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appl ©2004 Marin Met igo ® jrevos cedidos para es Dir : | A minha mie Regina, uma saudade que ainda déi. A Gianguido, meu amor A Flora e Perola, uma ode i vida, A Maia, meu pai, pela grandeca da alma, CCIP-Brasil, Catalogario-na-fonte | do Sindicato dos Editores de Livros MB7e ISBN 85.7617-029.9 |. Picante, 2. Civilinagéo moderna. I. Titulo Tadett din rad A ped tro pri oi lage Le ee Masa pergunta rerorna: e quando a compulsio a Tepetiggg er & superficie, na transferéncia, deménios aos quaie pa tee sam ser atribufdas quaisquer imagens? Demonios. que afete . m como terror mas que nao mostrem suas caras? Quando as trevas 4; respeito a um desalento sem nome € no a um mai recalcado? De acordo com Schneider, apesar de formular a repetigio « admitir sua necesséria aparigio em alguns casos, Freud se mantere numa posicéo ambigua frente a tais processos, deixando entrever movimentos de natureza defensiva: oscil entre a resignacao ¢ ofa. inio horrorizado (cf. SCHNEIDER, 1993). Predomina em Freud a prudéncia e a cautela com relagio ao acontecimento da tepeticio, Delineando uma andlise comparativa entre a atitude de Freud ¢ Ferencai frente & repeticao, Schneider assinala que, para Ferenczi, ne- nhuma desconfianga veio obliterar 0 fasc{nio que a repetigio Ihe cau- sava. Sobretudo se levarmos em consideracio seu iltimo perlodo teé- rico (1920/30). Sua experimentagao, amparada pelo fascinio, chega a0 dpice na experiéncia da “andlise miitua” (FERENCZ1, 1932), na qual Ferenczi, em contraposicéo 2 atitude do analista neutro e benevolen- te, abole qualquer assimetria entre analisando e analista. A posigao de enunciago de um ede outro, afirma Schneider, é completamente diferente: “ali onde Freud eleva cercas ¢ protesbet, Ferenczi comemora a derrubada das fronteiras” (p. cit. p-39)- Tateando o inomindvel através da repetig4o: a pesquisa clinica de Ferenczi aa a Eneendo que, a partir de 1914, Ferenc, inluenciad Pe ; teorizago freudiana de “Recordar, repetir ¢elaborat” PASTY preocupar com aquilo que, no processo crepes. = do processo verbal do analisando durante as sss6et 216 fo fax com que Ferencti, no periodo de 1914.2 1919, escreva inti- oe pequenos artigos, observando as variagSes corporais de seus "Atribuo a esse Longo perlodo de observacio o fato de Ferenczi, em 1918, numa conferéncia pronunciada em Budapeste para a As- sociagio Psicanalftica da Hungria, mosttar-seatento aos limites dos processosassociatvos de seus pacientes, J nesse momento, Ferenczi aponta para a necessidade de uma certa perspicécia do analsta em relagio A resistencia dos pacientes frente a0 processo de livre associ- agio. Certamente, aqui jd se encontrava em processo de desenvolvi- mento a proposta da técnica ativa, que veio & baila um ano depois a propésito do atendimento de uma paciente Pe rca cujo processo terapéutico, centrado na livre associagao de idéias, encontrava-se exagrado. ‘A técnica ativa nasce a partir da dedicagdo que Ferencai delega- va observagio da expressividade de seus pacientes. E no decorrer do processo terapéutico de uma mulher, o qual apresentava um es- vaziamento marcado pela repetitividade dos conteidos verbais, que Ferenczi se dé conta de algo importante a partir de uma fala da mora em que revelara que sentia “sensagGes em baixo, isto & sensa- S8es erdticas genitais" (FERENCZI, 19192, p.2i percebe, no decorrer 4a sessio, que a paciente deitada no divi, ao cruzar as pernas, prati- cava uma masturbacdo velada (de maneira nfo consciente) A partir dessa compreensio, Ferencei utiliza a atividade do analista! sob for- mma de comando ¢ impede que a paciente faga uso de recursos ‘asturbatérios para liquidar mog6es inconscientes, trazendo-a de volta 20 laborioso exercicio da associagao livre. O efeito ¢ imediato: 4 Ficar sem essa possi ade de descarga afetiva, a paciente come- ‘SoU a apresentar uma agitacio fisica e psiquica durante as sessBes ‘ob a qual ngo conseguia permanecer tranqlilamente detada e pre- 27 > cisava mudar constantemente de posigho, As fantasias que emerg ram a partir dessa estratégia apontavam para acontecimentos tray. idticos importantes de sua infancia que ficavam tamponados pela atividade masturbatéria. ‘A proposta de Ferenczi ¢ clara ¢ atende & dimensio econdmica do psiquismo, na medida em que pretendia provocar uma nova dis- i¢do de energia psiquica, inibindo uma via de descarga pulsional ¢ incentivando outras. A 4 ativa, nos moldes de “Recordar, visava agit os afetos para depois clabord-los através da verbalizacio. Certos contetidos psiquicos, afir- ma o autor, “inconscientemente patogénicos datando da primeira repetir ¢ elaborat” (FREUD, infincia, que nao foram nunca conscientes ou (pré-conscientes), mas oriundos do periodo dos “gestos incordenados” ou dos “gestos mégicos”, de época anterior, pois, 8 compreensio verbal, nao pos- sam ser rememorados mas somente revividos no sentido da repeti- ‘gio freudiana’ (FERENCZI, 1919, p.125). A técnica ativa tinha por objetivo desempenhar o papel de agente provocador, cujas injungoes ¢ interdigées favoreceriam repetigdes que logo em seguida seriam interpretadas ou reconstruidas em lembrangas. ‘Ao propor a técnica ativa, Ferenczi se diz rigorosamente dentro dos contornos técnicos apontados por Freud, j4 que, em algumas situag6es de transferéncia amorosa ou mesmo positiva, o paciente encontrava formas sutis de experimentagio de prazer. Até mesmo uum certo conforto vivido durante as sessbes apontaria nesta dire: G40, 0 que acarretaria a burla de uma regra bésica: a abstinéncia Com a postulagio dessa nova regra, Ferenczi afirma nio ter * intengéo de modificar 0 método clissico freudiano, na medida em que 86 indicava essa técnica a pacientes que vinham enfrentando desde 1919 fica claro, através de outro escrito, que Freud era simpético & proposta ferencaiana de 218 (EXTREMOS DA ALMA eRENCTI, 19190.Note-se que, apesar da técnica ativa jata uma atividade, em dltima instancia, seu Fal dirgi-se a uma atividade do analisando. Sua Fi aarre alguns momentos do proceso analitico de determina- ae uma espécie de estagnagio. Sua ade psiquica do analisando. ddos pacientes, nos quais ocorria fungio visava a recuperar a 0\ iE interessante notar que a técnica ativa surge em 1919, por celacio 4 estagnagio do processo verbal dos pacientes, € que logo tim ano depois (ou menos) Freud publica “Além do princfpio do prize” (1920), no qual conceitua a pulsio de morte. Entendo que, neste contexto, Ferenczi tentava solucionar na clinica determinadas lades que logo em segui no plano da ‘metapsicologia, aos efeitos mortiferos da pulsio de morte. No perfodo entre 1919 ¢ 1926, Ferenczi fez largo uso da técni- caativa. Embora estivesse fascinado com seus efeitos clinicos ¢ con- seqientes desdobramentos t icos que lhe propiciava, algo o ator- rmentava: 0 efeito do recrudescimento da tensio, através da frustra- «fo e da privacio, geravam paradoxalmente a servidao ao invés da vitalidade e atividade esperadas’. A repetigao vivenciada na experi- cia analitica, ao invés de diferenciar-se daquela vivida na situagéo ‘raumética infantil, a reforcava, na medida em que 0 analisando se colocava numa atitude de submetimento. Em “Contra-indicagées da técnica ativa’ (1926), Ferencai fax ‘uma ampla andlise dos pontos positivos ¢ negativos ¢ das arbitrari- dades das quais a técnica stiva foi alvo. No entanto, ao invés de ‘Sxecrar essa técnica, Ferenczi é levado a considerar que “uma parte da realidade, talvez a mais importante, nio pode se tornar uma con- viesio pela via intelectual mas apenas quando se faz “conforme com Sexperiéncia afetiva” sm, p.374), Os processos de repetisio e seu ‘manejo no Ambito da clinica continuavam a lhe exigir uma reflexio 29 ete, nll EXTREMOS DA ALMA {pio de abstinéncia e frustragao, 0 que o leva a ©. por conseguinte, ecoavam no fazer analitico, 0 que o levou a con- -a 0 princlpl q cluir no final de seu trabalho que, mes ea a odelar sua proposta clinica, pa umnen nian — = mesme com ea 2 sic srry “Elascidade da ténica anallica” (19280, tomando por (Ou seja, mesmo fazendo uma autoctitica em relacio 4 sua ino. referéncia o texto freudiano, Ferenczi aborda amplamente (0s proce- vagio técnica, Ferencei nao abria mao do seu propésito em pesquis : dimentos téenicos ¢ metodol6gicos para 0 atendimento clinico. sar : a _um melhor recurso clinico para lidar com aquilo que nao era pass- Anaisa questes como tempo, dinheiro, interpretagio, onipoténcia vel de verbalizac vel de verbalizagio, mas encontrava-se repetido no ambito da expe do anaista, resistencia € dindmica do tratamento, Todos esses pro- sitncia analitica, cadimentos da pratica estariam submetidos a uma qualidade funda- ‘Com a percepsio de que a proposta de privagio pela via da rental que 0 analista visaria a desenvolver em si, qual seja: “taro” atividade, ao invés de propiciar um espago de vivéncia diferenciada, (Einfublung) ~ “capacidade de sentir com” ou “sentir junto”. Com trazia uma reprodugio do mesmo, ou seja, uma passividade frente «ssa proposicio, Ferenczi traz para a reflexdo ¢ coloca em primeiro imposigo parental na primeira infancia reproduzida através da sub- plano, duas questbes importantes: a experiéncia analitica como um missio ao analista, Ferenczi, ao invés de recuar completamente em processo intersubjetivo ¢ sua dimensio essencialmente afetiva ¢ no tengo tebrico-clinica, foi modificando € moldando sua pro- ‘acionalizance posta com o passar do tempo: atenuou sua atividade e, em lugar de dar ordens e determinar interdigdes, optou pela tética mais suave nderd da qualidade de “sentir com” a relativizagio dos procedimentos ¢ seu possivel deslocamento do Ambito das regras Ferenczi parte para o raciocinio aprioristicas. Neste contexto, o analista deve, sem perder de vista 0 contririo: se 0 autoritarismo da atividade reproduzia a hipnose rigor do fazer an: materna e paterna, talvex a melhor medida fosse conquistar a confi- do aconselhamento e da sugesti ‘ico, ceder como um “eléstico” as tendéncias do Ferencai compara a atitude onisciente ¢ 0 lugar de “todo- nga do paciente, ¢ adaptar-se &s suas necessidades, para que, dessa Poderoso” assumida pelo médico, com um outro tipo de atitude forma, este pudesse experimentar algo diferente. ue © analista seria levado a adquirir, caso introjetasse a regra do Mais adiante, em seu percurso clinico, Ferenczi abandonard “sentir com”. Sobretudo porque “a modéstia do analista nao ¢ | qualquer investimento na atividade, Deu, no entanto, um passe, luma atitude que se aprenda, mas a expressio da accitaglo dos li importance: privilegiou a observacio atenta do analista as neces tes do nosso saber” (idem, p. 31). Ferenczi aponta para a singul ades do paciente, almejando, desta forma, a ndo frustragio do an- dade de cada caso, o que, consequentemente, coloca 0 analista aten- | [izando em momentos de regressio e evitando uma reprodusio do (8) £2.30 fato de que, em determinado momento, tenha que modificar ‘trauma vivido na infancia. 2 teoria em vigor em fungio da dindmica da clinica. Entre 1927 e 1928, Ferenczi escreve erés importantes eee Significasivamente, Ferencti associa 0 aributo do “sentir com” —"A adapeagSo da familia crianga” (1928311927), “O pelea = neces ade de andlise do analista, como uma segunda regra fun- final da andlise” (1928) e “Basticidade da técnica analitic” (17 damental, sem a qual o processo analtico se rornaria invidvel. 221 220 forgosamente o levaria a Para garantir tal lugar, Co Daniel Stern nomeou como sintonia afétiva (STERN, nos processos de constitu idade intersubjetiva. A si nismo primétio jetividade ¢ sobretudo da possi ‘£0 desempenho de comportamentos que expressim afeti lidade do sentimento de um es ee ais cruzadas, como, PO" or a exata expressiio comportame! is expressivas mo algo no Vale ler je desan brar que 9 plano "m tir do estar junto, fard ressonine dar tan ‘esses acontecimentos podem se dar 222 1a se horroriza diante de determinada do, quanto no plano “micro”, no do 0 ani sr exemplo quan vere vi