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2.

A Rendibilidade Integrada da Empresa

Rendibilidade – por rendibilidade entende-se a taxa com que a empresa remunera os capitais a
sua disposição.
Os rácios de rendibilidade permitem avaliar a gestão da empresa, através do lucro obtido com o
capital efectivamente realizado.

A rendibilidade dos capitais próprios da empresa (RCP), também designada por return on equit
(ROE), expressa-se pela seguinte relação:

RC`P = Resultados Líquidos (RL) / Capitais próprios (CP)*


* Os capitais próprios existentes no início do período a que se referem os resultados líquidos.
Ou ainda:
RC`P = (RL/ Activo Total) x (Activo Total / Capital próprio)

Onde a primeira razão (RL/AT) é conhecida por rendibilidade liquido de activo ou return on
investiment (ROI) e define as relações entre um indicador de rendibilidade global e o conjunto de
meios que contribuíram para a sua formação.

A segunda razão (AT/CP) que pode ser escrita também assim:


AT / CP = 1 – Divida total / CP
E portanto:
RCP = ROI x (1+ Divida total / CP)

Assim a rendibilidade de CP depende por um lado das rendibilidades de exploração e global da


empresa (que afecta significativamente o ROI) e do inverso da sua solvabilidade total (ST) =
CP/Divida, ora a rendibilidade global da empresa é particularmente afectada pela sua
rendibilidade de exploração.

A rendibilidade do activo de exploração da empresa (REA), define-se assim:


REA = RE / Activo Total de Exploração (líquido)
Ou ainda
REA = (RE / VL anuais) x (VL anuais / AT exploração (liquido) – Sistema de controlo
integrado da DU PONT

Esta equação mostra claramente que a rendibilidade do activo de exploração (REA), depende
essencialmente da rendibilidade das vendas (RE/VL) e de turn over (Rotação do activo total de
exploração) = V/AT

3. A rendibilidade da exploração
3.1. O conceito e os limites da teoria do CVR

A teoria do Custo-Volume-Resultados (CVR) tem como objectivo o estudo da rendibilidade de


exploração da empresa através da análise dos proveitos, dos custos de exploração e das relações
entre si, em estreita e exclusiva ligação com o nível de actividade.
Esta teoria do CVR é muitas vezes confundida com a teoria do ponto morto económico quando
esta, como teremos ocasião de verificar, constitui apenas uma importante aplicação daquela
teoria.
Passemos a concepção analítica e gráfica da teoria do CVR, partindo do seguinte modelo
simplificado da conta anual de exploração e resultados.

CONTA DE EXPLORAÇÃO E RESULTADOS


Contos %
1-Vendas líquidas x 100
2 -Custos variáveis x x
3 -Margem Bruta (1-2) x x
4 -Custos Fixos Totais x x
5 -Resultados de Exploração (RE) (3-4) x x
6 -Custos financeiros de financiamento (CFF) x x
7 -Resultados antes de impostos s/lucros (RAI)(5-6) x x
8 -Imposto s/rendimento (ISRE) x x
9-Resultados Líquidos (RL) (7-8) x x

A teoria do CVR baseia-se na classificação dos custos em fixo e variáveis e sua concepção
analítica é relativamente fácil.

Sejam:
CT-Custos Totais
CF -Custos Fixos Totais
CV -Custos Variáveis Totais
MT -Margem Total das Vendas Líquidas (excesso das vendas em relação a CV)
Q -Unidades produzidas e vendidas (nível de actividade)
CVu-Custo variável unitário (CV)/Q
VL-Valor das Vendas líquidas totais anuais (receitas anuais)
P -Preço de venda unitário
RE -Resultados de Exploração Anuais

