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Laurent JULLIER e Michel MARIE LENDO AS IMAGENS DO CINEMA ‘TRADUCKO DE MAGDA LOPES editore senac séo paulo Sumario , No nivel do plano... . ez As combinagdes audiovisuais...... 39 No nivel da sequéncia. +42 Os pontos de montagem . O poder da montagem. “4 Accenografia.... . 249 Suspense € coups de thétre ..... 52 Efeito clipe e efeito circo. 54 ‘As metéforas audiovisuais 56 No nivel do filme ... 60 Os recursos da histéria = 60 A distribuigdo do saber = 62 Géneros, estilos e dispositivos 65 0 jogo com o espectador. ...... = 68 O cinema mudo Ferramentas, estos e téenicas . Viagem @ Lua A General... Outubro s anos dourados dos géneros. Ferramentas, estilos e técnicas 0 mético ¢ 0 monstro. A beira do abismo. Cantando na chuva Johnny Guitar. = 106 m1 u7 Classicismo ¢ ligdes de vida. +124 Ferramentas, esilos ¢ téenicas 7 124 Hotel do Norte... ....2.e..c0seeseeseeseeeseeee 126 Crepisculo dos deuses... 4 ‘Quando voam as cegonkas ar Um corpo que cai 146 0 cinema da modemidade. + 152 Ferramentas, estlose ténicas ee “152 0 sétimo selo.. woot eeenesnneee 154 A aventura, 161 Othos sem rOSI0.. eo. 168 {Uma mulher € uma mulher. 175 Deus € 0 diabo na terra do sol... 182 A segunda onda de Hollywood 2.26.6... cece ee 192 Ferramentas, estos e t8nicas ........¢eseveesee vee 192 Professor aloprado. 104 Sem destino. Apocalypse Now Acra pés-modema, . vee Ferramentas, estlose tenicas -...... 00... feces 2b Highlander, 0 guerreiro imortal. 218 Titanic... : 230 Amor @flor da pele... .cecesveveseseeee 2-240 O Senhor dos Anéis: a Sociedade do Anel .. . 248 Cidade de Deus 2.255 Kill Bill vol. 2. 2268 Shrek 2 2270 Bibliografia an indice de filmes 29 Créditos das iustragdes. .-. 283 Apresentacao a edicao brasileira Lendo as imagens do cinema é uma obra sobre cinema. Cinema pode ‘ser muita coisa, inclusive aquilo que parece ser: filmes (narrativa com imagens em movimento e sons) exibidos em salas escuras ou monitores, de video. 0 livro de Michel Marie e Laurent Jullier aborda a produgio cinematogrifica utilizando metodologia da andlisefilmica. Nao traz 0 popularizadas outrora por Georges Méliés, operagdes que consistem em filmar um plano B depois de um plano A sem mudar nenhuma das regras técnicas da cémera no plano A (sobretudo sua localizagio), mas modificando apenas 0 cendrio ou os objetos cuja impressio ela registrou, Méliés gostava de monté-los com corte seco, mas a tendén- cia € combiné-las em fusdo. Nao & comum considerar como monta- ‘gem as inerustagdes no interior da imagem, nem a colagem de varias Ae sobeinpeses. Dr rd Coppola, 82 od Jonatan ean 1) ape ins uns sobre us vibes ‘rorsonmdistrancr, - imagens no interior de um plano. Anteriormente, a maneira habitual de colar era a transparéncia (retroprojegdo}, quando 0 ator represen- tava diante de uma tela que supostamente representava o cendiio no qual seu personagem evoluia. O espectador percebia isso, mas no encontrava nada que exprimisse esse deslocamento para o naturalis- mo ~ exatamente como 0 piiblico de épera e de teatro aceita algumas convengoes de representago. ‘Agora, na era numérica, pode- se incrustar qualquer ator em qualquer cendrio sem que 0 espectador detecte qualquer trucagem ~ a técnica chama-se Atransparica eto Projecto, esta ou pees, Bio. 2 uns ue se choca (eso spc. Lee Wie 5H ab, homeragen dria 29 is raat: oat, niposibiote de azer de uta mania, 2ata de mise tence a ia ‘compositing. Mas ainda ha os nostilgicos da transparéncia... 0 poder da montagem Gracas a um hébito profundamente arraigado, o espectador de cinema tende a ligar dois planos que se seguem. Esse vinculo ¢ susceptivel de assumir diferentes formas, € as conexdes que sustentam um plano A € um plano B consecutivos estabelecem faciimente varios niveis de interpretacao. Os primeiros gestos de montagem da histria do cinema, desde o fim do século XIX, visavam sobretudo ganar tempo. A mon- tagem, efetivamente, €antes de tudo a elipse. Quando a elipse implica uma mudanga de espago, como aqui o exterior e 0 interior, 0 corte ¢ facil. Quando néo ¢ esse 0 caso e a cena transcorre no mesmo espago, continuando as vezes a mesma agio, & preciso recorrer a outros procedimentos para n&o provocar um salto (um salto dé a impressio de que falta filme e de que o filme foi aciden- talmente rompido; os expectadores do cinema mudo se acomodaram a isso, ¢ em seguida aqueles do cinema modemo e também do pés-mo- demo). Dois procedimentos habituais so recorrer a1um plano de corte (mostra-se um detalhe da ago inictada antes de passar ao conjunto, em seguida) e recorrer a\um “elemento natural” (em geral um objeto que passa no campo), de preferéncia “em movimento ripido” (ou sea, fora de foco pela sua rapier) ny NO NIVEL DA SE As pes comune de saciid say sobetuen sires a) 8) Ea dete Elise teas po uma jl atu én 2 movnenta progress Neeser acord de mavens assuiadna um aco de reg. nein Ail Seven Spe, 20 nia rans (tomar val procuar seu fo rob raat ta anion esque para ‘sorts acannad