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ANDRE BUENO - EVERTON CREMA - JOSE MARIA NETO ENSINO DE HISTORIA E DIALOGOS TRANSVERSAIS SOBRE ONTENS EDIGAO ESPECIAL EBOOK.2020 Reitor Ricardo Lodi Ribeiro Vice-Reitor Mario Sérgio Alves Carneiro Chefe de Gabinete Domenico Mandarino Edigées Especiais Sobre Ontens Comissao Editorial & Cientifica Dulceli Tonet Estacheski [UFMS] Everton Crema [UNESPAR] Carla Fernanda da Silva [UFPR] Carlos Eduardo Costa Campos [UFMS] SOBRE ONTENS Gustavo Durao [UFPT] A José Maria Neto [UPE] EDIGADESPECIAL andro Hecko [UFMS] EBOOK.2020 Luis Fitipe Bantim [UFR] Maria Elizabeth Bueno de Godoy [UEAP] Mayté R. Vieira (UFPR] Nathalia Junqueira [UFMS] Rodrigo Otdvio dos Santos (UNINTER] Thiago Zardini [Saberes] Vanessa Cristina Chucailo (UNIRIO] Washington Santos Nascimento [UERJ] Rede: www. revistasobreontes.site RO Coordenador André Bueno Ficha Catalografica Bueno, André; Crema, Everton; Neto, José Maria (org.) Ensino de Historia e Didlogos Transversais. 12 Ed. Rio de Janeiro: Sobre Ontens/UERJ, 2020. ISBN: 978-65-00-02126-4 651pp. Ensino de Histéria; Transversais; Interculturalidade, PERCURSOS DE DIALOGOS COM A HISTORIA PUBLICA NA RELACAO COM OS LIVROS DIDATICOS DE HISTORIA Ana Carolina Prohmann e Cyntia Simioni Franca 0 itinerario do movimento dialégico Este texto nasce do desejo de compartilhar algumas reflexes do que esta sendo tecido a respeito da presenca/auséncia das mulheres nos livros didéticos no entrecruzamento com a histéria publica. O percurso escolhido dessa escrita foi a apresentacdo de trés movimentos dialogais. No primeiro, focalizamos os sentidos e percursos da historia publica e, a seguir, discutimos 0 espaco escolar como possibilidade de fazer a historia publica. No segundo, articulamos reflexées sobre livro didatico como um produto a histéria publica, visto que é produzido, muitas vezes, por professores que nao séo docentes universitdrios, bem como alcanca um publico para além do espaco académico, Ao mesmo tempo, problematizamos de forma sucinta a circulago do conhecimento histérico a respeito da presenca/auséncia das mulheres nos livros didaticos de histéria. E, por fim, apresentamos um mapeamento de producées relativas & temdtica da presenca/auséncia das mulheres nos livros didaticos na relago com a historia publica, de modo a delinear um breve balango do debate académico brasileiro em publicacdes de eventos, dossiés e livros que tém como mote a reflexdo sobre historia publica. Primeiro didlogo: sentidos e percursos da Um galo sozinho nao tece uma manha ele precisaré sempre de outros galos, De um que apanhe esse grito que ele € 0 lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito de um galo antes € 0 lance a outro; ¢ de outros galos que com muitos outros galos se cruzem 08 fios de sol de seus gritos de galo, para que a manha, desde uma tela ténue, se va tecendo, entre todos os galos. stéria publi E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos, se entretendo para todos, no toldo (a manha) que plana livre de armagao. A manh, toldo de um tecido tao aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balao. (Jodo Cabral de Melo Neto) Iniciamos este percurso de didlogo tecendo algumas acepgées de histéria publica, mas sabemos dos riscos que tal caminho nos oferece, visto que a historia publica assume diferentes sentidos e itinerarios entre os historiadores e em varios paises que ela emerge como campo de reflexdo e aco. Porém, encontramos na epigrafe do poeta Jodo Cabral de Melo Neto, possibilidade de dilatar algumas imagens sobre histéria publica. A primeira esté vinculada a ideia de que 0 “galo no tece sozinho uma manha” e relacionamos com imagem da historia publica tecida coletivamente e de modo interativo. A segunda imagem que a poesia nos instiga a pensar é no fragmento em que os galos “se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos, se entretendo para todos, no toldo”. Essa passagem traz a nogdo de histéria publica como acesso irrestrito ao conhecimento, em que todas as pessoas, a partir das suas experiéncias podem produzir conhecimento histérico e educacional por relacdes dialégicas. A poesia, além de abrir brechas reflexivas instigantes com 0 movimento da histéria publica, também foi escolhida porque nos sensibilizou, principalmente pelo fato desse texto estar sendo produzido no periodo em que 0 mundo vive uma grave crise, por conta de uma pandemia provocada pelo novo