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limo. Sr. Pregoeiro do Ministério Publico do Estado do Rio Grande do Sul Ref.: Impugnagao aos termos do Edital do Prego Eletrénico n°. 62/2017 1 S.A. (Em Recuperagao Judicial), sociedade andnima, com sede na Cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, na Rua do Lavradio, 71, 2° andar, parte, Baltro Centro, inscrita no CNPJIMF sob 0 n° 76.535.764/0001-43, doravante denominada "OF, vem, por seu representante legal, com fulcro no art. 18 do Decreto n.° 5.450/2005, apresentar Impuanacéo 08 termos do Edital em referéncia, pelas razées a seguir expostas: Razées de Impugnac: © Ministério Publico do Estado do Rio Grande do Sul instaurou procedimento licitatério na modalidade Pregao Eletrénico, registrado sob 0 n° 62/2017, visando a “Contratagao de ‘empresa especializada para 0 fomecimento de Servigo de conectividade IP (Internet Protocol) 4 Intemet via BGP (Border Gateway Protoco)) entregue via radicenlace ponto-a-ponto licenciado, full duplex, sincrono, exclusivo e com velocidade simétrica inicial de 50 Mbits/s, com a disponibilizagao de roteador (CPE) ¢ 64 enderegos IPv4 piblicos @ roteaveis, conforme especificagdes constantes deste Edital e seus Anexos.” Contudo, a Oi tem este seu intento frustrado perante as imperteigdes do Edital, contra as quais, se investe, justiicando-se tal procedimento ante as dificuldades observadas para participar de forma competitiva do certame. Saliente-se que 0 objetivo da Administragao Publica ao iniciar um processo licitatorio & exatamente obter proposta mais vantajosa para contratagao de bem ou servigo que Ihe seja necessario, observados os termos da legislagao aplicavel, inclusive quanto @ promogao da maxima competitividade possivel entre os interessados. Entretanto, com a manutengao das referidas exigéncias, a competitividade pretendida e a melhor contratagao almejada, poderdo restar comprometidas o que nao se espera, motivo pelo qual a Oi impugna os termos do Edital e seus anexos, 0 que o faz por meio da presente manifestagao, ALTERAGOES A SEREM FEITAS NO EDITAL E NOS ANEXOS VEDACAO A PARTICIPACAO DE LICITANTES EM REGIME DE CONSORCIO item 3.5 do Edital veda a parlicipago de “Empresas em consércio”. Primelramente, cumpre elucidar algumas questées _referentes ao mercado de telecomunicagées. E cedi¢o que no ami da oferta de servigos de telecomunicagées, verifica- se a escassez de competitividade, predominando no mercado poucas empresas. Tal fendmeno caracteriza-se pela propria natureza do mercado em questéo, ora a entrada de empresas que exploram tal servigo é restrita, haja vista a necessidade de grande aporte de capitais, instalagao de infra-estruturais e dentre outros fatores que impedem a existéncia de um numero razoavel de empresas disponiveis para prestar o referido servico. Hi ainda de se ressaltar que o desenvolvimento da economia amplamente globalizada implicou na formago de grupos econémicos em escala mundial, sendo o mercado de telecomunicagées um dos grandes exemplos. A economia das grandes corporagées reduziu ainda mais a oferta de sorvigos de telecomunicagées, ocorrendo om escala global a aglomeragao de companhias formagéo de um mercado eminentemente oligopolista Tragadas as linhas gerais referentes ao mercado de telecomunicagées, pode-se afirmar com convicgao que as restrigées de participagdio de empresas nas licitagées devem ser, mais que ‘em outros casos, muito bem justificadas e necessérias. Isto porque, em homenagem aos principios da competitividade e isonomia, apenas pode se podem admitir as restrig6es objetivas e legitimas. Nesse sentido, nao pode prosperar a imposi¢ao editalicia de impedimento de participagao de ‘empresas em regime de consércio. Tal determinac&o fulmina diretamente a competitividade do certame por nao existir grande numero de empresas qualificadas para prestacao do servigo licitado e pela prépria complexidade do objeto licitado, Ademais, verifica-se que o proprio artigo 33 da Lei n.° 8666/93 permite expressamente a participacdo de empresas em consércio, Corroborando tal entendimento, verifica-se a primorosa ligo de Marcal Justen Filho sobre @ permisso de consércio na licitagao. Se num primeiro momento a associagao de empresas em consércio pode gerar a diminuigéo da competitividade, em outras circunstancias, como a do presente caso, pode ser um elemento que a garanta, sendo vejamos: “Mas © consércio também pode prestarse a resultados positives e compativeis com a ordem juridica, H& hipéteses em que as circunsténcias do mercado e (ou) complexidade do objeto tornam problemética a competicZo, Isso se passa quando grande quantidade de empresas, isoladamente, néo dispuserem de condigées para parlicipar da licitagao. Nesse caso, 0 instituto do consércio é via adequada para propiciar ampliagio do universo de licitantes. E usual que a Administrago Publica apenas autorize a participagéo de empresas em consércio quando as dimensées © complexidade do objeto ou as circunstancias concretas exijam a associacao entre os particulares. Sao as hipéteses em que apenas poucas empresas estariam aptas a preencher ‘ago. (grifo nosso) Com espantosa preciso, o entendimento de Margal Justen Filho subsume-se perfeitamente ao caso em questdo, O mercado ¢ naturalmente restrito © 0 objeto da licitagdo complexo a ponto de reduzir a participagao de empresas, sendo a competitividade reduzida por esas caracteristicas. Nesse sentido, a imposigio de mais uma restrigao apenas pée em risco 0 principio da competitividade, Assim, que se refere aos servicos de telecomunicacdes - objeto ora licitado -, estes sao regulados pela Lei Geral de Telecomunicagées (Lei 9.472, de 16 de julho de 1997), a qual dispée em seu artigo 6° o seguinte: “Art. 6° Os servigos de telecomunicagées seréo organizados com base no principio da livre ampla e justa competicao entre todas as prestadoras, devendo, 0 Poder Publico atuar para propicid-la, bem como para corrigir 0s efeitos da competicéo imperfeita e reprimir as infragdes da ordem ‘econémica.” Ratificando 0 dever do poder publico de ampliar a competigao entre as operadoras, com padrdes de qualidade compativeis com as exigéncias dos usuarios, 0 art. 2°, inciso Il, da LT assim determina: * JUSTEN FILHO, Margal. Comentarios a Lei de Licitagdes e Contratos Administrativos. 14. Ed. ‘S40 Paulo: Editora Dialética, 2010, p. 495. “Art. 2° O Poder Pablico tem 0 dever de: () Ill - adotar medidas que promovam a competigao e a diversidade dos servigos, incrementem sua oferta © propiciem padrées de qualidade compativeis com a exigéncia dos usuarios;” A possibilidade de a Administragao permitir a participagao de consércios em licitagao esta prevista no art. 33 da Lei n°. 8.666/1993, art. 17 do Decreto n°, 3.555/2000 e art. 16 do Decreto n.°, §.450/2005. Tals normativos apresentam as regras que devem ser obedecidas pela Administragao atinentes & participacao de empresas om consércio nos certames Nesse sentido, cumpres observar o que determina a Lei n° 8.66/93: “Art. 3° - A licitagéo destina-se a garantir a observancia do principio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administracdo e sera processada e julgada em estrita conformidade com os principios basicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculagaéo ao instrumento convocatério, do julgamento objetivo e dos que Ihes séo correlatos. § 1° E vedado aos agentes piblicos: 1 admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocagao, cléusulas ‘ou condi¢ées que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caréter ‘competitive e estabelecam preferéncias ou distingdes em razéo da naturalidade, da sede ou domicilio dos licitantes ou de qualquer outra circunstancia impertinente ou irelevante para 0 especifico objeto do contrato,” Vale lembrar que dentre os Principios da Administragao, o da Legalidade é o mais importante e do qual decorrem os demais, por ser esséncia ao Estado de Direito e ao Estado Democratico, de Direito, Note que na atividade administrativa permite-se a atuacdo do agente piiblico, apenas se concedida ou deferida por norma legal, ao passo que ao particular permitido fazer tudo quanto nao estiver proibido pela lei. Toda atividade administrativa vincula-se a tal principio, que se encontra consagrado em nossa Constituigo Federal (Art. 5°, II, XXXV e Art. 37). Assim, quanto as particularidades do mercado de telecomunicacées, pode-se_afirmar ue as restricdes de participacdo de empresas nas licitacées devem ser. mais que em outros casos, motivadas. Isto porque, em homenagem aos principios da competitividade @ isonomia, apenas se podem admitir as restricées objetivas e legitimas. E, sempre em atengao a legislagao que rege o setor de telecomunicagées, é crime a prestagao de servigo sem a competente e especifica outorga. Dai se tem: (i) as empresas de grupos diferentes podem deter outorgas que se complementam para a prestagio do servigo ora licitado, sem qualquer risco de prejuizo para o usuario e/ou interesse publico, em localidades diversas do Pais, por exemplo; (i) Oi associa-se @ outras empresas ( sob controle comum ou no) sempre que hd a demanda por servigas ou projetos de grande complexidade em regiées diversificadas, @ esta associacao verifica-se também em outros grupos de empresas, ¢ 6 perfeltamente legal. Ora, mantida a restrig2o quanto ao formato da participagdo das empresas em consércio, a Impugnante estar, juntamente com outras prestadoras de servigos de telecomunicagées, prejudicada de participar desta competicao! 