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mM ‘al S mM So revista de humanidades Publicagio do Departamento de HistGria © Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme As Fronteiras entre os sexos: propostas de um olhar de género sobre a sociedade do Pernambuco Colonial Alberon de Lemos Gomes Mestre em Histéria — UFPE Professor da FFPNM — UPE. lemos79@msn.com Jeane de Santana Tenério Sanchirles da Costa e Silva Discentes do Curso de Historia — FFPNM -UPE Resumo O presente artigo visa analisar a construcao das relacdes sociais entre os sexos e a construgao social da figura das mulheres da familia da elite da Capitania de Pernambuco, através de uma proposta de estudo pautada na abordagem de género, partindo de dois exemplos praticos: @ construgao da figura ‘feminina no imaginério jesuita e a ascensao das figuras femininas ao posto de liderangas no contexto do Pernambuco pés-restauragao. Palavras-chave Género — Familia — Pernambuco Colonial — Jesuitas - Transgressao Os homens e mulheres que aportavam na Colénia Lusitana na América, como os que acompanharam Duarte Coelho & Nova Lusitania, eram fruto das mudancas de imaginario © controvérsias culturais do Século XVI na Europa’, além das condig6es sociais © interesses econémicos do Reino de Portugal. Na Europa Quinhentista um cenério novo se engencrava no campo das ideologias' religiosas, erturbando a heranga catdlica medieval. Com 0 movimento reformista, iniciado por Martin Lutero em 1517, mediante a reagao Catblica, um palco de disputas, efirmagées, reafimagées e mutagées no plano ideolégico do cristianismo ocidental estava armado e em ebuligao", Nesse contexto, as relagdes do proceso que entao se dava entre Reforma Protestante @ Contra-Reforma Catdlica nao pode ser encarado como uma simples relagao de ofensiva @ contra-ofensiva em defesa dos dogmas tidos por cada respectiva parte em itigio. Pois, como bem afirmou Jean Delumeau, da mesma forma que a Reforma Protestant foi muito mais que um inventario de repuisas, de negagtes fe de oposicées, tambem a Reforma Caldica fol infintamente mais vasta, mais rica e mals profunda’ que 2 agie pela qual Roma cambatou 0 protastantismo. Destarte, podemos falar de uma Reforma do Cristianismo Europeu Ocidental que, tendo inicio no Século XVI @ penetrando no tempo até o século XVIII’ influenciou a mentalidade dos homens que 60 mM ‘al S mM So revista de humanidades Publicagio do Departamento de HistGria © Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme habitavam a Europa neste periodo, que conquistaram 0 além-mar @ que difundiram-na_no Novo Mundo. Esse momento histérico pode ser caracterizado como a época de implementagaio da mentalidade barroca na Europa, processo este que se iniciando no Século XVI, marcaria a cultura Ccidental também se expandindo pelo Novo Mundo, principaimente nas possesstes Ibéricas. Para José Antonio Meravall, 0 Bartoco um conceito de época, uma mentalidade, que mais do que um simples estilo artistico ou arguitet6nico marcou ¢ delineou a politica, a economia @ a sociedade do século XVII" Nesse espirito de ordem, as normas assumem um papel fundamental para o controle social da massa populacional que se inseria nesse tumultuado contexto, de forma que “o Século XVII 6 ‘eminentemente normative. Chega a dor a impressdo de ser utiitarista™". Esse espirito normative da Europa seiscentista, segundo 0 pensador francés Michel Foucault, produziy um proceso de disciplinamento da sociedade moderna, Um sistema funcional de controle individual, em todas as insténcias, onde o individuo deveria ser conhecido e caracterizado de forma a se exercer por sobre ele uma vigilancia individual constante. Esse mecanismo de controle social sofreu um proceso de aperfeigoamento no Século XVI, visando a vigildncia constante ¢ interiorizada da sociedade, através da identificagao do individu com os modelos culturais de controle e vigiléncia. Neste momento, os discursos deveriam ser interiorizados pelo individuo de forma que a auto-vigilancia favorecesse o sucesso do controle exercido por sobre este." Em meio a este cenario, uma importante instituigao também se transmutava e exercia suas influéncias no proceso de transformacao do mundo Ocidental nos primérdios da Idade Moderna: © Estado Nacional. No caso especifico do Estado Lusitano, buscaremos, aqui, demonstrar a sua aluagao partindo das relagbes deste com os seus dominios na América. ‘A ocupagio da América Portuguesa deu-se 6 partir de 1530, com a implementagao das chamadas Capitanias Hereditarias, esse proceso se deu no intuit de garantir a posse da terra a Coroa Portuguesa, frente as pressdes das nagbes europsias recém-centralizadas, como a Inglaterra, a Franca @ @ Holande'”. Neste sentido, o essenciel serie povoar o terrtério, porem esse povoamento no deveria se dar de forma @ constituir pequenos niicleos auto-suficientes, mas sim, constituindo latifEndios produtores para o mercado europeu.* Originatio da Guerra de Reconquista do territorio da Peninsula Ibérica aos arabes, o Estado Luso se organizou precocemente, sendo 0 primeiro Estado centralizado da Europa, tendo, segundo Raymundo Faoro”, em sua consiituigaio elementos que o diferenciam da composicao geral dos demais Estados modemos da Europa; caracterizando-o como um Estado patrimonial. Assim, nobres @ burgueses, subjugados em suas relagdes de favores e deveres com o rei — tinico soberano, doador de capitanias @ sesmarias e orientador da méquina comercial portuguesa ~ agiram no processo de cocupagao do Brasil, soja como capitaes donatarios, seja como comerciantes de pau-brasil ou acter. cy MACMS revista de humanidades Publicagao do Departamento de Historia e Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme Ligados a esse contexto, os homens @ mulheres que povoaram a coldnia portuguesa na América tiveram os seus destinos, muitas vezes, decididos e orientados pela politica patrimonialista do Estado Lusitano. Destino marcado pela acao Estatal, pela mentalidade catélica tridentina e pela cultura barroca. Eram como os sonhos € desejos limitados por estas balizas que os lusitanos aportavam na Capitania de Pernambuco ‘A mulher e a familia, dentro do processo de colonizagio do Estado Portugués na América, assumiram um importante papel nao s6 no que diz respelto 2 manutengao da moral tridentina nos trépicos, mas também, no que diz respeito as estratégias de ocupagao do Novo Mundo. No decurso de ocupacio da América Portuguesa, um dos problemas enfrentados pela coroa lusitane foi a balxa taxa populacional do reino. Fato que se agravave se considerarmos as outras possessdes do Império Luso em terras da Africa e da Asia.” Essa escassez de material humano para a colonizagao tornava-se mais acentuada quando nos remetemos @ agao das mulheres brancas no Processo de povoamento da Colénia. Diante desse quadro, muito dos homens que aqui aportavam tiveram que compensar este desequilibrio demogratico através de ligagdes com as mulheres da terra, ligagoes estas ilicitas aos olhos da moral catélica, que teve de redobrar seus discursos por sobre esta situagao dita de promiscuidade, criando um mito dos pecados dos trépicos, lugar de efervescéncia I". Mito este, construido pelos Jesultas, que foi absorvido livremente alé pouco tempo pela historiografia brasileira, como evidencia a seguinte afirmativa de Gilberto Freyre: sexual’ © ambiente om que comecou a vida brasisira foi do quase intoxicagdo sexual. O europeu saltava om. tera escorregande em india nua, os prépres padres da Compania precisavam descer com cuidado, ssenéo alolavam o pé am carna”™ De qualquer modo, a presenga de mulheres brancas se fazia urgente, seja para viabilizar proceso de ocupagao, seja para satisfazer a moral jesuitica.” Esse ambiente favoreceu 0 desenvolvimento de uma populagao miscigenada, principalmente entre as classes menos abastadas, @ a valorizagao das sinhaés brancas, responsaveis pela consolidagao © perpetuagao da ocupagao do territério através da sua prole legitima, dai o surgimento do ideal da matrona — esta concebida como a mulher respeitavel pela idade, estado © conduta exemplar, tomando-se maes de familia e reproduzindo!materializando os discursos ideais de comportamento para as mulheres. Ideal produzido pela sociedade na qual estas estavam inseridas, Ro nosso caso, no conturbado periodo da mentalidade batroca € das reformas do cristianismo ocidental. Exaltando as mulheres da elite colonial em detrimento das mulheres pobres e mesticas, a quem coube o estigma da prostituigao da promiscuidade. ‘As mulheres da elite colonial da zona do agucar foram alvo do controle social exercido através da produgéo de discursos ideeis de comportamento, pela sociedade européia, cuja 62 Mm al S mM S revista de humanidades Publicagao do Departamento de Historia e Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme mentalidade marcou a sociedade colonial. Porém, devemos ter em mente a necessidade de adaptagao desses discursos para a realidade da América. Para a historiadora Mary del Priore, a estas mulheres cabia um papel, 0 de: reflatr 8 partcipagéo feminina na conquista ullremarina, mas também a sus slividade na dofesa do falolcsme contra a afusso da Reforma Proteslanie Mas ainda, hava que espelhar a prasenga feminina na, consoldagée de um projeto demogréico que preenchesse os vazios da terra reosm- saeseabera™ E um dos espagos mais atuantes dessas matronas deveria ser no émbito restrito da vida familar Falar em vida familiar na Colénia, e mesmo na Europa dos Séculos XVI e XVI, decididamente, nao 6 falar em privacidade ou em familia nuclear, aquela tipicamente burguesa de fins do Séoulo XIX. Muitas vezes, a privacidade se encontrava fora do espaco domiciliar © familiar.’ Num estudo sobre 0 surgimento do sentimento de privacidade na familia francesa, Philippe Ariés nos firma que fs progressas dos sentimentos da familia seguem os progressos da vide privade, da intimidate domestica 0 sentimanto da familia no se deseivoive quando 2 casa esté muto aberia para 0 exterior tle exige um minimo de segredo. Por muito tempo, a8 condiges de vide quotdiana n8o permitram esse entancheremento necessério da familia, longe do mundo externa, ™” ‘Se na Europa modema temos essa realidade, pensemos entao na condigao da Colénia onde ese falta de privacidade se agravava por condigées diversas: distdncia da metrépole, escravidao, constante expansio territorial, precariedade dos centros urbanos.™ Essa situagao pode ser comprovada pelo proprio conceito de familia existente na época colonial e que sera aqui adotado, Concsito este que, longe do conceito de familia nuclear burguesa, englobava relagdes de parentesco — através de lagos consanguineos -, de coabitagéio @ lagos rituals, como 0 compadtio.™ Criando um universo amplo de relagdes socieis e interacées diversas, 0 que, consequentemente, ampliava o estado de vigiléncia, pois como dizia o polémico poeta baiano que também viveu na Capitania de Pernambuco, Gregorio de Mattos, existia “em cada porta um frequentador olheiro/que a vida do vizinho, @ da vizinha/pesquisa, executa, espreita e esquadrilha/ para levar & praca e ao terreiro”. Diante desta realidade, o controle por sobre a figura feminina deveria ser redobrado de forma que essa nunca ficasse exposta a olhos alheios, tendo em vista a movimentagao constante de escravos e pessoas estranhas no universo da vida doméstica, dado ao costume e necessidade de se dar pouso aos vigjantes. Todo 0 contato das mulheres com homens que nao pertencessem a familia 63 mM ‘al S mM So revista de humanidades Publicagio do Departamento de HistGria © Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme delas tinham de ser supervisionados pelo pai ou marido ou, até mesmo, evitado se constituir ameaga direta & autoridade do chefe da familia. Esses cuidados tinham de ser redobrados na América Portuguesa, onde — talvez mais do que na Europa Moderna ~ uma minima privacidade familiar sucumbia sem forgas de se fimar diante de uma complexa rede de sociabilidade™, onde 0 cotidiano das familias estava exposto a0 mundo extemo, constantemente acessado e vigiado por estranhas retinas, No que se refere @ superintendéncia das eventuais aparigdes das mulheres da elite em Plblico, estes momentos tinham de ser estritamente inspacionados e as mulheres cabia a obrigagao de demonstrar sobriedade e discrig&o, de forma que a presenga delas no mundo extra-familiar no despertasse o interesse de estranhos. Toda essa vigilancia agiria com maior eficécia se as proprias mulheres a interiorizasse. Para que essa interiorizagéo ocorresse todo um sistema coercitivo e normativo deveria ser constituido em tomo dessas mulheres, acostumando-as desde cedo com as limitagdes a qual estavam destinades. este momento, a ideologie catélica, principalmente neste contexto das reformas do cristianismo Ccidental e da efervescéncia da mentalidade barroca, teria um papel decisivo nese complexo emaranhado de relagdes de poderes e nessa espessa rede de controle social 4. Um Olhar de Género Por muito do estudo que pretendemos realizar dizer respeito as relagoes entre homens © mulheres, especificamente no contexto histérico-social do Pernambuco colonial; achamos pertinente e indispensdvel a utlizagéo de uma categoria de andlise social que vem tomando espago nos debates atuais acerca dos papéis/agoes sociais entre os sexos: 0 conceito de Género™". E quase que lugar comum nas ciéncias humanas da atualidade o reconhecimento de uma crise epistemolégica. Velhos padrdes herdados do século XIX sofreram, em maos de autores como Michel Foucault” e Hayden White, um proceso de desconstrugao que acabou por revelar o seu cardter excludente @ limitado. No bojo dessa efervescéncia de ruinas, a Historia, apés 0 momento renovador da Escola dos Annales, fragmentou-se em perspectivas diversas que foram, sem grandes pretens6es, ocupando 0 vacuo deixado pela crise dos padroes marxistas. E neste delicado quadro que emergem os primeiros estudos sobre a Historia das mulheres; a principio, ligados aos movimentos feministas , mais tarde, nas décadas finais do século pasado, junto ao universo académico. Neste citimo momento, & de irrevogével importéincia a contribuicao dos estudos de género e a construgao deste como um estatuto de andlise Para Enrique Gomariz, a preocupacao e discussao acerca dos estudos de Género, apesar de 86 invadirem as universidades na década de 80 do século XX, podem ser detectados jé no século 64 Mm al S mM S revista de humanidades Publicagao do Departamento de Historia e Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme XVII" . Sofrendo influéncia do pensamento pés-moderno e pés-estruturalista — em especial do pensador francés Miche! Foucault™" e do psicanalista Jacques Lacan -, além das modiicagdes do movimento feminista®™', as discuss6es atuais sobre os estudos de Género giram em torno, basicamente, das tentativas de se construir um conceito para esta nova categoria de analse sécio- cultural. Neste contexto, um nome, a nosso ver, toma ares de imponéncia: Joan W. Scott, socidloga norte-americana. Principalmente por em seus estudos, ela trabelhar a utilizagao do conceito de Genero na formulagao de analises historicas.™* Retomando @ questéo da crise dos paradigmas na contemporaneidade, vale ressaltar que alguns autores, como a historiadora Maria Odila da Silva Dias, enxergam essa situagao como algo favordvel & questio feminista, tendo em vista que, sob seus prismas, ‘mas cabo a0 ponsamonto fominista destruir pardmotios hordados do que constiuir marcos todricos muito nfidos’, €e forma que “dest, desmontar, erficar fotalidades unWversas formam caudal de ‘opo6es togriegs com que dam as estuciosas feminists." Diferentemente de Silva Dias, Joan Scott vé nesse contexto uma abertura a perspectiva de se construir um campo teérico especifico, segundo ela no espaco aberta por asso dabata, as feminislas niio s6 comecam a encontrar uma via tesrica prépria, ‘come elas também encontram aliades cientficos e poicos. E nesse espago que nés devemos sticuar ‘0 ganero como uma categoria de aneiise. = Para Scott, 2 categoria Género compartimenta em si as relagées sociais baseadas nas diferengas percebidas e construidas entre os sexos, numa complexa e continua construgo / desconstrugao de relagdes de poder." Indo mais além, também afirma existir quatro elementos constitutives, numa relagao mutua € continua, do conceito de género: a existéncia de simbolos miltiplos e contraditérios de representagées, geralmente apresentados de forma binéria; conceitos normativos que agem sobre estes simbolos e representagoes: um espago sécio-politico amplo de atuagao destes sistemas ormativos @ simbolos representatives: e uma identidade subjetiva, de forma que aspectos Psicoldgicos nao se dissociam dos sociais, raciais/étnicos @ biolégicos, Diante desse quadro, cabe ao historiador buscar saber quais as relagdes que se estabelecem entre esses quatros aspectos. Porém, a tarefa ainda nao esté finda. © conceito desenvolvido por Joan Scott complementa-se numa outra afirmagao, a de que 65 Mm al S mM S. revista de humanidades Publicagio do Departamento de Historia © Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme © ganero ¢ uma forma pamera de signiicar as relacbes de poder. Ou mettor, @ um campa primeira no 010 do qual ou por maio do qual o poder ¢ articulado™, tommando-se assim um "meio de docodiicar 0 sentido e de compreender as relagdes complexas entre diversas formas de interagSo humana "=" Essa gama de articulagSes faz com que as relacées entre Historia e género, ao sublinhar € historicizar as inter-relagdes socialmente construidas entre os sexos, produzam nao uma Histéria das mulheres seccionada @ excluida do émbito geral do devir histérico, mas sim, uma nova mansira de se ver @ conceber a Histéria, partindo de aspectos absolutamente relacionais. Com este enfoque em mente, concordamas com Mary Del Priore quando esta deciara que ‘2 historia das mulhores néo & 36 doles, é também aquela da fafa, da erianga, do trabalho, da midi, da lteratura e de suas imagens frente @ sodedada Ea histona do seu corpo, da sua sewualidada, da vwoléncia que sofreram © que praticaram, da sua Ioucura, de scus amoros @ dos sous sentmentos."