Os Custos Totais podem ser assim obtidos

CT = Cvu . Q + CF
 como VL= P.Q, temos
 MT = (P -Cvu) .Q …………1) e portanto:
 RE = MT -CF ……………..2)
 Se designarmos por q o coeficiente de não absorção do preço de venda unitário pelo custo
variável unitário, i.e., se:
 α= 1.00 –Cvu/p ………… 3)
 resultará das expressões 1) e 3)
 MT = α .VL..………………….4)

Exemplos
Q = 12000 UNIDADES
P = 10000 USD
CV = 6000 USD
CF = 30000 cts
IMPOSTO = 40%
Os custos totais (CT) serão: 6.0x12000+30000 = 102.000 cts
A margem total das vendas líquidas sobre os custos variáveis totais (MT) será:
MT = (10 – 6)X12.000 = 48000 cts
Os resultados de exploração (RE) serão: RE = 48.000 – 30000 = 18.000cts
A conta de exploração e resultados da empresa A para o ano X apresenta-se a seguir:

Descrição CTS %
 Vendas líquidas 120.000 100
 Custos variáveis totais 72000 60
 Margem total (1-2) 48000 40
 Custos fixos 30000 25
 Resultados de exploração (3-4) 18000 15
 Imposto sobre rendimento (40%) 7200 ------
 Resultados líquidos 10800 ------

Como se pode verificar o coeficiente de não absorção do preço de venda unitário pelo custo
variável unitário (α) = 1 – (6/10) = 0.4

Depois deste pequeno exemplo, passemos a inventariação e critica dos pressupostos mais
importantes da teoria CVR:
 É sempre possível classificar os custos da empresa em fixos e variáveis.
 Os custos fixos mantêm-se rigorosamente estáveis ao longo do tempo independentemente
do nível de actividade;
 Os custos variáveis são rigorosamente proporcionais em relação ao nível de actividade
 A gama de produção da empresa reduz-se num só produto ou a diversos produtos que, no
entanto, variam em proporções exactamente constantes em relação ao nível de actividade
 O preço de venda unitário é estável ao longo do tempo
 A fabricação de produtos acabados identifica-se com o volume físico das vendas ou seja
não há lugar a formação de stocks de produtos acabados e em via de fabrico.
Os pressupostos acima citados, merecem as seguintes observações:
 A possibilidade de classificação dos custos em fixos e variáveis nem sempre é realista
devido a existência de custos semi-fixos ou semi-variáveis acresce que os custos podem
variar em função de outros factores internos que não apenas o nível de actividade da
empresa, ou, inclusivamente, de natureza externa.
 Como sabemos os custos fixos (custos de estrutura) mantêm-se estáveis apenas durante
um certo período de tempo e dentro de uma determinada zona de variação do nível da
actividade da empresa ou seja, o seu andamento processa-se em escada.
 O custo variável unitário não e uma função linear do nível de actividade. Mas sim uma
função curvilínea devido a lei dos rendimentos crescentes e decrescentes. Que justamente
afecta o andamento do custo variável unitário, correspondendo-lhe a famosa curva (U);
desta forma e como se encontra subjacente a teoria do CVR, será pouco rigoroso
considerar-se o custo variável unitário permanentemente constante, não existindo, por
outro lado, uma relação rígida entre a natureza de um custo e o seu grau de variabilidade.
 A gama de produção da empresa raramente abrange um único produto ou diversos
produtos, cujas variações ocorram sempre em proporções constantes; no entanto,
observe-se que será possível ultrapassar esta limitação da teoria do CVR através da
aplicação de modelos matemáticos sofisticados, como, por exemplo, a programação
linear.
 O comportamento real do preço de venda unitário geralmente não aponta para a sua
constância temporal, revestindo a forma de uma curva côncava, como é sabido.
 Finalmente, e relativamente ao último dos pressupostos da teoria CVR, cabe-nos referir
que a invariância dos stocks de produtos acabados e em vias de fabrico é pouco realista,
particularmente quando o nível de actividade da empresa se encontra numa fase de
crescimento ou regista sensíveis flutuações sazonais.
3.2. O efeito e grau económico de alavanca

Efeito económico de alavanca – o efeito económico de alavanca procura relacionar os


resultados de exploração com o nível de actividade da empresa, ignorando-se completamente os
efeitos da estrutura e política financeira da empresa (nível de CFF) e da fiscalidade (imposto
sobre o rendimento), sobre a rendibilidade.

