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a riores, o desenvolvimento profissional estruturou com a ra mudanga, continuidade e intencio de ruptura’, up Revenge = A anilise desta renovacto, tomada na s enovaglo, tom wun pluricausalidade & n suta multilateralidade, 6 ainda um desafio para os estudiosos do Servigo Social, sejam assistentes sociais ou no’, Hla supce, € desnecessécio dizé1o, a compuls6ria ¢ mediatizada remissio ao movimento macros. cspieg ‘da autocrasia bursusse — a renova do Servica Soeil mo rasil, mesmo que ndo se passa reduzir os seus mltiplos condicionars. tes as consirigdes do cielo ditatoriu, & impensdvel, tal como se reatizou sem a refertncia & sua dindmica ¢ erise (ef. capitulo 1, especialmente S530 1.3), Supe, fguslante, investiga Gos diversas e along endos niveis que comparecem no movimento interno da profiscan: az modalidades interventivas para responder is novas demandas, o: pi res. imperantes na reprodugao du categoria profissional, as suas Toma teense. envied sGes intelectuais © as suas (auta)representagées. Trate-se io, c acBes. Teata-se, com eleito, de um largo programa de pesquisa c investigagdo, a requeret longos © coletivos esforgos". . . |, aqui, € oferecer um contribute & 8 veis nos dias correntes, Tendo por base as epgdes oflexses om tel A privilegiaremos apenas as suas dimensdes macroscépicas @ surge a renovagiio da Servigo Social — nos seus avangos ¢ limites, sort Patty dos resultadoy deste renovacio se explcita nn entrada dos anos vise aloe, pots, 9 necessdao ui wnvesigia em ‘documentos ee ic, Almeida (1970, (975), Netto (1976), Santos (1976), Cornel 36), ungurt Bago sobre a formagiio profissional do stents i" alh i 3088) 116 21. Aautocracia burguesae o Servico Social « As relagdes entre o movimento global do ciclo autocratico burgués © 0 Servigo Social nfo podem ser visualizadas em aspectos que, embora indicadores do cardter profundo da ditadura, sio efetivamente adj tivost, Antes, cabe localizé-las nas condi¢des novas que, sincronizadas a dinamica e ao significado hist6rico da autocracia burguesa po Brasil (cf. capitulo 1, especialmente segdes 1.1, 1.2, 15 ¢ 1.6), a ditadure colocou para as-préticas, as modalidades de reprodugio as (auto)re- preseniayoes profissionais. B na confluéncia deste condicionalismo Inédito que se pode rastrear a essencizlidade daquelas relagdes e iden: tificar com nitidez a sua conexao com a renovacio de Servigo Secial. + Salientar © vinculo entre a autocracia burguesa ¢ a renovagio do Servigo Social no € 0 mesmo que sugerir que a estratégia © © sentido da ditadura jogaram, intencional e prioritatiamente, na erosio fe na deslegitimacao das formas profissionais consagradas © vigentes & Epoca da sua emersio e consolidagio. Pelo contrario: até o final da déeads de sessenta, e entrando pelos anos setenta inclusive, no discurso ena agdo governamentais ha um claro componente de validagio ¢ reforgo' do que, noutro lugar, caracterizamos como Servico Social “tradicional”. Tudo indica que este componente atendia « duas neces- 7 Pensannos, especialmente, no traio repressive para som os profissionals, doventes @ dincentes pais inguielos — trato que fol da marginclizagdo 30 extlio, cert ‘pclae fascs “normals” da eadcia e da (ortura, de-que Marques (1985) Pasa Fesor mma curiont retiguragdo romenesca, AQUi, © r0L dos atingidos tte ereceivel, inchive. com cases, paradigméticos, como © de Vicente de Beets Falginos persequidy por duas-diaducas, a brasileira e€ a chiens. Por at arte a liga dos proflsiondls, docentes e discentes que se_viram subme- Gate Pare tar wae sults, ainda que. protandamente deloresas © constrange otes,"€ tong Devese obsewvar