0 licitante, nesta licitago, pode (e deve), com seguranca, eficiéncia e vantajosidade, admitir a parlicipago de empresas consorciadas, sem quaisquer limitagdes, como sempre o fez, porque a associagéo de empresas pode representar a apresentacao da melhor proposta para a Administracao. Nesse sentido, cumpre trazer os seguintes entendimentos do TCU acerca da matéria: “No entender da Unidade Técnica, nao obstante constituir faculdade da ‘Administracao permitir ou nao a participagao de empresas em consércio nas aludidas convocagées, no presente caso, a vedagao teria ocorrido sem a adequada motivagao, o que teria inviabilizado a participagao de mais licitantes, em prejuizo do principi 59/2006 - Plenérrio) da ampla competigao.” (Acérdao 'Nao prospera também 0 argumento de que a possibilidade de formacao de consércio no Edital afastaria eventual restrigéo A competitividade da licitagao. A con igdo de consércio visa, em ilti a instancia, a jungao de 2 (duas) ou mais empresas para realizagao de determinado ando, sob a ética da Adi ‘empreendimento, obj trago Publica, Proporcionar a participagao de um maior numero de empresas na competicao, quando constatado que grande parte delas nao teria (.y" (Acérddo ne 1,891/2008, Plenario, rel. Ministro Guilherme Palmeira) (grifo nosso) condigées de participar isoladamente do certame. Nota-se, tanto do entendimento doutrinério quanto jurisprudencial, que a permissio de consércios nas licitagdes tem aspecto bifronte, podendo gerar ou restringir a competitividade. Nao obstante, conforme se demonstrou acima, a formagéo de consércios ¢ medida valida e necesséria, que ira beneficiar a Administraco com 0 aumento da participagao de empresas na licitagao, aumentando a compeligao entre elas @ reduzindo, inevitavelmente, 0 prego final da contratacao. Da mesma forma, ndo deve haver restrigdes quanto ao consércio de empresas que sejam coligadas, controladoras e controladas. Isso porque, decorente das parlicularidades do mercado @ da economia globalizada, 6 comum a existéncia no ambito das telecomunicagbes conglomerados econémicos que necessitam dessa ferramenta juridica para parliciparem das licitag6es. Frise-se que muitas das vezes a prestagao do servigo por empresa isolada néo é 0 suficiente, necessitando da atuag’o em conjunto para a consecugéo do objeto da licitagao. Ante 0 exposto, de forma a possibilitar a participagéio de um maior nlimero de empresas no certame, garantindo a sua competitividade © a busca pela proposta mais vantajosa Administragao Publica requer sejam excluidos o item 3.5 do Edital para que seja permitida a participacéo em consércio de empresas do mesmo grupo, nos termos do art. 33 da Lein® 8.666193, EXIGENCIA ABUSIVA O item 3.6 do Exital prevé o seguinte: “Nao poderdo participar desta licitagao as empresas prestadoras de servico que possuam sécio(s), gerente(s) ou diretor(es), que sejam cénjuge, ‘companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até 0 terceiro grau, inclusive, de Membros ou de servidores ocupantes de cargo de diregao, chefla ou assessoramento no Ambito do Ministério Pablico do Estado do Rio Grande do Sul.” Ocorre que, tal exigéncia mostra-se excessiva, na medida em que nao possui finalidade correlata & execugo do objeto, Além disso, as empresas de capital aberto que possuem um volume muito expressivo de acionistas, encontrarao grande dificuldade no processo de levantamento de informagées 140 especificas, como o grau de parentesco e vinculo empregaticio de seu quadro acionario, as, quais inclusive, nao so informadas quando da aquisigo das acdes pelo piblico em geral Nesse contexto, é relevante destacar que o instrumento convocatério deve se abster de incluir cléusulas @ exigéncias desnecessérias finalidade da contratagdo, bem como aquelas que frustrem o carater competitive do certame. A exigéncia imposta pelo Edital é medida extremamente restritiva & parlicipagao de inleressados, cuja consequéncia direla seré reduzir a parlcipagéo das empresas que, nos termos da regulamenlagdo dos servigos de telecomunicagdes, possuem oulorga para prestagdo de todos 0s servigas licitados. ‘Cumpre destacar que quanto aos servigos de telecomunicagées - objeto ora licitado -, estes 0 regulados pela Lei Geral de Telecomunicagées (Lei 9.472, de 16 de julho de1997), a qual dispée em seu artigo 6° o seguinte: “Art. 6° Os servigos de telecomunicagées serdo organizados com base no principio da livre ampla e justa competigdo entre todas as prestadoras, devendo, 0 Poder Publico atuar para propici la, bem como para corrigir os efellos da competicao imperfelta e reprimir as infragées da ordem econémica.” (grifo nosso) Ratificando o dever do poder publico de ampliar a competigao entre as Operadoras, com padrées de qualidade compativeis com as exigéncias dos usuarios, o art. 2°, inciso Il, da LGT assim determina: “Art. 2° © Poder Pulblico tem o dever de: lll - adotar medidas que promovam a competigdo e a diversidade dos servigos, incrementem sua oferta e propiciem padrées de qualidade compativeis com a exigéncia dos usuarios;” (grifo nosso) Ademais, o inciso | do § 1° do art. 3° da Lei n.° 8,666/93 assim dispée: “Art. 3° A licitagao destina-se a garantir a observancia do principio constitucional da isonomia, a selegao da proposta mais vantajosa para a administragao e a promogao do desenvolvimento nacional sustentavel e sera processada e julgada em estrita conformidade com os principios basicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculagao ao instrumento convocatério, do julgamento objetivo e dos que thes so correlatos. § 1° E vedado aos agentes piblicos: | admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocacio, cléusulas ou condigées que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu cardter competitive, inclusive nos casos de sociedades cooperativas, © estabelegam preferéncias ou distingSes em razdo da naturalidade, da sede ou domictio dos lictantes ou de qualquer outra circunstancia impertinente ou irelevante para 0 especifico objeto do contrato, ressalvado o disposto nos §§ 5° a 12 deste artigo e no art. 3° da Lein® 8.248, de 23 de outubro de 1991;"(grifo nosso) Inexiste no mercado uma ampla gama de opgdes, o que impede a incluso de qualquer tipo de condigdo que impeca ou dificulte a participagao das operadoras em procedimentos licitatérios, sob pena de efetiva redugao na competigao. Ante o exposto, requer a exclusao da exigéncia prevista no item 3.6 do Edita 3. _EXIGENCIA DE REGULARIDADE TRABALHISTA COMO REQUISITO DE HABILITAGAO APLICAVEL AS CONTRATAGOES EMPREENDIDAS PELO PODER PUBLICO item 9.2.2, alinea “d" do Edital exige, a titulo de habilitagao, prova de inexisténcia de débitos inadimplidos perante a Justiga do Trabalho, mediante a apresentagdo de certidao negativa valida, nos termos do Titulo Vil-A da Consolidacdo das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei n.* §.452/1943. Porém, a apresentagao de Certidéo Positiva com Efeitos de Negativa de Débitos Trabalhistas também possibilta o titular a participar de licitagdes, conforme a seguir restaré demonstrado. A recente inovagao legislativa veiculada pela Lei n° 12,440/2011 institu a chamada Certiddo Negativa de Débitos Trabalhistas © altera a Lei n.° 8,666/1993 para exigir a regularidade trabalhista como requisito de habilitagao no certame licitatério, ‘Assim, o inciso IV do art. 27, bem como o inciso V do art. 29 da Lei n.° 8.66/93 passaram a ter a seguinte redaca |, respectivamente: “Art. 27, Para a habilitagao nas licitagées exigir-se-4 dos interessados, exclusivamente, documentagao relativa a: () IV-— regularidade fiscal e trabalhista "Ar. 29. A documentagao relativa @ regularidade fiscal e trabalhista, conforme o caso, consistiré em \V — prova de inexisténcia de débitos inadimplidos perante a Justiga do Trabalho, mediante a apresentagao de cerlidao negativa, nos termos do Titulo VII-A da Consolidagao das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto- Lei n° 5.452, de 1° de maio de 1943.” Com efeito, a Lei n.