=" Nessa abordagem, onde os estudos de Género nos nortearao, acreditamos ser possivel flertar com a obra de Michel Foucault, seguindo alguns de seus preceitos, reafirmando as palavras de Susan R. Bordo, quando essa imbuida dos conceitos da filosofia genealégica foucaultiana nos afirma que para segues, amos primeira que abandonar @ idBia de que 0 poder @ algo possulda por um grupo © ngido contra outros © pensar, em vez dso, na rede do praticas, insttuigses o teenclogias quo Sustentam posigSes de dominénci e subardinage dentro de um émbito particu" Seguindo essa senda, acreditamos poder analisar as relagdes entre os sexos, buscando principalmente contribuir para os estudos sobre condigao feminina e a vida familiar na sociedade do Pernambuco Colonial, através da atuagao/adaptagao do pensamento catélice tridentino e da cultura © imaginario barroco da Eurapa no Novo Mundo. Acreditando, assim como Joan Scott, que 0s ( 28 ) histoiadores ( as ) dover, preferivelmento, examinar as manoiras como as identidades do ‘enero S80 realmente construldes © relacionar seus achados com toda una série de sividades, forganzacdo socials © representagdes cultura hstoncemonto stuadas."""" Partindo de uma perspectiva micro, as relagdes sociais entre homens @ mulheres © a edificagaio dos espagos de atuagao de ambos no émbito familiar © na sociedade com um todo, nosso objetivo & buscar discutir, também um aspecto muito mais amplo: @ implementagao da ideologia catélica tridentina e da cultura barroca no mundo colonial, essas endossadas pelas prétticas do 66 revista de humanidades Publicagio do Departamento de Historia © Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme Estado Metropolitano Luso. Ao revisitar velhas fontes — sermdes, autos inquisitoriais, genealogias, cédigos de conduta moral, cartas jesuiticas, correspondéncia administrativa, iconografia, relatos de cronistas — atrés de novos objetos de estudos - a familia e @ mulher — nossa intengéio 6 concorrer para a construcao de uma nova viséo do Pernambuco colonial Deste modo, ao tratarmos da histéria da mulher, nos deparamos também com outros objetos de estudo da moderna historiografia: o imaginario, a sexualidade, 0 desejo, 0 corpo, os sonhos, a crianga, as representacdes. Além de tantos outros aspects jé caros & produc historiografica, seja ela contemporanea ou nao: as relagdes de poder, a religiosidade, as relagbes sociais, a vide econdmica. Os historiadores franceses Georges Duby © Michelle Perrot, ao introduzir uma importante ublicagao, na verdade um marco, sobre as mulheres e sua historia no mundo ocidental, afirmam que 225 mulheres foram, durante muito tompo, deixadas na sombra da Wisteria O desenvolvimento da fntrepologie © a énfase dada & famfla, @ afirmagso da histéria das mentaidades, mais atenta a0 ‘Quotidkano, 20 prvado @ 20 individual contnibulram para as fazer sar dessa sombra™"”" Levando-se em consideragao que a dita histéria das mentalidades s6 se firmou num momento pés-Escola dos Annales (ou seja, posteriormente, cronologicamente falando, a 1940), podemos afirmar que, por sofrer influéncia dessa, a historia das mulheres também é uma area recente do conhecimento histérico, fruto de uma nova tradigao historiogréfica. Continuando 0 raciocinio, os dois autores franceses chamam a atengao para o movimento das préprias mulheres que também contribuiu para os questionamentos sobre a historia delas, 0 que favoreceu com que ent € fora das universidades levarsm a cabo investigagses para encontrarem os vestigios das suas tenispassadas ©, sobretudo, para compreenderem as reizes da domnagao que suporiavam © (elagoes fentre 0s Soxos através do espaco o da tempo" Nesse momento, juntamente com Duby © Perrot, podemos concordar novamente com Joan Scott, quando esta efirma o caréter politico presente nas discussdes acerca do passado das mulheres @ das relagdes de género, relacionando esse novo interesse da produgao historiogréfica com 0 movimento feminista. Segundo ela 10 ha, jet de se eviar a politica, as relagdes de poder os sistemas de convicgGes dos processos que (0 produizem, por esta razéo, a sina das mulnares 6 un campo ineviavelmente paiica " 67 MACM S revista de humanidades Publicagao do Departamento de Historia e Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme Diante dese trabalho de conscientizagao politica e descobertas historicas, podemos citar varios ramos de ressonéncia no meio académico mundial: além dos mesmos Georges Duby, Michelle "No campo Perrot e Joan Scott, destacamos Natalie Zenon Davis", Mario Pilosu™" e Judith C. Brown. da historia da familia, ora ressaltando aspectos s6cio-afetivos, ora preocupando-se com temas como produgéo © composicdo familiar, ilegitimidade, processos de transmissdo de herangas e legados ou texas demogréficas, podemos citar os trabalhos de Peter Lasllet™, Muriel Nazzari”, além do jé citado Philippe Ariés. De forma similar, no Brasil os estudos histéricos sobre a mulher @ @ familia desenvolveu-se dentro de um processo de interagées, afirmando-se recentemente como campos propicios para a prética da pesquisa histérica. Os estudos sobre a historia da Familia no Brasil tomaram impulso a partir da década de 1970", quando aumentou o numero de teses de pés-graduagao acerca do tema, principalmente a0 eix0 Rio - Sa0 Paulo.*""No entanto, essa tematica nao recente na nossa produgao historiogréfica, Em 1933, Gilberto Freyre publicara “Casa Grande e Senzala’, classico das ciéncias sociais no Brasil, Cujo sub-titulo "Formagao da Familia Brasileira sob 0 regime da Economia Patriarcal’, evidencia a preocupagao de Freyre em construir uma visao sobre a familia brasileira. Além de Gilberto Freyre, és podemas citar outros pioneiros como Cliveira Vianna, Capistrano de Abreu, Anténio Candido de Mello e Souza e outros.” © grande diferencial entre esses autores pioneiros © os pesquisadores contemporéneos € 0 fato de que os primeiros teciam visoes amplas @ generalizantes sobre um possivel cardter Unico da familia brasileira, presents em todo o territério nacional; enquanto que os recentes pesquisadores buscam estudar @ estrutura © organizagao familiar, visando evidenciar a diversidade de padres familiares presentes no Brasil, com o apoio da chamada Demografia Histérica, prendendo-se mais a0 particular @ especifico do que ao geral U8 08 estudos sobre @ condigao feminina no Brasil, principalmente no contexto do mundo Colonial, séio mais recentes, no que se refere a sua configuragtio como objeto especifico da pesquisa histérica no Brasil. Mesmo em Portugal, como afirma a historiadora lusitana Margarida Sobral Neto, a mulher, como objeto de estudo, s6 veio a ocupar espaco na historiografia lusa contemporénea a partir de meados do século Xx A Histria da Mulher no Brasil também tomou impulso nestas tltimas décadas do século pasado, pegando o mote da critica a obra de Gilberto Freyre, no caso, a generalizagao @ exagero do adrao de mulher submissa no total do extrato feminino da Colénia. Muitos desses estudos dizem respeito a diversidade de padrées e condigGes femininas presentes na América Colonial sob 0 poder do Império Lusitano. 