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Material do Curso de Microeconomia TEMA 1. Introdugio A Ciéncia Econémica 1.1.Conceito da Economia como Ciéncia Humana e Social, Sua relagio com outras cigncias e sua ocupagio > O que é a Economia? A economia ¢ uma ciéncia deveras muito importante que no pode ser deixada apenas nas maos dos economistas profissionais, pois ela afecta tudo o que o homem faz, nfo apenas no trabalho ou nas lojas, mas também em casa e até na cabine eleitoral. Ela influencia 0 quanto cuidamos do nosso planeta, o futuro que preparamos para as nossas criangas, em que medida cuidamos dos menos favorecidos e os recursos que temos para gozar a nossa vida, Ao longo dos iiltimos 80 anos o estudo da economia expandiu-se de modo a incluir um vasto Jeque de tépicos. E entio Quais sio as principais definigdes desta matéria em franco crescimento? As mais importantes definigdes so as que a economia: 1. Estuda a forma como os pregos dos factores de produgio (trabalho, capital, tecnologia e terra) so estabelecidos na economia e como esses pregos so usados para aplicar os recursos; Explora 0 comportamento dos mercados financeiros e analisa como eles aplicam o capital no resto da economia; 3. Examina a repartigdo do rendimento e sugere formas de ajudar os pobres, sem prejudicar 0 desempenho da economia; . 4. Analisa 0 impacto da despesa piiblica, dos impostos e dos défices orgamentais sobre o crescimento; 5. Estuda as oscilagdes do desemprego e da produgio que dio origem aos ciclos econémicos e desenvolve politicas governamentais para aumentar 0 crescimento econémico; 6. Examina a estrutura do comércio entre paises e analisa o impacto das barreiras a esse comércio; 7. Observa o crescimento nos paises em desenvolvimento ¢ propée medidas para melhorar 0 uso eficiente dos recursos desses paises Vv Mercados Financeiros — sio uma forma especial de mercado que se dedicam na movimentagao de meios monetérios livres dos cidadiios, empresas, 0 Estado e seus entes piiblicos numa economia nacional ou regido para outras entidades que os necessitam, Despesa Piiblica ~ é todo o dispéndio de recursos monetirios ou em espécie, seja qual for a sua proveniéncia ou natureza, gastos pelo Estado e os seus Entes Piiblicos, com ressalvo daquelas em que o beneficiario se encontra obrigado a reposigao dos mesmos. Imposto — é uma prestago coactiva, pecunisria, definitiva ¢ unilateral, estabelecida por lei, sem cardcter de sangZo, a favor do Estado, para a realizagiio de fins piiblicos. Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Economista 1 Material do Curso de Microeconomia Prestagiio coaetiva — imposta pelo Estado; Prestagiio pecuniiria ~ avalidvel em dinheiro (a pesar de existir impostos pagos na forma de bens ou servigos); Prestagiio definitiva — sem direito a restituiga0, reembolso, retribuigéio ou indemnizagio; Prestagio unilateral ou nio sinalagmiitiea — sem contraprestagio especifica, individual, imediata e directa (ao contrario da taxa, nfo dé ao devedor o diteito de exigir qualquer contraprestagio imediata); Prestagiio estabelecida por lei — de acordo com o principio de legalidade; Prestagio sem earacter de sangiio — sem fins sancionarios (ao contrario da multae da coima); Prestagio a favor do Estado ~ em sentido muito amplo, equivalente aqui a qualquer entidade que exerga fungées pibblicas; Prestagio para realizagio de fins piblicos ~ nao so apenas fiscais, mas também extrafiscais (sociais, econémicas, etc). Por outras palavras Imposto ~ é uma prestagdo obrigatéria, efectuada pelos individuos, pelas empresas ou plas instituigdes, sem contrapartida imediata, em proveito dos poderes puiblicos (Estado € Autarquias Locais). Défice Orgamental ~ ¢ a diferenga entre as despesas orgamentais totais de qualquer hatureza € as receitas totais que néo tem como contrapartida uma contracgao de dividas, Ciclo Econémico ~ é um movimento altemado e recorrente da actividade econdmica, de amplitude e periodicidade regular. Durante o século XIX e a primeira metade do século XX, 0 ciclo econdmico tinha uma duragio entre 6 ¢ 11 anos ~ com mais frequéncia — para 10 anos e é marcado pelas flutuagdes da actividade econdmica. O ciclo econdmico pode set decomposto em quatro fases: 1, Expansio ~ movimento ascendente com tendéncia para a alta dos pregos e dos rendimentos; 2, Ponto de viragem (ou boom), que interrompe a fase de expansio (a crise no seu sentido restrito); este momento corresponde também ao maximo do ciclico. 3. Depressio ou recesstio (que, juntamente com a fase 2, corresponde A crise em sentido corrente) ~ & a contracgio geral ¢ cumulativa da actividade econémica, acompanhada - pelo menos até & Segunda Guerra Mundial ~ da descida dos pregos ¢ dos rendimentos nominais e da subida do desemprego; Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Economista 2 Material do Curso de Microeconomia 4. Retoma — € 0 segundo ponto de viragem (da contracgdo para a expansio da actividade econémica) e arranque de um novo ciclo econdmico. Com esta boa lista de definiges que acabamos de analisar, encontramos nelas um tema em comum que define a: Economia — como sendo uma ciéneia humana que estuda a forma como as sociedades utilizam 0s recursos escassos para produzit bens com valor ¢ de como os distribuem entre os varios individuos dessas sociedades. Ou Economia — é o estudo de como a sociedade administra os seus recursos escassos. Na maioria das sociedades, os recursos so alocados nao por um iinico planificador central, mas pelos actos combinados de milhdes e milhdes de familias e empresas. Assim sendo, os economistas estudam como as pessoas tomam decisbes: © oquanto trabalham; * oque compram; quanto poupam e como investem suas economias. ‘© como as pessoas interagem umas com as outras. Por exemplo, eles examinam 0 prego pelo qual um bem ou servigo é vendido e a quantidade que &é vendida, etc. Na base das definigdes que vimos acima encontramos dois aspectos ou ideias fundamentais em ‘economia: # ade que os recursos so