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Manual de Direito da Família e

Sucessões

Curso de Licenciatura

2022
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contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total
deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação,
fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de
Ciências e Educação a Distância (ISCED).
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em vigor no País.

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Website:www.isced.ac.mz
Agradecimentos
O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) agradece a colaboração dos
seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual:

Autor Maria Mazamanga Ferreira

Índice
Visão geral 1
Benvindo à Disciplina/Módulo de Direito de família e sucessões...................................... 1
Objectivos do Módulo ....................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo .................................................................................. 2
Como está estruturado este módulo .................................................................................. 2
Ícones de actividade .......................................................................................................... 3
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 3
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 5
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ............................................................................... 6
Avaliação .......................................................................................................................... 6

TEMA – I: CONSIDERAÇÕES GERAIS. 9


UNIDADE Temática 1. Introdução, Noção e objecto do Direito da Família. As relações
jurídicas familiares. ............................................................................................................ 9 Introdução
.......................................................................................................................... 9
SUMARIO ......................................................................................................................... 15
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................................... 15

TEMA – II: A família como Complexo normativo. As relações familiares.. 15


UNIDADE Temática 2. Familia como Complexo Normativo ............................................. 16
SUMARIO ......................................................................................................................... 22
Exercícios práticos: ........................................................................................................... 22
Introdução ........................................................................................................................ 22

TEMA – III: Família como grupo social. 22


UNIDADE Temática 3. Familia como grupo social ........................................................... 23
Introdução ........................................................................................................................ 23
SUMARIO ......................................................................................................................... 30
Exercícios práticos: ........................................................................................................... 31
Introdução ........................................................................................................................ 31

TEMA – IV: IMPORTANCIA DA FAMILIA. 31


UNIDADE Temática: Importância da Família ................................................................... 31
SUMARIO ......................................................................................................................... 34
Exercícios práticos: ........................................................................................................... 34
Introdução ........................................................................................................................ 35

TEMA – V: EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DA FAMILIA. 35


UNIDADE Temática 5. Evolução histórica do Direito da Familia ...................................... 35
SUMARIO ......................................................................................................................... 38
Exercícios práticos: ........................................................................................................... 39
Introdução ........................................................................................................................ 39

TEMA – VI: Princípios Constitucionais do Direito De Família ............................................ 39


UNIDADE Temática 6.1. Principio da não discriminação entre os filhos nascidos no
casamento e fora do casamento ..................................................................................... 39
UNIDADE Temática 6.2. Princípio da protecção da maternidade................................... 39
UNIDADE Temática 6.3.: Princípio da protecção da infância .......................................... 39
UNIDADE Temática 6.4.: Princípio da protecção do casamento ...................................... 39
UNIDADE Temática 6.5.: Princípio do reconhecimento da família ................................... 39
UNIDADE Temática 6. Princípios Constitucionais do Direito De Família ........................... 39
6.1. Principio da não discriminação entre os filhos nascidos no casamento e fora
do casamento .................................................................................................................. 40 6.2.
Princípio da protecção da maternidade ...................................................... 40 6.3. Princípio
da protecção da infância .............................................................. 40 6.4. Princípio da
protecção do casamento .......................................................... 41
6.5. Princípio do reconhecimento da família ........................................................ 41
SUMARIO ......................................................................................................................... 42
Exercícios práticos: ........................................................................................................... 42
Introdução ........................................................................................................................ 42
TEMA – VII: Fontes do Direito da Família ........................................................................ 42
UNIDADE Temática 7. Fontes do Direito da Família ........................................................ 42
UNIDADE Temática 8. Caracteres do Direito da Familia ............................................... 42
UNIDADE Temática 7. Fontes do Direito da Família ........................................................ 42
SUMARIO ......................................................................................................................... 46
Exercícios práticos: ........................................................................................................... 46
Introdução ........................................................................................................................ 46
UNIDADE Temática 8. CASAMENTO MATRIMONIAL MOÇAMBICANO .......................... 47
SUMARIO ......................................................................................................................... 50
Exercícios práticos: ........................................................................................................... 50
UNIDADE Temática 9. Promessa de casamento ............................................................... 52
SUMARIO ......................................................................................................................... 55
Exercícios práticos: ........................................................................................................... 56
UNIDADE Temática 10. Pressupostos da celebração do casamento ................................ 56
SUMARIO ......................................................................................................................... 58
Exercícios práticos: ........................................................................................................... 59
UNIDADE Temática 11. Casamento Civil ........................................................................ 59
SUMARIO ......................................................................................................................... 67
Exercícios práticos: ........................................................................................................... 67
UNIDADE Temática 12. Invalidade do casamento ........................................................... 69
SUMARIO ......................................................................................................................... 76
Exercícios práticos: ........................................................................................................... 76
UNIDADE Temática 13. Casamento Putativo ................................................................... 77
SUMARIO ......................................................................................................................... 79
Exercícios práticos: ........................................................................................................... 79
UNIDADE Temática 14.: Efeitos do casamento quanto as pessoas e aos bens dos
conjuges. .......................................................................................................................... 80
SUMARIO ......................................................................................................................... 82
Exercícios práticos: ........................................................................................................... 82
UNIDADE Temática 15.: Dissolução do casamento .......................................................... 83
SUMARIO ......................................................................................................................... 84
Exercícios práticos: ........................................................................................................... 85
UNIDADE Temática 16.: Direito de filiação ..................................................................... 85
SUMARIO ......................................................................................................................... 89
Exercícios práticos: ........................................................................................................... 90 TEMA
– VIII .: Direito das sucessões ................................................................................ 92
SUMARIO ....................................................................................................................... 112
Exercícios práticos: ......................................................................................................... 112
UNIDADE Temática II: Espécies da Sucessão Por Morte ............................................... 113
SUMARIO ....................................................................................................................... 115
Exercícios práticos: ......................................................................................................... 115
UNIDADE Temática 3.: Morte como pressuposto da Sucessão ...................................... 116
SUMARIO ....................................................................................................................... 120
Exercícios práticos: ......................................................................................................... 120
UNIDADE Temática 4.: Abertura da Sucessão. Conceito, momento e lugar .................. 120
SUMARIO ....................................................................................................................... 123
Exercícios práticos: ......................................................................................................... 123
UNIDADE Temática 5.: Vocação Sucessória .................................................................. 124
SUMARIO ....................................................................................................................... 131
Exercícios práticos: ......................................................................................................... 131
UNIDADE Temática 4.: Partilha da Herança ................................................................. 131
SUMARIO ....................................................................................................................... 133
Exercícios práticos: ......................................................................................................... 133

Visão geral
Benvindo à Disciplina/Módulo de Direito de família e
sucessões

Objectivos do Módulo
Ao terminar o estudo de módulo devera ser capaz de
ter conhecimento profundo das regras jurídicas
aplicáveis as relações familiares e para familiares, em especial ao
casamento (capacidade, formalidades, efeitos patrimoniais,
divórcio), a união de facto, a adopção e a filiação. No Direito da
Sucessões dar-se-á uma visão aprofundada das regras de Direito
Civil que resolvem os problemas dos destinos pós-morte das
relações jurídicas do falecido. Em geral, pretende-se que os
estudantes analisem e interpretem as regras jurídicas aplicáveis, a
elas subsumam as hipóteses da vida prática e conheçam as mais
importantes decisões jurisprudenciais sobre estas matérias.
• Dotar os estudantes de conhecimentos especializados no
enquadramento e no tratamento jurídicos das matérias
jusfamiliares, capacitando-os para a selecção adequada e
a correcta aplicação dos critérios jus-dogmáticos

mais
adequados a solução de casos concretos.
Objectivos
Específicos • Aprofundar o conhecimento do Direito Civil na componente dos
Direitos da Família;
• Dar uma visão integral da Sucessão em especial mortiscausa
tendo como escopo privilegiar o cônjuge e os parentes de
grau mais próximo possuindo mecanismos que na falta de
manifestação de vontade do autor da sucessão actuam de
modo a proteger aquilo que designamos por herdeiros
forçados;

• Dar o conhecimento dos principais conceitos sobre a


constituição da família, a relação entre os membros dela, a
extinção dos vínculos que se estabelecem dentro dela os
possíveis problemas jurídicos no seio da mesma, assim como
os respectivos meios de resolução dos conflitos familiares;

• Familiarizar os estudantes com o Código Civil em vigor na


parte específica do Direito da família e com outra legislação
a ela conexa.

Quem deveria estudar este módulo


Este Módulo foi concebido para estudantes do 3º ano do curso de
licenciatura em Direito do ISCED e outros como Gestão de Recursos
Humanos, Administração, etc. Poderá ocorrer, contudo, que haja
leitores que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos
nessa disciplina, esses serão bem-vindos, não sendo necessário para
tal se inscrever. Mas poderá adquirir o manual.
Como está estruturado este módulo
Este módulo de Direito de Família e Sucessões, para estudantes do
3º ano do curso de licenciatura em Direito, à semelhança dos
restantes do ISCED, está estruturado como se segue:
Páginas introdutórias
• Um índice completo.
• Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção
com atenção antes de começar o seu estudo, como componente
de habilidades de estudos.
Conteúdo desta Disciplina / módulo
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente
unidades, Cada unidade temática se caracteriza por conter uma
introdução, objectivos, conteúdos.
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só
depois é que aparecem os exercícios de avaliação.
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros
exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades
práticas algumas incluído estudo de caso.

Outros recursos
A equipa dos académica e pedagogos do ISCED, pensando em si,
num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de
dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta
uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você
explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro
de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso
como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste
material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter
acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as
possibilidades dos seus estudos.

Auto-avaliação e Tarefas de avaliação


Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final
de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos
exercícios de auto-avaliação apresentam duas características:
primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo,
exercícios que mostram apenas respostas.
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras.
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de
campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de
correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame
do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os
exercícios de avaliação é uma grande vantagem. Comentários e
sugestões
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados
aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza
didácticoPedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar
apresentadas. Pode ser que graças as suas observações que, em
gozo de confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo
venha a ser melhorado.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança
de actividade, etc.
Habilidades de estudo
O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a
aprender. Aprender aprende-se.
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para
facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados
apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso
é importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos
algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante
possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como
se segue:
1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de
leitura.
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).
3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e
assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR).
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua
aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão.
5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou
as de estudo de caso se existirem.
IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,
respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo
reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo
melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à
noite/de manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da semana?
Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!?
Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc.
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada
ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando
achar que já domina bem o anterior.
Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler
e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos
de cada tema, no módulo.
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por
tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso
(chamase descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante
o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das
actividades obrigatórias.
Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual
obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume
de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando
interferência entre os conhecimento, perde sequência lógica, por fim
ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança,
depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz!
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma
avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo,
estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área
em que está a se formar.
Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que
matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto
tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será
uma necessidade para o estudo das diversas matérias que
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos,
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a
margem para colocar comentários seus relacionados com o que está
a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à
compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
não conhece ou não lhe é familiar;
Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis
erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas
trocadas ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de
atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR),
via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta
participando a preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante –
CR, etc.
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante,
tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR,
com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigetada
para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode
apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou
administrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30%
do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida
em que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem
com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se
precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver
hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos
programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática,
no módulo.
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades
e auto−avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas
é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da
disciplina/módulo.
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.
O plágio1é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es).Uma
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor,
sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade
científica e o respeito pelos direitos autoriais devem caracterizar a
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED).
Avaliação
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância,
estando eles fisicamente separados e muito distantes do
docente/turor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma
avaliação mais fiável e concistente.
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A
avaliação do estudante consta detalhada do regulamentada de
avaliação.
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudo se
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de
frequência para ir aos exames.
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo
e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência,
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.

1Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra


literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia
autorização.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da
cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois)
trabalhos e 1 (um) (exame).
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados
como ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências bibliográficas
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de
Avaliação.

TEMA – I: CONSIDERAÇÕES GERAIS.

UNIDADE Temática 1.1.Introdução, Noção e objecto do Direito


da Família. As relações jurídicas familiares.
UNIDADE Temática1.2. Relações Jurídicas
familiares

UNIDADE Temática 1.2.1. A relação


Matrimonial
UNIDADE Temática 1.2.2. A união
de facto

UNIDADE Temática 1.2.3. O


Parentesco
UNIDADE Temática 1.2.4. Efeitos do
parentesco
UNIDADE Temática 1.2.5. Afinidade
UNIDADE Temática 1.2.6. Efeitos da
afinidade
UNIDADE Temática 1.2.7. Adopção
UNIDADE Temática 1.2.8 Modalidades da adopção
UNIDADE Temática 1.3. Direito de família e suas divisões
UNIDADE Temática 1.4. O Direito das
Sucessões
UNIDADE Temática 1. Introdução, Noção e objecto do Direito da Família. As
relações jurídicas familiares.
Introdução

Em geral a família pode entender-se em vários sentidos. Três


porém, são os principais.
Em sentido lato, a família compreende todas a pessoas ligadas
aos vínculos de casamento, parentesco, afinidade e adopção. É
a família linhagem, frequentemente assim chamada.
Em sentido restrito, a família engloba o pai, a mãe e os filhos. È
a família nuclear, que, normalmente é constituída pela família
conjugal. È a sociedade paterno-filial.
Na família em sentido lato, os elementos aglutinantes são o
casamento, o parentesco, a afinidade e a adopção; na família
em sentido restrito, são o casamento e o parentesco
natural; na família em sentido intermédio é o lar, a domus.

Nos termos do número 1, do artigo 1, da Lei 10/2004, de 25 de


Agosto, define a família como uma célula base da sociedade,
factor de socialização da pessoa humana.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Definir: a família em sentido lato e restrito;


Objectivos específicos
• Organizar: um sistema de controle adequado à empresa;
• Demonstrar: com clareza como funciona as relações jurídicas familiares;

• Analisar: as relações jurídicas familiares

• Acompanhar: os efeitos do parentesco, adopção, filiação para melhor


percepção.

Desenvolvimento
1.2. Relações Jurídicas familiares
1.2.1. A relação Matrimonial: é a que se estabelece entre os
cônjuges em consequência do casamento. È um contrato entre
duas pessoas de sexo diferentes que pretendem constituir
mediante uma comunhão de vida. Da comunhão de vida que
os cônjuges estabelecem em termos de colaboração íntima
em todos os aspectos da existência humana resultam
naturalmente filhos. Constitui-se família. Na sua colaboração
na satisfação das necessidades económicas de cada um e do
grupo familiar estabelece-se uma patrimonial que pode
chegar ao ponto da comunhão de bens.
O casamento é hoje, em Moçambique a principal fonte de
relações familiares, representando o núcleo das famílias e sendo
a fonte largamente predominante da procriação.

1.2.2. A união de facto: é uma relação entre um homem e uma


mulher. De outro modo, não pode pretender ser semelhante
ao casamento e obter algum do estatuto deste, é uma
relação de facto a que o Direito vem depois dar algum
relevo jurídico. Porém, é necessário que seja uma relação
prolongada e estável, que haja uma comunhão da vida
traduzida, ao menos por uma coação notória. (Vide o artigo
202, da Lei 10/2004, de 25 de Agosto).

Entre o casamento e a união de facto há extremas marcadas que


impede que se fale de analogia jurídica. Enquanto o casamento
é um contrato, determinante por si mesmo, de efeitos jurídicos que
se impõem aos cônjuges, a união de facto é um estado cujo
conteúdo e duração está dependente da vontade de cada um
deles. Os únicos efeitos jurídicos a retirar da união de facto serão
a tutela da colaboração económica entre eles (na medida que
esta realmente exista) e a protecção dos filhos nascidos dessa
união, impuntando-os ambos os concubinos. Ou seja retirar-se-ão
os efeitos jurídicos naturais dessa relação natural.

1.2.3. O Parentesco

O Parentesco é uma relação de sangue: são parentes as pessoas


que descendem umas das outras (parentesco em linha recta ou
indirecta), que descendem de progenitor comum (parentesco em
linha transversal colateral).
Parentesco é o vínculo entre que une duas pessoas em
consequências de uma delas descender de outra ou de ambas
procederem de um progenitor comum. (Artigo 8 da Lei 10/2004,
de 25 de Agosto).
A linha recta de parentesco pode ser ascendente (de filhos) ou
descendentes (de filhos para os netos
por exemplo). Tanto na linha recta como transversal podem ser
materna ou paterna. Neste âmbito há que distinguir também os
irmãos germanos (parentes nas linhas paterna e materna) e dos
uterinos (parentes só na linha materna). (artigo 10, da Lei supra)

1.2.4. Efeitos do parentesco

Os efeitos jurídicos do parentesco produzem – se em qualquer


grau, em linha recta embora quase não ultrapassem o oitavo
grau na colateral (artigo 13 da Lei 10/2004, de 25 de Agosto).
Enquanto que um dos efeitos principais do parentesco, o Direito
de suceder por morte, embora se verifique ilimitadamente na
linha recta restringe-se ao quarto grau da linha colateral (sem
levar em conta o direito da representação na sucessão legal em
benefícios dos descendentes, dos irmãos do falecido, qualquer
que seja o grau do parentesco). Artigo 34 da Lei supra.
Outro importante efeito do parentesco é a obrigação de
alimentos que impende em certos casos, sobre alguns parentes:
os descendentes, os ascendentes, os irmãos e os tios (artigo 413
da Lei supracitada). Da relação de parentesco resultara também
a obrigação de exercer tutela (337 a 380 da Lei supra), de
fazer parte do conselho de família (artigos 362 a 369),
impedimentos ao casamento (artigo 29 a 32).

1.2.5. Afinidade

A afinidade é o vínculo que liga um dos cônjuges aos parentes


do outro (Artigo 13 da Lei supra). A afinidade conta-se por linhas
e graus, em termos idênticos aos do parentesco.

1.2.6. Efeitos da afinidade

Os efeitos da afinidade não passam normalmente na linha


colateral, do segundo grau. Assim, não havendo direitos
sucessórios entre os afins, a obrigação de alimentos esta limitada,
em certos termos, ao padrasto ou a madrasta. A afinidade
determina-se pelos mesmos graus e linhas que
definem o parentesco e não cessa pela
dissolução do casamento (art. 14 da Lei supra).

1.2.7. Adopção

A adopção é o vínculo que a semelhança da filiação natural mas


independentemente dos laços do sangue se estabelecem
legalmente entre duas pessoas (artigo 15 da Lei de Família).
A adopção é um vínculo de parentesco legal, moldados nos
termos jurídicos da filiação natural embora com esta não se pode
confundir nem haja qualquer ficção legal a faze-lo. O vínculo de
adopção estabelece-se por sentença judicial (art. 389).

1.2.8. Modalidades da adopção

São admitidas duas modalidades de adopção: a plena e a


restrita. A adopção restrita pode converter-se a todo o tempo e
a requerimento do adoptante, em adopção plena mediante a
verificação de um certo número de condições.
A adopção plena tal como restrita constitui-se mediante sentença
judicial (art. 389). Para que a adopção seja decretada é
necessário preencher-se os requisitos do artigo 391, apresentar
reais vantagens para o adoptando, fundar-se em motivos
legítimos, não envolver em sacrifício injusto para os outros filhos
do adoptante e ser razoável supor que o adoptante e o
adoptando se estabeleça um vínculo semelhante ao da filiação,
e o adoptando ter estado ao cuidado do adoptante durante
prazo suficiente para se poder avaliar da conveniência da
constituição do vínculo.
A adopção plena pode ser feita por duas pessoas que estejam
casadas ou vivam em união de facto há mais de 3 anos e não
estejam separadas de facto; por quem tiver mais de 25 anos,
possuam condições morais e matérias que possibilitem o
desenvolvimento harmonioso do menor (art. 393 Lei de Família).
A adopção plena é irrevogável mesmo por acordo entre o
adoptante e o adoptado (art. 404).

A adopção restrita prevista nos números 2, 3 e 4 do artigo 393


são aplicadas em princípio as normas constantes dos artigos que
regulam a adopção plena. Há contudo algumas alterações uma
delas é a de que qualquer pessoa pode adoptar restritamente
desde que tenha mais de vinte e cinco anos e não mais de
cinquenta anos.

1.3. O Direito da Família e suas divisões

O direito da Família compreende duas divisões fundamentais:

• O Direito Matrimonial, referente ao casamento como acto


(como contrato) e como estado, compreendendo as
relações pessoais e patrimoniais dos cônjuges e o Direito
da filiação, também este incluindo uma parte patrimonial
e outra pessoal.
• Há além disso que considerar a eventual dissolução do
casamento (divórcio), a sua nulidade ou anulabilidade
bem como a interrupção do vínculo conjugal através da
separação de bens.

1.4. O Direito das Sucessões

A noção de que a propriedade é mais familiar do que


pessoal determinou a agregação do Direito das Sucessões
ao Direito da família. Com o efeito, enquanto o proprietário
é vivo, a sua família ou pelo menos os familiares mais
próximos usufruem pacificamente os bens como se os seus
fossem. Por morte do seu titular há uma simples repartição
dos bens entre aqueles que já os usufruíam antes entre os
familiares mais próximos do “de cuius”.
O direito das sucessões regula o fenómeno sucessório, um
processo mais ou menos longo integrado por um conjunto de
actos através do qual os bens são transferidos do anterior
titular para os seus sucessores.
Nota-se no Direito das Sucessões um Direito não civil
contemplando prestações que são realizadas pelo estado ou
outras entidades por causa da morte do “de cuius”, a certas
pessoas mais próximas dele.
SUMÁRIO
Nesta Unidade temática 1.1 estudamos e discutimos
fundamentalmente três itens em termos de considerações gerais
á disciplina de Direito de Família:
1. Conceito; e
2. As relações jurídicas familiares.
3. Direito de família e suas divisões.
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPOS- (Com respostas


detalhadas)

1. Defina a Família em sentido lato e restrito.


2. Quais são as relações jurídicas familiares que conheces?
3. O que entendes por afinidade?
4. Quais são as modalidades da Adopção?
5. Como se define o parentesco e quais os seus efeitos?
6. Carlota e João, ambos de 18 anos namoram há seis meses e
pretendem adoptar uma criança que acharam na rua perdida. Esta
adopção procede? Quid Iuris!

Respostas:
1. Rever o 1º parágrafo da página 9 (Introdução desta Unidade):
2. Rever página 11 (Desenvolvimento desta Unidade);
3. Rever página 11 (Desenvolvimento desta Unidade);
4. Rever pagina 14 (Desenvolvimento desta Unidade);
5. Rever pagina 12 (Desenvolvimento desta Unidade);
6. Ver Lei de Família artigos 15, e 389 e ss.

TEMA – II: A família como Complexo normativo. As relações familiares..


UNIDADE Temática 2.1. Relações familiares

UNIDADE Temática 2.2. Relações para familiares

UNIDADE Temática 2.3. Relações familiares sem relevância


jurídica

UNIDADE Temática 2.4. Características das relações familiares

UNIDADE Temática 2.5. Natureza das Relações familiares

UNIDADE Temática 2.6. Estrutura das Relações familiares


UNIDADE Temática 2.7. Família como grupo Social

UNIDADE Temática 2. Família como Complexo Normativo

2.1. A família como Complexo normativo. As relações familiares.


O casamento e a união de facto.
Em geral, a expressão Direito da Família é entendida como
o complexo normativo e como ramo de ciência jurídica.
Como complexo normativo, o Direito da família é o conjunto
de normas que regulam as relações entre os membros da
família. In concreto, é o complexo de normas jurídicas que
regulam as relações de casamento (entre marido e mulher),
de filiação (entre pais e filhos), de parentesco (entre os
parentes), de afinidade (entre os afins) e de adopção (entre
adoptantes e adoptados), relações estas também chamadas
relações intrinsecamente familiares.

2.2. Relações familiares

Estamos em face de relações de natureza pessoal, dado terem


por objecto as próprias pessoas com o propósito de assegurar as
relações humanas mais ou menos estáveis, indispensáveis a
manutenção familiar. Como exemplo relações conjugais de que
provém a vinculação dos cônjuges aos deveres recíprocos de
fidelidade, coabitação e assistência (artigo 93 da Lei de
Família), relações de filiação de que provém a vinculação de pais
aos deveres de guarda e regência dos filhos
menores com o fim de os defender,
educar, alimentar, bem como representa-los (Artigo 282 da Lei
de Família) e a vinculação dos filhos ao dever fundamental de
estimar, obedecer, respeitar e ajudar os pais e demais familiares
e, quando maiores, assistir os pais, avós, irmãos, tios e primos,
sempre que estes careçam de ajuda, apoio e solidariedade
(artigo 206).

2.3. Relações para familiares

Conexas com as chamadas relações intrinsecamente familiares,


são as chamadas relações para familiares, igualadas
comparativamente a relações de família para certos efeitos, ou
tidos como condição de que depende, em determinados casos, os
efeitos que a lei atribui a relação conjugal ou as relações de
parentesco, afinidade e adopção. È o caso da união de facto
que não é tida como relação da família para alguns efeitos de
natureza pessoal.
Igualmente são chamadas relações familiares ou acessoriamente
familiares certas relações tuteladas pelo Direito em função da
relevância económico-social que avocam no circuito da família,
tais como a obrigação de alimentos entre parentes cuja
determinação é estabelecida determinadas pessoas ligadas
pelos laços de parentesco ou de casamento (artigos 413 de sgs.),
ou dependendo do grau de culpabilidade na separação de
pessoas e bens e divórcio (artigo 420). Como igualmente
acontece com as dívidas dos cônjuges que, não obstante serem
relações obrigacionais, se sujeitam a um regime especial porque
instituídas e desenvolvidas no âmbito familiar. È assim, que, pelas
dividas contraídas pelo marido ou pela mulher, em proveito do
casal executar-se-ão os bens comuns bastantes para satisfação
daquelas dividas (artigo 115, nr 1), tudo com vista a proteger a
sociedade conjugal.
Já o mesmo não acontece em relação as dívidas de estranhos
com qualquer dos cônjuges cujo regime, em princípio, não é
diferente da “disciplina aplicável ao comum das relações de
créditos”.