de tevin use, anda, fapassa por ua pa tl Capezio er Ineo ra marant erg ‘steno obo au, ono um ania os otis como vera tora esr capa sempre a esquerta para eta, emia alengace Um ero topo. tn Fantomas ito moro a at rns fort ul tu, Feil, isu ests rolmas Ioplgcos cena: 19 Ojomast tbe Fr or Ceres lt ai 2 eta ever portant, toa a entrar pea ao pst a0 pao seit Se cheapeldrets (ain do mais votanco pa ocaldade ve, Pea nc niu espetar sare uma onda rere a dese ron tq tints lea mut, certs 9 rola par causa ato osu cecnteio radpca ue depen orca tel Mas as consideragbes narrativas nao entram sozinhas em discussio: € preciso pensar no conforto do olho, a fluid da torrente audiovisual Quanto melhor 0 inicio do plano B estiver ligado ao fim do plano A, mais 0 espectador tende a lé-los em comtinuidade, A fluidez passa em Primeiro lugar pelo raccord de movimento, que consiste em determinar ‘uma associagao de rapidez de deslocamento entre A eB, Frequentemente, © raccord de movimento é combinado com um objeto de ligaga0 ~ qual- quer coisa ou qualquer pessoa continua a (ou termina de) executar em B um traeto iniciado em A. Muito frequentemente, também, 0 raccord ‘de movimento ¢ eliptico: dadas as particularidades do sistema perceptivo ‘humano, suprimem-se, em eral, alguns fotogramas na passagem entre AcB, tempo para o espectador absorver a ruptura do fluxo, Muito frequentemente, 0 raccord de movimento encontra-se asso- ciado a um raccond de diregio. E esse raccord de diregio induz a um raccord da entrada por lados opostos. Mas nao & necessiro acreditar que a exatidao topogrifica seja a condigdo sine qua nom do raccord “invisi- 46 Camo eta ic ‘also rc costtogramas que se gue devrian poser xq ily 2a ns est comamesma pai ea, Mas montagor pins eo raz aue ootse oa tara anes ser (rt ano Al pore espe sua reset acto sot) tase ensperaca que Cal acaba de ron 2 propia dua ha Enqanio se prcebe que er essa joven que re se lneresar gorae tla acaba de aparece ‘sour del) cots recat deo Nasi tomas os aca har corse oj oat. iespeter ae cera uncer casdelay etiam ene Feiss eae 1), rosa oque Ave Abertura de Maer ro sand Manis, Mersel Gordon ens 8648 sujet pao B& coeds pl recat dos, valent tapasaga vel’, ou seja, bem-sucedida” do ponto de vista do estilo clissico, Muito frequentemente, um belo raccord & topograficamente falso no que diz respeito a posigéo exata dos atores ¢ da continuidade de seus gestos. Desde que 0s diretores do cinema mudo compreenderam que 0 €- pectador prefere estar dentro do que diante (ou seja, “participante da histéria", em vez de relegado a sua condigdo de observador excluido do mundo ficcional), apareceu 0 raccord de olhar. Ele consiste, sempre do ponto de vista do espectador, em pensar que 0 plano B mostra 0 que vé um personagem apresentado no plano A. Frequentemente, A © B encontram-se invertidas: deve-se entio fazer uma revisio de i terpretagio, para perceber que A mostrava na verdade o que olhava 0 personagem visto em B... Qutra arma narrativa de peso, no dominio da a Faction nt omar The Mask, Cue ssl 199 Tis Caneron Dia moe aca, roca initio de any im Carey ee Chari hard Je, dis funnies do ane onde de sequranca Noes ue Cameron Daz mee oqeisprepara pare Eeulacos got). Apacs Now Francie Compa 79, oper foot Omi Hoe tans abeaua flea evade ser danoistnte suc rmontagem, consiste em ler uma ligagao casual entre A e B. 0 aconte~ cimento mostrado em B aparece como consequéncia do que foi visto em A (la, ainda, A eB sio impossiveis de ser invertidos). 0 plano que mostra a consequéncia chama-se reaction shot, para 0 qual no existe uma traduglo exata para o portugués,talvez por ter sido nos Estados Unidos, durante a década de 1910, que comegou a ser criadlo 0 elemento cssencial da narragio. Isso ainda acontece hoje: os grandes “filmes de cao” populares, made in EUA, baseiam-se sempre em shot/reaction shot, facilmente duplicados por um raccord de olhar. Num plano mais gera, 0 espectador espera certa continuidade na passagem do plano A para o plano B. Diz-se que B deve estar em raccord: com A, se nao for conhecido por dar a impressdo de uma ruptura do flu- x0 audiovisual. A qualidade técnica da imagem deve permanecer igual, assim como a paleta de cores - & para obter essa uniformidade que serve a operacao de padronizagao, Além disso, nos planos em continuidade es- pago temporal, 0 cenirio, o figurino, os penteados ou ainda a colocagao dos objetos ndo devem variar de um plano para o outro, mesmo que na realidade dois planos que se seguem na montagem possam ter sido fil- ‘mados com semanas de intervalo, £ um trabalho de roteir velar por isso (outro dominio em que os Estados Unidos avangaram sobre a Franca na ddécada de 1910), Certa forma de cinefilia, particularmente desenvolvida sina Ati Heny Sam Sobral aperara ceumdostéeices mice que era fio’ eu aca ea conta de algun odo arias entre 00s homens Agra de race un éesoc cca cimera fe de moon) 6 omen es fete chnera aa so sent plao(o chee

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