Capítulo 16

VIA AÉREA AVANÇADA EM

PEDIATRIA NA SALA DE
EMERGÊNCIA: UMA
REVISÃO SISTEMÁTICA
ACEVEDO COUTINHO, LAURA1
BARBOSA ARCANJO, YURI1
BERTOLASSI PEREIRA, FILIPI1
BOTHREL OLIVEIRA, BRUNA1
CASTRO ARAUJO, FELIPE1
DA SILVEIRA, ALINE CRISTINA1
DE SOUZA AZEVEDO, MARIANA1
FAVARO DA SILVA, GIOVANNA1
FIGUEIREDO PETERNELLA VAZ, CAMILLE1
GALDINO, ROBERTO1
GODOI TAKAMORI, JOÃO PAULO NORI1
KERN NOVELLI, PAULA1
MOREIRA CASTRO NEVES, ALCIDES VINICIUS1
PEIXOTO BEM COSTA, MARIA CRISTINA2

1
Discente – Curso de Medicina do Centro Universitário Max Planck - UNIMAX.
2
Docente – Curso de Medicina do Centro Universitário Max Planck - UNIMAX.

Palavras Chave Criança; Intubação Endotraqueal; Manejo de Vias Aéreas

1|P á g i n a
INTRODUÇÃO
O manejo de vias aéreas é um manejo mé-
dico que garante a permeabilidade das vias aé-
reas. Porém, quando estamos diante de um pa-
ciente pediátrico, nos deparamos com
situações adversas que dificultam a qualidade
do manejo avançado das vias aéreas, tais
como: Falta de proficiência dos profissionais,
técnicas inade-quadas e recursos limitados,
principalmente quando associados a et al.; 2021), é essencial principalmente no
morbidades, além da lite-ratura escassa no que
diz respeito às equipes de emergência em vias
aéreas pediátricas. E, jun-tamente com essa
falha de manejo, vem junto o aumento
significativo da morbimortalidade in-fantil,
destacando a criticidade das emergências de
vias aéreas em crianças.
De acordo com o Pediatric Anesthesia
Journal (VENKATACHALAM, et al., 2021),
“o manejo bem-sucedido da via aérea
pediátrica geralmente requer domínio não
apenas da via aérea anatomicamente difícil,
mas também da via aérea fisiologicamente e
situacionalmente difícil”. Portanto, é
importante ressaltar a óbvia diferença entre a
via aérea de um adulto para a de uma criança
mais velha e para as de um neonato ou
lactente, - inclusive o seu manejo. Em estudo
publicado no British Journal of Ana-esthesia
(JAGANNATHAN, et al., 2021), aborda-se
que a incidência de intubação tra-queal difícil
é maior em recém-nascidos (RNs) e lactentes
do que em crianças mais velhas, além de que,
a incidência de hipoxemia asso-ciada à
intubação traqueal é maior em RNs e lactentes
do que em crianças mais velhas.
Tendo isso em mente, surge o conceito de
“intubação traqueal difícil”, sendo essa
definida como “duas tentativas mal sucedidas
de larin-goscopia direta”. Aqui, entram as
chamadas “situações adversas” citadas
anteriormente; quando um profissional menos
experiente está diante de uma via aérea difícil,
o preconizado pelas diretrizes seria a procura
pela ajuda de alguém mais experiente, de
forma a minimizar o tempo de exposição da
criança à hipoxemia. Outro ponto já citado
antes foi a questão da li-mitação de recursos
no serviço, onde um video-laringoscópio,
muito recomendado no estudo do British
Journal of Anaesthesia (JAGANNA-THAN,
quesito de aumento do sucesso da primeira
passagem do tubo durante a intubação traqueal
em crianças com vias aéreas difíceis. Em rela-
ção às técnicas inadequadas, um exemplo é o
não domínio da oxigenação em apneia – que
tem o poder de atrasar a hipoxemia durante as
tentativas de intubação, e sua incorporação nos
protocolos de atendimento possui o poder de
diminuir as múltiplas tentativas de intubação
traqueal, reduzindo também as interrupções
das tentativas de intubação e,
consequentemente, as complicações que as
múltiplas tentativas oca-sionam.
