobre Si a vergonha de havê-la
ordenado. (…) É fácil notar, por conseguinte, que na proporção em que a lei
é minimizada, e o evangelho é solapado, tanto a graça como a expiação são
tornadas inúteis. É o uso abusivo da lei, ou o torná-la um meio de vida, em
oposição ao evangelho — para o que ela jamais foi dada a uma criatura
caída — o que as Escrituras Sagradas desaprovam; e não a lei como
revelada vontade de Deus, o imutável padrão entre o direito de Deus, o
imutável padrão entre o direito e o erro. Deste ponto de vista foi que os
apóstolos nela se deleitaram; e se somos cristãos deleitar-nos-emos nela
também, e não nos oporemos a estar sob ela como uma norma de dever;
pois nenhum homem se opõe a ser governado pelas leis de que gosta.” —
Em “Atonement of Christ”. Ver “Works of Andrew Fuller”, p. 160–161.

E o posicionamento oficial da Igreja Batista defendendo a vigência da Lei


Moral:

“Para sempre a Lei Moral requer obediência de todos, tanto de pessoas


justificadas quanto das demais. E isto não apenas por causa do assunto de
que trata essa lei, mas, também, por causa da autoridade de Deus, o
Criador, que a impôs. No evangelho, Cristo de modo nenhum dissolve a lei,
antes confirma a sua obrigatoriedade.” — Em “Confissão de Fé Batista de
Londres” (1689), art. XIX, tomo III e IV. Grifos acrescentados.

Depois de mostrarmos o pensamento de seu fundador e a posição da


confissão de fé batista, precisaríamos citar mais alguma fonte para provar
que todos os Dez Mandamentos permanecem vigentes para os cristãos,
segundo o ensinamento oficial da Igreja Batista?

4) Desde quando existem os Dez Mandamentos, a Lei de Deus?

Ainda podemos extrair o seguinte da “Confissão de Fé Batista de Londres”


(1689):

“Depois de haver feito as outras criaturas, Deus criou o homem, macho e


fêmea, com almas racionais e imortais… tendo a lei de Deus escrita em seus
corações, e o poder de cumpri-la, mas com a possibilidade de transgredi-la,
sendo deixados à liberdade da sua própria vontade, que era mutável. Além
dessa escrita em seus corações, receberam o preceito de não comerem da
árvore da ciência do bem e do mal”. — Art. IV, tomo II. Grifos
acrescentados.

Da mesma confissão de fé, lemos:

“A mesma lei que uma vez foi inscrita no coração humano continuou a ser
uma regra perfeita de justiça após a queda.” — Art. XIX, tomo II.

Vejamos o que o Dr. William C. Procter, erudito de maior gabarito, declara


sobre essa questão da lei antes do Sinai:

“Não deveríamos supor que os Dez Mandamentos eram disposições


inteiramente novas quando foram proclamados no Sinai, pois a palavra
hebraica torah é empregada em tais passagens anteriores do Velho
Testamento como Gênesis 26:5; Êxodo 12:49; Gênesis 35:2; 13:9; 16:4,
28; 18:16, 20. [Gênesis 4:26; 14:22; 31:53 são citados para o princípio do
terceiro; Gênesis 2:3 e Êxodo 16:22–30 para o quarto; Gênesis 9:6, para o
sexto; e Gênesis 2:25 para o sétimo]. O decálogo pode, destarte, ser
considerado a plena e solene declaração dos deveres que haviam sido mais
ou menos revelados previamente, e essa enunciação pública teve lugar sob
circunstâncias absolutamente singulares. É-nos dito que ‘as dez palavras’
foram pronunciadas pela própria voz de Deus (Êxo. 20:1; Deut. 5:4, 22–
26); e duas vezes após escritas sobre tábuas de pedra com o dedo de Deus’
(Êxo. 2:12; 31:18; 32:16; 34:1, 28; Deut. 4:13; 5:22; 9:10; 10:1–4),
assim apelando igualmente aos ouvidos, aos olhos, e realçando tanto sua
suprema importância e permanente obrigação.” — Em “Moody Bible Institute
Monthly”, outubro de 1933.