escassos ¢; «ade que a sociedade deve usar os seus recursos de forma eficiente. Efectivamente, a economia é uma matéria importante devido 4 escassez e ao desejo de eficiéncia, Consideremos primeiro a Escassez Se pudessem ser produzidas quantidades infinitas de todos 0 bens e servigos ou se os desejos humanos fossem completamente satisfeitos, entao: ‘As pessoas nao iriam se preocupar em ampliar os seus rendimentos limitados, porque teriam tudo o que quisessem; 2. As empresas nfo se preocupariam com o custo do trabalho ou com cuidados de satide; 3. Os governos nfo necessitariam de lutar por impostos e despesas, porque ninguém se importaria; € 4. Acima de tudo, dado que cada um poderia ter tudo tanto quanto Ihe apetecesse, ninguém se preocuparia com a repartigao do rendimento entre os diferentes individuos e classes. Neste paraiso de abundancia, nao existiriam bens econdmicos, isto é, bens que so escassos ou tém uma oferta limitada. Todos os bens seriam livres, como por exemplo, a areia no Deserto de Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Economista 3 Material do Curso de Microeconomia Sahara ou a agua no mar e nos oceanos ou em lagos € lagoas. 1. Escassez de recursos [Na definigdo que acabamos de abordar acima, dissemos que a Economia ¢ 0 estudo da eseassez- E porque é que nos interessa a escassez? Porque, quando algo é tio abundante que todos obtém quando queiram, nio se perde tempo se prescuipando sobre 0 qué, como € para quem esse bem ou servigo deveria ser produzido, E entao o que éaescassez? Escassez, — é 2 tensio (ou 0 choque) entre as necessidades ¢ os recursos disponiveis para as satisfazer. Ou por outras palavras a, Escassez ~ é 0 conjunto de todas as coisas (materiais ou imateriais), que sfo susceptiveis de ter tum prego porque so eseassas, isto é, simultaneamente iiteis e limitadas em quantidade, constituindo a riqueza social. Deste ponto de vista, a escassez no constitui uma hipétese, mas sim uma realidade universal ¢ intemporal; tudo é escasso: os recursos naturais, 0 dinheiro, o tempo, a informagto, etc. Por conseguinte, é preciso fazer escolhas, calcular bem e comportar-se de maneira racional Os neocléssicos mostram que os pregos de mercado sto indicadores de escassez relativa dos bens e servigos. Face a isto, 0 que serd entiio um recurso escasso? Recurso escasso ~ & aquele recurso cuja quantidade demandada (procurada) a um prego nulo excede a oferta disponivel num determinado mercado. ‘Assim, quando os recursos sto escassos, a sociedade s6 pode obter mais de algumas coisas se receber menos de outras. 2. Eficiéncia Dada a existéncia de desejos ilimitados, é importante que uma economia faga o melhor uso dos seus recursos limitados e assim definimos: ‘A eficigncia como a utilizago mais efectiva e racional dos recursos de uma sociedade na satisfagdo dos desejos ¢ das necessidades cada vez mais erescentes de todas as camadas dessa sociedade (populago, empresas ou organizagées ¢ 0 estado e suas instituigées). Daqui tiramos conclusdes de que a economia produz de forma eficiente quando o bem — estar econdmico de um individuo nito pode aumentar sem prejudicar 0 bem — estar econdmico de Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Economista 4 outro individuo. > Relagio da Economia com outras ciéncias sociais ‘A economia uma ciéncia humana que ndo funciona de forma isolada, mas sim de forma interligada com muitas outras ciéncias sociais, entre elas: + A Cifneia Politien ~ que trata das relagdes entre a nagio e o Estado, das formas de governo e da condugdo dos negscios piblicos; + A Sociologia - que se ocupa das relagdes sociais e da organizagdo estrutural da sociedade; © A Antropologin Cultural - que se ocupa do estudo das origens ¢ da evolugio, da organizagio e das diferentes formas de expressio cultural do homem; + A Psicologia — que se ocupa do comportamento do homem, de suas motivagdes, valores € estimulos; © 0 Direito — que tem a missdo de fixar, com preciso ditada pelos usos, costumes € valores da sociedade, as normas que regulardo os direitos ¢ as obrigagdes individuais soci Material do Curso de Microeconomia > De que se ocupa a Economia? A economia como cincia humana se ocupa com os seguintes grandes temas: + A Escassez —a escassa disponibilidade de recursos para o processo produtivo; © © Emprego — 0 emprego de recursos, o desemprego, suas causas e consequéncias; «A Produgio — 0 proceso produtivo como categoria bisica do processo evolutive do homem; © Os Agentes — como se comportam os agentes econdmicos na sociedade; «As Trocas — divisio do trabalho, especializagio, fundamentos do sistema de trocas; +O Valor - fundamentos do valor dos recursos e dos produtos decorrentes; «A Moeda—como e porque se deu o seu aparecimento, formas actuais e futuras da moeda, a inflagio, a deflagao ¢ outros fenémenos relacionados com 0 mau uso da moeda; # Os Pregos — os pregos como expresso monetaria do valor, como resultado da interacgao de forgas da oferta e da procura; + Os Mereados — tipologia e caracteristic determinantes; + A Concorréncia ~ diferentes estruturas concorrenciais; «As Remuneragées - tipologia e caracteristicas das diferentes formas de remuneragdes pagas aos recursos de produgio, Os juros, os saldrios, as depreciagdes, os alugueres, os royalties, 0 lucto, etc; ‘© Os Agregados ~ denominagdo dada as grandes categorias da contabilidade so PIB, o PNB ¢ Renda Nacional entre outras medidas nacionais; As Transacgées ~ categorias bisicas: transacgbes reais e financeiras, internas e externas; O Crescimento - a expansiio da economia como um todo, o crescimento ¢ desenvolvimento, crescimento e ciclos econémicos; dos mercados, a oferta e a procura, factores |, como Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Economista, 5 Material do Curso de Microeconomia © Desenvolvimento - # © Equilibrio — como se estabelece 0 equilibrio geral, estitico € dindmico do proceso econémico; «© A Organizagio — formas alterativas, do ponto de vista institucional, para a organizagdo econémica da sociedade. > Unidades Adoptadas em Economia ‘As unidades adoptadas para a quantificago em economia sto: monetiias ¢ ndio-monetérias: ‘A unidade monetiria é a base do processo de quantificagio em economia. Além de exercer outras fungdes, que mais tarde faremos referéncia, a moeda é, fundamentalmente, unidade de conta e denominador comum de valores e pode ser: * Moeda corrente do pais; © Divisas externas e; «© Relagdes cambiais entre a moeda corrente do pais e as divisas externas. 