Variações do nível de actividade (aumentos ou reduções) originam variações (acréscimos ou


decréscimos) mais do que proporcionais dos resultados de exploração: Este fenómeno é
conhecido por efeito económico de alavanca.

Grau económico de alavanca (GEA) – Pode ser avaliado para uma determinada estrutura da
empresa, através da relação entre a margem total das vendas líquidas sobre os custos variáveis
totais (MTo) e os respectivos resultados de exploração, isto é:

GEA = MTo/REo

MTo – Margem total das vendas líquidas


REo – Resultado de exploração
O grau económico de alavanca (GEA), desde que ocorram todos os pressupostos da teoria do
CVR e se manifeste o efeito económico de alavanca (existência de custos fixos) é sempre
constante e superior a unidade; contudo e na e medida em que se proceder a alterações
(aumentos) dos custos de estrutura, o grau económico de alavanca elevar-se-á, podendo atingir o
seu ponto máximo (∞), quando os resultados de exploração se aproximarem do valor zero (ponto
morto económico).
O conceito de efeito e grau de económico de alavanca tem um enorme interesse para análise do
risco e viabilidade económica da empresa. Realmente e para uma primeira abordagem os
resultados de exploração revelam uma forte sensibilidade as variações da margem total das
vendas liquidas sobre os custos variáveis totais.

3.3. O conceito de risco económico


Risco é a possibilidade de que algum acontecimento desfavorável venha a ocorrer.
O risco económico da empresa tem a ver com a probabilidade de os resultados de exploração
serem (ou não) sistematicamente positivos ao longo do tempo e situarem-se (ou não) em níveis
adequados.

Faz-se referência somente aos resultados de exploração porque os extra-exploração não são de
natureza económica, mas sim temporária, enquanto que a empresa tem uma vida longa.

3.3.1. Medidas de avaliação de risco

Os conceitos de grau económico de alavanca e o ponto morto económico assumem uma especial
importância para avaliação do risco económico, pois:
1) Quanto maior for o grau económico de alavanca (GEA), mais elevado será o risco
económico.
2) Quanto mais elevado for o ponto morto económico, maior será o risco económico.

Q0 = CF/(P – CVu) - Em quantidade


V0 = CF/(1 – CVu/P) – Em valor

Outro conceito que permite avaliar o risco económico, é o conceito de Valor esperado dos
resultados de exploração anuais – E(RE), tendo em conta os seguintes pressupostos da teoria
CVR: Manutenção temporal do P e dos KF.

Sendo a variável económica mais crítica da empresa “o nível de actividade”, o valor esperado
será: E(RE) = (P – Cvu)*E(Q) – CF

O desvio padrão da margem total das vendas sobre os custos variáveis totais (σMT) será assim
determinado, onde σQ se identifica como desvio-padrão das vendas físicas ocorrido em
determinado período de tempo.

σMT = (P – Cvu) σQ*


σQ – desvio-padrão das vendas físicas
Finalmente, se admitirmos que o nível de actividade (Q) é uma variável aleatória que segue a lei
de distribuição normal e procedermos a troca de variáveis, teremos:

RE = T* σMT + E(RE) onde T = [RE – E(RE)]/ σMT


Onde o T, consultado na tabela de distribuição normal, designa a própria aleatoriedade.
3.4. Conceito de viabilidade económica

O conceito de viabilidade económica da empresa está associado ao de risco económico, pois,


quanto maior for o risco económico da empresa, mais preocupações originará a sua viabilidade
económica e vice-versa.
É, pois necessário que os resultados de exploração anuais se situem constantemente e ao longo
do tempo, à níveis positivos adequados (ainda que resultados negativos esporádicos possam
ocorrer) para que a viabilidade económica da empresa esteja assegurada.
4. A rendibilidade dos capitais próprios

A rendibilidade dos capitais próprios é influenciada por factores de natureza económica


(resultados de exploração), inorgânica (resultados extraordinários), financeira (CFF) e fiscal
(imposto sobre o rendimento).