E o Pr. Antonio Neves de Mesquita, Doutor em Teologia, e professor de


seminários teológicos batistas de grande projeção, em seu livro “Estudo no
Livro de Êxodo”, registra estas palavras:

“Tomemos em consideração que antes de serem dadas as dez proposições,


comumente chamadas Lei, já todos os ensinos nelas codificados estavam em
vigor. Podemos mesmo dizer que desde que apareceu o homem sobre a
terra os princípios do Decálogo tinham força de lei. E, se quisermos recuar
mais ao passado, podemos afirmar que nunca houve tempo nem eternidade
em que tais princípios não existissem. (…) Quando o homem foi criado, não
lhe foi dada esta lei em forma catalogada, mas lhe foi posta no coração,
dentro da consciência, dentro de sua íntima natureza, para que por ela se
governasse.” — P. 133. Grifos acrescentados.

Aí está o testemunho de alguém que estudou bastante o Livro de Deus, e os


ensinamentos dos grandes mestres da Igreja Batista. O Dr. Antonio Neves
de Mesquita é autoridade muito responsável, e que pode muito bem
responder pela Igreja Batista! Pelo que lemos dos testemunhos batistas, não
há nenhuma dúvida entre seus teólogos e mentores de que os Dez
Mandamentos foram dados a Adão, ANTES DA QUEDA. Portanto, a resposta
a esta pergunta deve ser: DESDE A CRIAÇÃO DO MUNDO!

5) Existe diferença entre a Lei Moral e a Lei Cerimonial?

Eis as seguintes declarações de um teólogo batista que muito estudou a


Bíblia:

“Jesus não deu um novo código moral. Ele não foi um segundo Promulgador
de leis, como Moisés. Ele era muito superior, e Seus ensinos morais situam-
se num plano muito mais elevado do que os de Moisés. Ele não Se
preocupava tanto com enunciar regras detalhadas para regular a vida moral,
e sim em enunciar princípios eternos pelos quais os homens deviam viver
sob Deus e em falar sobre motivos e propósitos que deviam governar todos
os nossos atos.

“Jesus não concedeu um novo código, mas também não disse que os
ensinamentos do Velho Testamento estavam suspensos. As leis cerimoniais
e ritualísticas do Velho Testamento foram ab-rogados para o cristão, mas
não os Dez Mandamentos.” — J. Philip Hyatt, “The Teacher” (publicação
batista), outubro de 1943, vol. 57, nº 10, p. 5.

O renomado teólogo batista Weldon E. Viertel afirma o seguinte quanto à


divisão de leis:

“A Lei pode ser dividida em três tipos: cerimonial, civil e moral. (…) De
acordo com o livro de Hebreus, as leis cerimoniais eram sombras de Cristo.
A sombra foi substituída pela realidade de Cristo e Seu ato redentor. As leis
cerimoniais foram cumpridas; portanto, a Igreja não observa as leis
sacrificiais e os festivais. As leis cerimoniais foram aplicadas a Cristo, em
grande parte pelo uso da tipologia.

“…A Lei Moral continua efetiva; todavia, Cristo deu-lhe outro nível de sentido
e aplicação. Lidou com a raiz das atividades éticas, incluindo atividades e
motivos (o coração do homem).” — Em “A Interpretação da Bíblia”, p. 194.

O já citado Dr. Antonio Neves de Mesquita ajuda na resposta quando diz:

“O concerto divide-se em três partes: Lei Moral ou os Dez Mandamentos


(20:1–17); Lei do Altar ou Cerimonial, meio de aproximação a Deus (20:22–
26 e o livro de Levítico); e Lei Civil (21:1–23:19).” — Op. cit., p. 131. Grifos
acrescentados.

E a posição oficial batista, extraída da Confissão de Fé de Londres (1689):

“Além desta lei (os Dez Mandamentos), comumente chamada de Lei Moral,
Deus houve por bem dar leis cerimoniais ao povo de Israel, contendo
diversas ordenanças simbólicas: em parte, de adoração, prefigurando Cristo,
as suas graças, suas ações, seus sofrimentos, e os benefícios que conferiu;
e, em parte, estabelecendo várias instruções de deveres morais.

“As leis cerimoniais foram instituídas com vigência temporária, pois mais
tarde seriam ab-rogadas por Jesus, o Messias e único Legislador, que, vindo
no poder do Pai, cumpriu e revogou essas leis.

“Deus também deu diversas leis judiciais ao povo de Israel, que expiraram
juntamente com o antigo Estado de Israel e agora não possuem caráter
obrigatório” — Art. XIX, tomo III e IV. Grifos acrescentados.