° 12.440/2011 criou a Certidéo Negativa de Débitos Trabalhistas - CNDT. Para sua expedigéo organizou-se 0 Banco Nacional de Devedores Trabalhistas - BNDT, centralizado no Tribunal Superior do Trabalho, a partir de informagdes remetidas por todos os Tribunals Regionais do Trabalho do pais. Deste Banco constam as pessoas fisicas € juridicas que sdo devedoras inadimplentes em processo de execugdo trabalhista a ‘As dividas registradas no BNDT incluem as obrigagées trabalhistas, de fazer ou de pagar, impostas por sentenga, os acordos trabalhistas homologados pelo juiz e ndo cumpridos, os acordos realizados perante as Comissées de Coneiliagéo Prévia (Lei n® 9958/2000) € néo cumprides, os termos de ajuste de conduta firmados com o Ministério Publico do Trabalho (Lei 1° 9958/2000) € néo cumprides, as custas processuais, emolumentos, mullas, honorérios de perito e demais despesas oriundas dos processos trabalhistas e ndo adimplidas. Nesse sentido, cumpre trazer a colagéo 0 § 2° do art. 642-A da CLT, incluido pela Lei n® 12.440/2011 “Art. 642-A. E instituida a Certiddo Negativa de Débitos Trabathistas (CNDT), expedida gratuita ¢ eletronicamente, para comprovar a inexisténcia de débitos inadimplides perante a Justiga do Trabalho. (Incluido pela Lei n® 12.440, de 2011) § 2 Verificada a existéncia de débitos garantidos por penhora suficiente ou com exigibiidade suspensa, sera expedida Certidéo Positiva de Débitos Trabalhistas em nome do interessado com os mesmos efeitos da NDT. (Incluido pela Lei n® 12.440, de 2011)" (grifo nosso) Nesse diapasdo, a exemplo do que acorre no art. 206 do Cédigo Tributério Nacional com as certiddes positivas com efeitos de negativas fiscais, também previu o legislador esta possibilidade para o sistema trabalhista. Com isso, garantiu-se que um maior ndmero de ‘empresas pudessem estar regularizadas perante a Justiga Trabalhista, Néo obstante, vé-se que disposigao do Edital fere néo somente o texto legal mencionado, mas também o sentido intrinseco do dispositivo, ao nao prever a possiblidade de regularizagao juridica por parle das empresas licitantes por meio da Certidéo Positiva com Efeites de Negativa. Tal determinagdo editalicia fere o cardter competitive do certame no momento em que pode gerar a diminuigao da participagao de mais empresas na competi. Ante © exposto, requer a adequagao do item 9.2.2, alinea “d" do Edital para que permita a comprovagéo da regularidade trabalhista altemativamente por meio da apresentagéo de Certidéo Positiva com Efeitos de Negativa de Débites Trabalhistas, nos termos do § 2° do Art 642-A da CLT EXIGENCIA DE APRESENTAGAO DOS TERMOS DE AUTORIZAGAO Os itens 9.1, alinea *d” e 9.24 do Edital exigem, a titulo de comprovagao da qualificagéo técnica, a apresentagao de Outorga da ANATEL (Agéncia Nacional de Telecomunicagées) & empresa CONTRATADA, para explorar Servigos de Rede de Transporte de Telecomunicagdes (SRTT), Servigos de Comunicagao Mullimidia (SCM), Servigos de Rede Especializados (SRE) ou Servigo de Circuito Especializado (SCE). Porém, a apresentago dos Extratos dos Termos de Autorizago celebrados com a Anatel devidamente publicados no Diario Oficial da Uniéio so documentos habeis para comprovar referida exigéncia editalicia, ‘Ademais, deve-se levar em consideragao que a integra desses documentos esté disponivel na pagina oficial da Anatel na rede mundial de computadores. Tal solicitago tem o intuito de dar celeridade ao processo licitatério, em fungéo da diminuigéo significativa de documentos, bem como economicidade para as licitantes, tendo em vista 0 elevado nimero de paginas desses documentos e o alto custo das autenticagées. Vale destacar, ainda, que 6 dever da Administragao, ao realizar procedimentos licitatérios, exigir documentos de habilitagdo compativeis com o ramo do objeto licitado, especialmente aqueles que comprovem a qualificagdo técnica ¢ a capacidade econémico-financeiro dos licitantes, nos termos do art. 37, inciso XI, da Constituigdo Federal!”!. A apresentacao dos extratos devidamente publicados comprovam a qualificagao técnica da participante. Ante 0 exposto, requer a adequacdo da exigéncia prevista nos itens 9.1, alinea “d" e 9.2.4 do Edital, para que as licitantes possam apresentar os extralos do Termo de Autorizagao, outorgados pela ANATEL, os quais so devidamente publicados no Diario Oficial da Unido. 5. EXIGENCIA DE_COMPROVAGAO DE QUESTAO SUBJETIVA NO _ATESTADO DE CAPACIDADE TECNICA Os lens 9.1, alinea “?" e 9.2.4, alinea "c’ do Edital exigem, a titulo de comprovagéo da qualificagao técnica, a apresentagao de “Atestado, emitido por pessoa juridica de direto public ou privado, comprovands, com bom desempenho, 0 fornecimento de servigo de conectividade a Internet via radioenlace digital com velocidade igual ou superior a 50 Mbits/s. referido atestado de capacidade técnica deverd conter a Razdo Social de ambas as empresas (Contratante e Contratada) Porém, o art. 30 da Lei n° 8.666/93 assim determina’ “Art. 30. A documentagdo relativa & qualificagao técnica limitar-se-d a’ § 19 A comprovagao de aptidao referida no inciso I do “caput” deste artigo, no caso das licitagdes pertinentes a obras e servicos, serd feita por atestados forecidos por pessoas juridicas de direlto piblico ou privado, devidamente registrados nas entidades profissionais competentes, limitadas as exigéncias a | capacitagao tcnico-profissional: comprovagao do licitante de possuir em seu quadro permanente, na data prevista para entrega da proposta, profissional de nivel superior ou outro devidamente reconhecido pela entidade competente, detentor de atestado de responsabilidade técnica por execugdo de obra ou servico de caracteristicas semelhantes, lmitadas estas AR. 37 (od XI - ressalvados 0s casos especticados na leglslagdo, as obras, servcos, compas & alienagdes serdo coniratados mediante processo de lictagéo pilica que assegure igualdade de condigSes a todas os concorrentes, com clausulas que ostabolegam obrigagoes de pagamonto, martidas as condig6es ofetvas da proposta, nos tormas da le, © qual somente permiiré as exigénclas de qualificagéo técnica e econémica indispensivels & garantia do ‘cumprimento das obrigagdes, (..)"(gifamos) exclusivamente as parcelas de maior relevancia e valor significativo do objeto da licitago, vedadas as exigéncias de quantidades minimas ou prazos maximos; (..) §50 E vedada a exigéncia de comprovacao de atividade ou de aptidao com \6es de tempo ou de época ou ainda em locais especificos, ou quaisquer outras ndo previstas nesta Lei, que inibam a participacao na licitagao.” (grifo nosso) Dessa forma, a Lei de Licitagao ndo admite em momento algum, a adogao de critérios subjetivos para comprovagéo da capacidade técnica. O que se exige, 6 que o atestado evidencie a sua compatibilidade com 0 servico ora licitado @ néo o grau de satisfatoriedade na sua execugo. ‘Ademais, 0 atestado de capacidade técnica nao abrange questées de cunho subjetivo, mas apenas objetivo. Assim, ndo ha uma forma pré-determinada para averiguar este grau de salisfagdo, © que causa uma tolal inseguranga juridica ao particular por desconhecer os mecanismos de apuragdo desta satisfagéo pelo érgao, ainda mais, considerando que os alestados em regra, néo possuem este tipo de informagao Dai surgem as seguintes diividas: como isto seré avaliado pelo érgao? Mostra-se legal e legitima esta medida que se pretende adotar, ou seja, possui respaldo na lei? A capacidade técnica poderd ser medida pela satisfacdio de outro cliente? Nota-se, por todo o exposto, que nao ha razGes para prosperar esta exigéncia a qual se mostra totalmente infundada e ilegal, pols intenciona embutir critérios subjetivos em um documento que, pela natureza do que se pretende evidenciar (aptidao técnica), 6 cabalmente objetivo. Logo, no ha correlagao com o grau de salisfagdo e a comprovagdo da capacidade técnica de uma empresa em prestar determinado servico. Afinal de contas, o primeiro abarca questo de cunho eminentemente subjetivo, enquanto a outra, objetivo. Nesse sentido, 0 inciso XX! do artigo 37 da Constituicéo Federal, ao dispor sobre as exigéncias de qualificacao, estabelece que: AR. 37 (..) XXI - ressalvados os casos especificados na legislago, as obras, servigos, compras @ alienagdes serao contratados mediante processo de licitagao pilblica que assegure igualdade de condigdes a todos os concorrentes, com cléusulas que estabelegam obrigagdes de pagamento, mantidas as condigées efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitira as exigéncias de qualificagao técnica e econémi indispensaveis a garantia do cumprimento das obrigagées. (..." (grifamos) Os alos da Administragéo Publica, para serem vélidos, devem respeitar o principio da razoabilidade, também chamado pela doutrina de Principio da vedacdo de excessos. Ou seja, ‘as exigéncias perpetradas pela Administracdo ndo poderao conter excessos @ deverdo ser razoaveis em relacao ao seu objeto. A prépria Constituigao da Republica determina que somente devem ser toleradas “exigéncias de qualificagéo técnica e econémica indispensaveis @ garantia do cumprimento das obrigagées.” Com efeito, a doutrina nacional defende que a atuagao da Administragao na fase de habiltagao dos licitantes sem rigorismos indteis e excessivos, que sé fazem afastar licitantes, sem qualquer vantagem para a Administragao e comprometendo a verdadeira competicao. Para o ilustre Adilson Abreu Dallari’ “A doutrina e a jurisprudéncia indicam que, no tocante a fase de habiltago, como © objetivo dessa fase verificar se aquelas pessoas que pretendem contratar t@m ou no condigées para contralar (essa é a esséncla, isto é, 0 fundamental), interessa para a Administragdo receber o maior niimero de proponentes, porque, quanto maior a concorréncia, maior seré a possibilidade de encontrar condigées vantajosas, Portanto, existem claras manifestagées doutrinarias e ja existe jurisprudéncia no sentido de que, na fase de habilitagdo, ndo deve haver igidez excessiva; deve-se procurar a finalidade da fase de habilitagao, deve-se verificar se © proponente tem concretamente idoneidade. ... Deve haver uma certa elasticidade em fungo do objetivo, da razo de ser da fase de habilitagao; interessa, consulta ao interesse ptblico, que haja o maior namero possivel de participantes. 7 in Aspectos Jurcicos da Lictarao", * edigSo, p. 88 Como visto, a doutrina é expressa ao exigir cautela na fase de habilitagao, a fim de nao incidir em exigéncias exacerbadas, desarrazoadas, e afastar a verdadeira competigéo. Ad argumentadum tantum, a prevalecer tal exigéncia, estar-se-4 impedindo a participagdo de diversos potenciais licitantes. Por todo o exposto, requer a adequago dos itens 9.1, alinea "Te 9.2.4, alinea do Edita, de modo que 0 Atestado de Capacidade Técnica, para comprovar a qualifcagdo técnica das licitantes, seja relacionado a existéncia de compatibilidade do objeto a ser licitado e ndo Salisfatoriedade em sua execugéo, sob pena de violagéo a0 art. 30, § 1°, inciso le § 5° da Lei 1° 8.66/93 6. _DESNECESSIDADE DE APRESENTACAO DOS TERMOS DE ABERTURA E DE ENCERRAMENTO DAS SOCIEDADES ANONIMAS item 9.2.6.2.1, alinea ‘a” do Edital exige, a titulo de habilitagao, a apresentagao de: “Termos de abertura e encerramento, mediante cépias autenticadas das paginas do Livro Diério;" Nao obstante a0 examinar 0 art. 31 da Lei de Lictagdes, verifica-se que ao arrolar os documentos passiveis de serem exigidos pela Administragao, 0 legislador denotou o caréter rostrtive da interpretago a ser conferida aos seus diversos incisos quando fala em “liitar-se- 4”. Esta a dicgao do dispositive legal, sendo vejamos: “Art. 31. A documentagéo relativa 4 qualificagéo econémica financeira limitar-se-a a 1 = balango patrimonial © demonstragses contébeis do ltimo exercicio social, j4 exigiveis © apresentados na forma da lel, que comprovem a boa situagéo financeira da empresa, vedada a sua substituigdo por balancetes ou balangos provisérios, podendo ser atualizados por indices oficiais ‘quando encerrado ha mais de 3 (trés) meses da data de apresentacao da proposta (..):” ‘Ou seja, ndo hé previsio legal para a exigéncia de apresentagdo de Termo de Abertura e Encerramento. Mesmo que o érgao insista em manter tal requisito, cumpre salientar 0 disposto no art. 1.181 do Cédigo Civil: Vt. 1.181. Salvo disposigao especial de lei, os livros obrigatérios e, se for 0 caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Puiblico do Empresas Mercantis.” Inicialmente, cumpre destacar que 0 Livro Didrio & obrigatério apenas para as Sociedades Limitadas. Ademais, nota-se no texto legal que ha uma excegao ("Salvo disposigao especial de ?. lel Dessa forma, o procedimento descrito no art. 1.181 ndo seré obrigatério quando houver disposigao especial em lei Destarte, cabe observar que as sociedades andnimas sao regidas por legislagao especifica - Lei Federal n° 6404/76 - que estabelece procedimentos e formalidades distintas para tais sociedades. Os artigos 176, § 1° e 289, § 5° do referido diploma legal, deixam evidente a formalidade que deve ser seguida pelas sociedades andnimas, qual seja, a elaboragéo das demonstragdes financeiras - balango patrimonial e demonstrativo de resultados - que deverdo estar publicados @ registrados na Junta Comercial. Esta é a formalidade exigida para as S/As, nos termos da legislagao vigente: “Art. 176. Ao fim de cada exercicio social, a diretoria fara elaborar, com base na escrituragao mercantil da companhia, as seguintes demonstragdes financeiras, que deveréo exprimir com clareza a situagao do patriménio da companhia ¢ as mulages ocorridas no exercicio: 1- balango patrimonial; Il - demonstragao dos lucros ou prejuizos acumulados; I= demonstragao do resultado do exercicio; 6 IV - demonstragao das origens @ aplicagées de recursos. § 1° As demonstragées de cada exercicio seréo publicadas com a indicagao dos valores correspondentes das demonstragdes do exercicio anterior. 2) Art. 289. As publicagées ordenadas pela presente Lei serdo feitas no érgao oficial da Unido ou do Estado ou do Distrito Federal, conforme o lugar em que esteja situada a sede da companhia, em outro jomal de grande circulagao editado na localidade em que esta situada a sede da companhia. (Redagao dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997) § 5° Todas as publicagées ordenadas nesta Lei deverdo ser arquivadas no registro do comércio." Com efeito, a apresentacao da publicagao em Didrio Oficial das Demonstragées Contabeis Previamente arquivadas na Junta Comercial (passaram pelo crivo do registro comercial a luz da Lei 6.404/76) com a assinatura dos membros da Diretoria, Conselho de Administragao, Conselho Fiscal e do contador responsavel é suficiente para ilidir qualquer suspeita de falsificagao/fraude dos documentos apresentados, mostrando-se desnecesséria. a apresentagao dos Termos de Abertura e Encerramento dos Livros Fiscais. Cumpre ressaltar que a 4* Edi¢ao do Manual de Licitagées e Contratos - Orientagdes & Jurisprudéncia do TCU, é expresso quanto a diferenga que devera ser estabelecida entre a ‘comprovagio econémico-financeira das Sociedades Anénimas, sendo vejamos: Estabelece a Lei n° 8,666/1993 que o balango patrimonial e as demonstragées contabeis devem ser apresentadas na “forma da lei Quanto elaboragao desses documentos, as normas relativas variam em fungao da forma societéria adotada pela empresa. Assim, dependendo do tipo de sociedade, deveréo ser observadas regras especificas para a validade desses demonstrativos, Cabera ao ato convocatério da licitagao disciplinar o assunto. Para sociedades anénimas, regidas pela Lei n° 6.404/1976, 0 balango patrimonial as demonstragées contabeis do tiltimo exercicio social devem. ter sido, cumulativamente: + registrados e arquivados na junta comercial; + publicados na imprensa oficial da Uniéio, ou do Estado, ou do Distrito Federal, conforme o lugar em que esteja situada a sede da companhia; + publicados em jomal de grande circulagao editado na localidade em que esteja situada também a sede da companhia. Com relagdo as demais empresas, 0 balango patrimonial © as demonstracées contabeis devem constar das paginas correspondentes do Livro Diario, devidamente autenticado na Junta Comercial da sede ou do domicilio do licitante (ou em outro 6rgéo equivalente), com os competentes termos de abertura e de encerramento” Portanto, para as S/As nao hé necessidade da apresentagao dos termos de abertura © encerramento, vez que a formalidade legal exigida para este tipo de sociedad estabelece a apresentagao do balango patrimonial e demonstrativo de resultados publicado e arquivado (registrado) no registro do comércio (Junta Comercial) Diante do exposto, a Oi requer a excluso da exigéncia contida no item 9.2.5.2.1, alinea "a" do Edital DAEXIGENCIA DE INDICES O item 9.2.6.2.1, alinea ‘econdmico-financeira da licitante, a apresentagao de: do Edital exige para fins de comprovagao da qualificacao “Formulrio Andlise Contébil da Capacidade Financeira de Licitante — ACF (ANEXO Il, do Decreto n? 36.601/96),integralmente preenchido, ullizando- se a Tabela de Indices Contébels - TIC (ANEXO |, do Decreto n.