Objetivo Geral: O presente estudo teve
co-mo objetivo realizar uma revisão teórica
sobre as especificidades do manejo de vias
aéreas na pediatria que tem contribuído para o
desenvol-vimento de melhores práticas na sala
de emer-gência.
Objetivos Específicos: Analisar quais as
dificuldades apresentadas no manejo das vias
aéreas na pediatria e as suas repercussões ina-
dequadas na sala de emergência. Verificar as
melhores práticas descritas na literatura
pesqui-sada.
MÉTODO
Trata-se de artigo de revisão sistemática,
quanti-qualitativa de cunho exploratória que
se-guiu as seguintes etapas:
2|P á g i n a
 1. Desenho do estudo:
Conforme Goldim (2002), na pesquisa
qua-litativa o fenômeno a ser pesquisado é
cuidado-samente observado, vale destacar que
a essên-cia deste tipo de pesquisa é o retrato da
visão total do processo estudado. A abordagem
quali-tativa permite desvendar processos
sociais, construir novas abordagens, revisar e
criar con-ceitos e categorias durante a
investigação. Esse tipo de estudo trabalha com
“significados, mo-tivos, aspirações, crenças,
valores e atitudes, o que corresponde a um
espaço mais profundo das relações, dos
processos e dos fenômenos, que não podem ser
reduzidos à operacionali-zação de variáveis”
(MINAYO, 2010).
2. Período da coleta:
A pesquisa bibliográfica foi realizada por
meio de buscas informatizadas da literatura ci-
entífica na Biblioteca Virtual em Saúde –
BVS, utilizando os seguintes descritores:
“criança”, “intubação endotraqueal”, “manejo
de vias aéreas”. Posteriormente foram
selecionados os artigos de interesse para este
estudo, conside-rando como critérios de
inclusão: recorte tem-poral, delimitando-se o
período das publicações entre os anos de 2017
e 2022 e textos redigidos em inglês, espanhol e
alemão. Foram excluídos da seleção estudos
repetidos em mais de uma das bases de dados
selecionadas, os resumos em Anais de
congressos, artigos indisponíveis na íntegra e
estudos em outros idiomas.
3. Análise dos dados:
Os dados foram analisados pelo método de
análise de conteúdo, sendo desdobrados em 03
fases distintas: pré-análise; exploração do
mate-rial e tratamento dos resultados. Segundo
Bar-din (2009):
Pré-análise: é a fase de organização que
tem como objetivo sistematizar as ideias ini-
ciais, sendo realizada a escolha dos
documentos a serem submetidos à análise.
Exploração do material: fase de explora-
ção do material obtido e dos achados diante do
problema explicitado.
Tratamento dos resultados: é o momento
em que o investigador trata os resultados
brutos de maneira a serem significativos e
válidos, conforme seu embasamento nos
materiais em-píricos.
Para a análise dos dados foram utilizados
os procedimentos de estatística descritiva,
dessa forma, os dados foram registrados e
tabulados por meio de planilhas eletrônicas e
apresen-tados sob a forma de tabelas com
números ab-solutos e percentuais, sendo que a
análise foi pautada nos dados que apresentam
maior inci-dência (BARDIN, 2009).
4. Aspectos Éticos:
Por se tratar de um estudo bibliográfico –
que não envolve a pesquisa com seres
humanos -, não houve a necessidade de
submeter o es-tudo à aprovação de um Comitê
de Ética e Pes-quisa (CEP), bem como não
fizeram parte desse estudo documentos
obrigatórios apontados pela Resolução 196/96
do Conselho Nacional de Sa-úde. Todavia,
foram observados todos os pre-ceitos éticos
quanto à realização de estudos científicos em
saúde.
Foram inicialmente selecionados 205 arti-
gos, sendo que após a aplicação dos critérios
de inclusão e exclusão foram analisados na
íntegra 59 artigos que representaram a amostra
final, por meio de uma combinação entre título
e re-sumo. Dentro do processo de seleção foi
reali-zado um cruzamento entre os títulos,
resumo e objetivos onde houve a exclusão de
146 publi-cações. Para a terceira fase de
3|P á g i n a
elegibilidade foi realizada uma leitura na
íntegra dos artigos, excluindo 48 publicações.