4.1. Os efeitos da fiscalidade

Teoricamente, o financiamento de uma empresa pode ser por:


 Capitais próprios, ou
 Capitais alheios.
Porém, na prática são os dois que concorrem para o financiamento.
Assim, os capitais próprios têm sempre custos implícitos ou explícitos não fiscalmente aceites
como custos fiscais. Os capitais alheios têm em geral, custos explícitos (CFF) que são sempre
aceites como custos para efeitos de matéria colectável.
O facto dos CFF, serem aceites fiscalmente como custo, reflecte-se no custo dos capitais alheios.
Foi assim que falamos (em Gestão Financeira I) de custos dos capitais alheios corrigidos de
efeitos fiscais Kd = K*(1 - t) ou, segundo alguns autores KEC = KE*(1 – t) , onde,

KE = KN + KX + KI

KEC – Custo efectivo corrigido dos efeitos fiscais


KE – Custo efectivo
KN – Custo nominal (ou taxa de juro nominal)
KX – Outros custos explícitos (despesas diversas, impostos, custos de garantias, efeitos de
pagamento antecipado de juros)
KI – Custos implícitos

4.2. O grau financeiro de alavanca (GFA)

As relações entre as variações percentuais dos RL e as variações percentuais dos RE


(ΔRL/RLo : ΔRE/REo) são, para uma determinada estrutura empresarial e para diferentes níveis
de actividade, designado por Grau Financeiro de Alavanca (GFA), que pode ser assim
determinado:

GFA = REo/RAIo ou ΔRL/RLo : ΔRE/REo

O grau financeiro de alavanca proporciona-nos informações sobre a relação existente entre as


variações dos resultados de exploração e dos resultados líquidos (onde os CFF são custos fixos).
Porém, não quantifica o impacto do endividamento da empresa sobre RCP, o que é função
(objectivo) do conceito de efeito financeiro de alavanca.
Por outro lado, ocorrendo todos os pressupostos da teoria CVR (acrescido do que foi dito quanto
ao comportamento dos CFF e da provisão para imposto), o GFA nunca é inferior a unidade (< 1)
e varia de 1 (quando não existem CFF) a ∞ (se CFF = RE).

4.3. O Efeito financeiro de alavanca


O efeito financeiro de alavanca permite-nos estudar as relações existentes entre os resultados de
exploração anuais e resultados líquidos anuais (antes da sua aplicação, mas deduzidos de
dividendos preferenciais).

Para modelarmos o efeito financeiro de alavanca, consideremos a simbologia seguinte:

AT – Activo Total de exploração líquido (de amortizações, reintegrações e provisões)


CP – Capitais Próprios
ET – Exigível Total
Rea – Rendibilidade do activo de exploração
i – taxa correspondente ao custo efectivo, ponderado do exigível total, não corrigido dos efeitos
fiscais (KE)
CFF – Custos financeiros de financiamento (i*ET)
t – taxa anual de imposto sobre lucros
ET – Exigível Total

RL = RE – CFF – PISL e; (1)


RL = [(RE/AT)*AT – i*ET)](1-t) e; (2)
RL = [Rea*(CP + ET) – i*ET)](1-t) e ainda; (3)
RL = [(Rea*CP) + (Rea – i)*ET](1-t); (4)

Por definição a rendibilidade dos capitais próprios (RCP)

RCP = {[(Rea*CP) + (Rea – i)*ET](1-t)}/CP ; (5)

Desta expressão obtemos a seguinte

RCP = [λ*(Rea - i) + Rea](1-t)Onde ; (6)

onde λ = ET/CP que é o inverso da solvabilidade.