* 36.601/96), tendo como base a Tabela de Decl, Segdo “G" (ANEXO IV, do Decreto n. 36,601/96), sendo considerado habiltado o Kcitante que obtiver, no minimo, a nota de Capacidade Financeira Relativa igual ou superior a 2,0 (dois). A.seu tumo, o referido Decreto prevé o seguinte: “Art. 5° - 0 licitador determinara 0 resultado da situagéo financeira do Iicitante apés a conferéncia dos dados do Anexo Il e, quando for 0 caso, também do Anexo Ill. § 1° - Seré considerado habilitado aquele licitante que obtiver, no minimo, a Nota Final da Capacidade Financeira Relativa igual a 2,0 (dois) o, também, quando se tratar de obras e servigos de engenharia, © Indice da Capacidade Financeira Absoluta igual ou superior a 1,0 (um), que 6 demonstrado no Anexo Il, (Redagéo dada pelo Decreto n? 39.734, de 23 de setembro de 1999)." Nao obstante, verificase que a exigéncia insculpida no item em comento afronta flagrantemente o artigo 31, § 2°, da Lei 8.66/93, que dispée sobre a alternat de para ‘cumprimento de tal exigéncia de qualificago econémica, ‘in verbis “art. 31. A documentaco relativa & qualificag4o econémico-financeira limitar-se-& () § 2° A Administrago, nas compras para entrega fulura e na execugéo de obras @ servigos, poder estabelecer, no instrumento convocatério da lcitago, a exigéncia de capital minimo ou de patriménio liquide minimo, ou garantias previstas no §1° do art, 56 desta Lei, como dado objetivo de comprovagéio da qualiicagao econémica-financeira dos licitantes e para feito de garantia ao adimplemento do contrato a ser ulteriormente colebrado.” (grfos nossos) Com relagdo a alternatividade da exigéncia prevista no § 2°, o TCU assim se manifesta’ "De fato, compulsando o § 2° do artigo 31 da Lei 8.66/93, verifica-se que © dispositive faz referéncia a capital minimo ou patriménio liquido ©. A exigncia de capital social integralizado extrapola o previsto na Lei, conforme jé assentado em deliberagies desta Corte, a exemplo dos Acérdéios 1871/2005, 170/2007 © 113/209, todos do Plenario.” (grifo nosso) (Acérdéo 1533/2011 - Plenario) E certo que a exigéncia do § 2° do artigo 37 da Lei de Licitages tem por finalidade impedir 0 possivel fracasso da contratagéo da lictante vencedora do certame. No entanto, a previsao de allernatividade de comprovagao da capacidade econdmico-financeira se dé no sentido de que nfo tomar tal exigéncia um fator de impedimento de parlicipagao na licilagao. Ademais, observa-se ainda que tais indices ndo so os Unicos elementos capazes de averiguar a qualificagao econémico-financeira das empresas interessadas em acorrer ao certame Nesse sentido, o item 7.2 da IN/MARE n.° 5/1995, prev que as empresas, quando de suas habilitagdes em licitagdes publicas, que apresentarem resultado iqual ou menor do que 1 (um) em qualquer um dos indices sequintes: Liquidez Geral (LG), Solvéncia Geral (SG) e Liquidez Corrente (LC), deverdo comprovar, considerados os riscos para administragéo 2, a critério da autoridade competente, o capital minimo ou patriménio liquido minimo, na forma ¢ limites permitidos pela Lei n° 8.666/1993. Dessa forma, a Conlralada nao pretende furtarse da obrigago de comprovagao da capacidade econémico-financeira para participagao da licitago, O que se almeja aqui é que tal exigéncia seja feita de acordo com os limites estritamente legals. Frise-se que a forma como tal exigéncia é feita no Edital 6 desproporcional e incompativel com a realidade do setor de telecomunicagées. Assim, 0 percentual do indice para aferigéo da situagdo financeira das empresas deverd necessariamente ajustar-se a essa realidade, pols néo resta a menor divida de que a atual exigéncia ndo 6 razodvel e nao corresponde a realidade de praticamente todas as licitagdes compativeis com a ora impugnada, afinal pretende que as licitantes tenham um grau de Solvéncia Geral (SG) superior & realidade do mercado dos dias de hoje. ‘Ademais, o indice em questio ndo teria 0 condo de ser delerminante na consecugéio do objeto contratado, ora vé-se que ndo existe relagdo entre a capacidade, eficiéncia e qualidade da empresa em realizar os servigos definides. Com isso, forifica-se o argumento de que a sua exigéncia 6 desnecesséria e desproporcional Noutro giro, verifica-se que, por se impossibiltar a alternatividade na comprovagdo da capacidade econdmico-financeira torna © procedimento lictatério desnecessariamente mais formalista, fato que néo se coaduna com a celeridade do Prego. Ademais, o préprio inciso XX! do artigo 37 da CFI8 determina que somente devem ser toleradas “exigéncias de qualificagéo técnica e econdmica indispensaveis a garantia do cumprimento das obrigagoes” Dessa forma, pode-se afirmar que a atuacdo da Administragao na fase de habilitagdo deve ser pautada de forma a nao incorrer em rigorismos indteis e excessivos, que apenas afastam os participantes e restringem a competi¢ao do certame, gerando e titima andlise prejuizos a oferta do melhor prego para a Administragao. Por fim, necessirio frisar que um Decreto Estadual ndo pode se sobrepor a Lel, ainda mais se tratando de uma Lei Federal e especial com relagao a matéria Portanto, os Estados ndo podem legislar sobre normas gerais de licitago - as da Lei 8666/93 - ‘em face da competéncia privativa da Unido sobre essa matéria. Dessa forma o poder regulamentar dos Estados, Distrito Federal e Municipios em normas de licitagao deve limitar-se & competéncia suplementar (ou complementar). Naquilo que a norma federal (norma geral) jA preceituou, exauriu e esgotou, ndo tera lugar a compeléncia suplementar. Logo, em que pese © previsto no Decreto Estadual n° 36,601/1996 (Analise Contabil da Capacidade Federal n° 8666/93, devera prevalecer o que prevé a Lei. anceira de Licitante), em se tratando de norma que colide com a Lei De todo 0 exposto, requer a adequago do item 9.2.6.2.1, ainea “d” do Ecdital, de forma que possibilte que a comprovagao da qualificagéo econdmico-inanceira seja feta pelo Indice de Solvéncia Geral (SG) ou, ALTERNATIVAMENTE, por meio de comprovagio de capital minimo ou patriménio liquido minim nao superior a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratagdo, nos termos do artigo 31, § 2°, da Lei 8666/93 © ao item 7.2 da INIMARE n° 5/1995. 8. PRAZO PARA REPARO © item 8.4 do Termo de Referéncia estipula que a empresa contratada devera obedecer 0 tempo médio de reparo de até 4 (quatro) horas para solugdo de indisponibilidade do servigo. Nesse diapasao, é mister trazer a baila a Resolugdo n.° 574/201 da Anatel, que estabelece 0 Regulamento de Gestéo da Qualidade do Servigo de Comunicagéo Multimidia (RGQ-SCM), in verbis: “Art. 25. As solicitagdes de reparos por falhas ou defeitos na prestagao do servigo devem ser atendidas em até vinte e quatro horas, contadas do recebimento da solicitagao, [..1’(grfo nosso) Portanto, é patente que 0 perfodo de reparo previsto no instrumento convocattrio esta em desacordo com 0 periodo estabelecido na Resolugao n.° 574/2011 da Anatel, posto que essa determina que o alendimento de reparo deve se dar em até 24 (vinle e quatro) horas para o ‘SCM, contadas da solictago do usuario. Ante o exposto, requer a alteragao do item 8.4 do Termo de Referéncia, de forma que o periodo de reparo seja de até 24 (vinte € quatro), contadas da solicitagao, nos termos das determinagdes da Agéncia Reguladora do Setor de Telecomunicagées. REAJUSTE DOS PRECOS Tendo em vista que o art. 37, inciso XXI, da Constituigao Federal determina a manutengao do equilibrio econémico-financeiro dos contratos firmados com a Administragéo Publica, a Lei n° £,666/93 disponibilizou instrumentos aptos a recompor © eventual desequilibrio entre as vantagens e os encargos originalmente pactuades. Assim, para a recomposigéo da equagao econémico-financeira, surgiram diversas figuras, dentre elas o reajuste. © reajuste nada mais é do que a indexagéo do valor da remuneragdo devida ao particular a um indice de variagao de custos. E alteragao dos pregos para compensar (exclusivamente) os efeitos das variagées inflacionérias, mantendo o valor da moeda, sem o que haveria desequlibrio econémico, com prejuizo de uma das partes A Lei n.