De tudo que está registrado, fica mais do que claro que esses documentos
confessionais cristãos históricos, além de mestres de outras confissões,
admitem que existam pelo menos duas leis, dentre outras, das quais fala a
Escritura Sagrada:

—> Lei Moral — sumariada nos Dez Mandamentos, e


—> Lei Cerimonial — representada pelos sacrifícios e ordenanças rituais para
Israel.

6) A que tipo de lei o apóstolo Paulo se refere em Colossenses 2:16?

Da obra publicada pelos batistas, “Comentario Exegetico y Explicativo de La


Bíblia”, por Roberto Jamieson, A R. Fausset e David Brown, estudiosos
fundamentalistas, assim Colossenses 2:16 e 17 é comentado:

“‘SÁBADOS’ referem-se ao dia da Expiação e festa dos Tabernáculos que


chegaram ao fim com os cultos judaicos a que pertenciam (Levíticos 23:32,
37 e 39). O sábado semanal repousa em base mais permanente, tendo sido
instituído no Paraíso para comemorar o término da Criação em seis dias.
Levíticos 23:38 expressamente distingue ‘o sábado do Senhor’, de outro
sábados. Um preceito positivo é ordenado por ser necessário e cessa de ser
obrigatório quando ab-rogado; porém o preceito moral é ordenado
eternamente, porque é eternamente necessário.” — Tomo 2, p. 520. Ver
também em “Estudo no Livro de Êxodo”, p. 163, 169–170. Grifos
acrescentados.

E a importante declaração do Dr. A. H. Strong sobre Col. 2:16 e 17 em


“Systematic Theology”:

“Percebemos… a importância e o valor do sábado, como comemorativo do


ato divino da Criação e, necessariamente da personalidade, soberania e
transcendência de Deus. O sábado é de obrigação perpétua como o
memorial estabelecido de Sua atividade criadora. A instituição do sábado é
antedata ao decálogo e forma uma parte da lei moral. Feito na criação, ele
se aplica ao homem em toda a parte e em época, em seu atual estado de
criatura. (…) Nem nosso Senhor nem Seus apóstolos ab-rogaram o sábado
do Decálogo. A nova dispensação anulou as prescrições mosaicas relativas à
maneira de guardar o sábado, mas continua reafirmando sua observância
como de origem divina necessária à natureza humana. Nem tudo na lei
mosaica foi abolido por Cristo… Cristo não cravou na cruz mandamentos do
Decálogo.” — P. 408–409. Grifos acrescentados.

Mais uma questão devidamente esclarecida. E a posição oficial da Igreja


Batista é que Colossenses 2:16 não está falando do sábado do quarto
mandamento. Está falando da LEI CERIMONIAL, e não da Lei Moral!
7) E o sábado do quarto mandamento da Lei Moral, qual a sua origem?

Mais uma vez, o Dr. Antonio Neves de Mesquita, com a palavra abalizada do
estudioso:

“Naturalmente, temos de remontar ao princípio da criação, quando Deus


descansou dos labores criativos, para encontrarmos a resposta à pergunta
sobre a existência do sábado.” — Op. cit., p. 162–163.

Repetindo aqui uma parte da citação do comentário bíblico de Jamieson,


Fausset e Brown:

“O sábado semanal repousa em base mais permanente, tendo sido instituído


no Paraíso para comemorar o término da Criação em seis dias. (…) o
preceito moral é ordenado eternamente, porque é eternamente necessário.”
— Tomo 2, p. 520. Nota sobre Col. 2:16–17.

Repetindo aqui uma parte da importante declaração do Dr. A. H. Strong


sobre Colossenses 2:16 e 17:

“Percebemos… a importância e o valor do sábado, como comemorativo do


ato divino da Criação e, necessariamente da personalidade, soberania e
transcendência de Deus. O sábado é de obrigação perpétua como o
memorial estabelecido de Sua atividade criadora. A instituição do sábado é
antedata ao decálogo e forma uma parte da lei moral. Feito na criação, ele
se aplica ao homem em toda a parte e em época, em seu atual estado de
criatura. (…) A nova dispensação… continua reafirmando sua observância
como de origem divina necessária à natureza humana.” — P. 408–409.
Grifos acrescentados.

Vamos, outra vez, consultar o “Comentario Exegetico y Explicativo de La


Biblia”, onde se lê o seguinte:

“A instituição sábado é tão velha como a criação, dando origem à divisão


semanal do tempo, o que prevaleceu nas épocas mais remotas.” — Tomo I,
p. 21.

