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Perdoe a sua mãe

Priscilla Panizzon10 de maio de 2020


Neste Dia das Mães, perdoe a sua mãe. Perdoe a sua mãe. Eu escrevo esse texto,
como todos os outros, antes de tudo para mim mesma. Para reflexão dos meus
próprios processos. É a minha catarse verborrágica. Tudo o que escrevo aqui no
Toda Mulher é Sagrada, cada linha, eu vivi. Na carne, nos ossos, na alma. E hoje
se eu estou escrevendo sobre perdoar a nossa mãe é porque eu também estou
passando por isso. E eu poderia escrever um texto lindo sobre as mães,
romantizado. Mas a era da superficialidade acabou. E perdão pode ser tudo menos
superficial. Perdão vem do nosso passado mais longínquo, da nossa dor mais
profunda, do nosso medo mais aterrorizante.  Vem do útero. Do nosso útero. Do
útero da nossa mãe. Da nossa avó. Vem de úteros.

Perdoe a sua mãe. Ela é sua mãe. Simplesmente por isso. Sem ela, você não estaria
tendo essa chance maravilhosa de evolução na escola Terra. Ela foi o veículo para
o seu espírito encarnar aqui e nutriu seu corpo por nove meses, que hoje está aí
forte e saudável. Te dando prazer. Ela escolheu te ter. Pode não ter sido uma
gravidez planejada, mas em algum momento ela escolheu  te ver nascer. Ela foi o
seu portal mágico entre os mundos.  O útero dela foi esse portal. Ela te deu a
vida humana. Podemos não ter tido mais nada dela, mais nada. Nem leite, nem
carinho, nem olhares, nada. Mas ela te trouxe a esse planeta. E “só” por isso ela
merece o seu agradecimento e o seu perdão. O meu agradecimento e o meu perdão.
Ela fez a parte dela. É hora de começar a praticar a sororidade também com a
nossa mãe.

Você escolheu a sua mãe antes de chegar aqui. Você tem a mãe que precisa ter.
Cada uma e um de nós tem exatamente a mãe que precisa ter. Nada é por acaso e
muito menos a mãe que temos. O que você pode aprender com ela? O que fazer e o
que não fazer? Acredite, a sua relação com ela impacta em todas as áreas da sua
vida. Todas as áreas da sua vida são impactadas pela relação com a sua
mãe. Mas aqui eu não estou falando de perdão raso. Eu estou falando de
mergulhar fundo. Te se abrir de verdade a vasculhar qual é a sua real relação com
a sua mãe. Eu estou falando de olhar as suas sombras. Só assim você chegará em
um perdão verdadeiro à sua mãe. Ela é a pessoa mais importante da sua vida
porque ela é o maior vínculo que podemos ter enquanto encarnados aqui. A mãe é
e sempre será a mãe. Você pode nunca ter visto a sua mãe, mas ela existe ou
existiu. E ela segue sendo um pilar central da sua vida. Porque ela sempre existirá.
Você pode terminar amizades, namoros, parcerias de trabalho, mas os seus laços
de sangue seguem. Aceite. Aceite e perdoe. Deixe ir. Você não precisa segurar
tanto sofrimento dentro de si. Você não quer isso. Eu sei. Eu sei que você não
quer. Eu também não queria, mas a dor era tanta que eu acreditei que queria.

Ela pode não concordar com coisa alguma do que você diz, faz, fala, come. Mas
ela ainda assim merece seu perdão. Principalmente nesses casos você deve perdoar
a sua mãe. Ela é a sua maior professora. Se não for de amor, será de coragem para
seguir em frente nos seus objetivos, mesmo que até ela não os defenda. Não
acredite neles. Ela é o seu treino: se você conviver bem com a sua mãe apesar
de todas as “diferenças”, você convive com qualquer outra pessoa nesse
planeta. Faça o teste. Ela não deve nada a você e você não deve nada a ela. Se
você acha que ela te deve, tem algo errado com você. Se ela acha que você deve
algo a ela, tem algo errado com ela. Expectativas, projeções, carências,
vitimismo… Alguma coisa tem aí. Mas não se preocupe com ela, preocupe-se com
você. Faça a sua parte que essa sim é a sua responsabilidade. Ela é ela. Você é
você. Ela é sua mãe, não sua irmã ou sua tia ou sua prima. Sua mãe.

Chore tudo que precisa chorar. Vomite as palavras, expurgue a rejeição, grite de
raiva. Mas perdoe a sua mãe. Dedique-se a isso. Faça desse perdão uma
prioridade. Deixá-lo para depois é autossabotagem.  A sua mãe é a projeção que
você fez dela. Aquela Mulher é outra pessoa. Mas você a vê com os seus olhos.
Com os olhos da criança ferida.  Da menina que só queria ser acolhida e não foi.
Que só queria ser ouvida e não foi. Que só queria se sentir amada e não foi. Mas
aquela Mulher fez o melhor que ela sabia. Ela fez tudo o que podia. Ela fez o que
devia ter feito. Para você, foi pouco. Para ela, pode ter sido muito. Mas agora
chegou a hora de olhar para essa menina ferida com os olhos de uma Mulher. Uma
Mulher que acolhe a sua própria menina ferida. Perdoe a sua mãe e  liberte essa
menina ferida . É você agora a responsável por ela. A sua mãe já fez a parte dela.
Agora é com você. Perdoe a sua mãe e então perdoará a sua avó e então perdoará
sua bisavó e então perdoará todas as mulheres que já pisaram aqui. Mas,
principalmente, perdoe a sua mãe e perdoe a si mesma. Você merece.
 
Minha mãe, eu te peço perdão. Me perdoe, me perdoe, me perdoe. Minha mãe, eu
te perdoo. Eu te perdoo, eu te perdoo, eu te perdoo. Eu te agradeço e você me
agradece. O amor da Deusa nos envolve agora e estamos livres. Está feito, está
feito, está feito.
 
Exercício Sagrado: Se você acha que não tem o que perdoar ou pedir perdão à sua
mãe, renda-se. Sim, sempre temos o que perdoar e o que pedir perdão. Minha dica
é praticar o Ho’Oponopono Com a Mãe, da maravilhosa Ju Marconato, disponível
no Spotify. Especialmente hoje. Liberte-se para o amor.
Postado na Lua Cheia
Imagem: Claudia Tremblay (Uma artista incrível!)

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