que. este trato repressive steve inserido muma relacio altomente sestiva to Extado vom a categoria profissional: a ditadura promoveu iiMptaments os quadvos que. erviam e, de fate, nada esté mais looge da ver inde gue inagitar que es assistentes socials protagonizaram, pelos seus see ‘into mais taprosentatiyos, um papel de. relevo na tesstencis demoerdtes; meelueentew papel opesicionista destes segmenios s6 comeca a se evidenciar sem searrmaidades quando a crise da citadura ja era protunda © parccia irreversivel, aaa eas ue do da cum obviedade por Gcastio do IIL Gongresso Brasliro ae Asistentes Sociaws (Sie Paulo, 1979). 5, Para tima anise deste discurso © aglo, of. Santos (1979), Tanni (1981, ‘Vieira (1983) © Covre (1983), Sugerimos entender como Servigo Social tradicional “a prea empirisa seitenatiea patiadvae huroctatizada™ dos profissionais, parametrada “por uma creer. iaiiuucsa® e euje feloologia “consistc na corresso — desde um pono sees ate claramente faneionalista de resuliados.psicossocinis considerados 47 sidades distintas: a de preservar os tragos mais subalternos do exer: cicio profissional, de forma a continuar cantando com um firme estrato de executores de polfticas sociais localizadas bastante décil e, ac mesmo tempo, de contrarrestar projecdes profissionais potencialmente confli= tuosas com os. meios ¢ os objetivos que estavam alocados as estruturas organizacional-institucionais em que se inseriam tradicionalmente os assistentes soviais®, Vale dizer: une dos componentes das relagées entre a aulocracia burguesa e o Servico Social operou para a manutencdo, sem alteragSes de monta, das modalidades de intervencao ¢ (auto)re- presentagdes que matrizavam a profissdo desde inicio das anos ein- guienta. Se se leva em conta a forga da inéreia no bojo da instituciona. lidade profissional (inércia ele mesma potenciada pelos referenciais ideais do Scrvico Social “‘tradicional”). é possivel agarrar a sign’ cdncia deste componente da postura ditatorial — ele ¢ um dos vetores que responde, em grande medida, pela continuidade de priticas ¢ {auto}representacdes profissionais que, prolongando-se nos dias atuais, ‘mostram-se inteiramente defasadas em face das roquisigées socioprofis- sionais posias pela dinfmica da sociedade brasileira’, Entretanto, este componente, de feic#o obviamente conservadora. patece-nos 0 menos decisivo no feixe de relagdes de que agora nos ocupamos.eSe, realmente, a autoctacia burguesa investi na reiteragiio de formas tradicionais da profissio, seu movimento imanente apontou, como tendéncia e faectualidade, para uma ponderdvel reformulagiio do eenario do Servigo Social, justamente pela instauracio daquelas condi- g8es novas @ que aludimos linhas atras. Tais condigdes vinculam-se sobretado & reorganizacio do Estado ¢ as modificagdes profundas na sociedade que se efetivaram, durante o ciclo autoeritico burgués, sob © comando do grande capital. Blas ferem o Servigo Social, nao exclu siva, mas especialmente, em dois niveis, imbricados porém diferencia. 7. £ absolutamente inconteste que esta continuidade — ou seja: a vigéncia ddo Serviga Social. “tradicional” —- envolve amplissimas camadas da’ categoria profissional e uma parcels nfio-desprezivel das ngéncins le formagio, Mesto Que ndo se disponba de andlises rigorosas ¢ abrangentes sobre este aspecio, ele Feponta em encontros da categoria e & detectivel em investigagoes as mais diver sas (cl, por exemple, Serra, (985; Souza, 1985; Weisshaupt, ork, 1985 c VW. RA, 1989), 18 eee, eee ica ¢ 0 da sua formacio dos por especificidadesino da sua Pi profissionais'y ntonet 4 @No que diz respeito & pritica dos profissionais, o processo da stqoderoieagio