Esta expressão de RCP permite-nos afirmar que, se o AT de exploração for constante, o ET pode
variar entre zero e o total do próprio activo, ou, de outra forma, que λ pode variar entre zero e
infinito; por outro lado, a mesma expressão permite-nos tirar as seguintes ilações:
1. Se Rea > 1 – RCP será uma função crescente de λ, isto é, quanto mais elevado for o
recurso ao crédito, maior será o efeito financeiro de alavanca, mas, mais pronunciado será
o risco financeiro da empresa (estabilidade financeira da empresa em risco).
2. Quando Rea = i (isto é, ponto crítico da rendibilidade de exploração – Rea), o recurso ao
endividamento não terá qualquer influência sobre a rendibilidade dos CP.
3. Quando Rea < 1, a RCP será uma função decrescente de λ ou, de outra forma, quanto
menor for o recurso ao crédito, menor será o efeito financeiro de alavanca e menos
elevado será o risco financeiro da empresa.

O efeito financeiro de alavanca manifesta-se sempre que ocorram CFF e impostos sobre lucros,
podendo actuar num ou noutro sentido (positivo ou negativo).
O efeito financeiro de alavanca possibilita-nos analisar a capacidade da empresa para, através
do recurso ao crédito, maximizar os resultados líquidos e a rendibilidade dos capitais próprios, e
a sua importância justifica plenamente que voltemos a abordar agora.

4.4. O conceito de risco financeiro

O risco financeiro pode ser definido em duas perspectivas, mas interdependentes a saber:
1. Perspectiva económica
2. Perspectiva financeira
1. Perspectiva económica

Nesta perspectiva, o risco financeiro refere-se à probabilidade dos resultados (exploração +


extra-exploração) cobrirem, ou não, os CFF, independentemente da tesouraria ou estrutura
financeira da empresa. Nesta óptica, o risco financeiro aparece intimamente ligado ao conceito
de Grau Financeiro de Alavanca (GFA), dado que, quanto mais elevados forem os CFF, mais
elevado será o GFA e mais acentuado será o risco.
2. Perspectiva financeira

Nesta perspectiva, o risco financeiro pode assumir duas ópticas:


 Óptica conjuntural (tesouraria = Curto prazo)
 Óptica estrutural (médio e longo prazo)

Na óptica conjuntural, o risco financeiro traduz a probabilidade da empresa satisfazer todos os


seus compromissos, através dos recebimentos normais (exploração e extra exploração). Porém,
nesta acepção o risco financeiro aparece muito ligado à tesouraria de exploração da empresa.
Na óptica estrutural, o risco financeiro reporta-se a probabilidade da solvabilidade total (ST =
CP/Exigível Total) atingir níveis que sejam considerados, pelos accionistas (sócios) ou pelos
credores da empresa, como inadequados;
Nesta acepção, o risco financeiro encontra-se ligado a correcta estruturação dos capitais
permanentes adequados.

4.4.1. O ponto morto financeiro

O ponto morto financeiro de exploração (PMF) corresponde ao nível de actividade da empresa


em que os recebimentos de exploração igualam aos pagamentos de exploração.

PMF = (CF - CND)/[1 - (CVu/P)] ;

CND – custos não desembolsáveis (amortizações, reintegrações e provisões de exploração)

5. A Rendibilidade de exploração e dos capitais próprios

Os nossos estudos permitiram-nos aprender: O efeito económico de alavanca faz-se sentir ao


nível de exploração da empresa e o grau económico de alavanca (GEA) permite-nos relacionar
as variações do nível de actividade com as variações dos resultados de exploração: está, assim e
unicamente, em causa um factor de natureza económica (a rendibilidade de exploração).
O efeito financeiro de alavanca resulta fundamentalmente da estrutura financeira da empresa e
o grau financeiro de alavanca (GFA) possibilita-nos o estudo das relações existentes entre as
variações dos resultados de exploração e as variações dos resultados líquidos: Estão, portanto e
respectivamente, em causa um factor de natureza económica (a rendibilidade de exploração) e
outro de índole financeira (a situação financeira da empresa).

