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Biologia PROFESSOR FLÁVIO LANDIM

CLASSIFICAÇÃO DA NATUREZA
EM REINOS

CLASSIFICAÇÃO DE LINEU EM 2 REINOS

No século XVIII, quando Lineu classificou a natureza, so-


mente dois reinos de seres vivos foram considerados: Animalia
e Plantae ou Vegetalia (o terceiro reino era o dos minerais: Rei-
no Mineral). Microorganismos não estavam ainda muito bem descri-
tos, de modo que sua classificação era feita em um dos dois reinos,
segundo critérios que hoje nos parecem às vezes meio estranhos.
Como as diferenças celulares e bioquímicas entre os seres vivos não
eram muito bem reconhecidas, animais eram definidos como seres
“que se alimentavam”, “que se locomoviam” e “que possuíam um
ASSUNTOS DA AULA. crescimento bem definido”. Já as plantas eram definidas como seres
Clique no assunto desejado e seja direcionado para o tema. “que não se alimentavam”, “que não se locomoviam” e “que possuíam
crescimento indefinido”.
• Classificação da natureza em reinos Por este raciocínio, quando o microscópio foi desenvolvido e os
micróbios foram sendo descobertos, foram sendo enquadrados em
• Domínio algum dos reinos. Protozoários, que se locomovem quando vistos
ao microscópio óptico, foram considerados animais. Bactérias foram
consideradas plantas por uma série de motivos: aparentemente não
se alimentam e não se locomovem, pelo menos ao microscópio óp-
tico. Na verdade, bactérias individuais só são visíveis ao microscópio
eletrônico (desenvolvido somente na década de 1950); o que se vê ao
microscópio óptico são as colônias de bactérias. Essas são imóveis e
aparentemente não se alimentam, uma vez que sua nutrição só seria
perceptível também à microscopia eletrônica. Fungos foram con-
siderados vegetais pelas semelhanças no que diz respeito a “não se
alimentar” (pelo menos aparentemente) e “não se locomover”.
Apesar de não ser mais usada, essa divisão da natureza tem
seus reflexos até hoje na Biologia, com livros-texto de botânica fre-
quentemente tratando também de bactérias e fungos. Além disso,
a classificação taxionômica de protozoários segue a mesma lógica
de animais, bem como a de bactérias e fungos segue o mesmo pa-
drão da de plantas.
2 B I O LO G I A

