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BASES BIOLÓGICAS E FISIOLÓGICAS DO

TREINAMENTO

TREINAMENTO AERÓBICO E ANAERÓBICO E AS


ESPECIFICIDADES EM JOVENS ATLETAS.

POR - ESP. PROF FILIPE SARRACINE FAEDRICH (PROF. EDUCAÇÃO FÍSICA – CREF -131469-G/SP.)

A capacidade aeróbia é um dos principais fatores que possibilitam a


sustentação de altas taxas de trabalho durante os 90 minutos de uma
partida. A capacidade do sistema respiratório em captar, transportar
oxigênio e metabolizar gerando energia para o corpo na contração muscular
é medida através do VO2 Máximo, ele é expresso em mililitros de oxigênio
por quilograma por minuto (ml/kg/min).

O futebol é considerado uma atividade intermitente de alta intensidade (1,3) com


diferentes padrões de jogo entre posições (4) e é caracterizado por curta duração,
corridas em alta velocidade, corridas constantes de baixa intensidade, saltos, tempo com
bola e sem bola e confrontos, aéreos ou terrestres. A intensidade do exercício durante
uma partida de futebol é cerca de 75% da captação máxima de oxigênio (VO2max) e
grande parte das ações determinantes de uma partida ocorre em intensidade anaeróbica
de zona 5 (90-100% F.C. Máx).

O jogo dura cerca de 90 minutos e os jogadores correm mais de 10km por jogo no
futebol moderno, com um deslocamento médio de 6,7 km/h. Devido à sua correlação
com o consumo de oxigênio, a frequência cardíaca (FC) é considerada uma importante
ferramenta para avaliar o custo energético dos esportes em que o uso de calorimetria
indireta durante a atividade não é possível para mensurar durante um jogo (5,8).

Dentro dos estudos propostos foram analisados que o VO2 Max é responsável por
performance de atletas e que é determinante na ressíntese de substratos, o que foi
adotado é que para o individuo obter alto nível de capacidade aeróbica o valor mínimo é
expresso em 55ml/kg/min.

O monitoramento da intensidade do exercício deve ser feito considerando a


porcentagem da frequência cardíaca máxima – FCmax (9,10). Identificar e usar valores
corretos da FCmax é a chave para a prescrição de sobrecarga individualizada (11,12).
Além disso, os valores da FCmax também são utilizados para estimar o gasto energético
(13). A FCmax deve ser determinado em situações reais de competição (14,16), porque
quando é estimado sem a atmosfera competitiva pode não ser confiável (9).

O gasto energético de um único jogador de futebol calculado a partir da FC medido


durante um jogo amistoso, foi de 1.360 Kcal (16). Usando o mesmo procedimento,
Garcia et al. avaliou 23 jogadores brasileiros de futebol profissional durante as partidas
oficiais e relatou um valor médio de 11,3 Kcal.min-1 e valores individuais que variam
de 6,4 Kcal.min-1 a 16,8 Kcal.min-1. Stolen et al. relataram um valor médio de 1.700
Kcal/jogo, tudo decorrente da posição e conforme a situação climática do jogo podem
aumentar esta variável ou reduzir a mesma.

O conhecimento do gasto energético durante qualquer competição esportiva pode ser


usado por treinadores, médicos da equipe e nutricionistas como ferramenta para melhor
planejamento dos treinos, dieta e atividades de recuperação para atletas; além disso, a
identificação correta da FC e FCmax é fundamental para o planejamento e
monitoramento do treinamento.

Agora que já sabemos de sua importância quanto as vias metabólicas durante uma
partida de futebol, como estimado a partir de variáveis como FC, é aproximadamente
70% de absorção máxima de oxigênio (V02 máx) uma pessoa que pesa 75 kg com um
vo2max de 60 ml/kg-min- 1.

Deste forma a via predominante ao jogo é de Capacidade Aeróbica, a produção parece


corresponder por mais de 90% do consumo total de eficiência do jogo.

FONTE: http://edwinalvarezy.blogspot.com/2009/04/sistemas-de-energia-para-la-
actividad.html

No entanto, a utilização de energia do corpo vem através de duas vias (aeróbica e


anaeróbica) tendo como fonte de energia os substratos energéticos: Adenosina trifosfato
– ATP; Creatina fosfato – CP; Glicose – GL; Lipídeos – LP e Proteínas – PR. Mais
especificamente no futebol temos a interdependência das vias, por isso considerado
intermitente (atividade onde o metabolismo se altera durante a sua realização) com
momentos de alta e baixa intensidade. Durante períodos intensivos (via anaeróbica) de
exercício de um jogo que corresponde de 8-10 % da distancia percorrida, a creatina
fosfato (CP) e em menor grau a adenosina trifosfato (ATP) armazenado são utilizados e
isto pode ser até caracterizado como o momento fundamental de uma partida, ou seja o
substrato que pode ser determinante para o resultado como uma corrida de alta
intensidade e Sprints.