Os GEA e GFA encontram-se, portanto, inter-relacionados e, o conceito de grau combinado de


alavanca (GCAo) mostra-nos essa interdependência.

5.1. O efeito e o grau combinado de alavanca

Para uma determinada estrutura de capital, o GCA obtém-se pela razão entre a margem total de
vendas sobre os custos variáveis totais e RAI:

GCA = GEAo*GFAo = (MTo/REo)*(REo/RAIo) = MTo/RAIo

5.2. Conceito de risco global

Compreende simultaneamente os riscos económico e financeiro, podendo o conceito de grau


combinado de alavanca (GCA) ser utilizado para a sua quantificação, apesar das limitações
práticas inerentes aos seus pressupostos.

O risco global da empresa está fortemente ligado à situação financeira e, a tesouraria de


exploração reflectirá sempre, de uma forma extremamente rápida e acentuada, todas as
perturbações (ou êxitos) que ocorrem ao nível da actividade económica da empresa.

6. A rendibilidade e a tesouraria

O objectivo do tema é o estudo da influência que a rendibilidade de exploração exerce sobre o


auto-financiamento e a tesouraria da empresa.
6.1.O auto-financiamento

Segundo Caldeira Menezes, o auto-financiamento anual deve representar o conjunto de meios


líquidos gerados pela empresa e nesta anualmente retidos.

O auto-financiamento acumulado é o somatório das amortizações, reintegrações e provisões


acumuladas, das reservas e dos resultados líquidos transitados de exercícios anteriores e do
respectivo exercício.

Auto Financiamento Acumulado = AR + PRAC + Reservas + RL (de exercícios anteriores + do


exercício)

6.2. A rendibilidade de exploração e o auto-financiamento

Como já vimos, anteriormente, a rendibilidade de exploração da empresa (MLB) exerce forte


influência sobre o auto-financiamento anual, já que os MLB influenciam o nível dos resultados
líquidos (RL).

Assim, devemos lembrar aqui que os factores determinantes do nível dos RL são:

1. Factores económicos que determinam o nível de RE

RE = VL – CT de exploração

2. Factores inorgânicos que podem exercer influencia sobre RAJI

RAJI = RE + OR (outros resultados)

3. Factores financeiros e macroeconómicos, isto é, de gestão financeira e de índole


macroeconómica (níveis de taxa de juro) influenciam no RAI.
RAI = RAJI – CFF

4. Factores fiscais, influenciam no RL, pela orientação da PISL (IRPC).

RL = RAI – PISL

5. Factores de política empresarial, influenciam nos RLR (resultados líquidos retidos),


através dos RD (resultados distribuídos).

RLR = RL – RD

6.3. Auto-financiamento, liquidez e disponibilidade

O auto-financiamento (quando positivo) significa um aumento da liquidez da empresa, mas não


necessariamente das suas disponibilidades, pois aquela pode ser automática ou deliberadamente
absorvida por outras elevações do activo (crédito concedido aos clientes).

A liquidez (grau de liquidez) assim de um elemento activo consiste na sua aptidão para se
converter a curto prazo em meios monetários (disponibilidades).