2.4. Relações familiares sem relevância jurídica

Na dependência das relações familiares radicam outras de tipo


diferente não tuteladas pelo direito, as chamadas relações
familiares sem relevância jurídica, como as relações entre
concunhados (cônjuge e irmãos do outro), mas desempenhando
papel de relevo no seio da instituição familiar.

2.5. Características das relações familiares

Na sua caracterização, as relações familiares são vistas do ponto


extrínseco ou do ponto de intrínseco. Do ponto de vista extrínseco,
refere-se a sua natureza e do ponto de vista intrínseco, refere-
se a sua estrutura, ou seja, aos direitos e deveres integrantes das
relações familiares.

2.6. Natureza das Relações familiares

Relativamente a natureza das relações familiares, as relações


familiares caracteriza-se em pessoais, duradouras e complexas.
Quanto a pessoalidade, as relações familiares tem por objecto
as próprias pessoas, procurando, desse modo, por oposição as
relações patrimoniais, que têm por objecto as coisas ou facto de
valores económico, de modo a assegurar as relações humanas
essenciais a manutenção da família.
Todavia, no seio da família, desenvolvem-se relações
patrimoniais que visam a satisfação das necessidades materiais
dos respectivos membros, relações, originária e estruturalmente,
obrigacionais ou reais, sendo, dessa forma, influenciadas pelas
relações familiares com perda da sua autonomia.
È assim, dividas dos cônjuges, por exemplo que se criam e
desenvolvem no seio da família, sujeitam-se a um regime
especial, diferentemente do que acontece se não dependessem
da relação do casamento. Por isso, os credores das dívidas
contraídas por um dos cônjuges, em proveito do casal, só podem
executar os bens próprios dos cônjuges que as contraiu quando
não existam bens comuns suficientes para a liquidação das
dívidas.
Relativamente a duração, constata-se que por oposição as
relações patrimoniais, em geral de curta duração, como é o caso
do contrato de compra e venda que se extinguem no acto da
respectiva celebração, as relações familiares são de longa
duração porque pressupõem uma situação que se protela no
tempo com manifestas certeza e segurança.
Dai a não permissão do casamento a termo ou sob condição
(artigo 42) o que conduzira a instabilidade do estado civil dos
cônjuges, e a necessidade do registo civil do casamento, do
divórcio e separação de pessoas e bens, da filiação, etc., que
constitui prova legalmente aceite desses casos.
Por isso diz-se que as relações familiares são duradoiras dando
origem a verdadeiros estados civis bem definidos: o estado civil
de casado, divorciado ou separado de pessoas e bens, o estado
de filho, etc.
No que diz respeito a complexidade, é de referir que as relações
familiares são consideradas complexas porque não se resumem
apenas na manifestação de um dever jurídico dum lado e, do
outro, o correspondente poder jurídico, mas também na
existência de um complexo de deveres e direitos recíprocos quer
de natureza jurídica e moral, quer de natureza económica, social
e até fisiológica, características que não são próprias das
relações obrigacionais.
Da celebração de casamento, por exemplo, resulta o
estabelecimento de um conjunto de direitos e deveres recíprocos:
respeito, confiança, solidariedade, assistência, coabitação e
fidelidade (artigo 93), o que não acontece com o caso da
relação obrigacional de crédito, em que se verifica o poder de
exigir o pagamento da dívida instalado na parte do credor e a
obrigação do pagamento da dívida repousada no devedor.

3. Estrutura das Relações familiares

Estruturalmente, as relações familiares visam essencialmente os


direitos e deveres que integram o vínculo familiar, consideradas
assim, poderesdeveres, ou seja, poderes funcionais e não direitos
subjectivos no modelo tradicional. Pois, estes são de exercício
livre, intervindo qualquer reacção pública só quando se verifique
contraste entre o
exercício do direito e a sua função.
Aqueles são exercidos de certo modo, devendo o respectivo
titular faze-lo “do modo que for exigido pela sua função”.
São caracteres essenciais desses poderes-deveres a
pessoalidade e a intransmissibilidade.
Quanto a pessoalidade, esta é uma das características de outros
tipos de poderes jurídicos (não se exclui pois, a hipótese de, num
determinado contrato, de prestação de serviço, por exemplo
umas das partes se obrigar a assumir perante a outra parte
determinado comportamento), mas nas relações familiares essa
característica mais se evidencia, tanto mais que se impõe dotada
de não patrimonialidade.
Além disso, é evidente que o poder paternal ou parental, o
estado de filho, de casado, etc não podem ser transmitidos como
negócio jurídico se tratassem porque é sempre tida como “nula
toda a convenção, cessão entre vivos ou mortis causa, transacção
ou renúncia ao estado de família que é imposto pela lei”, estado
de família esse que é universal, dado compreender a
globalidade das relações familiares designadamente a de
casamento, de filiação, de afinidade e de adopção.
A intransmissibilidade é a indisponibilidade e a
irrevocabilidade como algumas das características do estado de
família.

4. Família como grupo Social

O problema da família aparece no centro da questão social


do século XX – causa e consequência dela como tem sido
contemporânea das alterações sociais dos dois últimos
séculos. Mas o aumento crescente das actividades terciárias,
a automatização, a marcha acelerada da sociedade pós-
industrial, o carácter cada vez mais impessoal do trabalho,
rejeitarão os indivíduos para o seio da família, como para
um refúgio de humanização.
O conceito de família pode ser encarado sob o ponto de vista
sociológico ou sob o ponto de vista jurídico.
A família sob o ponto de vista sociológico é um conjunto de
pessoas que se ligam as outras tanto por casamento como
por consanguinidade, também chamado parentesco ou por
mera afinidade. Quer dizer as pessoas encontram-se ligadas
por existência de uma relação matrimonial em consequências
do casamento que só termina por morte de uma delas ou de
ambas ou por decisão de uma delas ou de ambas; ou
encontras ligadas por existência da relação de sangue, em
consequência de descerem umas das outras ou procederem
de tronco comum ou encontram-se ligadas por existência da
relação que se institui entre cada um dos cônjuges e os
consanguíneos do outro ou ainda por existência da relação
que a semelhança da filiação natural se estabelece entre
duas pessoas, como se de consanguinidade fossem ou entre
uma delas e os parentes da outra.
Não obstante as relações de parentesco ligarem grande
variedade de pessoas ou porque descendem umas das outras
só porque provém de um tronco comum, as mais importantes
são as de filiação, ou seja, as relações que se estabelecem
entre os filhos do sexo feminino e sexo masculino.
Mesmo assim, o parentesco é muitas das vezes mais do que
a consanguinidade. É o caso referido da adopção. É o caso
ainda da relação biológica sem parentesco: haver pai
biológico de uma pessoa mas que não é tido como seu pai
social ou haver algumas pessoas com um ascendente comum
mas que não consideradas parentes, ou seja, as vezes
reconhecer-se parentesco independentemente da existência
de relação biológica como acontece “ quando um homem eh
tido como pai dos filhos da mulher com quem esta casado,
embora os não tenha gerado.
No tocante a afinidade, as pessoas encontram-se ligadas por
existências da relação que se institui entre cada um dos
cônjuges e relação matrimonial, relação que, em conclusão
de casamento, liga os cônjuges entre si.
Neste âmbito, importa realçar que em algumas sociedades,
sobretudo africanas, ela também se estabelece de forma
indirecta, ou seja, entre cada um dos cônjuges e os parentes
do outro. Nas sociedades macuas, por exemplo, afinidade é
bastante respeitada ao ponto de o marido de uma irmã e o
marido de outra irmã (os chamados concunhados) se tratarem
como se de irmãos consanguíneos fossem.
SUMÁRIO

Nesta Unidade temática 2 estudamos e discutimos


fundamentalmente três itens em termos de considerações gerais
á disciplina de Contabilidade Geral:
1. Relações familiares e para familiares;
2. Características e natureza das Relações familiares; 3.
Estruturas das relações familiares.
Exercícios práticos:

1. Quais são as diferenças da relações familiares e para


familiares?
2. Quais as características e natureza das relações
familiares?

3. De que forma esta estruturada as relações familiares?

Respostas:
4. Rever os apontamentos acima.

TEMA – III: Família como grupo social.

UNIDADE Temática: 3.1. Tipos de família e sua composição

UNIDADE Temática: 3.2. Família Poligâmica

UNIDADE Temática : 3.3. Família Poliândrica

UNIDADE Temática: 3.4. Família Nuclear


UNIDADE Temática 3. Família como grupo social
Introdução

O problema da família aparece no centro da questão social


do século XX – causa e consequência dela como tem sido
contemporânea das alterações sociais dos dois últimos
séculos. Mas o aumento crescente das actividades terciárias,
a automatização, a marcha acelerada da sociedade pós-
industrial, o carácter cada vez mais impessoal do trabalho,
rejeitarão os indivíduos para o seio da família, como para
um refúgio de humanização.
O conceito de família pode ser encarado sob o ponto de vista
sociológico ou sob o ponto de vista jurídico.
A família sob o ponto de vista sociológico é um conjunto de
pessoas que se ligam as outras tanto por casamento como
por consanguinidade, também chamado parentesco ou por
mera afinidade. Quer dizer as pessoas encontram-se ligadas
por existência de uma relação matrimonial em consequências
do casamento que só termina por morte de uma delas ou de
ambas ou por decisão de uma delas ou de ambas; ou
encontras ligadas por existência da relação de sangue, em
consequência de descerem umas das outras ou procederem
de tronco comum ou encontram-se ligadas por existência da
relação que se institui entre cada um dos cônjuges e os
consanguíneos do outro ou ainda por existência da relação
que a semelhança da filiação natural se estabelece entre
duas pessoas, como se de consanguinidade fossem ou entre
uma delas e os parentes da outra.
Não obstante as relações de parentesco ligarem grande
variedade de pessoas ou porque descendem umas das outras
só porque provém de um tronco comum, as mais importantes
são as de filiação, ou seja, as relações que se estabelecem
entre os filhos do sexo feminino e sexo masculino.
Mesmo assim, o parentesco é muitas das vezes mais do que a
consanguinidade. É o caso referido da adopção. É o caso ainda
da relação biológica sem parentesco: haver pai biológico de
uma pessoa mas que não é tido como seu pai social ou haver
algumas pessoas com um ascendente comum mas que não
consideradas parentes, ou seja, as vezes
reconhecer-se parentesco independentemente da existência de
relação biológica como acontece “ quando um homem é tido
como pai dos filhos da mulher com quem está casado, embora
os não tenha gerado.
No tocante a afinidade, as pessoas encontram-se ligadas por
existências da relação que se institui entre cada um dos
cônjuges e relação matrimonial, relação que, em conclusão
de casamento, liga os cônjuges entre si.
Neste âmbito, importa realçar que em algumas sociedades,
sobretudo africanas, ela também se estabelece de forma
indirecta, ou seja, entre cada um dos cônjuges e os parentes
do outro. Nas sociedades macuas, por exemplo, afinidade é
bastante respeitada ao ponto de o marido de uma irmã e o
marido de outra irmã (os chamados concunhados) se tratarem
como se de irmãos consanguíneos fossem.
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Definir: a família como grupo social;


Objectivos específicos
▪ Conhecer: os tipos de família e sua composição.

Desenvolvimento

3.1. Tipos de família e sua composição

A família constituída nos termos acima expostos pode ser:


alargada, Nuclear ou monoparental.
A família Alargada é constituída pelos cônjuges e seus filhos
e outros descendentes do casal, parentes colaterais e seus
descendentes, afins, adoptados, etc.
Pode ter varias formas das quais das quais destacamos:

• A família Patriarcal; • A

família comunitária

medieval

• E a família – lar.

A família patriarcal é composta por um conjunto de pessoas


submetidas a um chefe depositário da autoridade e do poder.
Na família patriarcal romana, por exemplo, do conjunto de
pessoas que se submetiam a autoridade (potestas) de um chefe
(pater famílias) podiam fazer parte os ascendentes, filhos, outros
parentes colaterais e ascendentes (natura subjectae), mulher,
noras, adoptados e até escravos (jure subjectae) e, ainda o
próprio património.
Assim, o vínculo que unia o ter famílias e qualquer dos Membros
do seu conjunto era de natureza jurídica (vinculo cognaticio) e não
apenas o vínculo de sangue (vinculo agnaticio). Aquele era não
só pai, mas também chefe com os mais amplos poderes sobre os
filii famílias (pessoas do grupo que chefiava), incluindo o poder
de dispor da vida (ius vitae ac necis) e o de afastar qualquer dos
membros do seu conjunto.
O casamento não era acto jurídico que criasse vínculos
duradouros entre marido e mulher. Era, sim, uma situação,
dependente da afeição marital (affectio maritalis) que,
cessando, também extinguia-se por divórcio a união conjugal. A
mulher não pertencia a família do pater famílias se o casamento
fosse sem mão (sine manu). Se inversamente tivesse sido
efectuado com a mão (cum manu), pertencia a família do marido.
Família Comunitária Medieval: era um conjunto de pessoas
ligadas pelo vínculo do casamento e pelos laços biológicos.
Segundo José João Gonçalves de Proença, de cada casamento
resultava uma nova família constituída não só pelos progenitores,
mas também por parentes mais próximos, emergindo
verdadeiras comunidades sociológicas. Este tipo de sociedade
familiar “era não apenas uma sociedade de consumo, mas
também de produção, funcionando como instrumento importante
de desenvolvimento da vida económica e que o cristianismo e
outros factores contribuíram para que a família medieval
constituísse um agregado social forte, coeso e de relevada
importância económica.

António Maria Pinheiro Torres prefere chamar-lhe família


linhagem. Esta é composta por pessoas que, através das
gerações descendem dum tronco comum, com predomínio dos
vínculos de carácter natural – casamento, parentesco e
afinidade.
Este tipo de família centra-se no pensamento de deferência de
vida dos antepassados e aos mais velhos e no prestígio que se
aparta da antiguidade. Daí a subordinação dos respectivos
membros a tradição, mas não se apagando as gerações
presentes “perante as passadas, antes são estas que não
perecem pela transmissão. Não ideia do culto dos mortos mas
sim, a do culto do prestígio dos mortos, simbolizado no nome da
família.
Família – Lar é o conjunto de várias famílias que vivem debaixo
do mesmo tecto ou em diversas habitações. Bernardo Bernardi
aponta como exemplo, os casos da amazónia ou polinésia que
além da residência e descendência, este tipo de família tem em
comum actividade económica, os direitos de propriedade e de
sucessão, o exercício de actividades religiosas e mágicas.
Na civilização ocidental, a família – lar é o conjunto de pessoas
que
vivem sob o mesmo tecto e ligadas
entre si por laços de casamento e de filiação, sendo mais restrita
nos países nórdicos, em que se considerem apenas os cônjuges e
os filhos menores enquanto dependentes.
Na parte Sul de Moçambique, os grupos familiares crescem com
os nascimentos, pois que, os filhos ao erguerem as suas casas a
volta da casa do pai de quem dependem, não constituíam
famílias autónomas, mas extensões de família matriz que subsiste
como a unidade básica de toda a organização social, económica
e religiosa.
Disso é exemplo o chama “Munthi” que, na Província de Gaza é
a família composta pelo marido, mulher, filhos e todos os que
vivem na mesma casa, podendo ainda estar ligado a um
agregado central “Tsindza Wha munthi” que, situado muito
próximo, cumpre funções de carácter económico, cabendo a
mulher garantir a produção agrícola e o trabalho doméstico.
Outro exemplo é o do Bairro George Dimitrov, antigo bairro do
Benfica, Cidade de Maputo, que possui agregados compostos
não só pelos cônjuges e seus filhos mas também os pais, netos,
tios, sobrinhos, constituindo unidades familiares elementares
simples a que se agregam parentes isolados.

Concluindo, a maior parte de moçambicanos vive em família


alargada ou extensa, porquanto o que muitas vezes acontece
tanto nas sociedades patrilineares como nas sociedades
matrilineares, são indivíduos recém casados juntarem-se aos pais
de um dos cônjuges, juntando, assim, a família em que o indivíduo
nasceu – família de orientação – e a família que se estabelece
pelo casamento – família de procriação.

3.2. Família Poligâmica

Resulta da união de uma pessoa com varias pessoas de sexo


diferente, ou seja, união de uma homem com várias mulheres
ou de uma mulher com vários homens.

• Família Poliginica;
• Família poliândrica.

NA família Poliginica, em princípio cada mulher tem a sua


própria habitação, a não ser nos casos de poligamia sororal
em que pode haver residência em conjunto em que vive com
os seus filhos mais novos constituindo uma diade distinta com
o marido, sem prejuízo de cooperação com os demais
mulheres em determinadas ocasiões para a colheita ou
desenvolvimento de uma outra actividade. É costume marido
residir sucessivamente com as suas várias mulheres com vista
a resguardar a honestidade e a dignidade de cada uma
delas.
Na sociedade macua, segundo as regras de residência
uxorilocal, o marido, geralmente reside com a primeira
mulher, limitando-se a visitar as outras mulheres por turnos,
podendo-se concluir que respeita a chamada regra de
residência neolocal, porquanto o marido e mulher não vivem
juntos. Aquela continua a viver junto da família, limitando-se
a receber visitas do marido de tempos a tempos. Sendo chefe
da aldeia ou ocupando um lugar de destaque na sociedade,
as mulheres viverão no mesmo grupo residencial, cada uma
com a sua casa, mas perto uma das outras, vivendo, desse
modo, no mesmo conjunto residencial.
No sul de Moçambique, a regra hierárquica permite a
primeira mulher sugerir e encetar novas uniões e conferir-lhes
autoridade para supervisionar as lides domésticas
desenvolvidas pelas esposas mais novas e gerir a economia
familiar. Esta mulher juntamente com marido constituem o
grupo que decide sobre os grandes problemas da família
poligâmica. Mesmo após morte, o seu poder e influência
continuam a fazer-se sentir no seio dos vivos, passando o seu
nome a ser invocado nas cerimónias familiares do culto aos
antepassados – “kupahahla”.

3.3. Família Poliândrica

Esta é uma família rara, no tocante a África, BERNARDO


BERNARDI fala da ngalabola ou “mulher da aldeia” do Zaire,
cujos maridos tem uma família normal e juntamente com os
filhos formam um grupo totalmente autónomo em relação a
ngalabola que, por sua vez, e tendo filhos, forma a diade,
mãe e filho.
Também formam famílias poliândricas a todas e os Nayares,
na Índia, sob a forma de poliandria fraternal ou não
fraternal, e ainda os habitantes das Ilhas Marquesas na
Polinésia. Murdock diz que a poliandria é apegada a prática
do infanticídio das crianças do sexo feminino, principal causa
da escassez de mulheres.

3.4. Família Nuclear

A família Nuclear representa o núcleo da base da sociedade,


escreve BERNARDO BERNARDI, sendo frágil, temporária e
universal. Frágil porque de pequena composição, ou seja, é
constituída por marido e mulher ou marido, mulher e filhos.
Temporária porque não existindo filhos, pode decompor-se com
simples divórcio, separação ou morte de um dos cônjuges.
Havendo filhos, a sua decomposição depende da desligação dos
filhos aos pais para constituir as suas próprias famílias,
autonomizando-se.
Esta universalidade não é aceite por autores como Robin Fox,
este sustenta que a unidade básica dos agrupamentos familiares
não é a família nuclear, mas sim o grupo formado pela mãe e
pelo filho; a relação entre estes é inevitável, mas o laço conjugal
é variável, sendo portanto, forçado defender que a unidade
marido – mulher mais filhos da mulher é o núcleo de toda a
sociedade humana.
Esta teria peca pela generalização da forma institucionalizada
de procriação se existência da família conjugal, quando ao que
se sabe, os casos de forma institucionalizada de procriação em
que se verifica a existência de família conjugal são
reconhecidamente mais frequentes.
C.C. Haris propõe a distinção entre a família nuclear e a família
elementar. Segundo ele, aquela resulta da procriação e
composição do casal e dos seus filhos. Esta faz referência a
unidade solidária constituída pelos Membros da família nuclear.
Cessando a função de
procriação ou falecendo um dos
cônjuges, extingue-se a família nuclear, o que não pode
acontecer com a família elementar, porque os laços que unem os
cônjuges não se extinguem mesmo que a mulher se encontre no
fim do período da sua fecundidade, assim como não se
extinguem os laços que unem os siblings com os pais, membros de
uma família passando a considerar-se simultaneamente, nuclear
e elementar, acabam como membros de uma família elementar.
Sob o ponto de vista jurídico, refere-se a família como célula
base da sociedade, factor de socialização da pessoa humana,
na qual os membros que a constituem, ligados entre si pelo
parentesco, casamento, afinidade e adopção, criam,
desenvolvem e consolidam a sua personalidade (artigos 1 da Lei
actual lei da Família).
Reconhece-se ainda como entidade familiar, para efeitos
patrimoniais, a chamada união de facto, união singular estável,
livre e notória entre um homem e uma mulher (artigo 2 no 2 da
Lei de Família).
Por vezes, inclui outros elementos, quais sejam, enteados, menores
sob tutela, empregados domésticos e outros, como por exemplo,
no Decreto 20/2002, de 30 de Junho, que admite um agregado
familiar constituído pelos cônjuges, filhos, adoptados, enteados,
menores sob tutela e outros dependentes de quem incumbe a
direcção desse agregado, sempre que se pretender fixar o
conjunto dos rendimentos das pessoas que o constituem para
efeitos de lançamento e liquidação do imposto sobre o
Rendimento das pessoas singulares.
Por seu turno, o Código Civil, no artigo 1040, número 3, considera
familiares os parentes, afins ou serviçais que vivam habitualmente
em comunhão de mesa e habitação com o locatário ou locador.
SUMÁRIO

Nesta Unidade temática 3 estudamos e discutimos


fundamentalmente dois itens em termos de considerações gerais
á disciplina de Contabilidade Geral:
1. Família como grupo Social;
2. Tipos de Família e sua
composição.
Exercícios práticos:

1. Quais são os tipos de família que conheces? Caracterize-as.

Respostas:
5. Rever os apontamentos acima.

TEMA – IV: IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA.

UNIDADE Temática 4: Importância da Família

UNIDADE Temática 4.1.: Importância da família na conservação


e desenvolvimento do homem
UNIDADE Temática 4.2. : Funções da família
UNIDADE Temática: Importância da Família

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Conhecer: a importância da família;


Objectivos específicos
▪ Analisar: as funções da família.

4. Importância da Família

1. Importância da família no aspecto Religioso: no aspecto


ético religioso garante-se a participação da família no
desenvolvimento da sociedade de que ela constitui seu
fundamento e nela saem os cidadãos que nela também
encontram a primeira escola das virtudes sociais.
O espírito religioso que encontramos nas crianças é fruto da
educação que recebem da família, sobre tudo dos pais. Aliás,
ao incutirem nelas, através da frequência de escolas
vocacionadas para as práticas religiosas, como, por
exemplo, islâmica, cristã, acabam por tornar-se nos seus
hábitos, quando elas se encontram numa fase de
crescimento.
È com este espírito religioso que muitos moçambicanos
ingressam nas diversas confissões religiosas cujas contribuição
para o desenvolvimento económico e social do País vem
sendo realçado por diversas entidades, pois, é sabido que
as religiões, com o seu poder de persuasão, desempenham o
importante papel de consciencializar o homem da sua
responsabilidades, primeiro, em relação a si próprio, e,
segundo, em relação ao seu semelhante a cumprir com o seu
papel protector da confiança nele depositava por Deus, não
corromper a terra e viver em harmonia com tudo o que o
rodeia.

4.1. Importância da família na conservação e


desenvolvimento do homem
Considerando que os diversos tipos de família já identificados
não representam diversas formas de família, há entendimentos
divergentes, mas sim semblantes e expressões de uma mesma
realidade, a família tem uma entidade diferenciada e orgânica,
e não simplesmente um agregado uniforme. Pois, ela visa
alcançar fins comuns de valores que ultrapassam o interesse
individual, como formar, conservar e desenvolver os novos
homens, visando o aperfeiçoamento da personalidade de cada
homem; tem autoridade orientadora própria que leva os seus
membros a realização do bem comum e cada um
desses mesmos membros vê-se
obrigado a cumprir uma função própria e específica.

Por isto, a família apresenta-se como um organismo dotado de


fins privativos, com um mínimo de organização, como um conjunto
unitário em que todos desempenham uma função específica.