E diz um pesquisador batista do famoso Instituto Moody:


“A semana, com o seu sábado, é um arranjo artificial. A razão para ele é
achada somente nas Escrituras do Velho Testamento. Aqui é sempre
associado com a revelação da parte de Deus. (…) Ali está sempre associado
com a revelação de Deus. (…)

“Idéias e práticas religiosas entre todos os povos, em variados graus, têm


sido associadas com todas as divisões de tempo, que os homens adotaram.
Mas em relação somente com a semana é a religião a explicação óbvia para
sua origem, e a semana somente é uniformemente atribuída ao
mandamento de Deus. A semana existe por causa do sábado. É histórica e
cientificamente verdade que o sábado foi feito por Deus”. — W. O. Carver,
em “Sabbath Observance”, p. 34–35. Produzido pela “Sunday School Board
of the Southern Baptist Convention” (Junta da Escola Dominical da
Convenção Batista do Sul).

A origem do sábado, ao contrário do que ensinam alguns batistas leigos


desinformados, não é a doação da lei dos Dez Mandamentos no Monte Sinai.
Conforme os líderes batistas estudiosos da Bíblia, foi na SEMANA DA
CRIAÇÃO. Seis dias de trabalho, e o sétimo dia foi SANTIFICADO para o
descanso das coisas seculares e culto religioso, que é a posição oficial da
Igreja Batista.

Há razões para santificarmos o sábado?

O primeiro que vai nos indicar algumas boas razões é o batista já citado Pr.
Nilson do Amaral Fanini, que enumera dois motivos para o quarto
mandamento:

“1. O Criador descansou. ‘E ao sétimo dia descansou’. Deus nos dá o


exemplo de descanso.

“2. É que Deus santificou um dia. ‘Portanto, abençoou o Senhor o dia do


sábado, e o santificou.’ Isto é, Deus separou um dia para ser consagrado a
ele. Portanto não temos o direito de usar aquilo que não é nosso. O dia é do
Senhor. Quando usamos algo que não nos pertence, estamos sendo
péssimos mordomos. Mas devemos santificar o tempo. Não basta
assistirmos aos trabalhos da igreja. As demais horas do dia devem ser
vividas santificadamente.” — Op. cit., p. 41.
Novamente o comentário bíblico dos batistas Jamieson, Fausset e Brown, é
declarado que:

“…e repousou no dia sétimo — não para repousar de esgotamento pelo


trabalho (veja Isaías 40:2 , mas cessou de trabalhar, dando um exemplo,
que equivale a um mandamento, para que nós também suspendamos toda
classe de trabalho.

“3. Abençoou Deus o dia sétimo e o santificou. — fazendo uma distinção


própria sobre os outros seis dias, demonstra que foi dedicado para fins
sagrados. (…) É uma lei sábia e benéfica, pois proporciona aquele intervalo
regular de descanso que requer a natureza física do homem e dos animais
empregados em seu serviço, e a não observância do mesmo traz em ambos
os casos uma decadência prematura.” — Op. cit., p. 21. Grifos
acrescentados.

Outra vez, o Dr. Antonio Neves de Mesquita ajuda na resposta:

“Seria impossível a qualquer povo desenvolver espírito religioso sadio e


moral alevantada sem que houvesse meios adequados. Ora, o sábado,
forçando o descanso das coisas seculares e fazendo inclinar a mente para as
divinas, relembrando as beneficências de Deus à raça, conseguiria manter
em equilíbrio os dois poderes humanos: físico e moral. (…) O sábado é um
elo unindo os homens a Deus por meio do culto, que ele faculta e
desenvolve. (…) Podemos aferir grandemente a espiritualidade de um
homem pelo respeito que ele tem pelo dia de descanso.” — Op. cit., p. 163,
169 e 170. Grifos acrescentados.

Catecismo Batista de 1855 (compilado por Charles H. Spurgeon):

“49. Pergunta: Qual é o quarto mandamento?

“Resposta: O quarto mandamento é: Êxodo 20:8–11. ‘Lembra-te do dia do


sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas
o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra,
nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva,
nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas’.”

“50. Pergunta: O que se exige no quarto mandamento?


“Resposta: O quarto mandamento exige que sejam reservados santos a
Deus os tempos que Ele determinou em Sua Palavra, especialmente um dia
completo dos sete, que deve ser um Sabbath santificado a Ele (Levítico
19:30).”