plo an de pequenas perceps6es. ‘Assintonia afetiva est4 enraizada nos diversos modos do estar nas aponta sobretudo para um aspecto da expresso lando a apresentagio de emogéics internas, indica o eam- quevextray 10 de afetagdo que se forma entre duas subjetividades: a sintonia através do aparelho de expressio que se onia afetiva, ou ainda, o sentir junto, se articula com os ica nltido que o tato ‘nfo se redux & sua sensibilidade quanto a0 momento intervensbcs verbais, dizendo respeito, além disso, a t peculiaridade do estar junto, De acordo com Ferenc: ‘ncios escapard 4 observacio do analisando | etese que essa observagio se associa bem com 0 dominio das SS Peteepgoes ~ ¢ esse aspecto do cotidiano da anise apre- nsdo da clinica associada a0 campo do discurso ver- > encontra agui em pauta somente o contedido semantico adequagio a0 momento da andlise, nada da expressio do analista, da sua mas 0 “set que Ferenczi, posteriormente, chamou de 1933a) caso em que a intervencio do analista Por uma inadequagio de linguagem, vivéncias “{ee-teimoso” (Watschermann) e do “elistico’ 2H) sio as que mais se adequam a posigdo do ana- * da experidncia analitica, jé que seu taro visaré Fazer "8 no decotre eer om ~ ve apresentam wnt ia subjetiva, Somente através da re. a com 0 dominio Pro- ¢ subjetivacao — dimensi Poderd recolocar em movimento os processos sub ivants. Buscando incessantemente chegar 4 dimensio aumiética da subjetividade, Ferenczi avangard na sua pesquisa, propondo a teen cade relaxamento.¢ neo-catarse (cf, FERENCZ!,1980).Com ena novs Proposta, sublinha a necessidade de deixar surgit no percurso de uma anilise aquilo que nao encontrou destino como inscrigio pal quica enquanto trago mnémico: os traumas patogénicos Diferente da técnica ativa, que visava& reedigio da da na infancia e com isso promovia uma reprodugi relaxamento ¢ a neo-catarse buscam uma repetisio diferenciads, na medida em que o analista age de forma diferente daquela vivida pelo ‘paciente na infancia, Como jd sublinhel em outro momento, a post ‘gio do analista precisa oscilar entre a frustragio € 0 acolhimento be- 'ysemelhanga entre a situasio nevolente. De acordo com Feren¢ analitica ea situagao infantil incita mais, portanto, a ka traste entre as duas favorece arememorario" (0p. PA fe que a neo-catase sd por Freud ¢ Breuer nos que est o.com istancia bas: E preciso que se exp! tante do mérodo catértico trabalhado ordagem ferencziana. © Eee mico de descr economic a através da repet primérdios da psicanilis j io € somente aspect a ey perlaboragio, Via catarse; o que se busca é @ via catarse: 0 que s doengas localizadas etc. A = tem por objetivo maior a a de afetos, que, por sua dimensio traumdtica patégena, s6 podem ser expressos através das manifestages corporais. Atra- és da neo-catarse, afirma Ferenczi, “chega-se, por vezes, a estabe- lecer um contato direto com a parte recalcada da personalidade € No relaxamento, os sintomas histéricos corporais conduziram, as ve- a conduzi-la para © que eu chamaria uma conversio infa zzs a estégios do desenvolvimento em que, nao estando 0 érgio do pensamento completamente formado, s6 eram embrangas fisicas” (op. cit., p. 65). radas as Essa explanacio do processo de pesquisa clinica de Ferenczi deixa patente sua preocupagio crescente com a ex ambi- {0 do processo analitico, de duas maneiras diferentes de o analisan- dose apresentar trazer seu percurso de vi qui que se conta ida: uma diz respeito aquilo (sua historia), ¢ a outra pode ser desvelada a partir de vidade, através de seus gestos, postura corporal, modos mos afetivos, tom de vox — seu “jeito” subjetivo, 0 qual Buarda parte de sua histéria traumatica ca a fala do corpo, No entanto, deve-se B80 ~ que como dos ~ puder acontecer Enfim, € por meio d lo processo de perlaboracio, o qual articula 224 tp 225 ee Processo de criagéo de novos universos de referéncia no dec processo analftico, A pesquisa clinica de Ferenczi ériquissima, ¢ cer que apresentei foi um breve resumo que atende aos