conservadora’” (ef. capitulo 1, seg%0 1.2), tomado glo- balmente, engendrou um mercado rtacional de trabalho, macroscépico @ consolidade, para os assistentes sociais/O desenvolvimento das forcas produtivas, na moldura sociopolitica peculiar da aulocracia burguesa, Puturou 0 espago social brasileizo com todas as refragdes da “questo social” hipertrofiadas ¢ com a sua administragdo crescentemente con- fralizada pelas politicas sociais do Estado ditatorial. Donde a genera Tizagao de loci na estrutura sécio-ocupacionel a serem preenchidos por fssistentes socials (e nio 86), quer nos aparelhos burocratico-adminis tratives do Estado, quer no Ambito de setores diretamente geridos pelo capital’. . ‘vA eriagdo de um mercado nacional de trabalho para os assistentes sociais tem seus mecanismos originais deflagrados em meaclos dos anos quarenta (quase uma década depois da fundagao das primeitas escolas de Servico Social, portanto), no bojo do processo de “desenvolvimento las grandes instituigoes soviais” implementadas no ocaso do Estado Novoy (Carvalho, in lamamoto ¢ Carvalho, 1983: 24138.). Nos anos mace claro — ¢ ¢ supérflug romarcilo — que 0 zebatiment, desta conde his & Sone’ Siy a consti ‘ow feos Snel ca ones, woven she 9 Sere ain us J imlonamos, no fet ue Imani enrreee rio oe err econdmizosceat que dllagrot ft rotunda ee MO sem dados entation confivels aoren das pecan, dense at dtm nde aun ig waalb pra oy estan nein At desta expan das portunity oe dale inna de profionls exons, a Hee 8 ce mere da calcein pfctl duane es autoerético burgues fol, inauestiontic Me mariana a. exisincia, 10 pal, de Bre tes Pola (CENTAS bd: 35), prion bostgle Cetin 2 ey tge taping a mun a i S08 (Comey, 1985: 25) 4 inorratcde Racial de Aayteies Sods (ANAS) Fo nse gl cm [O47 dyoram ent sora de dike SRE: 8) Ten CEAS, exe mimeo, cn 198, cd 40.000 proisonal nan) Pasa se on ung aia do peso an eater m 54.65, Mate 289592) tan da, Amersy all bes amr Aamir fanatic de Rocca dp Taio ein co tides ee eMfotiam cetea de 70H poison me Pea ALT {Bb dbo etme de Serve Set Capen 88: 4D, a ee raidn apenae para ello autocrdted ba es Valeamotgt aur a cummin, iGuo economisoancial egada pela sade ats: entrees 0% crhuragdo, ands que conuntatal, no mercado de ‘trabalho parecia indicat cit njuntura, os depoimentos colhides, por Pinto = os dados Tere a pepita metropolitans de SG Puvlo (Pinto, 1986: 190-111, 117) 119 cingiienta ¢ na entrada dos sessenta, esse mercado se expande™, ¢ nfo pode haver clivicas acerca da conexdo desta expansio com o andamento da jd vista industrializapao pesada. Trata-se, porém, de um mercado de trabalho emergente e ainda em processo de consolidago — sé residual- mente estendendo-se por todo o temitério nacional e com relagdes trabalhistas carentes de ume institucionalizacdo plena (exceto no im! to estrito das organizagées governamentais)!! ‘Besse mercado de trabalho que o desenvolvimento capitalista gperado sob 0 comando do grande capital © do Estado autocrétivo burgués a ele funcional redimensione ¢ consolida nacionalmente. A reorganizacao do Estado, “racionalizado” para gereneiar © proceso de desenvolvimento em proveito dos monopélios, reequaciona inteita e profundamente no s6 0 serttido das politicas setoriais (entao voltadas prioritariamente para favorecer o grande capital), mas especialmente toda a matha organizacional encarregada de planejé-las ¢ exectitélas™. © ‘tradicional grande empregador dos assistentes sociais.reformula substantivamente, a partir de 1966-1967, as estruturas onde se inse riam aqueles profissionais — na abertura de uma. séric de reformas que, atingindo primeiramente © sistema previdencidrio’, haveria de 10, “No fim da déeada de 1940 e especialmente ma asada seguint, abrese urnoyo e amplo campo pera os awistentes sovit L.