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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ARQUITETURA ENGENHARIA E TECNOLOGIA


CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA

APOSTILA

PROFESSOR LAERTE PINHEDO

DISCENTE: JOSÉ ÂNGELO

CUIABÁ - MT
PREFÁCIO

E
ste material didático de apoio, aos estudantes dos cursos de Engenharia Elétrica,
visa reunir em um só volume, os conteúdos programáticos que fazem parte da
ementa curricular da maioria dos cursos de Engenharia Elétrica do País. A
proposta é detalhar esses conteúdos de tal forma, que os fenômenos possam ser melhor
compreendidos, sob o ponto de vista de análise física e modelos matemáticos. Para tanto,
utiliza-se das nomenclaturas determinadas por NT (Normas Técnicas), quanto as
notações, simbologias, representação fasorial, e outras.
Adotou-se a sequência de conteúdo constante na ementa curricular, visando facilitar o
aprendizado de forma a estabelecer uma ordem gradual no conhecimento. Acredita-se
que desta maneira, pode-se chegar a um grau satisfatório de compreensão, subsidiando
um bom aproveitamento na disciplina.
No final, são disponibilizados roteiros para experimentos didáticos em laboratórios, que
tem a finalidade de consolidar os conhecimentos teóricos desenvolvido.
Não se pretende com esta apostila, que o aluno, deixe de buscar outros autores, quando
o tema aqui abordado, não for satisfatório ao seu pleno entendimento.
Agradeço a todos que de forma direta ou indireta, contribuíram para a materialização
esta obra, principalmente a Dielen que iniciou este trabalho.

Laerte Pinhedo
Autor
SOBRE O AUTOR:

LAERTE PINHEDO, nascido em 27 de abril de 1955 em Cuiabá/MT, estudou em


Escolas Públicas durante toda sua formação acadêmica, cursou Engenharia Elétrica
na Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Cuiabá, formando em 1981/2.
Após teste de seleção, ingressou na mesma Instituição como docente em 1982/1.
Mestre e Doutor pela Universidade de São Paulo –USP Campus de São Carlos - SP,
no Curso de Ciências e Engenharia de Materiais, com ênfase em Eletroquímica
Ambiental.
Como professor da disciplina de Conversão Eletromecânica de Energia, durante
muitos anos, buscou em vários autores diferentes o conteúdo da referida disciplina,
pois, cada autor foca predominantemente em um assunto determinado, assim, os
livros existentes não abordam toda a ementa com o devido detalhamento necessário
ao entendimento dos conteúdos. Por esta razão, está propondo este trabalho, como
uma opção de apoio didático para os alunos de graduação em Engenharia Elétrica.

3
Índice Figuras
Figura 1 - Circuito magnético sem entreferro. ...................................................... 14
Figura 2 - Circuito magnético com entreferro. ...................................................... 15
Figura 3 - Dispositivo para produção de conjugado. ............................................ 15
Figura 4 - Motor elétrico. ...................................................................................... 15
Figura 5 - Circuito magnético. .............................................................................. 16
Figura 6 - Circuito magnético com entreferro. ...................................................... 17
Figura 7 - Efeito de espraiamento. ....................................................................... 18
Figura 8 - Circuito magnético sem entreferro. ..................................................... 19
Figura 9 - Circuito magnético equivalente. ........................................................... 19
Figura 10 - Circuito elétrico equivalente sem entreferro. ...................................... 19
Figura 11 - Circuito magnético com GAP. ............................................................ 20
Figura 12 - Circuito magnético equivalente. ......................................................... 20
Figura 13 – Circuito fechado sem entreferro. ....................................................... 20
Figura 14 - Circuito magnético equivalente fechado. ........................................... 21
Figura 15 - Circuito magnético com três colunas e GAP. ..................................... 21
Figura 16 - Circuito magnético equivalente com GAP com três colunas. ............. 21
Figura 17 - circuito com excitação única. ............................................................. 22
Figura 18 - Tensão senoidal. ................................................................................ 23
Figura 19 - Ciclo de histerese para diferentes tipos de materiais. ........................ 24
Figura 20 - Tipos de laminação. ........................................................................... 25
Figura 21 - Estrutura cristalina de um material ferromagnético. ........................... 26
Figura 22 - Processo de fabricação de um material amorfo. ................................ 27
Figura 23 - Ilustração da fabricação de um material amorfo. ............................... 27
Figura 24 - Trafo lado de alta e baixa tensão. ...................................................... 29
Figura 25 - Representação de um trafo real. ........................................................ 29
Figura 26 - Transformador de potência. ............................................................... 30
Figura 27 - Transformador de distribuição. .......................................................... 30
Figura 28 - Transformador de corrente TC. Figura 29 - Transformador de
potência TP. 31
Figura 30 - Trafo tipo núcleo envolvido. ............................................................... 32
Figura 31 - Trafo tipo envolvente.......................................................................... 32
Figura 32 - Tipo de corte. ..................................................................................... 32
Figura 33 - Corte escolhido. ................................................................................. 33
Figura 34 - Projeto de laminação. ........................................................................ 33
Figura 35 - Tipo de laminação. ............................................................................. 33
Figura 36 - Laminação escalonada. ..................................................................... 34
Figura 37 - figura 37 (A) e (B)............................................................................... 34
Figura 38 - Enrolamentos primário e secundário.................................................. 35
Figura 39 - Laminação. ........................................................................................ 35
Figura 40 - Enrolamento concentrado. ................................................................. 36
Figura 41 - Enrolamento alternado. ...................................................................... 36
Figura 42 - Rpresentação do lado de alta e baixa de um TRAFO. ....................... 36
Figura 43 - Exemplo de de refrigeração. .............................................................. 37
Figura 44 - Lista de papéis isolantes. ................................................................... 38
Figura 45 - Refrigeração natural........................................................................... 38
Figura 46 - Refrigeração forçada. ........................................................................ 39
Figura 47 - Refrigeração dirigida. ......................................................................... 39
Figura 48- Representação do fluxo mútuo. .......................................................... 41
Figura 49 - Representação do fluxo mútuo com material ferromagnético. ........... 42

4
Figura 50 - Identificação de polaridade. ............................................................... 42
Figura 51 - Identificação de polaridade em AC. ................................................... 43
Figura 52 - Ligação em série e paralelo de bobinas............................................. 43
Figura 53 - Ligação em série das bobinas. .......................................................... 44
Figura 54 - Ligação em série e paralelo. .............................................................. 44
Figura 55 - Ligação alternada............................................................................... 44
Figura 56 - Funcionamento a vazio do circuito magnético. .................................. 45
Figura 57 - Representação de I10. ....................................................................... 46
Figura 58 - Formação de I10. ............................................................................... 47
Figura 59 - Transformador com núcleo de ar. ...................................................... 47
Figura 60 - Defasamento angular da corrente. ..................................................... 48
Figura 61 - Danos nos enrolamentos. .................................................................. 49
Figura 62 - Reatores com núcleo de ar utilizados em telecomunicações pois,
possuem permeabilidade constante, não deformando a corrente........................ 49
Figura 63 - Representação dos enrolamentos concêntricos. ............................... 49
Figura 64 - Representação do TRAFO, vista superior. ........................................ 50
Figura 65 - - Danos causados pela corrente de energização. .............................. 50
Figura 66 - Corrente transitória. ........................................................................... 50
Figura 67 - Chaveamento no instante da energização. ........................................ 51
Figura 68 - Fechamento AC. ................................................................................ 52
Figura 69 - Esquema das ligações ....................................................................... 52
Figura 70 - ligação concentrada. .......................................................................... 53
Figura 71 - ligação alternada. ............................................................................... 53
Figura 72 -Transformador ideal. ........................................................................... 55
Figura 73 - Trafo com carga. ................................................................................ 56
Figura 74 - Circuito completo. .............................................................................. 58
Figura 75 - Circuito equivalente de reflexão. ........................................................ 59
Figura 76 - Parâmetros refletidos ao 1º - MESMO NÍVEL ELÉTRICO ................. 60
Figura 77 - Parâmetros agrupados e somados. ................................................... 60
Figura 78 - Representação final. .......................................................................... 60
Figura 79 - Representação em sistema de potência. ........................................... 60
Figura 80 - Esquema em corrente contínua. ........................................................ 61
Figura 81 - ligação série. ...................................................................................... 62
Figura 82 - Ligação paralelo. ................................................................................ 62
Figura 83 - Alternada............................................................................................ 63
Figura 84 - Representação de resistências e reatâncias do lado primário e
secundário do TRAFO. ........................................................................................ 63
Figura 85 - Parâmetros refletidos. ........................................................................ 64
Figura 86 - Diagrama fasorial para carga resistiva. .............................................. 65
Figura 87 - Diagrama fasorial para carga indutiva................................................ 65
Figura 88 - Diagrama fasorial para carga capacitiva. ........................................... 66
Figura 89 - Lugar geométrico das tensões. .......................................................... 66
Figura 90 - Curva de carga de consumidor residencial. ....................................... 67
Figura 91- Curva de carga para consumidor comercial........................................ 67
Figura 92 - Regulador de tensão. ......................................................................... 67
Figura 93 - Regulador de tensão monofásico. ..................................................... 68
Figura 94 - Regulador de tensão TAP's. .............................................................. 68
Figura 95 - Reguladores de tensão. ..................................................................... 68
Figura 96 - Regulador de tensão em blocos. ....................................................... 68
Figura 97 - regulação TCUL ................................................................................. 69
Figura 98 - Regulador de tensão monofásico. ..................................................... 69
5
Figura 99 - Perfil de carga do consumidor. .......................................................... 70
Figura 100 - Perfil de carga da distribuição .......................................................... 70
Figura 101 - Rendimento em função da carga ..................................................... 71
Figura 102 - Representação física de um autotransformador .............................. 71
Figura 103 - Autotransformador. .......................................................................... 73
Figura 104 - - A: DIagrama Partida de motor B: AT ............................................. 74
Figura 105 - Varivolt monofásico. ......................................................................... 74
Figura 106 - Conexão de transformadores em paralelo somente no primário ..... 75
Figura 107 - Conexão de transformadores em paralelo somente no secundário . 76
Figura 108 - Diferença de potencial (H1 e H1') .................................................... 77
Figura 109 - Corrente circulante no paralelismo somente no secundário ............ 77
Figura 110 - paralelismo no primário e secundário .............................................. 78
Figura 111 -
REPRESENTAÇÃO DAS TESNÕES NOMINAIS ................................................ 79
Figura 112 - Transformador trifásico de núcleo envolvido.................................... 80
Figura 113 - Transformador trifásico de núcleo envolvente ................................. 80
Figura 114 - Banco de transformadores ............................................................... 80
Figura 115 - Ligação estrela ................................................................................. 82
Figura 116 - Ligação triângulo. ............................................................................. 82
Figura 117 - Ligação zig-zag ................................................................................ 83
Figura 118 - Ligação Delta - Relação tensão e corrente de fase e de linha ......... 85
Figura 119 - Ligação Estrela ................................................................................ 85
Figura 120 - Correntes de excitação i0; i01 fundamental; i03 terceira hormônica;
i15 quinta harmônica; ф fluxo senoidal. ............................................................... 86
Figura 121 - Correntes equilibradas e seus harmônicos ...................................... 87
Figura 122 - Harmônicas de terceira ordem em fase – Ligação Estrela aterrada 87
Figura 123 - Harmônicas de terceira ordem em fase - Ligação Delta .................. 87
Figura 124 - Todas componentes de ordem impar, (b) fluxo deformado devido a
ausencia da i3H.. ................................................................................................. 88
Figura 125 - Tensão resultante - e - soma de e13 + e1 (Sobretensão) ................ 88
Figura 126 - Transformador de três enrolamentos. Y primário, Y secundário e
delta terciário........................................................................................................ 89
Figura 127 - Ligação zig-zag (Fluxo se anulam.................................................... 89
Figura 129 - Banco de transformadores - Correntes no mesmo .......................... 90
Figura 129 - Transformador trifásico .................................................................... 90

Índice Equações
Equação 1 - Lei de Ampére. ................................................................................. 16
Equação 2 - Lei de Ampére simplificada. ............................................................. 16
Φ = 𝐵𝐵 ∗ 𝑑𝑑𝑑𝑑 [1] Equação 3 - Equação do fluxo de campo. ................................ 16
Φ = B*A [2] Equação 4 - Equação do fluxo de campo simplificada. ................ 16
μ = 𝐵𝐵𝐵𝐵 [3] Equação 5 - Permeabilidade magnética. ........................................ 16
μ = 𝜇𝜇0*𝜇𝜇𝜇𝜇 [4] Equação 6 - Permeabilidade magnética relativa. ...................... 16
Equação 7 - Lei de Ohm para os circuitos magnéticos. ....................................... 17
Equação 8 - Lei de Ohm para circuito magnético com entreferro. ....................... 17
Equação 9 - Lei de Ohm para circuitos magnéticos com GAP simplificada. ........ 17
6
Equação 10 - Correção da área do GAP. ............................................................. 18
Equação 11 - Equivalência do circuito elétrico com o circuito magnético. ........... 18
Equação 12 - Lei de Lenz. ................................................................................... 21
Equação 13 - Equação da tensão induzida. ......................................................... 22
Equação 14 - Tensão total do circuito. ................................................................. 22
Equação 15 - Fluxo máximo para o circuito magnético. ....................................... 22
Equação 16 - Método de Steinmetz para determinação de perdas...................... 28
Equação 17 - Coeficiente de acoplamento. .......................................................... 41
Equação 18 - Indutâncias mútuas. ....................................................................... 41
Equação 19 - Cálculo de potência........................................................................ 53
Equação 20 -Cálculo da potência em função da intensidade de campo. ............. 53
Equação 21 - Equação do fluxo máximo. ............................................................. 53
Equação 22 - Equação da preservação de potência. ........................................... 54
Equação 23 - Potência de perdas a vazio. ........................................................... 54
Equação 24 - Cálculo do fator de potência a vazio. ............................................. 54
Equação 25 - Cálculo da corrente de perda. ........................................................ 55
Equação 26 - Cálculo da corrente de magnetização. ........................................... 55
Equação 27 - Resistência de perda em série. ...................................................... 55
Equação 28 - Reatância de magnetização. .......................................................... 55
Equação 29 - Tensão total no primário. ............................................................... 57
Equação 30 - Tensão induzida no primário. ......................................................... 57
Equação 31 - Fluxo total. ..................................................................................... 57
Equação 32 - Tensão total no lado primário. ........................................................ 57
Equação 33 - Tensão induzida para Is=0. ............................................................ 57
Equação 34 - Equação total no primáio. .............................................................. 58
Equação 35 - Equação total no secundário.......................................................... 58
Equação 36 - Relação de transformação. ............................................................ 58
Equação 37 - Desigualdade que representa as funções. ..................................... 59
Equação 38 - Determinação da potência a nível de curto. ................................... 61
Equação 39 - Resistência de curto circuito. ......................................................... 62
Equação 40 - Equação do primário a vazio.......................................................... 63
Equação 41 - Equação do secundário a plena carga. .......................................... 63
Equação 42 - Regulação de tensão em porcentagem. ........................................ 64
Equação 43 - Equação da tensão no secundário para teor resistivo ................... 64
Equação 44 - Equação 43 escrita de outra forma. .............................................. 65
Equação 45- Tensão no secundário para cargas capacitivas. ............................. 66
Equação 46 - Cálculo do rendimento. .................................................................. 69
Equação 47 - Equação para o rendimento em função da potência ativa ............. 69
Equação 48 -relação de transformação ............................................................... 72
Equação 49 - Conservação de potência elétrica. ................................................. 72

7
Índice Tabelas
Tabela 1 ............................................................................................................... 23
Tabela 2 - G.O...................................................................................................... 26
Tabela 3 - G.N.O .................................................................................................. 26
Tabela 4 - Comparação entre material amorfo e aço de silício. ........................... 27
Tabela 5 - Simbologia mais utilizada para o meio refrigerante. ............................ 38
Tabela 6 - Simbolos para circulação. ................................................................... 38
Tabela 12 - Coeficiente de acoplamento de diferentes tipos de materiais. .......... 41