2. As unidades nfo monetérias constituidas por sistemas metrolégicos usuais ¢ suas conversdes. ilizada 1.2. Composigiio do Sistema Econémico de uma Economia Ci Sistema Econémico — é um conjunto de instituigdes ou sectores da economia que funcionam de forma interligada entre si, segundo as formas, regras e normas geralmente estabelecidas Por outras palavras 0, Sistema Econémico - & 0 modo geral de organizagdo, isto é, instituigdes, objectivos © mecanismos que regulam a actividade econdmica [Stock de factores de produgfo (recursos haturais, recursos humanos, capital e capacidade tecnolégica), Agentes Econémicos (Familias, Empresas e 0 Governo), trocas, repartigdo das riquezas, etc. Os diferentes elementos do conceito de sistema economic constituem um conjunto relastivamente coerente (0 que nao quer dizer isento de cotradicao) Para melhor entendermos a posigdo que a Microeconomia ocupa no sistema da economia de um Pais, por exemplo Mogambique, abordemos a seguinte estrutura: Sistema Econémico de um Pais civilizado é composto por dois sectore: 1. 0 Sector interno da Economia; ¢ 2. O Sector externo da Economia. 0 Sector interno da Economia compreende dois subsectores: 1. O Subsector Financeiro da Economia; ¢ 2. 0 Subsector Nao Financeiro da Economia. Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Economista 6 Material do Curso de Microeconomia © Subsector Financeiro da Economia é subdividido em dois subsectores: 1. © Subsector Financeiro Monetério (composto pelas autoridades monetirias — Ministerio das Finangas € 0 Banco Central ~ e 05 outros componentes do Sistema Bancéirio);, 2. 0 Subsector Financeiro NZo Monetario constituido por: « (Instituigdes Auxiliares de Crédito - Bolsas de Vall as Casas de Cimbio ¢; lores, Corretores de Fundos € Financeira nfo Monetiria - Sociedades de Locagio Finaneeira 2), Sociedades Gestoras de Fundos de Lacasimento (SGFI), Sociedades Financeiras de Aquisicio 4 Crédito (SFAQ), Sociedades de Factoring (SF), entre outras) © Subsector Nao Financeiro da Economia & composto por trés subsectores: 1. 0 Subsector Pablico (Estatal) ~ constituido por instituipdes da, Administragso do Estado de nivel central ¢ locals Estee iccctor Produtivo (ou Empresarial) ~ constituido por empresas piblicas (nao financeiras) e Outras empresas privadas (ndo financeiras); € 3,0 Subsector Particular ~ constituido por pessoas singulares e familias “Autoridades Monetérias ~ sto entidades que tm a fungo reguladora e de controlo da actividade monetaria de um Pais. Instituigdes Auxiliares de Crédito ~ sio instituigdes que tm por acti idade, de forma exclusiva, a exploragdo de Bolsas de Valores, Correctores de Fundos ¢ Cam! Casas de Cambios. Bolsas de Valores - so instituigSes auxiliares de erédito que tm por objective a realizagao de operagdes sobre valores mobilidrios (acydes ¢ outros titulos) ou também or mercados secundarios de valores mobilidrios (lidando com: investidores yensiio). rio — & um certificado que dé direito ao seu detentor a apresentagdo a qualquer altura para receber 0s rendimentos na forma de dividendos ou juros de acordo jim o prazo estabelecido no contrato (Acgdes, Obrigacdes, Titulos de participagio, entre outros instrumentos financeiros). Correctores de Fundos ~ sfo agentes que actuam como intermedidrios do mercado de paledo (lidando com investidores de média € pequena dimensio) que mantém em seu poder algumas acgSes em eslogue para vendé-las para 0s investidores que querem ‘Compré-las e compré-las dos investidores que necessitam de vendé-las, Acgio — & um valor mobilidrio que da direito ao seu detentor, de receber dividendo ou Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Economista 7 Material do Curso de Microeconomia receber parte dos bens que ficam apds a liquidagdo da sociedade Soviedades de Locagao Financeira (Leasing) ~ sao instituigdes que funcionam sob um Sosirato no qual uma das partes se obriga, contra retribuiglo, a conceder a ON © g0z0 temporirio de um bem, adquirido ou construido por indicago desta ¢ que & mesma pode compriclo total ou parcialmente, num prazo conveneionado, mediante © pagamento de tam prego determinado ou determinavel, aos termos do proprio contralo. nento — é uma sociedade que tem por objecto taglio de um ou mais fundos de investimento Sociedade Gestora de Fundos de Inves exclusivo a administragio, gestilo e represent da mesma natureza. Sociedades Finaneciras de Aquisigao 4 Crédito - sto instituigdes que t&m por objecto socisivo o finaneiamento 20 forecedor ou ao adquirente, da aquisigio & erédito de bens ou servigos. Sociedades de Factoring — so aquelas sociedades que tomam por intermediério Rnanceiro (0 Factor) dos eréditos de curto prazo, que fomecedores de bens e servigos (08 aderentes) constituem sobre os seus clientes (os devedores) 1.3. A Economia, seus modelos, especialidades e ramos na sociedade “Antes de analisarmos os modelos, as especialidades e os ramos da economia, vamos ver © papel {que os mercados e os pregos desempenham na economl Esté claro que qualquer sociedade humana — seja ele um pais industrialmente avangado, uma economia de planeamento central ou uma sociedade tribal ~ tem de se confrontar com ¢ resolver trés problemas econémicos fundamentais. Eis porque qualquer sociedade tem de ter um modo para determinar gue bens e servigos devem ser produzidos, como sao produzidos para quem sserdo produzidos esses bens ¢ servigos 1. Que bens ¢ servigos devem ser produzidos — A sociedade tem de decidir quanto deve produzir de cada um dos inimeros bens e servigos possiveis ¢ quando é que eles deverdo ser produzidos; 2. Como devem ser produzidos esses bens e servigos ~ A sociedade tem de determinar quem fard a produgtio, com que recursos e de que forma tecnolégica. Quem cultiva a terra e quem ensina a cultivé-la; 3, Para quem sfo produzidos esses bens ¢ servigos - Quem usuftuird dos frutos do esforgo econémico? Ou, de um modo preciso, como é repartido o produto nacional entre as diferentes familias, etc. Como € dbvio, neste processo, os mercados € os pregos so uma maneira pela qual a sociedade pode decidir o qué, como e para quem produzir. 