-J. O Servige Social © inerorieay acompathando g caminho’ dos prondes insitlgoea, a mover Zagio. dis administtgdes municipats eo stiplmente de noves, programas ral tas para ns populagdes trels. Aw resto Tempo, nab insiugees fsestencias aiicas, elcacionais cle. 0 Servigo Sica poulatinamsnte ogra tater Stematizato teenie testicn de sues fae, sleancande.deline aieas poe Fereneinis de auagio téniea” tCorvatho, in lamanoto ©: Carvaihor 1988" 350} Paralela a cste desenvolvimento, covre a cause fegal_da profisfo: «lei 1.883, de 15 de juno de 1935, normativiao enaino do Survie Sottl «6 Fee lameniadn polo deceto 35.311, de 8 de nl de 1956; 0 Ie $290, de. 39 de agosto de 1957, dikpae sobre 0 cxerokiaprofissionel © © rogulamentada, pelo Seater O04, de is de teule de ined te nee ces isis bene eas Sov Vitra, i985: ts) 11, Ainda em meados da dada de oitente,eserevia una profssionsts “a dteneciago dos sires tornotsse cavactristes di olera de ciprotos pore & fouatente social ndo tem sequcr um Piso salaviel etabeletco pea ealegort on por seus Grgice do representa, {| © salar. minimo” profistonl fo, Irchisive, tema dos betes do tsine Congreso fasere de Ashstens Savin em outbro de 1982, ocorvico no Rio de Janeio” (Pinto, 1986" 106); ef, tambem CENEAS (1982) 12, Escudo de consulta obgatéria para desvondar este proceso, sinds, que incideme sobre onganizagdes/insitugdex determanadas, € 0" fa cla de Mat tins (98). 15, Parece-nos fundemental, para um ragamento exsustiva deste instante exucal das conoxées entre a ditadra e'3 profisio, uma anise em profonde dace do proczaso de vniiencto das igstituledes provdencigias, com criagdo {5 Inattdio Nactonat ge Prvidereta Social NPS): Fonte importante par te 120 i. alterar de cima a baixe o conjunto de instituigdes ¢ aparatos governa- mentais através dos quais se interfere na “questéo social”, Esta reformulacao foi tanto orgartizacional quanto furtcional: niio implicou sé uma complerificagéo (a que correspondeu. uma vaga de burocrs- tizagdo) dos aparatos em que se inseriam os profissionais; ecarretou, igualmente, uma diferenciagio e uma especializagéo das préprias ativ dades dos assistentes sociais, decorentes quer do elenco mais amplo das politicas sociais, quer das préprias seaiielas do “modelo econdmi- co” (cf. capitulo 1, secio 12)". Promovida aquela reformulagio em escala nacional ¢ sob a stica centralizadora do “Estado de Seguranga Nacional”, eia atravessou de ponta « ponta o mercado “estatal” de trabalho dos assistentes sociais: a sua nova inser¢io nos chamados servigos piblicos" viuse universalizada no espaco nacional" — aqui, a reformulacao organizacional ¢ funcional supds também uma extensa0 quantitativa da demanda dos quacros téenicos de Servigo Social. >A consolidacao do meroado nacional de trabalho pata os assisten- tes sociais, como varisivel das modificagdes ocorridas durante o ciclo autocrdtico burgués, nio derivou apenas da reorganizaetio do Este- do — que, ao que tudo indica, permaneceu ¢ mantém-se ainda hoje principal empregador desses profissionais. O mercado nacional confi gurado j6 nos finais dos anos sessenta & dinamizado pot outro pélo, que nio ditetamente o Estado: trata-se das médias © grandes empresas (homeadamente as grandes empresas monopolistas © as empresas estar tis). Até meados da década de sessenta, o mercado para os assistentes iat sociais, nesta area, eta verdadciramente resid co menta sitive, no sor priv, Peles Fobra Soi Hse leSpeas que embors irand na bit etal nfo extevan ligne rmente as agéncias oficiais). Ora, © crescimento industrial que