8
Sumário

1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................ 12
2 - CIRCUITOS MAGNÉTICOS ........................................................................... 14
2.1 - DEFINIÇÃO .............................................................................................. 14
2.1.1. - CIRCUITOS MAGNÉTICOS ALIMENTADOS COM TENSÃO
CONTÍNUA ................................................................................................... 15
2.1.2. - CIRCUITO MAGNÉTICO CONTENDO ENTREFERRO ................... 17
2.2 – ESPRAIAMENTO .................................................................................... 18
2.3 - ANALOGIA ENTRE CIRCUITO ELÉTRICO E CIRCUITO MAGNÉTICO 18
2.4 - EXEMPLOS DE CIRCUITOS MAGNÉTICOS/ANÁLOGOS ELÉTRICOS
......................................................................................................................... 19
2.4.1 - Dispositivo magnético, sem entreferro. ......................................... 19
2.4.1.1 – Circuito magnético. ...................................................................... 19
2.4.1.2 – Circuito elétrico análogo. ............................................................ 19
2.4.2 - Dispositivo magnético, com entreferro.......................................... 20
2.4.2. 1 – Circuito magnético, com entreferro........................................... 20
2.4.3 – Dispositivo com três colunas, sem entreferro.............................. 20
2.4.3.1 – Circuito magnético ....................................................................... 21
2.4.4 - Dispositivo magnético com três colunas e entreferro.................. 21
2.4.4.1 - Circuito Magnético análogo ......................................................... 21
9
2.5 - CIRCUITOS MAGNÉTICOS ALIMENTADOS COM TENSÃO
ALTERNADA ................................................................................................... 21
2.6 – COMPARAÇÃO ENTRE ALIMENTAÇÃO AC e DC. ............................. 23
2.7 - PROPRIEDADES DOS MATERIAIS FERROMAGNÉTICOS .................. 23
2.8 - PERDAS NOS MATERIAIS FERROMAGNETICOS................................ 24
2.8.1 - MINIMIZAÇÃO DAS PERDAS .......................................................... 25
2.8.1.1 - COMPOR O NÚCLEO EM LAMINAS ............................................ 25
2.8.1.2 – DOPAR COM SILICIO. .................................................................. 25
2.8.1.3 – DIREÇÃO DE MAGNETIZAÇÃO................................................... 25
2.8.2 - DETERMINAÇÃO DAS PERDAS ..................................................... 27
3 – TRANSFORMADORES ................................................................................. 29
3.1 - DEFINIÇÃO .............................................................................................. 29
3.2 - REPRESENTAÇÃO E FUNCIONAMENTO. ............................................ 29
3.3 - TIPOS DE TRANSFORMADORES .......................................................... 30
3.3.1 – TRANSFORMADOR DE POTENCIA OU FORÇA ........................... 30
3.3.2 – TRANSFORMADOR DE DISTRIBUIÇÃO ........................................ 30
3.3.3 - TRANSFPORMADORES ESPECIAIS .............................................. 31
3.4 - ASPECTOS CONTRUTIVOS ................................................................... 31
3.4.1 - NÚCLEO ............................................................................................ 32
3.4.1.1 - RETANGULARES OU QUADRADOS ........................................... 33
3.4.1.2 - ESCALONADAS ............................................................................ 34
3.4.2 –CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS DOS ENROLAMENTOS .... 34
3.4.2.1 - TIPO DE CONDUTORES ............................................................... 34
3.4.2.2 - TIPOS DE BOBINAS ...................................................................... 35
3.5 - REFRIGERAÇÃO / ISOLAÇÃO .................................................................. 37
3.6 - ACOPLAMENTO MAGNÉTICO ............................................................... 41
3.6.1 - DEFINIÇÃO ....................................................................................... 41
3.6.2 - COEFICIENTE DE ACOPLAMENTO k ............................................. 41
3.6.3 - ACOPLAMENTO NOS TRANFORMADORES ................................. 42
3.6.4. METODO DE IDENTICAÇÃO DC .................................................... 42
4. FUNCIONAMENTO A VAZIO ....................................................................... 45
4.1. ANALISE GRÁFICA DA FORMA DE ONDA DA CORRENTE I10 ......... 45
4.2. TRANSITÓRIO DA CORRENTE DE EXCITAÇÃ0 – INRUSH
CURRENT ........................................................................................................ 47
4.3. TRANSFORMADOR DE DISTRIBUIÇÃO .............................................. 51
5. TRANSFORMADOR – ENSAIO A VAZIO ................................................... 52
5.1. ENSAIOS DE ROTINA – FABRICANTE ....... Erro! Indicador não definido.
5.2. ENSAIO A VAZIO (SEM CARGA: 𝑰𝑰𝑰𝑰= 0)............................................... 52
5.3. PROCEDIMENTO ................................................................................... 53
10
5.4. LADO DE AT (alta tensão) .................................................................... 54
5.5. DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS................................................ 54
5.6. REPRESENTAÇÃO DO CIRCUITO EQUIVALENTE............................. 55
6. TRANSFORMADOR COM CARGA ............................................................. 56
6.1. FUNCIONAMENTO COM CARGA (𝑰𝑰𝑰𝑰>0).............................................. 56
6.2. EQUAÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO SEG DE ΦD E ΦDM.................. 57
6.3. REPRESENTAÇÃO DO CIRCUITO EQUIVALENTE COMPLETO ....... 58
6.4. RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO E IMPEDÂNCIA ........................... 58
6.5. ENSAIO EM CURTO CIRCUITO ............................................................ 61
7. TRANSFORMADOR MONOFÁSICO COM CARGA.................................... 63
7.1. REGULAÇÃO DE TENSÃO ................................................................... 64
7.1.1. CARGA RESISTIVA ........................................................................ 64
7.1.2. CARGA INDUTIVA .......................................................................... 65
7.1.3. CARGA CAPACITIVA ..................................................................... 65
7.2. RENDIMENTO ........................................................................................ 69
7.2.1. DEFINIÇÃO (ƞ): .............................................................................. 69
8. AUTOTRANSFORMADORES ...................................................................... 71
8.1. DEFINIÇÃO ............................................................................................ 71
8.2. RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO ...................................................... 72
8.3. TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA ........................................................ 72
9. PARALELISMO DE TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS .................... 75
9.1. Objetivos: .............................................................................................. 75
9.1.1. Tipos de paralelismo: ..................................................................... 75
9.1.2. Somente no Primário: ..................................................................... 75
9.2. Somente Secundário:............................................................................ 76
9.2.1. Primário e Secundário: ...................................................................... 78
10. TRANSFORMAÇÃO TRIFÁSICA .............................................................. 80
10.1. Tipos de conexões ............................................................................. 82
10.2. Nomenclatura ..................................................................................... 83
10.3. Funcionamento a Vazio e Com Carga .............................................. 85
11. Harmônicas na Transformação Trifásica ................................................ 86

11
1 - INTRODUÇÃO
De forma simplificada podemos dizer que o estudo de máquinas elétricas e o estudo
dos princípios de conversão eletromecânica de energia envolve duas leis essenciais:
a Lei de Faraday da indução magnética, que diz que campos variantes no tempo, tanto
campo elétrico quanto campo magnético, criam diferenças de potenciais e a Lei de
Ampère que diz que a produção de torques em condutores gera correntes elétricas.
Devido à grande importância do campo magnético nestas leis, este livro começa no
capítulo 2, com uma descrição da teoria magnética e seus circuitos. Neste capítulo, a
ideia principal é definir as grandezas magnéticas e delinear seus papéis nas teorias
dos circuitos magnéticos.
No capítulo 3, o foco está na aplicação da lei de Faraday como base para a construção
de um dispositivo extremamente útil o transformador, embora o transformador não
seja um dispositivo de conversão eletromecânico de energia visto que apenas eleva
ou diminuí níveis de tensões, ele é abordado nesta disciplina pois seu princípio de
funcionamento abrange todos os conteúdos apresentados no capítulo 2. Além disso,
o transformador preenche vários propósitos úteis em vários campos da engenharia
elétrica, de forma que o entendimento de seus princípios de operação permite uma
fácil compreensão da operação de todas as máquinas elétricas.
Nos capítulos 4, 5, 6 e 7 são apresentados os aspectos de funcionamento dos
transformadores deixando, portanto, um pouco de lado os aspectos físicos
apresentados no capítulo 3.
No capítulo 8 é abordado tanto o aspecto físico quanto o funcionamento de um outro
tipo de transformador: o autotransformador. Este dispositivo também traz consigo os
conceitos apresentados no capítulo 2, além disso apresenta alguns benefícios quando
comparado com o transformador, porém é limitado a uma faixa de níveis de tensões.
O entendimento dos conceitos de autotransformadores é uma ferramenta importante
que um engenheiro eletricista deve carregar consigo, pois, este dispositivo,
hodiernamente, é aplicado em disparos de máquinas elétricas industriais.
O capítulo 9 traz uma das formas de agrupamento de transformadores nas mais
diversas aplicações desse dispositivo, a geração e distribuição de energia utilizam os
conceitos apresentados neste capitulo, dessa forma buscou-se apresentar o conteúdo
da forma mais didática possível, permitindo assim uma melhor absorção do conteúdo
apresentado bem como uma melhor ligação deste com a realidade destas duas
plicações.
Nos capítulos 10 e 11, o estudo é voltado de uma vez para a geração e distribuição,
os estudos das diversas ligações físicas de transformadores bem como a característica
de cada uma possibilita ao estudante uma análise de qual seria a condição ideal para
cada grupo de ligação. De posse desse conhecimento o engenheiro consegue fazer
projetos elétricos de instalações residenciais e industriais, seguindo um padrão de
normas estabelecidas, ou também fiscalizar as instalações que existem nas cidades
com o intuito de resolver determinado problema ou oferecer uma melhor configuração
de ligações.
Nos capítulos 12 e 13 já são introduzidos alguns conceitos estudados anteriormente
nas máquinas elétricas e nos dispositivos de conversão. A partir daqui já é possível
entender o funcionamento das máquinas e como elas convertem um tipo de energia
em outro, uma boa compreensão desses dois últimos capítulos fornece ao estudante
12
uma boa base para um bom desenvolvimento na disciplina de máquinas elétricas,
disciplina essa que exige um entendimento conciso do que foi apresentado durante
todo o livro.

13
2 - CIRCUITOS MAGNÉTICOS
Na FIGURA 1, está representado o

O
s circuitos magnéticos, são muito
circuito magnético de um dispositivo,
utilizados em dispositivos, que
denominado transformador elétrico.
precisam de campo magnético para
Pode-se observar que este dispositivo,
funcionar. Dentre eles, podemos citar alguns,
apresenta um caminho magnético,
como por exemplo, os diferentes tipos de
fechado, apenas contento material
Transformadores, motores (AC/CC), geradores
ferromagnético, que neste caso são de
(AC/CC), os reatores, contactores, eletroímãs,
alta permeabilidade magnética, ou
relés, além de outros. Estes equipamentos estão
simplesmente núcleo de ferro.
presentes no sistema de energia elétrica, desde
a geração, passando pelas Linhas de
Transmissão (LT), Rede de Distribuição (RD) e a carga, que são os consumidores. É
importante que, conheçamos, e estudemos suas propriedades, seus aspectos
construtivos, bem como, a diferença entre o funcionamento com tensão alternada e
com tensão continua. Outro parâmetro importantíssimo nos circuitos magnéticos é o
entreferro gap, como também é conhecido. Sem este parâmetro, dispositivos móveis,
jamais poderiam funcionar. Portanto, compreender como funciona os circuitos
magnéticos, é condição sine qua nom, para compreender o funcionamento de todos
os demais equipamentos, supramencionados.
2.1 - DEFINIÇÃO
Circuito magnético, é um percurso fechado, contendo material magnético,
geralmente de elevada permeabilidade, confinando o fluxo magnético.
Permeabilidade: Propriedade que os materiais ferromagnéticos possuem, de
concentrar as linhas de fluxo, elevando assim a densidade de campo magnético no
seu interior.
Abaixo, são apresentados alguns dispositivos que contém o circuito magnético, sem
e com entreferro.

Figura 1 - Circuito magnético sem entreferro.

14
Finalmente na FIGURA 4, está
representado de forma esquemática
elementar, um motor elétrico,
contendo em seu estator, os
enrolamentos (a,b,c) e no rotor, o
enrolamento de campo, simbolizado
pelo ímã N - S. Esta máquina elétrica
também apresenta dois segmentos
diferentes em seu caminho
magnético, pela mesma razão já
mencionada, este dispositivo precisa
girar, e para fazer isso, precisa de um
espaço entre as duas partes
Figura 2 - Circuito magnético com entreferro.
constituintes, ou seja, o rotor e o
estator.
Na FIGURA 2, o dispositivo
representado, apresenta dois caminhos
distintos, sendo um, com material
ferromagnético (alta permeabilidade)
e um outro contendo o ar (baixa
permeabilidade). Este, é um
dispositivo de produção de força
linear, como dito anteriormente, sem o
entreferro, ele não consegue exercer
sua função, pois, necessita de
movimento e para tanto, deve ter um
espaço (entreferro) para descolar a
Figura 3 - Dispositivo para produção de conjugado. peça móvel.

Na FIGURA 3, está representado o


dispositivo de produção de conjugado,
sendo que, seus caminhos são
semelhantes ao dispositivo da FIGURA 2,
porém, suas funções é que são distintas.
Neste caso, a ação é de um conjugado,
que faz com que o ponteiro desloque e
não de uma forma linear, mas sim,
angular.

Figura 4 - Motor elétrico.

15
2.1.1. - CIRCUITOS MAGNÉTICOS ALIMENTADOS COM TENSÃO CONTÍNUA
Lei de Ampère – Maxwell:
𝝏𝝏𝝏𝝏
∮ 𝑯𝑯 ∗ 𝒅𝒅𝒍𝒍 = i*c + ∫ 𝝏𝝏𝝏𝝏 *𝒅𝒅𝒔𝒔
Equação 1 - Lei de Ampére.

Esta equação, mostra a relação completa entre a intensidade magnética (H) e as correntes
que a produzem. No entanto, em se tratando de campo magnético confinado em um
núcleo de material ferromagnético de elevada permeabilidade e tendo algumas
características especificas, como: baixa frequência, dimensões físicas pequenas e baixa
irradiação eletromagnética, esta equação, pode ser expressa de maneira mais
simplificada, pois, a parcela referente a corrente de deslocamento (2ª parcela - iD), deixa
de existir, ficando apenas a corrente de condução (1ª parcela - ic).

Figura 5 - Circuito magnético.

Do ponto de vista de circuito magnético, aqui mencionados (FIGURA 5), este efeito pode ser
desprezado pelos seguintes motivos: este dispositivo tem dimensões físicas muito pequena
(tamanho em metros), se comparado as Linhas de Transmissão - LT (comprimento em Km),
por exemplo, e isto minimiza o efeito de capacitância no circuito. A frequência com a qual
estes dispositivos operam, são consideradas insuficientes para gerar um efeito capacitivo
(frequência industrial – 60 Hz). Como consequência não há emissão de irradiação
eletromagnética, ou seja, a 2ª parcela da EQUAÇÃO 1, que depende destes efeitos, se torna
desprezível, assim, pode-se reescrever a equação, de forma mais simplificada, EQUAÇÃO 2.
𝝏𝝏𝝏𝝏
∮ 𝑯𝑯 ∗ 𝒅𝒅𝒍𝒍 = i*c + ∫ 𝝏𝝏𝝏𝝏 *𝒅𝒅𝒔𝒔

N*i = 𝑯𝑯𝒏𝒏 *𝑳𝑳𝒏𝒏


Equação 2 - Lei de Ampére simplificada.

Sendo assim, pode-se aplicar a Lei de Ampère em um circuito magnético, com essas
condições de contorno, de frequência, dimensão e irradiação desprezíveis, para
chegarmos a equação abaixo.

Φ = ∫ 𝐵𝐵 ∗ 𝑑𝑑𝐴𝐴 [1] Equação 3 - Equação do fluxo de campo.

Φ = B*A [2] Equação 4 - Equação do fluxo de campo simplificada.

𝐵𝐵
μ = [3] Equação 5 - Permeabilidade magnética.
𝐻𝐻

μ = 𝜇𝜇0 *𝜇𝜇𝑅𝑅 [4] Equação 6 - Permeabilidade magnética relativa.


16
Se utilizarmos das equações acima [1], [2], [3] e [4], de forma a substituir os parâmetros
na equação 2, como mostrado abaixo,

𝑩𝑩
N*i = 𝝁𝝁*𝑳𝑳𝒏𝒏

𝝋𝝋 𝑳𝑳
N*i = 𝑨𝑨 * 𝝁𝝁𝒏𝒏
Chega-se a LEI DE OHM PARA CIRCUITO MAGNÉTICO, Equação 7.

𝐹𝐹𝑀𝑀𝑀𝑀 = N*i = Ɍ*φ


Equação 7 - Lei de Ohm para os circuitos magnéticos.

Esta equação, rege o comportamento do fluxo e da corrente elétrica, em função da relutância


do circuito, sendo FMM a força magneto motriz aplicada ao circuito, Ni o produto Número
de espiras pela corrente total, igualando ao produto da Relutância (material, dimensões e
propriedades) pelo fluxo total.

2.1.2. - CIRCUITO MAGNÉTICO CONTENDO ENTREFERRO

Figura 6 - Circuito magnético com entreferro.

Como foi mostrado anteriormente, há dispositivos que não funcionam, se não


apresentarem em seu percurso o entreferro, desta forma, o equacionamento, precisa
incluir este efeito. Então, a equação 7, vai ser acrescida da parcela referente ao “gap”,
ou seja, mais uma relutância em série com a relutância do núcleo, Equação 8.

𝑭𝑭𝑴𝑴𝑴𝑴 = 𝑯𝑯𝒏𝒏 *𝑳𝑳𝒏𝒏 + 𝑯𝑯𝒈𝒈 *𝑳𝑳𝒈𝒈

Equação 8 - Lei de Ohm para circuito magnético com entreferro.

Da mesma forma que no caso anterior, substitui-se os valores e chega-se a nova


equação, já considerando o gap, como mostra a equação 9 abaixo.

𝐅𝐅𝐌𝐌𝐌𝐌= (Ɍ𝒏𝒏 +Ɍ𝒈𝒈 )*φ


Equação 9 - Lei de Ohm para circuitos magnéticos com GAP simplificada.

Esta equação mostra que ambas as relutâncias, oferecem oposição a passagem do


fluxo total do circuito, porém, ao fazermos uma aproximação matemática, dividindo
todos os membros desta equação pela relutância do entreferro (gap), conclui-se que a
predominância da oposição ao fluxo, fica por conta da relutância do gap, já que a

17
permeabilidade do material ferro magnético é
bastante elevada, fazendo com que a relutância
do núcleo, possa ser desprezada.
Na figura 7 [1], pode-se ver as linhas de
2.2 – ESPRAIAMENTO campo na região do entreferro, distantes e
inclusive passando por fora do núcleo,
Quando o caminho magnético é interrompido mostrando também que este efeito ocorre
por um espaço (FIGURA 7), contendo o ar, as em todas as dimensões da secção do
linhas de campo que antes tinham um núcleo. Exatamente por isso a correção,
comportamento equidistante umas das outras, se faz, acrescentando a distância do gap,
passa a distanciar uma das outras, causando o nas dimensões lineares do núcleo a e b,
efeito de espraiamento. Este efeito não pode ser FIGURA 7 [2],
eliminado, pois, há a necessidade do mesmo para
os rotores giraram, ou o contator, relé, atuarem.
Nesses casos o projeto deve priorizar a menor distancia possível para os dispositivos
operarem normalmente, mesmo assim, é necessário fazer uma correção na relutância,
para a determinação do fluxo ou da FMM, chamado de correção por espraiamento.

Figura 7 - Efeito de espraiamento.

Ficando a nova área como sendo: portanto maior, para compensar a densidade que é
menor na realidade.
𝐴𝐴𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 = (a + 𝐿𝐿𝑔𝑔 )*(b + 𝐿𝐿𝑔𝑔 )
Equação 10 - Correção da área do GAP.

2.3 - ANALOGIA ENTRE CIRCUITO ELÉTRICO E CIRCUITO


MAGNÉTICO
Visando um melhor entendimento na resolução de problemas de circuito magnético, é
comum, lançar mão de uma analogia com o circuito elétrico, pois, este último, já tem
suas Leis consolidadas, bastando para tanto, fazer a devida associação.

V=R*I

𝐅𝐅𝐌𝐌𝐌𝐌= Ɍ *φ
Equação 11 - Equivalência do circuito elétrico com o circuito magnético.

18
Nesta representação da equação 11, as associações entre o circuito elétrico e o magnético,
estão registradas da seguinte forma: a FMM é análoga a tensão, a relutância é análoga a
resistência e o fluxo é análogo a corrente elétrica. Sabe-se a soma da queda de tensão em
um circuito elétrico é zero; a soma da corrente em um nó também é zero e resistências
em série, podem ser somadas. Com isto, é possível resolver problemas de circuito
magnético, da mesma forma como se eles fossem circuitos elétricos, basta fazer a
representação do circuito elétrico análogo, como a seguir.

2.4 - EXEMPLOS DE CIRCUITOS MAGNÉTICOS/ANÁLOGOS


ELÉTRICOS
2.4.1 - DISPOSITIVO MAGNÉTICO, SEM ENTREFERRO.

Figura 8 - Circuito magnético sem entreferro.