4.2. Funções da família

Para F. C. Muller – Lyer, o grande sociólogo da família,


atribui a esta várias funções no que respeita a vida colectiva
dos seus membros:

a. Função económico - doméstica, que é a base de


toda a estrutura familiar e destina-se a satisfazer as
necessidades materiais dos seus membros.

b. A segunda função é a criação e educação dos


filhos, a escola educa mas é a família que modela e
aperfeiçoa o carácter.

c. Regulação da natalidade as famílias tendem a


desempenhar esta função de acordo com as
possibilidades económicas de cada uma. Ora, as
possibilidades económicas das famílias são, de certo
modo, as da sociedade a que elas pertencem.
Estabelece-se um equilíbrio tendencial entre o volume
da população social e o sistema económico geral da
sociedade.

d. Convivência social interna na vida quotidiana. È a


intimidade da vida do lar.

e. Uma outra função da família é o amparo dos


velhos e o tratamento dos doentes.

f. Sucesso no património da família é a transmissão


da propriedade dos bens dos pais aos filhos, destes
aos netos e assim sucessivamente de geração em
geração.

A família é uma instituição fundamental e durável que


vem exercendo várias funções das quais destacamos:

• A família patriarcal romana identificava-se como um


organismo de defesa e confirmação da sociedade cuja
estrutura não se apartava bastante da estrutura política
do Estado. Por isso mesmo diz-se que a família patriarcal
romana exerceu a função política.
• A família medieval influenciada pelo espírito comunitário
dos povos germânicos exerceu funções económicas e,
identificando-se como sustentáculos do património
familiar cuja transferência de geração em geração se
impunha como garantia para a conservação e
perpetuidade do próprio agregado familiar, constitui-se
grande defensor do culto dos antepassados e promotor
da emergência de instituições que preservam a unidade
do património familiar, de que se destacam “a reserva
hereditária”, “o direito de troncalidade”, “os pactos
sucessórios”, etc.
• A família exerce a função reprodutiva, colaborando,
desse modo e através dos seus membros, na reprodução
física da sociedade.
• A família vem exercendo as funções educativa e
assistencial desde o início da estruturação institucional do
agregado família.
SUMÁRIO

Nesta Unidade temática 3 estudamos e discutimos


fundamentalmente três itens em termos de considerações gerais
a disciplina de Contabilidade Geral:
1. Importância da Família;
2. Funções da Família.

Exercícios práticos:

2. Quais são as funções do Direito da Família?


Respostas:
6. Rever os apontamentos acima.

TEMA – V: EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DA


FAMÍLIA.

UNIDADE Temática 5: Evolução Histórica da Família


UNIDADE Temática 5. Evolução histórica do Direito da Família

▪ Conhecer: a evolução histórica do Direito da Família.

Objectivos específicos

A família pode ser considerada a unidade social mais antiga do


ser humano, a qual, historicamente, mesmo antes do homem se
organizar em comunidades sedentárias, constituía-se em um
grupo de pessoas relacionadas a partir de um ancestral comum
ou através do matrimônio.

Todos os membros da família assumiam obrigações morais entre


si, sob a liderança do ancestral comum, conhecido como
“patriarca”, normalmente da linhagem masculina, símbolo da
unidade da entidade social, reunindo-se em uma
mesma comunidade todos seus descendentes, os quais
compartilhavam de uma identidade cultural e patrimonial. Essas
primeiras entidades familiares, unidas por laços sangüíneos de
parentesco, receberam o nome de clãs.

Com o crescimento territorial e


populacional desses clãs, que chegavam a possuir milhares de
membros, essas entidades familiares passaram a se unir,
formando as primeiras tribos, grupos sociais compostos de
corporações de grupos de descendentes.
Assim, a organização primitiva das famílias, fundadas
basicamente apenas nas relações de parentesco sangüíneo, deu
origem às primeiras sociedades humanas organizadas. A
expressão família surge a partir de uma dessas organizações
sociais.
O termo “família” advém da expressão latina famulus, que
significa “escravo doméstico”, que designava os escravos que
trabalhavam de forma legalizada na agricultura familiar das
tribos ladinas, situadas onde hoje se localiza a Itália.

Com o desenvolvimento de sociedades mais complexas, na qual


os laços sanguíneos eram cada vez mais dissolvidos entre a
população, ganha importância no Direito da Roma Antiga a
expressão família natural, formada apenas por um casal e seus
filhos. Ao contrário dos clãs, que se formavam a partir da relação
de parentesco com um ancestral comum, a família natural romana
originava-se através de uma relação jurídica, o casamento.

A instituição do casamento era dividida em confarreatio, o


casamento de caráter religioso, restrito à classe patrícia,
caracterizado por uma cerimônia de oferenda de pão aos
deuses; coemptio, reservada à plebe, celebrado mediante a
venda fictícia, do pai para o marido, do poder sobre a mulher;
e o usos, em que o marido adquiriu a mulher pela posse, isto é,
vida em comum no ínterim de um ano.

Os pressupostos para o casamento romano eram a coabitação e


o chamado affectio maritalis, este último consistente na
manifestação expressa dos nubentes de viverem como marido e
mulher. Ao findar qualquer um desses pressupostos, extinguia-se
o casamento, valorizando-se o afeto entre os cônjuges.

Não obstante a importância do afeto na relação matrimonial, o


modelo romano de família mantinha a estrutura de poder
despótico, “concentrados sob a patria potestas do ascendente
comum vivo mais velho”. O poder do patriarca era dividido em
pater familias, o chefe da família natural, o qual exercia seu
poder sobre os seus descendentes não emancipados, sua esposa
e com as mulheres casadas com seus descendentes.

A família natural foi adaptada pela Igreja Católica, que


transformou o casamento em instituição sacralizada e indissolúvel,
e única formadora da família cristã, formada pela união entre
duas pessoas de diferentes sexos, unidas através de um ato
solene, e por seus descendentes direitos, a qual ultrapassou
milênios e predomina até os dias actuais.

A aliança matrimonial, pela qual o homem e a mulher constituem


entre si uma comunhão da vida toda, é ordenada por sua índole
natural ao bem dos cônjuges e à geração e educação da prole,
e foi elevada, entre os baptizados à dignidade do sacramento.

Destaca-se dentro do modelo canônico de família a importância


destinada ao sexo, sendo que a relação carnal entre os nubentes
tornou-se requisito de validade para a convalidação da união.
Esta condição estabelecida pelo direito eclesiástico é fruto da
indissociação entre o matrimônio e a procriação, função
primordial da união e que poderia ocorrer após o sacramento
do casamento.

Entendia-se dessa forma que o fim do matrimônio enquanto


instituição era a procriação e, por conseguinte, a educação da
prole, o que tornava justificável a prática do ato sexual dos
cônjuges, autorizado no seio dessa instituição como remédio.

Ademais, independentemente da existência ou não de afeto


entre os cônjuges, o Direito Canônico estabelece que a união
decorrente do casamento é “indissolúvel, isto é, não se pode
dissolver por vontade dos cônjuges, excepto pela morte”, ao
contrário do que vigorava no Direito Romano.

Assim, como se procurou demonstrar brevemente, a evolução da


família, em especial dentro das sociedades ocidentais, baseou-
se em seu princípio na consangüinidade entre seus membros, isto
é, na origem comum de seus membros, formando-se grandes
grupos familiares originários de um único patriarca.
Gradualmente, essa estrutura foi substituída por núcleos
familiares menores, formados a partir da união entre homens e
mulheres mediante um acto solene, chamado casamento, que foi
consolidado e sacralizado pela Igreja Católica, a qual dominou
a cultura e a sociedade das nações européias ocidentais por mais
de um milênio.

Esse modelo de estrutura familiar nuclear persiste, sendo


reconhecida pela maioria das legislações ocidentais vigentes o
casamento tanto como ato jurídico formal, quanto como
sacramento religioso, como por exemplo no Brasil, nação
formada com fundamento em preceitos da Igreja Católica
Apostólica Romana, como bem sintetizado por Orlando Gomes:

Na organização jurídica da família hodierna é mais decisiva a


influência do direito canônico. Para o cristianismo, deve a família
fundar-se no matrimônio, elevado a sacramento por seu fundador.
A Igreja sempre se preocupou com a organização da família,
disciplinando-a por sucessivas regras no curso dos dois mil anos
de sua existência, que por largo período histórico vigoraram,
entre os povos cristãos, como seu exclusivo estatuto matrimonial.
Considerável, em conseqüência, é a influência do direito canônico
na estruturação jurídica do grupo familiar.

Todavia, como será demonstrado em outro momento, a


consanguinidade e a milenar instituição do casamento vêm
perdendo espaço nas mais recentes doutrinas e jurisprudência,
bem como pela própria legislação, por um fator muito mais
preciso e condizente à realidade: o afecto.
SUMÁRIO

Nesta Unidade temática 5 estudamos e discutimos


fundamentalmente
alguns itens em termos de considerações gerais á disciplina de
Direito de Família e Sucessões:
1. Evolução Histórica da Família
Exercícios práticos:

1. Fale da evolução Histórica da Família.

Respostas:
7. Rever os apontamentos acima.

TEMA – VI: Princípios Constitucionais do Direito De Família

UNIDADE Temática 6: Princípios Constitucionais do Direito De


Família

UNIDADE Temática 6.1. Princípio da não discriminação entre os


filhos nascidos no casamento e fora do casamento

UNIDADE Temática 6.2. Princípio da protecção da


maternidade

UNIDADE Temática 6.3.: Princípio da protecção da infância

UNIDADE Temática 6.4.: Princípio da protecção do casamento

UNIDADE Temática 6.5.: Princípio do reconhecimento da família

UNIDADE Temática 6.6.: Princípio da Igualdade entre o homem


e mulher
UNIDADE Temática 6. Princípios Constitucionais do Direito De Família

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Definir: a família em sentido lato e restrito;


Objectivos específicos
• Demonstrar: com clareza como funciona as relações jurídicas familiares;
• Analisar: os princípios do Direito da Família.
• Conhecer: os princípios do Direito da Família.

6.1. Princípio da não discriminação entre os filhos nascidos no


casamento e fora do casamento

A Constituição de 2004, no seu artigo 121, nr 3 dispõe que a


criança não pode ser discriminada em razão do seu nascimento e
nem deve estar sujeita a maus tratos e a Constituição revista (Lei
1/2018) proclama a mesma coisa no seu artigo 121 nr 3.

6.2. Princípio da protecção da maternidade

A Constituição de 2004 estabelece que “a maternidade é


dignificada e protegida”, dignificação e protecção que ficam a
cargo da família e do Estado aos quais compete grandemente
assegurar “a educação integral da criança, formando-a nos
valores da unidade nacional, do amor a pátria, igualdade entre
os homens, respeito e solidariedade social” (artigo 120 nr 1 e 3
da CRM de 2004). Por sua vez, a nova CRM, no seu artigo 120
retoma o estabelecimento dos mesmos princípios com extensão
da dignificação e protecção a paternidade, e ainda, obriga os
pais e as mães a prestarem assistência aos filhos nascidos dentro
e fora do casamento.

6.3. Princípio da protecção da infância

A CRM estabelece que as crianças, particularmente as órfãs, as


portadoras de deficiência e as abandonadas tem protecção da
família, da sociedade e do Estado contra qualquer forma de
discriminação, de maus tratos e contra o exercício abusivo da
autoridade na família e nas demais instituições;

Que é proibido o trabalho de crianças quer em idade de


escolaridade obrigatória quer em qualquer circunstância (artigo
121 no 4 da CRM).

6.4. Princípio da protecção do casamento

No que toca a protecção do casamento, a CRM de 2004 declara


“o Estado reconhece e protege nos termos da Lei o casamento
como instituição que garante a prossecução dos objectivos da
família (artigo 119 nr 2, o casamento deve-se basear no
princípio de livre consentimento dos nubentes (artigo 119 nr 3)”.
O mesmo princípio vem estabelecido no artigo 119 da nova
CRM, com o acréscimo de a lei estabelecer as formas de
valorização do casamento tradicional e religioso, definir os
requisitos do seu registo e fixar os seus efeitos.

6.5. Princípio do reconhecimento da família

A nova CRM refere que a família é o elemento fundamental que


é a base de toda a sociedade (artigo 119, nr1), responsável
pelo crescimento harmonioso da criança e educa as novas
gerações nos valores morais, éticos e sociais (artigo 120, nr 2).
Diz ainda que, a família e o Estado asseguram a educação da
criança, igualdade entre os homens e mulheres, respeito e
solidariedade social (artigo 120 nr 3).

6.6. Princípio da Igualdade entre o homem e mulher

No que respeita ao princípio da igualdade entre o homem e a


mulher, ou seja, igualdade dos cônjuges, a Constituição de 2004
trata este assunto no art. 36 e a nova CRM trata do mesmo
aspecto também no art. 36 e dispõe: “o homem e a mulher são
iguais perante a lei e em todos os domínios da vida política,
económica, social e cultural”.

Assim, serão afectadas de inconstitucionalidade todas as normas


que denotam desigualdade entre os cônjuges.

SUMÁRIO

Nesta Unidade temática 6 estudamos e discutimos


fundamentalmente um itens em termos de considerações gerais
a disciplina de Direito de Família e Sucessões:
1. Princípios Constitucionais do Direito De Família.
Exercícios práticos:

2. Enuncie e caracterize os Princípios Constitucionais do Direito De Família

Respostas:
8. Rever os apontamentos acima.

TEMA – VII: Fontes do Direito da Família


UNIDADE Temática 7. Fontes do Direito
da Família

UNIDADE Temática 8. Caracteres do Direito da Família


UNIDADE Temática 7. Fontes do Direito da Família

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Definir: a família em sentido lato e restrito;


Objectivos específicos
• Caracterizar: as fontes dos Direitos da Família;
• Analisar: as relações jurídicas familiares;

• Conhecer: os caracteres do Direito da Família.

7.1. A Lei: a Constituição da República de Moçambique

A Constituição da República de 2004 e a actual Constituição


revista estabelecem princípios a que devem submeter-se as
normas que regulam as relações familiares de que se destacam
os princípios de igualdade entre o homem e a mulher, não
discriminação entre os filhos nascidos no casamento e fora do
casamento, protecção na maternidade, protecção da infância,
protecção do casamento e reconhecimento da família.

A Constituição, bem como as constituições das generalidades dos


países que podem servir de exemplo, contêm abundante e, por
vezes, minuciosa regulamentação pertinente ao Direito da
Família.

Este interesse do legislador constitucional resulta de diversas


razões.

A primeira estará nas funções do maior interesse público, vitais


para a colectividade, que a família contínua a exercer.
Abandonando o Direito Público da família, a favor do Direito
Civil da família, de carácter privado e contratualistas, certos
princípios fundamentais transitaram para Direito Constitucional
que passou a ser o refúgio das normas imperativas em matéria
de criação e funcionamento das relações familiares.
Por outro lado, o legislador constitucional quis assegurar a
formação de um novo Direito da Família. Enquanto que,
tradicionalmente, a família era dominada por princípios de
hierarquia e tradição, hoje é considerada um espaço diferente
particularmente apto a promover a realização de certos
aspectos da personalidade humana; mas em que os direitos da
pessoa, nomeadamente o direito à igualdade, o direito à
liberdade, etc., devem ser assegurados. Diversos princípios da
Constituição visam precisamente assegurar que, no seio da
família, sejam respeitados e promovidos os direitos da pessoa de
cada um dos seus membros.

Note-se que na Constituição não se encontram unicamente normas


referentes ao Direito Civil da família. Também estão presentes
normas de maior significado no Direito não civil da família,
nomeadamente em matéria de Direito Fiscal.

7.2. Lei nr 22/2019, de 11 de Dezembro

A reforma da Lei da família é uma necessidade que se vem


impondo ao longo dos anos como prioridade cada vez mais
premente.

Desde cedo, resultou nítida a desconformidade da Lei vigente


com a Constituição, mas também com a realidade sócio-cultural
do País. E tendo em vista adequar a Lei da Família a Constituição
vigente com a Constituição, mas também com a realidade sócio-
cultural do país.

7.3. Convenções internacionais

Das convenções internacionais em matéria de Direito da Família


a mais significativa é a Concordata entre o Estado Português e a
Santa Sé, a 7 de Maio de 1940, confirmada e ratificada em 1
de Junho e publicada no Diário de Governo de 10 de Junho do
mesmo ano. Esta concordata tem um Protocolo Adicional de 15
de Fevereiro de 1975, que modificou a redacção do art. 24º. A
Concordata ainda hoje é do maior significado no Direito da
Família português, reconhecendo-se por força dela efeitos
jurídicos, de Direito Civil, aos casamentos celebrados sob a forma
canónica, e reservando-se aos Tribunais e repartições
eclesiásticas competência exclusiva para apreciar da validade
destes casamentos.
Diversas convenções em matéria de Direitos Humanos contêm
normas que dizem respeito ao Direito da Família. Fixando,
sobretudo o Direito a contrair casamento e a constituir família, a
igualdade dos cônjuges, a protecção dos filhos nascidos fora do
casamento, etc.

7.4. O Código Civil de 1966

O Código Civil merece destaque por constituir a principal fonte


de Direito da Família (Direito Civil). O Livro IV arts. 1576º a
2020º CC, ocupa-se exclusivamente do Direito da Família. A
redacção de 1966 foi alterada em alguns aspectos,
nomeadamente na medida necessária para a pôr de acordo com
a Constituição de 1976, pela reforma de 1977 (DL 496/77, de
25 de Novembro, aprovado no uso da autorização legislativa
concedida a Governo pela Assembleia da República – Lei 53/77
de 26 de Junho).

7.5. Código de Registo Civil

Das outras fontes do Direito da Família destaca-se o Código de


Registo civil, a Organização Tutelar de Menores, e o Código
Penal que contém uma secção consagrada aos crimes contra a
família; bem como o Código de Processo Civil, onde numerosas
disposições são de relevante interesse para o Direito da Família.

Dos textos do Direito Ordinário destacam-se como fontes de


Direito da Família, a Lei da Família, o Código de Registo Civil,
O Estatuto de Assistência Jurisdicional aos menores, o Direito
Penal, O direito Processual Civil, O direito de Trabalho e o
Direito Fiscal.

8. Caracteres do Direito da família

Apoiando – se em Harold Hoffding e Ernest W. Burguess e


Harvey J. Locke, Alfredo Povina põe em destaque os seguintes
caracteres sociológicos da família:

a. É a única forma de associação integral;


b. Nela se concilia a independência do indivíduo
com o vínculo familiar;
c. Nela se concilia o inconsciente e emocional com o
consciente e reflexivo do indivíduo;
d. Ela socializa (o processo pelo qual o indivíduo
aprende a ajustar-se ao grupo, através da aquisição de
um de comportamento social que este aprova).

SUMÁRIO

Nesta Unidade temática 7 estudamos e discutimos


fundamentalmente dois itens em termos de considerações gerais
á disciplina de Direito de Família e Sucessões:
1. Fontes do Direito da
Família 2. Caracteres do
Direito da família
Exercícios práticos:

3. Enuncie e caracterize as Fontes do Direito da


Família.
4. Quais os caracteres os Direito da Família.

Respostas:
9. Rever os apontamentos acima.
TEMA – VIII: CASAMENTO MATRIMONIAL MOÇAMBICANO

UNIDADE Temática 8.1.: Constituição da relação matrimonial: o


casamento como acto.
UNIDADE Temática 8.2.: Caracterização do casamento
UNIDADE Temática 8.3.: Sistema do Direito Moçambicano
UNIDADE Temática 8.4.: Casos Práticos
UNIDADE Temática 8. CASAMENTO MATRIMONIAL MOÇAMBICANO

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Caracterizar: O casamento matrimonial Moçambicano


Objectivos específicos
• Demonstrar: com clareza como funciona as relações jurídicas familiares;
• Analisar: as relações jurídicas familiares

• Acompanhar: os efeitos do parentesco, adopção, filiação para melhor


percepção.

8.1. Constituição da relação matrimonial: o casamento como


acto.
O nosso ordenamento jurídico moçambicano, a Lei nr 22/2019,
de 11 de Dezembro, no seu artigo 8, define o casamento como
união voluntária e singular entre um homem e uma mulher, com o
propósito de constituir a sua família mediante comunhão plena
de vida.
Trata-se pois, de um negócio familiar tipicamente pessoal que
ostenta as características de serem, na sua maioria, reguladas
por normas imperativas e apenas poderem ser celebrados
pessoalmente, não admitindo representação propriamente dita.
Rigorosamente, o matrimónio e o casamento apresentam-se como
palavras de significados diferentes mas não deixam de
proporcionar o mesmo conteúdo. Na verdade, a primeira
palavra pode derivar tanto de matris-munces (função, ocupação
de mãe) como pode derivar de matrem-muniens (defendendo,
protegendo a mãe) e a segunda tem predilecção por matrimónio
e o ordenamento jurídico civil por casamento.
Em todo caso, o matrimónio e o casamento visam um objectivo
comum: a procriação e a inserção dos filhos havidos da união “na
cultura e na sociedade, assegurando-lhes a protecção e a
segurança económica que permitam o seu desenvolvimento e
manutenção biológico social”.

Em Moçambique, as celebrações do casamento tradicional, com


a exigência do lobolo, são regidos por normas costumeiras; o
casamento religioso é celebrado de acordo com o ritual da igreja
de ambos os nubentes ou de um deles e do casamento civil
celebrado de acordo com as normas do Código Civil, na parte
respeitante ao Direito da Família e do Código do Registo Civil.

8.2. Caracterização do casamento

Relativamente às características, a noção formulada realça a


característica da comunhão plena de vida, deixando
subentendidas as características de perpetuidade e
exclusividade necessárias ao bom ambiente no seio familiar.
Umas são comuns e outras são exclusivas as modalidades de
casamento, porquanto:

a. Do casamento resulta para os cônjuges o


cumprimento de deveres recíprocos de respeito,
confiança, solidariedade, assistência, coabitação e
fidelidade. Só por si estes deveres impõem a
características mais abrangente da plena comunhão de
vida.
Contudo, dos deveres apontados, são comuns os de respeito,
confiança, solidariedade, assistência e coabitação. O mesmo já
não acontece com o dever de fidelidade que é exclusiva dos
casamentos monogâmicos. Nos casamentos islâmicos e
tradicional, o dever de fidelidade não aparece relevante, por
admitir a poligamia na sua vertente poliginica.

b. A perpetuidade pode ser característica comum, já que


em todas as modalidades, a dissolução do vínculo
conjugal resulta do divórcio, sem prejuízo de em alguns
casos a dissolução resultar de simples manifestação de
vontade dos cônjuges, como acontece com a dissolução
por divórcio por mútuo consentimento. Mesmo assim, a Lei
impõe requisitos cujos preenchimentos condiciona o seu
decretamento.
Contudo, a perpetuidade não se apresenta com o sentido de que
a dissolução do casamento só ocorre quando um dos cônjuges
falecer.
c. Exclusividade diz respeito aos casamentos monogâmicos.
Daí a inclusão, relativamente ao casamento Civil, no rol
dos impedimento, dirimentes absolutos do casamento, “o
casamento civil, religioso ou tradicional “ (alínea c), do nº
1, do artigo 32).

8.3. Sistema do Direito Moçambicano


O sistema do direito moçambicano é o mitigado de
dualidade jurídico-matrimonial atrás identificado. É o que
se deduz da Lei nr 22/2019, de 11 de Dezembro,
quando estabelece, como modalidades do casamento, o
casamento civil, religioso ou tradicional, reconhecendo-se
ao casamento monogâmico, religioso e tradicional valor
e eficácia igual a do casamento civil, quando tenham sido
observados os requisitos que a lei estabelece para o
casamento civil (Artigo 17).

Quer dizer, além do casamento civil, única modalidade


prevista no artigo 1587 do Código Civil, existem as
modalidades de casamento tradicional e casamento
religioso, modalidades que são mais praticadas no nosso
país, permitindo-se, desse modo, “que a esmagadora
maioria dos moçambicanos passe a ser tratada da
mesma forma, ainda que opte por uma das
diferentes formas de constituição de família.”

No tocante à dualidade de casamentos, estabelece a Lei


a sujeição da celebração do casamento ao registo
obrigatório, não se permitindo casamento civil de duas
pessoas ligadas por casamento religioso ou tradicional
devidamente transcrito no registo civil (artigo 19). Esta
transcrição terá por base o documento que ateste a sua
realização, a ser enviado à entidade competente do
registo pelo dignitário religioso ou chefe comunitário
(artigo 80).

Quanto aos efeitos, o casamento religioso e tradicional


regem- se pelas normas comuns da Lei, salvo disposição
em contrário (artigo 18), o que fará com que não ocorram
situações adversas aos princípios constitucionais e outros
princípios consagrados por instrumentos do Direito
Internacional ratificados pelo nosso País.

Contudo, não é de afastar a hipótese de casamentos


religiosos e tradicionais válidos para a igreja e para a
tradição, respectivamente, e não válidos para o Estado,
em virtude da não observância da Lei do Estado que,
eventualmente, condicione a sua relevância jurídica a não
violação de determinadas normas da Lei Civil.
SUMÁRIO

Nesta Unidade temática 8 estudamos e discutimos


fundamentalmente dois itens em termos de considerações gerais
a disciplina de Direito de Família e Sucessões:
1. Constituição da relação matrimonial: o casamento como
acto;
2. Caracterização do casamento; 3. Sistema do Direito
Moçambicano.
Exercícios práticos:

1. A casou com B segundo os usos e costumes chineses em Macau,


em Abril de 2002. Tiveram um
filho, D. Entretanto, em 2007, A casou com C, segunda
mulher, em regime de separação de bens, perante o
conservador do registo civil, tendo o casamento sido
registado. Deste casamento nasceram três filhos. D, filho
de A e B, estudante do primeiro ano do Curso de Direito
vem pedir a sua ajuda para esclarecer a sua situação
familiar, e pergunta:
a) Qual o regime jurídico do casamento da sua mãe com o seu
pai? É válido ou que efeitos pode ter o casamento do seu pai
com a segunda mulher? 2. Como só consta da sua identificação o
nome da mãe, como poderia ser estabelecida a sua filiação?
Quais os efeitos das suas relações familiares com os filhos de A
e C?