trabalho. No entanto, este autor, a indicagio freudiana de que a pritica analftcan, fia cortero risco de se tornar estatica pelo submetimento a | Hunted regras apr 1 deve perder nunca a pos do ramente aquilo inceresses desse pelo que vimos, pode-se depreender que, para io pode- tum con- assevera que é muito di ico Ferenczi pode- ria ter chegado, jd que sua pesquisa foi interrompida por sua morte prematura. No entanto, diz Ballint, € quase certo que se tivess vvi- cdo mais tempo, teria sido levado a escrever um artigo do género de “Contra-indicagées da técnica de relaxamento e de indulgncia em psicanilis (ou outro parecido). Seja como for, os problemas ci cos apresentados por Ferencti sio, ¢ provavelmente sempre sti, cruciais para qualquer um que pretenda praticar a psicandls. Como vimos no primeiro capitulo, 0 "paciente ideal’ futo dos processos purificadores que regularam o campo psicanalitico 20 jongo de sua nfo existe: é o desdobramento de uma certa cena psicanalitica também ideal. © que se coloca em xeque a da andlise ferencriana é a tao proclamada modificagio do peril de manda clinica na atualidade. : . io ealoco em divida a exstncia de nova apreenas! © mesmo uma abundancia de determinados sofrimentas que CH=” ico: afinal, quem nos anos cinquen mia? No entanto» respeito 20 momento falar de anorexia, bu i do pai desde a virada dos anos vinte, a dimensio traumética 40 P® ia ou distit 226 ‘4 pesquisa tedrico-linica que possa clucidar seu lugar na cexige uma Pes cxpeiéncia psican w partir de suas manifstagGes em sincomas que exigem que ses sit co analista, através i ico da clinica como € comum nos casos mais graves. re, porque igdo de que 0 procedimento de deciframento nao €0 alitica: seja nos momentos cruciais de uma andli- do tato, fique atento & necessidade de um manejo specifi : Pe erenctilevou a experiéncia psicanalftica 20 seu li ‘odo do processo terapéutico. H4 momentos em que nio se trata de “Gaduzir em fantasmas ou significantes, em que as palavras sobram ‘ou sogobram. Nesses momentos, é preciso afetar e ser afetado, en- war em sintonia e deixar aparecer a dissintonia, fazer surgit 0 inomindvel, que se faz presente em atos ¢ acontecimentos — atos € acontecimentos que fazem sentido comolafeto sentido) mas no sig- nificam, uma vez que nao se exprimem por meio de significantes. A emergéncia do conceito de pulsio de morte levou Freud a coneeber uma segunda teorizacao sobre o aparelho psiquico, na qual © fendmeno da compulsio a repeticao demarca a existéncia de acon- tecimentos psiquicos que nunca se inseriram no plano das inscri- ‘S8es representacionais. A concepgio teérica de um id situado para stem do inconsciente recalcado, no qual citcularia um conjunto de “Mbtess6es psiquicas jamais submetidas a processos lingulsticos, abre ‘Petepectva de se pensar uma outta légica de abordagem clinica, ‘ue vise a6 acolhimento de um dom! ais abr io psiquico mais abrangente, vo. horteado pelo corpo afetivo e expressi Durante alguns anos, Fin deabandono: sua mae, Sutro pats, levando consi atendi um rapaz com uma drdstica histé- + adepta do movimento hippie, partira para igo seu irmao mais velho e deixando-o aos Michel néo conseguira dar signi- am sse fato constitutive de sua vida, jf que tinha * meses quando sua mie partiu, A marca do abandono era 227 ee rorineira, levando-o sempre ao fracasso, tam + AN NOS estudos quan nat telagOes amorosas. Michel havia me procurado por nas nn” © abandonara. Apés largara os cstudos, dormia ese aliens suir claborar 6 luto por uma namorada que uma tentativa de suict ‘0 foi permeado po Ficqlentes atuasSs', 0 que meexga, micas ve2es uma atitude terapeutica ativa eo consequente mangje deck So de ransferénca, radicalmente marcada pela ambivaléncia fein, caja manifesto mais aguda se deu em uma ocasiéo em que lens, Para a sessio uma atma e, tomado por uma dor incomensuriv, disse ndo saber se matava asi préprio ou a mim. Momento crucial em que nenhuma palavra se fez possivel - somente ouvi descarga de édio e choro