6 para darmos um exemplo concreto: Durante a crise da pecuéria bovina na Inglaterra, causada pelos temores da eclostio da doenga das Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Economista 8 Material do Curso de Microeconomia poreo aumentou em 30%, enquanto o da came ‘bovina eait Fvo a economia para que se expandisse & suth ultra, € ‘a came de porco antes que os Ie vacas loucas, 0 prego da came de consideravelmente. Isto dew impediu que compradores demais mudassem para estivessem prontos para irem a0 mercado. istissem mercados? Daqui, a concluso como se poderia alocar recursos s& nH © 1.3.1. Modelos da Economia Em fungio do tipo de mereados que os paises ou regides seguem, existem os seguintes modelos da economia: . 1 Economia de Planeamento Central (ou economia Centralizada); 2 Economia de Livre Mercado (ou economia de mercado) ¢; 3. Economia Mista. de Plancamento Central ~ & aquela em que os planificadores do Governo decidem M serem produzidos, de que maneira isso serd feito © para quem serio ¢ aos trabalhadores 0 que devem fazer. Econom quais os bens e servigos produzidos. Entio se informa is familias, ds empres Este complicado modelo de economia foi experimentado na China, no Vietname, em Cuba, na Conca de Norte nos paises da antiga Unito Soviétiea ¢ alguns paises europeus em que 0 Estado era: =o maior proprietirio da terra e das fibricas e tomava as decisdes sobre © que as pessoas Geveriant consumir, como os bens deveriam ser feitos e quando as pessoas deveriam trabalhar, « omaior empregador do mercado de trabalho e quem dirige a sua actividades 2 Também quem possufa e dirigia a actividade das empresas na maior parte dos ramos de actividade. ‘A Economia de Plancamento Central (Centralizada) permite pouca liberdade econdmica individual, pois as decisbes so tomadas pelo Estado e o estado possui maior parte dos meios de produgio (terra e capital); Economia de Livre Mercado -é aquela em que os indviduos ¢ as empresas privadastomam as decisdes mais importantes acerca da produgio e do consumo. Neste modelo de economia os pregos se ajustam para conciliar os desejos das pessoas e a escassez, Na esperanga de ser empresério, voc8 inventa, por exemplo, um novo modelo de DVD. Neste caso, apesar de vocé ser motivado por interesse proprio, vocé beneficia a sociedade 80 criar novos postos de emprego e ao empregar recursos de forma mais produtiva. “cena Em economia de mercado livre as pessoas perseguem seu interesse proprio sem restriga governamentais. Em toda a historia da humanidade nenhuma sociedade atingiu 100% de economia de livre mercado, nao obstante a Inglaterra ter aproximado disso no Séeulo XIX. eae Para mediar estes dois extremos de economia surgiu um novo modelo de orientagao. econémica, Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Economista 9 Material do Curso de Microeconomia a Economia Mista. Economia Mista - é 0 modo de organizagdo de uma economia nacional que s° caracteriza pela veorietencia ¢ a complementaridade de uma regulagao pelo mercado ¢ de uma intervengio activa tle Estado na esfera produtiva, especialmente através de empresas publicas. ‘Neste modelo de economia, ® © Governo intervém na actividade econdmica através da introdugtio de alguns estrumentos repuladores como, por exemplo, o sistema tributério, & atribuigdo de srinios ay empresas produtoras de bens e servigas piblicos e da provistio de servigos de seguranga piiblica, como a defesa e a forga policials +O Governe regula em que medida os individuos © as empresas podem perseguir seus interesses prOprios; € © © Governo e 0 Sector Privado interagem entre econémicos do Pais. usando solugdes para os problemas Na actualidade quase grande parte dos paises tém tendéncia a economia mista, entretanto alguns puises se aproximam mais da evonomia de planeamento central (por exemplo a China, Cuba ea Hlungria) e outros paises estio mais préximos da economia de livre mercado (por exemplo a Suécia, a Inglaterra e os Estados Unidos da América). 1.3.2. Especialidades ou Ramos da Economia Como dissemos anteriormente, a economia é uma ciéncia que afecta tudo 0 que fazemos nas nossas casas, nas lojas, nas empresas, ¢ por ai fora, razfo pela qual existem muitas especialidades ‘aconsiderar (saber) a titulo de exemplo: ‘A cconomia do trabalho —o ramo da economia que trata do emprego e salérios; ‘A economia urbana ~ 0 ramo da economia que trata da habita e transportes; ‘A. ceonomia monetiria — 0 ramo da economia que trata do fluxo monetirio, das taxas de juros € de cambio; A economia domést sa — 0 ramo da economia que trata do comportamento das familias; ‘A-cconomia agro-pecudria — 0 ramo da economia que trata da actividade agréria e pecudria; ‘A economia pesqueira — o ramo da economia que trata da actividade pesqueira; ‘A cconomia turistiea — 0 ramo da economia que trata da actividade turistica entre outros ramos; 1.3.3. Campos ou partes da Economia Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Eeonomista 10 Material do Curso de Microeconomia Para além das especialidades ou ramos da economia que acabamos de estudar no ponto anterior, existem outras formas de classificagio da categoria econémica, Microcconomia ~ é a parte da cincia econdmica que analisa os comportamentos dos individuos cou das empresas bem como suas escolhas no dominio da produgio, do consumo, da fixagdo dos pregos e dos rendimentos. Ouainda, Microceonomia — & aquela forma de economia que