virus Corona, denominado Covid-19 e para vencermos essa fase critica de contagio estamos vivendo hé trinta dias em um isolamento social. Nesse sentido é latente a percepcdo do quanto a relacdo com 0 outro nos constitui e que somente coletivamente podemos vencer esse periodo sombrio. Apés a reflexSo a respeito da epigrafe, enveredamos para compreender os sentidos e itinerérios da historia publica em diferentes paises, j4 que ela nao é exclusividade da historiografia brasileira. O debate remete aos idos anos 1970, em diferentes paises como Estados Unidos, Canada, Itélia, Australia e Africa do Sul. Na Europa, emergiu como pratica do uso piiblico da histéria com fins politico-ideolégico, preocupados com a busca e manutengdo da justica social. Em cada lugar do mundo assume especificidades diferentes, na Inglaterra desenvolvem uma pratica de fazer histéria publica a partir do trabalho com memérias e narrativas, destacando a preocupacéo com as identidades coletivas de diferentes regides do pais (ALMEIDA; ROVAI, 2011; FRISCH, 2016; SANTHIAGO, 2016). Nos Estados Unidos, também a partir da década de 1970, 0 movimento da histéria publica esta ligado a um periodo de crise do mercado de trabalho universitério, surgindo para sanar os problemas de empregabilidade bem como oferecer uma carreira alternativa para aqueles que nao estavam vinculados na universidade e nem ligados & area do ensino, trazendo outras possibilidades de espacos de trabalho como os museus, radios, arquivos, empresas e outros (SANTHIAGO, 2018). No Brasil, a histéria publica tem assumido significados diferentes, tanto ela pode enveredar pelo caminho da difusao cientifica em espacos nao universitarios e ambientes virtuais, como também construir projetos com diferentes sujeitos tendo em vista a producdo de conhecimentos histéricos, tecidos de modo dialdgico, colaborativo e coletivo, em diferentes lugares, inclusive na escola. © movimento da histéria publica intensifica a partir de 2011 com o surgimento da Rede Brasileira de Histéria Publica e principalmente pela necessidade de colocar em didlogo o conhecimento académico, escolar e comunitario na arena publica; refletir com publicos diversos pelas diferentes midias; ouvir as experiéncias vividas de diferentes sujeitos e seus multiplos discursos para pensar sobre questées socialmente vivas no presente. A historiadora Marta Rovai (2018) destaca que a “reflexio sobre sua especificidade na academia vem se expandindo nos uiltimos anos”. Reitera ainda: “Talvez a principal diferenca entre o que a histéria publica prope e o que a academia produz seja a ampliacdo do espaco e do seu pubblico, e aos usos do conhecimento” (ALMEIDA; ROVAT; 2011, p. 8-9). Um dos precursores do movimento da histéria publica no Brasil é Ricardo Santhiago (2016), fundador da Rede Brasileira de Histéria Publica. O historiador néo compreende a histéria publica como um campo novo com métodos, objetos e teméticas diferentes do campo disciplinar da histéria, embora, reconhece que existem pesquisadores que defendem essa ideia. No entendimento desse pesquisador estamos alargando os espacos de didlogos com os publicos, intensificando a producéo de conhecimentos histéricos coletivos para além dos muros académicos e divulgando por diferentes canais de comunicacio. Michael Frisch (2016) traz contribuigdes para a Histéria Publica ao apresentar 0 conceito de autoridade compartilhada no campo historiogréfico, Defende que o conhecimento pode ser construido pela via de mao dupla, em que pesquisador e ptiblicos s&o produtores de conhecimento. Embora desenvolva tal conceito a partir de trabalhos que envolvem a histéria oral, acreditamos que tal perspectiva é promissora para a investigacao historiogréfica, principalmente, pela potencialidade de trazer modos de producéo de conhecimento histérico tecido por relacdes dialégicas, colaborativas e interativas, rompendo com a hierarquizag3o dos saberes. Tal perspectiva vem ao encontro das contribuicées tedrico- metodolégicas de Edward Palmer Thompson (1981), ao compreender que o conhecimento histérico é construido no diélogo entre sujeito e objeto. Compreendemos que a Histéria Publica ndo se encontra separada da operacéo historiografica e dos fundamentos da teoria da histéria. Ao construir didlogos entre os saberes académicos e nao académicos, ela amplia a “ideia de acesso e publicizacdo de projetos académicos, e busca a produc&o e difusdo compartilhada do