° 8.666/93, em seu inciso XI do art. 40, determina a obrigatoriedade do Edital conter, dentre outros, crilério de reajuste, que devera retratar a variagdo efetiva do custo de produgdo, admilida a adogdo de indices especifices ou setoriais, desde a data prevista para apresenlagdo da proposta, ou do orgamento a que essa proposta se refer, alé a data do adimplemento de cada parcela” Da mesma forma, o inciso Ill do art. 55 da referida Lei elenca como cléusula necesséria em todo contrato a que estabelega “o prego e as condicdes de pagamento, os critérios, data-base © periodicidade do reajustamento de pregos, os critérios de atualizagéo monetaria entre a data do adimplemento das obrigagées ¢ a do efetive pagamento” E obrigatéria, portanto, a incluso de cldusula de reajuste, néo sendo uma mera faculdade da Administragéo. Para Margal Justen Filho: “O reajuste de precos se configura, entao, como uma solugao destinada a assegurar ndo apenas os inleresses das licitantes, mas também da prépria ‘Administragao. A auséncia de reajuste acarretaria ou propostas destituidas de consisténcia ou a incluso de custos financeiros nas propostas ~ 0 que produzitia ou a seleg8o de proposta inexequivel ou a distoredo da competicao. 2 JUSTEN FILHO, Margal. Comentirios & Lei de Lictagdes © Contratos Administrativos. 14. Ed. S40 Paulo: Editora Dialética, 2010, p. 558. A presente licitagdo tem como objeto a prestagao de servigos de telecomunicagées, os quais ‘so regidos pela Lei n.° 9.472/97 (Lei Geral de Telecomunicagées). Assim, as operadoras de servigos telefénicos submetem-se as disposigées ediladas pela ANATEL, a qual determina, no inciso VII do art. 19 da Lei n° 9.472197 (Lei Geral de Telecomunicagées), que compete & Agéncia “controlar, acompanhar e proceder reviséo de larifas dos services prestados no regime piiblico, podendo fixé-las nas condigées previstas nesta Lei, bem como homologar reajustes.” s servigos telefénicos podem ser remunerados por meio da cobranga de tarifas ou de pregos. ‘A remuneragao aconteceré pela cobranga de tarifas quando o servigo telefénico for prestado ‘em regime pulblico, por meio de Concesséo. Por sua vez, a cobranca pelos servigos de telecomunicagées prestados em regime privado acontecera por meio de pregos. Ressalle-se que apenas o Servigo Telefénico Fixo Comutado — STFC poderd ser prestado em regime publico, por meio de Concessdo do Poder Concedente. Assim, as concessionérias so remuneradas pela cobranga de tarifas, conforme acima explicado. Ante 0 exposto, requer a adequacdo do item 11.2.4 do Termo de Referéncia e do item 3.10.4 da Minuta do Contrato, de modo que o reajuste dos pregos seja realizado da seguinte forma’ Contratada poderé reajustar os pregos de cobranga dos servigos a cada 12 meses, a contar da data de assinatura do presente instrumento, considerando seu valor basico o atualizado alé esta data, devendo ser utilizado como Indice de reajuste 0 IGP-DI’. 10. PAGAMENTO VIA NOTA FISCAL COM CODIGO DE BARRAS item 11.3 do Termo de Referéncia @ o item 3.8 da Minuta do Contrato estabelecem que 0 pagamento devera ser realizado por de crédito em conta corrente, mediante ordem bancaria, Ocorre que tal sistema de pagamento encontra-se em dissonancia com o procedimento de Pagamento adotado relativamente aos servicos de telecomunicagées, uma vez que esses sd pagos mediante apresentacéo de fatura (nota fiscal com cédigo de barras), ou mediante SIAF| nos casos de éraaos vinculados 4 Administracdo Publica Federal, como 6 0 caso da ANATEL. Como 6 codigo, 0 SIAFI é um sistema informatizado que controla a execugdo orgamentéria, financeira, patrimonial e contabil dos érgdos da Administragdo Publica direta federal, das autarquias, fundagées e empresas piblicas federais e das sociedades de economia mista que estiverem contempladas no orgamento fiscal e (ou) no orgamento da seguridade social da Unido. ‘Assim, as unidades gestoras registram seus documentos (empenho, ardem bancéiria et.) € 0 SIAFI efetua automaticamente todos os langamentos contébeis necessérios para se ter conhecimento atualizado das receitas, despesas e disponibilidades financeiras do Tesouro Nacional. Com efeito, esse sistema de faturamento e cobranga, o qual permite o reconhecimento rapido eficiente do pagamento, 6 baseado em cédigo de barras. Qualquer outra forma de pagamento, como o depésito em conta corrente previsto no Ecital, causaré transtornos ao sistema de contas a receber da empresa de telecomunicagdes contratada. Ademais, a Oi utiliza o sistema de faturamento, por meio de Nota Fiscal/Fatura, emitida com cédigo de barras para pagamento, em apenas uma via, modelo 22, em razdo das varias vantagens que essa forma de pagamento proporciona Tal sistema proporciona vantagens empresa prestadora dos servigos, haja vista que reduz a inadimpléncia e garante a satisfacdo do cliente. Ante 0 exposto, para a melhor adequagao do instrumento convocatério @ realidade do setor de telecomunicagées, requer a alteragao do item 11.3 do Termo de Referéncia e do item 3.8 da Minuta do Contrato, a fim de permitr que o pagamento seja realizado mediante autenticagao de cédigo de barras, faciitando, assim, 0 reconhecimento eficiente do pagamento. 11. PAGAMENTO EM CASO DE RECUSA D0 DOCUMENTO FISCAL, O item 11.5 do Termo de Referéncia e o item 3.5 da Minuta do Contrato preveem que “Havendo erros ou omissdes na documentagéo de pagamento, a empresa contratada sera notificada, com a exposicao de todas as falhas verificadas, para que proceda as corregdes necessérias. Nesse caso, 0 prazo para efetivagao do pagamento sera interrompido, reiniciando ‘a contagem no momento em que forem sanadas as irregularidades." Ou seja, 0 instrumento convocatério determina que as faturas que apresentarem incorregdes sero devolvidas @ Contratada e no ser iniciada a contagem de prazo para pagamento pela Contratante até a sua correcao. Contudo, tal previsio ndo razodvel, haja vista que a parcela incontroversa, ou seja, aquela sobre a qual no paira qualquer divida, deve ser paga pela Administragao prontamente, ndo sendo necessario aguardar a corregdo da fatura, Com efeito, as despesas néo contestadas, ou seja, aquelas cujos valores so incontroversos, dovem ser quitados pela Contratante, sob pena de caracterizar retengo indevida, pois os valores pendentes de pagamento deverdo coresponder aos erros e circunstdncias que impossibilitaram a verificagao do valor da despesa Portanto, nao obstantes os eventuais erros no documento fiscal, a Contratante deverd pagar 0 valor sobre 0 qual no se tem dividas e, em seguida, emitir nova fatura, contendo apenas 0 valor que se discute como devido ou néo. Diante disso, requer a adequagao do item 11.5 do Termo de Referéncia e o item 3.5 da Minuta do Contrato, a fim de que o pagamento da parcela incontroversa seja efetuado imediatamente pela Contratante e 0 restante apés a devida regularizagdo do documento fiscal. 12. RETENCAO D0 PAGAMENTO PELA CONTRATANTE © item 3.9 da Minuta de Contrato dispée que “Nenhum pagamento seré efetuado a CONTRATADA enquanto pendente de liquidagéo qualquer obrigagéo financeira que Ihe for imposta, em virtude de penalidade ou inadimpléncia, a qual poderd ser compensada com pagamento pendente, sem que isso gere direito a acréscimos de qualquer natureza Entretanto, o ar. 87 da Lei de Licitagdes define rol taxativo de sangdes aplicéveis & Contratada, prevendo a hipétese de adverténcia, multa, suspenséo temporaria de parlicipagao em licitagao, impedimento de contratar com a Administragdo ¢ declaragao de inidoneidade para lcitar ou contratar com a Administragao Publica. Nao obstante, no consta em previsdo de retencao dos pagamentos. Nesse sentido, deve-se impedir que o Edital imponha @ Contratada medidas que no estejam relacionadas ao art. 87 da Lei 8.666/1993, em obediéncia ao principio da legalidade. Dessa forma, pode-se afirmar que a exigéncia editalicia em comento ndo tem razdo de ser, sendo impossivel promover a reteng&o dos pagamentos como sango ao nao cumprimento da regularidade fiscal Esse é entendimento recentemente esposado pelo Tribunal de Contas da Unido — TCU, no sentido de que a perda da regularidade fiscal no curso de contratos de execugéo continuada ou parcelada justifica a imposigdo de sangées & Contralada, mas no autoriza a retencio de pagamentos por servicos prestados: “Consulta formulada pelo Ministério da Sade suscitou possivel divergéncia entre © Parecer da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) 401/200 e a Decisdo n® 705/1994 - Plendrio do TCU, relativamente a legalidade de pagamento a fornecedores em débito com o sistema da seguridade soci | que constem do Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (Sicaf). A consulente registra a expedigao, pelo Ministério do Planejamento, Orgamento e Gestéo de orientagao baseada no Parecer 401/2000 da PGFN, no sentido de que “os bens @ servigos efetivamente entregues ou realizados devem ser pagos, ainda que constem irregularidades no Sicaf". Tal orientagao, em seu entendimento, colidiria com a referida deciso, por meio do qual o Tribunal firmou o entendimento de que os érgaos © as entidades da Administragdo Publica Federal devem exigir, nos contratos de execugo continuada ou parcelada, a comprovacao, por parte da contratada, da