se dedica ao estudo do ‘comportamento de centidades individuais como os mercados, as empresas eas familias, Ou Por outras palavras, Microeconomia - estuda as decisées individuais (Mereados, Empresas, Familias ¢ individuos particulares) sobre mercadorias ou servigos especificos. Ou ainda, Em suma, a Microeconomia oferece um tratamento detalhado de um aspecto do comportamento eeondmico ou de actividades especificas dos mercados, das pessoas (familias), empresas ¢ Sreanizag6es, mas ignora interaegGes com o resto da economia a fim de manter @ andlise num nivel que possa ser manejado. Por exemplo, com a microeconomia, podemos estudar ¢ explicar por que familias individuals preferem comprar carros do que bicicletas, e como as empresas decidem se devem produzit ‘carros ou bicicletas. ‘A microeconomia est voltada, essencialmente, para 0 estudo: «Das unidades individualizaveis da economia, como o consumidor ¢ a empresa, consideradas isoladamente ou em agrupamentos homogéneos; «Do comportamento do consumidor: a busca da satisfagao méxima (dada a sua restricdo orgamentétia) e outras motivagdes; «Do comportamento da empresa: a busca do Iuero maximo (dadas as estruturas de custos € a actuagdo da concorréncia) e outras motivagdes; «Da estrutura e dos mecanismos de funcionamento dos mercados. As conformagoes bsicas da oferta e da procura, microspicamente consideradas; «Das fungdes e das imperfeigdes dos mercados, na alocagaio efieaz dos escassos recursos da sociedade e na geragdo dos produtos destinados a satisfazer as necessidades tidas como ilimitaveis; «Das remuneragdes pagas aos agentes que participam do processo produtivo ¢ a consequente repartigo funcional da renda social (nacional); «Dos pregos recebidos pelas unidades que geram cada um dos bens e servigos que compdem 0 produto social (nacional); Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Economista i Material do Curso de Microeconomia Contudo, se 0s efeitos inditectos so importantes demais para desconsiderar, existe uma outa simplificagdo da economia — a Macroeconomia. Macroeconomia ~é a parte da cigneia econémica que se interessa pelas grandezas globais eB, PNB, Despesa Nacional, Investimento, entre outras medidas), agregadas a0 nivel de uma re8it0, de um Pais ou de um grupo de paises ¢ pelas relagdes entre elas. Ouainda, Macroeconomia ~é 0 ramo da economia que analisa as interaegdes na economia como um todo, isto é, 0 ramo da economia que tem a ver com o desempenho global da economia, ‘A Macrocconomia simplifica, como nos referimos acima, deliberadamente os elementos de onstrugao da anilise a fim de reter uma anilise manejavel do sistema econdmico em seu conjunto. 'A Macroeconomia niio divide os bens de consumo em carros, bicicletas, televisores, ete, ‘ocupando-se a estudar um tinico conjunto chamado bens de consumo a fim de se concentra 08 imteracglo entre impulsos de compra das familias e as decisdes das empresas sobre a construdo de novas fabricas ‘A macroeconomia esta voltada, essencialmente, para 0 estudo: «© Do comportamento da economia em seu conjunto, agregativamente considerado. A unidade de referéncia € 0 todo, no suas partes individualizadamente consideradas; ‘© Do desempenho totalizado da economia, Das causas ¢ dos mecanismos correctivos das grandes flutuagdes conjunturais. Dos altos e baixos da economia como um todo; «Dos agregados econémicos, resultantes das mensuragdes globais, de que sfio exemplos 0 Produto Interno Bruto (PIB), a Renda Nacional (RN) - ou seja, respectivamente a soma de todos os bens € servigos finais produzidos dentro das fronteiras econémicas de determinado pais e a renda apropriada pelo conjunto de todas as unidades participantes do processo econdmico; © Das relagdes entre macrovaridveis. Por exemplo, as conexées entre o nivel dos investimentos e 0 nivel do emprego de todos os recursos; + Das medidas de tendéncia central, como as taxas de juros e de cam! influéncias sobre o desempenho da economia como wm todo; = Das vardveis-fluxo e varidveis-estoque calculadas para a economia agregativamente considerada, Dos fluxos agregados, por exemplo, a renda, 0 consumo, a poupanga e a acumulagdo, Dos estoques agregados, por exemplo, os meios de pagamento e as reservas de divisas internacionais; Das trocas internacionais de bens e servigos, vistas como um todo. Dos fluxos totalizados dos movimentos internacionais de capitais. Do registo e a contabilizagio desses movimentos, possibilitando levantamentos como o Balango Internacional de Pagamentos; © Das finangas piblicas. Dos tributos arrecadados por todas as esferas do govern. Dos dispéndios pablicos, correntes ¢ de investimentos. Das execugdes orgamentérias. Do equilibrio das contas piblicas; , bem como suas Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Economista 2 Material do Curso de Microeconomia «Das grandes disfungdes da economia. Das questdes globais, agregadas, de massa, como 4 inflagio e o desemprego; + Do creseimento ¢ desenvolvimento das economias nacionais. Da determinagao de seus principais factores condicionais e; «Dos indicadores bisicos para comparagées intemacionais do desempenho totalizado das economias nacionais, como os niveis de produto e de renda per capita, os padrdes de produtividade e os padrdes de competitividade. Mesocconomia ~ é um termo criado em 1975 pelo economista S. Holland e designa a parte da ciéncia econdmica intermédia entre a Micro ¢ a Macroeconomia e analisa os comportamentos a0 nivel dos grandes grupos empresariais ou dos ramos industriais. Na actualidade, os trés campos ou partes da economia ~ Microeconomia, Mesoeconomi Macroeeonomia convergem para formar uma ciéneia econémica modema, 1.4. Conceitos Basicos usados no estudo da economia 1.4.1 Conceito de modelo ou teoria e modelos econémicos Regra geral é divertido jogar ténis se vocé sabe sacar, ¢ cortar arvores € facil se voeé tem uma motosserra. Com estas frases queremos fazer entender que toda a actividade ou disciplina académica tem o seu conjunto de instrumentos, que podem ser tangiveis, como a broca do dentista, ou intangiveis, como a capacidade de sacar do tenicista. 