conhecimento” (ANDRADE; ALMEIDA, 2018). Para Juniele Almeida e Marta Rovai “é um novo caminho de conhecimento e pratica, de como se fazer histéria”, uma possibilidade de “colaborar para a reflexdo da comunidade sobre sua prépria histéria, a relagao entre passado e presente. Enfim, como tornar 0 passado Util para o presente” (ALMEIDA; ROVAI; 2011; p.8). Nesse modo de fazer a histéria publica com o puiblico, 0 que realmente é significante ndo é 0 resultado, mas sim o processo, as mudangas, as tensdes encontradas, e como o coletivo compreende sobre a sua propria histéria e as questées socialmente vivas no presente. Um dos espacos do exercicio da histéria publica é a escola, pois é o lugar onde a produgdo de conhecimento histérico ¢ educacional pode ser tecida pela via da autoridade compartilhada (FRISCH, 2016). Nessa perspectiva, alunos e professores s&o sujeitos ativos no processo de construgdo (PAIM, 2005, GALZERANI, 2008; FRANCA, 2015, CUNHA, 2016) entrecruzando saberes profissionais, experienciais, pedagégicos, _historiograficos, estudantis, tecidos por meio de relacées dialégicas, interativas e coletivas (THOMPSON, 1981; FRISCH, 2016). A escola é um “lugar onde as relagées entre os saberes (docentes, dos alunos, oriundos da sociedade) circulam e tencionam frente aos novos saberes, como também, diante da complexidade dos fendmenos educativos e das incégnitas postas pelo cotidiano” (MOLINA; FORTUNA, 2015, p. 221). A interlocugao de saberes entre estudantes e professores, a circularidade do conhecimento e a criticidade do saber histérico sio fundamentais para a histéria publica. Destacamos ainda a importancia de os professores refletirem “com o estudante sobre nosso papel no processo histérico e das capacidades de atuar no contexto, em que estamos imersos. Na sala de aula, portanto, se desenvolvem praticas de histéria publica com intensa atividade intelectual” (PENNA; FERREIRA, 2018, p. 114). Segundo didlogo: livros didaticos: “produto” da histéria publica Os meios de circular 0 conhecimento histérico no espaco escolar a partir da renovagio historiografica vao desde as midias, jornais, a mUsica, literatura, 0s filmes, livros didaticos até outros meios. Dessa possibilidade, interessa- nos compreender a confluéncia das teméticas livro didético e histéria publica, considerando o livro didatico como um produto da histéria publica, visto que é produzido muitas vezes por professores que ndo so docentes universitarios e alcanca um puiblico além do espaco académico. Os materiais didaticos, inegavelmente, desempenham importante papel no interior das culturas escolares no Brasil, por se constituirem em uma das principais referéncias de leituras para a formacéo dos estudantes, principalmente em regies com menor poder econémico e social. (CHOPPIN, 2004). Apesar das criticas realizadas por varios pesquisadores como Alain Choppin, entre outros, nos ultimos trintas anos, pelo fato de tais materiais: a) circularem 0 conhecimento histérico carregado de valores, ideolégicos e culturas, participando ativamente do processo de socializagéo e aculturagéo; b) estarem relacionados com as_politicas publicas educacionais, nesse sentido, evidencia-se a funcdo do Estado nas normatizacées, no controle da producio e circulagéo do conhecimento. Ainda assim, sabemos que esse ainda continua sendo o principal veiculo de circulagao e divulgagéo do conhecimento histérico para o publico escolar e que leituras plurais podem ser instigadas no didlogo entre professores, alunos ¢ livros didéticos. Nos ultimos vinte e cinco anos, o livro didético vem passando pelo sistema de avaliagdo do Programa Nacional do Livro Didatico (PNLD) contribuindo para a melhoria na qualidade desses materiais. Outras mudancas também aconteceram no estado do Parand como a lei de numero 13.381/08, que torna obrigatério, na rede publica estadual, 0 ensino do conteido de Histéria do Paranda; e a lei nmero 11.645/08 que torna obrigatério o ensino de Historia e Cultura Afro-Brasileira e Indigena. Reconhecemos a importancia da legislagdo e trazemos no bojo das discusses de nosso trabalho, a preocupagSo em compreender como as mulheres estéo sendo representadas nesses materiais. E necessdrio perceber através de pesquisas fomentadas na drea, se as demandas sociais, por representacao igualitéria das mulheres estdo presentes nos livros didéticos. Como é possivel o piiblico feminino se reconhecer como sujeito da historia quando 0 livro