2. Suponha que em Moçambique era apresentada uma


proposta de lei com o seguinte conteúdo: “Artigo 1.º
Objecto A presente lei permite o casamento civil entre
pessoas do mesmo sexo. Artigo 2.º Alterações ao regime do
casamento (quanto à sua constituição) Os artigos … do
Código Civil, passam a ter a seguinte redacção: «Artigo
1462.º Noção de casamento Casamento é o contrato
celebrado entre duas pessoas que pretendem constituir
família mediante uma plena comunhão de vida, nos termos
das disposições deste código. ...
» ”. 1. Considere os princípios conformadores do direito da
família de Moçambique relevantes e apresente os argumentos
que poderiam justificar esta intervenção legislativa. 2. Que outros
artigos deveriam ser alterados? E em relação a outras relações
familiares?

1. Fundamente as suas respostas.

Respostas:
10. Rever os apontamentos acima.
TEMA – IX: PROMESSA DE CASAMENTO

UNIDADE Temática 9.1.: Promessa de casamento


UNIDADE Temática 9.2.: Efeitos da promessa de casamento
UNIDADE Temática 9.3.: Extinção da promessa de casamento
UNIDADE Temática 9.4.: Casos Práticos
UNIDADE Temática 9. Promessa de casamento

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Caracterizar: a promessa de casamento


Objectivos específicos
• Demonstrar: com clareza como funciona os efeitos da promessa de
casamento;

• Analisar: a extinção da promessa de casamento

• Acompanhar: os efeitos do parentesco, adopção, filiação para melhor


percepção.

9. Promessa de casamento

Diz o artigo 21, que o contrato pelo qual, a título de esponsais,


desposórios ou qualquer outro, duas pessoas de sexo diferente
se comprometem a contrair matrimónio não dá direito a exigir a
celebração do casamento, nem a reclamar, na falta de
cumprimento, outras indemnizações que não sejam as previstas
no artigo 24, mesmo quando resultantes da cláusula penal, sendo,
porém, nula a promessa quando algum dos promitentes seja
menor de dezoito anos.

Trata-se, pois, de promessa de casamento bilateral para a


validade da qual exige-se:

• A capacidade das partes que deve ser a mesma que se


exige para a celebração de casamento válida, sendo
nula a promessa de casamento, se algum dos promitentes
for menor de dezoito anos (artigo 21, nr 2). Mesmo assim,
não estabelecendo a lei expressamente nenhuma regra
especial, nada repugna que a mulher ou o homem que,
com mais de dezasseis anos possa casar, título
excepcional, celebre uma promessa de casamento desde
que autorizado pelos pais ou seus legais representantes
(artigo 32, nr 2). Assim, o interdito e o inabilitado por
anomalia psíquica não podem celebrar promessa de
casamento por não possuírem capacidade matrimonial
(artigo 32, alínea c)).
• Vontade dos promitentes não pode ser viciada por erro,
dolo ou coação, aplicando-se pois, a promessa de
casamento o regime legal estabelecido para a
generalidade de negócios jurídicos (artigos 240 e ss do
Código Civil). Por isso, o artigo 24 diz ser devida a
indemnização igual a definida e delimitada
relativamente às despesas feitas e as obrigações
contraídas na previsão do casamento quando o mesmo
não se realize por motivo de incapacidade de algum dos
contraentes, se ele ou seus representantes houverem
procedido com dolo. (Nº 2)
Pelo exposto, conclui-se que a promessa será válida só quando
o casamento prometido for legalmente possível, o que significa
que qualquer impedimento matrimonial constitui igualmente
impedimento à conclusão da promessa de casamento. De
contrário, a promessa será considerada nula nos termos do artigo
280, nr 1, do Código Civil.
Quando o casamento não se realize em razão da morte de
algum dos promitentes, o promitente sobre vivo poderá manter
consigo os donativos que haja recebido, mas nesse caso, perde o
direito de exigir os donativos que, por sua parte, tenha feito ao
falecido (artigo 23, nr 1). Quanto à correspondência e aos
retratos pessoais do falecido permite-se que o promitente
sobrevivo os retenha e possa exigir a restituição dos que o mesmo
haja recebido da parte do falecido (artigo 23, nr 2).

8.4. Efeitos da promessa de casamento

Os efeitos do incumprimento da promessa traduzem-se não só na


restituição dos donativos, mas também na indemnização ao
esposado inocente, bem como, os seus pais, tanto das despesas
feitas como das obrigações contraídas na previsão do casamento
pelo promitente que incumpriu a promessa sem justo motivo ou,
por sua culpa, der lugar a que o outro promitente se retracte
(artigo 24). Este direito caduca no prazo de seis meses, contando
da data do rompimento da promessa ou da morte do promitente
(artigo 25).

Quer dizer verificando-se que “a continuação do noivado e a


celebração do casamento não podem razoavelmente ser
exigidos a um ou a ambos os esposados” ou que a culpa de um
dos promitentes deu lugar a que outro se retrate, exigir-se-á
indemnização ao promitente faltoso cujo o montante não pode
ser de montante superior das despesas feitas, nem das
obrigações contraídas na previsão do casamento, sendo a mesma
fixada segundo o prudente arbítrio do tribunal e devendo
atender-se, no respectivo cálculo, tanto a medida em que as
mesmas despesas e obrigações se mostrarem razoáveis perante
as circunstância do caso e as condições dos promitentes, como as
vantagens que, independentemente do casamento, umas e outras
possam ainda proporcionar (artigo 24, nr 3).
E porque a indemnização se reduz as despesas e as obrigações,
excluem-se os lucros cessantes e os danos emergentes que
normalmente são exigidos nos termos gerais do direito dos
contratos.
Um último aspecto de realce é a liberdade que os nubentes tem
de colocar na promessa de contrato uma cláusula penal que fixa
o valor da indemnização, desde que o mesmo não ultrapasse as
despesas e as obrigações previstas no artigo 24..
Da promessa de casamento resulta a obrigação de celebração
de casamento, não obstante a nenhum dos nubentes ser permitido
exigir a celebração do casamento (artigo 19), tudo pelo facto
de, a natureza quer do contrato quer da obrigação ser pessoal.
Para além disso, a promessa resulta um rol de direito e deveres
inseparáveis da relação de intimidade criada entre os
promitentes (o dever de fidelidade a promessa realizada, por
exemplo) e deveres de protecção e confiança a que os
esposados estão reciprocamente vinculados.

8.5. Extinção da promessa de casamento

A extinção da promessa de casamento ocorre pela realização


do casamento entre os promitentes ou pela retractação unilateral
ou bilateral ou pela ocorrência posterior de factos impeditivos
da celebração do casamento (como por exemplo, a morte de um
dos promitentes ou o casamento de um deles com o terceiro).
Não havendo um justo motivo no cumprimento da promessa de
casamento, o promitente faltoso é obrigado a indemnizar a parte
inocente (artigo 24).
JOÃO DE CASTRO MENDES diz que constitui justo motivo de
ruptura da promessa de casamento, por exemplo, “a doença
grave da outra parte, a quebra de fidelidade à promessa pela
contraparte ou a má reputação social do outro promitente” e
ainda “os vícios da vontade e as divergências entre a vontade e
a declaração”.
SUMARIO

Nesta Unidade temática 9 estudamos e discutimos


fundamentalmente três itens em termos de considerações gerais
a disciplina de Direito de Família e Sucessões:
1. Promessa de Casamento.
2. Extinção e efeitos da Promessa de casamento.
Exercícios práticos:

1. Armando, 30 anos de idade, divorciado, pretende-se


se casar com a Berta 10 anos de idade. A demais,
dirige-se a casa dos pais para a fim de mostrar a sua
pretensão, tendo dito os pais que poderiam casar – se
com sua filha assim que esta completasse 18 anos de
idade, desde já que começasse dando despesas da
miúda até esta fase. Quid Iuris!

2. Tomando em atenção a hipótese anterior, suponhamos


que completados os 18 anos a Berta tivesse se
apaixonado por Gildo, de 19 anos, o seu colega de
faculdade querendo eles contrair o matrimónio. O
casamento procederá tomando em conta que esta tinha
já uma promessa de casamento com o Armando? Quid
Iuris!

Respostas:
Rever os apontamentos acima.

TEMA – X: PRESSUPOSTOS DA CELEBRAÇÃO DO


CASAMENTO

UNIDADE Temática 10.1.: Casamento religioso e tradicional


UNIDADE Temática 10. Pressupostos da celebração do casamento

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Caracterizar: Os pressupostos da celebração do casamento religioso e

Objectivos tradicional;
específicos
• Demonstrar: com clareza como funciona as relações jurídicas familiares; ▪

Analisar: as relações jurídicas familiares

• Acompanhar: os sistemas para a realização do casamento Religioso

9. Casamento Tradicional e
religioso

O casamento Religioso e tradicional só podem ser celebrados por


quem tiver a capacidade matrimonial exigida na lei civil (artigo
26).
Assim, garante-se, por um lado, a igualdade dos cidadãos
perante a lei, por outro, “evitar a ocorrência de entre outras
situações, a de casamentos prematuros ou de casamentos
prometidos, ou ainda de casamentos permitidos por certas
religiões.
No tocante ao casamento tradicional, o artigo 27 estabelece
que a sua celebração segue regras fixadas para casamento
urgente em tudo o que não se achar especialmente consagrado
por lei, cuja celebração verifica-se independentemente do
processo preliminar de publicações e sem intervenção do
funcionário do registo civil (artigo 46).
Relativamente ao casamento Religioso, o artigo 28 estabelece
que a comprovação da capacidade matrimonial dos nubentes
ocorre por meio de processo preliminar de publicações
organizado nas repartições do registo civil a requerimento dos
nubentes ou do signatário religioso, nos termos da lei do Registo
(nr 1).
Daí, o artigo 186 do Código de Registo Civil estabelece que o
casamento religioso não pode ser celebrado sem que ao
respectivo dignitário religioso seja apresentado o certificado
para o casamento a que se refere o artigo 177 do mesmo
código, exceptuando os casamentos em caso de morte iminente
ou grave motivo de ordem moral, se for expressamente
autorizado pelo dignitário religioso competente.

O nr 2 do artigo 28 diz que o consentimento dos pais, dos legais


representantes ou do tutor, relativo ao nubente menor pode ser
prestado na presença de duas testemunhas perante o dignitário
religioso, o qual lavra o auto de ocorrência assinando-o todos os
intervenientes.
Quando no despacho final do processo preliminar de publicações
se verifique a existência de impedimentos à realização do
casamento, o funcionário do registo civil extrai dele o certificado
matrimonial, remetendo-o posteriormente ao dignitário religioso
e se o qual o casamento não pode ser celebrado. Após essa
expedição, o funcionário que tiver conhecimento de algum
impedimento, comunica-o imediatamente, ao dignitário religioso
com vista a suster a celebração do casamento até a decisão
relativamente ao mesmo impedimento
(artigo 29).

O casamento pode celebra-se sem processo preliminar de


publicações e sem a passagem do certificado da capacidade
matrimonial dos nubentes, em caso de morte iminente ou de grave
motivo de ordem moral, se for expressamente autorizado pelo
dignitário religioso competente ou pela autoridade comunitária
da área de residência dos nubentes. Mas essa dispensa não
altera as exigências da lei civil, no que diz respeito a
capacidade matrimonial dos nubentes, continuando os infractores
a estar sujeitos às sanções estabelecidas na actual Lei da Família
(artigo 30).

SUMÁRIO

Nesta Unidade temática 10 estudamos e discutimos


fundamentalmente um item em termos de considerações gerais a
disciplina de Direito de Família e Sucessões:
1. O casamento Religioso e tradicional
Exercícios práticos:

1. Caracterize o casamento Religioso e tradicional.

Respostas:
Rever os apontamentos acima.

TEMA – XI: Casamento Civil

UNIDADE Temática 11.: Impedimentos matrimoniais

UNIDADE Temática 11.1. Impedimentos dirimentes absolutos

UNIDADE Temática 11.2. Impedimentos dirimentes relativos

UNIDADE Temática 11.3. Impedimentos Impedientes

UNIDADE Temática 11.4. Casos práticos


UNIDADE Temática 11. Casamento Civil

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


• Caracterizar: Os impedimentos matrimoniais;

Objectivos ▪ Demonstrar: com clareza como funciona o casamento civil; específicos


• Analisar: as relações jurídicas familiares
• Acompanhar: os sistemas para a realização do casamento Religioso e Civil.

10. Impedimentos matrimoniais

Só pode contrair casamento quem tem capacidade matrimonial,


ou seja, aquele em relação ao qual não se verifique algum dos
impedimentos previstos na Lei.

Os impedimentos matrimoniais classificam-se em impedimentos


dispensáveis e impedimentos não dispensáveis.
São os previstos nas alíneas do artigo 39, nr 1:

a. Parentesco no quarto grau da linha colateral;


b. Vínculo que liga o acolhido aos cônjuges da família de acolhimento;
c. Vínculo de tutela, curatela ou administração de bens, se as respectivas contas estiverem
já aprovadas.
Nos termos do nr 2 do mesmo artigo, a concessão da dispensa
compete ao conservador ou, se algum dos nubentes for menor,
ao tribunal de menores.
Os impedimentos não dispensáveis são os que impedem de modo
definitivo o casamento.

Também classificam-se em impedimentos dirimentes e


impedimentos impedientes, classificação que a lei adopta por
mera definição de os impedimentos serem impedientes. Só que
uns impedem, outros impendem e dirimem.
Os impedimentos dirimentes acham-se previstos nos artigos 32 e
32 e os impedimentos impedientes no artigo 34.

10.1. Impedimentos dirimentes absolutos

Os impedimentos dirimentes podem ser:


• Impedimentos dirimentes absolutos: aqueles que
impedem o casamento, constituindo verdadeiras
incapacidades.
• Impedimentos dirimentes relativos: aqueles que
impedem a realização do casamento entre certas
pessoas a quem dizem respeito, mas não de qualquer
uma desta pessoa com uma outra.

10.2. Impedimentos dirimentes absolutos

Nos termos do artigo 32, são impedimentos dirimentes absolutos:

a. Idade inferior a dezoito anos, ou seja, a falta de idade


nupcial;
b. Demência e interdição ou inabilitação por anomalia
psíquica;
c. O casamento anterior não dissolvido desde que se
encontre registado por inscrição.
Relativamente a idade inferior a dezoito anos, importa dizer que
o nubente, que não tiver atingido esta idade, carece de
capacidade matrimonial, isto é, de capacidade de gozo para
contrair casamento, por se julgar que para a realidade
moçambicana, essa idade já se pode considerar, tanto para o
rapaz como para a rapariga “correspondente a alguma
maturidade psico-somática”.
Contudo, admite-se que os jovens com mais de dezasseis anos de
idade, em circunstâncias especiais, possam contrair casamento
com consentimento dos pais ou dos legais representantes.
Quanto à legitimidade, a acção de anulação, o artigo 67
permite propor ou prosseguir nela, os cônjuges ou qualquer
parente na linha recta ou até ao quarto grau da linha colateral,
bem como os herdeiros e adoptantes dos cônjuges e o Ministério
Público (nr 1). Podem, ainda, intentar a acção ou nela prosseguir,
o tutor ou o curador, no caso de menoridade, interdição ou
inabilitação por anomalia psíquica e o primeiro cônjuge do
infractor no caso de bigamia (nr 2).
No que respeita aos prazos da acção de anulação fundada
neste impedimento, a lei fixa para menor o prazo de seis meses
depois de atingir a maioridade, ser plenamente emancipação ou
lhe ser levantada a interdição ou inabilitação; e quando
proposta por outras pessoas, um ano, a contar da celebração do
casamento, mas nunca depois da maioridade, emancipação
plena ou do levantamento da incapacidade (artigo 71, nr 1).
Contudo e de acordo com o artigo 62 n 1, alínea a), se antes de
transitar em julgado a sentença de anulação, o menor confirmar
o casamento perante o funcionário do registo civil e duas
testemunhas, depois de atingir a maioridade ou ser emancipado,
a anulabilidade considera-se sanada, convalidando-se o
casamento.
O mesmo acontece quando o interdito ou inabilitado por
anomalia psíquica confirma, nos termos atrás referidos, depois
de lhe ser levantada a interdição ou a inabilitação (artigo 62,
alíneas a) e b)), ou tratando-se de demência notória, depois de
o demente fazer verificar judicialmente o seu estado de sanidade
mental (alínea b)), ser anulado o primeiro casamento do bígamo
(alínea c)) e for a falta de testemunhas devida a circunstancias
atendíveis, como tais reconhecidas pelo director dos Registos
competente, desde que não haja duvidas sobre a celebração do
acto (Alínea d)).
Relativamente a legitimidade para a acção de anulação por
demência e o respectivo prazo, vale o que já foi dito em relação
à falta de idade nupcial.
Com o impedimento do casamento anterior não dissolvido,
pretende-se garantir a plana observância dos deveres
recíprocos atrás citados com realce para o da fidelidade que
não pode pactuar com situações de bigamia.
Quanto a legitimidade para a acção de anulação, o artigo 67
estabelece que ela pode ser intentada pelos cônjuges ou
qualquer parente na linha recta ou ate quarto grau na linha
colateral, pelos herdeiros e adoptantes dos cônjuges e pelo
Ministério Público, incluindose ainda, o primeiro cônjuge do
infractor no caso de bigamia (nr 2). Mas essa acção não pode
ser instaurada nem pode prosseguir quando esteja pendente uma
outra acção relativa ao primeiro casamento do bígamo (artigo
71, nr 2), convalidando-se o segundo casamento no caso de
declaração de nulidade ou anulabilidade do primeiro.
No que respeita ao prazo, fixa-se o de um ano a contar da
celebração do casamento (artigo 71 nr 1 alínea b)).
Quanto à dissolução do casamento, a lei estabelece que, em
relação ao casamento anterior, ela pode ocorrer por divórcio ou
por morte.
Ora, o problema que já se tem colocado é o de se saber se a
simples morte presumida é causa de dissolução. A resposta é
negativa, enquanto não ocorrer a sua declaração. Daí que a
haver divórcio, o respectivo fundamento só pode ser o da alínea
d), do nr 1, do artigo 181, ou seja, abandono completo do lar
conjugal por tempo superior a um ano.
A declaração de morte presumida motiva a dissolução, podendo
o cônjuge do ausente contrair novo casamento. Nos casos em que
o ausente regressa ou haja notícias de que o mesmo era vivo
aquando da celebração das novas núpcias, o primeiro casamento
considera-se dissolvido por divórcio à data da declaração de
morte presumida (artigo 116 do Código Civil).

10.3. Impedimentos dirimentes relativos

Nos termos do artigo 33, são impedimentos dirimentes relativos:


a. O parentesco na linha recta;
b. O parentesco no terceiro grau na linha colateral;
c. Afinidade na linha recta;
d. A condenação anterior de um dos nubentes, como
autor ou cúmplice por homicídio doloso, ainda que não
consumado contra o cônjuge do outro.
Em relação ao impedimento de parentesco, importa realçar que
a adopção integra-se no parentesco, quer tratando-se da
relação entre o adoptante e do adoptado e nas relações entre
o adoptado e os filhos do adoptante, caso existam, tendo em
conta o princípio do artigo 400.
Este tipo de impedimento visam sobretudo afastar casos de
incesto por razoes de natureza ética, Eugénica e social que, de
acordo com CARBONNIER, fazem de tal proibição “ um dos tabus
mais profundos da humanidade”.
Por isso, relacionado com o que estabelecia o artigo 1602 do
Código Civil, relativamente aos efeitos do parentesco
proveniente da linha colateral, fixados na alínea b), estendeu-se
a sua eficácia até ao terceiro grau, sabido quão fortes são as
relações de parentesco no nosso universo cultural, onde os tios
são tidos como autênticos pais e os sobrinhos são vistos como
filhos”.
Em relação a afinidade e a adopção, as razões de ordem moral,
independentemente do respeito devido, às concessões sociais que
não deixariam de condenar ou censurar casamentos entre as
pessoas de certo modo abrangidas pelos mesmos impedimentos,
como, por exemplo, o casamento entre sogra e genro, pessoas
que, entre si, normalmente estabelecem um relacionamento
bastante estreito na vigência dos respectivos casamentos.
Para ANTUNES VARELA é permitido o casamento do ex-marido
com a filha que a ex-mulher vier a ter após o divórcio porque
não há vínculo de afinidade entre esta e o referido ex-marido
da mãe. O que não é permitido é o casamento entre aquele ex-
marido com a filha tida dum casamento anterior porque ela
torna-se “afim do novo marido da sua mãe e o vínculo persiste,
mesmo depois da dissolução (por morte ou por divorcio) do
segundo casamento da progenitora.
Para FRANCISCO PEREIRA COELHO e GUILHERME DE OLIVEIRA,
qualquer dos dois impedimentos é relevante mesmo quando a
maternidade ou paternidade não se mostre estabelecida,
permitindo o Código de Registo Civil que a respectiva prova se
faça no Processo de impedimento do casamento (artigos 318 e
seguintes), ou, caso se tenha realizado, em acção de declaração
de nulidade ou anulação do casamento.
Nos casos em que o impedimento do parentesco não reconhecido
é declarado em processo de casamento, os interessados poderão
unicamente impugnar o casamento declarado nos termos do
artigo 321, do Código de Registo Civil; os mesmos interessados
poderão recorrer aos meios ordinários com vista à obtenção com
vista a obtenção da declaração de inexistência do impedimento,
em acção movida contra as pessoas com legitimidade para
requerer a declaração de nulidade ou anulação (artigo 67, nr 1)
com fundamento no impedimento reconhecido.

Quando celebrado com impedimento de parentesco na linha


recta ou no da linha colateral, ou de afinidade na linha recta, o
casamento é anulável.
A acção de anulação pode ser proposta pelos cônjuges ou
quaisquer parentes deles na linha recta ou até quarto grau da
linha colateral, pelos herdeiros e adoptantes dos cônjuges ou
pelo Ministério Público (artigo 630), até um ano depois da
celebração do casamento (artigo 71 nr 1 alínea b)).
Como se depreende da alínea e), do artigo 33, o homicídio deve
ser voluntário. Se for involuntário, provocado de forma acidental,
sem intenção de matar, não constitui impedimento. Por outro lado,
se a condenação supõe sentença com trânsito em julgado, lógico
será de excluir a hipótese de impedimento, nos casos de
acusação ou da pronúncia ou a existência de processo crime
contra os nubentes, pois que nem a acusação nem a pronúncia,
nem o simples facto de existência de processo-crime podem
induzir a condenação, mas uma suspeita que poderá conduzir a
que o casamento não se celebre até que se conheça o desfecho
do processo, assim, passando a impedimento impediente, como
adiante veremos. O impedimento releva a partir da data em que
a sentença dessa condenação transita em julgado.
Com o estabelecimento deste impedimento pretende-se evitar
que o autor ou cúmplice do referido homicídio não se aproveite
de alguma forma do homicídio que possa ser cometido em conluio
entre os nubentes com o objectivo do casamento do agente com
o cônjuge da vítima.
Quanto a legitimidade, a acção de anulação com fundamento
neste impedimento pode ser intentada pelos cônjuges ou por
qualquer parente de cada um deles na linha recta ou até quarto
grau da linha colateral, pelos herdeiros e adoptantes dos
cônjuges e pelo Ministério Publico (artigo 67, nr 1), no prazo de
um ano a contar da celebração do casamento (artigo 71 nr 1
alínea b)).
10.4. Impedimentos Impedientes

Nos termos do artigo 34, são impedimentos impedientes:

a. O prazo internupcial;
b. O parentesco no quarto grau da linha colateral;
c. O vínculo de tutela, curatela ou administração
legal de bens;
d. O vínculo que liga o acolhido ao cônjuge da
família de acolhimento;
e. A pronúncia do nubente pelo crime de homicídio
doloso ainda que não consumado, contra o cônjuge do
outro, enquanto não houver despronúncia ou absolvição
por decisão passada em julgado;
f. A oposição dos pais ou tutor do nubente.

Como dissemos atrás, estes impedimentos apenas impedem a


celebração do casamento e nunca a anulação após a sua
celebração, ou seja, não determinam a existência de verdadeiras
incapacidades. Originam simplesmente proibições legais de
casamento, sob pena de sanções diferentes da anulabilidade e
menos severas do que ela.
Relativamente ao impedimento da alínea a), é estabelecido um
prazo entre a dissolução ou anulação do casamento e a
realização de um novo casamento daquele em relação ao qual
aquela dissolução ou anulação se verificou, que é de seis meses,
prazo que, em caso de divórcio ou anulação de casamento civil,
conta-se a partir do trânsito em julgado da respectiva sentença
(alínea e), no caso de morte, logicamente, a partir da data do
óbito (artigo 33 e artigo 169, nrs 1 e 2, do código de Registo
Civil).
A lei estabelece três excepções: o casamento ter sido dissolvido
por divórcio não litigioso; o casamento ter sido dissolvido por
conversão da separação de pessoas e bens em divórcio e haver
divórcio litigioso quando judicialmente comprovada a separação
de facto de há mais de seis meses (artigo 33, nr 3 e artigo 169,
nr 3 do Código de Registo
Civil).

