You are on page 1of 4

D

RO
RE
EI
Curso: Defensoria Pública de Minas Gerais

EM
Disciplina: Execução Penal
Professor: Marcos Paulo

OS
Monitor: Paula Pena
Bloco 02

-R
Erros/imprecisões materiais relacionados aos dados qualificativos do

19
sentenciado

16
Seria possível a retificação de erro material concernente aos dados qualificativos do
sentenciado?
65
O art. 259 do CPP prevê que as imprecisões relativas aos dados qualificativos do
71
imputado podem ser sanadas a qualquer tempo, tanto no processo de conhecimento quanto no
26

processo de execução.
-0

Art. 259. A impossibilidade de identificação do acusado com o seu


verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação penal,
O

quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do processo,


do julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a sua
NT

qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo da


validade dos atos precedentes.
PI

No entanto, essa temática deve ser analisada com muita cautela. Situação tranquila
S

seria o juiz retificar, por exemplo, o nome de Cristiano para Cristian ou Luciana para Luciane. Por
UE

outro lado, o caso não será tão simples quando diante de homonímia ou apresentação de
documento de identificação idôneo, mas relacionado a terceiro. Estas hipóteses não deixam de
IG

ser mero erro material e não invalidam o título condenatório, pois teria sido efetivamente
DR

processada e julgada a pessoa que praticou o ato. O problema, nestes casos, é que o título
condenatório foi formalizado em nome de sujeito distinto ao processado.
RO

A competência para retificação de homônimos e nomes, em decorrência de


apresentação do documento de terceiros, será do Tribunal, pois necessário instaurar revisão
RE

criminal, art. 621, III do CPP. Isso para demonstrar que aquele que consta no título condenatório
não é o mesmo que foi efetivamente processado, julgado e condenado ou para constar que
EI

aquele com o nome no título condenatório nada tem com o caso, pois o condenado foi outro.
M
SE

1
RO
Art. 621, A revisão dos processos findos será admitida:
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência

D
do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição

RO
especial da pena.

Essa revisão criminal terá pedido liminar de sobrestamento da execução.

RE
A retificação não pode ser buscada no juízo da execução, já que ele não possui
competência para tanto, o art.. 66 da LEP não teceu tal competência.

EI
Em prova discursiva temos autores, como Marcelus Polastri, defendendo que: sendo o

EM
erro material latente/evidente não poderíamos abrir mão da revisão criminal, mas nesses casos o
juízo da execução de ofício, evocando o poder geral de cautela, poderia sobrestar a execução

OS
penal até que a temática fosse equacionada em sede de revisão criminal. (Prova discursiva)

-R
Art. 2º, parágrafo único da LEP e sua aplicação ao preso provisório

19
Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em

16
todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na
conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal.
65
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao
condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a
71
estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária.
26

A execução provisória da pena privativa do réu preso é benéfica, permitindo que


-0

acelere a conquista de benesses previstas na LEP. Por exemplo: progressão de regime.


A execução provisória é viável e coaduna com o art. 5º, LVII da CRFB/88, tendo em
O

vista que a presunção de inocência (estado de inocência) e de não-culpabilidade são garantias do


NT

réu que não pode ser evocada contra seus próprios interesses. Assim, quando o réu já estiver
preso não há dúvidas de que a aplicabilidade da LEP ao preso provisório permite que iniciemos a
PI

execução provisória da pena privativa de liberdade, sem comprometimento do estado de


inocência. Nessa linha, súmulas 716 e 717 do STF e resolução 113 do CNJ.
S
UE

Súmula 716 do STF Admite-se a progressão de regime de cumprimento da


IG

pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada,


antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.
DR

Súmula 717 do STF Não impede a progressão de regime de execução da


pena, fixada em sentença não transitada em julgado, o fato de o réu se
encontrar em prisão especial.
RO

Quando da sentença penal condenatória se expedirá carta de execução de sentença


(guia de recolhimento do preso provisório) para vara de execuções penais. A partir da execução
RE

penal provisória a competência passa a ser toda da vara de execução penal (VEP).
EI
M
SE

2
RO
Como aplicaremos a LEP ao preso provisório, as decisões tomadas desafiam

D
enquanto recurso o agravo em execução, art. 197 da LEP, não interessando se o processo crime

RO
esteja em grau de apelo.

RE
Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem
efeito suspensivo.