A disponibilidade (grau de disponibilidade) de um elemento activo é revelada pela sua aptidão


para se transformar imediatamente em meios monetários.
Os elementos activos disponíveis estão compreendidos fundamentalmente nas seguintes rubricas
do balanço: caixa, depósitos à ordem, depósitos com aviso prévio, depósitos a prazo, clientes-
títulos a receber (desde que susceptíveis de imediato desconto bancário), obrigações diversas,
títulos de dívida pública, certas imobilizações financeiras, etc.
Os restantes elementos activos do balanço geralmente possuem um reduzido grau de
disponibilidade e encontram-se ordenados, no modelo do balanço preconizado pelo plano de
contas, pelo seu grau crescente de liquidez.

Desta maneira podemos concluir que:


1. Quanto maior for o nível de auto-financiamento anual, maior será o grau de liquidez por
si gerado.
2. As variações das disponibilidades dependem dos aspectos seguintes:
 Política de concessão de crédito à clientela
 Política de formação de stocks
 Política de obtenção de crédito
 Política de investimentos em capital fixo
 Política de financiamento dos investimentos em capital fixo
 Política de distribuição de lucros

6.4. A tesouraria da empresa

Como já foi estudado e concluído nas lições de gestão financeira I, o balanço tradicional tem
natureza estática e jurídico-contabilística tal que não é completamente corrigido pelo mapa de
origens e aplicações de fundos (óptica contabilística).

É assim que surge o mapa de fluxos financeiros que tem natureza essencialmente financeira.

6.4.1. Mapa de fluxos financeiros (ou dos cash flow ou de tesouraria)

É um documento dinâmico, que nos permite analisar a evolução histórica ou previsional de


tesouraria da empresa, durante um certo período de tempo. Se é previsional se identifica com o
modelo de orçamento de tesouraria.

Assim, no referido mapa dos fluxos financeiros importa destacar as seguintes observações:

1. O crédito concedido aos clientes, no período em análise, abrange as variações positivas e


negativas de:
 Clientes, c/c
 Clientes, c/títulos a receber
2. O crédito obtido compreende as variações positivas e negativas de:
 Fornecedores, c/c
 Fornecedores, c/títulos a pagar

3. Os recebimentos extra-exploração integram todas as receitas extra-exploração (líquidas


de eventuais variações de crédito concedido) e outros recebimentos resultantes do ciclo
das operações financeiras – Ex: empréstimos bancários obtidos.

4. Os CFF pagos durante o horizonte temporal de referência não obedecem ao princípio da


especialização económica dos exercícios, pois não têm em atenção as respectivas
regularizações (antecipação ou postecipação do pagamento dos juros).

5. A rubrica investimentos (capital fixo e outros) compreende os respectivos pagamentos e


não as despesas correspondentes.

6. A rubrica imposto sobre lucros e outros (impostos directos ou indirectos insusceptíveis de


repercussão sobre as vendas) também se refere aos respectivos pagamentos, e não à
criação da provisão periódica (PISL).

7. Os lucros distribuídos reportam-se ao período em que são pagos e não ao momento da


sua distribuição.

8. O disponível compreende o conjunto das disponibilidades existentes no início do período


de referência.

O Cash-flow consiste nos fluxos de caixa (tesouraria) da empresa ocorridos durante um


determinado período de tempo. Portanto, o cash-flow corresponde aos recebimentos (cash-
inflows) e os pagamentos (cash outflows) da empresa ao longo de um período de tempo,
histórico ou futuro, bem demarcado.
MAPA DE FLUXOS FINANCEIROS