SUMÁRIO

Nesta Unidade temática 11 estudamos e discutimos


fundamentalmente item em termos de considerações gerais á
disciplina de Direito de Família e Sucessões:
2. Impedimentos matrimoniais.
Exercícios práticos:

1. Pedro, de 54 anos de idade, empregado de mesa, no bar da empresa


Somal, SA, cumpriu pena de prisão no estabelecimento prisional BO,
por homicídio doloso consumado, praticado contra Jorge, professor e
tentativa de homicídio contra sua esposa, Clarinha, gestora, no dia 16
de Fevereiro de 1980. Os crimes foram cometidos com arma de fogo, e
nessa sequência, Jorge terá falecido e Clarinha ter se-á quedado em
coma durante vários meses, finalizando a sua alta com sequelas
graves nas áreas cerebrais consignadas à memória.
Após o sucedido, Pedro foi condenado e Clarinha já
recuperada, seguiu para Austrália onde residia o seu único
familiar vivo, um avo de 90 anos.
Em Janeiro de 2005, Clarinha regressa novamente ao território
nacional e passa a gerir a Multinacional Somal, SA, onde
encontra Pedro. Este, visivelmente mudado, e de barba,
reconhece de imediato, Clarinha embora o mesmo não suceda
com ela.
Motivado por um desejo de vingança, pelos anos perdidos
enquanto preso, aproxima-se de Clarinha, viúva desde o
sucedido, com o desejo firme de contrair, com com ela
matrimónio, a fim de lhe extorquir o máximo possível dos
seus bens e dinheiro. Quid Iuris!

2. Pedro casou com Inês (1), viúva


do seu irmão consanguíneo
(2), Dinis (3).
Dez anos depois, Inês faleceu e Pedro pretende c
elebrar novo casamento com Catarina (4), filha d
o anterior casamento de Inês com Diniz, com que
m já vivia há 3 anos. Catarina pretende adoptar
Beatriz (6), filha de Pedro e Inês.
Objectivos: Qualificar as diversas relações jurídico‐
familiares em presença; evidenciar a relevância d
a
qualificação para efeitos da constituição de outras
relações j urídicas familiares (capacidade
matrimonial, relação de ado pção).

Respostas:
1. Caso 1, rever matéria referente aos impedimentos matrimoniais.

2. Caso 2, rever matéria relativa a capacidade matrimonial, adopção.

TEMA – XII: Invalidade do


casamento

UNIDADE Temática 12.: Invalidade do casamento

UNIDADE Temática 12.1. Anulabilidade do casamento

UNIDADE Temática 12.2. Falta de vontade

UNIDADE Temática 12.2.1. Regime Jurídico da Falta de


vontade
UNIDADE Temática 12.3. Vícios de consentimento

UNIDADE Temática 12.4. Prazos da Caducidade da Propositura


da acção

de anulação

UNIDADE Temática 12.5. Casos práticos


UNIDADE Temática 12. Invalidade do casamento

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

• Caracterizar: As causas da invalidade do casamento;

▪ Demonstrar: com clareza como funciona os vícios de consentimento e a falta


Objectivos

específicos
de vontade;

• Analisar: as relações jurídicas familiares

Acompanhar: os Prazos da Caducidade da Propositura da acção de anulação


do casamento

11. Invalidade do casamento

Irregularidade, como as que prendem com a organização do


processo preliminar, a celebração do próprio acto, a
inobservância aos impedimentos e outros, podem afectar o
casamento, sem que resultem as mesmas consequências. Os
impedimentos impedientes e determinadas irregularidades de
forma não prejudicam a validade do casamento, mas os
impedimentos dirimentes já o afectam com maior intensidade. Dos
impedimentos ou dos defeitos da vontade, podemos distinguir as
causas de inexistências do casamento (artigo 57) e as causas de
anulabilidade (artigo 58).

Daqui se conclui que pela manifestação do desvio do regime das


invalidade do casamento, relativamente ao regime geral dos
negócios jurídicos, em que a distinção se faz entre a nulidade e
a anulabilidade dos contratos, sediada nos artigos 285 e
seguintes do Código Civil. É que nestes, é possível identificar
casos de nulidades cuja declaração pode ocorrer oficiosamente
através de decisão judicial, mas relativamente ao casamento civil
tal não é possível, mesmo nos casos em que são afectados de
anomalias graves, como o de parentesco na linha recta ou no
segundo grau da linha colateral, casos em que, em vez da
decisão judicial, se faz uso da acção especial para a sua
declaração,
meio adequado a destruir “a aparência criada junto do público
pela cerimonia do casamento”. In Antunes Varela, Ob. Citada,
pág. 282.
No que respeita ao regime jurídico da inexistência de casamento,
importa dizer que havendo necessidade de erradicar os excessos
da lista de impedimentos fixados pelo direito canónico com
vigência durante séculos, o Código Civil Francês arrolou em 1804
os impedimentos do casamento, e seguidamente, criou-se tanto
na doutrina como na jurisprudência daquele pais com larga
irradiação para os outros países, o dogma “pás de nullité sans
texte em matiere de mariage”, ou seja, de não admissão no
casamento de outras nulidades, além das que constam da Lei.
A vigência da figura inexistência impunha-se não só para afastar
o descabido uso da acção judicial para não obstante a lei atacar
o casamento nulo, afectado de causa de nulidade, mas também
porque, relativamente a esses casos, se afigurava descabido o
recurso ao tratamento do casamento putativo que é destinado
não só para os casamentos anuláveis como para os nulos, como
se vê da Lei, ao elencar os casos de casamentos inexistentes
(artigo 55) e ao estabelecer o regime jurídico da inexistência do
casamento (artigo 57).

11.1. Anulabilidade do casamento

A anulabilidade do casamento pode ocorrer quando haja causas


de carácter genérico, tais como a existência de algum
impedimento dirimente, a falta de vontade de

qualquer dos nubentes e a ocorrência de vício relevante ao


consentimento. Também pode ocorrer quando haja uma causa
de carácter específico como a da ausência de intervenção de
testemunhas exigidas por lei (artigo 70).

O recurso a anulabilidade impõe propositura de acção para o


efeito e por pessoas com legitimidade necessária (artigos 67 e
seguintes) e dentro de determinados prazos, sob pena de
caducidade (artigos 71 e ss) sem prejuízo de, em alguns casos,
ocorrer consolidação definitiva do casamento, por afastamento
de causa de que é emergente, como pode acontecer quando
declarada a anulação do primeiro casamento do bígamo (artigo
71, nr 1 alínea 2)) em que a convalidação do segundo casamento
opera ipso iure, sem a necessidade de confirmação pelo
bígamo.
No caso de anulabilidade por falta de idade nupcial, motivo de
interdição ou inabilitação por demência ou anomalia psíquica do
nubente, a consolidação do casamento verifica-se por
confirmação do nubente, como refere o artigo 71, alínea a).
No que respeita a legitimidade para propor a acção de
anulação do casamento, o artigo 67 indica para a propositura
ou prosseguir com ela, em defesa dos interesses da família, os
cônjuges ou seus herdeiros ou adoptantes, parentes na linha
recta ou até quarto grau da linha colateral, em defesa do
interesse público, o Ministério Público, como pode acontecer
quando este tenha conhecimento da existência do impedimento
do incesto ou condenação de um dos nubentes por crime de
homicídio contra o cônjuge do outro ou para o primeiro cônjuge
do bígamo, podendo, assim, defender o seu interesse particular
(artigo 67).
Quando se trata de falta de idade nupcial, interdição ou
inabilitação por anomalia psíquica, a legitimidade é extensiva
ao tutor ou curador do nubente (artigo 67, nr 2).
Para o caso de falta de testemunhas, cuja intervenção serve para
garantir “a genuidade e publicidade do acto” (In ANTUNES
VARELA, ob. Cit. Pág. 292) a defesa do interesse público é feita
pelo Ministério Público (artigo 66).

Nos casos de vícios de consentimento ou da falta de vontade, a


legitimidade para defender os interesses particulares dos
cônjuges ou de terceiros, cabe aos interessados, ou seja, aos
titulares dos mesmos interesses (artigos 64 e 65), podendo
prosseguir na acção que não se pretende com o casamento
simulado proposto em tempo oportuno, os respectivos parentes,
afins na linha recta, herdeiros ou adoptantes do autor falecido
na pendência da causa, para execução da vontade manifestada
pelo cônjuge (artigos 64, nr 2 e 65).

11.2. Falta de vontade

A falta de vontade compreende:

a. Todo o acto que o nubente pratica, sem que tenha


consciência do acto praticado, como pode acontecer
quando o faz sob os efeitos de drogas, da embriagues,
do sonambolismo, etc;
b. Todo acto que o nubente prática, mas errado
sobre a identidade física da pessoa, como por exemplo,
João pretender casar com Margarida, mas casa com
Júlia. Quer dizer, havendo declaração, mas não havendo
consentimento para aquele casamento com Júlia. Trata-
se de hipótese dificilmente concebível em casamento
normal. Mas assim não no casamento por procuração em
que João pretende casar com Margarida, mas passa
procuração para casamento com Júlia;
c. Todo o acto que o nubente pratica movido por
violência ou coação ou outros meios inadequados. Quer
dizer, existência de declaração, mas não acompanhada
por consentimento, dado este

ter sido extorquido por aqueles meios;

d. Simulação em que predomine a contradição entre a


vontade real e a declaração resultante do acordo entre
os nubentes com o propósito de, através do engano a
terceiro, obter vantagem alheia ao próprio casamento,
porque este foi dado no momento acima referido. Neste
âmbito, importa não confundir a simulação, que é
caracterizada pelo acordo entre os nubentes com vista a
alcançar vantagem alheia ao casamento, com a reserva
mental, em que apenas é um dos nubentes que dá
aparentemente o consentimento, mas com um propósito
divergente do essencial para a declaração do
casamento.
11.3. Regime Jurídico da Falta de vontade

A lei diz que é anulável o casamento celebrado por parte de um


ou de ambos os nubentes com falta de vontade ou com a vontade
viciada por erro ou coação (artigo 64, alínea c)), anulação que,
em geral, pode ser pedida pelo cônjuge cuja vontade faltou,
podendo, também, prosseguir na acção os seus parentes afins
legítimos na linha recta, herdeiros ou adoptantes, se o autor
falecer na pendência da causa (artigo 69).
Quanto ao casamento simulado, a lei determina a sua anulação
a pedido das pessoas prejudicadas com o mesmo, mas nunca
pelos cônjuges (artigo 68), em acção instaurada no prazo de um
ano a contar da celebração do casamento (artigo 72).

11.4. Vícios de consentimento

A vontade de contrair casamento, embora exista pode ser


prejudicada essencialmente, por dois vícios:

• O erro e a coação moral.

a) O erro funda-se na revelação intelectual ou mental de um


facto adverso à realidade. O mesmo se passa com o vício do
consentimento quando, embora

não havendo a afectação da vontade real por vício, a


declaração diverge da vontade real, ou seja, declarar-
se aquilo que se não quer.
O erro-vício, declara-se o que se pretende, mas movido por erro,
isto é, a declaração que se faz não teria sido feita se não fosse
o erro ocorrido.
Quanto ao objecto do erro, importa realçar que o erro-vício
tende a recair sobre as qualidades essenciais – físicas, morais,
jurídicas – da pessoa do outro cônjuge, relevando para anulação
do casamento os que se refiram aos factos indicados no artigo
65 alínea a), isto é, a prática antes do casamento, de algum
crime doloso punido com pena superior a dois anos, seja qual for
a natureza deste e ter vida e costumes desonrosos antes do
casamento.

Finalmente, o erro deve ser próprio, ou seja, o erro não deve


incidir sobre alguns dos requisitos da subsistência ou da validade
do casamento. É que, se tal incidência ocorrer, o casamento
celebrado considera-se anulável, não por causa do erro, em si
mesmo considerado, mas como resultado da ausência ou
insuficiência do requisito da subsistência ou da validade do
casamento a que o erro se imputa.
b) A coação moral é o temor de um mal de que o declarante foi
ilicitamente ameaçado para dele se obter a declaração,
ameaça que pode respeitar tanto a pessoa como a honra ou
a fazenda do declarante ou de terceiro (Código Civil, artigo
255, nrs 1 e 2). Existirá deste modo coação sempre que se
verificar um mal cujo receio se forma no espírito do
declarante com a ameaça.
No que respeita a ameaça do mal, impõe-se que seja
intencional e determinante em relação ao autor e vítima,
respectivamente, devendo, ainda, ser ilícita, isto é, não
consentida pelas normas jurídicas. Por isso, ANTUNES VARELA
sustenta que a ameaça que o pai da menor desflorada dirige
ao autor do estupro de o processar no caso deste não casar
com a filha, não é coação, mas o exercício dum direito
conferido por lei. Tal não acontece, quando a ameaça se
traduz no exercício anormal dum direito, como, por exemplo,
a ameaça de participar o crime de que é agente o noivo,
sem que esse crime tenha relação com a pessoa da noiva.
Finalmente, é de realçar que como se exige relativamente
aos restantes negócios jurídicos em geral, os requisitos da
relevância da coação consistem na gravidade do mal que se
receia e na justificação do temor da sua cominação.

11.5. Prazos da Caducidade da Propositura da acção de


anulação
Relativamente aos prazos de caducidade da propositura da
acção de anulação, a lei impõe:
a. Nos casos dos impedimentos temporários como os
da falta de idade nupcial, da demência notória, da
interdição ou inabilitação por anomalia psíquica, a
legitimidade para requerer a anulação cabe ao incapaz,
desde que finda a causa da incapacidade, no prazo de
seis meses e para as outras pessoas, no prazo de um ano
após a celebração do casamento, mas nunca depois da
maioridade, emancipação ou do levantamento da
incapacidade (artigo 71 nr 1 alínea a)). Para os casos de
impedimentos dirimentes de carácter permanente, tais
como o parentesco ou a afinidade na linha recta, ou o
parentesco na linha colateral no terceiro grau, o prazo é
de um ano a contar da celebração do casamento (artigo
71 nr 1 alínea b));
b. No que respeita a condenação por homicídio
contra o cônjuge de um dos nubentes, o prazo de
caducidade é de um ano a contar da data da celebração
do casamento (artigo 71 nr 1, alínea b));

c. Igual prazo é fixado para os casos de falta de


vontade ou de vícios da vontade (artigos 68 e 69);
d. Tratando-se de falta de testemunhas, esse prazo
vai até ao termo dos seis meses posteriores à celebração
do casamento (artigo 70).

SUMARIO

Nesta Unidade temática 12 estudamos e discutimos


fundamentalmente de vários itens em termos de considerações
gerais á disciplina de Direito de Família e Sucessões:
1. Invalidade do casamento;
2. Anulabilidade do casamento;
3. Vícios de consentimento;
4. Falta de vontade
Exercícios práticos:

Casos Práticos

1. Consideremos que o pedido de divórcio foi procedente e que


desde 2003 A vive com E, chinesa, mulher de 25 anos, àquela
data, que conheceu no seu restaurante, como empregada, e
que foi assumindo progressivamente o papel de patroa.
Celebraram casamento em cerimónia chinesa pública, com
convites e banquete como os demais, embora tendo deixado
para mais tarde o seu registo, pois, segundo um seu cliente,
não era urgente nem absolutamente necessário. Não tendo
filhos desta relação, adoptaram os dois uma sobrinha de E, F,
menina, à data de 10 anos, filha da sua irmã e de pai
desconhecido, irmã que era mãe solteira e morrera de um
cancro fulminante, A adopção foi decretada por sentença
transitada em julgado, em que não invocaram o casamento,
que até agora não tentaram registar.
Perante os dados disponíveis, seria possível e quais os efeitos
desta adopção? E quais os efeitos do casamento celebrado?

Respostas:
1. Caso 1, rever matéria referente aos Invalidade do
casamento e efeitos da adopção.

TEMA – XIII: CASAMENTO


PUTATIVO

UNIDADE Temática 13.: casamento putativo

UNIDADE Temática 13.1.: Natureza jurídica do casamento


putativo

UNIDADE Temática 13.2: Efeitos do casamento putativo

UNIDADE Temática 13.3. Casos práticos


UNIDADE Temática 13. Casamento Putativo

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

• Caracterizar: As modalidades casamento putativo;

Objectivos ▪ Demonstrar: a natureza do casamento putativo; específicos


• Analisar: as relações jurídicas familiares;
Acompanhar: os efeitos do casamento putativo.

12. CASAMENTO PUTATIVO

É putativo o casamento em que ambos os nubentes ou um deles,


não conhecendo a veracidade dos factos, acreditam ter
contraído um casamento válido. PEREIRA COELHO prefere
designá-lo de facto material que se manifesta pela aparência
dum casamento, relativamente ao qual atribui efeitos análogos
aos desse acto.

Trata-se da figura que se constituiu para evitar a destruição


retroactiva dos efeitos produzidos pelo casamento até ao
momento da declaração da sua nulidade, sendo assim, esses
efeitos respeitados quer a favor de ambos os cônjuges de boa
fé quer a favor de um deles quando apenas este tenha agido
de boa fé.

12.1. Natureza jurídica do casamento putativo

A ideia deste tipo de casamento radica-se no direito canónico, a


partir do século XII, com vista a minimizar os efeitos negativos da
aplicação retroactiva da declaração de nulidade do casamento.
Com efeito, havendo nulidade ou anulabilidade do casamento, a
relação matrimonial passaria, consequentemente, desde a
celebração do casamento a pura união de facto com as
inconveniências da perda de validade dos efeitos já produzidos,
não obstante o casamento ter sido celebrado de boa fé.
A instituição do casamento putativo tem em vista obviar aos já
referidos inconvenientes, já que, verificada a declaração da
nulidade do casamento, não se anulam os efeitos que, em virtude
dessa união, se produzam.

12.2. Efeitos do casamento putativo

De acordo com o nosso ordenamento jurídico, o casamento


putativo produz efeitos quando:

• O casamento se celebra sem qualquer dos defeitos


referidos no artigo 55;

• O casamento seja declarado anulado (artigo 57);


• Haja boa fé por parte dos cônjuges ou de um deles, no
momento da celebração do casamento (artigo 75 nr 1 e
2);

SUMARIO

Nesta Unidade temática 13 estudamos e discutimos


fundamentalmente de vários itens em termos de considerações
gerais á disciplina de Direito de Família e Sucessões:
1. Casamento Putativo;
2. Natureza e efeitos do casamento putativo.
Exercícios práticos:

1. Em que consiste o casamento putativo?

2. Fale da natureza e efeitos do casamento Putativo.

Respostas:
1. Rever matéria tratada anteriormente.

TEMA – XIV: Efeitos do casamento quanto as pessoas e aos


bens dos cônjuges

UNIDADE Temática 14.2.: Efeitos pessoais

UNIDADE Temática 14.2.: Efeitos patrimoniais

UNIDADE Temática 14.3: Bens do casal e bens próprios

UNIDADE Temática 14.4. Casos práticos


UNIDADE Temática 14.: Efeitos do casamento quanto as pessoas e aos
bens dos conjuges.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


• Caracterizar: As modalidades casamento putativo;

Objectivos ▪ Demonstrar: a natureza do casamento putativo; específicos


• Analisar: as relações jurídicas familiares;
Acompanhar: os efeitos do casamento putativo.

13. Efeitos dos casamento quanto as pessoas e aos bens dos cônjuges
13.1. Efeitos pessoais

A matéria dos efeitos pessoais do casamento rege-se pelo


princípio da igualdade dos cônjuges espelhado no artigo 36 da
Constituição que dispõe o seguinte:
O homem e a mulher são iguais perante a lei em todos os
domínios da vida política, económica, social e cultural.
Este princípio está também inscrito em constituições de vários
países, de que destacamos o Brasil (artigo 226, & 5º) e Portugal
(artigo 36, nr
3).

13.2. Efeitos patrimoniais

O casamento não só determina a produção dos efeitos de


carácter pessoal dos cônjuges, pois, ele acaba por afastar a
situação jurídica dos bens que cada um dos cônjuges possui na
altura do casamento ou bens cuja aquisição por cada um deles
venha a ocorrer após a sua celebração.

Só que o efeitos de natureza pessoal são regulados de forma


imperativa, não podendo ser alterados ou substituídos por
qualquer dos cônjuges, e o regime dos efeitos de natureza
patrimonial, em certa medida, admite o poder de regulação por
parte dos cônjuges, ou seja, a lei permite as partes até a
celebração do casamento adoptar o regime matrimonial de bens
constituído por normas que orientam o seu estatuto patrimonial,
tanto nas sua relações recíprocas como nas relações recíprocas
como nas relações com terceiros.
13.3. Bens do casal e bens próprios

Os bens dos cônjuges qualificam-se, juridicamente, em duas


categorias:

• Bens do casal ou bens comuns que pertencem a ambos os cônjuges;

• Bens próprios que pertencem individualmente a cada um dos cônjuges


Relativamente à administração dos bens do casal, impõem-se a
prevalência do princípio da igualdade entre marido e mulher.
Pois, a ambos incumbe, em igualdade de circunstância, a
administração de tais bens, devendo privilegiar o diálogo e o
consenso na tomada de decisões que possam afectar o
património comum ou os interesses de filhos menores (artigo
106).
Quanto aos bens próprios, tudo indica que cada um administra
os seus próprios bens, sem prejuízo de os bens de um dos cônjuges
serem administrados pelo outro (artigo 156).
Quanto à alienação de bens entre vivos, tanto o marido como a
mulher tem legitimidade para alienar livremente, por acto entre
vivos os imóveis do casal, próprios ou comuns. Mas quando forem
alienados móveis comuns por negócio gratuito, sem o
consentimento de ambos os cônjuges, a importância desses
mesmos bens tratando-se de doação remuneratória ou conforme
os usos sociais (artigo 107 nr 1).
SUMARIO

Nesta Unidade temática 14 estudamos e discutimos


fundamentalmente de vários itens em termos de considerações
gerais a disciplina de
Direito de Família e Sucessões:
1. Efeitos dos casamento quanto às pessoas e aos bens dos
cônjuges.
Exercícios práticos:

1. Em que consiste os efeitos do casamento quanto às pessoas e aos


bens dos cônjuges?

Respostas:
2. Rever matéria tratada anteriormente.

TEMA – XV: Dissolução do


casamento
UNIDADE Temática 15.1.: Causas da cessação da relação
conjugal

UNIDADE Temática 15.2. Casos práticos


UNIDADE Temática 15.: Dissolução do casamento

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

• Caracterizar: As causas da dissolução do casamento.

Objectivos ▪ Analisar: as relações jurídicas familiares; específicos


• Identificar: as causas da dissolução do casamento.

14. Dissolução do casamento

14.1. Causas da cessação da relação conjugal

A extinção da relação conjugal compreende não só a


cessação do casamento por declaração de inexistência ou da
anulação do casamento, cujos efeitos se reproduzem ex tunc,
ou seja, são virados para o momento posterior à celebração
do casamento, mas também a sua dissolução, suprimindo
para o futuro, isto é, ex nunc, todos os efeitos do casamento,
exceptuando a relação de afinidade, por vezes, o uso do
apelido, a relação de alimentos ou do seu sucedâneo, ou
seja, o apanágio do cônjuge sobrevivo (artigo 428).

As causas da dissolução do casamento são: a morte de um


dos cônjuges, ou simultaneamente de ambos os cônjuges,
o divórcio e a mudança de sexo.

• Com o falecimento de um dos cônjuges ou de ambos


o casamento dissolve-se (artigo 198).

• O divórcio também cessa o casamento, rompendo


totalmente a relação conjugal e com os mesmos
efeitos da dissolução do casamento por morte, salvas
as excepções consagradas na Lei e que já foram
anteriormente identificada (artigo 199 nr 1);
• A mudança de sexo de um dos cônjuges é um
fenómeno medicamente possível nos nossos dias.

• Com efeito, diz a lei que o casamento é a união


voluntária e singular entre um homem e uma mulher,
com o propósito de construir família mediante
comunhão plena de vida (artigo 8). Esta cessação de
casamento tem, de ser decidida pelo tribunal em
acção intentada por um dos cônjuges contra o outro,
a todo o tempo, mas sem dispensa da declaração
judicial referida no artigo 57, nr 2, para a
inexistência do casamento porque este se encontra
registado de acordo com os artigos 79 e 80,
constituindo prova suficiente do casamento, a qual só
pode ser contrariada por sentença transitada em
julgado, proferida em acção proposta para o efeito
(artigo 5 nr 1, do Código de Registo Civil).

SUMÁRIO

Nesta Unidade temática 15 estudamos e discutimos fundamentalmente


de vários itens em termos de considerações gerais á disciplina
de
Direito de Família e Sucessões:
1. Dissolução do casamento.
Exercícios práticos:

1. Quais são as causas da cessação da relação conjugal.

Respostas:
1. Rever matéria tratada anteriormente.