regularidade fiscal, incluindo a da seguridade social. O relator, ao endossar o raciocinio e conclusdes do diretor de unidade técnica, ressaltou a necessidade de os érgaos @ entidade da Administracéo Publica Federal incluirem, “nos editais contratos de execucdo continuada ou parcelada, clausula que estabeleca a obrigagéo do contratado de manter, durante a execugdo do contrato, todas as condigées de habilitacao e qualificagao exigidas na licitagao”, além das sangées resultantes de seu descumprimento. Acrescentou que a falta de comprovacao da regularidade fiscal e o descumprimento de cldusulas contratuais “podem motivar a rescisdo contratual, a execugao da garantia para ressarcimento dos valores e indenizages devidos a Administragao e a aplicagao das penalidades previstas no art. 87 da Lei n° 8,666/93, mas nao a retengo do pagamento”. Caso contrario estaria a Administragao incorrendo em enriquecimento sem causa. Observou, também, que a retengao de pagamento ofende o principio da legalidade por no constar do rol do art, 87 da Lei n° 8.66/93. O Tribunal, entao, decidiu responder & consulente que os érgaos @ entidades da Administragéo Publica Federal devem: a) “... exigir, nos contratos de execucdo continuada ou parcelada, a comprovagio, por parte da contratada, da regularidade fiscal, incluindo a seguridade social, sob pena de violagao do disposto no § 3° do art. 195 da Constituigao Federal”; b) “... incluir, nos editais contratos de execugdo continuada ou parcelada, clausula que estabelega a obrigagao do contratado de manter, durante a integral execugao do contrato, todas as condigées de habilitagao e qual icagao Na mesma esteira 1¢80, prevendo, como sangées para o inadimplemento a essa cléusula, a resciséo do contrato e a execugao da garantia para ressarcimento dos valores ¢ indenizagées devidos @ Administracao, além das penalidades ja previstas em lei (arts. 58, inciso XIll, 78, inciso 1, 80, inciso Ill, e 87, da Lei n° 8.66/93)". (Acérdéo n.° 964/2012-Plenétio, Te 017.371/2011-2, rel, Min. Walton Alencar Rodrigues, 25.4.2012) (grfo nosso) encontra-se a jurisprudancia do STJ: ‘ADMINISTRATIVO. CONTRATO. ECT. PRESTAGAO DE SERVIGOS DE TRANSPORTE. DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAGAO DE MANTER A REGULARIDADE FISCAL. RETENGAO DO PAGAMENTO DAS FATURAS. IMPOSSIBILIDADE. 41. A exigéncia de regularidade fiscal para a participagdo no procedimento lcitatério funda-se na Constituigéo Federal, que dispée no § 3° do art. 195 que "a pessoa juridica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, néo poder contratar com 0 Poder Pilblico nem dele receber beneficios ou incentivos fiscais ou erediticios", e deve ser mantida durante toda a execugao do contrato, consoante o art. 55 da Lei 8.666/93. 2. O ato administrativo, no Estado Democratico de Direito, esta subordinado a0 principio da legalidade (CF/88, arts. 5°, Il, 37, caput, 84, IV), 0 que equivale assentar que a Administragéo poderd atuar téo somente de acordo com o que a lei determina 3. Deveras, ndo constando do rol do art. 87 da Lei .666/93 a retengdo do pagamento pelos servicos prestados, nao poderia a ECT aplicar a referida sangdo a empresa contratada, sob pena de violagéo ao principio constitucional da legalidade. Destarte, o descumprimento do cléusula contratual pode até ensojar, eventualmente, a resciséo do contrato (art. 78 da Lei de icitagdes), mas nao autoriza a recorrente a suspender 0 pagamento das faturas e, ao mesmo tempo, exigit da ‘empresa contratada a prestacao dos servicos. 4. Consoante a melhor doutrina, a supremacia constitucional ‘no significa que @ Administragdo esteja autorizada a reter pagamentos ou opor-se a0 cumprimento de seus deveres contratuais sob alegagdo de que o particular encontra-se em divida com a Fazenda Nacional ou outras instituigbes. A administragéo poderd comunicar ao érgéo competente a existéncia de crédito em favor do particular para serem adotadas as_providéncias adequadas. A relengéo de pagamentos, pura e simplesmente, caracterizara alo abusive, passivel de ataque inclusive alravés de mandado de seguranga.’ (Margal Justen Filho. Comentérios & Lei de Licilagées © Contratos Administrativos, Sao Paulo, Editora Dialética, 2002, p. 549). 5, Recurso especial a que se nega provimento.” (REsp 633.432/MG, Rel, Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/02/2005, DJ 20/06/2005, p. 141) ‘Assim, existindo na data de pagamento pendéncias fiscais, podera a Administragao, atendendo 20 prinefpio da legalidade, aplicar uma das sangées definidas no art. 87 da Lei de Licitagées, nido sendo admissivel a imposigo de sangéo que fuja ao rol taxativo do dispositivo legal citado. Frise-se que o principio da legalidade, sendo o elemento basilar do regime juridico- administrative, 6 considerado como aspecto indissocidvel de toda a atividade administrativa, Vinculando as agées do administrador a lei, sendo decorréncia direta do Estado Democratico de Direito, Dessa forma, impor sangao que extrapola a lei importa em desrespeito inexoravel a0, principio da legalidade. Diante disso, tendo em vista que a suspenséo do pagamento pelos servigos prestados ndo consta no rol do art. 87 da Lei n.° 8.66/93, o qual elenca as sangées pela inexecugdo total ou parcial do contrato, requer a modificagéio do item 3.9 da Minuta de Contrato. 13. GARANTIAS A CONTRATADA EM CASO DE INADIMPLENCIA DA CONTRATANTE ‘A Cléusula Quarta da Minuta do Contrato dispée que no caso de alraso no pagamento a ser efetuado pela contratante a contratada, 0 calculo dos valores devides deverdo observar as regras ali tragadas. Néo obstante, cumpre trazer & baila o art. 54 da Lein.° 8.666/1993, que estabelece a aplicagao supletiva dos principios da teoria geral dos contratos e as disposigées de direito privado no Ambito dos contratos administrativos. Adiante, verifica-se que o art. 66 da Lei de Licitagdes determina que “o contrato deveré ser executado fielmente pelas partes, de acordo com as cléusulas avengadas e as normas desta Lei, respondendo cada uma pelas consequéncias de sua inexecugo total ou parcial" Nesse sentido, verifica-se que o eventual descumprimento da obrigago de pagamento da Contratante devera gerar as devidas consequéncias. No caso em quadra, caracteriza-se a mora por parte da Contratante. Em assim sendo, devera ressarcir a Contratada no que tange aos énus de mora, a saber: juros moratérios, multa moratéria e corregao monetaria. Verifica-se que a necessidade premente de ressarcimento baseia-se no fato de que ndo pode a Contratada suportar 0 atraso do pagamento das parcelas sob pena de desequilibrio da relagéo contratual. Ademais, a mora da Administrag4o culminada com a nao incidéncia dos encargos devidos gera incondicionalmente o locupletamento sem causa desta. Por fim, verifia-se que os percentuais referentes & multa e juros moratérios devem se dar, respectivamente, & razéo de 2% (dois por cento) sobre o valor da fatura e 1% (um por cento) ‘a0 més. A corregdo monetéria deve se operar com base no IGP-DI, indice definido pela FGV. A razio pela fixagdo de tais parametros se dé na prética usual do mercado em geral,incluindo 0 de telecomunicagées. Verifica-se que, impostos valores aquém do exposto, pode-se gerar para 1 Administragao situago de flagrante desequlibrio, influenciando, em utima andlise, no ‘equilbrio econémico-financeiro da Contratada Sobre o tema, o Tribunal de Contas da Unido assim se manifestou: “(..) 1.5 Em seu voto que fundamentou 0 Acérdao 1931/2004-Plenério, 0 Relator, Excelentissimo Senhor Ministro Walton Alencar Rodrigues, ao analisar a pretensdo do Orgéo de néo pagar a atualizagdo monetaria & empresa contralada, assim discorre: Essa solugdo, além de ndo se harmonizar com o principio juridico que veda o enriquecimento sem causa a custa alheia, aplicdvel as relagées juridicas de toda a espécie, no se conforma com a Constituigdo Federal (art. 37, inciso XXI) e com a Lei 8.666/93 (art. 3°), que determinam a manutengéo das condigées efetivas da proposta nas contratagées realizadas pelo poder piblico. 11.6 Na sequencia, discorre sobre o indice utilizado para o célculo da atualizagao monetéria: Apesar de reconhecer 0 direito da contratada a corrego monetaria dos valores pagos em atraso pela Administragao, saliento que o critério adotado pela Secretaria de Infraestrutura do Governo do Estado do Ceara nao foi tecnicamente adequado. Conforme salientei no voto condutor do Acérdao 1503/2003 - Plenario, a utlizagao da Taxa Referencial - TR 6 devida apenas para as operagées realizadas nos mercados financeiros de valores mobiliérios, seguros, previdéncia privada, capitalizagao @ futuros, a teor do disposto no art. 27, §5°, da Lei 9.069/95, Portanto, deveria o érgao responsavel ter aplicado a variagéo dos indices contratualmente estabelecidos (colunas da Fundagao Getdlio Vargas), os quais melhor refletem a evolugdo de pregos dos insumos envolvidos no objeto da contratag&o. 11.7 Naquele caso, havia sido paga a atualizagdo monetaria calculada pela Taxa Referencial - TR, entendendo o Relator que deveria ser uliizado © indice da Fundagao Geltlio Vargas, que ‘melhor reflete a evolugdo de pregos dos insumos envolvidos no objeto da contratagao’. (...) 