2.4.1.1 – CIRCUITO MAGNÉTICO.

Figura 9 - Circuito magnético equivalente.

2.4.1.2 – CIRCUITO ELÉTRICO ANÁLOGO.

Figura 10 - Circuito elétrico equivalente sem entreferro.

19
2.4.2 - DISPOSITIVO MAGNÉTICO, COM ENTREFERRO.

Figura 11 - Circuito magnético com GAP.

2.4.2. 1 – CIRCUITO MAGNÉTICO, COM ENTREFERRO.

Figura 12 - Circuito magnético equivalente.

2.4.3 – DISPOSITIVO COM TRÊS COLUNAS, SEM ENTREFERRO.

Figura 13 – Circuito fechado sem entreferro.

20
2.4.3.1 – CIRCUITO MAGNÉTICO

Figura 14 - Circuito magnético equivalente fechado.

2.4.4 - DISPOSITIVO MAGNÉTICO COM TRÊS COLUNAS E ENTREFERRO

Figura 15 - Circuito magnético com três colunas e GAP.

2.4.4.1 - CIRCUITO MAGNÉTICO ANÁLOGO

Figura 16 - Circuito magnético equivalente com GAP com três colunas.

2.5 - CIRCUITOS MAGNÉTICOS ALIMENTADOS COM TENSÃO


ALTERNADA
A Lei de Faraday-Lenz, explicita que: quando um campo magnético
variável no tempo (fluxo magnético), interceptar uma ou mais espiras de
uma bobina, sempre haverá uma tensão induzida.
𝒅𝒅
∮ 𝜺𝜺 ∗ 𝒅𝒅𝒍𝒍 = - 𝒅𝒅𝒅𝒅*∫ 𝑩𝑩 ∗ 𝒅𝒅𝑨𝑨
Equação 12 - Lei de Lenz.

21
Na forma geral, a integral fechada do
campo elétrico E, em um percurso
definido, é igual a derivada da
integral da densidade de campo
magnético no tempo que atravessa
uma determinada área A. Esta
equação, quando aplicada a um
circuito magnético como o
representado na FIGURA 17.
Figura 17 - circuito com excitação única.

Fica mais simples, pois, neste circuito magnético, o fluxo é contigo em um circuito
fechado de comprimento definido (ln), ficando a expressão conforme mostrado
abaixo.
𝑑𝑑𝑑𝑑
e = N* 𝑑𝑑𝑑𝑑
Equação 13 - Equação da tensão induzida.

Por esta expressão, fica mais fácil perceber que: toda vez que houver variação de
campo magnético (fluxo) no tempo em um determinado número de espiras (N), será
induzida uma força eletromotriz, devido ao enlaçamento do campo magnético com
essas espiras.

Ao aplicarmos uma tensão alternada nos terminais da bobina da FIGURA 17, circulará
uma corrente por essa bobina que criará um fluxo, e este fluxo ficará todo confinado
no núcleo. Escrevendo a expressão do circuito elétrico para o regime permanente,
tem-se:

𝒗𝒗(𝒕𝒕) = R*𝑰𝑰(𝒕𝒕) + 𝒆𝒆(𝒕𝒕)

Equação 14 - Tensão total do circuito.

A tensão senoidal aplicada ao circuito (Vt) é igual a queda de tensão da resistência


da bobina (Ri(t)), acrescida da tensão induzida (e(t)). Se considerarmos que a queda
de tensão na resistência da bobina pode ser desprezada (como será mostrado), a
expressão se resume a, tensão aplicada é igual a tensão induzida.

Pelo fato da tensão ser senoidal, o fluxo também o será nesse circuito, então, pode-se
substituir a expressão do fluxo por: 𝜑𝜑(𝑡𝑡) =𝜑𝜑𝑚𝑚á𝑥𝑥 *sin(𝑤𝑤𝑤𝑤) e ao derivar para encontrar
a tensão induzida tem: e = N*W*𝜑𝜑𝑚𝑚á𝑥𝑥 *cos(𝑤𝑤𝑤𝑤). Separando somente o valor máximo
da expressão e substituindo o valor máximo, pelo valor eficaz, evidenciando o fluxo:

𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉
𝜑𝜑𝑚𝑚á𝑥𝑥 = 4.44∗𝑁𝑁∗𝑓𝑓

Equação 15 - Fluxo máximo para o circuito magnético.

22
Esta expressão, mostra o comportamento do
fluxo magnético máximo em um circuito
magnético alimentado por tensão AC senoidal,
em função da tensão eficaz aplicada, do número
de espiras da bobina e da frequência da tensão
aplicada. Observa-se que, se e somente se, a
tensão eficaz, a frequência e o número de espiras
forem constantes, a amplitude máximo do fluxo
magnético, também o será. Em caso de aumento
de tensão, por exemplo essa amplitude varia,
conforme FIGURA 18.

Figura 18 - Tensão senoidal.

2.6 – COMPARAÇÃO ENTRE ALIMENTAÇÃO AC e DC.


Nem todos os dispositivos funcionam com tensão AC, portanto faz-se necessário
compreender os que funcionam com tensão DC. A expressão matemática é a mesma,
ou seja, a LEI DE OHM PARA CIRCUITO MAGNÉTICO.

Tabela 1

Em AC o fluxo máximo é constante, então, pela Lei de Ohm para circuito magnético,
a relutância determina o valor da força magneto motriz, ou seja, pelo fato do N
(número de espiras) ser constante, então, na realidade, é a corrente que é determinada
pela relutância. Em outras palavras, quanto maior a relutância, maior será a corrente
no circuito.
Em se tratando da alimentação DC, consideramos a FMM constante, pois, como a
tensão aplicada é constante e a resistência (R) da bobina também, logo, a corrente
será constante, sendo N constante, relutância determina o valor do fluxo,
inversamente proporcional. Conclui-se que, quanto maior a relutância, menor o fluxo.

2.7 - PROPRIEDADES DOS MATERIAIS FERROMAGNÉTICOS


Os materiais magnéticos são classificados em diferentes tipos, conforme suas
permeabilidades, ou propriedades, porém, neste conteúdo, será abordado, apenas os
materiais ferromagnéticos, cuja permeabilidade magnética, é considerada elevada (µ
> >1).
Este fato, da permeabilidade ser elevada, já caracteriza a primeira propriedade deste
material. A segunda propriedade que este material apresenta, é a relação entre a B
(densidade magnética) x a H (intensidade do campo magnético), não linear, ou seja,
23
o valor de B varia, de maneira não diretamente proporcional do valor do H. Para
comprovar esta propriedade, basta observar a curva normal de magnetização dos
materiais ferromagnéticos, mostrada na FIGURA 19.

Figura 19 - Ciclo de histerese para diferentes tipos de materiais.

A figura 19 mostra o comportamento de três materiais diferentes, relacionando a densidade


de fluxo e a intensidade do campo magnético. Pela ordem, o ferro carbono é o que apresenta
uma cura menos adequada para se construir um artefato magnético, por necessitar de uma
intensidade H muito grande, para um determinado B, se comparado a os outros dois
materiais. Quanto maior o valor de H, maiores perdas, esse material vai apresentar. Dentre
eles, o mais adequado para construir transformadores, por exemplo, é o aço silício.

2.8 - PERDAS NOS MATERIAIS FERROMAGNÉTICOS


Todos os materiais ferromagnéticos apresentam perdas de energia quando seu circuito
elétrico é alimentado por uma tensão alternada. Essas perdas são classificadas como
sendo: Perdas por histerese e perdas por Foucault.
As perdas denominadas por histerese, são compreendidas como sendo a mudança na
orientação do campo magnético de um sentido (semiciclo positivo, p ex.) para outro,
semiciclo negativo. O material ferromagnético é entendido como sendo constituído
de pequenos ímãs, também chamados de domínios, que na presença do campo
magnético, se orientam na direção desse campo. Então, quando há variação no sentido
deste campo, significa dizer que, o campo sai do valor zero, cresce em um sentido,
vai ao máximo, decresce, passa por zero novamente e cresce em sentido contrário, e
isso é caracterizado como gastar energia para orientar os domínios (Wh).
A segunda perda que ocorre no material ferromagnético é a denominada perda por
Foucault -Jean Bernard Léon Foucault- (Wf). Esta perda é entendida como sendo
originada pela taxa de variação do fluxo magnético que, tal qual induz na bobina
excitadora uma tensão, o mesmo o fará no núcleo de ferro. Por mais que o núcleo não
seja um material de condutividade elevada (como cobre, alumínio), porém, permite a
condução de corrente elétrica. Então, toda vez que o fluxo varia no núcleo induz uma
corrente chamada de corrente parasita (indesejável) no núcleo.

24
2.8.1 - MINIMIZAÇÃO DAS PERDAS
Os materiais ferromagnéticos, invariavelmente apresentam um consumo de energia,
denominadas de perdas. Essa parcela de consumo indesejável de energia, na pratica,
define a eficiência destes dispositivos. Diante disso, tudo que for possível fazer para
diminuir ou minimizar essas perdas, no atual estágio tecnológico tem sido feito.
2.8.1.1 - COMPOR O NÚCLEO EM LAMINAS

Este procedimento é adotado, pelo fato de que a tensão induzida no núcleo da origem
a correntes parasitas e para diminuir a corrente, pode-se aumentar a resistência
ôhmica do circuito e isto é feito diminuindo a área da secção do núcleo, FIGURA 11.

Figura 20 - Tipos de laminação.

Pela FIGURA 20 observa-se duas situações [1] e [2], onde a primeira a secção do
núcleo é maciça, então a resistência elétrica tem um valor baixo, pois, a seção do
condutor núcleo é grande, ou seja, elevada área, baixa resistência elétrica. No caso da
FIGURA 20 [2], a seção é composta de duas laminas, isoladas eletricamente uma da
outra, e a área para ação da corrente é menor, ou seja, maior a resistência elétrica.
Assim, quanto mais fina forem as lâminas, menor a área e maior a resistência, menor
corrente induzida, menores perdas.
2.8.1.2 – DOPAR COM SILÍCIO.

Dopar é acrescentar a um determinado material, um outro, com características


diferentes, objetivando mudar suas propriedades químicas, para obter uma nova
propriedade. No caso dos materiais ferromagnéticos, a dopagem é feita com o
semicondutor silício (Si), que aumentará a resistividade do ferro, minimizando assim,
as perdas por correntes induzidas. O percentual de dopagem, segundo um fabricante,
está na faixa de 1,8 a 3,5% (ACESITA).
2.8.1.3 – DIREÇÃO DE MAGNETIZAÇÃO.

Os materiais ferromagnéticos, apresentam uma estrutura cristalina em forma de cubo,


com um átomo em cada vértice e um no centro do cubo, como mostra a FIGURA 21.

25
Figura 21 - Estrutura cristalina de um material ferromagnético.

Estudos mostraram que esse cristal tem comportamento diferente (permeabilidade),


dependendo da direção do campo aplicado: direção 100, segundo uma aresta; direção
110, segundo a diagonal de uma face e direção 111, segundo a diagonal do cubo.
Como resultado disto, a direção 100, ficou conhecida como direção preferencial de
magnetização, pois, é nesta direção que houve a menor perda no material. Então, os
fabricantes constroem os núcleos dos transformadores e ou reatores (de grande porte),
com os chamados núcleos de grão orientados (GO). Nas tabelas abaixo, é possível
fazer uma comparação entre um núcleo GO e um GNO (grão não orientado).

Tabela 2 - G.O

Tabela 3 - G.N.O

Observando a condição aproximada de 0,35 mm de espessura para ambos, 1,5 T de


campo magnético, as perdas em W/Kg, são bem distintas, sendo 1,24 para GO e para
o GNO, varia de 2,64 até 3,41. Evidenciando o quanto os aços GO são mais
eficientes, e é claro maior custo.
Com o desenvolvimento tecnológico surgiu um outro material de elevadíssima
permeabilidade, ou seja, menores perdas, denominado de material AMORFO. Esta liga
ternaria, composta por FeBSi (ferro boro silício), apresentam características muito
vantajosas em se tratando de materiais para construção de núcleos de

26
transformadores/reatores. Para se ter uma ideia, as laminas dessa liga pode ser até 10
vezes mais fina que a convencional (0,35 mm); perdas menores, podendo chegar a 60
% ou mais em relação ao aço-silício, como mostra a tabela 4 abaixo.

Tabela 4 - Comparação entre material amorfo e aço de silício.

Esta tabela mostra um transformador monofásico de 10 KVA que apresenta 12 W de


perdas a vazio com núcleo amorfo, e um outro com aço silício de 29 W, ou seja, uma
diferença significativa em favor do aço amorfo. Este aço ainda não está sendo
utilizado em grande escala, comercialmente, por conta do seu alto custo de fabricação
*.

Figura 22 - Processo de fabricação de um material amorfo.

Figura 23 - Ilustração da fabricação de um material amorfo.

https://www.magmattec.com.br/materiais-magneticos-e-aplicacoes/o-que-sao-
materiais-nanocristalinos
Fazendo uma leitura no processo de fabricação * e observando a figura, fica
evidente que não é um processo tão simples de obtenção desta.
2.8.2 - DETERMINAÇÃO DAS PERDAS
As perdas por histerese e Foucault, podem ser determinadas por técnicas distintas, a saber:

1 - CÁLCULO DA ÁREA DO CICLO DE HISTERESE

27
O ciclo de histerese é uma relação instantânea de B x H, que mostra em sua área, o valor da
energia gasta devido as perdas no material. Este ciclo pode ser chamado de dinâmico,
quando se utiliza de frequência industrial (60Hz) e estático quando a frequência é próxima
de zero. No primeiro caso, a área corresponde as perdas por histerese e por Foucault
(Wh,Wf), já no segundo, o efeito de indução é desprezível, por conta da baixa frequência,
ficando apenas a Wh. Desta forma, sabendo a área, tem-se o valor da perda desejada.

2 - UTILIZANDO-SE DAS EQUAÇÕES DE STEINMETZ

O Professor Polonês, Charles Proteus Steinmetz, propôs duas equações, para determinar de
maneira separada, as perdas no núcleo.
W*f = K*f*𝑉𝑉𝑂𝑂𝑂𝑂 *(f*𝐵𝐵𝑀𝑀Á𝑋𝑋 *e)^2 W*h = K*h*𝑉𝑉𝑂𝑂𝑂𝑂 *f*𝐵𝐵𝑀𝑀Á𝑋𝑋 n 1,5 - 2,5
Equação 16 - Método de Steinmetz para determinação de perdas.

Na primeira equação, Steinmetz propôs o cálculo da perda por Foucault (Wf), em função de
um coeficiente Kf, que depende do tipo de material utilizado; do volume do núcleo (vol);
da frequência (f) da tensão aplicada; da densidade (B) máxima aplicada e da espessura (e)
da chapa que compõe o núcleo. Neste caso, a frequência, a densidade máxima e a espessura,
foram elevados ao quadrado, evidenciando que estes parâmetros, tem uma influência mais
significativa junto a esta perda.
Na segunda equação, Wh, é função da constante Kh, do volume, frequência e da densidade
elevada a um coeficiente proposto pelo próprio autor da equação, que varia de 1,5 – 2,5,
dependendo do material.
Estas equações, devido ao desenvolvimento de novos materiais, não são facilmente
utilizáveis, por conta da falta dos coeficientes, no entanto, elas são muito uteis para
compreender quais parâmetros influenciam mais em uma perda que em outra.

3 - REALIZANDO O ENSAIO A VAZIO

Determinar as perdas pela técnica do ensaio a vazio, é a pratica comum nos transformadores
porque é um ensaio relativamente simples, rápido e preciso. No anexo, é apresentado o
roteiro para a realização do mesmo, em um transformador monofásico.

28
3 – TRANSFORMADORES
3.1 - DEFINIÇÃO

Segundo a Norma Brasileira (NBR 5458), o transformador é um


equipamento elétrico, que, por indução eletromagnética, transforma
tensão e corrente alternadas, entre dois ou mais enrolamentos, com
mesma frequência e geralmente valores diferentes de tensão e corrente.

3.2 - REPRESENTAÇÃO E FUNCIONAMENTO.


Pela definição, um transformador é basicamente, constituído de um núcleo e dois
enrolamentos, como mostra a FIGURA 13. Pelo fato de poder transformar tensão e
corrente, em valores diferentes, ele terá um lado de baixa tensão (BT) e um outro de alta
tensão (AT). O lado que estiver conectado a fonte de alimentação (gerador ou linha de
transmissão/distribuição), será sempre o PRIMÁRIO e o lado conectado a carga ou
consumidor, o SECUNDÁRIO. Ainda pela definição, transformar tensão e corrente
simultaneamente, implica em manter a potência aparente sempre constante. Desta forma
para o produto V1 x I1 = V2 x I2, o lado de BT, terá condutor de seção maior e o lado de
AT, com seção menor.

Figura 24 - Trafo lado de alta e baixa tensão.

Figura 25 - Representação de um trafo real.

Seu princípio de funcionamento, se baseia na Lei da Indução Eletromagnética,


(FARADAY – LENZ), ou seja, toda vez que um dos enrolamentos (AT ou BT), for
29
alimentado com uma dada tensão alternada v(t), irá estabelecer uma corrente de
excitação i10(t), que criará um fluxo magnético φm, conforme pode-se ver na FIGURA
14. Este fluxo, confinado no núcleo (fluxo mútuo), irá percorrer o caminho fechado e
induzir no primário e secundário, simultaneamente, uma tensão. No primário, será a E1
(força – contra eletromotriz) e no secundário a E2 (força eletromotriz). A tensão
secundária, quando aplicada a uma impedância (carga), irá dar origem a uma corrente de
carga i2, que por sua vez, criará um fluxo em oposição a causa que o gerou. O
enrolamento primário, reage, criando uma corrente, denominada corrente de carga
refletida ao primário I1’, de forma que o circuito magnético, entra em um “estado de
equilíbrio”. Para cada carga acrescentada no secundário, o primário deve ter capacidade
de supri-la.
3.3 - TIPOS DE TRANSFORMADORES
Os transformadores, são classificados em vários tipos, conforme suas aplicações e
potencias, no entanto, de um modo geral, pode-se dizer que os transformadores sob o
ponto de vista de potência, podem ser classificados em:
3.3.1 – TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA OU FÔRÇA
Os transformadores de força, como mostra a FIGURA 26, são basicamente
utilizados na geração/transmissão, envolvendo grandes blocos de energia. São maiores e
requerem cuidados especiais, em termos de instalação, proteção e manutenção.
Normalmente potencias na ordem de MVA.

Figura 26 - Transformador de potência.

3.3.2 – TRANSFORMADOR DE DISTRIBUIÇÃO


Os transformadores de distribuição, mostrado na FIGURA 27, como o próprio nome já
diz, são utilizadas nas redes de distribuição, tanto rural quanto urbana, e suas potencias,
geralmente são menores que 75 KVA, instalados em postes, dependendo da
concessionaria de energia. Diferem dos de força, pela menor potência, e também nos
acessórios e dispositivos de proteção.