68 mM ‘al S mM So revista de humanidades Publicagio do Departamento de HistGria © Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme Dentre os principais historiadores que trabalham com essa tematica, poderos citar os nomes de Leila Mezan Algranti, Renato Pinto Venancio' , Emanuel Araujo", Jdnia Ferreira Furtado" © Ligia ". No que diz respeito aos especialistas em Historia da Familia alguns nomes se fazem presentes: Sheila de Castro Faria", Maria Beatriz Nizza da Silva" , Alzira Lobo de Arruda Campos", Luciano Figueiredo!” Angela Mendes de Almeida", Elina Maria Rea Goldschmidt,” Tanya Maria Fernando Torres-Londofio™ e Eliane Cristina Lopes’ Belline' Pires Brandéo”, | dentre outros. Sobre a temética da vida familiar e das condigbes fenininas no século XIX, autoras como Miriam Moreira Leite, Maria Odila da Silva Dias ¢ Eni de Mesquita Samara desemvolveram trabathos gus ja S80 classicos da moderna historiografia brasileira”. Aqui ainda podemos citar 0 trabalho de Luzila Gongalves Ferreira.” Para o periodo republicano, os trabalhos de Margareth Rago so de teor fundante.””' J& sobre a familia escrava — objeto recente nos estudos sobre a familia no Brasil — destacam-se os trabalhos de Richard Graham, José Flavio Motta, Robert W. Slenes, Manolo Florentino José Roberto Gees," Quando nos restringimos ao nosso objeto de estudo especifico ~ a mulher e a vida familiar na elite colonial brasileira ~ uma obra toma ares de picneirismo e ponto referencial: Ao Sul do Corpe: Condigéo Feminina, Maternidades e Mentalidades no Brasil Colonial historiadora Mary Del Priore; estudo que traga um panorama do controle por sobre a mulher da lite colonial, visando favorecer 0 estabelecimento do sistema colonial no Brasil , tese de doutoramento da Sendo assim, este estudo visa, ao langar duas propostas de abordagem, preencher lacunas na historiografia pernambucana sobre 0 mundo colonial, contribuir para 0 desenvolvimento © aprimoramento das pesquisas sobre a familia ea mulher no Brasil; buscando assim, ao mesmo tempo, construir novas vis6es acerca da sociedade colonial na Capitania Duartina, tendo em vista que estes estudos podemos afirmar, ainda inexistem dentro da produgao historiografica pernambucana. © corte espacial da pesquisa limitou-se @ Capitania de Pemambuco, Ocorrendo algumas comparagées com outras reas do Brasil Colonial; em especial & capitania da Bahia, pelas semelhangas sécio-econdmicas que as unem, A sociedade do Pernambuco colonial acueareiro, onde se inseriam os homens e mulheres objetos de nosso estudo, era extremamente estratificada — tendo entre os grupos sociais que a compdem: aristocratas, padres, degredados, lavradores, artifices escravos africanos!™ ; além dos natives e pobres livres sem ocupacéo especifica — porém, marcada por uma diviséo binaria bésica: senhores versus escravos. Sobre esta relacao entre dualismo @ complexidade na sociedade da area produtora de agiicar da América Colonial Lusitana, o brasilianista Stuart B. Schuwartz nos afirma que esta 69 MACMS revista de humanidades Publicagao do Departamento de Historia e Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme Touma Sociedade de mattiplas haracqulas da honta e aprego, de vaias eatagorias de mao-de-obre, de Complexas dvisces de cor e de diversas formas do mabildado @ mudanga: contudo, fol tambom uma Sociedade com forte tendéncia a reduzir complaxidades a cualsmo de coniraste ~ senhoriescravo, ‘idalgo'plebeu, catdtco/oagd0 — e a concitar as multplas hiererquias entre si, de modo que a oracuacao, ' asso, a cor @ a Condga0 social de cada indviduo fendessem a convergir © espago temporal do trabalho se delimita no extenso hiato entre a Segunda metade do século XVI € a primeira metade do XIX. Dessa forma, compreendemos 0 espaco, segundo Michel Mullett, de duracao das reformas do cristianismo ocidental na Idade Moderna , ao mesmo tempo, 0 auge da mentalidade barroca que, segundo Eduardo D’Oliveira Franga e José Antonio Maravall, marcou, com 0 seu discurso de normatizagao @ controle social, 0 Século XVII". Além do periodo de implementagao, adaptacao e vigéncia mais acentuada dessa ideologia na América Portuguesa, Para adentrar nessa sociedade, faremos uso, como linha condutora, da andlise da estruturagao do mundo catélico tridentino da sociedade barroca, sua transmigragao ao Novo Mundo — em especial @ Nova Lusitania — assim como da construgao de padrées modelares de conduta elaborados pelos agentes desses pensamentos; além da repercusséo desses ditames no corpo social. Para isso apontaremos duas perspectivas de estudo: a primeira, ligada @ construgao desses modelos, consiste numa anélise do imaginério jesulta sobre @ figura feminina na coldnia; o segundo, busca apresentar exemplos de mulheres da elite da capitania de Pernambuco que, aproveitando-se de brechas na legislago e nas especificidades do cotidiano colonial, encontraram brechas para alar postos de lideranga Nesse fio, acreditamos que poderemos tecer um painel das condigées femininas, fruto das inter-relagdes entre 0s sexos, no universo das relagtes familiares da populagio coloniel pemambucana, através da acao da Igreja Catélica sobre este complexo tecido de interagoes € controle social. 2. A Mulher no Imaginario Jesuita Agora analisaremos numa abordagem de género ~ enfocando 0 aspecto relacional entre as mulheres @ os homens - © modo como os membros da Companhia de Jesus representavam ou Idealizavam as mulheres do Brasil entre os séculos XVI e XVII e até que ponto elas influenciaram a formagao da sociedade de entao. Analisaremos a produgae literaria dos jesuitas nesse periodo — cartas, sermoes e demais escritos - como também as obras de autores como Mary Del Priore, Ronald Raminelli e Gilberto Freyre, No periado entre os séculos XVI © XVII, a Europa Ocidental sofreu uma Reforma no pensamento cristo com a cisto do eristianismo catélico ocidental, os movimentos protestantes e a consolidacao da chamada Contra-Reforma. © simbolo maior da Contra-Reforma foi o Concilio de 70 mM ‘al S mM So revista de humanidades Publicagio do Departamento de HistGria © Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme Trento, juntamente com a reestruturagao do Tribunal do Santo Oficio @ com a formatagao do Index Para 0 sucesso dessas agées, algumas mudangas tomava-se indispensaveis: formagao de um novo corpo clerical, a instituicao do confessionario © a acao da Companhia de Jesus, que tinha como dever a divulgagao do catolicismo romano pés-Trento, inclusive e principalmente no Novo Mundo. Os olhos da Inquisigao do jesuita iriam fazer as vezes dos de Deus. Fiscalizando tudo. "" ‘Ao chegarem no "Novo Mundo", os conquistadores se deparam com uma sociedade totalmente diferente da que eles conheciam. De acordo com Janice Theodoro, “0 primeiro elemento a distinguir aquele mundo desconhecido do mundo europeu fol a “disparidade” cultura que se percebeu existir entre os natives e os descobridores. Isso se evidenciou nas detalhadas descricées @ na Ienografia que passou a ser produzida na América durante os séculos XVI e XVII. Na verdade, "o que era desconhecido representava um desafio @ interpretacéo™™" A nova cultura @ seus costumes heterodoxos forma vistos como indicios de barbarismo @ da presenga do diabo. Acompanhando 0 primeiro governador-geral, os jesuitas aportaram no Brasil em 1549 ‘assumindo 0 trabalho missionario com os indigenes, como também a orientagao moral dos colonos, principalmente a das mulheres. Das crénicas jesulticas pereebemos uma preocupacao dos membros da Companhia em no s6 converter fiéis — 0s indigenas ~ mas, também, em regular a vide dos colones: coibindo barreguice © concubinatos, aplicando o sacramento da confissio, evitando o desregramento moral dos colonos. Em carta de 1554 aos seus superiores na Europa, assim se expressava 0 padre José de Anchieta: NNosso Senhor. por sua infints misercérdiaplante em toda tera sus sana f8, ibertando-0s do grande cativao em quo esta do demonio, 0 que todos, earfssnos ims, davem pedir com muta Insta @ NNosse Senher cada dia em suas oragées,neles se recordando de ns. © trabalho missionério com as mulheres revela a importéncia que estas assumiram no sucesso do projeto colonizador e na propagago dos cfnones tridentinos & populace como também a relevancia da atuacao delas no processo de construgao de uma sociedade regrada e temente a Deus. Pois seguindo uma mentalidade barroca — que consideramos nao s6 como um simples estilo artistic, mas como um conceito de época que marcou a politica, economia e a mentalidade da sociedade européia do século XVII" — as mulheres eram tidas como filhas de Eva, desta feita, consideradas como detentoras dos piores predicados. “A mulher estava condenada, por definicdo, a pagar etemamente pelo e1ro de Eva, a primeira fémea, que levou Adéo a0 pecado e tirou da humanidade futura a possibilidade de gozar da inocéncia paradisiaca. Ja que @ mulher partlhava da essénoja de Eva, tinha de ser permanentemente controlada"™™. ‘As mulheres eram consideradas uma via de facil escoamento de males no mundo Representatives desse pensamento so as seguintes palavras que o padre Antonio da Silva apregoava do seu pillpit: a” mM ‘al S mM So revista de humanidades Publicagio do Departamento de HistGria © Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme 6 tao fxgasopalas tapas da mular o engano, quo ate o demanio se vale dal para 0 que que az6r ho 6 mas sab0 para maguinarintsngoes co ue @ mule acveriga para ing nals; quo na Caonfla de si 36 fa da muner 0 demdno, tudo to & verdade que no paraiso sucedeu © ainda hole No Trundo se laments. (.)Gomo e inlento do deménio ¢ fazer na tea todo 0 mel que pod, por ito onserva as muheres, oraue las sa0 de todo o mal insu. ‘A submissao a figura masculina seria algo inerente essencial a sobrevivéncia das mulheres como boas cristas, tendo em vista o mal interno que elas carregavam consigo, advindo do pecado original e das atitudes de Eva. E bem ilustrativa as seguintes afrmagdes do Padre Sao Jodo Criséstomo em relagao 20 valor dado as mulheres nesse periodo: "em meio a todos os animais selvagens néo se encontra nenhum mais nocivo do que a mulher"**" © padre jesulta Manuel Arceniage indica que “a mulher deve estar sujeita a seu maride, deve reverenciar-the, querer-Ine @ obsequiar-ihe...ndo deve fazer coisa alguma sem seu conselho. Seu principal cuidado deve ser instruir e educar a seus filhos cristémente, cuidar com deligéncia das coisas da casa, néo sar dela sem necessidade e sem permisséo de seu maride, cujo amor deve ser superior a todos, depois de Deus." Alvo de uma ampla rede de controle social, as mulheres da elite colonial sofreram um processo de normatizagiio peculiar que acabou por produzir imagens @ padres ideais do comportamento ditados pela Igreja e pelo Estado, estes unidos pelos lagos do padroado. Repetia-se como algo ideal, nos tempos coloniais, que havia apenas trés ocasiées em que a mulher poderia sair o lar durante toda sua vida: para se balizar, para se casar e para ser enterrada* 0 exagero é evidente, mas muitas dessas mulheres viviam realmente em estado quase de clausura. De acordo com os cronistas e viajantes, as tnicas manifestagées piblicas onde a figura feminina da elite colonial poderia ser vista eram nas ceriménias e festas religiosas. Da mulher da elite colonial exigia-se uma conduta exemplar, para que se tomassem referencias pra as demais mulheres, sejam elas brancas, pobres, pardas, mulatas, ou até mesmo escravas. © Jesulta Jorge Benci clamava as mulheres que, junto a seus maridos dassem exemplo de cristaos'™ Uma das formas das mulheres da elite assumirem 0 papel a elas destinado pela empresa colonial era o ato de reproduzir. Na visdo da sociedade miségina, a matemidade teria de ser 0 apice a vide da mulher que pariu virgem 0 salvador do mundo." Obviamente, eles s6 consideravam esse matemidade, se ocorresse apés 0 casamento. De acordo com Mary Del Priore, “o casamento seria como uma das formas de adestremento do corpe feminino, transformando as jovens mancebas ‘em matronas zeladoras de seus maridos ¢ filhos. *™" Os relatos sobre esse "Novo Mundo" © a descrigao do cotidiano dos amerindios que aqui encontraram, prendiam-se aos interesses da colonizago © da converse dos mesmos a0 cristianismo. Em seus relatos, os jesultas adotavam uma visao tipica da tradido crista, viam os Indios pelos olhar europeu. 72 mM ‘al S mM So revista de humanidades Publicagio do Departamento de HistGria © Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme A cultura indigena foi descrita a partir de paradigmas teoldgicos © do principio de que os brancos eram os eleitos de Deus, © por isso superiores ao povo do continents, “A cultura nativa da colénia néo era independente do imagindrio do conquistador. As descriedes da muther india sofreram infuéncias da tradigéo religiosa ocidental, os colonizadores descreveram os nativos de acordo com seus paradigmas”"” Notamos que um dos pontos mais destacados nas descrigées jesuiticas em relagao s indias foi a questo da parlicipagao feminina nos ritueis antropofégicas, © padre José de Anchieta em uma de suas cartas a Diogo Lainez, narra a morte de um prisioneiro de forma repugnante, ressaltando 0 envolvimento das indias"™™.Outra questo comentada pela literatura jesuitica foi a questao do infanticidio entre os Tupinamé. As palavras do Padre José de Anchieta elucidam bem este fato: “Se acaso fosse a crianca defeituesa era rapidamente eliminada (o-) que assim fazem a todos os que nascem com alguma falta ou deformacdo, @ por isso mui raramente se acha algum coxo, torto ou mudo nesta nacao""™"" A atengao redobrada dos padres @ da sociedade em goral, sobre a figura feminina, evidencia @ importancia da atuagao delas no processo de construgio de uma sociedade temente a Deus regrada conforme os padroes tridentinos e barroco. Odservando como essa mulheres foram representadas brota em nés um certo sentimento de alivio por saber que essas mulheres néo estiveram ausentes da histéria, mesmo enfrentando tantos obstéculos. E que, de certa forma, também negociaram um espago dentro dessa sociedade tao preconceituosa. Resta-nos agora, procurar mais dados a respeito desse assunto © divulgé-los em meméria das inimeras mulheres, independente da etna, que sofreram @ morreram tentando ocupar seu espago. 3. A Insubordinacao Legal Desde principios do século XVI, as sociedades coloniais do hemisfério ocidental, em especial do mundo ibérico, se viram inseridas num ambiente mercado pela ascensao da cultura barroca € tridentina. Essa tendéncia, evidenciada pelo forte trago miségino, incutiu em terras brasileiras raizes marcantes, caracterizada pela extrema recluso do sexo feminino, no decorrer dos tempos coloniais, Em vista disso, percebe-se que 0 campo de atuagao das mulheres, em especial as das elites locals, 50 via restrito apenas ao émbito familar. Toda a educacdo feminina era destinada a este propésito, pols as meninas cabiam apenas aprender a coser ea bordar, assim como outras tarefas domésticas.”"™" Segundo o pensamento predominante na sociedade ibérica desse momento, a mulher nao tinha conhecimentos intelectuais, "=, conforme advogava D. Francisco Manuel de Melo em sua Carta de Guia de Casados: “a elas s6 deveriam ser acessiveis as primeiras letras, sendo o melhor livro a almofada @ bastidor”. nem interessava os ter 73 mM ‘al S mM So revista de humanidades Publicagio do Departamento de HistGria © Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme ‘A convicgao da inferioridade intelectual da mulher consistia num dos itens da mentalidade barroca da época @ tinha a aprovagao das mais altas © respeitadas autoridades, incluindo tedlogos proeminentes e lumindrias da Santa Macre lgreja.”* Todavia, mesmo em meio @ toda uma rede de controle social estruturada para vigiar a figura feminina, um grande numero de mulheres conseguiu fugir as regras impostas por essa sociedad Embora sua reclusao tenha sido considerada por muitos como indicagao de uma posigao insignificante no meio social, é importante salientar que 0 sexo feminino fora muito mais influente do que se pensa. Ao longo do periodo colonial, muitas mulheres puderam adquirir uma certa autonomia, na medida em que se viram frequentemente sozinhas, sendo obrigadas a resolver problemas ¢ a lutar pela sobrevivéncia. Assim, diante de algumas situacées criticas como mortes, auséncia do cénjuge, Tuinas financeiras ou confltes familiares, muitas delas acabavam por se apresentar como cabega de casal, contrariando os costumes da época, a0 se aproveitarem das brechas nas miséginas legisiagoes lusitanas desse periods. Muito embora estas leis considerassem as mulheres como seres inferiores, percebe-se que as mesmas possibiltaram frestes para que as figuras femininas contornassem essa situagao. Alguns trechos das ordenagdes deixam evidentes que, apesar da forte exclusao ao qual eram submetidas, lum numero significative de mulheres poderia se sobressair da condigao de inferioridade, para assumir posturas de extrema importancia dentre os seus familiares e demais membros da sociedade. No Livro IV, titulo XCV das Ordenagées fica presente esta constatagao, ao afirmar como a mulher fica em posse e cabega de casal" por morte de seu marido. Pois, ‘morto o marido, a mulher fica em posse © cabeca de casa, se com elle a0 tempo ds sua morte vivia, em casa tetida ‘mantetida, como marido e mulher: de sua méo recebergo os herdeiros do marido partilha de todos 5 bens, que por morte do marido ficarem, ¢ os legatérios os legados”.’ E not6rio, entretanto, que o papel da mulher em territérios colonials epresentou variagtes considerdveis entre as sociedades rurais do norte € do sul, nas classes superiores urbanas e até mesmo entre a massa pobre dos campos das cidades.”"