TEMA – XVI: Direito de filiação

UNIDADE Temática 16.: Direito de filiação

UNIDADE Temática 16.1.: Relação Jurídica da Filiação

UNIDADE Temática 16.2.: Estabelecimento da maternidade e


paternidade

UNIDADE Temática 16.3.: Efeitos da filiação

UNIDADE Temática 16.4. Casos práticos


UNIDADE Temática 16.: Direito de filiação
Introdução
Filiação é a relação jurídica que se estabelece entre os
progenitores (pai e mãe) e os respectivos filhos. A sua
importância se deve ao facto de ser o primeiro laço entre os
demais que formam as relações de parentesco e o de afinidade.
JOÃO DE CASTRO MENDES defende que as procriações ou
gerações tem por causa de relações de filiação, dando o
seguinte exemplo “ A é primo de B por se filho de C e B ser filho
de D, e C e D serem filhos de E; se A casar com F, causas de
afinidade de F com B, D e E são o casamento e a referida rede
de filiações”.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

• Caracterizar: As causas da dissolução do casamento.

Objectivos ▪ Analisar: as relações jurídicas familiares; específicos


• Identificar: os efeitos da filiação.

16.1. Relação Jurídica da Filiação

A relação jurídica de filiação tem como causa o facto natural da


procriação, mas não depende do estado civil de casado ou não
casado dos progenitores. Pois, estando pai e mãe unidos pelo
casamento, presume-se, de acordo com a Lei, o vínculo de
paternidade relativamente ao marido da mãe, sendo a base de
filiação de natureza biológica. Mas, quando não é possível
determiná-la, a lei fala de certos critérios legais para o seu
estabelecimento, critérios que variam conforme respeitem ao
estabelecimento do artigo da maternidade ou da paternidade.

No nosso ordenamento jurídico não colhe o estabelecimento da


filiação baseado na fecundação artificial, já que, de acordo com
a lei, ela não pode ser invocada para estabelecer a paternidade
do filho procriado por meio dela, nem para impugnar a
paternidade presumida por lei (artigo 214).
Resumindo, a filiação é um vínculo de base biológica que adquire
a relevância jurídica, após o seu reconhecimento por lei, através
de estabelecimento de normas relativas ao seu estabelecimento,
aos estabelecimento da maternidade e ao estabelecimento da
paternidade e aos efeitos da filiação.

16.2. Estabelecimento da maternidade e paternidade

Relativamente à mãe, a filiação resulta do facto do nascimento


estabelecer-se pela declaração da maternidade ou indicação da
maternidade (artigos 214 a 218), averiguação oficiosa (artigos
228 a 230) e pelo reconhecimento judicial (artigos 233 a 243).
De acordo com o artigo 223, quem declara o nascimento deve
sempre que possível identificar o nome da mãe do registando,
mencionando-o no registo, sendo o nome do registando o
indicado pelo declarante, ou quando este o não queira fazer,
pelo funcionário perante quem foi prestada a declaração (artigo
128 do Código do Registo Civil).
No que respeita a presunção da paternidade, diz a lei que o
filho nascido ou concebido na constância do matrimónio da mãe
tem como pai presumido o marido da mãe (artigo 244, nr 1).
Pois, em princípio, os cônjuges cumprem os deveres recíprocos de
coabitação e de fidelidade de acordo com os artigos 97 a 101,
considerando-se progenitores das pessoas cuja concepção ou
gestação resulta das relações sexuais havidas entre ambos –
homem e mulher.
De acordo com o artigo 217, o momento da concepção do filho
é fixado para os efeitos legais, dentro dos primeiros cento e
oitenta dias dos trezentos que precederam o seu nascimento.
Ora, conjugando estas regras com as da presunção de
paternidade do artigo 244, podemos concluir pela verificação
de quatro hipóteses:

• Relativa ao filho nascido na constância do casamento;

• Relativa ao filho nascido no casamento mas nascido


antes;

• Relativa ao filho concebido depois de finda a


coabitação; e

• Relativa a não indicação da paternidade do marido.

No que respeita à menção da paternidade, diz o artigo 251,


que a paternidade presumida nos termos atrás referidos deve
constar obrigatoriamente do registo do nascimento do filho. Não
sendo admitidas menções que a contrariem, salvo o disposto
sobre os filhos concebidos antes do casamentos (artigos 245) e
sobre a não indicação da paternidade (artigo 248).
Segundo o art. 251 nr 1 da nova Lei Familia, a presunção da
paternidade relativa ao marido da mãe não pode ser
impugnada, a não ser nos casos em que se prove judicialmente
que, de acordo com a circunstância, a paternidade do marido da
mãe é manifestamente improvável (artigo 245), em acção que
pode ser intentada pelo marido da mãe, por esta mesma mãe
ou pelo filho ou por aquele que se declarar pai, em requerimento
de que o Ministério Público baseará a acção de impugnação de
paternidade (artigos 255, nr 1), já que o presumido pai ou quem
se declare pai não pode impugnar directamente a paternidade
presuntiva.

16.3. Efeitos da filiação

Do estabelecimento da filiação, ou seja, da relação entre pais e


filhos, resultam efeitos que se traduzem em determinados deveres
e direitos.
Por força da relação de filiação, pais e filhos devem-se
mutuamente respeito, cooperação, auxílio e assistência,
compreendendo o dever de assistência, a obrigação de prestar
alimentos e a obrigação de contribuir, durante a vida em comum,
para os encargos da vida familiar, de acordo com os recursos
próprios (artigo 289, nrs 1 e 2).
No tocante ao dever de solidariedade familiar, os filhos tem o
especial dever de estimar, obedecer, respeitar e ajudar os pais
e demais parentes na linha recta e quando maiores, tem o dever
de concorrer para a manutenção dos pais, sempre que estes se
encontrem em situação de necessidade, dever este que é
extensivo aos avós, irmãos e tios (artigo 290 nr 1, 2 e 3).
Neste mesmo âmbito do dever de solidariedade familiar,
também impõe-se aos avós, irmãos, tios e primos o dever de
cuidarem e assistir aos familiares menores, quando estejam em
situação de orfandade ou abandono (artigo 290, nr 4).
Quanto aos direitos dos filhos, estabelece-se que, quando estes
são menores, tem o direito a serem protegidos, assistidos,
educados e acompanhados no seu desenvolvimento físico e
emocional. Tem ainda o direito a serem representados pelos
respectivos ascendentes e, na falta destes, sucessivamente pelos
colaterais até ao quarto grau (artigo 291).
Estes direitos reforçam os direitos a ser registados e a usar um
nome próprio e o apelido da família dos pais e os direitos filiais
já enunciados (artigo 215) que são exercidos sem discriminação
baseada na origem do seu nascimento se dentro do casamento
ou fora do casamento (artigo 214).
Por fim, é de realçar que, relativamente à sua natureza, os
direitos familiares são, regra geral, pessoais, indisponíveis e
irrenunciáveis (artigo 6), ou seja:

• Pessoais, porque neles existe uma ligação bastante


estreita do direito com o respectivo titular;
• Indisponíveis porque subtraídos a vontade das partes,
tanto para a sua constituição como para a sua extinção,
o que, igualmente sucede com a constituição ou extinção
de uma situação análoga a do seu exercícios;

• Irrenunciáveis, porque não estão disponíveis por um


simples acto da vontade do respectivo titular.
SUMARIO
Nesta Unidade temática 16 estudamos e discutimos
fundamentalmente de vários itens em termos de considerações
gerais á disciplina de Direito de Família e Sucessões:
1. Direito de filiação.
Exercícios práticos:

Casos Práticos

1. Andreia e Ricardo, que namoravam há 3 anos,


contraíram matrimónio no dia 14 de Agosto de 2000.
Acontece, porém, que no dia 14 de Outubro de 2000,
nasceu Igor Tomas, o qual não é filho do segundo, mas
sim de João dos Bastardos, com quem a mãe havia
mantido uma fugaz relação de namoro, em 1999 e
inicio de 2000.
a) De que forma se pode fazer coincidir a verdade
biológica nos termos precisos da filiação?
Quid Juris!

2. Mariana casada com Francisco, desde 1 de


Outubro de 1999, deu a luz a 1 de Dezembro de 2000,
uma criança do sexo masculino, Rui, cujo pai biológico
é Nuno com quem mantinha uma relação extra-
conjugal. Contudo, Este faleceu no dia 02 de
Novembro de 2000 tendo deixado no seu quarto, entre
outros documentos um papel por si assinado, no qual
declarava que Rui era seu filho.
a) Como poderá Mariana assegurar o correcto estabelecimento
da filiação paterna? Quid júris!
3. Suponha que Maria, solteira, vem ter consigo dizendo-lhe
que teve um filho, Tiago, em 18/10/94, não sabendo quem
era o pai e não tendo condições económicas para o criar,
optou por o dar a uma amiga, Cristina, que o registou
como seu. Hoje, 08/01/2008, Maria sentindo-se com
condições psicológicas e económicas estáveis, quer reaver
o filho.

Sabendo ainda, que a Cristina e o Tiago se opõem a


qualquer tentativa de alteração da relação de filiação
materna, e ainda, afirmando que a Maria só se
preocupou em reaver o filho, após saber que este
estava muito rico por lhe ter saído o jackpot num dos
casinos de Maputo. Cristina e Tiago, tratam-se
mutuamente como mãe e filho, são tidos como tais
pelos parentes dela e nas relações sociais.
Quid juris?

Respostas:
2. Rever presunção da maternidade e de paternidade. Artigos
214 e seguintes 234 e ss.

TEMA – I: DIREITO DAS SUCESSÕES

UNIDADE Temática 1.1.: sucessões e aquisições translativa

UNIDADE Temática 1.2.: Distinção entre sucessão e transmissão

UNIDADE Temática 1.3.: Noção legal de sucessão

UNIDADE Temática 1.4.: Sucessão em vida e sucessão por morte

UNIDADE Temática 1.5.: Doação co reservas de usufruto artigo


958 do
C. Civil

UNIDADE Temática 1.6.: Doação cum muriar

UNIDADE Temática 1.7.: Doação si praemoriar

UNIDADE Temática 1.8.: Doação com reserva do direito de


dispor

UNIDADE Temática 1.9. Casos práticos


UNIDADE Temática 17.: Direito das sucessões

Introdução
A expressão sucessão pode ser usada para exprimir situações
diversas.

Num sentido mais amplo ou vulgar esta palavra traduz a conexão


existente entre dois ou mais momentos ou entre acontecimentos
separados no espaço e no tempo, mas que se interligam entre si.
Contudo, em sentido amplo e vulgar, por sucessão pode
designar-se a relação existente entre um prius e um posterius.
Entende-se por sucessão a vinda de uma pessoa ou de uma coisa,
para se colocar no lugar ou na posição que era assumida por
outra, investindo-se na mesma posição jurídica que aquela
detinha.
Como se pode ver, esta é uma noção que já se distancia do
conceito inicialmente apresentado. E uma noção menos ampla, na
medida em que se circunscreve tão só a uma certa espécie de
situações.
No entanto, porque se está no mundo do direito, o que interessa
fundamentalmente, e apurar o conceito de sucessões entre
pessoas jurídicas.
Sendo verdade, porém , que é mais preciso o conceito de
sucessão entre pessoas no sentido jurídico, mesmo assim ele pode
apresentar – se numa perspectiva mais ampla ou menos ampla.
O Prof. Pereira Coelho apresenta, da seguinte forma, a nossa
jurídica de sucessão; ‘’a um fenômeno de sucessão sempre que
uma pessoa assume, numa relação jurídica que se mantém
idêntica, a mesma posição que era ocupada por outra
pessoa’’.
Assim, identificando a noção acabada de apresentar diremos que, quando se vender ou se doa
um

determinado bem, se verifica uma sucessão de pessoas jurídicas


relativamente ao direito sobre o bem dos proprietários, mesmo
se podendo dizer quando se transmitem créditos ou ainda
quando se cedem quotas de um sociedades.
A noção acima apresentada corresponde, sem dúvida alguma,
ao conceito amplo de sucessão ao sentido técnico-jurídico.
Sabido qual é o conceito de sucessão mais amplo, resta agora
nos constatar qual deva ser a noção de sucessão de pessoas no
sentido jurídico restrito, tendo em consideração o ramo de direito
que constitui o objecto do nosso estudo. Assim neste sentido
definiremos sucessão como o fenómeno de substituição de
uma pessoa viva nas relações jurídicos-patrimoniais de que
era titular uma pessoa falecida
E como se pode ver, este é um conceito de âmbito mais restrito e
preciso, quando comparado com a noção inicialmente
apresentada.
Ora, porque se está em presença do ramo do direito civil que
trata do fenómeno sucessório, e precisamente aquela última
definição que melhor serve as situações que se pretendem tutelar
a partir do através daquele mesmo ramo de direito.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


• Caracterizar: o Direito das Sucessões.

Objectivos ▪ Analisar: a sucessão em vida e sucessão pôs morte específicos


• Identificar: As espécies das sucessões

Desenvolvimento

1. SUCESSÕES E AQUISIÇÕES TRANSLATIVA

A definição de sucessão mortis causa, que acima se apresentou


de imediato faz ressaltar a existência de dois aspectos
fundamentais no referenciado conceito. De facto, por um lado,
para que se verifique a sucessão, se mantém idêntico
independente do facto de se ter operado uma modificação do
sujeito.

Por outro lado, igualmente se põe, como pressuposto, que o


direito ou a relação jurídica, objecto da sucessão, se mantém
idêntico independentemente do facto de se ter operado uma
modificava do sujeito.
Estas são questões largamente debatidas pela doutrina.

Em boa verdade, existem correntes doutrinárias que entendem


que o direito objectivo se liga indissoluvelmente a certo sujeito, o
céu titular, e que uma vez este desaparecido o direito se
extingue.
Deste modo para esta corrente não poderá haver direitos
sucessórios.

Por outro lado os outros autores consideram o direito subjectivo


como um poder jurídico objectivo e abstracto e, como tal,
perfeitamente perceptível de poder ser transmitido, por vontade
do próprio sujeito ou por força da lei.
Para esta corrente doutrinária, em princípio, o direito subjectivo
pode continuar a existir para além da morte do seu titular e vir
a ingressar na esfera jurídica de um outro sujeito mantendo-se
esse direito inalterável.
Porém, de acordo com esta corrente uma restrição surge a
possibilidade de sucessão de direito subjectivo.
Ela ocorre sempre que se trata de direitos incindíveis, ou seja,
sempre que, pela sua natureza ou pelo seu fim, o direito esteja
íntima e indissoluvelmente ligada a uma determinada pessoa,
como ser o caso da função vitalícia de que fosse titular o falecido
ou de usufruto de herança de que era titular o cônjuge
sobrevive.
Neste caso, que se trata de direito invisivelmente ligado ao seu
titular, já se compreende que elas se extinguem pela sua morte.
Prosseguindo a abordagem da corrente doutrinária que se
considera possível a sucessão de direitos, importa, no entanto,
verificar agora como este direito transita da esfera jurídica do
anterior sujeito para o novo titular.
Como é sabido a doutrina em geral considera que a aquisição
de um direito pode se efectuar da forma originária ou por forma
derivada, podendo esta revestir as formas constitutiva, restitutiva
ou translativa.
Importa, por isso, verificar, em seguida, se a sucessão nos direitos
e qualquer daquelas formas de aquisição de direitos será a
mesma coisa, ou eventualmente se confundem.

Tendo presente o conceito de aquisição originária de direitos, de


modo algum poderá afirmar que ela se confunde com sucessão
nos direitos, uma vez que, por lei, nesta sucessão o direito se
mantém idêntico ao do anterior titular, ao passo que naquele a
aquisição origina o direito do adquirente constitui um direito
novo, que não depende do direito do anterior titular, mas sim do
facto aquisitivo.

A aquisição originária de direitos não implica, portanto,


qualquer ideia de sucessão.

Exemplo de aquisição originária será a ocupação de uma res


nullius. Neste caso, como facilmente se pode ver não preexiste
qualquer direito de um anterior titular.

Passemos a analisar, de seguida, se existe qualquer similitude


entre sucessão nos direitos e aquisição derivada constitutiva.

Sendo certo que na aquisição derivada constitutiva, o direito


adquirido pressupõe a existência de um anterior direito, a qual
se liga e a custa do qual se formou, no entanto, trata-se também
de um novo direito, como no caso atrás anunciado, que se
automatiza do direito anterior.

Quando se constitui uma servidão artigo 1550,1555,1559,1561


do C.Civil, esta liga-se a um direito de propriedade que vai ficar
restringido, mas tal servidão constitui um direito novo, dado que
não existia, entanto que tal, na esfera jurídica do titular de
direito de propriedade, nem constitui qualquer parte ou fracção
daquele mesmo direito.

E, por isso, um direito autónomo em relação ao outro direito,


o direito de propriedade, razão pela qual não poderá
confundir, de modo algum, como sucessão de direito.

Importa agora verificar se a sucessão nos direitos e aquisição


derivada restitutiva são a mesma coisa.
Ora, uma vez que a aquisição derivada restitutiva pressupõe
a existência de um direito real limitado ex; usufruto ou
servidão e que extinto este, o titular de direito de propriedade
readquire a plenitude do seu direito, de imediato se pode
concluir pela inexistência de qualquer sucessão de direito
neste caso.

Extinguindo-se a servidão, que é um direito real limitado, o titular


de direito de propriedade vê-se, por esse facto, investido na
plenitude do respectivo direito.

Assim sendo, não se pode afirmar que o titular de direito de


propriedade adquire a servidão, uma vez que ela se extinguiu.
O que acontece é o proprietário passar a dispor da propriedade
plena.

Resta-nos, por último, analisar se existe semelhança entre


sucessão de direitos e aquisição derivada translativa.

Diremos que na aquisição derivada translativa o direito


adquirido é o mesmo que já pertencia ao anterior titular e como
tal é tratado, passando como era para o novo titular. Assim no
caso de contrato de compra e venda de um imóvel ou na cessão
de um crédito. Daqui resulta que, à primeira vista, sucessão nos
direitos e aquisição derivada translativa pareçam ser a mesma
realidade.

1.2. DISTINÇÃO ENTRE SUCESSÃO E


TRANSMISSÃO

Numa análise menos cuidada pode-se ser levado a considerar


como mesma e única realidade a sucessão nos direitos e a
aquisição derivada translativa.

Na verdade, tanto numa como noutra o direito assim como era


assim se mantém quando passa do anterior titular como novo.

No entanto, os conceitos não são coincidentes. Apenas a


realidade que se mostra idêntica.

De facto, esta realidade pode, todavia, ser encarada segundo


perspectivas distintas. Esta é a posição perfilhada pelo prof.
Pereira Coelho .

Para este autor, numa primeira perspectiva pode entender-se os


sujeitos como elementos que se mantêm estáticos na transmissão
operada e o sujeito como dinâmico.

De acordo com esta perspectiva, o direito sairá da esfera jurídica


do primeiro sujeito, o titular inicial, iria ingressar na titularidade
de um novo sujeito.

Para esta concepção, como se pode constatar, é o direito que


se movimenta e não os sujeitos.

Numa segunda perspectiva, o que se mantém estático é o direito.


Vendo a realidade desta maneira teremos o novo sujeito a
ingressar na esfera jurídica, que era ocupado pelo anterior
sujeito, em relação ao determinado sujeito.

Para o prof. Pereira Coelho a primeira perspectiva é a que


melhor corresponde ao conceito de aquisição derivada
translativa, ao passo que a segunda perspectiva é a que melhor
se adapta ao conceito de sucessão de direito.

Na mesma linha doutrinária se situam autores como Diogo de


Leite de Campos e Rabindranaath Capelo de Sousa.

Por seu lado, o prof. Oliveira Ascensão toma uma atitude crítica
relativamente perfilhada pelo prof . Galvão Telles, enveredando
por uma posição que se aproxima, em alguns aspectos, da que é
assumida por prof. Pereira Coelho.

A que residiria a fundamental distinção entre os dois conceitos.

E, como teremos oportunidade de verificar, esta é a distinção que


se mostrará de particular interesse para uma correcta
identificação do que seja herança e legado, figura que adiante
irá constituir material do nosso estudo.

Ainda no entendimento do prof. Pereira coelho a distância


mostra-se de relevante importância momo para a percepção do
próximo fenómeno da sucessão na sua evolução ao longo dos
tempos.

Assim, a perspectiva que considera como dinâmico o direito e


como estáticos o sujeito, e aqui corresponde às modernas
correntes, as quais entendem ser apenas possível a transmissão
de direito, sem que se torne viável o ingresso do novo sujeito na
posição jurídica do anterior tutelar.

Nesta linha de pensamento se situa o prof. Galvão Telles, para


o qual na sucessão de direitos, estes desligam-se de um sujeito
para se ligar num outro, passado assim daquele para este.

Ao contrário, a perspectiva que vê o direito como estático e o


sujeito como dinâmico, corresponde a posição que era adaptada
pelo direito romano clássico.

Para este, não se concebia como possível a transmissão de


direito. Não se entendia como o direito podia passar de uma
pessoa para outra pessoa.

E por esta razão que os romanos apenas concebiam a


transmissão não do direito em si mesmo, mas antes do objecto do
direito.

Nesta ordem de ideias, a sucessão nos direitos estavam ligado


exclusivamente à sucessão por morte, que mais não era sub
entrar do sucessor na posição do falecido, assumindo-se não só
nos direitos de funções, mas também nos seus deveres e ónus. Isto
mais não constituía uma sucessão universal.
Porém, em época mais próxima, no direito justinianeu, vieram a
surgir figuras da sucessão singular, etapa esta em que se passou
a se adquirir já como possível a transferência do próprio
direito.

E precisamente a parte daqui que passou a ser possível ver estas


transferências, na perspectiva do direito como algo dinâmico.

Todavia, pode afirmar-se que, ainda nos nossos dias, os


princípios do direito romano clássico continuam a influenciar, em
boa medida, as regras reguladoras da sucessão mortis causa.

Portanto, e com base na posição perfilhada pelo direito romano


clássico, que se torna possível distinguir, com clareza, herdeiro de
legatário.

Concluindo, pode dizer-se que sucessão consiste no sub-ingresso


de um sujeito na posição jurídica do anterior titular da relação
jurídica, que se mantém idêntica, enquanto que transmissão mas
não é mais que transferência de um direito que pertencia ao
anterior titular e que passa como era para o novo titular.

1.3. NOÇÃO LEGAL DE SUCESSÃO

A noção legal de sucessão encontra-se fixada no artigo 1 da lei


23/2019 de 23 de Dezembro ( lei das Sucessões), que dispõe;
‘’Diz-se sucessão o chamamento de uma ou mais pessoas a
ingressar nas relações jurídico-patrimoniais de que era titular
uma pessoa falecida e a consequente transferência dos direitos
e obrigações desta’’ .

Manifesto se torne que o conceito de sucessão adoptado pelo


referenciado preceito legal e o que corresponde a sucessão
mortis causa.

Porém, Rabindranath capelo de Sousa chama atenção para o


facto que se trata de uma noção com carácter introdutório,
orientador e não decisivo, pelo que deverá ser tomado apenas
como aproximativo indicativa, por não acabar todo o fenómeno
sucessório, tendo encontra que em vários momentos a lei usa
expressões que põe em dúvida se existe ou não sucessão, e
porque a desajuste de critérios de fixação do objecto de
sucessão, atento o dispostos pelos artigos 1 e 2, n 1 da lei
23/2019 de 23 de Dezembro ( lei das Sucessões)

Neste sentido, melhor se poderá compreender a posição


perfilhada por aquele autor quando se analisa os debates e as
propostas de definições apresentadas para a figura de sucessão,
durante os trabalhos preparatórios de revisão da lei das
sucessões.

Para uma mais clara percepção do conceito adoptado pela lei,


apresenta-se de seguida, os vários conceitos proposto durante
aqueles mesmos trabalhos.
Conceito proposto pelo prof. Galvão Telles; ‘’ 1 – quando alguém
falece, todos os seus direitos e obrigações, que não sejam
intransmissíveis por morte, se transferem a uma ou mais pessoas,
nos termos adiantes declarados. E o que se chama sucessão. ‘’

Como se pode constatar, no conceito adiantado por este autor


está subjacente a perspectiva de que os sujeitos se mantêm
estáticos o direito e que se mostra dinâmico.

Conceito avançado pelo prof. Vaz Serra; ‘’a sucessão, quando


uma ou mais pessoas são chamadas à titularidade das relações
jurídico patrimoniais de uma pessoa morta e em consequência da
morte desta, e regulada pelas disposições do presente livro’’ .

A noção adiantada por este ilustre civilista insere na corrente


doutrinária que perfilha a perspectiva de que o direito se
mantém estático e que os sujeitos e que se movimentam’’ .

Conceito apresentado pelo prof.’’ Gomes silva; por morte de uma


pessoa sucederão nos seus direitos e obrigações as pessoas
determinadas nos termos deste livro’’ .

O conceito agora indicado espelha a posição daqueles autores


que consideram como estático o direito.

Conceito proposto pelo prof. Pires de Lima; "dá-se sucessão


quando uma ou mais pessoas vivas são chamadas à titularidade
das relações jurídicas – patrimoniais de uma pessoa morta" .

Conceito adiantado pelo Dr. Tavares de Carvalho; "entende-se


por sucessão de devolução de património quando deferida ou
instituída par que depois da morte por determinação da lei ou
pela vontade dos seus respectivos titulares".