se opers,expecaiente noe enos do “nillagr', fomna este segment Je mereado de ‘trabalho algo extremamente expressivo — ¢ a pattiz de entio que, entre nés, podese falar propriamente de um Servigo Social de empresa (ot do tisbalho, conforme a ética do, analisia)®™ Cabe salientar que o espago empresarial nao se abre a0 Seivigo Social apenas em feza0 do crescimento industrial, mes determinado tambén pela pano de fundo wsiopoltco em que ele ocorre e que inst ne cessidades pecu vi c alho cessidates pocullaes de villinia controle da forga de. trabalho no Com este duplo movimento (mais exata i tmovimentos de um mesmo provsso) de uma parte, as modieases no ambito do Bstado; de outa, a sida inseredo do asistente social no mundo emprestie?! ~ cencouren a. demanda posta per onsanizagdes desvinculadas dos polos esata ¢ prvadocpresral. Os fenfmencs pauperizagio relativa (e, nalguns casos, absoluta) de amplos sctores da opulecid, as seqiclas’ do desenvolvimento ovientado eyes lei 9 grande capa, ox prosenos de migraydo que inlera s reps anes ec, — ef o guar propio do modclo econ n ‘adura — compeliram organizagées de filuntropia priva 4 requir, come ante no 0 fri, o-eoncuro de rotons Jnda que este vetor nao tenha, em nenhuma medida, " ragio dos anteriores, nfo se trata de um ig dosprentel a cousolidagio do. mercado navione Jo tabalko' pare on actentes consol para os assistentes 18, "At empress nfo so comsderadastradiionas tea doing PT Hor sea conck wei Te oapertncice pat sa pat dv gos 0 ante to Sul amo no ede. € voto dea inele: thento «parte de 1960" (Mota 19852 41), MIM Peels, mareade tentes sociais” (Mota, 1387 139) " Het cranremmdas de att 20. Sobre esis condisdes — que envolvem nio somente o Serio & cf, especialmente Frederico (1978, 1979). sans 21, Observese quo est insergio compromnde tanto as empress ind sine artes, nomeadmcote «canis, oy xml GoPro Gleool) quanto empresas do sctor de servigos (transpoites, Snanyas © crete), 22. Pensese, por exemplo, em organisms liga atroci snc image Sat ore Tigados ¢/ou patrocinados pelas 122 « Este mercado colocou para Servico Social, dada a sua contex tuslidade sociopolitica, um ovo padrao de exigéncias para 0 seu Uesempenho profissional — quer nas agéncias estatais, quer hos espe gos privades recém-abertos/ Ainda que ndo nos parega correto mencio~ ser m emersao de uma nova modalidade de insergdo dos assistentes Socials nas estruturas organizacionais, o fato expressivo deste provesso de configuracdo/consolidagao do mercado nacional de trabalho, concre- {zado em menos de uma década, é que suas resultantes esto longe de se reduzir u uma oferta de empregos antes ignorada ou & sua exten- Sho a todo 0 territorio do pais. Mesmo que 0 contetdo geral das préticas profissionais néo tena: sido deslocado da execucio terminal de poll: Boas socials setoriais, 0 enguiadramento de assistentes socinis em estrt- tures orgenizacionais mais complexas ¢ com interconexGes multiplas ¢ polifacetadas, no marco da burocratizagio propria a clas, alterou em Pecala significativa o relacionamento dos profissionais com as instén- tias hierarquices a que se prendiam, com as Fontes dos seus recursos, Som os outros profissionais com que concorriam e com os seus Gtentes Celientela”)./A racionalidade burocrético-administrativa com que a "modernizagdo conservadora” rebateu nos espagos institucionais 4p exercicio profissional passou a requisitar do assistente social uma postara ela mesma “moderna”, no sentido da compatibifizagio do seu Fesempenho com 2s normas, fluxos, rotinas e finalidades dimanantes daqucle racionalidade. A pratica dos profissionais teve de revestirse de waracteristicas — formais ¢ processuais — capazes