™ Mas, em face dessa assertiva, torna-se indispensavel ressaltar que a figura da matriarca sempre emergiu com maior fulgor, apresentando prerrogativas sociais ¢ econémicas vitais, principalmente para a capitania de Pernambuco no periodo pés-restauragao, especialmente se tratando das vivas desse episécio. Neste ponto, fazemos nossas as palavras de C. R. Boxer ao afirmar que: “Se conciuirmos que ‘as mulheres tiveram um papel social importante fora do préprio lar, numa sociedade machista como, sem diivida, era a sociedade colonial brasileira, quaisquer que sejam as nuances ou modificagées reveladas pela futura investigagao historica, a posicSo das vitivas ricas ndo sairé diminulda, por terem desempenhado um papel significative dentro do contexto social da época’.™ 74. MACM S revista de humanidades Publicagao do Departamento de Historia e Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme Partindo dessa constatagao, nosso objetivo, neste momento, se direciona em verificar analisar, numa abordagem de género, os diversos casos de mulheres, que inseridas no contexto das COrdenag6es Filipinas, ramperam com 0 arquétipo de mae devota e honrosa cuja vida deveria gravitar somente em torno das fihos e marido, ao assumir posturas de lideranga ou destaque dentro da vida sociceconémica do Pernambuco Colonial. Em 1654, apos a expulsao da companhia holandesa, que desde 1630 ocupava o Recife, a prestigiada capitania de Pernambuco e demais capitanias anexas, até ent&o sob a égide do poder donatarial dos Albuquerque Coelho, passaram para o controle do patriménio régio lusitano. Este momento é caracterizado como 0 Segundo Periodo Portugués™, pois serd a primeira vez que Perambuco vai encontrar-se inserida na érbita administrativa do poder luso. Sua administrago cabe agora ao Estado Portugués, que tem a partir de entao um representante concebido na figura do governador."“" No entanto, problemas nao faltaram até ser restabelecida a paz e a concérdia entre os colonos @ a Coroa. © conflto que se estendeu por baixo do movimento restaurador e do periodo de reconstrugaio que se seguiu & capitulagao batava foi marcado pelo choque de interesses entre os senhores de engenhos e de outros proprietérios que tiveram seus bens confiscados pelo governo holandés os Novos proprietérios luso-brasileiros que os adquiriram." Diante desta constatagao © para uma melhor compreenstio dos acontecimentos que possibilitou a ascendéncia da participagao feminina no Ambito do poder local, precisamos contextualizar os motivos que levaram a eciosao das querelas entre os antigos ¢ os novos donos desses engenhos, ocorridas em paralelo com o empreendimento de restauragao pernambucana, A invasao, 0 dominio © a expulstio dos holandeses acarretaram profundas repercusstes nas relagdes de Pernambuco com 0 poder da Coroa, a partir da segunda metade do século XVII, 0 que ficou visivel em fungao do imaginario social e do comportamento de parte de seus habitantes que participaram do processo de Restauracdo. Esse tipo de reac&o pode ser explicado pela conjuntura que esta sociedade se encontrava naquele momento. Em 1640, estando Portugal inserido num proceso de emancipagéo da Espana, apés o fim da Unido Ibérica, nao pudera participar de forma ativa no movimento de repatriagao dos territorios ocupados pelos holandeses no Brasil, deixando 0 caminho livre para que os luso-brasileiros que aqui estavam tomassem a frente do processo restaurador utllizando recursos humanos e materiais préprios. Por sua vez, essa autonomia no empreendimento libertador possibiltou aos restauradores fazerem uso de seu feito herdico para estabelecer exigéncias frente ao poder portugués, que readauiria suas possesstes agucareiras mais valiosas na América. Todavia, no desejamos aqui esclarecer os episédios que marcaram a guerra de restauragao fem Pernambuco @ nas demais capitanias vizinhas, pois nomes e patticipagses como a de Joao 75 mM ‘al S mM So revista de humanidades Publicagio do Departamento de HistGria © Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme Femandes Vieira, André Vidal de Negreiros, Henrique Dias e Filipe Camarao indicam estudos mais apurados que fogem aos interesses deste trabalho. Para o momento, nosso enfoque se direciona a ccasiéo que se seguiu a fuga dos senhores de engenhos dos territérios invadidos as querelas, ocasionadas ao longo dos anos posteriores a fase de conclusao do movimento restaurador, em decorréncia das reivindicagées dos antigas proprietarios luso-brasileiros. ‘Ao abandonarem seus engenhos e fazendas, no momento da ocupagae holandesa, os donos destas terras deixaram 0 caminho livre para que os invasores as tomassem por ausentes © as Vendessem a outros moradores luso-brasileiros que permaneceram nestas capitanias. Para se ter uma nogo do abandono que se seguiu & conquista balava, Evaldo Cabral de Mello fomece-nos um numero surpreendente: “num totel de 149 engenhas de acucar existentes nas capitanias de Pernambuco, Itamaracd, Paraiba @ Rio Grande do Norte, nada menos de 65, vale dizer, quase metads (46%), foram abandonados pelos seus propristérios, confiscado @ vendidos pelo governo neerlandés em 1637 © 1638°.° Esses nuimeros sé fazer comprovar 0 grau de desespero que se seguiu é invaséo holandesa entre 08 donos de propriedades residentes nestas terras. A grande maioria da populagao que detinha algum poder aquistivo se refugiou na Bahia ou em regides interioranas, a espera da organizagao de lum movimento restaurador que pusesse fim & ocupagao estrangeira @ restabelecesse seus engenhos © demais propriedades abandonadas. Porém, 0 espaco de tempo que se seguiu & dominagéo foi muito superior do que se esperava. Apeser de haver um movimento de resistencia liderado por Matias de Albuquerque, irmao do ultimo donatério, Duarte de Albuquerque Costho, ¢ outros focos de resisténcia por parte de alguns senhores de engenho do interior da capitania, os holandeses conseguiram demonstrar uma forga militar muito superior as tropas portuguesas, que permitiu insttuir lum certo grau de estabilidade em sua ocupacao © ao mesmo tempo estabelecer seu poderic, por determinado tempo, nas terras invadidas, Esse momento propiciou 20s novos donos das propriedades abandonadas, dentre eles muitos luso-brasileiros, 0 tempo necessério para efetuar melhorias nestes loceis, tendo em vista a aquisigao de empréstimos junto a Companhia das Indias Ocidentais, 0 que permitiu a possivel reivindicagéo de sua autoridade sobre essas possessdes territoriais, Em vista disso, com o desencadear dos acontecimentos, percebe-se que aqueles que se beneficiaram do periodo que se seguiu @ invasao holandesa, foram os mesmos que colaboraram @ lideraram © movimento de restauragao, dentre eles 0 proprio Joao Femandes Vieira. Neste ponto, veriicamos que acontecimentos que viriam subsegiientemente seriam em grande parte obra destes senhores de engenhos. Por volta de 1645, um expressivo niimero de proprietérios luso-brasileiros encontrava-se endividados com @ Companhia das indias Ocidentais. Estando clientes de que o reino portugués j& havia alcancado sue independéncia do julgo espanol, os mesmos encontraram uma altemativa 76 MACMS revista de humanidades Publicagao do Departamento de Historia e Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme vidvel para a solugao de todos os seus problemas: a expulsao definitiva dos seus credores holandeses. Iniciava-se, a partir de enti, um levante para pér fim & dominago batava em territorios do Brasil. Esse episédio tratava-se nao apenas de uma revolta de devedores, mas de uma rebeliao de colaboracionistas dispostos ficarem livres de suas dividas com os holandeses @ ao mesmo tempo justificarem suas propriedades em fungao da sua obra restauradora, por estarem a servigo da Coroa Portuguesa na luta para restituir as capitanias do Norte.