Figura 27 - Transformador de distribuição.

30
3.3.3 - TRANSFPORMADORES ESPECIAIS
São considerados especiais, os transformadores de corrente, FIGURA 28 - (TC),
transformadores de potencial, FIGURA 29 - (TP), e os autotransformadores.

Figura 28 - Transformador de corrente TC. Figura 29 - Transformador de potência TP.

Os AT, chamados assim, por ter um enrolamento comum ao primário e ao


secundário e isto os diferencia dos transformadores convencionais, que são isolados
eletricamente o primário do secundário. Sob o ponto de vista externo, um
autotransformador de força, quase não difere de um transformador convencional, pois a
principal diferença se encontra parte interna. Para perceber bem essa diferença teríamos
que colocar um transformador e um autotransformador lado a lado, com mesma potência
nominal, mesma relação de transformação (menor que 1:3). O AT é menor fisicamente.
Os TP’s, são considerados especiais, porque eles, são conectados ao circuito,
com uma única função, qual seja, reduzir a tensão de um valor qualquer o padronizado
115 V. Com esta redução, é possível fazer medições e proteções, de tensões com níveis
elevados, acima de 220 V, até na ordem de KV. Outro detalhe importante, é a carga
conectada no TP, são apenas impedâncias elevadas, ou seja, bobinas de potencial de
diversos aparelhos, como, wattímetro, varímetro, etc, fazendo com que o secundário
dele, seja construído com fios de bitola bem fina, pois, a carga ali colocada, vai ser
sempre de impedância elevada, como dito acima. E com isto, seus terminais, jamais,
podem ser curto-circuitados.
Os TC’s, são utilizados para reduzir a corrente de um nível elevado para o nível
estabelecido pela NBR, de 5 A. Os TC’s, complementam os TP’s, pois, juntos, são
responsáveis, pela medição, e pela proteção dos circuitos elétricos, nos sistemas de
potência. Como no secundário do TC, são ligadas as bobinas de corrente (baixa
impedância), de wattímetro, varímetro, etc, as espiras, não requerem uma grande
isolação elétrica, portanto, estes terminais, nunca devem ser abertos.

3.4 - ASPECTOS CONTRUTIVOS


Sob o ponto de vista núcleo x enrolamentos, os transformadores podem ser construídos
de duas maneiras distintas como mostram as figuras abaixo:

31
Este tipo constritivo mostrado na FIGURA 30,
onde o núcleo é envolvido pelos enrolamentos,
não é comum no caso de transformadores
convencionais disponíveis no mercado, uma vez
que o mesmo, apresenta parâmetros como
reatância de dispersão, perdas nos enrolamentos,
dentre outros, maiores e por isso, seu desempenho
não é satisfatório. É comum em transformadores
didáticos.

Figura 30 - Trafo tipo núcleo envolvido.

Na FIGURA 31, onde o núcleo é que envolve


os enrolamentos, o efeito causado por esse arranjo
físico, permite que os parâmetros anteriormente
citados (reatância, perdas), fiquem menores, de tal
sorte que este tipo construtivo é muito comum nos
transformadores convencionais, tanto de
distribuição como de força.

Figura 31 - Trafo tipo envolvente.

3.4.1 - NÚCLEO
O núcleo dos transformadores, são constituídos de material ferromagnético da
mais alta permeabilidade, podendo ser, Aço silício de Grãos Orientados (AGO), Aço
silício de Grãos Não Orientados (AGNO), ou núcleo AMORFO (NA). A espessura das
lâminas que compõe o núcleo, são cada vez mais, finas, (<= 0,3 mm), visando diminuir
ao máximo as perdas Wf e Wh. Os cortes das chapas (FIGURAS 32 e 33), também,
contribuem para essa diminuição. Com o formato e espessuras desejados, essas lâminas,
são sobrepostas umas sobre as outras, até atingir o diâmetro necessário, conforme
determinado pelo projeto, FIGURA 34.
Na FIGURA 32, pode-se observar uma das formas de corte das chapas, o que
implica em ter três tamanhos diferentes de laminas, diferentes.

Figura 32 - Tipo de corte.

32
Figura 33 - Corte escolhido.

Na FIGURA 33, o tipo de corte é diferente em relação ao anterior, denominado STEP LAP,
onde o ângulo é de 45 graus. Estes dois arranjos, tem custo benefício diferentes, pois,
apesar de ambos terem três peças, o número delas varia, ou seja, a FIGURA 32 tem três
peças número 1, a FIGURA 33 tem duas peças número um. Estas diferenças acabam
impactando no tempo de montagem, programação da máquina de estampagem, tempo
da máquina e assim por diante. Cabe então ao projetista analisar e ver qual delas é mais
interessante para aquele momento do mercado de commodities dos materiais
empregados. É claro que não se pode esquecer da questão das perdas magnéticas, que irá
garantir a eficiência do equipamento.

O resultado do empilhamento das lâminas é


mostrado na FIGURA 34. O formado da
seção do núcleo também varia de acordo
com alguns parâmetros, como por exemplo,
potência nominal, aplicação dentre outras.
Quanto maior a potência do transformador,
maior nível de refrigeração, portanto,
exigem núcleos cada vez mais eficientes em
termos de esforços físicos, ruídos
Figura 34 - Projeto de laminação. capacidade de refrigeração (canais para
circular óleo)

Sendo assim, a seção reta dos núcleos podem ser:


3.4.1.1 - RETANGULARES OU QUADRADOS

O núcleo com área retangular ou


quadrada, como mostra a FIGURA 35, são
mais utilizados em transformadores de
pequeno porte, como os utilizados em
eletrônica, transformadores de solda, os
utilizados em laboratório, como material
didático, assim como, os
autotransformadores utilizados para ajustar
tensão em aparelhos eletrodomésticos.
Figura 35 - Tipo de laminação.

33
3.4.1.2 - ESCALONADAS
Para potencias maiores, a nível de distribuição
acima, o núcleo será sempre escalonado,
FIGURA 36. Este tipo construtivo, permite
aproveitar melhor o interior da bobina ali
ancorada, em termos de fluxo magnético. O
ideal, seria que o núcleo fosse absolutamente
cilíndrico, tal qual a bobina, no entanto, isso
seria proibitivo em termos técnicos e
econômicos, pois haveria um número de
lâminas muito grande de tamanhos diferentes,
o que oneraria a fabricação, além de aumentar
sensivelmente o tempo de montagem do
Figura 36 - Laminação escalonada.
núcleo.

3.4.2 –CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS DOS


ENROLAMENTOS
3.4.2.1 - TIPO DE CONDUTORES
Os enrolamentos são constituídos de espiras de fios de cobre ou alumínio, cuja
secção reta, pode ser cilíndrica ou retangular. Os condutores de cobre, são os mais
comuns, sendo que, os de alumínio, são utilizados preferencialmente em transformadores
a seco encapsulados. Em relação a forma da secção, o formato cilíndrico, é utilizado
quando a corrente que passa pelo enrolamento é de valor pequeno, implicando em fios
de bitola fina, o que facilita o empacotamento da bobina, tornando-a mais resistente
mecanicamente. Os condutores de secção retangulares ou quadrados, são utilizados para
um determinado nível de corrente, a partir do qual, os condutores cilíndricos, não fazem
um empacotamento com necessária resistência mecânica, FIGURA 37.

Na FIGURA 37 A (visão em
corte), é possível perceber a forma de
empacotamento de uma bobina
construída com o fio de seção
circular e seção quadrada. Pode-se
observar que no caso dos condutores
retangular ou quadrado, não existirão
espaços entre um condutor e ou
outro, como exemplifica a FIGURA 37
B. Este espaço entre os enrolamentos
acaba por fragilizar mecanicamente a
A B bobina como um todo.
Figura 37 - figura 37 (A) e (B).

Sendo assim, o empacotamento com enrolamentos com secção, não cilíndricos,


são muito mais resistentes mecanicamente e por essa razão, muito utilizados, nos
transformadores de distribuição e força.

34
3.4.2.2 - TIPOS DE BOBINAS
Com relação as formas das bobinas que constituem os enrolamentos, podem ser,
cilíndricas ou retangulares. Para transformadores que não necessitam de uma construção
esmerada, não ficam conectados o tempo todo no sistema, como são os transformadores
de solda, de bancada, etc, mostrados na FIGURA 38, os enrolamentos são do tipo
retangular mesmo. Ao passo que para transformadores maiores, de distribuição para
cima, são constituídos de enrolamentos cilíndricos.

Figura 38 - Enrolamentos primário e secundário.

Esta forma construtiva, mostrada na


FIGURA 39, tem algumas características
particulares, como por exemplo, o
comprimento do perímetro, de um
círculo é menor que o comprimento do
perímetro de um quadrado (FIGURA 39
A), que implica no comprimento total do
condutor de cada espira que
confecciona a bobina circular, ser bem
menor, o que significa, menor
resistência ôhmica, menor peso, menor
custo, menores perdas, que a bobina não
cilíndrica. Além destes fatores, a
A B distribuição de força axial, em um
Figura 39 - Laminação. formato cilíndrico é uniforme, enquanto
que o retangular ou quadrado, há uma
concentração de esforços, nas curvas de
90 graus, o chamado efeito das pontas

Ainda relacionando a forma construtiva, núcleo com enrolamentos, o os


transformadores, podem ser confeccionados com enrolamentos concentrados (FIGURA
40), alternados (FIGURA 42) e concêntricos (FIGURA 28). Dependendo do tipo construtivo,
a performance deste equipamento, muda completamente.

35
Figura 40 - Enrolamento concentrado.

Os transformadores construídos nos moldes da FIGURA 40, funcionam


normalmente, porém, os fluxos de dispersão tanto do primário quanto do secundário, são
maiores, se comparado aos outros dois modelos visto nas FIGURAS 41 e 42. Isto ocorre,
pelo fato dos enrolamentos de BT e AT ficarem mais distantes um do outro, diminuindo
a interação entre eles, ou menor acoplamento magnético.

Figura 41 - Enrolamento alternado.

O arranjo mostrado na FIGURA 41, é de um transformador com os


enrolamentos dispostos alternadamente, fazendo com que o lado de BT e
AT, fiquem muito próximo um do outro, diminuindo significativamente o
fluxo de dispersão, ou seja, melhor acoplamento magnético.

Figura 42 - Rpresentação do lado de alta e baixa de um TRAFO.

Os enrolamentos alternados, são bem melhores, em termos de acoplamento


magnético e consequentemente, menor reatância de dispersão, no entanto, quando se
trata de manutenção, o custo e o tempo contribuem de forma negativa. Como os
transformadores tem um lado de AT (menor corrente) e um lado de BT (maior corrente),
a probabilidade de danificar os enrolamentos de AT, é maior, devido a bitola do fio ser
36
mais fina, portanto, bobina mais frágil mecanicamente. Nesse caso, se vier a danificar
os enrolamentos de AT, é necessário, retirar as bobinas de BT, para acessar as de AT,
com isto, estou gastando um tempo desnecessário, uma vez que, só as de AT, foram
danificadas.
Para a montagem com enrolamentos concêntricos, a mais utilizada, além de
possuir um acoplamento muito bom, pouco menor que o alternado, tem a vantagem de
poder, substituir o enrolamento de AT, sem a necessidade de retirar o de BT.

3.5 - REFRIGERAÇÃO / ISOLAÇÃO


Os transformadores, tem duas fontes de calor, a saber: OS ENROLAMENTOS E O
NÚCLEO, FIGURA 43.

Figura 43 - Exemplo de de refrigeração.

A primeira fonte de calor encontra-se nos enrolamentos das bobinas A e B, ao


serem percorridas pela corrente de carga. Outra fonte, está no núcleo de material
ferromagnético, causado pela passagem do fluxo magnético. O aquecimento
estabelecido, acima da capacidade dos materiais, pode danificar os enrolamentos
(derreter isolação p/ ex.) e levar a formação de arco entre espiras, ou entre camadas de
bobinas. Desta forma, pensar em refrigerar, é garantir maior vida útil aos materiais que
são utilizados na construção dos transformadores aumentar o nível de segurança para a
instalação, além é claro, de diminuir o tamanho das unidades.
De forma objetiva, o transformador utiliza dos seguintes materiais para a
refrigeração: o ar, o óleo e a água. Na ordem, o ar, é utilizado para refrigeração interna e
externa, o óleo apenas para refrigeração interna, enquanto que a água somente para
refrigeração externa.
Juntamente com o ar e o óleo, temos também o papel isolante que muito contribui
para um bom desempenho do conjunto refrigeração/isolação. O papel isolante é muito
utilizado na confecção das bobinas, tanto AT como BT e ainda utilizados na montagem
do circuito elétrico do transformador. Na FIGURA 44, pode-se observar uma lista de
papeis encontrados no mercado, desde os mais antigos, até os atuais.

37
Estes papéis devem ter
características físico
químicas, adequadas a
função que o mesmo
desempenhará no
transformador, ou seja, boa
isolação elétrica, ser pouco
higroscópico, elevada vida
útil sob condição de
aquecimento.

Figura 44 - Lista de papéis isolantes.

Na isolação liquida, os óleos utilizados nos transformadores são minerais naftênico


(predominante) ou parafínicos, derivados do petróleo. Há também no mercado, os óleos
de silicone, e os mais recentes o óleo vegetal (FR3 – ENVIROTEMP). Este último,
considerado o mais eficiente da categoria.
Pela Norma Brasileira, os transformadores devem ser classificados de acordo com a
nomenclatura estabelecida, para os meios refrigerantes e para as formas de circulação.
Além disso, divide-se em INTERNO (parte em contato com o núcleo e enrolamentos) e
EXTERNO (contato com o ar), desta forma, surgiu:

O ÓLEO MINERAL
L LÍQUIDO SINTÉTICO
G GÁS – SF6
W ÁGUA
A AR
Tabela 5 - Simbologia mais utilizada para o meio refrigerante.

N NATURAL
Tabela 6 - Simbolos para circulação.

Figura 45 - Refrigeração natural.

38
A refrigeração NATURAL ou convecção natural do fluido (também conhecida
como efeito termossifão) é a mais comum utilizada em transformadores, desde os
pequenos, da rede de distribuição, até os transformadores de potência, pela forma como
ocorre, FIGURA 45. Nesta forma, o óleo isolante/refrigerante quando aquecido, sua
densidade diminui, fica menos denso e por ação da gravidade, partículas menos densas
tendem a subir. Desta forma, quando o óleo quente sobe, encontra um orifício de
abertura, que dá acesso as aletas de refrigeração, assim, ele desce por essas aletas,
refrigerando porque as aletas estão em contato com o ar externo, cuja temperatura é
muito menos que a temperatura interna do óleo do Trafo. Ao repetir esse processo, a
temperatura do óleo vai diminuindo.
Na refrigeração FORÇADA, FIGURA 46, pode-se observar duas formas de fazê-la: uma
pelo uso de ventiladores que irá injetar ar nos radiadores, como consequência o óleo
interno ao radiador, resfria, e outra, pelo uso de bombas de óleo modelo helicoidal (mais
apropriada), que fará com que o óleo circule entre o tanque e os radiadores com maior
velocidade, aumentando a capacidade de refrigeração.

Figura 46 - Refrigeração forçada.

A tipificação DIRIGIDA, FIGURA


47, difere da forçada, pelo simples
fato de que, neste caso, o óleo é
dirigido ao ponto mais quente, ou
seja, os enrolamentos, em vez de
passar igualmente por toda parte
interna. Normalmente utilizado
para transformadores de potência.

Figura 47 - Refrigeração dirigida.

O ÓLEO MINERAL
L LÍQUIDO SINTÉTICO
G GÁS – SF6

39
W ÁGUA
A AR
Tabela 7 - Simbologia utilizada para o meio refrigerante.

O símbolo W, para a água, é para não confundirmos com a letra A do AR, e como muita
norma brasileira é ou foi adaptada da norma americana, fica W (WATER – ÁGUA EM
INGLES).

INTERNO EXTERNO
NATUREZA NATUREZA NATUREZA NATUREZA
DO MEIO DA DO MEIO DA
CIRCULAÇÃO CIRCULAÇÃO
A N A N
O N A N
O F A F
Tabela 8 - Refrigeração.

Observando a TABELA 8, pode-se ver alguns tipos de transformadores, como por


exemplo, os ANAN. Estes transformadores, são do tipo de pequena potência, de bancada
ou laboratório, onde tanto interna como externamente, são isolados/refrigerados pelo AR
e de forma NATURAL e proteção nível IP0.
O ONAN, faz parte dos transformadores de distribuição, onde internamente, são isolados
a ÓLEO mineral, com circulação natural e, externamente refrigerados a AR também com
circulação NATURAL.
Os OFAF, pertencem a grupos de transformadores de força (ou potência), pelo fato de
suprirem elevadas cargas, são necessários mais de um estágio de refrigeração. Desse
modo, pode-se planejar o seu uso, na medida em que as cargas forem aumentando, pois,
para cada estágio, ele fornece uma potência diferente, FIGURAS 47, 48.

A TABELA 9, exemplifica
comparativamente, a eficácia
da combinação dos diferentes
tipos de refrigeração.

Tabela 9- Potência.

Observa-se que no caso ONAN (ÓLEO NATURAL – INTERNO / AR NATURAL -


EXTERNO), podemos fornecer a carga uma potência de 100 MVA, ao passo que, esse
mesmo transformador com a refrigeração no modo OFAF (ÓLEO FORÇADO –
INTERNO / ÓLEO FORÇADO – EWTERNO), permite fornecer a carga, uma potência
de 200 MVA, ou seja, o dobro, com o mesmo equipamento.

40
3.6 - ACOPLAMENTO MAGNÉTICO
3.6.1 - DEFINIÇÃO
Quando dois ou mais circuitos magnéticos, estão próximos entre si e o campo magnético
de um, enlaçar o outro, dizemos que eles estão MAGNETICAMENTE ACOPLADOS. E é
exatamente por isso, que um circuito consegue trocar energia com o outro, através do
campo magnético.
O coeficiente de acoplamento mede essa interação magnética e é dado pela equação
abaixo:
𝜑𝜑𝑚𝑚
K = 𝜑𝜑
𝑑𝑑1 +𝜑𝜑𝑑𝑑2

Equação 17 - Coeficiente de acoplamento.

Cada fluxo representado na equação, é quantificado pelas suas respectivas


Indutâncias.

3.6.2 - COEFICIENTE DE ACOPLAMENTO k

𝑴𝑴𝟐𝟐 - 𝑳𝑳𝟏𝟏 *𝑳𝑳𝟐𝟐 =0


Equação 18 - Indutâncias mútuas.