“51. Pergunta: Como se deve santificar o Sabbath?

“Resposta: O dia do Senhor deve ser santificado através de um descanso


santo do dia inteiro, até mesmo de trabalhos e divertimentos mundanos que
são certos nos outros dias (Levítico 23:3), e passar o tempo inteiro em
adoração pública ou particular a Deus (Salmo 92:1–2), exceto nas obras
necessárias de caridade (Mateus 12:11–12).” — Esse catecismo pode ser
visualizado no seguinte web site:
http://www.luz.eti.br/do_catecismobatista1855.html (acessado a 23/08/07).

Indiscutivelmente, todas essas autoridades e documentos religiosos da


Igreja Batista não concordam com a visão herética
semi-antinomista/dispensacionalista que nega a validade e vigência do
Decálogo como norma cristã, e prega o fim total do quarto mandamento,
como sendo “cerimonial”. Mesmo que o sábado seja interpretado por esses
documentos e autores como referindo-se ao primeiro dia, o “sábado cristão”
como é chamado, o que importa é que admitem oficialmente a validade e
vigência do mandamento e as origens endêmicas do princípio sabático. A
questão sobre o domingo ter tomado o lugar do sétimo dia já é outra.

9) Contra o que Jesus Se levantou com relação ao sábado?

Quem nós vamos convidar primeiro para responder a esta pergunta é o


famoso escritor batista, Pr. Enéas Tognini, que diz:

“Contra os acréscimos Jesus Se levantou e os combateu, ressuscitando do


‘sábado’ o mais importante, o mais sagrado, que era o amor que se devia a
Deus e ao próximo.” — Em “Jesus e os Dez Mandamentos”, p. 39. Grifos
acrescentados.

Também da obra batista “O Novo Dicionário da Bíblia”, nós lemos estas


esclarecedoras palavras:
“Durante o período entre os dois Testamentos, entretanto, foi surgindo
gradualmente uma alteração no que diz respeito à compreensão acerca do
propósito do sábado. (…) Paulatinamente a tradição oral foi se
desenvolvendo entre os judeus, e a atenção passou a focalizar-se na
observância de minúcias. (…) Foi contra essa sobrecarga aos mandamentos
de Deus, pelas tradições humanas, que nosso Senhor se insurgiu. Suas
observações não eram dirigidas contra a instituição do sábado como tal,
nem contra o ensinamento do Antigo Testamento. Mas Ele Se opunha aos
fariseus, que deixavam a Palavra de Deus sem efeito por causa de suas
pesadíssimas tradições orais.” — P. 1422. Grifos acrescentados.

Novamente Carlos H. Spurgeon, o príncipe dos pregadores batistas, em sua


obra “Perpetuity of the Law of God” (Eternidade da Lei de Deus), afirma:

“Jesus não veio mudar a lei, mas sim explicá-la, e isto mostra que ela
permanece; pois não há nenhuma necessidade de explicar aquilo que foi ab-
rogado. (…) Ao assim explicar a lei Ele a confirmou; Ele não poderia ter
intenção de aboli-la, do contrário não precisaria interpretá-la. (…) Que o
Mestre não veio alterar a lei é claro, porque depois de incorporá-la à Sua
vida, voluntariamente Se deu a Si mesmo para levar-lhe a penalidade,
embora jamais a houvesse transgredido, pagando a penalidade por nós,
como está escrito: ‘Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se
maldição por nós.’ (…) Se a lei houvesse exigido de nós mais do que deveria
ter feito, teria o Senhor Jesus pago por ela a penalidade que resulta de seus
tão severos preceitos? Estou certo de que não o faria. Mas pelo fato de a lei
pedir apenas aquilo que deve pedir, isto é, perfeita obediência, e exigir do
transgressor somente aquilo que deve exigir, a saber, morte como
penalidade pelo pecado — por essa razão o Salvador foi para o madeiro, e
ali morreu por nossos pecados e os expiou de uma vez por todas.” — P. 4–7.

10) Jesus guardou o mandamento do sábado?

Existem batistas leigos, mesmo sinceros, que acreditam que Jesus não
guardou os Dez Mandamentos e que ele combateu o sábado. O que diz a
Bíblia? Até onde vai o conhecimento deles? Caso Jesus tivesse profanado o
sábado, ou qualquer outra lei, Ele não poderia ser “um cordeiro sem defeito
nem mancha” (1Pe.1:19), nem poderia ser o Messias que tem a função de
“engrandecer a lei e torná-la gloriosa” (Is.42.21). Então, quem afirma que
Cristo violou o sábado, está negando que Ele era o Messias, tornando-O um
mero pecador e mentiroso, pois Ele mesmo disse ter observado os
mandamentos (Jo.15:10).