1. Teoria (modelo) ‘Assim, para analisar quest6es econdmicas usamos tanto modelos (teorias) quanto dados. ‘Um modelo ou teoria ~ é um instrumento que faz suposigdes a partir das quais podemos deduzir como se comportam as pessoas, empresas ¢ outros intervenientes da economia de uma sociedade, Importa frisar aqui, que modelo (ou teoria) simplifica a realidade deliberadamente. Os modelos (teorias) omitem detalhes do mundo real a fim de concentrar 0 foco no que & essencial. Um economista usa um modelo (teoria) para se guiar nas suas andlises ¢ nos seus estudos, assim como, um viajante usa um mapa para se orientar e se localizar nas suas deslocagées. Por exemplo, um mapa da Cidade de Londres omite fardis de navegagdo ¢ rotundas, mas voce obtém uma boa imagem de qual o melhor caminho a seguir. Esse desenho simplificado ¢ facil de seguir, e nao obstante é um bom guia do comportamento real. 2. Modelos Econémicos Suponhamos que depois de uma carreira no mundo dos negécios, voce se torna, por exemplo, 0 Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Economista 13 Material do Curso de Microeconomia Presidente do Metrd de Londres. © metré esta perdendo dinheiro. Vocé quer mudar 0 prego das passagens para aumentar a receita da empresa. A teceita é encontrada multiplicando P x Q, onde P é 0 prego da passagem do metro, ¢ Q. € 0 niimero de passageiros. Vocé pode fixar 0 preco da passagem, mas 0 que determina o mimero de passageiros? Por exemplo: Suponhamos que no dia 15 de Fevereiro de 2021 em todas as linhas do Metro de Londres foram transportados 1.365.000 passageiros e cada passageiro pagou por cada viagem 50 céntimos (£0,50) de Libra Esterlina, Calcule a receita bruta do movimento do dia 15 de Fevereiro de 2021 do Metro de Londres. 1° Pass Formulamos os dados para o calculo da receita bruta do dia 15.02.2021: Dados: Q = 1.365.000; P = £0,50; Receita Bruta 2° Passo: Escrevamos a formula e em seguida substituamos os dados: Receita Bruta = Q x P = 1.365.000 x 0, £682.500,00 Resposta: No dia 15 de Fevereiro de 2021 a receita bruta arrecadada no Metro de Londres foi de £682.500,00 Libras Esterlinas, O mimero de passageiros caira se o prego da passagem aumentar, mas aumentard se os passageiros tiverem mais renda para gastar. Vocé como Presidente, tem agora um modelo bisico de demanda por viagens de metro. A demanda depende do prego da passagem e da renda dos passageiros. Passagens mais caras agregam directamente a receita, a0 aumentar o P e, portanto, a receita por passageiro, mas também essas passagens reducem a receita ao reduzir Q, & medida que menos ‘gente vai usando o metro. ‘A teoria sozinha néo permite dizer qual é o melhor prego de passagem para maximizar a receita bruta (P x Q). Neste caso, a resposta depende de quanto Q diminui quando vocé aumenta o P. Uma pesquisa empirica pode estabelecer os factos. Ciéncias experimentais, incluindo muitos ramos da Fisica e da Quimica, conduzem experimentos controlados em laboratérios, variando um factor de cada vez enquanto mantém constantes os demais factores relevantes, 0 que provavelmente depois de tantos experimentos pode-se chegar a um resultado, Contudo, como acontece com a astronomia e a medicina, a economia ¢ ba: no experimental. Por exemplo: 1 05 astrénomos niio podem suspender 0 movimento planetario para estudar o planeta Terra isoladamente; 2. os médicos raramente envenenam pessoas s6 para ver 0 que acontecerd; rey Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Econot Material do Curso de Microeconomia 3° de modo similar, os economistas nao criam um desemprego de 50% para verificar se os saldrios cairao ou no. 1.4.2 Dados ou Factos econdémicos, seu conceito e suas formas Os dados ou factos econdmicos se integram com o modelo de duas maneiras: 1. Primeiro, os dados ajudam a quantificar relages tedricas. Para escolher o melhor caminho, precisamos de alguns factos informando onde pode ocorrer lentidio do trafego. O modelo ¢ itil porque nos diz quais factos devem ser colectados. E mais provavel que haja congestionamento em pontes do que em rodovias com seis pistas e; 2. Segundo, os dados nos ajudam a testar nossos modelos. Os economistas tém de checar se Suas teorias estilo de acordo com os factos relevantes. Por exemplo, por varias décadas, 08 dados de morte por disenteria na Escécia estiveram estreitamente relacionadas com a taxa de inflagdo na Inglaterra. Mas isso era simples coincidéncia, e no a chave para a teoria da inflagao, Mas entio, o que sio Dados Econémicos? Dados Econémicos — sio evidéncias sobre o comportamento de uma economia. Para colectar evidéncia, vamos estudar as mudangas ao longo do tempo (série temporal) ou mudangas que acontecem em grupos ou regides num mesmo periodo do tempo (dados seccionados) © quadro abaixo mostra-nos dados seccionados de taxas de desemprego em diferentes paises desenvolvidos no ano de 2001 Quadro n® 1: Taxas de Desemprego em alguns Paises Desenvolvidos em 2001 (% da forga de trabalho) EUA, Japio ‘Alemanha Franga Inglaterra 42. 46 69. 