de possibilitar, de uma parte, o seu controle © a sua verifieagao segundo critétios purocritico-administrativos das instincias hierdrquicas e, doutra, a sua cresvente interseceaio com outros profissionaig} Num plano geral, ela foi compelida a integrar 0 conjunto de procedimentos administrativos Sqmodernos”; particularmente, ela foi atravessada por uma requisiclo de organicidade © transparéncia, de mancira a ser incorporads no Skis de prdtieos comprezndide pela moldura organizacional, O Gleito global dessas exigéncias engendrou precisamente um vetor de Stosao do Servigo Social “tradicional”: implicou um dimensionamento Kéonicorracional —— quer no nivel de legitimacao das préticas, quer no ivel da sua cordugdo — que derruia os comportamentos profissionais jmpressionistas, fundados conseqiientemente em supostos humanistas bstratos e posturas avessas ou alheias as I6gicas da programacio organizacional. Sinteticamente, 0 fafo central é que, no curso deste provesso, mudou o perfil do protissional demandado pelo mercado do Trabalho que 25 condigées novas postes pelo quadro macroseépico da autocracia burguese faziam emergit: exige-so um assistente social fle mesmo ‘“moderno” — com um desempenho onde tragos “tradi Gionais” so deslocados e substitufdos por procedimentos “racionais”. 123 sng Eats Sago ae prouzir este. profiel modetno” implcara uma profunda rotagio nos mecanismos. vigente: mae aes socks e dela enacsg a poliicn efucaconal da aa (et capitulo I, segao 1.5). Com efeito, as referidas condigdes novas reclamavam um ‘inteie vi a tuaguo dot unitate sii pte temper Ge ver Goro sono nalismo, © paroqulalismo e a proviselanismo que hstoricamente vince sam furgimento e'0 evolyer imcita do cnsino do Savio Social no Brasil? — além, naturalmente, da expansdo qui i Bele pansdo quantitativa das pr6- ‘ais refuncionalizagio e ex} Tai Jaco © expansio (na verdade, os dois processos sie indiesocavels, no e080 do Servigo Social) foram wen das prat amente no mesmo lapso cm que se con: io nacional Gs trabaihe,*tm pours male de ume docona’ do: ancats sinters de casino superior (publica © privais) ssw a ofeece, en todo 0 a 3s de Servigo Social numa escala impensivel uma década antes —” nuimero chegava a 6.352, , ae em cada capital dos estades existentes & época, exceto Teresi eect on en segue a at dey os Sy oA oes fae dere te ea tee a cg a ese Sin a el aa ‘ulror 2 programas. priyados abo os das wniversidades.calclicns nee, e aren programas de pés-graduagio, 0 superior incidiu sobre o Servigo Social de manei allag = glida Gust SSG" AIST as Nema ae on Rae Ce ae mento da chamad: vi 2 ete serlgouss ear, repr publi ecole veda: | alerizagio ja vila de Feleag, sparece como sm "eurse Fell™ para os interesses do capital. so mo um Veusse el apenas | 9 Paulos ss, gain o favoreci 124 Neste processo — efetivado em circunst€ncias que, como veremos, abrigavam implicagées que, no sou andamento, acarretariam conse, Gigaclas de monta no elacionamento entre segmentos da categoria Arofissional ¢ enlze esta © 0 projeto autocrético burgués — hé parti eetaridades dignas de note. Em nosso entender, todas elas derivam do fato de este processo ter significado, realmente, a insereuo do ensitro de Servigo Social no ambito universitério. Diferentemente de outras profissaes de nfvel superior, que padeceram a refuncionalizagao de svt Poemagto pela ditadura jé com um lastro académico, o Servico Social ingressa no citcuito da universidade justamente no lapso de vigéneia re eatocracia burguesa. Com efeito, data daf a inscrigio do Servigo Secial no espago universitério. Nao se trata tle um evento formal ou Se cariz juridico™: tralase, ao contrétio, da efetiva