E o que dizem os líderes batistas sobre esse assunto? Diz o já citado Pr.
Enéas Tognini em sua obra “Jesus e os Dez Mandamentos”:

“O quarto mandamento proíbe as atividades materiais, seculares. Por outro


lado, ordena na palavra ‘santificar’ um trabalho espiritual, um serviço
dedicado ao Senhor. Jesus cumpriu à risca as duas partes da prescrição
legal. Ele não violou o mandamento divino como foi acusado pelos Judeus; o
que Ele fez foi não ajustar-Se às fórmulas exteriotipadas dos acréscimos
engendrados pelas tradições humanas em torno de um mandamento tão
simples e tão claro. (…) Jesus, portanto estava certo, e mais do que certo
quanto à guarda do sábado e não os seus gratuitos opositores. (…)

“Sobre o oceano de confusão agitado pela celeuma farisaica sobre o quarto


mandamento, uma coisa paira mais alto e de modo inconfundível: é como
Jesus guardou o sábado. Pelo menos três coisas vitais, importantes Jesus fez
no sábado: 1) Nem Jesus, nem Seus discípulos fizeram no sábado qualquer
trabalho secular; 2) foi regular, sistemática e costumeiramente à sinagoga,
onde Se entregava às atividades divinas; 3) Gastou sempre as horas do
sábado pregando o Evangelho, como se pode verificar de Lucas 4:16 e
Marcos 1:21–39; a curar os enfermos, os coxos, os aleijados, os
endemoninhados…” — P. 42–43. Grifos acrescentados.

E novamente o evangelista Dwight L. Moody, também afirma:

“Cristo guardou a lei. Se a tivesse alguma vez quebrado, teria que morrer
por Si mesmo; mas porque era Cordeiro imaculado e incontaminado, Sua
morte propiciatória é eficaz para vós e para mim. Não tinha pecado próprio
pelo qual expiar, de maneira que Deus Lhe aceitou o sacrifício. Cristo é o fim
da lei para justiça de todo aquele que crê. Somos justos aos olhos de Deus
porque a justiça divina que é pela fé em Jesus Cristo, é para todos e por
todos os que crêem.” — Op. cit., p. 123–124. Veja as notas nas p. 322–323,
329 e 335.

Então, podemos afirmar com toda convicção: Jesus não Se levantou contra
os Mandamentos, nem contra o sábado. O que Jesus fez foi não Se ajustar
às formas e aos acréscimos que os escribas e fariseus fizeram à Lei de Deus.
Jesus guardava o sábado conforme a ESSÊNCIA do quarto mandamento, e
não à moda farisaica cheia de tradições! O que fica mais do que claro que
Jesus queria confrontar os escribas e fariseus na MANEIRA deles verem o
mandamento do sábado, e não no próprio mandamento em si, para reformar
a observância sabática ao verdadeiro sentido do mandamento.

11) O sábado pode ser reinterpretado segundo a vontade de cada um?

Os batistas acham que eles mesmos são os que devem escolher o dia para o
descanso e culto, reinterpretando o mandamento do sábado e aplicando-o
ao domingo, chamando-o de “o sábado cristão”. O fato é que esta questão
está obedecendo à conveniência das pessoas e não o que diz o claro “assim
diz o SENHOR”. Será que deve ser assim mesmo? Biblicamente, “o sétimo
dia é o sábado do SENHOR” (Ex.20:10). Contudo, qual a posição oficial
batista expressa em “New Hampshire Confession of Faith” (Confissão de Fé
de New Hampshire)? Vemos claramente a vigência do princípio sabático,
mas infelizmente está sendo aplicado ao primeiro dia:

“XV. DO SÁBADO CRISTÃO

Cremos que o primeiro dia da semana é o dia do Senhor, ou o sábado


cristão; e deve ser mantido sagrado para propósitos religiosos, pela
abstenção de todo o labor secular e recreações pecaminosas; pela
observância devota de todos os meios de graça, tanto privado quanto
público; e pela preparação para aquele repouso que restará para o Povo de
Deus.” — Art. XV. Grifos acrescentados.