Como se poderá verificar, todos estes conceitos se situam no


âmbito da corrente que vê como possível a transmissão de
direitos, no entanto, os conceitos avançados pelo prof. Galvão
Telles e pelo Dr. Tavares de Carvalho são os que se inscreveram,
sem margem para dúvidas, no conceito de transmissão de
direitos.

É de salientar que nenhuma destas propostas veio a ser


aprovada pela comissão revisora, acabando por se encontrar
uma nova formulação, que se encontra hoje consagrada na lei.

De qualquer modo, as definições apresentadas pelos prof. Vaz


Serra e Pires de Lima são as que mais se aproximam da noção
legal, que se acha consagrada actualmente pelo artigo 2 da lei
das sucessões.

As discussões em redor desta questão foram intensas, chegando


alguns autores a avançar com a ideia de que não deveria
apresentar na lei qualquer conceito sobre o que entender por
sucessão.

Para uma mais profunda e adequada percepção do sentido e


alcance jurídico do conceito legalmente adoptado, poderá
revestir-se de interesse a consulta dos trabalhos preparatórios
da lei das sucessões

Conhecido que está o conceito legal de sucessão aprofundada as


questões que se colocam a volta da noção legalmente adoptada,
designadamente as discussões que se travaram nos discursos dos
trabalhos preparatórios de revisão da lei das sucessões,
interessara ter agora uma ideia, ainda que ligeira, de que como
em África se procurou resolver este mesmo problema.

E, quando se fala de África, queremos referir-nos naturalmente


aos países que se regem por um sistema jurídico – legal idêntico
ao nosso, ou seja, que se orientam pelo sistema continental, ou
também designado por sistema germano – romano.

Na sua legislação, nenhum destes países procura apresentar uma


noção jurídica do que seja sucessão. Aliás, este mesmo
procedimento é seguido por inúmeros países de outros
continentes.

Alguns países africanos optaram, simplesmente, por fazer ligar a


sucessão à morte de titulares de direitos de natureza patrimonial,
sem que, como já se afirmou, se preocupassem em apresentar um
conceito legal de sucessão.

De qualquer modo, para tais países a sucessão respeita tão só


a transmissão de relação jurídica, que tenha por causa a morte
do seu titular.

No quadro dos países que ligam a sucessão à morte do titular de


relação jurídica, de natureza patrimonial, pode situar-se o Togo.
No artigo 392 do código togolês estabelece-se ‘’as sucessões
abrem-se pela morte’’.

E, por seu lado, a lei do Burundi consigna, a este mesmo


propósito; ‘’sucede-se numa pessoa morta, não se herda de
pessoa viva’’ .

Paralelamente’ a lei n 72-61, de 12 Junho de 1972, código da


família do
Senegal, na alínea 1, do artigo 397 prescreve; ‘’ a sucessão
abre-se pela morte ou pela declaração judicial de falecimento,
em caso de ausência ou desaparecimento’’.

Como se pode concluir das referências apresentadas, a


procuração central do legislador centra-se em precisar o
momento em que se desencadeou o fenômeno sucessório e não
em apresentar o conceito do que seja sucessão.

No caso de Burundi, o legislador, ainda que de forma tímida,


procurou se classificar em que circunstâncias se verificará a
sucessão em direito.

A breve referência à hora feita por algumas legislações


africanas, permite compreender, com maior clareza, não só o que
já fora antes afirmado, relativamente ao conceito de sucessão,
mas também as dificuldades que se colocam em redor da
sucessão da elaboração de uma definição do que seja sucessão.

1.4. SUCESSÃO EM VIDA E SUCESSÃO POR MORTE

De interesse se mostrará debruçarmo-nos, agora, sobre a


distinção entre sucessão em vida e sucessão por morte.

Ao efectuar tal distinção, porque se está a fazer uso do conceito


de sucessão no seu sentido mais amplo, fácil se tornará ter uma
correcta percepção da respectiva distinção.

Assim, por sucessão em vida designa-se o fenômeno da


modificação subjectiva de determinada relação jurídica,
ocorrendo esta ainda em vida do anterior sujeito titular. Pelo
contrário, na sucessão por morte tal modificação subjectiva só se
verifica após a morte do seu sujeito titular. Do direito ou da
relação jurídica.

A verdade, porém, é que a simplicidade da distinção ora


apresentada, nem sempre se revela de tão cristalina
transparência em determinadas situações práticas, as quais se
manifestam de especial interesse na matéria objecto do nosso
estudo.

Decretamo-nos concretamente as doações sob certas condições


ou sob determinadas cláusulas. Tendo presente que no nº 1 do
artigo 946 do C. Civil se proíbe, de forma expressa, as doações
por morte, imperioso se mostra encontrar os conceitos de doação
por morte e de doação em vida e, por outro lado, aclarar-se em
situações particulares da vida jurídica das pessoas estaremos
perante a uma ou outra figura.

Deste modo existe doação por morte, quando a morte do doador


for causa da transmissão de bens. Antes da morte do doador a
doação não produz quaisquer efeitos e o donatário não possui
nenhum direitos sobre os bens doados.

Ao contrário, existe doação em vida, quando estas produzem


imediatas os seus efeitos, embora estes possam ficar
condicionados a morte do doador. Não obstante a condição, a
título imediato, o donatário adquire direitos, ainda que limitados,
sobre os bens doados.

Tomando por base os conceitos acabados de indicar, interessara


apreciar, de seguida, algumas relações que se relacionam com
esta problemática.

1.5. DOAÇÃO COM RESERVAS DE USUFRUTO


ARTIGO 958 DO C. CIVIL
Esta figura não causa dificuldade de maior na sua percepção,
por quanto nos deixa compreender perfeitamente que o
donatário adquire a nua propriedade dos bens doados, e não a
propriedade plena.

Na verdade, com a efectivação do negócio jurídico, que é a


doação, o direito de propriedade transfere-se, a título imediato,
para o donatário. O que acontece, entretanto, é que o donatário
não deterá a plenitude do direito de propriedade sobre o bem,
tendo em conta que enlaçado nele se constituiu um outro direito,
o usufruto que o limita.

Todavia, porque existe direito que o donatário adquire


imediatamente, como seja o direito de disposição sobre bem ou
sobre o direito de oneração, pode afirmar-se, claramente que se
trata de doação em vida.

1.6. DOAÇÃO COM RESERVA DO DIREITO


DE DISPOR
Existe doação com reserva do direito De dispor quando o Doador
Se Atribui o poder de dispor, no futuro, de alguma ou de algumas
partes do bem ou bens doados, ficando o donatário, como
consequência, com o direito de propriedade restringido, em
resultado da condição resolutiva, traduzida na reserva.

O direito de dispor, porque constitui um direito de natureza


pessoal, extingue-se com a morte do seu titular. Isto mesmo se
refere do disposto pelo n 2 do artigo 959 do C.Civil.

Por tal razão, com a morte do doador, o donatário ver-se-á, de


imediato, investido na plenitude do direito de propriedade, em
relação à coisa doada.

Por outro lado, importará ter em atenção que o direito de dispor


não poderá abranger nunca as coisas doadas no seu todo, mas
apenas uma parte dela. E, compreende-se que assim seja, pois,
de outro modo, tal reserva mais não consistiria senão numa forma
de autentica revogação unilateral da própria doação, que
constitui um negócio jurídico bilateral.

Para melhor clarificar a situação da doação com reserva do


direito de dispor, apresenta-se o seguinte exemplo;

A doa a B um prédio rústico íntegra campo de produção agrícola,


pomar e uma pocilga, reservada, para si, o direito de se dispor
das laranjas que se vierem a produzir 50 do efectivo de suínos.

Como se pode constatar, num caso desta natureza, o direito de


propriedade sobre o referido prédio rústico transferiu-se, de
imediato, para o donatário B, embora esse direito se ache
restringido em relação

Mas, de qualquer maneira, o donatário já é titular de direitos e


deles poderá, a partida, dispor.
Pelo exposto, sendo certo que, de imediato, o donatário adquire
o direito sobre o bem ou bens doados, ainda que limitados,
dúvidas não poderá substituir de que está em presença figura de
doação em vida.

1.7. DOAÇÃO CUM MURIAR

Esta traduz – se no facto de alguém doar certo ou certos bens a


outrem, na condição destes bens só se transferem para o
donatário, após a morte do doador.

bens, ou seja, o donatário adquire logo o direito sobre os bens;


mas, o que se verifica, e que os bens objectos do referido direito
só ingressam na posse do donatário, quando se mostrar comprido
o termo.

Termo que no aludido caso, se traduz na morte do doador.

E, como se pode ver claramente, mas uma vez se esta perante


situações de doação em vida, da medida em que com a
realização do negocio jurídico, que e a doação, o donatário
adquire, desde logo, direitos sobre as causa, embora a termo.

1.8. DOAÇÃO SI PRAEMORIAR

Estar-se-á perante esta figura sempre que o doador estabelece


que a doação só poderá produzir os seus efeitos, quando ela
falecer e se o donatário lhe sobreviver. A doutrina mostra-se
dividida quanto ao mau entendimento desta figura.

Para os profs. Pires de lima e Antunes Varela a doação se


premiria e uma doação por morte e, como tal, proibida por lei,
em conformidades dom o preceituado pelo artigo 946 do C.
Civil.

Para estes autores está - se em presença de verdade doação por


morte, tendo em conta que os seus efeitos só se produzem com a
morte do doador.

Em defesa de tal posição, avança ainda com o argumento de


que seria um abrir de porta a fraude o admitir que tão só se
proibissem as doações, quando fossem simultaneamente
contratos sucessórios.

E, acrescentam que caso quisesse contornar aquela proibição,


legalizando contratos sucessórias, bastaria que o doador usasse
expressões como as seguintes; se eu morrer antes de B doo-lhe
os meus bens.

Para o prof. Pereira Coelho trata-se de doação condicional, a


que vai acoplado um termo. A condição e a sobrevivência do
donatário e o termo e o falecimento do doador.
Mas entende ainda Pereira Coelho que, nesta figura, o donatário
adquire direitos de que se já se pode dispor na vida do doador,
como se retira do disposto pelo artigo 274 do C. Civil.

Por tal razão, se pode afirmar que, também neste caso, se está
em presença de doação em vida. Conhecido o conceito de
doação em vida e de doação por morte, Varela a apenas fazer
uma referência, ainda que breve, a problemática das doações
por morte admitidas pela lei, também comummente designadas
por actos sucessórios se afirmou, como regra geral, a lei não
admite a possibilidade da existência por doação por morte. Isto
mesmo se retira, de forma expressa, do disposto pelo nº 1 do
artigo 946, do C. Civil.

Por outro lado, de acordo com os princípios consagrados pelo nº


2 deste mesmo preceito legal, tais doações são havidas por
disposições testamentárias.

Trata-se, concretamente, no caso de instituição de herdeiro ou de


designação de legatário de um dos cônjuges pelo outro
esposado e da instituição de herdeiro ou da nomeação de
legatário feita, por qualquer dos esposados, a favor de terceira
pessoa.

Ao contrário de outras legislações, a partilha em vida, efectuada


por meio de doação, não é permitida pela nossa lei como
negócio jurídico de natureza sucessória, ou melhor dizendo, como
doação por morte, conforme o estabelecido pelo artigo 159 da
Lei das Sucessões .

No nº 1 do referido preceito estatui-se de forma clara e precisa;


" não é havido por sucessório o contrato pelo qual alguém faz
doação entre vivos, com ou sem reserva, com ou sem reserva do
usufruto, de todos os bens ou de parte deles…".

Importa, entretanto, repisar que, no caso da doação partilha, não


se está em presença do pacto sucessório, mas sim perante uma
autêntica doação entre vivos, por imposição expressa da lei,
embora através desse negócio jurídico se esteja a transmitir a
totalidade ou partes dos bens a presumíveis herdeiros
legitimários.

A propósito da partilha em vida, interessa-nos salientar ainda


que este é um tipo de negócio jurídico que tem vindo a mostrar-
se frequente em muitos países.

Em África, por exemplo, no Senegal são proibidos, como regra


geral, os pactos sucessórios sobre sucessão futura. Na alínea 1
do artigo 499 do código de família consagra-se, de forma
expressa; ‘’são proibidas quaisquer convenções que tenha por
objectivos atingir direitos ou renunciar a direitos
relativos a sucessão de terceira pessoa, que ainda não
esteja aberta.
Com tudo, de forma taxativa, na mesma lei enumera-se várias
excepções a este princípio geral.
• doação partilha – artigo 824 e ss. ;
• substituição fideicomissária – artigo 790 e ss.;
• cláusulas comerciais ou de partes sociais; e

Como se pode inferir na descrição feita, o sistema adoptado pela


costa do marfim, em vários aspectos, e o que apresenta algumas
similitudes com que se encontra consagrada pelo nosso direito
positivo, no respeitante a sucessão contratual, tendo em conta o
estipulados pelos artigos 158, 159 da lei nº 23/2019 de 23 de
Dezembro ( lei das Sucessões), conjugado com o artigo e 942 do
C. Civil.

A este propósito, estabelece-se o artigo 3 da lei das Sucessões


que a ‘’ A sucessão é deferida por lei ou por acto de vontade
praticado pelo seu autor.’’. Umas diferem das outras em razão
do título de vocação sucessória chamamento à sucessão que tenha
por base.

Ora tendo presente o princípio adoptado pela lei das Sucessões,


considerem os autores serem duas das grandes espécies da
sucessão de sucessão por morte – a sucessão legal e a sucessão
voluntária. E, entende que a distinção entre uma e outra assenta
no facto da primeira decorrer numa norma legal e a segunda
resultar de facto da vontade do autor da sucessão.

De acordo com o que se estipula no artigo 4 da lei das sucessões,


a sucessão legal compreende duas formas;

• A sucessão legítima – reguladas nos artigos 116 a 135


da lei das Sucessões; e
• A sucessão legitimária – reguladas nos artigos 136 a 147
da lei das sucessões.

Na sucessão legítima a vocação sucessória é definida por efeito


supletivo da lei, ao passo que na sucessão legitimaria a vocação
e deferida por efeito imperativo da lei, independentemente da
vontade do autor da sucessão.

Para uma melhor compreensão da distinção ora apresentada


bastará analisar, de forma comparativa, o que se acha disposto
nos artigos 116 e 136 da lei das sucessões.

Por sua vez, a sucessão voluntária, que tem por origem um


negócio jurídico, subdivide-se em;

• Sucessão contrária; e

• Sucessão testamentária.

E, distinguem-se uma da outra, conforme a espécie de negócio


jurídico que lhe serve de fonte.

Como resultante evidente, a sucessão voluntária assenta no acto


de manifestação de vontade do seu autor, acto de manifestação
concretizada num negócio jurídico, o qual poderá revestir
carácter unilateral ou natural bilateral. Ora se a manifestação
de vontade se concretizou através de um negócio jurídico
unilateral, então estar-se-á perante uma sucessão testamentária;
mas, se, pelo contrário, ela se efectivou por um negócio efectivo
bilateral, então já se estará em presença de sucessão contratual.

Logo, tendo presente o tipo de negócio jurídico que serve de


fonte a sucessão voluntária, assim o seu autor poderá ou não, por
livre iniciativa e a todo tempo, alterar a sua manifestação de
vontade inicial.

Assim sendo, pode dizer-se que, na sucessão testamentária, a


vocação sucessória resulta de um negócio jurídico unilateral, - um
testamento, enquanto que, na sucessão contratual, a vocação
sucessória tem por base um negócio jurídico bilateral – um
contrato.

Na sucessão testamentária, porque ela assenta numa


manifestação unilateral de vontade o seu autor tem o poder de
alterar, a todo o tempo.

Ao contrário, na sucessão contratual, porque tem por base um


negócio jurídico bilateral, a simples manifestação unilateral de
vontade do autor é insuficiente para obter quaisquer alterações
ou modificações do contrato celebrado.

Como se pode ver, neste caso, está se perante em situações em


que mostra fortemente restringido o poder de disposição.

A sucessão testamentária encontra-se tratada no título IV, nos


artigos 160 a 310 da lei das sucessões ( lei 23/2019 de 23 de
dezembro).

Os princípios gerais sobre a sucessão contratual encontram-se


consagrados no artigo 158 da lei das sucessões.

No n 1 do citado preceito legal retira-se que a sucessão


contratual tem lugar quando, por contrato, alguém renuncia a
sucessão de pessoa viva ou dispõe da sua própria sucessão, ou
da sucessão de terceiro ainda não aberta.

Depois, o nº 2 daquela mesma disposição legal estabeleceu que


apenas se admitem os contratos sucessórios, nos casos previstos
na lei, pelo que todos os restantes serão considerados nulos, sem
prejuízo do que se prevê 2 do artigo 946 do C. Civil.

Consequentemente no que respeita à instituição contratual,


importa reter que a constituição contratual de herdeiro ou de
legatário só é admitida a título excepcional pelo direito vigente,
como resulta expresso dos artigos 158, n 2.

Finalmente, convém referir que, na sucessão por morte, a lei não


inibe que ela possa concorrer pessoas de detentoras de distintos
títulos de vocação sucessória, ou seja, que a sucessão seja
chamada quer pela via da sucessão legal, quer pela via da
sucessão voluntária.
A propósito das espécies de sucessão, que acabamos de tratar,
interessara dar, de seguida, uma breve panorama sobre o modo
como esta mesma questão é encarada pela legislação dos
diversos países africanos.

Neste grupo de países não se incluem os de expressão oficial


portuguesa, por razões sobejamente conhecidas.

Em relação aos demais países do continente, importa salientar


que, em alguns deles, não se admite se não o único tipo de
sucessão, ou seja, a sucessão legal.

O exemplo mais destacado de tal situação é nos dados pelas


regiões islamizadas do Chade.

Já no tocante à sucessão legal, ela encontra-se consagrada em


todos países do continente. Refira-se que nos estamos a reportar
aos países africanos, que se orientam por um sistema jurídico –
legal. De raiz romana – germânico.

SUMARIO

Nesta Unidade temática 17 estudamos e discutimos


fundamentalmente de vários itens em termos de considerações
gerais a disciplina de Direito de Família e Sucessões:
1. Direito de sucessões, noção e formas.
Exercícios práticos:

1. O que entende por Sucessão?

2. Distinga Sucessão cum Muriar da Sucessão pramoriar.

3. Em que consiste a Sucessão voluntária?

Respostas

1. Rever apontamentos relativo a Sucessão.

TEMA – II: Espécies da Sucessão Por


Morte
UNIDADE Temática II: Espécies da Sucessão Por Morte
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Caracterizar: As espécies da sucessão por morte;

Objectivos específicos

2. Espécies da Sucessão Por Morte

Estabelece o artigo 3, da lei das sucessões, que a A sucessão é


deferida por lei ou por acto de vontade praticado pelo seu
autor. Umas diferem das outras em razão do título de vocação
sucessória (chamamento à sucessão), que tenha por base.

Ora, tendo presente o princípio adoptado pela lei das sucessões,


consideram os autores serem duas as grandes espécies de
sucessão por morte:

• A sucessão Legal e a Sucessão voluntária. E, entendem


que a distinção entre uma e outra assenta no facto da
primeira decorrer de uma norma legal e a segunda
resultar de acto de vontade do autor da sucessão.

De acordo com o estipulado no artigo 4, da lei das sucessões, a


sucessão legal compreende duas formas:

• A sucessão legítima que regula nos artigos 116 a 135 da


lei das sucessões, e

• A sucessão legitimária regulada nos artigos 136 a 147


da lei das sucessões

Na sucessão legítima a vocação sucessória é defendida por


efeito supletivo da lei, ao passo que na sucessão legitimaria a
vocação é deferida por efeito imperativo da lei,
independentemente da vontade do autor da sucessão.

Para melhor compreensão da distinção ora apresentada bastara


analisar, de forma comparativa, o que se acha disposto nos
artigos 116 e 135 da lei das sucessões.

Por sua vez, a sucessão voluntária que tem por origem um negócio
jurídico subdivide-se em:

• Sucessão contratual; e

• Sucessão testamentária.
E, distinguem-se uma da outra, conforme a espécie de negócio
jurídico que lhe serve de fonte.

Como resulta evidente, a sucessão voluntária assenta num acto


de manifestação de vontade do seu autor, acto de
manifestação concretizado num negócio jurídico, o qual
poderá revestir carácter unilateral ou natureza bilateral. Ora,
se a manifestação de vontade se concretizou através de um
negócio jurídico unilateral, então estar-se-á perante sucessão
testamentária; mas se pelo contrário, ela se efectivou por meio
de um negócio jurídico bilateral, então já se estará em presença
de sucessão contratual.

A sucessão testamentária encontra-se tratada no título IV, nos


artigos 160 a 310 da lei das sucessões, os princípios gerais sobre
a sucessão contratual encontram-se consagrados nos artigos 158
da lei das sucessões.

No que respeita à contratual, importa reter que a instituição


contratual de herdeiro ou de legatário só é admitida a título
excepcional pelo direito vigente, como resulta expresso dos
artigos 158, nr 2.
SUMÁRIO

Nesta Unidade temática 2 estudamos e discutimos


fundamentalmente de vários itens em termos de considerações
gerais a disciplina de Direito de Família e Sucessões:

1. Espécies da Sucessão Por Morte


Exercícios práticos:

2. Caracterize as Espécies da Sucessão Por Morte.

Respostas

1. Rever os apontamentos anteriores.

TEMA – III: Morte como pressuposto da


Sucessão
UNIDADE Temática 3.1.: Morte como facto jurídico, efeitos
jurídicos da
morte, morte e abertura da Sucessão

UNIDADE Temática 3.2.: Prova da morte, comoriência e


premoriência

UNIDADE Temática 3.3.: Comoriência e premoriência

UNIDADE Temática 3.4.: Morte presumida

UNIDADE Temática 3.5. Casos práticos


UNIDADE Temática 3.: Morte como pressuposto da Sucessão

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

• Caracterizar: a morte como pressuposto da Sucessão

Objectivos ▪ Demonstrar: com clareza os pressupostos da sucessão específicos


• Analisar: os factores da morte presumida.

1. Morte como facto jurídico, efeitos jurídicos da morte,


morte e abertura da Sucessão

È importante reter o princípio de que a morte é uma condição ou


um pressuposto da sucessão, pois é aquela que desencadeia o
fenômeno sucessório, e neste sentido se terá de compreender a
afirmação do artigo do artigo 1, da lei das sucessões, quando
dispõe:”diz-se sucessão o chamamento de uma ou mais pessoas
a titularidade das relações jurídicas patrimoniais de uma pessoa
falecida…”

Paralelamente, deverá ter-se em atenção que morte e abertura


de sucessão não são fenómenos coincidentes, uma vez que aquela
é anterior a esta. Ou seja, da morte decorre o efeito jurídico –
abertura da sucessão (artigo 7 da lei das Sucessões).

2. Prova da morte, comoriência e premoriência

Constitui regra geral que a morte se prova mediante certidão de


óbito, extraída do respectivo livro de registos da Conservatória
da área onde se verificou a morte, conforme o disposto pelos
artigos 224 e 225, do C. Reg. Civil.
O registo de óbito pressupõe, no entanto, a existência de um
cadáver, pois que se lavrar este registo, necessário se torna que
a entidade competente haja passado o devido certificado de
óbito, o qual só pode ser emitido na presença de cadáver
(artigos 217 e 218 do C. Reg. Civil).
Situações existem, porem, em que ou o cadáver não é encontrado
ou o mesmo apresenta-se irreconhecível. Nestes casos, desde que
as circunstancias permitam não duvidar que morte se verificou, a
lei tem a pessoa por falecida, para efeitos de registo (artigo 68,
nr 3, do C. Reg.
Civil e artigo 231 do C. Reg. Civil – processo de justificação de
óbito).

3.3. Comoriência e premoriência

A questão da prova do momento em que a morte se verificou,


reveste-se de especial interesse. E, assim é quando se tratar da
matéria respeitante a vocação sucessória, para que alguém
possa ser chamado à sucessão de outrem, necessário se torna que
esse alguém exista no momento da morte do de cujus.
Ao princípio de que nas circunstâncias acima descritas uma
pessoa faleceu antes da outra, aplica-se a designação de
premoriência, e ao princípio de que as pessoas faleceram
simultaneamente, aplica-se a designação de comoriência.
Atente-se, todavia, que a presunção contida no nr 2, do artigo
68 do C. Civil só funciona quando não exista prova ou quando
esta for insuficiente, ou ainda quando a mesma se mostre
contraditória.
Do mesmo modo que para o direito positivo moçambicano se
reveste de primordial importância a determinação e
conhecimento do momento da morte de uma pessoa, para a
grande maioria do direito dos países africanos esta é questão
altamente relevante. Daí que a situação da comoriência mereça
tratamento especial.

3.4. Morte presumida

A morte presumida tem relevância, para efeitos da sucessão,


visto que, uma vez declarada, produz efeitos idênticos aos da
morte natural, conforme se conclui do disposto no artigo 115, do
C. Civil.
A morte presumida encontra-se intimamente ligada ao instituto
da ausência, que constitui matéria de estudo da disciplina de
Teoria Geral do Direito Civil.
A morte presumida só pode ser invocada através da respectiva
declaração obtida em processo de justificação que se encontra
regulado no artigo 1110, do Cod. Proc. Civil.
A lei atribui legitimidade para requerer a declaração de morte
presumida ao cônjuge não separado judicialmente de pessoas e
bens, aos herdeiros do ausente e a todos os que tiverem sobre os
bens do ausente direito dependente da condição da sua morte –
cfr. Artigo 100 do C. Civil.
Tais interessados só poderão requerer a declaração de morte
presumida, conforme o que estabelece o nr 1, do artigo 114 do
C. Civil, uma vez verificado um dos seguintes requisitos:

• Ter decorrido 10 anos sobre a data das últimas notícias


do ausente; ou

• Ter decorrido 5 anos sobre a data das últimas notícias do


ausente se, entretanto, este houver completado 80 anos
de idade.