NO MATERIAL FERROMAGNETICO 0.97 – 0.98


NO AR FORTE O.5
NO AR FRACO 0.1
Tabela 7 - Coeficiente de acoplamento de diferentes tipos de materiais.

Os coeficientes de acoplamentos dos materiais, estão colocados na TABELA 12, onde


observa-se, que o menor valor ocorre quando os circuitos estão acoplados através do ar,
ou seja, há uma relutância muito significativa impedindo o enlaçamento dos campos
magnéticos, FIGURA 48. Observe que mesmo com um acoplamento forte no ar, que
provavelmente são enrolamentos concêntricos ou alternados, o valor ainda é pouco
significativo diante do acoplamento com material ferro magnético mostrado na FIGURA
49.

Figura 48- Representação do fluxo mútuo.

41
Figura 49 - Representação do fluxo mútuo com material ferromagnético.

3.6.3 - ACOPLAMENTO NOS TRANFORMADORES


Em se tratando de transformadores, o aspecto construtivo com foi visto nas FIGURAS 40,
41 e 42, mostram as diferenças no acoplamento magnético entre eles.

Mesmo os três casos tendo como meio, o material ferromagnético, um outro fator aqui
se faz presente, como foi dito, a distância entre os enrolamentos. Quanto maior essa
distância, menor é o coeficiente de acoplamento.
Sob o ponto de vista de acoplamento, estes circuitos, tem comportamento bem distintos.
O concentrado (FIGURA 40, pela disposição dos enrolamentos, é possível perceber que o
coeficiente de acoplamento, deve ser o menor dentre eles, uma vez que, os enrolamentos
(AT/BT), estão a uma certa distância, um do outro, diminuindo o acoplamento.
Diferentemente, no caso do alternado (FIGURA 41), onde os enrolamentos, estão mais
próximos um dos outros, aumentando assim o acoplamento magnético. Os enrolamentos
concêntricos (FIGURA 42), pouco diferem dos alternados (melhor), no entanto pelo
exposto (ver manutenção), ainda é o mais utilizado. Vale lembrar que, o coeficiente de
acoplamento é menor, quanto menor for o fluxo MUTUO, e maior for o fluxo de
DISPERSÃO, e o fluxo de dispersão, é todo fluxo criado pela corrente de um enrolamento,
que não consegue concatenar com o fluxo criado pela corrente de outro enrolamento.
3.6.4. METODO DE IDENTICAÇÃO DC

Este método mostrado na FIGURA 50 consiste em inicialmente arbitrar os enrolamentos


H1 – A e H2 - B, aplicar tensão continua (um percentual da tensão nominal – 10 %),
CHAVE POSIÇÃO 1 e observar a deflexão do ponteiro do galvanômetro, conectado em
C e D.

Posteriormente conecte a CHAVE


NA POSIÇÃO 2 e observe novamente o
sentido da deflexão do ponteiro do
galvanômetro e conclua da seguinte
maneira: se as deflexões forem para o
mesmo lado (por ex. positivas), a
polaridade dos terminais C e D, serão
respectivamente X1 e X2, e estarão com
polaridade subtrativa com ângulo em E1
– E2, de zero grau. Em caso de deflexões
para lados diferentes, C – X2 e D – X1, e
neste caso, a polaridade será aditiva e o
Figura 50 - Identificação de polaridade.
ângulo entre E1 e E2, será de 180 graus.

42
Para o caso do método AC,
FIGURA 40, basta que apliquemos uma
tensão AC (< 50 % VN), nos terminais H1
e H2 (os enrolamentos de referência
devem ter tensão maior que os demais,
sendo permitido no máximo igual) e
observar o voltímetro VT. Se a leitura de
VT for maior que V1, se diz que a
polaridade é aditiva, então A – X2 e B –
X1 e o ângulo entre E1 e E2 é de 180
graus. Em sendo VT menor que V1, se diz
que a polaridade é subtrativa, A – X1 e B
– X2 e o ângulo é de zero grau.

Figura 51 - Identificação de polaridade em AC.

Conhecer a polaridade das bobinas, é deveras importante para se efetuar de


maneira correta, as ligações das mesmas, como pode-se observar nos exemplos a seguir.
EXEMPLO I

A B
Figura 52 - Ligação em série e paralelo de bobinas.

No exemplo da FIGURA 52, considerando que cada bobina é especificada para


110 V, os terminais X1 e X2, estão corretamente ligados em paralelo, polaridades iguais
juntas, formando uma tensão resultante de 110 V FIGURA 53 A. Já no caso da FIGURA 53
B, se a intenção era ligar dois enrolamentos em paralelo, em seguida, ligar em série com
outros dois em paralelo, o resultado não foi o desejado, pois temos a ligação de dois
terminais de mesma polaridade, fazendo com que a resultante de tensão seja zero e não
220 V. Para resolver esse problema, basta mudar a ligação série que ficou subtrativa,
para uma aditiva, como mostra a FIGURA 54.

43
Figura 53 - Ligação em série das bobinas.

EXEMPLO II
O exemplo um mostrado na FIGURA 54, os enrolamentos foram dispostos de maneira
denominada CONCENTRADO, ou seja, os enrolamentos do lado primário dispostos em
uma coluna no núcleo e os do secundário do outro lado do núcleo, como mostra a
disposição abaixo, FIGURA 54 A e B.

A B
Figura 54 - Ligação em série e paralelo.

Um outro arranjo pode ser feito, como o ilustrado na FIGURA 55, denominado
enrolamentos alternados.

Figura 55 - Ligação alternada.

Nesta ligação, o procedimento será:


1 – Interligar as bobinas 1 com 3, 6 com 8 em paralelo, e por último interligar esses dois
conjuntos em paralelo, perfazendo 4 bobinas em paralelo.
44
2 – Interligar as bobinas 2 com 4 em paralelo, em seguida interligar 5 com 7 em paralelo,
e finalmente interligar esses conjuntos em série.
Desta forma tem-se as bobinas interligadas na melhor condição em termos de
acoplamento e menor fluxo de dispersão.
4 - FUNCIONAMENTO A VAZIO

Nesta condição, o transformador tem os parâmetros conforme mostra a FIGURA


56.

Figura 56 - Funcionamento a vazio do circuito magnético.

Seu funcionamento a vazio, consiste em: ao aplicar uma tensão V10 AC, nos
terminais da bobina primária (N1), surgirá uma corrente denominada corrente de
excitação I10, cujo módulo é diretamente proporcional a relutância do circuito magnético.
Essa corrente é responsável para criar o fluxo magnético, que circulará pelo núcleo,
sendo o material de elevada permeabilidade, praticamente todo fluxo irá enlaçar ambos
os enrolamentos, daí o nome de fluxo mútuo. Este fluxo mútuo, induzirá - E1 (força
contra eletromotriz) no enrolamento primário e E2 (força eletromotriz) no enrolamento
secundário. Pelo fato do secundário estar em aberto (sem carga), não haverá corrente I2.
Então, podemos resumir que, o transformador a vazio, tem os seguintes parâmetros: V10,
FLUXO MÚTUO, I10, – E1 e E2.

4.1.ANALISE GRÁFICA DA FORMA DE ONDA DA CORRENTE I10


Em um dado momento, pode-se pensar que, ao aplicar tensão senoidal, com fluxo
também senoidal, haveria no circuito uma corrente de mesma forma. No entanto, uma
análise gráfica, mostra que há uma deformação, ou seja, a I10 não é senoidal. Além disso
seu valor não pode ser maior que 4% da corrente nominal.

45
Como pode ser visto na FIGURA 57, que mostra o fluxo concatenado (N x fi), e o
ciclo de histerese de um dado material ferromagnético real, ou seja, com perdas
magnéticas (área não nula do CH). Fazendo o traçado a partir do fluxo concatenado,
ponto de ascendência do fluxo (A) e acompanhando a variação instantânea no ciclo de
histerese ponto B, é possível medir o valor da grandeza H (Intensidade de campo
magnético), que é diretamente proporcional a corrente I10, ou seja, posso traçar o valor
da corrente, baseado no valor do H, pois, são grandezas diretamente proporcionais (N x
I = Rel x fluxo). Fazendo isso, para outros instantes, como por exemplo ponto C, que
vai corresponder ao módulo de corrente equivalente a D. Apenas por estes dois pontos,
é possível ter uma ideia do que acontecerá. Assim, pode-se observar, que a deformação,
se encontra na região média e na região de pico. Por esta observação, é possível afirmar
que a corrente de excitação I10 será tão mais deformada quanto maior for o grau de
saturação (corrente ficaria pontiaguda) e quanto maior forem as perdas no núcleo, mais
assimétrica será a corrente.
Em material hipotético, onde o
ciclo de histerese apresenta uma área
nula, porém, existe saturação, a
corrente continuará deformada, porém,
simétrica pois, os pontos B e D do CH,
tem a mesma intensidade de campo
magnético, ou seja, mesmo módulo de
corrente I10. Esta forma da corrente de
excitação é a mostarda na FIGURA 58.
Observa-se que os pontos 1 e 2 tem a
mesma amplitude, se comparado com
os pontos 1 e 2 da FIGURA 57, que tem
amplitudes diferentes.

Figura 57 - Representação de I10.

A primeira observação a se fazer da𝑰𝑰𝟏𝟏𝟏𝟏 é que ela é fortemente não senoidal para
materiais ferromagnéticos, sua deformação depende da forma do ciclo de histerese e da
saturação, quanto mais afastado da saturação menor o pico da corrente.
O valor da tensão aplicada determina o módulo do fluxo e por sua vez, a forma
de onda da corrente de excitação, em outras palavras a forma varia se mais saturado ou
menos saturado ou com mais perdas ou menos perdas no núcleo.

46
A forma de onda da corrente
de excitação, mostrada na
FIGURA 58, apresenta uma
deformação diferente, ou
seja, apenas na parte do
cume, uma vez que sendo a
área do ciclo de histerese
praticamente nula, só a
saturação irá influenciar na
sua forma.
Figura 58 - Formação de I10.

4.2.TRANSITÓRIO DA CORRENTE DE EXCITAÇÃ0 – INRUSH CURRENT


Para núcleo de ar:

Figura 59 - Transformador com núcleo de ar.

V (t) = Ri (t) + ℮ (t) A parcela Ri (t) é devida a


V (t) = Ri (t) + L di /d(t) queda no enrolamento e pode
ser desprezada quando essa
queda for pequena.
DOMÍNIO LAPLACE
V (S) = R I (S) + SL I (S)
V (S) = ( R + SL) I(S)
I(S) = V (S) / (R+SL) I(S) = V (S)

(R+SL)

-t/δ
I (t) = I [ sen (wt – φ) + ℮ sen φ] δ→ L / R
10 1 max

A expressão anterior se refere a expressão válida para os primeiros ciclos da


energização. Essa expressão para a corrente de excitação variante no tempo possui duas
parcelas uma parte puramente senoinal e uma parte puramente exponencial, ambas as
partes possuem o mesmo ângulo de defasamento φ.

47
Os transformadores quando vão alimentar uma determinada carga, é comum,
primeiramente ser alimentados a vazio e posteiormente adiciona-se a referida carga.
Neste processo, para uma tensão de alimentação senoidal e nominal, o que implica em
fluxo máximo também nominal. Acontece que, quando se enrgiza um enrolamento com
tensão alternada, sendo este enrolamento indutivo, a tensão e a corrente não estão em
fase, portanto, pode haver um fenômeno chamado de INRUSH CURRENT, durante um
certo tempo (cinco a seis ciclos), até que o sistema entre em regime permanente. Vamos
entender esse fenomeno.

Figura 60 - Defasamento angular da corrente.

Observando a FIGURA 60, que mostra uma tensão e uma corrente defasada em
atraso, de um circuito indutivo puro e com núcleo de ar, uma vez que a corrente é
totalmente senoidal. Nesse instante do regime permanente, enquanto a tensão vai do
instante 1 (ZERO CRESCENTE), passando pelo 2 (TENSÃO MÁXIMA) e depois retorna para
o ponto 3 (ZERO DECRESCENTE), a corrente saiu de A (- Imax), passando por ZERO (B)
e chega ao ponto C (+Imax). Esta observação no regime permanente é válida também
para o regime intermediário, ou regime transitório. Pode-se afirmar que durante este
tempo, a corrente só fez crescer, ou seja, indo de - Imax para +Imax. Vamos supor que
o circuito é energizado no exato momento que a tensão está no ZERO crescente (PONTO
1), isso significa que a corrente vai iniciar coincidentemente do ZERO também, pois, antes
a corrente era zero. Então a partir desse ponto a corrente deve crescer até o instante 3 da
tensão e C da corrente, com isso, pode-se afirmar que a corrente teve um tempo a mais
de crescimento (no semi-ciclo positivo) que o regime permanente, que seria de B até C.
Como resultado temos o crescimento da corrente acima de seu valor de regime
permanente a vazio (4 % da corrente nominal), que dependendo no lado primário do
transformador AT ou BT e do grau de saturação do núcleo, pode chegar a N vezes a
corrente nominal de um transformador, podendo causar sérios danos aos enrolamentos,
como mostra a FIGURA 61.

48
Figura 61 - Danos nos enrolamentos.

Este é o pior momento para se energizar um transformador.

Figura 62 - Reatores com núcleo de ar utilizados em telecomunicações pois, possuem permeabilidade constante, não
deformando a corrente.

Na FIGURA 66, tem-se um transitório no semi-ciclo positivo porque o instante de


energização foi entre zero crescente e pi sobre dois, no caso de circuito ideal, e de zero
até o ângulo de defasamento do circuito, no caso real.

Figura 63 - Representação dos enrolamentos concêntricos.

Pela configuração das bobinas, pode-se afirmar que, os maiores valores da corrente
durante o transitório, para o mesmo instante de energização, ocorre para o transformador
elevador, pois, a bobina de BT sendo o primário, está mais próxima do núcleo,
melhorando o acoplamento magnético.
Se a configuração for alternada ou concentrada não existe essa diferença no valor
de 𝐼𝐼10 para elevador ou abaixador.

49
Figura 64 - Representação do TRAFO, vista superior.

Figura 65 - - Danos causados pela corrente de energização.

Figura 66 - Corrente transitória.

Se a energização for entre pi e 3 pi sobre 2, o mesmo efeito ocorrerá, porém, no


semi-ciclo negativo.

50
O melhor momento para se energizar, é quando a tensão está no seu máximo,
FIGURA 67, pois, nesse instante a tensão está no máximo, instante 2 e a corrente vai
iniciar do zero, portanto, ela vai crescer o tempo normal (de B até C) do regime
permanente, não havendo transitório. Valores entre ZERO crescente e o ângulo de
defasamento de um circuito terão valores de transitórios menores e entre pi sobre dois e
pi, o transitório é invertido, ou seja, a corrente cresce menos que o regime permanente,
não acarretando problema ao sistema nem ao Trafo.
Este fenômeno pode ser minimizado, quando se utiliza resistores de pré inserção,
quando se energiza sistemas de grande potência, como LT (linha de transmissão) por
exemplo, FIGURA 67. Neste caso, energiza-se o sistema pelo contato auxiliar, que contem
resistores e posteriormente, fecha o contato principal e retira o auxiliar.

Figura 67 - Chaveamento no instante da energização.

O contato auxiliar, tem a função de limitar a INRUSH CURRENT, não


permitindo maiores danos causados por ela, tanto na bobina dos transformadores, como
no sistema de proteção. Para este caso a resistência é muito elevada quase não existe
transitório pois o tempo de transitório depende do tempo tal e τ = R*C ou l/R como o
circuito é somente resistivo l e C são iguais a zero o que determina tal também igual a
zero. Por isso acrescentamos ou melhor aumentamos a resistência do circuito com o
intuito de diminuir o transitório, no caso de circuito indutivo.
No caso de transformadores da rede de distribuição, pode ocorrer de o elo fusível
romper no ato da ligação, porém, os eletricistas já sabem do problema, trocam o elo
fusível queimado e energiza novamente, pois é uma questão de probabilidade. Na
segunda tentativa, pode não acontecer nada.
Quando fechamos uma chave não sabemos em que instante está a onda de tensão,
pico +, pico – ou zero, para saber em que instante precisamos medir.
Vamos observar agora um caso de transformadores energizados pelo lado de alta
tensão, lembrando que o fio pode se romper.
4.3.TRANSFORMADOR DE DISTRIBUIÇÃO

• 45 KVA 13 800 / 220 V


• In = 45000 In= 118 A
• 1.732 * 220
• In = 45000 In = 1.88 A
• 1.732 * 13800
51
Agora vamos observar o fechamento sincronizado:

Figura 68 - Fechamento AC.

Este caso é o caso onde o ângulo é tal que é considerado ângulo ideal para o
fechamento, esse ângulo é o ângulo de defasamento do circuito. Em sendo trifásico,
haverá um ângulo diferente para cada fase.

5. TRANSFORMADOR

5.1. ENSAIO A VAZIO (SEM CARGA: 𝑰𝑰𝟐𝟐 = 0)

Os objetivos do ensaio á vazio são determinar:


𝑊𝑊10 : perdas no núcleo.
𝐼𝐼10 : corrente de excitação.
E calcular:
𝑅𝑅𝑐𝑐 : resistência equivalente de perdas no núcleo.
𝑋𝑋𝑚𝑚 : reatância de magnetização.
𝐹𝐹𝐹𝐹𝑣𝑣𝑣𝑣 : fator de potência a vazio.
Esquema da ligação:

Figura 69 - Esquema das ligações

As bobinas serão ligadas de duas formas:

52
I. Alternado.
II. Concentrado.

Figura 70 - ligação concentrada.

Figura 71 - ligação alternada.

5.2. PROCEDIMENTO

Aplicar 𝑽𝑽𝑵𝑵 e𝑭𝑭𝑵𝑵 pelo lado de baixa tensão (BT).


𝑽𝑽𝑵𝑵 E 𝑭𝑭𝑵𝑵 são tensão nominal e frequência nominal.
𝑽𝑽𝑵𝑵 Porque é com esta tensão que o Trafo vai trabalhar, esta é a condição que precisamos
e queremos para conhecer as perdas.
Utilizamos o lado de baixa tensão pois a tensão nominal é menor no lado de baixa, o que
a torna mais conveniente.
𝑊𝑊𝑓𝑓 = 𝐾𝐾𝑓𝑓 *𝑉𝑉𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 *(f ∗ 𝐵𝐵𝑚𝑚á𝑥𝑥 ∗ e)2
Equação 19 - Cálculo de potência.

𝑊𝑊ℎ = 𝐾𝐾ℎ *𝑉𝑉𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 *f*𝐵𝐵𝑚𝑚á𝑥𝑥 *n com n 1.5 -2.5.


Equação 20 -Cálculo da potência em função da intensidade de campo.

