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Tributação de Rendimentos em Espécie - em Sede Do IRT em Angola
Tributação de Rendimentos em Espécie - em Sede Do IRT em Angola
IRT EM ANGOLA
A FALTA DE REGULAMENTAÇÃO ESPECÍFICA NO CIRT
Por: Denilson Jota António1
RESUMO
1
Jurista, Mestrando em Direito Económico, Professor Assistente, Secretário da ECODIMA e Consultor
Jurídico e Advogado Estagiário na Sociedade de Advogados Edmundo Miguel e Associados.
E-mail: denilsonjotaantonio@gmail.com
A base tributária, alargada nestes termos, é voltada, não só para expressar a real
capacidade contributiva dos sujeitos passivos, bem como evitar a possibilidade de fuga
ao fisco, através da manipulação aquando da classificação de determinados tipos de
renda.
2
Todavia, por lacuna voluntária ou involuntária, muitas formas de rendimento não
conhecem forma específica para a sua tributação, forma que importava haver pela
especificidade que se impõe, afastando-as do regime normal de tributação de IRT.
Com efeito, e para a defesa da propriedade privada, importa aferir em que termos o
Estado tem direitos tributários sobre bens ou rendimentos em espécie, para que tal
tributação não seja ávida como ilegítima intervenção na esfera e propriedade privada de
particulares.
2
Vide. MIGUEL, Edmundo; Lições e Práticas de Teoria Geral do Direito Civil; Luanda; 2018; pág 107
Podemos facilmente depreender que tais bens não podem ser tributados nos moldes em
que são tributados os rendimentos em dinheiro. Primeiro, porque em regra, são
indivisíveis, não se pode retirar uma percentagem da casa ou do carro, para pagamento
de Imposto Sobre o Rendimento do Trabalho. Segundo, qualquer operação equiparável
aos termos mencionados retiraria a utilidade e a função do rendimento em espécie,
como por exemplo, vender-se o carro ou a casa para pagamento dos respectivos
Impostos.
A metodologia escolhida para a pesquisa foi o método dedutivo. Temos como ponto de
partida a generalidade das leis, para chegar a conclusões de situações concretas da
relação jurídica tributária, emergentes da tributação de rendimentos em espécie, a título
de Imposto Sobre o Rendimento do Trabalho.
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O n.º 4 da alínea b) do n.º 3, do artigo 2.º do CIRS, dispõe que são considerados ainda
rendimentos do trabalho dependente os subsídios de residência ou equivalentes ou a
utilização de casa de habitação fornecida pela entidade patronal. Por sua vez, o n.º 2 do
artigo 24.º estabelece, nomeadamente, a forma de calcular o rendimento colectável na
esfera do trabalhador, estipulando que o rendimento em espécie corresponde à diferença
entre o valor do respectivo uso e a importância paga a esse título pelo beneficiário, e
que, não havendo renda, o valor do uso é igual ao valor da renda condicionada,
Dado que se trata de um rendimento em espécie, não está sujeito a retenção na fonte,
conforme o disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 99.º do CIRS, devendo, contudo, o
respectivo valor constar do recibo de remuneração e da DMR com o código A63.
De acordo com o disposto no n.º 5 da alínea b) do n.º 3 do artigo 2.º, do CIRS, são
também considerados rendimentos de trabalho dependente os resultantes de
empréstimos sem juros ou a taxa de juro inferior à de referência para o tipo de operação
em causa, concedidos ou suportados pela entidade patronal, com excepção dos que se
destinem à aquisição de habitação própria permanente de valor não superior a €
180.426,40 e cuja taxa não seja inferior a 70% da taxa mínima de proposta aplicável às
No caso de empréstimos concedidos pela entidade patronal sem juros ou a taxa de juro
reduzida, o rendimento é calculado subtraindo o resultado da aplicação ao respectivo
capital da taxa de juro que eventualmente seja suportada pelo beneficiário, ou
Ao resultado do valor obtido por aplicação a esse capital da taxa de juro de referência
para o tipo de operação em causa, publicada anualmente por portaria do membro do
Governo responsável pela área das finanças, ou
Dado que se trata de um rendimento em espécie, o mesmo não está sujeito a retenção na
fonte (alínea a) do n.º 1 do artigo 99.º do CIRS), devendo o mesmo ser inscrito no
recibo de remuneração e constar da DMR, sob o código A64, assim como do
documento comprovativo das importâncias devidas no ano anterior, a entregar ao sujeito
passivo, até 20 de Janeiro de cada ano.