Ambos os compostos são em parte restaurados durante um período de descanso


prolongado subsequente (via aeróbica). Em amostras de sangue colhidas após partidas
de futebol de alto nível, a concentração de lactato tem uma média de 3 à 9 mM e os
valores individuais frequentemente excedem 10mM durante a partida. Além disso, os
produtos de degradação como o difosfato de adenosina (amônia/amônio, hipoxantina e
úricoácido) - são elevados no sangue durante partidas de futebol.

Assim, os sistemas de energia anaeróbica são fortemente utilizados durante as partidas


de futebol. O glicogênio muscular parece ser o substrato mais importante para produção
de energia durante partidas de futebol. No entanto, glicose sanguínea e ácidos graxos
livres são também usados como substratos para o metabolismo oxidativo nos músculos.

Desta forma o modelo tradicional só diz que utilizaríamos LP com atividades > 20 min,
porém na visão contemporânea diz que o metabolismo sequencial corresponde quando em
todas as tarefas, as intensidades forem máximas. Neste caso no futebol a exigência é
intermitentes, o modelo proposto por em 2001 por GASTIN se torna mais interessante onde
fala sobre esforço e substrato com relação ao seu estoque.
Por GAITANOS, 1993 queria se investigar o comportamento das vias metabólicas em
estímulos de alta intensidade, como por exemplo, no estudo foi proposta a realização de
10 Sprints de 6 Segundos de duração com intervalo de 30 segundos entre repetições e
pode verificar que a CP e o metabolismo aeróbico começou a trabalhar para produção
de energia e retirada e reciclagem de substrato.

Durante uma temporada são disputados em média 70 jogos, em alguns casos passando
de 80. O rendimento físico e as habilidades técnica e tática dos jogadores de futebol são
apresentados em um campo com dimensões de 105 m x 70 m, onde cada futebolista
executa corridas em alta intensidade e acelerações em distâncias que variam de 5 a 60
m. Obviamente que o faz destacar um atleta dentro nas propriedades do jogo é a
compreensão tática, a resolução de problemas e a capacidade técnica apurada.

Durante uma partida de futebol nós podemos identificar números como:

- Distância média percorrida 10,8 Km;


- Distância Corridas alta velocidade (19,8 a 25,2 Km/h): 681 a 693 m.
- Distância Sprints (>25,2 Km/h): 248 a 258 m.
- Número de Sprints/jogo: média 11º.
- Sprints são maior magnitude em distâncias menores 10m.

Quando colocamos as atividades intermitentes em questão a nossa preocupação é como


tempo médio de recuperação esta entre ações de alta intensidade (> 19,8 Km/h), que
corresponde em média 51 a 61 segundos, como também podem ocorrer algumas
partidas tempos de recuperação menores do que 20 segundos. O que mais trás
especificidades é que jogadas extremamente intensas podemos ver jogadores
executarem até 5 ações de alta intensidade durante 1 minuto, além de que as
capacidades de executarmos movimentos intensos e distintos dentro de uma mesma
ação com os saltos em diferentes posições, como por exemplo: Média 20,4 para
zagueiros centrais, 19,6 para atacantes, 11,1 para os demais zagueiros e 10,3 para os
meio-campistas por jogo.

Temos claro que a posição do atleta dentro de campo e suas funções também devem ser
levados em consideração na hora da montagem do programa de treinamento. Cada
posição tem suas características e necessidades específicas.

Sendo que estes números vão fazer referência a momentos de jogo, sistema tático e
capacidade técnica distintas, ou seja, podendo alterar ao decorrer de time, competição
ou exigência do ambiente.
Então a capacidade física do atleta de acelerar, correr, mudar de direção ou saltar vai
conforme a condição de interdependência de volume e intensidade, pois devido a maior
intensidade da partida pode se alterar o volume de ações e quanto mais tempo se expõe
em altas velocidades, mais o atleta tem dificuldade em expor ações com maior
constância, mas os mesmos chegam a alcançar uma velocidade de 32 km/h. Portanto,
isto nos leva a pensar que o aumento das ações intensas são determinantes para jogo
pois cada 4 segundos em alta intensidade (anaeróbio)temos uma média de 28 segundos
em atividades aeróbias.
O futebol tem como principal abordagem trabalharmos a especificidade, seja ela por
jogo, posição ou competição. Mas quando falamos em determinadas capacidades e por
posição também não podemos esquerdos do trabalho analítico e contemporâneo.

Segundo A. C. Gomes a especificidade é um princípio do treinamento esportivo,


dizendo que o devemos respeitar ao máximo a demanda da competição/jogo para que as
adaptações sejam específicas.

Então como responsável por um clube ou atleta é ideal se construir um perfil do atleta,
destacando as principais capacidades físicas e trabalhos metabólicos; Para isto a melhor
sugestão é que tenhamos um processo de coleta e avaliação de dados como por
exemplo:

1. Capacidade de salto.
2. Resistência cardiorrespiratória.
3. Teste de força isocinético.
4. Sprint em linha reta (10, 20, 30 metros).
5. Mudança de direção (COD).
6. Sprint com curva.

FONTE: https://www.scienceforsport.com/strength-and-conditioning-articles/

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