𝑉𝑉
𝑒𝑒𝑒𝑒
𝜑𝜑𝑚𝑚á𝑥𝑥 = 4,44∗𝑁𝑁∗𝑓𝑓

Equação 21 - Equação do fluxo máximo.

53
𝑉𝑉10= tensão aplicada.
𝐼𝐼10 = corrente de excitação (<4% da corrente nominal).
𝑊𝑊𝑇𝑇 = potência total.
Todo equipamento é projetado para uma dada tensão nominal, essa tensão nominal é o
maior valor de referência é o valor para o qual o equipamento foi projetado, quando digo
equipamento estou me referindo ao Trafo.
A frequência que aparece na FIGURA 69 muda a densidade, o que faz mudar também o
ponto da curva de magnetização.
𝑊𝑊𝑇𝑇 = 𝑊𝑊10 + 𝑅𝑅1 *𝐼𝐼10 ^2
𝑊𝑊10 = 𝑊𝑊ℎ + 𝑊𝑊𝑓𝑓

Fluxo máximo, frequência, espessura e área do núcleo são fatores que influenciam as
perdas, no entanto esses fatores não mudam quando fazemos o ensaio do lado de alta
tensão.
Quando 𝑅𝑅1 *𝐼𝐼10 ^2 for bem menor que 10% de 𝑊𝑊𝑇𝑇 podemos assumir que 𝑅𝑅1 *𝐼𝐼10 ^2 é
desprezível de forma que 𝑊𝑊𝑇𝑇 =𝑊𝑊10 .
5.3. LADO DE AT (alta tensão)

Quando fazemos o ensaio do lado de alta tensão ou baixa tensão o valor das perdas por
histerese e Foucault são as mesmas, e o valor de potência lido pelo wattímetro é o mesmo,
o que muda é o valor de tensão e corrente com isso mudam os parâmetros que
representam o núcleo eletricamente.

𝑉𝑉1*𝐼𝐼1 =𝑉𝑉2*𝐼𝐼2
Equação 22 - Equação da preservação de potência.

Aqui também o fluxo máximo dado pela EQUAÇÃO 21 permanece constante.

N
Espessura e volume também determinam 𝑊𝑊10 .
5.4. DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS
6.
𝑊𝑊10 = 𝑉𝑉10*𝐼𝐼10*cos 𝜑𝜑(𝑉𝑉10*𝐼𝐼10)
Equação 23 - Potência de perdas a vazio.

𝑊𝑊10 = 𝑊𝑊ℎ + 𝑊𝑊𝑓𝑓

Onde 𝑉𝑉10= tensão aplicada e𝐼𝐼10 corrente de excitação medida.


𝑊𝑊10
cos 𝜑𝜑 = 𝑉𝑉
10 ∗𝐼𝐼10

Equação 24 - Cálculo do fator de potência a vazio.

54
Cos φ é o fator de potência a vazio.
𝐼𝐼𝐶𝐶 = 𝐼𝐼10 *cos 𝜑𝜑
Equação 25 - Cálculo da corrente de perda.

Onde𝐼𝐼𝐶𝐶 é a corrente equivalente as perdas no núcleo e𝐼𝐼10 equivalente as perdas por


histerese e Foucault.
𝐼𝐼𝑀𝑀 = 𝐼𝐼10 *sin 𝜑𝜑
Equação 26 - Cálculo da corrente de magnetização.

𝐼𝐼𝑀𝑀 é a corrente de magnetização.


É válido ressaltar que𝐼𝐼𝐶𝐶 e𝐼𝐼𝑀𝑀 não existem realmente, são apenas modelos matemáticos.
𝑉𝑉10
𝑅𝑅𝐶𝐶 = I𝐶𝐶

Equação 27 - Resistência de perda em série.

𝑉𝑉10
𝑋𝑋𝑀𝑀 = 𝐼𝐼𝑀𝑀

Equação 28 - Reatância de magnetização.

𝑅𝑅𝐶𝐶 e 𝑋𝑋𝑀𝑀 também não são um parâmetro físico existente mais uma representação
matemática.
6.1. REPRESENTAÇÃO DO CIRCUITO EQUIVALENTE

Figura 72 -Transformador ideal.

Aplicações:
 Verificação geral do Trafo: ruídos R, acessórios etc.
 Determinação do rendimento (n): não é unitário pois há perdas.

Lembrando que um Trafo ideal é um Trafo com a resistência do núcleo infinita fazendo
com que a corrente do núcleo seja nula e a corrente de magnetização seja igual a corrente
de excitação.

55
7. TRANSFORMADOR COM CARGA

Posição dos enrolamentos no ensaio de curto circuito.


No ensaio a vazio quase não observamos nada quanto a posição dos enrolamentos mais
agora no ensaio de curto circuito perceberemos.
7.1. FUNCIONAMENTO COM CARGA (𝑰𝑰𝟐𝟐 >0)

DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS

Figura 73 - Trafo com carga.

Aqui vamos mencionar algumas características da figura 73.


A corrente𝐼𝐼10 é uma corrente não senoidal pois é a soma de 𝐼𝐼𝑀𝑀 com𝐼𝐼𝐶𝐶 .
O fluxo𝛗𝛗21(𝑡𝑡)tem sentido contrário ao 𝛗𝛗𝑀𝑀 que o criou.
Para manter a tensão é necessário que 𝛗𝛗 = 𝛗𝛗 para que o fluxo mútuo se
12(𝑡𝑡) 21(𝑡𝑡)
mantenha constante, o limite dessa condição é a corrente nominal, qualquer valor acima
disso ocorre a sobre carga. A condição nominal foi a condição para a qual o equipamento
foi projetado.
56
7.2. EQUAÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO SEG DE ΦD E ΦDM

𝜑𝜑𝑑𝑑1 Parte de 𝜑𝜑12 que não concatena com a bobina do secundário. 𝜑𝜑𝑑𝑑 muda com a posição
dos enrolamentos.
𝑉𝑉1(𝑡𝑡) = 𝑅𝑅1 *𝐼𝐼1(𝑡𝑡) + 𝑒𝑒1(𝑡𝑡) [1]
Equação 29 - Tensão total no primário.

Esta equação é uma equação matemática pelo ponto de vista do primário, esquecendo o
secundário.
R i (t) esta parcela da equação corresponde a queda na resistência do primário.
1 1

e (t) já esta parcela corresponde a tensão induzida total.


1T

Vale lembrar que estamos considerando 𝑰𝑰𝟐𝟐 = 0 o que é apenas uma consideração teórica
pois isso nunca acontece na realidade.
𝑑𝑑𝜑𝜑1
𝑒𝑒1(𝑡𝑡) = 𝑁𝑁1 * *𝑇𝑇(𝑡𝑡) [2]
𝑑𝑑 𝑡𝑡

Equação 30 - Tensão induzida no primário.

Dai chegamos em:


𝜑𝜑1 *𝑇𝑇(𝑡𝑡) = φ*𝑑𝑑1 + 𝜑𝜑𝑚𝑚 [3]
Equação 31 - Fluxo total.

Que corresponde ao fluxo total, ou seja, o fluxo total é a soma do fluxo de dispersão com
o fluxo mútuo.
Agora substituindo (3) em (2) e (2) em (1) temos:
𝑑𝑑𝜑𝜑1 𝑑𝑑𝜑𝜑𝜑𝜑
𝑉𝑉1(𝑡𝑡) = 𝑅𝑅1 *𝐼𝐼1(𝑡𝑡) + 𝑁𝑁1 * *𝑑𝑑𝑙𝑙 + 𝑁𝑁1 * [4]
𝑑𝑑 𝑡𝑡 𝑑𝑑 𝑡𝑡

Equação 32 - Tensão total no lado primário.

Onde:
𝑅𝑅1 *𝐼𝐼1(𝑡𝑡) = queda de tensão no enrolamento primário.
𝑑𝑑𝜑𝜑1
𝑁𝑁1 * *𝑑𝑑𝑙𝑙 = tensão induzida causada pelo fluxo de dispersão.
𝑑𝑑 𝑡𝑡

𝑑𝑑𝜑𝜑𝜑𝜑
𝑁𝑁1 * = tensão induzida pelo fluxo mútuo.
𝑑𝑑 𝑡𝑡
𝜆𝜆
Sendo L = 𝑖𝑖 e que λ = N*φ temos que: L = N*φ / i
Multiplicar e dividir por di:
𝑑𝑑𝜑𝜑(𝑡𝑡) ∗𝑑𝑑𝑙𝑙 𝑑𝑑 𝑑𝑑
𝑁𝑁1 * * 𝑑𝑑𝑖𝑖 e = L*𝑑𝑑𝑖𝑖 𝑉𝑉1(𝑡𝑡) = 𝑅𝑅1 *𝐼𝐼1(𝑡𝑡) + j*W*L*𝑑𝑑1 + 𝐸𝐸1
𝑑𝑑𝑖𝑖 𝑡𝑡 𝑡𝑡
Agora para 𝐼𝐼1 ≠0 e 𝐼𝐼𝑆𝑆 =0 temos:

𝑉𝑉1=𝑅𝑅1 *𝐼𝐼1 + j*X*𝑑𝑑1 *𝐼𝐼1 +𝐸𝐸1


Equação 33 - Tensão induzida para Is=0.

Para Trafo a vazio temos 𝑽𝑽𝟏𝟏 =𝑬𝑬𝟏𝟏 pois 𝑰𝑰𝟏𝟏 =𝑰𝑰𝟏𝟏𝟏𝟏 e 𝑹𝑹𝟏𝟏 *𝑰𝑰𝟏𝟏 ≈0.
57
𝑬𝑬𝟏𝟏 é a força eletromotriz induzida no primário.
Já pelo lado o secundário, ou seja, para 𝐼𝐼1 =0 e 𝐼𝐼𝑆𝑆 ≠0 temos:
𝑉𝑉𝑠𝑠 =𝑅𝑅𝑠𝑠 *𝐼𝐼𝑠𝑠 + j*w*L*𝑑𝑑𝑠𝑠 *𝐼𝐼𝑠𝑠 +𝐸𝐸𝑠𝑠
𝐼𝐼2 = - 𝐼𝐼𝑆𝑆
𝑉𝑉2= -𝑅𝑅2 *𝐼𝐼2 - j*w*L*𝑑𝑑2 *𝐼𝐼2 +𝐸𝐸2
E então chegamos que:
𝐸𝐸2 = 𝑉𝑉2+𝑅𝑅2 *𝐼𝐼2 +j*X*𝑑𝑑2 *𝐼𝐼2
• 𝐸𝐸2 Fonte de força eletromotriz do secundário.
• 𝑉𝑉2 Queda na carga propriamente dita.
• 𝑅𝑅2 *𝐼𝐼2 Queda no enrolamento do secundário.
• j*X*𝑑𝑑2 *𝐼𝐼2 Queda na reatância de dispersão no enrolamento do secundário.
7.3. REPRESENTAÇÃO DO CIRCUITO EQUIVALENTE COMPLETO

Figura 74 - Circuito completo.

Da onde tiramos as seguintes equações:


𝑉𝑉1=𝑅𝑅1 *𝐼𝐼1 + j*x*𝑑𝑑1 *𝐼𝐼1 +𝐸𝐸1
Equação 34 - Equação total no primáio.

𝑉𝑉2=𝑅𝑅2 *𝐼𝐼2 + j*x*𝑑𝑑2 *𝐼𝐼2 +𝐸𝐸2


Equação 35 - Equação total no secundário.

7.4. RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO E IMPEDÂNCIA


TRAFO IDEAL.

Vamos listar aqui algumas das características para que possamos considerar um Trafo
ideal.
I. A corrente no transitório não tem saturação, então B não cresce muito.
II. Não há perdas, ou seja, histerese=0.
III. A corrente de excitação é senoidal.
IV. A corrente no transitório equivale a duas vezes a nominal.
𝑑𝑑𝜑𝜑𝜑𝜑 𝑑𝑑𝜑𝜑𝜑𝜑
𝐸𝐸1 = 𝑁𝑁1 * 𝐸𝐸2 = 𝑁𝑁2 *
𝑑𝑑𝑡𝑡 𝑑𝑑𝑡𝑡

𝐸𝐸1 𝑁𝑁1
𝐸𝐸2
= =α
𝑁𝑁2

Equação 36 - Relação de transformação.

58
𝑉𝑉1 = 𝐸𝐸1 e 𝑉𝑉2 = 𝐸𝐸2 , da onde tiramos que: 𝑁𝑁1 *𝐼𝐼1 = 𝑁𝑁2 *𝐼𝐼2
𝑉𝑉 𝐸𝐸1 𝑁𝑁1 𝐼𝐼
α = 𝑉𝑉1 = 𝐸𝐸2
= = 𝐼𝐼2
2 𝑁𝑁2 1

TRAFO REAL.

Para o Trafo real temos que considerar as seguintes características:


I. Há perdas no núcleo e no enrolamento.
II. A corrente de excitação é não senoidal, tem-se um alto transitório.

𝑉𝑉1 > 𝐸𝐸1 e 𝐸𝐸2 > 𝑉𝑉2


Equação 37 - Desigualdade que representa as funções.

Essa desigualdade ocorre por conta das quedas.


𝑉𝑉1 𝐸𝐸
𝑉𝑉2
≠ 𝐸𝐸1
2

𝑉𝑉1 = 𝑍𝑍1 *𝐼𝐼1 , 𝑉𝑉2 = 𝑍𝑍2 *𝐼𝐼2


De onde tiramos a relação de transformação:
𝑉𝑉 𝑍𝑍 ∗𝐼𝐼
α = 𝑉𝑉1 = 𝑍𝑍1 ∗𝐼𝐼1
2 2 2

𝑍𝑍 𝑉𝑉1 𝐼𝐼
𝛼𝛼 𝟐𝟐 = 𝑍𝑍1 , 𝑉𝑉2
= α e também: α = 𝐼𝐼2
2 1

Nós utilizamos essas relações para representar um parâmetro (𝑍𝑍2 ) no mesmo nível
elétrico que o outro (𝑍𝑍1 ), ou seja, para representar um parâmetro de um lado no outro
lado sem perder as suas características.

6.5 – REFLEXÃO DOS PARÂMETROS

Figura 75 - Circuito equivalente de reflexão.

Nesta FIGURA 75, o transformador é representado com todos os parâmetros encontrados


nos ensaios a vazio e em curto circuito.
REFLETINDO AO PRIMÁRIO

59
Figura 76 - Parâmetros refletidos ao 1º - MESMO NÍVEL ELÉTRICO

Nesta FIGURA 76, despreza-se os elementos em paralelo porque o máximo que esse
parâmetro faz é se a corrente de excitação causar uma queda na indutância primária que
é muito pequena comparada com 𝑍𝑍1 *𝐼𝐼′1 que é a quantidade refletida no primário.
𝑍𝑍
𝛼𝛼 2 = 𝑍𝑍1
2

Figura 77 - Parâmetros agrupados e somados.

Representação final.

Figura 78 - Representação final.

Sistema de potência.

Figura 79 - Representação em sistema de potência.

Considera-se o Trafo como reator, na verdade ele pode ser representado como tal.

60
X >>>>R

Quase sempre podemos usar esta aproximação, dependendo da precisão dos cálculos.
7.5. ENSAIO EM CURTO CIRCUITO

Os objetivos do ensaio de curto circuito são determinar:


𝑊𝑊𝐶𝐶𝐶𝐶 E 𝑉𝑉𝐶𝐶𝐶𝐶
Calcular:
𝑅𝑅𝐶𝐶𝐶𝐶 , 𝑋𝑋𝐶𝐶𝐶𝐶 E 𝑍𝑍𝐶𝐶𝐶𝐶
Onde:
𝑊𝑊𝐶𝐶𝐶𝐶 Potência consumida nos enrolamentos nesse ensaio (medido).
𝑉𝑉𝐶𝐶𝐶𝐶 Tensão de curto circuito, é a máxima tensão aplicada nos terminais do primário
estando o secundário em curto circuito para fazer circular a corrente nominal.
𝑅𝑅𝐶𝐶𝐶𝐶 Resistência equivalente de perda no enrolamento no lado em que faz o ensaio.
𝑋𝑋𝐶𝐶𝐶𝐶 Reatância de curto circuito.
𝑍𝑍𝐶𝐶𝐶𝐶 Impedância de curto circuito.

Figura 80 - Esquema em corrente contínua.

Procedimento:
Aplica-se tensão variando até o amperímetro indicar corrente nominal.
Alimentar com𝐼𝐼𝑁𝑁 o lado de alta tensão, alimentamos o lado de alta tensão pois é o lado
de menor corrente, ou seja, mais fácil de se obter. Para se fazer o ensaio no lado de baixa
no laboratório com o wattímetro é preciso levar em conta o limite de 5 [A].
𝐼𝐼𝑁𝑁 = 𝐼𝐼𝑐𝑐𝑐𝑐 = 𝑆𝑆𝑁𝑁 / 𝑉𝑉𝑁𝑁
Essa corrente nominal𝐼𝐼𝑁𝑁 é chamada de corrente de curto circuito durante o ensaio de
curto.
𝑊𝑊10 = 𝑊𝑊ℎ + 𝑊𝑊𝑓𝑓 daí:

𝑊𝑊𝑇𝑇 = 𝑅𝑅𝐶𝐶𝐶𝐶 * 𝐼𝐼𝐶𝐶𝐶𝐶 2


Equação 38 - Determinação da potência a nível de curto.

61
A perda a vazio neste caso𝑊𝑊10 é desprezível por conta disso, segundo a literatura a tensão
de curto circuito não pode ultrapassar 10% da tensão nominal. As perdas no enrolamento
dependem da tensão, se ela não for pequena a perda é considerável por isso não podemos
desprezá-la.
𝑉𝑉𝐶𝐶𝐶𝐶 = 𝑍𝑍𝐶𝐶𝐶𝐶 *𝐼𝐼𝐶𝐶𝐶𝐶
𝑅𝑅𝐶𝐶𝐶𝐶 = 𝑅𝑅𝐶𝐶𝐶𝐶 + 𝑅𝑅𝜑𝜑𝜑𝜑
Equação 39 - Resistência de curto circuito.

O fluxo de dispersão influência na resistência equivalente do transformador W=R*𝐼𝐼 2 se


isso mudar de concentrado para alternado é porque a resistência mudou, devido ao fluxo
de dispersão.
𝑹𝑹𝑪𝑪𝑪𝑪 Dependendo da impedância equivalente do enrolamento a tensão de curto circuito
será maior ou menor.
Aplicações:
 Determinar o rendimento.
 Regulação de tensão.
 Paralelismo.
 Nível de curto circuito: máxima corrente que o Trafo deve suportar por algum
tempo, quer saber qual a corrente gerada quando damos curto no secundário e
aplicamos tensão nominal no primário.
INFLUÊNCIA DA POSIÇÃO DOS ENROLAMENTOS NO ENSAIO DE CC

Figura 81 - ligação série.