didatico _circula_ um conhecimento predominantemente portador de valores patriarcal e masculino? Simone de Beauvoir (1967), afirma que a mulher ndo nasce mulher, mas se torna mulher”, em parte, conhecendo a sua histéria, por isso é necessario incluir as mulheres nas narrativas produzidas pelos materiais didaticos. No artigo intitulado ‘O ensino de histéria e os estudos de género na historiografia brasileira’, de autoria de Ana Maria Colling e Losandro Tedeschi (2015), questiona: quais os livros de histéria, usados em salas de aula no Brasil, abordam as historias femininas”? E fundamental que os livros diddticos rompam com narrativas pautadas na ideologia dominante, masculina, branca e a do hétero, entao sejam construidos com o alicerce das visdes plurais, da diversidade, no reconhecimento das miultiplas identidades dos sujeitos que (con)vivem no ambiente escolar, promovendo a desconstrucgdo de esteredtipos e rétulos que foram impostos, ao longo do tempo as minorias sociais. Por isso, na busca de uma educago igualitéria, inclusiva e democratica acreditamos na importancia da presenca das mulheres de forma significativa, tanto no passado como no presente nos materiais didaticos. E tarefa do professor/ historiador despertar no presente as “centelhas da esperanca”. Para que essa histéria seja arrancada do conformismo, precisamos “escovar a histéria a contrapelo” como nos convida o filésofo alem&o Walter Benjamin, o que implica olhar para o passado, nao simplesmente para conhecé-lo tal como ele foi, mas para agir no presente, em busca de um futuro mais significativo para a coletividade. (BENJAMIN, 1985). A seguir, mapearemos os trabalhos relatives & teméatica da presenca/auséncia das mulheres nos livros diddticos na relagéo com a histéria publica, de modo a delinear um breve balango do debate académico brasileiro. —) Terceiro didlogo: mapeamento dos trabalhos produzidos na area e analise da pesquisa O desenvolvimento da pesquisa bibliografica foi de natureza qualitativa e quantitativa através de coleta e andlises: 1) nos anais decorrentes dos congressos especificos de histéria pUblica; 2) nos artigos cientificos publicados em dossiés de historia publica; e, 3) nos livros académicos intitulados como histéria publica. © recorte temporal para essa investigac&o foi o perfodo de 2011, um marco para o movimento da historia publica com a criagdo da Rede Brasileira de Histéria Publica (RBHP) até 2019. Geralmente o mapeamento das produces académicas debruca-se, predominantemente, em andlises quantitativas, caracteristica desse tipo de abordagem. © tema Histéria Publica no Brasil ganha visibilidade a partir da obra Introducéo & Histéria Publica, das autoras Juniele Rabélo de Almeida e Marta Rovai, no ano de 2011. Os 14 artigos produzem reflexdes que d&o o pontapé inicial no campo de reflexdo e acao da histéria publica. Ao nos debrucarmos sobre os trabalhos disseminados, ndo encontramos discussdo sobre livros didaticos e nem pelo viés da presenca das mulheres nessas produgées. No ano seguinte apés essa obra, foi langado outro germe de debate com a realizagéo do 1° Simpésio Internacional de Histéria Publica na USP com discusses a respeito de questdes tedrico-metodolégicas em torno da histéria publica em nosso pais no didlogo com as_perspectivas internacionais. O anais do evento foram compostos por 71 artigos publicados. Analisando minuciosamente tais artigos, encontramos um que perpassava nossa rea de investigagao, o da autora Erica D. Ezequiel, com © titulo Esboco para um concerto: musica, historia e livro didatico. O objetivo era o de compreender o formato sob o qual a informacdo musico- histérico-documental era proposta as estudantes nos exercicios a serem realizados. Em 2014 a Revista Estudos Histéricos (CPDOC-FGV) e a Revista Resgate organizaram dossiés de Histéria Publica, totalizando 25 artigos, mas nao encontramos temas relacionados & nossa proposta de investigagao, no entanto, sao discussées significativas para ampliarmos o debate na area. Foi realizado o 3° Simpésio Internacional de Histéria Publica na Universidade Regional do Cariri, em 2016, porém os artigos dos anais estavam distantes da nossa tematica em questo. Nesse mesmo ano, a Revista Tempo e Argumento organizou um Dossié de Histéria Publica com o artigo ‘Representagdo do passado e a Histéria Publica: a Historia das Mulheres na Internet’ de Gabriela Correa que tangenciou o tema que investigamos, contribuindo