desalentado. em uma ‘Ac longo de cinco anos, eu 0 atendi ¢ acolhi sua dor, que se apresentava acompanhada de desespero. Entre muitas formas, seu desespero com freqiiéncia se ligava a perdas amorosas, seguidas de acidentes pessoais, que acarretavam, sem excego, les6es corporais que lhe impunham um periodo de retiro domi 1 para recupera- ‘gio. Nessas ocasides, eu 0 atendia em casa, 0 que se tornou funda- ‘mental para o tratamento, uma vez que, na transferéncia, entendia seus “adoecimentos” como medida de protecio, contencio ¢ pedi- do de presenga de um outro cuidador. Apés esses acidentes, Michel assava por periodos de mais serenidade, sempre permeados por ‘muita tristeza, durante os quais era posstvel um trabalho terapéutico mais voltado para processos associativos. Em determinado momento de seu percurso analitico, talver Po volta do terceiro ano de atendimento, Michel encontrou um recurso que lhe po x1 um apaziguamento interno: a prética da 228 EXTREMOS DA ALMA por wés vezes acompanhei esse processo, no qual, logo apés Fema relacdo amorosa, sentia a ameaca de desestruturagio € Seo tatuava. Através da agdo de inserever em seu a imagem ~ inscrigio de um signo no corpo préprio -, puscava promover uma contengao para a dor psiquica. ‘Nese contexto, 0 ato de inscrever um simbolo (ttuagem) no corpo pode ser tomado como parte fundamental de uma retomada dos processos subjetivantes. A ago que se articulou a partir do cor- po expressive fundamental para a quebra e contengio da compulsio & repetigio da dor traumética. Nesse sentido, torna-se fundamental conferir poténcia 20 corpolpsiquico/afetivo nos pro- cessos semidticos. ante notar que a idéia de pulsio de morte jf parava no imaginério ico hé quase uma década. Numa nota de pé de pigina (FREUD. 1920, ud lembra que, em “O desenvolvimento do sentido de realidade” ‘stencri,fatiaalusio “a existtncia de uma tendéncia dinércia ou de ‘ima tendéncia ®ressfo, dominant mesmo na vida organics ‘Quero pontuar minha estranheza com eel i acho aos exempls bioldgicos, ul “Adee Por Freud para argumentar em favor da exstncia de pulses de vida ¢ as € por relasto ao conceito de pulso que se raga uma dstnggo silo que €prdprio doo ico. nas vciss anism caquilo que aponta parac imbio do tudes ds pliées que podem encontrar a mulilcidade es do humano, ‘rede complena ‘que entrelaga Eros pulsto de morte pc em questio a sim- modelo du ‘84 questio, tendo em vi de ue, esse tema, apesar de apresentar interesse, £0ge a0 foeo mais imediato esse trabalho. 229 4 fecom base ma idea dss dntmica ene o pslguce co corporal que Freud vai afirmar que dsttbiospsquicos graves, como por exemple, a ne Iancolia, soft uma interrupgso temporstia quando o individuo éscomed, do por uma doenga orginica grave. A nagio de acontecimento, ora ut ada, roma por teferéncia dicionarizado, ou seja:“devivado volvimento de um processo ou a modificagio de um estado de coisas, ov en, ‘volvendo ou aferando (algo ou alguém) (HOUAISS 2001 Para essa concept Freud se inspira no verso de Schelling: “Usheimlch é 9 nome de cudo que deveria ter permanecide ..secreto e oculto mas vei has" (FREUD, 1919p. 280, Importante aqui lembrar a distincio jd feita entte dor ¢ sofrimenco, Sublinhemos que 2 atividade do analista nfo era o que mais interessiva a Ferenczi, esta jd existia sob forma de interpretagio. O que buscava era aativi- dade do paciente. 9 Esse aspecto de passividade dos analisandos contribuiré, na obra ferencriana, paraa construgio teérica de uma metapsicologia dos processostraumticos da cestruturago subjet Hi aqui uma distingio importante a ser conia afetiva nfo ¢ um equi- fem como procesos afetivos Tango dos procesos conic fo da cogoito, pra que haa repo tnancta mais medina, Ambat comp inca emocional ini STERN, 19 11 4 anal’ ese fragmento elsico de mo questo do semid na clinica pecan Platino, Catton, Corp, ae lingagem: a quedo do semide ae. Rio de Jancivo: Contra Capa. 2000 ‘a empatia implica uma medi

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