Figura 82 - Ligação paralelo.

Concentrado: 𝑉𝑉𝐶𝐶𝐶𝐶 > 10% e 𝑅𝑅𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑋𝑋𝐶𝐶𝐶𝐶

62
Figura 83 - Alternada.

Alternado: VCC < 10 % RCC↓ XCC↓.


8. TRANSFORMADOR MONOFÁSICO COM CARGA
Os transformadores são projetados para operar com capacidade que pode variar de
poucos percentuais de carga (10, 20%), até a plena carga, ou seja, carga nominal (100%).
Dependendo do tipo de carga alimentada pelo transformador, o desempenho do
equipamento muda significativamente.
Basicamente, podemos classificar as cargas (IMPEDÂNCIA COLOCADA EM
PARALELO NO SECUNDÁRIO) como sendo: RESISTIVA, INDUTIVA e
CAPACITIVA. No entanto, estas cargas estão presentes na forma de RL, RC ou RLC,
para tanto, faz-se necessário compreender a influência de cada uma delas no
transformador e no alimentador.
A FIGURA 59 foi utilizada para mostrar o princípio de funcionamento do transformador,
e os parâmetros ali existentes, estão representados no circuito elétrico equivalente na
FIGURA 84.

Figura 84 - Representação de resistências e reatâncias do lado primário e secundário do TRAFO.

Os parâmetros mostrados na FIGURA 84, como Z1 e Z2, que representam as resistências


ôhmica do primário/secundário, e as reatâncias de dispersão do primário/secundário,
foram encontrados no ensaio de CC, enquanto que os parâmetros RC e XM, representando
as perdas no núcleo e a reatância de magnetização, no ensaio a Vazio. As equações do
circuito elétrico do primário e do secundário em regime permanente, estão representadas
abaixo:
𝑉𝑉1=𝑅𝑅1 *𝐼𝐼1 + j*x*𝑑𝑑1 *𝐼𝐼1 +𝐸𝐸1
Equação 40 - Equação do primário a vazio

𝑉𝑉2=𝑅𝑅2 *𝐼𝐼2 + j*x*𝑑𝑑2 *𝐼𝐼2 +𝐸𝐸2


Equação 41 - Equação do secundário a plena carga.

63
Estas equações regem o comportamento do transformador, desde a vazio até a plena
carga, da seguinte forma, quando não houver carga, a corrente I2 é igual a zero, a equação
41 se resume a E2 = V2, pois, sem corrente secundária, não há fluxo de dispersão,
portanto, não há queda de tensão nem na reatância muito menos na resistência. No
primário, as quedas na resistência e na reatância de dispersão, deixam de existir, pois, a
corrente para a ser somente a corrente de excitação I10, 4% da corrente nominal, ficando
V1 = E1
É possível representar parâmetro de um lado do transformador (secundário, por exemplo)
em outro lado (primário por exemplo). Esta reflexão de parâmetros facilita a resolução
de problemas referentes a transformadores, uma vez que, colocamos ambos os lados em
um mesmo nível de tensão, ou para o lado de AT ou lado de BT, qual for mais
conveniente. Sendo assim, ao refletir os parâmetros do primário para o secundário, temos
a FIGURA 85.

Figura 85 - Parâmetros refletidos.

8.1. REGULAÇÃO DE TENSÃO

Com base na figura 86, pode-se analisar o comportamento da tensão, sob o ponto de vista
fasorial ou utilizando-se de equações matemáticas em regime permanente.
DEFINIÇÃO: REGULAÇÃO DE TENSÃO É A RAZÃO ENTRE A DIFERENÇA DE TENSÃO A
VAZIO, ATÉ A PLENA CARGA, PELA TENSÃO A PLENA CARGA, EQUAÇÃO 3.
𝐸𝐸2 −𝑉𝑉2
R% = *100
𝑉𝑉2

Equação 42 - Regulação de tensão em porcentagem.

𝐸𝐸2 - TENSÃO PRIMÁRIA, APLICADA AOS TERMINAIS DO TRANSFORMADOR.


𝑉𝑉2 - TENSÃO COM CARGA NOMINAL.

Com os valores de 𝐸𝐸2 e 𝑉𝑉2 , pode-se determinar a regulação de tensão. A expressão


matemática que é utilizada para determinar o 𝐸𝐸2 para este caso resistivo é:
𝐸𝐸2 =𝑉𝑉2 + 𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒2*𝐼𝐼2 + j𝑋𝑋𝑒𝑒𝑒𝑒2*𝐼𝐼2
Equação 43 - Equação da tensão no secundário para teor resistivo

8.1.1. CARGA RESISTIVA

64
Figura 86 - Diagrama fasorial para carga resistiva.

Em se tratando de carga resistiva, a corrente I2 está em fase com a tensão V2 na carga.


Sabendo que a queda de tensão na resistência equivalente também está em fase com a
tensão, o fasor Req2 x I2 soma-se a V2, e ainda fazendo um ângulo de 90 graus (J), temos
a queda de tensão na reatância indutiva do transformador, que ao somar com a anterior,
tem-se a tensão total de alimentação V1/α = E*2.
8.1.2. CARGA INDUTIVA

Neste caso, como mostra a figura abaixo,

Figura 87 - Diagrama fasorial para carga indutiva.

Diferentemente do caso anterior, o ângulo entre a tensão V2 e a corrente I2 na carga, é


diferente de zero e tem uma deslocamento no sentido horário, carga indutiva. Isto, faz
com que a tensão na carga apresente duas componentes, V2 cos e outra V2 sen,
diferentemente do caso resistivo, de sorte que com base no diagrama fasorial, a expressão
matemática fica:
𝐸𝐸2 = 𝑉𝑉2*cos 𝜃𝜃2 + 𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒2*𝐼𝐼2 + j(𝑉𝑉2*sin 𝜃𝜃2 + 𝑋𝑋𝑒𝑒𝑒𝑒2*𝐼𝐼2 )
Equação 44 - Equação 43 escrita de outra forma.

Com um pouco de observação, pode-se notar que se fixarmos o valor de V2 na carga,


para mesma queda de tensão, porém fator de potência indutivo, a regulação será maior.
8.1.3. CARGA CAPACITIVA

Este tipo e carga, tem uma particularidade que, pela nomenclatura o deslocamento é no
sentido anti-horario, figura abaixo.

65
Figura 88 - Diagrama fasorial para carga capacitiva.

Neste caso, quando observarmos a equação para determinarmos a E*2, o sinal que antes
era positivo, ficou negativo, fazendo com que a parcela da queda na reatância indutiva
do transformador, fosse diminuída e não somada, implicando em uma regulação menor.
𝐸𝐸2 = 𝑉𝑉2*cos 𝜃𝜃2 + 𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒2*𝐼𝐼2 + j(𝑉𝑉2*sin 𝜃𝜃2 - 𝑋𝑋𝑒𝑒𝑒𝑒2 *𝐼𝐼2 )
Equação 45- Tensão no secundário para cargas capacitivas.

Conceitualmente, pode-se afirmar que a corrente com característica capacitiva, não cria
um fluxo desmagnetizante no transformador, como é o caso da corrente resistiva e
indutiva, dai, o uso do capacitor, para compensar os reativos indutivos e elevar o nível
de tensão nos barramentos.

Figura 89 - Lugar geométrico das tensões.

Regulação negativa significa conseguir um valor de tensão aplicada menor que a tensão
induzida (com efeito de ângulo). O que altera a regulação é basicamente o ângulo da
carga.
Para uma melhor regulação tem se que mudar o TAP e aumentar a tensão no alimentador
ou a carga.

66
Figura 90 - Curva de carga de consumidor residencial.

Figura 91- Curva de carga para consumidor comercial.

Esses gráficos são importantes para saber como o transformador está trabalhando e se
precisar qual seria a melhor regulação destinada a ele.

Figura 92 - Regulador de tensão.

67
Figura 93 - Regulador de tensão monofásico.

Figura 94 - Regulador de tensão TAP's.

Neste caso o TAP muda o número de espiras para regular a tensão eficaz.
𝑽𝑽𝒆𝒆𝒆𝒆
𝝋𝝋𝒎𝒎á𝒙𝒙 = 𝟒𝟒.𝟒𝟒𝟒𝟒∗𝑵𝑵∗𝒇𝒇

Figura 95 - Reguladores de tensão.

Figura 96 - Regulador de tensão em blocos.

68
Figura 97 - regulação TCUL

Figura 98 - Regulador de tensão monofásico.

AUTOTRANSFORMADOR

16 P CIMA – 16 P BAIXO
10 % PASSO DE 0.625 %

8.2.RENDIMENTO

8.2.1. DEFINIÇÃO (ƞ): É A RAZÃO ENTRE A POTÊNCIA ATIVA DE


SAÍDA (PS), SOBRE A POTÊNCIA ATIVA DE ENTRADA (PE),
equação 46.
𝑷𝑷𝑺𝑺
η=
𝑷𝑷𝑬𝑬

Equação 46 - Cálculo do rendimento.

A potência ativa de saída, é V2I2COS θ2 e a potência ativa de entrada é igual a da saída,


acrescida das perdas (núcleo –W10 e enrolamentos WCC). Desta forma a expressão geral
para determinação do rendimento é mostrado na equação 47.
𝑉𝑉2 ∗𝐼𝐼2 ∗cos 𝜃𝜃2
η = 𝑉𝑉 ∗𝐼𝐼 2
2 2 ∗cos 𝜃𝜃2 +𝑊𝑊10 +𝑅𝑅𝐶𝐶𝐶𝐶 ∗𝐼𝐼 𝐶𝐶𝐶𝐶

Equação 47 - Equação para o rendimento em função da potência ativa

Os transformadores sempre que possível, devem operar com rendimento máximo, para
tanto, deve-se adequar seu tipo construtivo para cada aplicação, por exemplo, rede de

69
distribuição e sistema de potência. Estudos mostram que o rendimento máximo de um
transformador, ocorre quando houver a igualdade entre a potência consumida nos
enrolamentos e a potência consumida no núcleo. Pelo fato de que as perdas no núcleo
não variam, pois, mesmo a vazio o transformador deve estar com tensão nominal e
consequentemente, perdas plenas W10, enquanto que as perdas nos enrolamentos, variam
com o quadrado da corrente secundária. Posto isto, as perdas nos enrolamentos é que
deve igualar as perdas no núcleo, e então, dependendo da característica construtiva do
transformador, ele pode te5r rendimento máximo a plena carga ou a meia carga. Os
consumidores residenciais têm um perfil médio de carga, mostrado na FIGURA 99.

Figura 99 - Perfil de carga do consumidor.

Neste caso, predominantemente a carga varia na faixa de 0,4 KW, recomendado que o
transformador tenha rendimento máximo nesta faixa de corrente, ou seja, fora da plena
carga. Este valor pode representar a meia carga de um Transformador de distribuição,
por exemplo.

Figura 100 - Perfil de carga da distribuição

Então pode-se afirmar que conhecer o perfil de carga do consumidor, é condição sine
qua non para um bom rendimento dos transformadores. Outro caso, comum, são os
transformadores de potência ou força, cuja carga a alimentar, são linhas de transmissão
(LT) que invariavelmente estão operando a plena carga. Estes transformadores, são
fabricados para operar nesta condição, ou seja, W10 = WCC, conforme mostra a curva do
rendimento da FIGURA 101.

70
Figura 101 - Rendimento em função da carga

Como pode-se observar na FIGURA 101, a medida que o transformador vai assumindo
mais carga, o seu rendimento só aumenta, chegando ao máximo, quando estiver a plena
carga.
9. AUTOTRANSFORMADORES

9.1.DEFINIÇÃO
PELA NORMA NBR 5356, É UM TRANSFORMADOR NO QUAL, OS
ENROLAMENTOS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS, TEM CERTO NÚMERO
DE ESPIRAS EM COMUM.
São também conhecidos como, transformadores com um único enrolamento;
transformadores com uma ligação física entre o primário e o secundário.
Todas as denominações estão corretas, como pode-se ver na representação de um
autotransformador abaixador, FIGURA 102.

Figura 102 - Representação física de um autotransformador

Nesta representação, observa-se que os enrolamentos N1 e N2, realmente são interligados,


formando um nó e que, o enrolamento N2 faz parte do primário e do secundário,
confirmando as definições. Tem-se a tensão V1, de alimentação do primário, I1, corrente
primária, I2, corrente de carga, VP, tensão no enrolamento parcial do primário e V2,
tensão secundária. A corrente IC, corrente no enrolamento comum, é a diferença entre
I2 e I1, pelo fato do AT ser abaixador,
𝑉𝑉1>𝑉𝑉2 𝐼𝐼2 >𝐼𝐼1 e 𝐼𝐼𝐶𝐶 = 𝐼𝐼2 -𝐼𝐼1
Pelo fato dos autotransformadores serem transformadores, todos os conceitos referentes
a transformadores são aplicados ao autotransformador, como: funcionamento a vazio,
forma de onda da corrente de excitação, ensaio a vazio e de curto circuito, regulação de
tensão e rendimento.
71
Vamos destacar as diferenças que o AT tem, em relação ao TR.

9.2.RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO

A relação de transformação no TR, é a razão entre N1/N2, que é igual a V1/V2. Se


observarmos o AT, a razão entre N1 e N2, não é mais V1/V2 e sim VP/V2. Ao substituir o
valor de VP por V1 – V2, tem-se a nova relação de transformação do AT, ou seja:
𝑉𝑉 𝑁𝑁1 +𝑁𝑁2
α = 𝑉𝑉1 =
2 𝑁𝑁2

Equação 48 -relação de transformação

Nesta equação, pode-se observar que o enrolamento N2, faz parte do primário e do
secundário, simultaneamente, o que implica em uma diferença construtiva entre o AT e
o TR. Por esta rqazão, a relação de transformação do AT, segundo os fabricantes, não
deve exceder a 1:3 *. Esta restrição se deve ao fato de que o enrolamento N2 (no caso
abaixador), deve ter isolação elétrica para a tensão total do primário, fazendo com que o
enrolamento N2 necessite de uma isolação reforçada, e isto gera custo de fabricação.

9.3.TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA
Partindo da premissa que há uma ligação física entre o primário e o secundário e
utilizando dos mesmos conceitos dos TR, podemos chegar a uma equação, que vai
mostrar as parcelas de potencias transferidas do primário para o secundário no AT.
Observe a sequência das equações abaixo,
𝑉𝑉1>𝑉𝑉2 𝐼𝐼2 >𝐼𝐼1
𝐼𝐼2 = 𝐼𝐼1 +𝐼𝐼𝐶𝐶
𝑉𝑉1*𝐼𝐼1 = 𝑉𝑉2*𝐼𝐼2
𝑉𝑉1 = 𝑉𝑉𝑝𝑝 + 𝑉𝑉2

(𝑉𝑉𝑝𝑝 + 𝑉𝑉2)* 𝐼𝐼1 = 𝑉𝑉2*𝐼𝐼2

𝑉𝑉𝑝𝑝 *𝐼𝐼𝑝𝑝 + 𝑉𝑉2*𝐼𝐼1 = 𝑉𝑉2*𝐼𝐼2


Equação 49 - Conservação de potência elétrica.

Chegou-se a essa equação, com base no princípio de funcionamento do transformador.


Então, mais uma vez, confirma que o AT transfere potência do primário para o
secundário de duas maneiras: por transformação (VP x I1) e por condução (V2 x I1). Para
confirmar estas parcelas, basta considerar um AT de relação de transformação unitária,
só haveria potência transferida por condução, ou seja, V2 x I1.
Devido a característica construtiva de um único enrolamento, o AT tem desempenho que
se pode afirmar que é melhor que os TR, sob o ponto de visto de: menor número de
espiras, utilizar menos espaço físico, ter menor tamanho, menor custo, menor peso, ter
um maior rendimento e uma menor regulação de tensão. Esta comparação só é válida
para ambos, TR e AT, de mesma potência e tensões nominais, o que acaba limitando*
um pouco o uso do AT, mesmo assim, o AT, pode ser utilizado em:

72
1 - Partida de Motores;
2 – Fonte de alimentação em laboratório (variador de tensão);
3 – Interligação de sistemas em LT.
1 - Na partida com carga, os motores, solicitam do alimentador, uma corrente acima
da nominal. Esse aumento repentino de corrente nos alimentadores, não é
interessante, pois, se forem muitos motores partindo ao mesmo tempo, pode levar ao
afundamento de tensão nesse barramento. Para evitar ou minimizar este efeito, são
utilizados diferentes métodos de partidas de motores, como, chave estrela/triangulo,
chave soft starter, e autotransformadores FIGURA 104, A e B.

Figura 103 - Autotransformador.

𝑁𝑁1 𝑉𝑉 600 1
= 𝑉𝑉1 = 1200 = 2
𝑁𝑁2 2

CARACTERÍSTICAS
𝑅𝑅𝐶𝐶𝐶𝐶 Resistência equivalente cc menor, menos espiras, enrolamentos mais
próximos além disso o fluxo de dispersão é menor logo a resistência equivalente cc
também é menor.
𝑋𝑋𝐶𝐶𝐶𝐶 Pelos enrolamentos estarem mais próximos o fluxo de dispersão é menor
logo a reatância de curto circuito também é menor.
𝑊𝑊𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑊𝑊𝐶𝐶𝐶𝐶 = 𝑅𝑅𝐶𝐶𝐶𝐶 *𝑖𝑖 2 já que𝑅𝑅𝐶𝐶𝐶𝐶 diminui então𝑊𝑊𝐶𝐶𝐶𝐶 também diminui.
𝑊𝑊10 Depende do comportamento do núcleo, em um autotraformador o núcleo
é menor, como as perdas do núcleo dependem do volume então essa potência também
diminui.
Rendimento maior, porque tem menos percas.
Nível curto maior: a tensão nominal e o curto no secundário aumenta a temperatura,
tensão e vibração.
Isolação reforçada: um enrolamento de 110 [V] deve suportar 220 [V] do outro
enrolamento.
Ligação física: toda ligação física é um elo fraco.
APLICAÇÕES
I. Partida de motores: para diminuir a alta corrente de partida do motor.
II. Variador de tensão: varivolt.
III. Se [ 138/ 230 KV ] interligação de linhas de transmissão níveis de tensão próximos.

73
Ao AT são uma opção para reduzir a tensão no motor de 80% – 65% da tensão nominal,
durante a partida e logo em seguida, o motor volta a ser alimentado com tensão nominal.

A B
Figura 104 - - A: DIagrama Partida de motor B: AT

2 – Em laboratório de ensino e/ou pesquisa, é muito comum utilizar-se de fonte de


alimentação variável, por motivo de segurança, e neste caso, os AT são os preferidos.

Figura 105 - Varivolt monofásico.