° Nota-se, nesse momento, que @ relacdo existente entre o confisco de engenhos e 0 endividamento luso-brasileiro & particularmente visivel entre aqueles que empreendem o levante de 1645 @ os que estabelecem a guerra de restauragao.” Mas, desviando 0 foco dos motivos que ccasionaram 0 processo de reconquista dos territérios invadidos, direcionamos nossa atencao & Participagao feminina no movimento de Restauragao © aos anos futuros, que abriu seu campo de atuagao social e sua ascendéncia no ambito do poder local, ‘Apesar da documentagdo existente sobre 0 periodo ser escassa, nao permitindo a reconstituigo da sorte de cada um dos engenhos administrados pelas senhoras do acticar, destacamos @ seguir dois trechos citados por Evaldo Cabral, que evidenclam exemplos de acoes desempenhadas por mulheres no contexio da guerra de reconquista @ no momento posterior & Restauragao, demonstrando 0 crescimento de sua importancia e poder dentro do espago politico local, que se seguiu logo apés a implentacéio do poderio portugues. Gaspar Dias Fomeira soguiu com Nassau para os Pafses Baus om 1644, deixando @ administragzo a cargo de sua mulher, Dona Clara das Neves, e de seus fihos, que continuaram na posse pactfica das. Dropriedades an6s @ revota de 1645, Nes’ dues balalhas dos Guararapes, que tveram lugar nas \Vainhangas, Dona Clara destacsu-se pela assisiéneia preslade aos soldados rastaurados, cys Tendos: sangrou curou por suas propries maos, com a ajuda de suas criades, com ofende candede © disptndio de fazenda* RRestaurade Pemambuco, 0s antigos propletanios da terranos no Reafe, alguns deles podarosas, cam 2 viva do Matas do Albuquerque o a Santa Casa do Misercéraia, navam passaco a rewvincicélos com ‘3 bentetonas do dominio necrlandes*™ Com relacao a este ultimo caso, acerca da atitude da vidva de Matias de Albuquerque, versava as Ordenagdes de que “allecendo o homem casado abintestado, ¢ néo tendo parente até o décimo gréo contado segunde o Dirsito Civil, que seus bens deva herdar, e ficando sua mulher viva, @ qual juntamente com elle estava @ vivia em casa tea e mantetida, como mulher com seu marido, ella sera sua universal herdeira’.” Dessa forma, poderia reciamar @ reivindicar diretamente as suas intengdes com as autoridades locais ou até mesmo com 0 governo metropolitano. Com a capitulagao holandesa em terras brasileiras, iniciou-se uma nova fase na historia das querelas, pois a0 contrério das propriedades vendidas aos holandeses ¢ judeus, a situagao dos engenhos adquiridos por luso-brasileiros suscitou um problema delicado, © assunto era demasiado complexo para que se pudesse resolvé-lo com uma regra ou um principio geral. A coroa, 7 mM ‘al S mM S revista de humanidades Publicagio do Departamento de HistGria © Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme aproveitando-se das disputas entre os restauradores para tentar impor sua autoridade, fez adiar a0 maximo sua decisao final sobre 0 confito, Diante desse impasse, a querela dos engenhos conhecera um prolongado compasso de espera até que fosse resolvida sua questao. Durante este espago de tempo, tomou-se marcante a participacdo das senhoras do agdcar na luta para reclamar, conquistar € confirmar @ posse de propriedades suas, de seus herdeiros e parentes, Alguns exemplos notérios, aludidos por Evaldo Cabral, demonstram a atuagao feminina dentro da orbita social © politica da capitania de Pernambuco pés-restauragao. Dentre eles se destaca 0 da vilva do conde da Ericeira, pertencente casa de Pernaguido, © sogra de Francisco Barreto, que fora mestre-de-campo general de Pernambuco nos idos de 1647. No ano de 1689, esta senhora, proprietarla do engenho de Moreno, na freguesia de Jaboatao, surge em meio a um conflto Politico local, ao vender sua propriedade a Joao de Barros Rego.” Outras senhoras da lite colonial pemambucana também sao citadas por este autor, enfatizando sua atuago na ocasiéo das querelas, dentre as quais se destacam D. Madalena Pinheiro, proprietaria do engenho de Nossa Senhora da Palma, na freguesia de Sirinhaém e D. Felipa de S4, senhora do engenho dos Guararapes (Muribeca).°" Observa-se dessa forma, que apesar da forte postura imposta pelos padroes estabelecidos os ideais do pensamento tridentino barroco as figuras femininas do periodo, a conjuntura de Pemambuco no momento subsequente 4 Restauragao, proporcionou as mulheres residentes, especialmente as senhoras da elite do acicar, a quebrar com 0 arquétipo de mée devota e honross, para assumir posturas de lideranca e destaque dentro da vida sociceconémica colonial Em face dessa assertiva, destacamos alguns nomes e trechos de documentos da época que nos revelam momentos marcantes do poder e da preponderdncia feminina sobre determinados assuntos até entdo vistos como exclusivo ao universo masculino, do qual a mulher sempre esteve excluida, mas que eram legalmente assegurados pela legislagao da época. Por volta de 1656, logo apés a Restauragéo, Dona Areléngela da Siiveira escreve a0 Conselho Ultramarino, fazendo petig&o a0 rei informando que no tempo da ocupacao flamenga se refugiou com sua familia, “valendose de alguns emprestimos pa. sustentar sua caza, cujo pagamento ficou reservado pa. qdo. se restaurase a dita capitania” de forma que “seus credores a querem executar assy pelas dltas divides, como tambem pelas que depois contrario, para haverde consertar hum engenho, que tem em Pemambuco, de que esté de posse seu filho Jogo do Rego, com que de todo ficara impossibilitada, para Ihes poder satisfazer o que Ihes devs e fabricar sua fazenda, Pede a V. Magestade , que tendo a tudo respeito the faca mercé mandar passar proviso de espera destes anos, para dentro delles poder aumenter sua fazenda e pagar suas dividas @ todos, seus credores, por que de outra maneira Ihe nao sera possivel poder pagalos”.“* 72 mM ‘al S mM S revista de humanidades Publicagio do Departamento de HistGria © Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme Neste aspecto, a historiadora Maria Odila Leite da Silva Dias nos informa que “a separacéo de esferas de atuacdo de homens @ mulheres ndo corresponderia apenas as normas convengées herdadas de Portugal, mas a uma realidade concreta de redistribuicéo de necessidades, com o processo de povoamento; as tarefas especificas de cada sexo, nas diferentes classes sociais do proceso de colonizagéo, ndo eram complementares e sim alternativas: procedia-se a substituigdo e & improvisaco de atribuicdes de homens ausentes. As mulheres eram forcadas a desempenhar, na sua auséncia tempordria ou definitiva, muitos papéis ‘masculinos’, entre os quais, os que diziam respeito 4 administracdo dos bens’ Em seu testamento datado de 1699, Dona Brites de Albuquerque ~ senhora homénima da donatéria esposa de Duarte Coelho ~ afirmava que “a fazenda q. possulmos he 0 seguinte: dois partidos de canas de propriedade do engenho de Garapu dos quals mso marido 0 Capm. Xvam de Albuquerque de Mello fez venda de hum amso sobrinho o Sargto. Mor Phelive Pais Barreto pr. prego mto. Abaixo do seo valor na qual venda nao consinto @ nao asigney a escrigtura quero que tome aficar na mesma forma enn que sempre opossul."* Neste ultimo caso, embora o marido fosse teoricamente o proprietario inalienavel dos bens da familia, a legislagao da época permitia que a mulher tivesse o poder de velo, diante de situag6es que julgassem no serem coniventes com o seu desejo, Esta passagem fica manifestada no Livro IV, titulo XLVIII das Ordenag6es quando diz “que o marido no possa vender, nem alhear bens sem outorga da mulher”. Vejamos entao o que diz 0 texto a respeito: Mandamos, qua o maride nao cossa vender, nom alhear tens alguns de rsiz som procuracao, ou ‘expresso consentimento de sua mulher, nem Dens, em que cada hum doles tenha © uso € fructo somente, quer sejam casados por carta de metede, Segundo costume do Reino, que por date ¢ ara ‘Se cas0, “‘vendendo ou alheando o mando alguns bens de raiz som expressa cutorga de sua mulher, poste que pata rmaze da vend, ou alhaemanto ce fladoras, ou penheres, ou promtta alguma pena, {odo sera nenfum, @ de nennum vigor. Se por qualquer motivo 0 marido ndo consentisse que @ mulher fizesse tal ato, 2 Justica poderia consentir, mesmo sem a autorizacdo por parte do marido. Dessa forma, “querendo @ mulher revogar a venda ou alheacgo de alguma possesséo, ou bens de raiz, que por o marido fosse felta sem seu expresso consentimento, podel-os-hé demandar em Juizo, @ cobrar essa possessao, ou bens havendo auctoridade do marido para os poder demandar. E no Ihe querendo o marido para isto dar seu consentimento, haja Carta nossa, porque possa fazer @ demande, @ revoger @ venda, ou alheacdo sem auctoridade do marido’ Embora viesse contrariar os costumes da época, aproveitando-se das brechas nas leis lusitanas, que as consideravam seres inferiores na mesma categoria dos legalmente instituidos, como criangas, incapacitados @ doentes, ou seja, conforme alegava a propria legislacao, um “imbecilitus sexus’, observamos que muitas mulheres conseguiram contornar essa posicao, sobressaindo-se dessa condigao. 