incorporagio Ga formagaa profissional pela universidade, introduzindo os eursos ne Stina de relagdes prépria & academia © subyertendo amplamente we condigdes de ensino. As escolas isoladas, mantidas destacadamente por orgunizagées confessionais ou lelges™, com pareos recursos mate- site @ humanos, funcionando & base do esforgo ¢ da dedicagio de Drofissionais © docentes que exerciam © magistério impulsionados Pipretudo por valores morais, contando com alunos em ntimero redi- Sido, relacionando-se com oulras escolas e cursos superiores espe monte através de mecanismes ¢ condutos informais — estas pequenas Ageneias de formagBo convertem-se, em pouco tempo, em unidades ae complexos universitérios"”. Nao € dificil imaginar © impacto que Esta insergao no fimbito académico causou sobre o ensina de Servico Social: em um breve lapso de tempo, a formacdo profissional vit-se penetrada pelas exigeneias © condicionalismos decorrentes quer da Pefencfonalfzagao global da universidade pelo regime autocrético bur gués, quer da sua propria virgindade académica; se se conectam wmas savitros, compreehde-se por que esta formacao mostrouse Ue yulne- rével aos constrangimentos gerais do ciclo ditatorial ®No plano especifice do perfil da formasie profiesional, © impacto operada pelo ingresso na universidade foi multifacetado ¢ contradiv6- 25 [A vimos que o reconbecimento, do estatulo superior « goadémico da profieads vem de principios da década de cinallenta (cf, nota 10). 126. Objeto digno de pesquisa aprofurdada € e papel descmpenhado a dis. sio do cotino’de'Servige Sovlal, no Brasil, por determinadas orders rligiosae Be ee cor exemplog no teabotho das frekas vinouladas 2 Congregecto das Missiondsias de Jesus Crucificado) wripatn gbservagao (@ suas decorréncias) vale intciramente para escolas/ casas qaalforanr jncorporados pela rede publica, mas 36 parciaimente yarn of Sa due toaia Pesquisa realizada om 1988 revsle que, dos 40 cursos oferecl de Preue, privads, 2) cramne por unkdades jolada, Para detalhes sobre tata diferenelago, ef, VW. AA. (1989) 125 rio, De um Jado, propiciou institucionalmente’ a interagdi De , nalmente’a interaeao das preo- upagoes téenico-profissionais com as dsciplings vinculadas és cinciag socinis*; € entdo que a formagio reeebe de fato o influxo da sociolo- tia, da psicologia social e da antropologia. E absolutamente inegével © aspecto positive dai decorrente — principalmente se se leva em conta 9 falo, consensunlmente reconhecido, da auséneia de fories tradigbes intelectuais © de investigagdo na formacao profissional. Simul Beis, contigo, dade eta ema career reqiouse 0 Iago flanco aberto na formagdo aos tragas mais deletrios deste influxo — residents no vis teenoerticow asséptico das disciplinas cocinis poss yeis na universdade da ditaduea, O eonjunto de seqiclas que o ciclo ditatorial imprimiu ao quadro educacional e cultural do pais, que jd analisamos (cf capitulo 1, segoes 1.5 ¢ 16), sate com inwnso for sobre a formacso dos assistentes socials, De outro lave, 0 reerutamento do novo pessoal docente — tornado compulsdrio pela expansio dos cursos — também revelou-se contraditério: recolhendo os quadros encatregados de reproduzir a profissio especialmente entre. profissio- nes jovens, operon diversamente — agregou elementos gue vioham ‘a formacio em momentos imediatamente anteriores ov posteriores & implantagao da ditadura ou que se formaram jé sob o ruilitarfascismo; ‘gualmente enquadrados na universidade do autocratismo burgués, estes componentes da docéncia se desenvolyoram desigtalmente mas, pela ft permanéncis nos marcos académicos, com possibildades de dedi- a nento intelectuais inexistentes para