74
10. PARALELISMO DE TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS
10.1. Objetivos:
o Aumentar a potência nominal do conjunto
o Aumentar a confiabilidade do sistema
o Diminuir o tamanho das unidades
O aumento da potência se dá através do aumento da corrente total fornecida à carga,
uma vez que, como o próprio nome diz paralelismo, a condição é de mesma tensão. A
confiabilidade vai aumentar devido a quantidade de transformadores em paralelo, sendo
que, com a saída de uma ou duas unidades, os demais transformadores podem assumir
quase que a totalidade da carga, garantindo uma continuidade do fornecimento de energia.
A diminuição do tamanho das unidades, se deve a facilidade de manuseio,
manutenção e transporte dos transformadores menores em relação aos de maior
dimensão.
10.1.1. Tipos de paralelismo:
o Somente no primário;
o Somente no secundário;
o Em ambos os lados;
10.1.2. Somente no Primário:
O paralelismo somente no primário, é o tipo mais simples de conexão em paralelo,
pois, só requer que as tensões primárias sejam iguais. Não requer que as potências
nominais nem as impedâncias equivalentes sejam iguais. Neste caso, os secundários
dos transformadores não compartilham cargas entre si, permitindo que cada
transformador trabalhe de forma quase que independente. Este tipo, está representado

Figura 106 - Conexão de transformadores em paralelo somente no primário

na Figura 106, onde pode-se observar que as cargas são completamente independentes
e que os primários de cada transformador, assumem

75
apenas sua própria carga, independentemente dos demais transformadores. Este é o
típico exemplo de paralelismo da rede de distribuição, onde os transformadores
normalmente são de potencias e impedâncias diferentes.
10.2. Somente Secundário:
O paralelismo somente no
secundário, Figura 107, requer mais
parâmetros para análise, além das
tensões nominais secundárias.
Deve- se analisar, as impedâncias
equivalentes dos
transformadores versus
potencias nominais e a razão
reatância/resistência, ou o arco
tangente de (X/R). As
Figura 107 - Conexão de transformadores em paralelo somente no secundário

tensões nominais secundárias devem ser iguais ou muito próximas

76
umas das outras para evitar o aparecimento de uma corrente chamada corrente circulante.
A Figura 108, mostra dois enrolamentos com tensões diferentes e ao conectarmos os
terminais H1 com H1’, haverá o aparecimento da referida corrente, Figura 109. Esta
corrente é diretamente proporcional a diferença de tensão e inversamente proporcional a
soma das impedâncias dos transformadores. Desta forma, quanto maior for a diferença
de tensão entre os terminais secundários, maior será a corrente circulante. Esta corrente não
deve exceder a 5% da corrente de excitação, (I10 = 5% de IN). Quanto maior for a corrente
circulante, menor será a corrente fornecida à carga pelo transformador, em caso de
fornecer à

Figura 108 - Diferença de potencial (H1 e H1')


Figura 109 - Corrente circulante no paralelismo somente
no secundário

carga a corrente nominal do transformador, o referido transformador estará


trabalhando com sobrecarga.

77
Vale lembrar que, a diferença de potencial entre os terminais secundários
desaparece assim que a corrente circulante passa a existir. Esta corrente faz com que o
transformador de menor tensão nominal tenha uma elevação de tensão, portanto, cria um
fluxo magnetizante e o transformador de maior tensão, tenha sua tensão reduzida (Fluxo
desmagnetizante). Vide Figura 109.
Este paralelismo requer uma análise relacionando as potências nominais com
as impedâncias equivalentes dos transformadores, da seguinte forma: transformadores
com impedâncias diferentes assumem cargas diferentes e transformadores com
impedâncias iguais assumem igualmente a carga. No caso de impedâncias diferentes,
o módulo da corrente será inversamente proporcional ao da impedância, em outras
palavras, pelo transformador de menor impedância circulará maior corrente e
naturalmente pelo transformador de maior impedância circulará menor corrente. Desta
forma para que transformadores de impedâncias diferentes devem ter potências
nominais diferentes e inversamente proporcionais as suas respectivas impedâncias para
fornecer suas potências nominais à carga.
10.2.1. Primário e Secundário:
O paralelismo em ambos os lados, basicamente opera com as condições
simultâneas do que foi mencionado para os casos só no primário e somente no
secundário. Neste caso os transformadores deverão ter tensões nominais iguais
primárias, tensões nominais secundárias iguais e potências nominais compatíveis
com suas respectivas impedâncias, procurando sempre fornecer às cargas as respectivas
potências nominais de todos os transformadores conectados.

Figura 110 - paralelismo no primário e secundário

Parâmetros de análise:
I. Tensões nominais: relação de transformação (α≤ 0,5%), polaridade.
II. Impedância de curto circuito e razão X/R.
III. S nominal e 𝑍𝑍𝐶𝐶𝐶𝐶 .

TESNÕES NOMINAIS:

78
Figura 111 - REPRESENTAÇÃO DAS TESNÕES NOMINAIS

É necessário que as tensões primárias sejam iguais para garantir nas cargas suas tensões
nominais. Para o caso de paralelismo apenas no primário𝑍𝑍𝐶𝐶𝐶𝐶 e 𝑆𝑆𝑁𝑁 não influenciam.

79
11.TRANSFORMAÇÃO TRIFÁSICA
A transformação trifásica proposta por Tesla em 1890, veio permitir a transferência
de grande bloco de energia de uma região para outra, a longa distância, associado a
outros equipamentos, é claro. A ligação trifásica, permite que o sistema se torne
economicamente viável quanto maior o nível de tensão e consequentemente potência, se
comparado ao sistema monofásico. Sabe-se que quanto maior a potência, menos a
corrente e com o sistema trifásico, este fato é mais significativo, ou seja, menores
correntes, não requer estrutura de sustentação e cabos de energia, tão grandiosos,
como seria no monofásico.

Existem duas formas de transformação


trifásica, a primeira seria a utilização de
um único transformador trifásico,
podendo ser de três ou cinco colunas;
figuras 112 e 113, respectivamente. A
outra seria a utilização de um conjunto
de três unidades monofásicas iguais d e
núcleo envolvente, Figura 112 - Transformador trifásico de núcleo envolvido

denominado banco de transformadores, Figura 114.

Figura 113 - Transformador trifásico de núcleo envolvente

Figura 114 - Banco de transformadores

Os transformadores trifásicos são equipamentos normalmente utilizados desde a


rede de distribuição até os sistemas de grande potência, no entanto, o banco de
transformador ao longo dos anos vem substituindo os transformadores de grande porte,
pelo fato de que a unidade reserva de um transformador trifásico, é outro transformador
trifásico idêntico ao passo que, a unidade de reserva de um banco de transformadores
requer um transformador cujo valor da potência nominal equivale a um terço da
capacidade total do banco. Isto significa um custo de aquisição, instalação e manutenção
80
menores do que uma unidade três vezes maior.

81
11.1. Tipos de conexões
A Norma Brasileira (NBR 5356) determina os seguintes tipos de conexões:
• Em estrela ou Y (três ou quatro fios);
• Em triângulo ou delta;
• Zig-zag (três ou quatro fios);
A ligação estrela, Figura 115, é caracterizada por unir três terminais de
polaridades iguais.

Figura 115 - Ligação estrela

A ligação em triângulo é caracterizada por unir terminais de

Figura 116 - Ligação triângulo.

polaridades diferentes, formando um circuito fechado.


A ligação zig-zag basicamente, é uma similar as duas ligações supra descritas, pois,
esta necessita de dois conjuntos de enrolamentos iguais para formar apenas uma fase,
perfazendo um total de seis bobinas para uma única ligação trifásica, da seguinte forma:
unir três terminais de polaridades iguais fazendo um ponto comum (como na ligação
estrela) e posteriormente unir terminais de mesma polaridade, porém, de fases
diferentes, parecido com o triangulo, Figura 117.
Figura 117 - Ligação zig-zag

11.2. Nomenclatura
A Norma Brasileira também determina que, os terminais dos transformadores
devem ser identificados: baixa tensão com a letra X e a alta tensão com a letra H. Os
terminais de entrada (alimentação) e os terminais de saída (carga), devem ser
identificados com o sub índices 1, 2 e 3. Também conforme a NBR, os transformadores
nacionais devem ser do tipo subtrativo (entrar por polaridade positiva e sair por
polaridade positiva), configurando dois grupos de ligações, a saber:
• Grupo 1: este grupo compreende os transformadores cujo ângulo (no
sentido horário) de defasamento entre H1 H0 / X1 X0 seja igual a 0°. As
ligações deste grupo são:

 Estrela/estrela;
 Triângulo/triângulo;
 Delta/zig-zag;

83
Por exemplo Y/Y:

• Grupo 2: este grupo compreende os transformadores cujo ângulo (no


sentido horário) de defasamento entre H1 H0 / X1 X0 seja igual a 30°. As
ligações deste grupo são:

 Delta/estrela;
 Estrela/delta;
 Estrela/zig-zag;
Como foi dito, para a identificação dos terminais serão utilizadas as letras H e X, e
as ligações serão identificadas da seguinte forma:
• D – Delta alta tensão............d – Delta baixa tensão;
• Y – Estrela alta tensão......... y – Estrela baixa tensão;
• Z – Zig-zag alta tensão ......... z – Zig-zag baixa tensão;
Exemplo 1: transformador triângulo/estrela abaixador, caso da rede de distribuição.
Dy1
Exemplo 2: transformador estrela/estrela elevador.
yY0
Os sub índices 0 e 1, quando multiplicados por 30, nos informa o ângulo ao qual
pertence o grupo do transformador.

84
11.3. Funcionamento à azio e Com Carga
S 3Ø = √3 VL x IL
No princípio de funcionamento a vazio e com
carga, os transformadores trifásicos e os bancos de
transformadores, se comportam
igualmente aos
transformadores monofásicos. VL=VF

Algumas características diferem o


transformador trifásico do banco de
transformadores, a saber, as correntes de

excitações do banco de transformadores V


são absolutamente equilibradas, pelo fato 𝑉𝑉𝐿𝐿 =𝑉𝑉𝐹𝐹

das três unidades terem as mesmas relutâncias V↑ IL = IF


(figura120). O mesmo não ocorre para o
transformador trifásico, cuja relutância da coluna BANCO I = I = I
10 20 30
central (2) difere das relutâncias das colunas Figura 118 - Ligação Delta - Relação tensão e
corrente de fase e de linha
laterais (1 e 3), Figura 118.
Com relação as ligações, estas variam
conforme as aplicações no sistema, por exemplo,
a ligação estrela é comumente usada para a alta IL= IF
tensão e a ligação delta para a baixa tensão. No
entanto, somente este critério não é suficiente para a
escolha de uma determinada ligação, pois, no caso da
VF
rede de distribuição, o transformador no lado
primário (AT) é ligado em delta (figura124) e o
VL
secundário (BT) é ligado em estrela (Figura 125).
O critério da escolha desta ligação está baseado
nos fatos a seguir:

• Necessidade da carga ser conectada a


um neutro, o que a ligação delta não IL = √ 3 IF
permite;
• O primário em delta não permite que VL=√ 3 VF
as correntes de terceira ordem
ci rcul em pelo TRAFO I10 = I > I
alimentador, enquanto que 30 20

Figura 119 - Ligação Estrela


uma ligação estrela aterrada no
primário o permitiria.

85
12. Harmônicas na Transformação Trifásica

Este tema é muito importante, para entendermos alguns fenômenos que ocorrem na
transformação trifásica, como por exemplo, a elevação abrupta da tensão (V3H + VF), o
porquê da utilização de transformadores de três enrolamentos em sistemas de potência,
para evitar esta sobretensão, entre outros.

A origem das correntes de terceira ordem, está


exatamente na corrente de excitação de todos os
transformadores com núcleo de ferro. Toda corrente de
excitação, é fortemente não senoidal, devido
justamente as características do núcleo de ferro,
apresentar uma não linearidade e uma saturação,
originando uma corrente de excitação (I10) fortemente
não senoidal (i0 na Figura 120). Segundo o Teorema
de Jean Baptista Fourier (1768-1830), toda e qualquer
forma de onda, pode ser decomposta em uma onda
senoidal fundamental de frequência igual a
fundamental e uma sequência de outras ondas
senoidais, com frequências maiores (impares e
múltiplas de três) e amplitudes menores, que recebeu Figura 120 - Correntes de excitação i0; i01
fundamental; i03 terceira hormônica; i15
o nome de harmônicas. Estas harmônicas, podem ser de quinta harmônica; ф fluxo senoidal.
tensão e/ou

corrente, e estão presentes ou não no sistema (primário e/ou secundário), dependendo do


tipo de ligação que realizarmos. Em resumo, uma onda deformada, pode ser decomposta
em uma onda senoidal fundamental, uma onda de terceira ordem, de quinta ordem,
sétima e assim sucessivamente, Figura 120 (i01, i03, i05...). Neste texto vamos abordar
apenas as de terceira e quinta ordem, por serem as que vai influenciar diretamente no
tema proposto.
Se formos analisar as correntes de terceira ordem de uma fase de uma
transformação trifásica, tanto faz, transformador trifásico ou banco de transformadores,
em cada fase, iremos perceber que estas correntes estão rigorosamente em fase, Figura
121, ou seja, elas se dirigem para um mesmo ponto do circuito, se e somente se,
houver um caminho fechado para que elas circulem, caso contrário, elas deixarão de
existir e o efeito causado será analisado mais à frente.

86
Figura 121 - Correntes equilibradas e seus harmônicos

Para que a corrente de terceira ordem exista, é


necessário que o transformador esteja ligado no seu
primário ou em estrela com neutro fortemente aterrado
(Figura 122), ou em triangulo (Figura 123). A
diferença é que no triângulo esta corrente não circula pela
linha do alimentador e com a ligação em estrela, isto
ocorre. Outro fato é que, em caso de rompimento do neutro
da estrela, esta corrente, como afirmado acima, deixa de
existir. Então, em uma transformação trifásica, com estrela
aterrada, irão existir, correntes de excitações com todas
as suas componentes, ou seja, IF + I3H + I5H + I7H +......
= ITOTAL. Como consequência, estas correntes irão criar
fluxos da mesma ordem, que Figura 122 - Harmônicas de terceira
ordem em fase – Ligação Estrela
aterrada

por sua vez irão induzir tensões de mesma ordem, tanto no primário quanto no
secundário, neste caso, a resultante das tensões de fase no primário, serão levemente
deformadas, sendo que as tensões de linhas, permanecerão absolutamente inalteradas,
porque as tensões de terceira ordem estão em fase também.

Uma outra situação é com a


ligação em delta no primário, esta
ligação faz um caminho fechado e
as correntes de terceira ordem da
corrente de excitação, circula pelo
delta, criando fluxo de terceira,
que irá
Figura 123 - Harmônicas de terceira ordem em fase - Ligação Delta

87
induzir tensões de terceira ordem, tanto no primário quanto no secundário. Como foi
afirmado anteriormente, estas correntes em fase, criam fluxos em fase e
consequentemente induzem tensões em fase, não aparecendo nas linhas do primário
(Figura 123).
Nestes dois casos de estrela aterrada ou delta no primário, não há problemas em
relação as tensões de terceira ordem, nem no primário (fonte), nem para o secundário
(carga) Figura 124 (a)).

O problema vai originar, no


momento em que uma ligação em estrela
aterrada, perder o aterramento, por
diferentes motivos, sobrecarga, descarga
atmosférica, conexão malfeita, entre
outras. Ao interromper o neutro, a
corrente de terceira ordem deixa de
existir, sendo assim, a forma de onde da
corrente de excitação, deixa sua forma Figura 124 - Todas componentes de ordem impar, (b) fluxo
original (pela perda da deformado devido a ausencia da i3H..

corrente de terceira ordem) e assume uma nova forma, e esta nova forma da corrente de
excitação, também ao ser decomposta, dará origem a uma nova corrente de terceira ordem
que, criará um fluxo, não em fase com o fluxo fundamental, mais, sim defasado, dando
origem a uma tensão por sua vez, também defasada, conclusão: VF + V3H(nova) + V5H
+....= SOBRETENSÃO, Figura 124 (b).

Este fenômeno ocorre tanto no


primário quanto no secundário dos bancos
de transformadores. No caso de uma ligação
estrela (isolada) / estrela, a sobretensão
ocorre em ambos os lados, somente nas
tensões de fase, não aparecendo nas tensões
de linha, Figura 125. Se o secundário for
um delta, não haverá sobretensão no
primário nem no secundário, porque no
secundário existe um caminho fechado para Figura 125 - Tensão resultante - e - soma de e13 + e1
as (Sobretensão)

i3H. Isto ocorre pelo seguinte, toda vez que o primário produzir um fluxo de terceira
ordem, irá induzir tanto no primário, como secundário, uma tensão de terceira ordem,
porém, esta tensão nos terminais do secundário em delta, irão dar origem a correntes
de terceira ordem, que segundo, Lenz, vai criar um fluxo contrário a causa que lhe deu
origem, portanto, este fluxo de terceira ordem do delta, praticamente anula o

88
fluxo no primário, fazendo com que o nível de tensão do sistema permaneça sem
alteração significativa.
Em sistemas de grandes blocos de energia, onde a transmissão é muito longa, e
necessita de uma elevação de tensão de geração e transmissão, é comum, utilizar-se de
uma transformação com três enrolamentos, sendo um primário (fonte) ligado em estrela
aterrada, um secundário em estrela aterrada (carga principal) e um terciário ligado em
triangulo (carga secundária), cujo papel fundamental, é impedir que haja a sobretensão no
sistema, caso haja, um rompimento do neutro do primário. Figura 126.

Figura 126 - Transformador de três enrolamentos. Y primário, Y secundário e delta terciário.

A ligação zig-zag é a mais


interessante sob o ponto de vista dos
harmônicos, pois, no primário esta ligação
cria fluxos contrário, estando ou não
aterrada e no secundário também, portanto,
ela é um verdadeiro filtro para estas
correntes e fluxos de terceira ordem.
Figura 127.
Existe uma diferença
significativa, Entre utilizar um

transformador trifásico e um banco de


transformadores monofásicos. No primeiro, Figura 127 - Ligação zig-zag (Fluxo se anulam
as correntes de terceira
ordem e seus respectivos fluxos, se dirigem para o mesmo ponto, ou seja, não tem um
caminho fechado para percorrer, pelo fato do núcleo de ferro ser do tipo envolvido. O
mesmo não ocorre com o banco de transformadores, que formam um caminho
independente para os fluxos, isto tudo para afirmar, que: um transformador estrela/estrela,
aterrada ou não, praticamente n produz sobretensão no sistema, ao passo que no

89
banco de transformadores, sem aterramento, é sobretensão na ordem de 17%, segundo a literatura.

Figura 129 - Banco de transformadores - Correntes no mesmo

Figura 129 - Transformador trifásico

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