88 34 Fonte: OECD, Econdmic Outlook O quadro n° 2 abaixo mostra uma série temporal dos pregos de residéncias na Inglaterra entre os anos de 1960 ¢ 2000. Quadro n° 2: Pregos de residéncias na Inglaterra entre 1960 e 2000 (prego médio de uma casa nova) ‘Anos, 1960 1980 2000 T 2 3 4 3 1 | Prego de uma casa (em Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Economista 15 Material do Curso de Microeconomia £1,000,00) 25 2 1247 7 [indice de pregos no varejo (2000 = 100) 14 393 100,00 3 | Prego real das easas (em £1.000,00 do ano 2000) 33,8 692 124,7 Fonte; ONS (Depriamento Nacional de Estatisticas), Economic Trends Segundo 0 quadro n° 2 acima, 0 prego médio de uma nova residéncia aumentou de £2.500,00 Libras Esterlinas em 1960 para £124.700,00 Libras Esterlinas em 2000. Sera que as casas realmente esto quase 50 veces mais caras do que em 1960? Naturalmente que nao, se levamos em conta a inflago, que também aumentou os rendimentos € a capacidade de os cidadiios comprarem casas naquele pais. Numero indice — é um niimero que expressa dados econdmicos em relagiio a um dado valor base. u por outras palavras, Numero indice — é um niimero que indica variagdes de grupos, de conjuntos ou de agregagdes de dados econdmicos. (Os niimeros — indices conduzem a valores que expressam uma espécie de sintese do conjunto das variagées dos dados econdmicos considerados. Vejamos os seguintes exemplos: © OINPC (indice Nacional de Pregos a0 Consumidor) - indica a variagdo mensal de pregos de uma cesta de bens e servigos pagos pelos consumidores de determinada faixa de renda, Em Mogambique, ele resulta da média ponderada dos indices calculados nas onze provincias do Pais por exemplo, Trata-se, portanto, cde uma indicagaio de natureza agregativa; * 0 INA (indicador do Nivel de Actividade) - revela o desempenho da actividade produtiva e suas variagdes a0 longo do tempo. Expressa as flutuagdes da economia, resultando da média ponderada de indices de desempenho de diferentes grupos de sectores de produgao. Na Inglaterra, 0 indice de pregos no varejo mede o prego de uma cesta de bens comprada por uma familia comum. No nosso exemplo, a inflagio fez com que esse indice subisse muito no periodo 1960 ~ 2000. ‘A terceira linha no quadro n° 2 calcula um indice de pregos reais das casas, calculados com base nos pregos de 2000, Para os pregos das casas de 1960, tomamos 0 prego nominal de £2.500,00 Libras Esterlinas ¢ multiplicamos por {100 / (7,4)] para levar em conta mudangas no indice de pregos no varejo entre 1960 e 2000, e obtemos aproximadamente £33.775,00 Libras Esterlinas, Comparando1960 e 2000, mas levando em conta a inflagio, o prego real de iméveis residenciais cresceu em 3,69 Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Economista 16 Material do Curso de Microeconomia vezes, quer dizer, quase que quadruplicou, pasando de £33.775,00 Libras Esterlinas em 1960 para £124.700,00 Libras Esterlinas em 2000, A maior parte do aumento nos pregos nominais das casas, na primeira linha do quadro n° 2, de facto deveu-se 4 inflagao. 1.4.3 Conceito de valores nominais, valores reais, varidveis econémicas quantificaveis, indicadores de gestio e racios No ponto anterior falamos de pregos nominais, pregos reais e indice de pregos, afinal o que significam estas terminologias? 1) Valores nominais — sio aqueles valores medidos aos pregos vigentes do mercado no momento em que ¢ feita a medida, Enquanto, Il) Valores reais — so aqueles valores que ajustam os valores nominais de acordo com as mudangas verificadas no nivel de pregos no mercado. Ill) Variaveis econdmicas — sio expressdes indicativas de diferentes categorias de actividades econdmicas — transacgdes, processos ¢ resultados, Esta denominagao genérica resulta pelo facto de que elas variam em determinado periodo de tempo —algumas no curto ou até no curtissimo prazo, outras no médio e no longo prazo. Quanto a sua natureza, as varidveis podem ser: © Variveis — fluxo — sio indicadores que se referem, necessariamente, a transacgdes ocorridas ao longo de determinado periodo de tempo. O Produto Intero Bruto (PIB) é exemplo classico de varidvel — fluxo; + Varidveis — estoque — so medidas que expressam magnitudes em determinado momento. O nivel das reservas cambiais de um pais e dos meios de pagamento sio, tipicamente, um estoque. IV) Indicadores — so grandezas calculadas em momentos regulares e que permitem apreciar a ‘evolugio econdmica e social de uma sociedade. Os indicadores podem ser: a) Econémicos (por exemplo, taxa de crescimento do Produto Nacional Bruto, indice de Pregos no Consumidor); ; b) Sociais (taxa de fecundidade, nivel de esperanga de vida); ©) Macroeconémicos (A escala de um pais ou de um grupo de paises: taxa de erescimento da produgao industrial); ; 4) Microeconémicos (A escala de uma empresa: volume de negécios, por exemplo); Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Economista 7 Material do Curso de Microeconomia ©) Conjunturais (niimero de pedidos de emprego, por exemplo) e; £) Estruturais (distribuigao etdria da populagao, etc.) A) Indicadores de Gestio - sio elementos fundamentais usados para a avaliagdo dos diversos objectivos inicialmente tragados pelas empresas, estado e outros intervenientes de um mercado. Os objectivos de uso dos indicadores de gestio sio essencialmente de medigdo e avaliagdo e servem para medir: Os meios postos a laborar; s resultados atingidos; Os custos unitarios; As modificagées observadas; O grau de eficdcia; O grau de eficiéncia; O grau de pertinéncia; KAKA A AAS Podemos classificar os indicadores de Gestio nos seguintes grandes grupos: 1. Indicadores de Meios a) Indicadores de Meios Humanos ~ so aqueles que traduzem 0 nimero de pessoas /més afectas a uma actividade e 0 nimero total de meses (exemplo: X pessoas /més/n meses). b) Indicadores de Meios Financeiros - so aqueles que traduzem, por exemplo, a estrutura das despesas em percentagem e segundo 0s seguintes grupos (Pessoal, Bens, Servigos ¢ Capital) que no seu conjunto devem perfazer 100%, 2. Indicadores de Resultados - so a iqueles que descrevem os efeitos desejados derivados da actividade. a) Indicadores de Actividade propriamente ditos ~ sio aqueles que se destinam a medi os meios fisicos para a produgao de bens ou a prestagdo de servigos (Por exemplo: uma barragem com capacidade x); ) Indicadores de Realizagio - sio aqueles que se destinam a medit o nivel das realizagbes efectuadas (Por exemplo: o nimero de hectares de terra irigados); ©) Indicadores de objectivos a atingir - sto aqueles que devem corresponder, em termos fisicos, aos objectivos a atingir no ambito da actividade (Por exemplo: Anilise avaliagao de projectos de um orgamento). 