Este rendimento em espécie não está sujeito a tributação em segurança social, pois não
se encontra previsto no artigo 46.º do Código dos Regimes Contributivos
Nestes casos, a tributação na esfera do trabalhador (em sede de IRS) é calculada pela
diferença entre a taxa de juro de referência para o tipo de operação praticada (publicada
anualmente em portaria pelo Ministro das Finanças) e a taxa de juro efectivamente
suportada pelo beneficiário (no caso de efectivamente existir).
Esta é das medidas mais utilizadas pelas empresas, com o objectivo de satisfazer as
necessidades dos colaboradores.
De acordo com o disposto no n.º 9 da alínea b) do n.º 3 do artigo 2.º do CIRS, são
também considerados rendimentos de trabalho dependente, os resultantes da utilização
pessoal pelo trabalhador ou membro de órgão social de viatura automóvel que gere
encargos para a entidade patronal, quando exista acordo escrito entre o trabalhador ou
membro do órgão social e a entidade patronal sobre a imputação àquele da referida
viatura automóvel.
Não podemos deixar de salientar a dicotomia no que se refere à base de incidência para
efeitos de IRS e da Segurança Social. No caso do IRS o rendimento corresponde à
diferença entre o valor de aquisição e o produto desse valor pelo coeficiente de
desvalorização acumulada constante de tabela aprovada pela portaria n.º 383/2003, de
14 de maio.
Note-se que em qualquer caso, por forma a assegurar que a viatura adquirida pelo
trabalhador ou membro de órgão social mantenha um valor residual mínimo, da
aplicação do coeficiente de desvalorização constante da tabela, nunca poderá resultar 11
um valor inferior a 10% do seu valor de aquisição no ano da matrícula.
Aquisição pelo trabalhador ou membro de órgão social, por preço inferior ao valor de
mercado, de qualquer viatura que tenha originado encargos para a entidade patronal
De acordo com o disposto no n.º 10 da alínea b) do n.º 3 do artigo 2.º do CIRS, são
ainda considerados rendimentos do trabalho dependente os resultantes da aquisição pelo
trabalhador ou membro de órgão social, por preço inferior ao valor de mercado, de
qualquer viatura que tenha originado encargos para a entidade patronal.
Por sua vez, o n.º 7 deste artigo 24.º estabelece que na determinação dos rendimentos
previstos nos n.ºs 5 e 6, considera-se valor de mercado o que corresponder à diferença
entre o valor de aquisição e o produto desse valor pelo coeficiente de desvalorização
acumulada constante de tabela aprovada pela Portaria n.º 383/2003, de 14 de maio.
Salientamos, ainda, que de acordo com o n.º 13 do artigo 24.º, para efeitos do n.º 10 da
alínea b) do n.º 3, presume-se que a viatura foi adquirida pelo trabalhador ou membro
do órgão social, quando seja registada no seu nome, no de qualquer pessoa que integre o
seu agregado familiar ou no de outrem por si indicada, no prazo de dois anos a contar do
exercício em que a viatura deixou de originar encargos para a entidade patronal.
Não podemos, porém, deixar de ter em atenção o disposto no artigo 43.º-C – Incentivo
fiscal à aquisição de participações sociais pelos trabalhadores, do Estatuto dos
Benefícios Fiscais.
Nesta situação devem ser aplicadas as regras de tributação definidas para a categoria de
rendimentos do trabalho dependente havendo, no entanto, dispensa de retenção na fonte
do imposto, ao abrigo do artigo 99.º, n.º 1 do CIRS.”
De acordo com o disposto na alínea b) do n.º 4 do art.º 24º do CIRS, o momento em que
se consideram obtidos os ganhos, resultantes da aquisição das acções, é o da subscrição.
Note-se, porém, que os ganhos obtidos, posteriormente, com a alienação das acções
consubstanciam mais-valias a tributar de acordo com o regime geral e são constituídos
pela diferença entre o valor de realização e o valor de aquisição, tal como se encontra 13
previsto nos n.ºs 3 e 4 do artigo 10º do CIRS.
No que concerne à Segurança Social, nos termos do disposto na alínea j) do artigo 48.º -
Valores excluídos da base de incidência, do Código Contributivo, não integram a base
de incidência contributiva as importâncias respeitantes ao desconto concedido aos
trabalhadores na aquisição de acções da própria entidade empregadora.