Posição oficial que confirma a confissão de fé batista de 1689:

“Por instituição divina, é uma lei universal da natureza que uma proporção
de tempo seja separada para a adoração a Deus. Por isso, em sua Palavra —
através de um mandamento explícito, perpétuo e moral, válido para todos
os homens, em todas as eras — Deus determinou que um dia em cada sete
lhe seja santificado, como dia de descanso. Desde o começo do mundo, até
a ressurreição de Cristo, esse dia era o último da semana; e, desde a
ressurreição de Cristo, foi mudado para o primeiro dia da semana, que é
chamado ‘Dia do Senhor’. A guarda desse dia como sábado cristão deve
continuar até o fim do mundo, pois foi abolida a observância do último dia
da semana.” — Em “Adoração religiosa e o dia do Senhor — Confissão de fé
Batista de 1689”, cap. 22. Grifos acrescentados.

E o tópico VIII da “Mensagem de Fé Batista” declara:

“O primeiro dia da semana é o dia do Senhor. É uma instituição cristã para


ser observada regularmente. Comemora a ressurreição de Cristo dentre os
mortos e deve ser empregado no exercício do culto e da devoção espiritual,
tanto pública como privada, para refrear as diversões mundanas e para o
descanso do trabalho secular, exceto o trabalho de necessidade e de
misericórdia.”

12) A Bíblia ensina a observância do domingo no lugar do sábado?

O Rev. Joseph Judson Taylor, famoso ministro da Igreja Batista, faz esta
declaração em “The Sabbath Question”:

“Neste ponto (o sábado) o ensinamento da Palavra tem sido admitido em


todas as gerações.”

“Nenhuma vez os discípulos aplicaram a lei sabática ao primeiro dia da


semana. Esta loucura realizou-se num tempo posterior. Nem pretendiam que
o primeiro dia suplantasse o sétimo.” — P. 17 e 41. Grifos acrescentados.

O Dr. Edward T. Hiscox, autor do Manual Batista, fez perante um grupo de


ministros, na “Convenção Ministerial Batista”, em New York, no dia 13 de
novembro de 1893, a seguinte declaração:

“Havia e há um mandamento para santificar-se o Sábado, mas esse Sábado


não era o domingo. Sem impedimento pode-se dizer, com mostras de
triunfo, que o sábado foi transferido do sétimo ao primeiro dia, com todos os
seus deveres, privilégios e santidades. Com ardente ansiedade, buscando
informações sobre este assunto que tenho estudado durante muitos anos,
pergunto: onde pode encontrar-se o arquivo desta transação? Não no Novo
Testamento, absolutamente não. Não há evidência bíblica quanto à mudança
do sábado do sétimo para o primeiro dia da semana.

“Desejo dizer que esta questão do sábado, deste ponto de vista, é o


problema mais grave e desconcertante relacionado com as instituições
cristãs, que presentemente chama a atenção dos cristãos; e a única razão
por que o mundo cristão tem permanecido satisfeito com a convicção de que
alguma ocasião, no começo da história cristã, foi feita uma mudança. (…)

“Parece-me inexplicável que Jesus, durante três anos de discussões com


Seus discípulos, em muitas oportunidades conversando com eles sobre o
sábado, abrangendo seus vários aspectos, livrando-o de todo seu falso brilho
(supertições farisaicas), nunca aludiu à transferência desse dia; nem
tampouco, durante os quarenta dias após Sua ressurreição, o insinuou.
Também, tanto quanto sabemos, o Espírito Santo que lhes foi dado para
recordar todas as coisas que Ele lhes havia dito, não tratou deste assunto.
Também não o fizeram os inspirados apóstolos, ao pregarem o evangelho,
estabeleceram igrejas, aconselharem e instruírem as já estabelecidas,
discutirem ou tratarem desse assunto.

“É claro que sei perfeitamente ter o domingo entrado em uso, como dia
religioso, na história da Igreja cristã… Mas é lamentável que tenha vindo
com uma marca do paganismo e batizado com o nome de ‘dia do Sol’, então
adotado e santificado pela apostasia papal e vindo como um legado sagrado
ao protestantismo.” — Grifos acrescentados.

Três dias depois o “The Watchman Examiner” (órgão batista de New York)
fez menção desse discurso, descrevendo o intenso interesse manifestado
pelos ministros presentes, e a discussão que se seguiu a sua apresentação:

“As Escrituras não denominam, em nenhum lugar, ao primeiro dia da


semana como sábado… Não há autorização bíblica para fazê-lo, nem por
lógica, ou por alguma obrigação bíblica.” — Grifos acrescentados.