Para a etapa de inclu-são foram relacionadas
Figura 16.1 Fluxograma de busca de dados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Baseado na leitura dos artigos
selecionados, observa-se que o manejo de vias
aéreas em crianças na emergência é uma
temática bastante delicada, visto que a maioria
dessas ações são classificadas como difíceis.
Intubações em cri-anças, em sua maioria são
de alto risco e estão associadas a uma alta taxa
de eventos adversos, incluindo hipoxemia.
Ademais, a má formação crânio facial pode ser
uma das grandes difi-culdades para intubação
em recém-nascidos e crianças.(TOMMASINO
& ALBICINI, 2018).
A intubação endotraqueal pediátrica pode
trazer muitos desfechos clínicos adversos, den-
tre eles destaca-se a colocação do tubo endo-
traqueal no esôfago, além de poder causar
11 publicações que res-ponderam ao objetivo
do estudo, conforme ex-posto abaixo.
dete-rioração fisiológica com dessaturação,
hipoten-são, parada cardíaca, vômito ou
disritmia (GUEDINA et al., 2019).
Caso haja necessidade de uma entubação
pediátrica, são necessários alguns cuidados bá-
sicos para o processo, como uma equipe pre-
parada e ciente de todos os papéis exercidos na
hora da ação, um controle dos sinais vitais da
criança ou recém-nascido, com monitorização
frequente de oximetria e batimentos cardíacos,
após o processo também tem que ser
verificado se a intubação ocorreu de maneira
adequada, através de ausculta de esôfago e
constante supervisão da saturação de oxigênio.
Um fator que chama atenção quando se
trata da intubação endotraqueal pediátrica é a
falta de preparo e confiança do médico espe-
cialista e da equipe que o acompanha, por se
4|P á g i n a
tratar de uma anatomia diferente e mais frágil,
quando se comparada a de um adulto, com a
presença de ossos, ligamentos e músculos me- CONCLUSÃO
nos rígidos e com a possibilidade de lesões
Após análise sistemática, observamos uma
mais facilmente causadas.
série de embates no que tange o manejo de
Por conseguinte, para a realização de ma-
vias aéreas pediátricas. As crianças formam
neira mais efetiva em intubações pediátricas,
grupos de pacientes específicos devido às
ocorreram a padronização de alguns
diferenças significativas em sua anatomia e
protocolos, visando uma maior eficácia do
fisiologia, por-tanto, podem ocorrer vias
procedimento, consistindo em melhor escolha
aéreas difíceis, im-previstas e inesperadas.
do tipo e o pre-paro da intervenção que será
Dessa forma, conclui-se que uma melhor
realizada, a técnica utilizada na laringoscopia,
compreensão dessas particularidades pediátri-
sua repercussão car-diovascular e
cas levarão à necessidade de um manejo das
hemodinâmica, avaliando os prin-cipais tipos
vias aéreas específico e certeiro, a ser
de sedação e relaxamento muscular, com o
garantido por meio de criação de protocolos de
objetivo de propiciar ao paciente menor tipo
manejo de vias aéreas pediátricas
de impactos possível ao organismo, além do
institucionais, que inclu-am atualizações
pós-intervenção e por quanto tempo essa in-
constantes dos profissionais de saúde
tervenção será benéfica, são conhecimentos in-
envolvidos e atuantes nos serviços de
dispensáveis que garantem uma taxa de sobre-
emergência, garantindo também, dessa forma,
vida superior aos valores que temos docu-
recursos financeiros para aquisição de equipa-
mentados em publicações científicas.
mentos adequados para a realização dos proce-
Ademais, a escolha dos dispositivos corretos
dimentos.
no momento do manejo da via aérea é
Por fim, novos estudos são necessários
responsável pelo su-cesso do procedimento.
para melhor elucidação do tema, a fim de
Neste sentido, estudos mostram que a
garantir maior compreensão e qualificação
dispositivos de ventilação supra-glótica usados
profissional, dando maior embasamento
em traumas pediátricos oferecem inadequada
teórico sobre a me-lhor tomada de decisão de
oxigenação/ventilação, aumento das chances
condutas visando um melhor prognóstico para
de traqueostomia e aumento da mortalidade
a população pediá-trica.
em 24h e mortalidade total (Hernandez et al.,
2018).