1.10 Quanto ao pagamento de juros, ainda no voto mencionado, destacamos os trechos que seguem: (...) Com relag&o ao cabimento dos juros moratérios, entendo oportuno tecer algumas consideragées. (...) Como tal, negar & empresa contratada a composigéo de perdas e danos decorrentes de mora da prépria Administragao atentaria contra 0 primado da justiga que arrosta o enriquecimento sem causa, mesmo que essa exigéncia no esteja prevista em lei ou em disposigao contratual. (...)" (AC-1920- 09/11-1 Sessdo: 29/03/11 Grupo: |_ Classe: II Relator: Ministro UBIRATAN AGUIAR - Tomada e Prestagao de Contas - Iniciativa Propria) Polo exposto, faz-se necesséria a alteragéo da Clausula Quarta da Minuta do Contrato referente ao ressarcimento referente ao atraso no pagamento da parcela contratada por parte do Contratante, de modo a incidir multa de 2% sobre o valor da fatura no més de atraso, juros de mora na ordem de 1% ao més e a corregao monetaria pelo IGP-DI. 14. DAS PENALIDADES EXCESSIVAS item 7.4 da Minuta do Contrato determina a aplicagao de multas que extrapolam o limite de 10% (dez por cento) sobre o valor do contrato estabelecido pelo Decreto n° 22.626/33, em vigor conforme Decreto de 29 de novembro de 1991. A fixagao de multa nesse patamar também ofende a Medida Proviséria n° 2.172/01 (e suas reedigées), aplicavel a todas as modalidades de contratagao, inclusive aquelas firmadas entre particulares ¢ Administracao Publica © art. 87, inciso Ill, da Lei de Licitagées determina que na hipétese de inexecugao total ou parcial do contrato a Administragao poder aplicar a sangao de “multa, na forma prevista no instrument convocatério ou no contrato’, Ocorre que no ha no dispositive em questo qualquer limite a aplicagéo da multa, 0 que gera, automaticamente, sua interpretagao indissocidvel com 0 principio da proporcionalidade, conforme se observa do entendimento de Margal Justen Filho sobre o tema “Enléo, o instrumento juridico fundamental para elaboragéo de uma teoria quanto as sangées atinentes & contratagdo administraliva reside na proporcionalidade. Isso significa que, tendo a Lei previsto um elenco de quatro sangées, dotadas de diverso grau de severidade, impée-se adequar as sangées mais graves as condutas mais reprovaveis. A reprovabilidade da conduta traduzir-se-8 na aplicagio de sangéo proporcionada correspondente™ (grifo nosso) Nesse sentido, deve-se guardar a proporcionalidade entre 0 fato gerador da sangdo e 0 quantum a ser exigido, como bem alinhava o art. 2°, paragrafo nico, inciso VI, da Lei n2 9.784/1999, por exigir “adequacéo entre meios e fins, vedada a imposigao de obrigagées, restrigées @ sangées em medida superior Aquelas estritamente necessérias para o atendimento do interesse publico’ No 6 0 que se observa no caso em questdo. A multa definida no percentual acima exposto gera para a Contratada gravame completamente desproporcional, ferindo os principios da proporcionalidade e da propria legalidade. A doutrina alema do principio da proporcionalidade, amplamente aceita e praticada no sistema juridico brasileiro, traz como método de sua aplicagao a andlise de seus trés sub-princlpios: adequagao (Geeignetheit), necessidade (Notwendigkeit) proporcionalidade em sentido estrito (VerhaltnismaBig im engeren Sinn). © pressuposto da adequagao determina que a medida aplicada deve guardar relagdo entre meio e fim, de modo que seja a mais adequada para a resolugao da questéo. A necessidade diz respeito a escolha da medida menos gravosa para atingir sua efetividade. E, por fim, a proporcionalidade em sentido estrito é a ponderaco entre © meio-termo e a justa-medida da agao que se deseja perpetrar, verificando-se se a medida aleangard mais vantagens que desvantagens. Tal principio € reconhecido e definido por José dos Santos Carvalho Filho da seguinte forma: “Segundo a doutrina alema, para que a conduta estatal observe o principio da proporcionalidade, hd de revestirse de triplice fundamento: 1) adequagao, significando que © meio empregado na atuagdo deve ser compativel com o fim colimado; 2) ex lade, porque a conduta deve ser necessaria, ndo havendo outro meio menos gravoso ou oneroso para aleangar o fim publico, ou soja, 0 meio escolhido 6 o que causa o menor prejuizo possivel para os ind duos; 3) proporcionalidade em sentido * JUSTEN FILHO, Margal. Comentériosd Lei de Licitagdes e Contratos Administraivas. 14, Ba. Sio Paulo: Editora Dialétiea, 2010, p, 884 estrito, quando as vantagens a serem conquistadas superarem as desvantagens.” (grifo nosso) No presente caso, verifica-se que a sangéo de mulla fixada no referide percentual até se encaixam no primeiro pressuposto, sendo adequadas ao cumprimento de seu fim. No entanto, ‘© mesmo néo se pode dizer quanto & necessidade. A quantidade fixada a titulo de mulla medida completamente desnecesséria para punir 0 descumprimento da regra do Edital, uma vez que poderia causar menor prejulzo para o particular e mesmo assim alingiro fim desejado. Entende-se que a aplicagdo de multa com filo pedagégico pode ser entendida como razodvel, mas a sua definigéo em patamares elevados toma a sangdo desnecessétia. Isso porque existem meios menos gravosos, mas mesmo assim a Administragéo optou pela escolha do pior método, Por fim, verificasse que a sangao aplicada & Contratada nao preenche também o pré-requisito dda proporcionalidade em sentido estrto. E flagrante que o presente percentual de multa pune a Contratada sobremaneira, excedendo-se desarrazoadamente quando se observa 0 fato que @ ensejou. € perfita a aplicagao da metéfora de Jellinek que “nao se abatem pardais disparando canhées", Observa-se, portanto, que a Administragdo, ao fixar a penalidade em comento, descumpri completamente © prineipio da proporcionalidade, sendo necessétia a reviséo de tal medida Cumpre ainda ressaltar que nao quer @ Contratada se eximir do cumprimento das sangées estabelecidas se de fato viesse a descumpriro contrato e dar ensejo a resciséo deste. Pede-se ‘apenas que estas sejam aplicadas de forma proporcional ao fato que as ensejou. Noutro giro, verifica-se que o préprio STJ reconheceu que diante do carater vago do art. 87 da Lel de Licitagdes, a Administragdo deve-se balizar pelo principio da proporcionalidade: “Mandado de Seguranga. Declaragdo de Inidoneidade. Descumprimento do Contrato Administrative. Culpa da Empresa Contratada, Impossibilidade de Aplicagao de Penalidade mais Grave a Comportamento que nao 6 © mais Grave. Ressalvada a aplicagdo de Outra Sango pelo Poder Public. Nao é licito ao Poder Publico, diante da impreciséo da lei, aplicar os incisos do artigo 87 sem qualquer critério. Como se pode observar pela leitura do dispositive, hé uma gradago entre as sangées. Embora ndo esteja o administrador submetido ao prinefpio da pena especifica, vigora no Direito Administrative o principio da proporcionalidade, 5 CARVALLIO FILHO, José dos Santos, Manual de Direito Administrative, 24 Ed, rev., amp ¢atual Rio de Janeito: Lumen Hiris Bditora, 2011, p. 38 Néo se questiona, pois, a responsabilidade civil da empresa pelos danos, mas apenas a necessidade de imposigéo da mais grave sangio a conduta que, embora tenha causado grande prejuizo, néo é o mais, grave comportamento.” (MS n.°7.311/DF) Vé-se que tal entendimento corrobora o que fora acima alinhavado, demonstrando que a fixagdo da sangdo, bem como 0 quantum referente & multa deve ocorrer tendo como base o principio da proporcionalidade. Por todo o exposto, requer a adequago do item 7.4 da Minuta do Contrato, para que as multas aplicadas observem o limite de 10% (dez por cento) sobre o valor do contrato. Para garantir 0 atendimento aos principios norteadores dos procedimentos licitatérios, a Oi requer que V. S* julgue motivadamente a presente Impugnago, no prazo de 24 horas, acolhendo-a e promovendo as alteragées necessérias nos lermos do Edital e seus anexos, sua consequente republicago suspensdo da data de realizagao do certame. Porto Alegre - RS, 18 de julho de 2017. Joao Carlos Tavares Pereira Executivo de Negécios - Governo Diretoria de Vendas Sui (014 1) 984018112 - jcpereira@oinetbr

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