3: Indicadores de Impacto - sto aqueles que descrevem os efeitos iltimos duma aetividade, ou seja, as suas consequéncias econdmicas, sociais e politicas. Eles destinam-se a apreciar em que medida os obj rn d jectivos da politica empresarial, govenamental € alé das familias tém sido atingidos. E 0 caso, Por exemplo, da evolugdo da balanga comercial Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Economista 18 | Material do Curso de Microeconomia dos produtos agro-alimentares. 4, Indicadores de Influéncia (exégenos) + Destinam-se a avaliar a influéncia sobre o funcionamento ou sobre os resultados (Por exemplo: de outros programas, do meio exterior, de outros agentes econdmicos, ete.) 5, Indicadores de Eficacia «© Destinam-se a medir o grau de objectivo atingido (ex.: instalagaio de n camas num hospital). 6. Indicadores de Eficiéncia «© Destinam-se a avaliar o custo por unidade de objective atingido (Por exemplo: 0 custo por cama instalada no hospital). 7, Indicadores de Pertinéneia «© Destinam-se a avaliar a oportunidade da realizagdio de uma acgio, despesa, etc. (Por exemplo: indicador de pertinéncia de alocagdo dos Sete Milhdes aos Distritos ¢ Cidades Capitais), 'V) Racios (ou quocientes) Para a andlise de dados das demonstragdes financeiras ¢ outros sto usados quocientes, que representam a relagdio entre duas grandezas e chamam-se pelo nome de Racios. Ricios (ou quocientes) - sfio indicadores usados para estabelecer a relagdo entre dois ‘componentes patrimoniais, determinando-se a situagao financeira e econémica da empresa para: + informar a Administragao dessa empresa sobre 0 potencial do Patriménio Administrado sob varios pontos de vista; + determinar os pontos que possam causar desequilibrio a curto, médio e longo prazos e; serem analisados os pontos negativos ou positivos com grande profundidade para climinarem-se 0s factores negativos que vdo interferindo na actividade economico- financeira da empresa ou melhorarem-se os pontos positivos. Os quocientes (rdcios) patrimoniais ndo apenas identificam os factores negativos, mas também 0 varios pontos que oferecem maior potencialidade e proporcionam boa margem de resultados positivos na politica Administrativa empresarial. s Récios podem ser expressos em fracgBes decimais como em valores percentuais (%) Seja dado o Balango Patrimonial da Empresa “Predigio Alimentos” a 31 de Dezembro de 2019, Quadro n° 3: Balango Patrimonial da Empresa Predigdo Alimentos em 31 de Dezembro Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Economista 19 Material do Curso de Microeconomia de 2019. Balango Patrimonial da Empresa Predigio Alimentos em 31 de Dezembro de 2019. (Valores em Mil Meticais} ‘ACTIVO PASSIVO NO Designacao da Valor | N/O Designagio da Valor Conta Conta T A 3 a 3 é Meios Imobilizados| 29.216,00| 3.|Patriménio Liquid | 29.964,00 Liquidos - Activo Permanente 3.1 [Construgdes 357,00| 3.1 [Capital Social 7,800,00 3.2 | Equipamentos 128,00[ 3.2 [Reservas 21.143,00 3.3] Outros Meios Basicos | 28.115,00| _3.3[Lucros Acumulados | 1.021,00 3.4 Imobilizagies 616,00 Financeiras 2.[Meios Cireulantes| 35.966,00| 2. ‘a Longo] _7.282,50 Materiais — Activo Circulante Material Existéncias 24 | Matéria-prima 6218,60| _2.3|Outras Exigibilidades|~ 322,50 a Longo Prazo 23 | Materials 11.935,00[ 2.2 Instituigbes 1.820,00 Financeiras a Longo Prazo 2.2| Produtos Acabados 9.612,40 2.1] Sector Publico Estatal} —5.140,00 a Longo Prazo 2.1 [Mercadorias 8.200,00 1.[Meios Circulantes|26.818,00 | __1.|Exigivel a Curto| 54.753,50 Financeiros ~ Activo Prazo ou Passivo Circulante Cireulante Financeiro 13] Clientes 20.483,00[_1.4]Outras Exigibilidades| 17.997,00 a Curto Prazo 1.2 [Bancos 4.434,50| 1.3 |Fomecedores 9486.50 1.2]Empréstimos Obtidos| _3.215,00 a Curto Prazo 11 | Caixa 7.90050] 1.1 |Créditos Bancarios al 24,055,00 Curto Prazo TOTAL DO]92.000,00 TOTAL DO|92.000,00 ACTIVO PASSIVO Usando os dados do Balango da Empresa “Predigio Alimentos” a 31 de Dezembro de 2019, calcule 0 Racio de Liquidez Corrente, Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Economista 20 Material do Curso de Microeconomia Antes de come, Ant ‘armos com os cAlculos do nosso récio, primeiro vamos entender 0 que é este indicador, © Racio de Liquidez Corrente (RLC) - é um indicador econdmico-financeiro que demonstra a prbscidade de uma empresa em liquidar os seus compromissos a curto praze ou o total do Passivo Circulante com os recursos tealizéveis do Active Circulante que compreende a disponibilidade imediata existente no Caixa e nos Bancos, aerescida dos velores realizaveis a curto prazo, Este quociente compara o volume de recursos ou direitos adquitidos a curto prazo com as obrigagdes assumidas a curto prazo, ou seja, quanto a empresa dispora a curto prazo para pagar 05 seus compromissos também a curto prazo. Assim, a titulo de exemplo e considerando que no nosso Balango, o total do Activo igual @ 62.784,00 contos (35.966,00 + 26.818,00) e o total do Passivo Circulante € igual a 54.753,50 contos, podemos calcular o Racio de Liquidez Corrente (RLC) da nossa empresa Dados: Activo Circulante = (35.966,00 + 26.818,00) = 62.784,00 contos; Passivo Circulante = 54.753,50 contos; Ricio (RLC) =! Racio (RLC) = Activo Circulante / Passivo Circulante Récio (RLC) = 62.784,00/54.753,50 = 1,146 ou 114,66% Resposta: O Racio de Liquidez Corrente (RLC) da empresa “Predigio Alimentos” em 2019 foi igual a 1,1466 ou 114,66% © Ricio encontrado de 1,1466, informa que para cada metical de compromisso assumido, a nossa empresa poder contar com 1,1466 Mts ou tem a capacidade de liquidar 114,66% das exigibilidades (dividas) a curto prazo, significando com isso que a empresa tem condides de agar toda sua divida a curto prazo ¢ ficard ainda com uma margem de 14,66% de sobra de recursos, Outros Tipos de Racios em Economia Para além do Racio de Liquidez Corrente podem ser calculados outros racios: © Racio de Liquidez Imediata (RLI); + Racio de Liquidez Reduzida ou Seco (RLR); * Racio de Liquidez Global (RLG); © Racio de Rotagao de Estoques Geral (RREG); * Racio de Rotacio de Estoques em Dias (RREem Dias) Plano de Aulas Preparado por Mestre Hamede Amade - Economista 21

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