CLASSIFICAÇÃO DA NATUREZA viviam nas condições da Terra primitiva, onde não havia
EM 4 REINOS oxigênio livre para realizar a respiração. A partir deles, uma
linhagem teria se diversificado e adquirido a capacidade
Em 1938 e depois em 1956, Herbert Copeland, reconhecen- de captar a energia solar utilizando um pigmento chamado
do as falhas da classificação de Lineu em 2 Reinos, resolveu clorofila, e fazer fotossíntese. Essa linhagem teria dado ori-
criar dois novos reinos, baseado nas diferenças de organização gem às cianobactérias e também introduzido o oxigênio na
celular dos seres vivos. Assim, além dos Reinos Animal e atmosfera. Mais tarde, outra linhagem teria derivado, degra-
Vegetal, surgem os Reinos Monera e Protista ou Protoc- dando o alimento através de uma via metabólica mais com-
tista. plexa, que utiliza o oxigênio para queimar o alimento e liberar
O Reino Monera abriga até hoje os organismos procari- maior quantidade de energia: o processo de respiração.
ontes, enquanto o Reino Protista passou a abrigar os or- Na linhagem dos eucariontes, além da diferenciação da
ganismos de classificação duvidosa. Antes que você pense carioteca individualizando um núcleo, teriam se diferencia-
alguma besteira, organismos de classificação duvidosa são do organelas membranosas relacionadas com diferentes
aqueles que não se encaixam claramente nos demais reinos. funções. Além disso, acredita-se que logo no início da di-
Assim, quando não se sabia bem onde classificar um organis- versificação dos eucariontes teria ocorrido uma simbiose
mo, ele era colocado no Reino Protista. Nele foram incluídos mutualística entre eucariontes e bactérias que realizavam a
unicelulares eucariontes heterótrofos (protozoários), unicelu- respiração. Essa relação se mostrou vantajosa para ambas as
lares e pluricelulares eucariontes autótrofos sem organização formas vivas e se perpetuou. Acredita-se que as atuais mi-
tecidual (algas) e os fungos. Percebe-se que o Reino Protista tocôndrias das células eucarióticas tenham surgido assim:
é completamente artificial, uma vez que agrupa seres de ori- elas teriam sido bactérias que passaram a viver associadas
gens evolutivas bem distintas. com células eucarióticas. Praticamente todos os eucariontes
atuais possuem mitocôndrias.
CLASSIFICAÇÃO DA NATUREZA Acredita-se que, mais tarde, na evolução dos seres eu-
EM 5 REINOS cariontes, teria ocorrido outra simbiose mutualística: desta
Embora ainda não completamente satisfatória, uma das vez entre o eucarionte com mitocôndria e as cianobactérias
classificações mais aceitas dos seres vivos foi a estabelecida que realizavam a fotossíntese. Essas cianobactérias teriam
por Robert Whittaker em 1969. Várias evidências nos levam dado origem aos plastos atuais.
a aceitar a classificação de Whittaker, como por exemplo, o Foi com base nessa interpretação da evolução das célu-
que se acredita hoje sobre a origem e a evolução da própria las e dos seres vivos que se construiu o seguinte esquema,
célula. Afinal, os primeiros seres vivos que surgiram na face da mostrado na figura 5, que se adapta ao sistema de Whittaker
Terra eram unicelulares e deles derivaram os demais. Assim, de classificação dos seres vivos em cinco reinos:
a evolução dos seres vivos está ligada à evolução da célula.
Vamos, então, resumidamente, apresentar essa evolução
para podermos entender a classificação dos seres vivos.
Os primeiros seres vivos que surgiram na Terra eram
unicelulares formados por células estruturalmente mui-
to simples: os procariontes. Desses organismos, derivaram
duas linhagens principais: uma que deu origem aos atuais
procariontes, representados pelas bactérias e algas azuis
(atualmente chamadas de cianobactérias), e outra que deu
origem aos organismos eucariontes, inicialmente unicelu- Evolução dos organismos atuais a partir da primeira célula.
lares e depois multicelulares.
Acredita-se que os primeiros organismos procariontes Os procariontes, que são todos unicelulares, autótro-
que surgiram na Terra primitiva obtinham seus alimentos por fos ou heterótrofos (bactérias e cianobactérias), são re-
absorção de nutrientes do meio e degradavam esses nutrien- unidos no Reino Monera.
tes para liberar a energia necessária ao metabolismo através Dentre os eucariontes existem duas linhagens: a que
de um processo simples, a fermentação. Esses organismos deriva de ancestrais em que ocorreu simbiose mutualística

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PR O FE S S O R L A N D I M 3