os docentes periods anteriores, puderam ucumular reservas de forgas © engender, no Ambito do Servigo Social, uma massa critica também. inexistente. antes, Quando se superam as eonsrig6es dilsornis, 0 acsimulo real zd por exe componente profsional ven 2 tons com Estas sumfrias indicagdes delinel i ~ Jes delineiam © giro que entio soft se esgota no que Ievantamos aqui). Fle imbrica a formagio com as __ 28, Hsia interaio comeca a esbocarse na pasasger dos anos cinaienin a0 sessenia; entretanto, ela s6 se concroliza no interior do process que estamos sinalizando aqui. wee steams 29. Nao mos interesse mais que romatear os passcs de maior relov rrocetosotplzada © pcan Unto stem que el competes Bee mae ae ei sremct sive amie gunrel coars § Ingress nos curds de Serio Social (para didi minimament & rec Cola sags no ert do clases do sosedage brava nee sete don aos aun oy Stents Sua relato com oy mevanismo dem U3'e 5). Ainda que som somprovacto em pesatsa einpica, qusends pac: es (pit oa bra diene skomacns por inditnus do pretisiona eros a lute pela organizagao sla etegoria, como Delgndo, {981} que © 126 demandas do mercado nacional de trabalho constituido e consolidado ho processo da autocracin bunguesa:. passa a oferecer aquele um pro- fissional “moderno”, cuja legitimagao advém menos de uma (auto)re- presentago humanista absirata que de uma fundamentacéo teérico- Técnica do seu excrefcio como assistente social.“A “modernizagio conservadora” revela-se inteiramente neste dominio: redefine-se a base da legitimidade profissional ao se redefinivem as exigencias do mer cado de trabalho e 0 quadro da formagao para ele. & B neste contexto que se desenvolve a renovagdo do Servigo Social: ele Fornece as balizas histrico-sociais ¢ ideoculturais no interior das {quais a profissio experimentard as maiores rotagées desde que surgi no pais. As relagdes assinaladas com a autocracia burguesa, no entarto, nao qualificam hem partivularizam o proceaco qua nos interessa cirenns- Crever; apenas sinalizam os seus condicionantes mais genéricos. Per- tanto, € preciso, a partir daquelas balizes, elaborar mais detidamente tal renovagao. 2.2. Oprocesso de renovacdo do Servigo Social A apreciagao do processo do Servigo Social no marco da autocra- cia burguesa indica que os movimentos da dindmica profissional fize- tam mais que responder funcionalmente as demandas ¢ aos condicio- halismes que aquela The colocava. O ocuso da autocracia © a sua liltrapassagem revelaram que, sob ela, 0 Servigo Social desenvolveu potenclalidades sem as quais nio apresentaria as caracterfsticas com Que veio atravessando a década de oftenta, Efetivamente, « compreen- so do evolver profissional sob o regime autocritico burgués, 8° nio pode ser enviesada pelo anacronismo que consiste em pensé-lo a partir Gas realidades atuais, ganha uma nova luz se s¢ consideram as virtua- Tidades que eaplicitou quando da superactlo da ditadwa, Também aqui, um est4gio de desenvolvimento mais alto contribui para esela- recet aquele que se mostra menos complexo. Panoramicamente, o Servigo Social com que se depara o obser- vyador contemporaineo configura-se como um ealeidoscépio de propostas TeSricometodoldgicas, com marcadas fraturas ideolégicas, projetos profissionais em confronto, concepgdes interventives diversas, préticas Intiltiplas, proposigdes de formacao alternativas — sobre o patamar de uma categoria profissional com formas de organizago antes des- riblica preferencial de toda a década de setenta em diante provém menos das Bideses ¢ camadas “wradicionais” que de estcatos mais “modernos” (as novas fcamadas médias urbenas) 127

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