E por fim, o Dr. John Dowling, que por vários anos foi pastor de uma igreja
batista na cidade de New York, afirma o seguinte em sua obra “History of
Romanism”:

“‘A Bíblia e a Bíblia somente!’ Não tem nenhuma importância, na opinião de


um protestante genuíno, quão cedo uma doutrina se tenha originado, se ela
não é encontrada na Bíblia. (…) Portanto, se uma doutrina for proposta para
ser por ele aceita, pergunta ela: ‘Encontra-se ela na Palavra de Inspirada?
Foi ela ensinada por nosso Senhor Jesus Cristo e Seus apóstolos?’ Se eles
nada sabiam a seu respeito, não lhe importa se ela é encontrada na pasta
bolorenta de algum antigo visionário do terceiro ou quarto século, ou se
brota da imaginação fértil de algum moderno visionário do século dezenove;
se não for encontrada nas Sagradas Escrituras, não apresenta ela nenhuma
reivindicação válida para ser aceita como artigo de seu credo religioso. (…)
Aquele que aceita uma doutrina sequer (o domingo), baseada na simples
autoridade da tradição, tenha ele o nome que tiver, ao assim proceder,
desce da rocha do protestantismo, transpõe a linha que separa o
protestantismo do papado e não pode apresentar nenhuma razão válida
porque não aceita todas as doutrinas e cerimônias mais antigas do
romanismo, com base na mesma autoridade.” — 13ª ed., p. 67–68.

O domingo encontra-se na Palavra Inspirada? Foi o domingo ensinado por


nosso Senhor Jesus Cristo e Seus apóstolos? Se a guarda do domingo “não
for encontrada nas escrituras, não apresenta nenhuma reivindicação válida
para ser aceita”. Do contrário, no caso, a afirmação “A Bíblia e a Bíblia
somente!” está sendo descartada por essa doutrina que “transpõe a linha
que separa o protestantismo do papado”.

13) Como poderíamos resumir todo o ensinamento batista que vimos até
agora?

A — A universal e eterna lei de Deus é sistematizada e expressa para o


homem na forma dos Dez Mandamentos, também universais e eternos, que
prosseguem válidos e vigentes como norma de conduta cristã. Tal fato
sempre foi oficialmente reconhecido por doutíssimas autoridades em
Teologia do presente e do passado, pertencentes às mais diferentes
denominações, e é o que tradicionalmente constituiu o pensamento geral de
toda a cristandade.

B — A lei divina nas Escrituras se apresenta com preceitos morais,


cerimoniais, civis, etc., sendo que a parcela cerimonial, por ser prefigurativa
do sacrifício de Cristo, findou na cruz, mas os mandamentos de caráter
moral prosseguem válidos e vigentes para os cristãos.

C — Dentro do Decálogo há o quarto mandamento estabelecendo que um


dia inteiro entre sete de descanso deve ser santificado a Deus, princípio este
que fora instituído na fundação do mundo para benefício do homem no Éden
e deve ser mantido pelos cristãos hoje.
D — Jesus não transgrediu o quarto mandamento, muito pelo contrário, Ele
pretendia reformar sua observância de acordo com a essência do princípios
sabático e em nenhum lugar da Bíblia consta a informação de que o sábado
foi substituído do sétimo dia para o primeiro da semana.

14) Como o cristão demonstra o seu amor a Deus?

“Se Me amardes, guardareis os Meus mandamentos. (…) Aquele que tem os


Meus mandamentos e os guarda esse é o que Me ama; e aquele que Me ama
será amado de Meu Pai, e Eu o amarei, e Me manifestarei a ele.”
(Jo.14:15,21)

15) Diante de tudo o que foi apresentado, qual deve ser a posição de cada
ovelha do rebanho da Igreja Batista?

A Bíblia Viva registra Tiago 4:17 da seguinte maneira:

“Lembrem-se também de que, saber o que deve ser feito e não fazer, é
pecado.”

16) Como cristão sincero, nascido de novo pelo sangue de Cristo, qual vai
ser a sua resposta ao Senhor Jesus?

A escolha é totalmente sua!

“Aqui está a perseverança dos santos, daqueles que guardam os


mandamentos de Deus e a fé em Jesus.” (Ap.14:12)

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