79 MACM S revista de humanidades Publicagao do Departamento de Historia e Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme Ao final, podemos concluir que esses atos se tratavam de formas diversas, © muitas vezes raras, de divergir do modelo miségino predominante na esfera social, assim como na ideologia catolica tridentina e na mentalidade barroca, que tentava impor de todas as formas, meios para coagir a atuagao das figuras femininas, inseridas no contexto social da época Embora o estudo da sociedade colonial, em especial o espago pemambucano da elite acueareira, tenha sido abordado em obras classicas como Casa Grande e Senzale de Gilberto Freyre, a linha de pesquisa sobre 0 posicionamento das mulheres no contexto sécio-politico deste momento ainda constitui um fato recente entre as produgdes historiograficas, No provir das circunsténcias apresentadas, péde-se comprovar que mesmo inseridas num ambiente fortemente matcado pela cultura barroca e tridentina, evidenciado pela extrema recluséo € pelo forte trago miségino, um grande numero de mulheres, em especial as da elite do Pernambuco do Segundo Periodo Portugués, conseguiu superar os obstaculos impostos por essa sociedade, na medida em que se viram frequentemente sozinhas, sendo obrigadas a resolver problemas @ a lutar pela sobrevivéncia. Observou-se neste momento aue 0 sexo feminino sobressaiu do estégio de inferioridade e passou @ adquirir uma certa autonomia, apresentando-se como cabeca de casel. Conforme constatamos, so significativos os relatos de senhoras, que contrariando os costumes da époce, aproveitaram-se das brechas nas misbginas legislacées lusitanas, para impor sua vontade perante 0 meio social. Ainda que seja percebivel que a documentacao sobre essa abordagem se encontre bastante restrita, pretendemos dar prosseguimento com esse estudo, a fim de melhor desvendar 0 cotidiano de atuagao dessas mulheres junto a sociedade colonial da época. Algumas Conclusées © que se pretendeu aqui foi tecer um quadro das interrelagdes entre género, familia @ Catolicismo na capitania de Pernambuco, Num universo de discursos, praticas © vivéncias, visamos ever 0 processo de colonizagao da América Portuguesa sob a dtica das relagdes entre os sexos, com especial foco nas figuras femininas. Numa abordagem de Género — em especial da obra da socidloga norte-americana Joan Scott — ,buscamos sitar a ago das chamadas matronas no bojo do processo de formagao do mundo brasilico: contribuir através do seu papel de esposa submissa @ mae condolente para o sucesso da empresa colonial do Estado petrimonialista luso na América; tudo sobre o controle vigiléncia exercido pela sociedade barroce e pela moral catélice tridentina Muito do que aqui se tratou referia-se aos discursos eclesiasticos sobre 0 papel e controle das mulheres da Colénia por parte dos homens do poder espiritual e temporal no intuito de garantir a moral catélica frente as investidas dos movimentos reformistas. Nesse contexto, as figuras das matronas — muitas vezes filadas através das figuras dos padres — . principalmente em sua acéio no émbito familiar, nos conduziu por uma outra forma de ver 0 20 Mm al S mM S. revista de humanidades Publicagio do Departamento de Historia © Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridé — Campus de Cals. V. 05. N. 12, out./nov. de 2004, - Semestral Ish 1518-3384 Disponivel em wwww.cerescalco.ufrn.br/mneme proceso de ocupagao e consolidagao da América portuguesa. Numa viséo mais do que feminina ou feminista, visamos tecer um estudo das relagdes de poder num espago restrito — 0 universo das relagdes de género no seio da familia da elite colonial da Nova Lusitania — porém, ligado a um contexto mais abrangente: a consolidagao do pensamento catélico tridentino ¢ da mentalidade barroca na Europa ¢ a transmigragao/absorgdo/adaptagao desses velores no Novo Mundo, Num primeiro momento buscamos apresentar 0 fio seguido para a feitura do trabalho, Vversando sobre os estudos de Género @ situando historiografica @ conceitualmente 0 nosso objeto de estudo. Em seguida, apresentamos 0 cenério de fermentacao do pensamento catdlico pos-Trento da mentelidade barroca no Velho Mundo e o proceso de implementaco desses ditames no mundo brasilico, em especial na capitania de Pernambuco, através da analise do imaginario jesuita sobre a figura feminina na col6nia. No terceiro ato, buscamos recompor as praticas © vivencias que forjaram 0 universo das relagdes entre os sexos no Pernambuco colonial, evidenciando a tentativa de se por em uso nos tr6picos os ditames @ modelos apresentados no capitulo antetior, frente as especificidades do mundo colonial, evidenciando a ado das mulheres da elite colonial pemambucana que, escapando do estigma do sexus imbecilta, tomaram-se cabeca de casal ou lideres das finangas ¢ negécios da familia. Neste ponto da tarefa — mais do que apresentar conclusdes fechadas para o estudo — acreditamos que nosso papel 6 dar instrumentos ao leitor para desconstruir imagens herdadas da acerca das mulheres do Brasil colonial, em especial da capitania de Pernambuco. Notas 'SIQUEIRA Sonia A. A Inguisiréo Portuguesa 0 2 Saciodade Colonial. Sao Paulo: Atica, 1978. op.17-60. ‘Aqui, adotamas 0 conceilo de ideologia rtado por Althusser @ defencido por Georges Duby, 0 qual consistingo no sistema, cam rigor @ logca proprio, de reprasentactes que atuam numa Geterminada Sociedade, cabendo-he ainéa uma exstencia propria @ um papel histrico determinado. Vide DUBY. Georges. "Hisoris Social e Ideologias das Soctedades’. InLE GOFF Jacques & NORA, Plea, (Org) Histora: Noves Probiemas Rio de Janeito. Francisco Alves, 1976 9p. 131-132 "CIMULLETTMichasl. A Contra Reforma e a Reforma Catdlica nos Pricipios da dade Modems. Lisboa Gradiva, 1986. p.17-66,e DELUMEAU), Jean. La Reforma Barcelona: Labor, 1967. além de DELUMEAU, Jean. £7 Catolioisme de Lutero a Voltaire Barcelona: Labor, 1973. * DELUMEAU, ean La refrma pv Cf MULLETT Michaal Op Ci. pp 64-68, " MARAVALL, José Antonie. A Cultura do Barroco: Andlse de uma Estrutura Histrica. Seo Paulo: Edusp, 1907.p.49 FRANCA, Eduardo D Olvera. Portugal na Epoca da Restauragdo. 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Capisttano de Capitulo de Misténe Colanta( 7500-1500) Rio de Janeiro Livraria Briguet, 1869. p. 4 "Vide FREYRE, Giberlo. Casa Grande & Sanzala: Formagao da Faria brasileira Sob 0 regime da economia Patircal. Rio {e Janeio: Record, 1896 ; PRADO, Paulo. Retato do Brasir Ensaio sobre a trsteza brasileira. S80 Paulo: Companhia das Ltras, 1997; e criteando esta visio, SOLIZA, Laura de Mello @. ‘0 Padre 0 as Feitcoras. Notas sob a sonualidada no Brasil Clonal’. In: VAINFAS, Renaldo (org ) Historie Sexuelidade no Brasi. Rio de Janeiro: Graal, 1988,pp. 18, ©" FREYRE, Gitero. Op. Crp. 92 ™ Nora Jesuien essa epresentande 9 durdndo ‘avant a eto" jntamento com 0 Santo Oto da nqusigSo (que epatou em Pernambuce em 1583), a eral estes trderina no Novo Mund mara! ests gue so sena codiceds na Europa nes Seios XVL-XVI @ na Amtca Portuguesa 0 XVI com a elaboragao das Consituroes Primes do Arcobspado de Gols fm 1707 Soba ete aspocto vide VAINEAS, Ronaldo Tidpce ds Pecadoe Mora! Senusidata 6 nqusea0 90 Bras! To 68 Jana: Nova Frontera, 1007. pp. 13-14 ale de SOUZA Laura de Malle. 0 Liedo e 9 Tera do Santa Cr Fotiqara ® ‘einjoedade popuar no Bras coil S80 Pao. Companhia as otras, 1960 pp 8080 DEL PRIORE, Many. Ao Su do Corpo: Condicae Femina, Matomidedse Wentaidade no Bri Cola, Ri de Jano: Joss Oymrvo, 1095924 °° CEVAINFAS, Ronaldo, “‘Moralidade Bresficas In NOVAIS, Femando (dir). Historia da Vide Privada no Brasil. Volumet CColdiano 0 vida Prvada na América Portuguesa, S80 Paulo. Companhia das Letras, 1997 pp.221-273, ™* ARIES, Philige. Histxia Socal da Familia e das Criangas: Rio de vanoiro-TLC,1981.9.238, Ci ALGRANTI, Leis Mezan. ‘Famfias e Vida Domestica’ In. NOVAIS, Femando(d) Op Cit pp 83-154 CLFARIA, Sheila de Castro. A Coidnia em Aiowinento. Fortuna e Fama no Cotidiano Colonial. 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ORDENAGOES FILIPINAS, Livro IV, Titulo XCV. p. 649, "SY ORDENAGOES FILIPINAS, Livro IV, Titulo XV. p. 649 =" Cr BOXER Op. it 9.68. BOXER. Op. ct pp. 68-9. °=" 0 concelto de segundo perfodo portugués abrange um carta temporal © espacial camegando om 1654 cam a instalagzo do governo de Pemambuco @ 56 estondendo até 0 fim do periodo colonial, no temiono sob controls dreto desse govern, Gu incl 0 Cearé, Paraiba, Rio Grande, lamaracé e a Comarca do S60 Francisco. Cf SILVA, Kalina Venderci © Segundo Period Portugues. A Consttueao de Pemambuco Enquanto Captania Regia In. Revista do Insite Fistrco e Gecgyaeo Brasiore, Reo do Janet. julset 2000. "CF SILVA, Kalina Vanderlei. © Miserdvel Sol & a boa orem do sociedade colonial 1* ed. Recife, Fundagao de Cultura a Cidade do Reaio, 2001. p16. "Cf MELLO, Eveido Cabral dé. Ofinde Restaurada: Guera e Agticar no Nordeste, 1630-1654. 2° ed. 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FEZ SEM ESTA CAZA SER OUVIDA’: In PIO, Femendo (Org). Cinco Documentos para e Histéria dos Engenhos de Permamauco pp 48-40 *ORDENAGOES FILIPINAS, Lio IV, Thulo XLVI 9p. 837-3

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