Ordem Descricao Valor %


1 Vendas liquida
2 Variacao do credito concedido (±)
3 Recebimento de exploração ((1±2)
4 Custos de existencias vendidas ou consumidas
5 Custos de distribuição
6 Custos administrativos
7 Custos Financeiros de Funcionamento
8 Outros custos de exploracao
9 Custos de exploracao totais (4+5+6+7+8)
10 Amortizações (exploração)
11 Provisões liquidas (exploração)
12 Variação das existências totais (±)
13 Variação dos adiantamentos aos fornecedores (±)
14 Despesas de exploracao {(9-10-11)+ou-(12+13)}
15 Variacao do credito obtido (±)
16 Variacao das despesas de exploracao a pagar ( ±)
17 Pagamento de exploracao {(14)+ou-(15+16)
18 Tesouraria de exploracao (3-17)
19 Recebimento extra-exploracao
20 Custos financeiros de financiamento
21 Investimentos (capital fixo e outros)
22 Impostos sobre o rendimento do exercício
23 Reembolsos de empréstimos
24 Lucros distribuídos
25 Outros reembolsos
26 Pagamentos extra-exploracao (20+21+22+23+24+25)
27 Tesouraria extra-exploracao (19-26)
28 Tesouraria global (18+27)
29 Disponível inicial
30 Saldo acumulado de tesouraria (28+29)

Assim, podemos constatar que o mapa dá muitas informações importantes sobre o evoluir da
situação económico-financeira da empresa durante um certo período de tempo.
Assim, podemos obter dele as seguintes informações:
 Vendas líquidas
 Política de concessão de crédito
 A rendibilidade de exploração (RE)
 A política de formação de stocks
 A política de obtenção de crédito
 A política de investimentos em capital fixo (óptica financeira)
 A política global de financiamento
 A política de distribuição de lucros
Importa referir ainda que, o ponto mais alto da sua importância está na clara separação das
operações que afectam a tesouraria extra-exploração, como mais tarde veremos:

6.4.2. A tesouraria de exploração

São variações monetárias (excedentes ou deficits) originadas pelas operações do ciclo de


exploração da empresa e calcula-se da seguinte maneira:

TE = MLB - [(Δcc + Δso) - Δco]


Ou
TE = Recebimentos de exploração – Pagamentos de exploração
TE – tesouraria de exploração
MLB – meios libertos brutos anuais de exploração
Δcc – variação de crédito concedido
Δso – variação de stocks
Δco – variação de crédito

6.4.3. A tesouraria de extra-exploração

Resulta de:
1. Actividades inorgânicas e;
2. Situação financeira (CFF) – ligado ao financiamento do activo fixo
3. Fiscalidade (IRPC)
4. Políticas de dividendos
5. Outros fluxos financeiros associados aos ciclos das operações financeiras e de
investimentos.

TEE = Recebimentos de extra-exploração – Pagamentos de extra-exploração


TEE – tesouraria de extra-exploração

6.4.4. A tesouraria global (cash-flow)

A tesouraria global (cash flow total) decorre da diferença entre os recebimentos e os pagamentos
de exploração (tesouraria de exploração) e os recebimentos e os pagamentos de extra-exploração
(tesouraria e extra-exploração) ocorridos durante um certo período de tempo (ano, mês, etc).

TG (tesouraria global) = Recebimentos (de exploração+extra-exploração) – Pagamentos (de


exploração+extra-exploração)

Ou seja

TG = TEn + TEEn

Onde: TEn = tesouraria de exploração no período n.


TEEn = tesouraria de extra-exploração no período n.

Variação da tesouraria global


A sua variação periódica pode ser positiva ou negativa e, é assim medida:

Sn – Sn-1 = TEn + TEEn

Sn = saldo anual do disponível no fim do período n


Sn-1 = saldo anual do disponível no fim do período n-1

Logo, podemos concluir que a variação do saldo do disponível em dois anos consecutivos é igual
a tesouraria global do último ano da comparação.
7. Conceito de viabilidade financeira

É a sua capacidade de gerar, sistematicamente e ao longo do tempo, uma tesouraria de


exploração positiva e adequada para fazer face ao pagamento dos impostos sobre lucros, à
remuneração dos capitais próprios e alheios e aos reembolsos destes últimos.

8. A rendibilidade e a inflação

Em gestão financeira I, estudamos os efeitos económicos, financeiros e globais da inflação


(perda do poder de compra da moeda como consequência da subida do nível geral dos preços). E,
vimos que influi negativamente na rendibilidade da empresa.

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