para pensar de forma tada a presenca/auséncia das mulheres em outros espacos como os midiaticos. Ainda no ano de 2016, mais uma obra foi publicada, a Histéria Publica no Brasil Sentidos e Itinerdrios 2016, organizado por Ana Maria Mauad, Juniele Rabélo de Almeida e Ricardo Santhiago, com 25 artigos. No eixo especifico de debate sobre educacéo capturamos o artigo da autora Thais Nivia de Lima e Fonseca intitulado Ensino de Histéria, Midia e Histéria Publica que faz uma abordagem relacionada com a divulgacéo do conhecimento histérico e perpassa de forma superficial o livro didatico, visto que ndo é o mote de sua reflexdo. A Revista Observatério em 2017 publicou o dossié de Histéria Publica, dali flagramos 0 artigo Histéria Publica e Ensino de Histéria: um olhar sobre o filme no livro didatico de autoria do Rodrigo de Almeida Ferreira que reflete as narrativas filmicas nos livros didaticos. © 4° Simpésio Internacional da Rede Brasileira de Histdria Publica aconteceu em 2018, na USP e ainda nao disponibilizou os artigos dos anais do evento. Nesse mesmo ano foi publicado o livro Histéria Publica em Debate: Patriménio, Educagéo e Mediagdes do Passado, organizado por Juniele Rabélo de Almeida e Sénia Meneses, com reflexdes sobre os seguintes eixos: a) Histéria Publica e Patriménio; b) Histéria Publica e Educacdo; c) Histéria Publica e Mediagdes do Passado. Dos 25 artigos que analisamos, destacamos no Ultimo eixo o texto Livros, Leitores e Internautas: Os Guias da Historia e os embates pelo passado através da midia de Sénia Meneses. A autora analisa os contetidos disseminados pelos guias sucesso de vendas em nossa sociedade e os motivos que os ptiblicos estao lendo e comentando tais obras, para essa reflexdo perpassa a discussdo da relacéo dos brasileiros com os livros e especialmente o livro didatico. Ainda em 2018 tivemos uma publicagdo importante na area, organizada por Ana Maria Mauad, Ricardo Santhiago e Viviane Trindade Borges intitulada Que Histéria Publica Queremos? (What Public History do we Want"?). Ao analisarmos detidamente sobre os 20 artigos, identificamos que nao estavam divididos em eixos de discussdes e com preocupacées distintas das nossas, porém trouxeram debates proficuos a partir de autores internacionais e nacionais para avangarmos no debate sobre histéria publica, Outra produgao relevante foi disseminada pela Revista NUPEM no ano de 2019, no dossié Histéria Publica, que acolheu artigos nacionais e internacionais que aprofundaram reflexes tesrico-metodolégicas a respeito da tematica. Por fim, a Revista Histéria Hoje divulgou o dossié de Histéria Publica em 2019, apesar de nao identificarmos discussées sobre os livros didaticos e histéria publica, mas, vale destacar que os artigos que compéem esse dossié trazem significativas contribuigées para a area do ensino de histéria na interface com a histéria publica. Um percurso em construcgado O mapeamento delineado foi importante para identificarmos a escassez de investigagées sobre a tematica das mulheres nos livros didaticos no didlogo com a Histéria Publica. Tal levantamento contribuiu para a pesquisa que vem sendo desenvolvida no programa de mestrado em Historia Publica da Universidade Estadual do Parand (UNESPAR), pois percebemos uma lacuna de investigacao sobre a presenca/auséncia de mulheres nos livros didaticos dentro do debate sobre historia publica. E urgente o fomento a pesquisas com essa tematica, pois o livro didatico é um dos materiais que circula o conhecimento histérico escolar para além dos espagos da academia e é necessdrio compreender como esse conhecimento esta sendo difundido no ptblico escolar, bem como é promissora a possibilidade de construirmos com as mulheres (professoras) pela via da autoridade compartilhada, materiais didéticos que subsidiem leituras a contrapelo. Referéncias ‘Ana Carolina Prohmann é mestranda no Programa de Pés-Graduagéo em Histéria Publica (PPGHP) pela Universidade Estadual do Parané (UNESPAR). E-mail: prohmann94@hotmail.com Cyntia Siomioni Franca é doutora em EducagSo pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente é docente no Programas de Pés- Graduagao em Historia Publica (PPGHP) e Profissional em Ensino de Histéria (ProfHistéria) na Universidade Estadual do Parané (UNESPAR). E-mai cyntiasimioni@yahoo.com.br ALMEIDA, Juniele Rabélo; ROVAI, Marta Gouveia de Oliveira (Orgs.). 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