5|P á g i n a
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bardin, L. Análise de Conteúdo. Tradução de Luís A.
Reto e Augusto Pinheiro. 5ed. Lisboa: Edições 70,
2009.
Goldim, J.R. Manual de iniciação à pesquisa em saúde.
2° ed. Porto Alegre; 2002.
Minayo, M.C.S. O desafio do conhecimento: pesquisa
qualitativa em saúde. 8. ed. São Paulo: Hucitec, 2010.
Funakoshi, H; Kunitani, Yuri; Goto, T; Okamoto, H;
Hagiwara, Y; Watase, H; Hasegawa, K; Association
Between Repeated Tracheal Intubation Attempts and
Adverse Events in Children in the Emergency
Department. Pediatric emergency care; 2022;
Le Bastard, Q. Rouzioux, J. Montassier, E. Baert, V.
Recher, M. Hubert, H. Leteurtre, S. Javaudin, F.
Endotracheal intubation versus supraglottic procedure in
paediatric out-of-hospital cardiac arrest: a registry-based
study. Revista ressuscitations; 2021.
Cobb, Megan J. Just Breathe: Tips and Highlights for
Managing Pediatric Respiratory Distress and Failure.
Emergency Medicine Clinics of North America.
Maryland. 2021.
Renberg, M. Hertzberg, D. Kornhail, D. Gunther, M.
Gellerfors, M. Pediatric Prehospital Advanced Airway
Management by Anesthesiologist and Nurse Anesthetist
Staffed Critical Care Teams. Prehospital and disaster
medicine. Cambridge. 2021.
Venkatachalam, S, J; Garcia-Marcinkiewicz, A;
Giordano, R; Stow, J; Lioy, J; Javia, L; Tay,; Romer, A;
Soorikian, L; Napolitano, N; McCloskey, J; Nadkarni,
V; Fiadjoe, J; Nishisaki, A. Operations and outcomes of
a Hospital-wide Emergency Airway Response Team
(HEART) in a quaternary academic children's hospital.
Paediatric anaesthesia. 2021.
Jagannathan, Narasimhan; Asai, Takashi. Difficult
airway management: children are different from adults,
and neonates are different from children; British Journal
of Anaesthesia. 2021.
Komasawa, Nobuyasu; Matsunami, Sayuri; Minami,
Toshiaki. A proposal for pediatric specific difficult
airway management guideline. Journal of clinical
anesthesia. 2021.
Else, Scott D N; Kovatsis, Pete G. A Narrative Review
of Oxygenation During Pediatric Intubation and Airway
Procedures. Anesthesia e Analgesia. 2021.
Ghedina, N; Alkhouri, H; Badge, H; Fogg, T;
McCarthy, S. Paediatric intubation in Australasian
emergency departments: A report from the ANZEDAR.
Emergency Medicine Australasia; 2019.
Watterson, J; Reid, C; Burns, B; Regan, L. Pre-hospital
advanced airway management in children: a challenge
that training can handle. Scandinavian Journal of
Trauma, Resuscitation and Emergency Medicine. 2017;
Walas, W; Aleksandrowicz, D; Borszewska-Kornacka,
M; Gaszynski, T; Helwich, E; Migdal, M; Piotrowski,
A; Siejka, G; Szczapa, T; Bartkowska-Sniatkowska, A.
Unanticipated difficult airway management in children -
the consensus statement of the Paediatric
Anaesthesiology and Intensive Care Section and the
Airway Management Section of the Polish Society of
Anaesthesiology and Intensive Therapy and the Polish
So. Anaesthesiology Intensive Therapy. 2017;
6|P á g i n a