apenas com bactérias aeróbicas (que deram origem às mitocôndrias) e a que deriva de ancestrais que passaram a apresentar
mutualismo também com cianobactérias (que deram origem aos cloroplastos). No primeiro caso, heterótrofos, temos os fungos
e os animais; no segundo caso, autótrofos, temos as plantas.
- O Reino Fungi reúne organismos eucariontes uni ou multicelulares, dotados de parede celular quitinosa, heterótro-
fos, que se alimentam por absorção de nutrientes a partir do meio e realizam uma digestão extracorpórea.
- O Reino Animalia ou Metazoa reúne organismos eucariontes multicelulares, sem parede celular, heterótrofos e que
se alimentam por ingestão de nutrientes a partir do meio.
- O Reino Plantae ou Metaphyta reúne organismos eucariontes multicelulares, com parede celular celulósica,
autótrofos fotossintetizantes.
O grande problema para a classificação dos organismos é o critério utilizado para definição do Reino Protista, que acaba por
causar problemas também na classificação do Reino Plantae.
Observando o esquema da figura anterior, verifica-se que neste reino incluem-se organismos de origens distintas. É, assim,
um reino artificial, que não é monofilético (ou seja, que não tem uma única origem evolutiva), e por isso tem gerado controvérsias.
Muitos consideram dentro do Reino Protista apenas os organismos unicelulares eucariontes, fotossintetizantes (algas
unicelulares) ou heterótrofos (protozoários e mixomicetos, sendo estes últimos organismos semelhantes a fungos mas sem a
parede celular quitinosa). Esta é a classificação original de Robert Whittaker, de 1969. Em 1988, Lynn Margulis e Karlene Schwartz
passaram a considerar no Reino Protista (ou Protoctista, como sugerido por Herbert Copeland, em 1938) além dos unicelulares
eucariontes, multicelulares eucariontes autótrofos sem organização tecidual verdadeira (ou seja, algas multicelu-
lares, as talófitas: clorofíceas, feofíceas e rodofíceas).
Além destes organismos que têm estrutura celular, existem ainda os vírus, formas particulares de organismos que não es-
tão bem definidos como sendo vivos ou não. Como não são celulares e como o caráter “vivo” ainda é questionado para eles,
prefere-se excluí-los da classificação de organismos claramente caracterizados como vivos.

CLASSIFICAÇÃO DA NATUREZA reinos de bactérias: Reino Eubacteria e Reino Archaeo.


EM 6 REINOS
DOMÍNIOS
Em 1977, foi encontrado no fundo do Oceano Pacífico,
um novo grupo de bactérias, autótrofas quimiossinteti- Na década de 1980, o microbiologista Carl R. Woese
zantes, hoje chamados de arqueobactérias, e que vivem propôs uma nova classificação dos seres vivos com base
próximos a chaminés vulcânicas submarinas. Como vivem na análise do RNAr, um tipo de RNA presente em todos
em um ambiente onde estão expostas a altas temperatu- os seres vivos e, portanto, bastante útil para como base
ras e gases de enxofre venenosos para a maioria dos seres, de comparação. Nessa proposta, os seres vivos são clas-
são chamadas também de extremófilas. Elas utilizam os sificados em três grandes grupos ou Domínios, catego-
gases de enxofre para fabricar glicose por quimiossíntese. ria taxionômica criada por Woese que é superior a reino.
A análise do DNA dessas arqueobactérias (morfologica- Esses domínios são Archaeo, Bacteria e Eucarya. Segun-
mente tão procarióticas como as demais bactérias), mostra do essa proposta, base para classificação em seis reinos,
semelhanças profundas entre elas e as células eucarióti- os procariontes são muito diferentes entre si e formam dois
cas. Desse modo, há um grau de parentesco maior entre domínios distintos. Por outro lado, todos os eucariontes são
arqueobactérias e eucariontes do que entre arqueobac- muito semelhantes entre si e formam um domínio único.
térias e as demais bactérias, chamadas hoje de eubactérias Dentro do domínio dos eucariontes, haveria 5 reinos (Fungi,
(“bactérias verdadeiras”, que incluem as cianobactérias). Animalia, Plantae, Stramenopiles e Alveolates; protista não
Como o principal critério usado na taxionomia atual é considerado um reino por não ser monofilético, de modo
para classificar os seres vivos é o critério evolutivo (den- cada linha evolutiva em protista é dotada de seu “próprio”
tro da chamada Sistemática), foi proposta a cisão do Reino reino) ou 6 reinos (Fungi, Animalia, Plantae, Protista ou Pro-
Monera em dois reinos, um para cada linha evolutiva de toctista, Archaeozoa e Chromista).
bactérias: eubactérias e arqueobactérias. Assim, a natureza Abaixo, segue uma árvore filogenética ou cladograma
estaria dividida em seis reinos. Continuam os reinos de eu- que mostra as relações evolutivas entre os principais or-
cariontes (Protista, Fungi, Animalia e Plantae) e há dois ganismos atuais:

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Tome nota:

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