EI
Os incidentes da execução penal serão decididos pelo juízo da VEP e caberá agravo

EM
em execução.
O parâmetro da execução penal provisória será o quantum penal fixado na sentença,

OS
sendo irrelevante a existência ministerial para agravamento da pena. Exemplo: pena fixada na
sentença condenatória de 6 anos e o MP recorreu para buscar o agravamento da pena, isto não

-R
interessa. Logo, para fins de progressão de regime o referencial será a pena de 6 anos. Assim se
pensarmos na progressão de regime em 1/6, depois do cumprimento de 1 ano caberia a

19
progressão do regime, pouco importando a apelação do MP.

16
PROVA DISCURSIVA PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO
65
A solução acima para uma prova do MP deve ser criticada, mas não esquecer que
71
ela já está pacificada no STJ e STF.
26

Na prova discursiva do MP adotaríamos o seguinte referencial: qualquer execução


provisória pressupõe a estabilidade do pronunciamento jurisdicional que se executa, de maneira
-0

que se a quantidade de pena ainda não se mostra revestida de definitividade não haveria como
pensar em execução provisória. Ademais, estaríamos falando de recurso Ministerial e que,
O

portanto, teria no mínimo plausibilidade jurídica, já que todas as manifestações do MP devem


NT

ser racionais, por mandamento constitucional, considerado o art. 129, VIII, 2ª parte, CRFB/88.
PI

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:


S

VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito


UE

policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações


processuais;
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por
IG

integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva


lotação, salvo autorização do chefe da instituição. (Redação dada pela
DR

Emenda Constitucional nº 45, de 2004)


RO

Sob essa ótica, a posição do MP seria: é possível pensar em execução provisória


para que o condenado seja alocado em estabelecimento prisional adequado ao regime fixado,
RE

se não for o regime que está sendo questionado, proporcionando trabalho e estudo. Entretanto,
em termos de concessão de benefícios vinculados à quantidade de pena o referencial seria o
EI

título condenatório pretendido pelo MP. Assim, para fins de execução provisória quando
M

pendente recurso do MP seria necessário pensá-la não à luz do título condenatório já existe,
SE

3
RO
mas daquele que está sendo buscado e será adotado caso provido o recurso ministerial. Isso

D
traria algumas variantes:

RO
1º recurso ministerial pró-réu: ótimo! Sendo pró-réu a reformatio in pejus não
existiria, porque se viesse seria de ofício, hipótese vedada no ordenamento jurídico brasileiro

RE
(art. 617 do CPP). Assim sendo, no caso tratado já poderia executar o título condenatório tal
qual apresentado pelo MP.

EI
EM
Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao
disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo,
porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da

OS
sentença.

-R
2º apelo ministerial objetiva a alteração do regime: diante da vedação à reformatio in
pejus de oficio, a quantidade de pena já estaria consolidada e serviria como referencial para

19
concessão de benefícios. Porém, como eu teria que partir a execução provisória de acordo com
o título condenatório pretendido pelo MP e esse versasse apenas sobre o regime, poderíamos

16
pensar na execução provisória pautada no apelo, enquanto para os benefícios observaríamos a
pena já sentenciada, pois esta não pode ser agravada. 65
3ª o MP busca o agravamento da pena: projetando o título condenatório pretendido
71
pelo MP no recurso, a execução provisória não seria da pena fixada na sentença, mas sobre a
26

pena decorrente do eventual provimento do MP caso viesse a ser reconhecido o agravamento


-0

que se busca em sede recursal.


4º Recurso ministerial amplo, ou seja, busca-se o agravamento total da condenação,
O

poderíamos pensar na execução provisória, mas, nesse caso, à luz da pena máxima cominada
NT

à infração penal. Exemplo: estelionato com pena de 1 a 5 anos e o MP recorreu por entender
que pena de 2 anos cominada foi ínfima e pede uma exasperação expressiva da pena, sendo
PI

passível de fazer com que se chegue à pena máxima, nesse caso poderíamos pensar em
S

benefícios como progressão de regime e livramento condicional, mas em cima do máximo


UE

pretendido pelo MP, que seria de 5 anos.


IG

Posição dominante: a execução provisória tem como referencial a pena concretizada


DR

na sentença, de maneira que mesmo existindo apelação do MP buscando a exasperação vale a


pena fixada na sentença.
RO
RE
EI
M
SE

4
RO

You might also like