A declaração da morte presumida produz os mesmos efeitos que


a morte natural.
Deve, porém, ter-se em atenção que os efeitos jurídicos da
declaração de morte presumida retroagem ao fim do dia das
últimas notícias que tenha havido do ausente, conforme resulta
expressamente da parte final do nr 3, do artigo 114, do C. Civil
Por tal motivo, no âmbito da esfera patrimonial, os bens são
entregues aos seus sucessores, que passam a poder dispor
livremente dos referidos bens, artigo 117, do C. Civil.
No artigo 68 do Código Civil poderá encontrar-se uma
referência a figura do desaparecimento, quando no seu nr 3 se
estabelece que “temse por falecida a pessoa cujo cadáver não
foi encontrado ou reconhecido, quando o desaparecimento se
tiver dado em circunstancias que não permitam duvidar da morte
dela.”
Embora a lei moçambicana não se encontre, de forma expressa,
uma definição do que deva entender por desaparecimento, como
acontece em algumas legislações africanas, do artigo 68 do
Código Civil é possível retirar o que, para a lei, se considera
como desaparecimento.
Deste mesmo preceito legal, se pode concluir que o direito da
particular relevância jurídica aquele facto, já que o considera
também como uma das causas da morte presumida.
A situação de desaparecimento dá lugar a processo de
justificação judicial, nos termos dos artigos 231 e 232 do Código
do Registo Civil.
Por último valerá também a pena salientar que, no caso do
direito moçambicano, a lei não estabelece qualquer fronteira
visível entre ausência e desaparecimento. Antes pelo contrário, o
desaparecimento pode ser entendido como elemento do conceito
de ausência, como melhor se verificara no nr 1, do artigo 89 do
Código Civil, ao consignar-se “… de quem desapareceu sem que
dele se saiba parte…”

SUMÁRIO

Nesta Unidade temática 3 estudamos e discutimos


fundamentalmente vários itens em termos de considerações
gerais á disciplina de Direito de Família e Sucessões:
1. Morte presumida;
2. Comoriência e premoriência.
Exercícios práticos:

1. Diferencie comoriência da premoriência.

2. Em que consiste a morte presumida?

Respostas

2. Rever os apontamentos anteriores.

TEMA – IV: Abertura da Sucessão. Conceito, momento e lugar

UNIDADE Temática 4.1.: Momento da abertura da Sucessão

UNIDADE Temática 4.2.: Lugar da abertura da sucessão

UNIDADE Temática 4.3. Casos práticos


UNIDADE Temática 4.: Abertura da Sucessão. Conceito, momento e lugar

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


▪ Caracterizar: o lugar e o momento da abertura da sucessão.

Objectivos específicos

4.Abertura da Sucessão. Conceito, momento e lugar

Abertura da Sucessão é o momento que antecede a devolução


sucessória, em si mesma, devolve se aqui o deve ser entendida
como chamamento a herança dos sucessíveis da pessoa falecida,
e em que as relações jurídicas, que se depreenderam do de cujus
e devam perdurar, estão predispostas a ser adquiridas por outra
pessoa viva.

4.1.Momento da abertura da Sucessão

A precisão jurídica do momento da abertura da sucessão é nos


dada pela própria lei, na primeira parte do artigo 2031, do
Código Civil ao dizer: “A sucessão abre-se no momento da morte
do seu autor…”
E, de facto, na lei houve o cuidado de se precisar e fazer coincidir
a abertura da sucessão com a própria morte do autor da
herança, porque no momento em que se dá a abertura da
sucessão a ela se ligam consequências jurídicas da maior
relevância.
A abertura da sucessão liga-se ao momento do chamamento dos
sucessores a titularidade das relações jurídico-patrimoniais do de
cujus.
O momento da abertura da sucessão revela-se ainda de
relevante importância se se tiver presente o que dispõe o artigo
2028 conjugado com os artigos 946 e 1700, todos do C. Civil
relativamente a proibição dos pactos sucessórios.
Igualmente, o momento de abertura da sucessão tem haver ainda
com a determinação da legítima, porquanto nos termos do nr 1,
do artigo
2162 do Código Civil, para o cálculo daquela (legitima) atende-
se ao
valor dos bens existentes no património
do autor da sucessão, a data da sua morte.

Em termos de conclusão, pode afirmar-se que ao momento da


abertura da sucessão se prendem como se vem, vários actos que
devem ser realizados ao longo de todo o processo, que constitui
o fenómeno sucessório e, por outro lado, dela decorrem
importantíssimos efeitos jurídicos.

4.2. Lugar da abertura da sucessão


O processo de notificação de herdeiros mostra-se devidamente
regulado nos artigos 1467 e 1469, ambos do Cód. De Proc.
Civil.
E, em cumprimento de legado de coisa genérica ou de legado
em dinheiro não existente na herança também tem que ser feito
no lugar da abertura da sucessão, conforme se alcança do
disposto pelo artigo 2270. “… se, porém, o legado consistir em
dinheiro ou em coisa genérica que não exista na herança, a
entrega deve ser feita no lugar onde se abrir a sucessão…”
Dai que se releve do maior interesse a determinação e definição
do lugar onde se deve considerar a abertura da sucessão.
Por tal razão, a esse propósito a lei cuidou no artigo 2031 do
Código Civil de dispor o seguinte: “ a sucessão abre-se no
momento da morte do seu autor e no lugar do último domicílio
dele”
Por outro lado, convirá reter que para efeitos do preceituado
pelo artigo 2031, do C. Civil, o domicílio tem de ser entendido
como a residência habitual do autor da sucessão, tendo presente
a regra fixada por lei, quanto ao domicílio voluntario geral – cfr.
Primeira parte do nr 1, do artigo 82 do C. Civil.
Não tendo residência habitual entende-se por domiciliado no
lugar da sua residência ocasional, ou quando esta não for
possível determina-se, considera-se por domiciliado no lugar
onde se encontrar – cfr. Nr 2, do artigo 82, do C. Civil.
Tenha-se, entretanto, em devida atenção que, para os efeitos da
abertura da sucessão, nenhuma relevância se atribui ao domicílio
profissional, o qual se encontra regulado no artigo 83, do Código
Civil.

SUMARIO

Nesta Unidade temática 4 estudamos e discutimos


fundamentalmente vários itens em termos de considerações
gerais á disciplina de Direito de Família e Sucessões:
1. Abertura da Sucessão
Exercícios práticos:

1. João muito doente, em coma. O seu filho sabendo que


seria o herdeiro, mesmo antes de sua morte decide
fazer a abertura da sucessão na casa de um amigo.
Quid Juris!

Respostas

2. Rever os apontamentos anteriores. Artigos 2031º


do C.C.
TEMA – V: Vocação Sucessória

UNIDADE Temática 5: Vocação Sucessória

UNIDADE Temática 5.1.: Aquisição sucessória

UNIDADE Temática 5.2.: Aceitação da Herança

UNIDADE Temática 5.2.1: Da necessidade da aceitação

UNIDADE Temática 5.2.2. : Natureza jurídica e caracteres


UNIDADE Temática 5.2.3.: Espécies da aceitação

UNIDADE Temática 5.2.4.: Anulação da aceitação

UNIDADE Temática 5.2.5.: Transmissão

UNIDADE Temática 5.2.6.: Caducidade

UNIDADE Temática 5.3.: Repúdio da herança

UNIDADE Temática 5.3.1.: Noção, natureza jurídica e


caracteres

UNIDADE Temática 5.3.2.: Forma do repúdio

UNIDADE Temática 5.3.3.: Anulabilidade

UNIDADE Temática 5.3.4.: Sub-rogação pelos credores do


repudiante

UNIDADE Temática 5.3.5.: Repúdio sob condição ou a termo

UNIDADE Temática 5.4. Casos práticos


UNIDADE Temática 5.: Vocação Sucessória

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


• Caracterizar: o repúdio e a aceitação da herança;

Analisar: as espécies da aceitação da herança, da anulabilidade,


Objectivos ▪

específicos transmissão.

• Conhecer: os prazos de caducidade da aceitação e repúdio da herança.

5.Vocação Sucessória

O Prof. Pereira Coelho, diz que a designação é a indicação,


antes da morte do autor da sucessão, do quadro dos sucessíveis,
e, acrescenta “designação sucessória é a indicação de um
sucessível, feita antes da morte do de cujus, pela própria lei ou
por um acto jurídico praticado de harmonia com ela”.
Por vocação sucessória entende-se o chamamento a sucessão, que
tanto pode derivar da própria lei, como da vontade expressa do
de cujus.
Para melhor explicar este conceito, podemos dizer que vocação
sucessória é a chamada dos sucessores a titularidade das
relações jurídico-patrimoniais do autor da sucessão, que devam
perdurar para alem da sua morte.
Este é o conceito adoptado na própria lei, no artigo 2024 e
confirmado na primeira parte do nr 1, do artigo 2032, ambos
do C. Civil.

5.1. Aquisição sucessória

A aquisição da herança abrange naturalmente tanto a aceitação


como o repúdio da herança, na medida em que a aquisição esta
intimamente relacionada com o modo como o sucessível responde
ao chamamento.
Na verdade, nesta fase do fenómeno sucessório, o sucessível ou
responde positivamente ao chamamento, aceitando a herança e
entra por isso, no domínio e posse dos bens da herança, como se
alcança do nr 1, do artigo 2050 do C. Civil, ou responde
negativamente e desencadeia-se, consequentemente, o
chamamento de outro sucessível, por via de vocação subsequente
ou por via de vocação indirecta.

5.2. Aceitação da Herança

5.2.1. Da necessidade da aceitação


Aceitação é o acto pelo qual o sucessível responde
afirmativamente ao chamamento a sucessão, ou seja, a
titularidade das relações jurídicas que compõem a herança ou o
legado.
Porem, é preciso atentar que, o facto de se dizer que a aquisição
sucessória pressupõe obrigatoriamente a aceitação, não significa
que a aceitação constituía um acto forcado para o aceitante.

Deve-se ter-se ainda presente que, não obstante a possibilidade


de a aceitação vir a ocorrer em momento posterior ao da
abertura da sucessão, os seus efeitos retrotraem sempre aquela
data, conforme se alcança do disposto pelo nr 2, do artigo 2050
do C. Civil.

5.2.2. Natureza jurídica e caracteres

A propósito da natureza jurídica da aceitação é no ponto assente


que se trata de acto jurídico unilateral não receptício no sentido
de que não carece de ser dirigido ou levado ao conhecimento de
pessoa determinada, ao qual se aplicam os princípios
estabelecidos no artigo 295, do C. Civil quanto aos negócios
(capacidade, vícios da vontade), em tudo aquilo que não
contrarie o disposto especialmente quanto a aceitação ou ao
repudio da herança.
A aceitação da herança enquanto acto jurídico unilateral não
recepticio, apresenta os seguintes caracteres:

• È individual – artigo 2051 do C. Civil;

• È pessoal, embora com as limitações contidas nos artigos


1887, nr 1 alínea e), 1888, 1889, 1891, 1886, 1893, nr
1, alínea d) e 1922 do C. Civil relativamente a herança
deixada a menor, artigo 1938, nr 1, alínea c), 1940 e
1941 do C. Civil quanto a herança deixada a interdito e
artigo 109, do C. Civil no tocante a herança deixada a
ausente;

• È irrevogável – artigo 2061 do C. Civil;

• È puro e simples – artigo 2054, nr 1 do C. Civil;

• È indivisível – artigos 2054, nr 2 e 2055, ambos do C.


Civil.

No que respeita ao carácter da aceitação, a regra geral é a de


que ela não pode ser feita so em parte, conforme se extrai do
nr 2, do
artigo 2054 e que vem a ser
confirmada pela primeira parte do nr 1, do artigo 2055, ambos
do C.
Civil.

5.2.3. Espécies da aceitação

Quanto aos modos ou espécies da aceitação, de acordo com o


que dispõe no nr 1, do artigo 2052, do C. Civil, esta pode ser:

• Pura e simples; ou

• A benefício de inventário.

Na aceitação pura e simples o sucessível aceita a herança sem


restrições e independentemente de processo judicial de
inventário.
A aceitação a beneficio de inventario consiste em o sucessível
aceitar a herança, reservando-se o direito de só receber o seu
saldo liquido, após estarem satisfeitos os encargos que sobre ela
recaírem.
A aceitação da herança a benefício de inventário tem lugar
obrigatoriamente, nos termos do estabelecido pelo nr 1, do
artigo 2053 do C. Civil, em quatro situações:

• Quando seja deferida a menor;

• Quando seja deferida a interdito;

• Quando seja deferida a inabilitado; ou

• Quando seja deferida a pessoa colectiva.

5.2.4. Anulação da aceitação

O artigo 2060 do C. civil estabelece de forma expressa, que a


aceitação da herança, quando se mostrar viciada por dolo ou
coação, é anulável.
Assim sendo, o prazo para se requerer a anulação do acto
jurídico aceitação da herança é de um ano contado da data em
que tenha cessado o vício, que lhe deu causa.

Por outro lado, tem legitimidade para requerer a anulação quem


tiver interesse directo na sua declaração.

5.2.5. Transmissão
O acto jurídico que é a aceitação da herança é hereditável e
portanto transmissível – cfr artigo 2058 do c. Civil.

5.2.6. Caducidade

De forma expressa a lei no nr 1, do artigo 2059 do C. Civil


estabelece que o direito de aceitar a herança caduca ao fim de
dez anos.
Ao cabo do tal prazo, considera-se o sucessível como inexistente,
razão pela qual se verificara um novo chamamento, começando
então a correr novo prazo para o ora chamado.
5.3. Repúdio da herança

5.3.1. Noção, natureza jurídica e caracteres

Por repúdio da herança ou do legado devera-se entender o acto


pelo qual o sucessível responde negativamente ao chamamento.
Como consequência fundamental do repúdio surge o facto de se
considerar como não chamado o sucessível que haja respondido
negativamente.
Por outro lado, por forca da Lei, os efeitos do repúdio retrotraem
ao momento da abertura da sucessão – artigo 2062, do C. Civil.
Sendo um acto jurídico unilateral não recepticio, o repudio
apresenta os seguintes caracteres:

• È individual – artigo 2051 do C. Civil;

• È pessoal, contudo devera ter-se presente a excepção


resultante
do disposto no artigo 2067 do C. civil;

• È Irrevogável – artigo 2066 do C. Civil;

• È puro e simples – artigo 2064, nr 1, do C. Civil;

• È indivisível – artigos 2064, nr 2 e 2055 do C. Civil.

A propósito do repudio deve-se ainda ter sempre presente o


estatuído no nr 2, do artigo 1683, do C. Civil.
Por ultimo, para o caso do sucessível ser menor, importa ter em
consideração o que o se estabelecer no nr 1, do artigo 1888 do
C. civil relativamente ao repudio da herança. Tenha-se presente
que o repúdio tenha de ser autorizado pelo tribunal de menores.

5.3.2. Forma do repúdio


Estatui o artigo 2063 do C. Civil que o repudio esta sujeito a
forma exigida para a alienação da herança.
Assim, face ao preceituado por aquela disposição legal, devera
entender-se que a manifestação de repúdio terá de obedecer a
forma exigida pela lei, para a alienação dos bens que integram
a herança, conforme se extrai do artigo 2126 do C. Civil.
Deste modo, quando se tratar de bem imóvel, o repúdio tem de
obedecer a forma de escritura publica, conforme preceituam os
artigos 2063 e 2126, nr 1, do C. Civil.
5.3.3. Anulabilidade

Ao repúdio da herança aplicam-se os princípios gerais da


anulabilidade e da nulidade dos negócios jurídicos.
Tal como acontece com a aceitação da herança, o repúdio é
anulável quando se verifique ter havido dolo ou coação. Todavia,
o simples erro não constitui fundamento de nulidade ou de
anulabilidade, como se extrai do artigo 2065 do C. Civil.
No que concerne a legitimidade para requerer a anulabilidade
do repúdio, quer ao prazo da sua arguição, porque o legislador
não estipula nenhuma regra especial, aplicam-se-lhes os
princípios gerais que se acham consignados no artigo 287 do
Código Civil.
Deste modo, tem legitimidade para arguir a anulabilidade quem
tiver interesse directo na sua declaração e o prazo de arguição
é de um ano a contar do momento em que cessou o vicio que lhe
deu causa.

5.3.4. Sub-rogação pelos credores do repudiante

Nos termos do nr 1, do artigo 2067 do C. Civil e não obstante a


natureza pessoal do repudio da herança, a lei permite a situação
especial dos credores do repudiante poderem aceitá-la em nome
deste (repudiante).
A lei fixa no entanto, o prazo de seis meses para os credores
exercitarem este direito, que lhes é atribuído, o qual começa a
contar do dia em que aqueles tiveram conhecimento do repudio
– nr 2, do artigo 2067 do C. Civil.
Por outro lado, aos credores é-lhes conferido tal direito de
subrogação, apenas como meio de se garantir o pagamento dos
seus créditos, razão pela qual mostrando-se liquidados, a
diferença não lhes aproveitara, revertendo o remanescente para
os herdeiros imediatos, nr 3, do artigo 2067 do C. Civil.

5.3.5. Repúdio sob condição ou a termo


Conforme resulta expressamente do disposto pelo nr 1, do artigo
2064 do C. Civil o repúdio não pode ser feito sob condição nem
a termo.
Igualmente a lei não admite que se repudie só em parte a
herança, exceptuando no caso previsto pelo artigo 2055 do C.
Civil, como resulta do disposto pelo nr 2, do artigo 2064 do
mesmo código.

SUMARIO

Nesta Unidade temática 5 estudamos e discutimos


fundamentalmente vários itens em termos de considerações
gerais á disciplina de Direito de Família e Sucessões:
1. Aceitação e Repudio da Herança.
Exercícios práticos:

1. Em que consiste a aceitação e Repudio da herança?


2. Fale da caducidade da Aceitação da Herança.

Respostas

3. Rever os apontamentos anteriores.

TEMA – VI: Partilha da Herança

UNIDADE Temática 6.1. : Direito de exigir partilha

UNIDADE Temática 6.2.: Formas de partilha

UNIDADE Temática 4.3. Casos práticos


UNIDADE Temática 4.: Partilha da Herança

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


• Caracterizar: as formas da partilha da herança;

Objectivos ▪ Analisar: os direitos da partilha específicos


• Conhecer: os prazos de caducidade da aceitação e repúdio da herança.

6. Partilha da Herança

6.1. Direito de exigir partilha

O direito de exigir partilha pressupõe que esteja perante uma


de duas situações. Ou é necessário que exista mais do que um
herdeiro, depois da herança ter sido aceite; ou que havendo um
único herdeiro, este não seja o cônjuge sobrevivo, e que para
além dele, exista cônjuge sobrevivo, que seja ao mesmo tempo
meeiro.
Também neste último caso se compreende a razão de ser da
previsão contida na lei.

6.2. Formas de partilha

Nos termos da lei, nr 1, do artigo 2102 do C. Civil a partilha


pode fazer-se essencialmente por uma das seguintes formas:

• Judicial;

• Extrajudicial.

Ainda tendo por base o disposto pelo nr 1, do artigo 2102, do


C. Civil constata-se que a partilha será feita extrajudicialmente
sempre que se verifique a existência de acordo de todos os
interessados quanto ao modo de dividir o património hereditário,
e não ocorra nenhuma situação que obrigue a inventário
obrigatório.
Quanto a partilha judicial, ela tem lugar em processo especial, o
chamado de inventario, previsto nos artigos 1326 e seguintes do
código do Proc. Civil.
Inventário facultativo tem lugar só e quando for requerido por um
dos interessados e fora dos casos previstos no nr 2, do artigo
2102, do C.
Civil.

O inventário obrigatório tem lugar, nos termos do nr 2, do artigo


2102 do C. Civil “sempre que a lei exija aceitação beneficiária
da herança, e ainda nos casos em que algum dos herdeiros não
possa, por motivo de ausência ou de incapacidade permanente,
outorgar em partilha extrajudicial”.

SUMÁRIO

Nesta Unidade temática 6 estudamos e discutimos


fundamentalmente vários itens em termos de considerações
gerais á disciplina de Direito de Família e Sucessões:
1. Partilha da Herança.
Exercícios práticos:

Casos Práticos

1. Por hipótese, R. morreu no dia 30 de Abril passado, em


união de facto com a amante (F) com quem passou a viver
desde o divórcio, tendo nascido um filho desta união (G).
Tinha feito uma doação a G de 100 000 meticais. Deixou,
além da casa, arrendada a R. por decisão judicial, na
sentença de divórcio, por uma renda de 1000 meticais, que
não foi paga desde Janeiro de 2006, a casa avaliada em
900 000 de meticais, um automóvel adquirido em segunda
mão, com o valor de
92 000 meticais, e dívidas de 20 000 meticais, de bens de

consumo adquiridos e das despesas do lar não pagas,


e o recheio da casa em que vive no valor de 100 000
meticais. C, filho mais velho, já com um descendente,
Hilda, que não conhecia o avô, repudiou a herança. R.
tinha feito testamento, deixando a quota disponível ao
filho G e o automóvel a F.
a. Quem sucede a R. e em que direitos? Proceda à partilha da herança.
b. Qual o destino do arrendamento da casa em que viviam? Pode F manter o
arrendamento?
3. A união de facto constitui uma relação jurídica familiar?

4. Consideremos que o pedido de divórcio foi procedente e que desde 2003 A vive
com E, chinesa, mulher de 25 anos, àquela data, que conheceu no seu restaurante, como
empregada, e que foi assumindo progressivamente o papel de patroa. Celebraram
casamento em cerimónia chinesa pública, com convites e banquete como os demais,
embora tendo deixado para mais tarde o seu registo, pois, segundo um seu cliente, não era
urgente nem absolutamente necessário. Não tendo filhos desta relação, adoptaram os dois
uma sobrinha de E, F, menina, à data de 10 anos, filha da sua irmã e de pai desconhecido,
irmã que era mãe solteira e morrera de um cancro fulminante, A adopção foi decretada por
sentença transitada em julgado, em que não invocaram o casamento, que até agora não
tentaram registar.

1. Perante os dados disponíveis, seria possível e quais os


efeitos desta adopção? E quais os efeitos do casamento
celebrado?

2. 2. Suponha ainda que entretanto, no dia 10 de Junho,


morreu A, o mesmo dos caso I e II, tendo como
familiares os referidos, designadamente as filhas C e
D, e ainda os seus irmãos, I e H, e sobrinhos, filhos
deste último, J e L. A era proprietário de uma casa,
onde vivia, do restaurante, de dois automóveis de
serviço, respectivamente, avaliados em 2 000 000, 3
000 000, e 50 000 e 80 000 meticais; e de várias contas
bancárias, no valor global de 4 000 000 de meticais.
Não se lhe conheciam dívidas, salvo as de exercício do
comércio, avaliadas agora em 250 000 meticais. No
seu funeral foram gastas, conforme as orientações do
seu irmão mais velho, 130 000 meticais. Havia doado
a R um colar de ouro que deve valer agora 50 000
meticais, e a E um colar de ouro com um pequeno
diamante que custou 100 000 meticais, bem como um
automóvel no valor de 100 000 meticais, no seu último
aniversário. Fez testamento em que deixava a E a casa
e aos irmãos e aos sobrinhos, a dividir em partes
iguais, 1 000 000 de meticais, e, sob condição de o L e
a F se casarem, como promete o seu namoro, deixa aos
dois o remanescente da herança. Entretanto, C, sua
filha mais velha, falecera em Dezembro passado,
deixando o seu marido apenas, que também pretende
suceder a A.

3. Quem sucede a A, em que termos e com que


fundamentos?

Respostas

4. Rever os apontamentos anteriores.

Bibliografia

1. ABUDO, José Ibraimo, Direito da Família, 1ª Edição,


Maputo.
2. LEITE DE CAMPOS, Diogo (1990) - Lições de Direito da
Família e das Sucessões, 1ª Edição, Livraria Almedina;

3. PEREIRA COELHO E OLIVEIRA, Guilherme (2005) - Curso


de
Direito da Família, 3ª Edição, Coimbra Editora, Coimbra;
4. SARMENTO, Luís Filipe e AMARAL, Aires José Mota do, Direito das Sucessões, 2ª
Edição revista e aumentada, Livraria Universitária, UEM, Maputo, 1997.

5. PROENÇA, José João Gonçalves (2005) - Direito das Sucessões, 2ª Edição, Quid-Juris.

6. ASCENSÃO, José de Oliveira (1981) - Direito Civil -


SUCESSÕES, 1ª Edição, Coimbra Editora, Coimbra;

LEGISLAÇÃO

• Constituição da República de Moçambique. In: Boletim da


República, 2004;

• Lei 10/2004, de 25 de Agosto, que regula as relações


familiares;

• Código Civil; • Código de Processo Civil.

• Código de Registo Civil.

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