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HELENO CLAUDIO FRAGOSO LICOES DE DIREITO PENAL A Nova Parte Geral (EDICAO UNIVERSITARIA) 28 edigio revista ¢ atualizada por FERNANDO FRAGOSO (Professor de Dirsito Penal da Faculdade de Direito Candido Mendes. Membro da Association Intérationale de Droit Pénel, de Crimi ie © da Société Intémationale de , da Société Internationale Défense Sociale. riminologie Membro efetive do Instituto dos Advogados Brasileiros. Advogado criminal) 1 edicdo — 1990 2.8 ediggo — 1991 © Copyright + Heleno Claudio Fragoso CIP-Brasil. Catalogagao-na-fonte. Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Fragoso, Heleno Claudio, 1926-1985 F8741 Ligées de direito penal : parte geral / Heleno Cléudio Fra- g080, — 2.4 ed., rev. por Fernando Fragoso. - Rio de Janeiro : Forense, 1991. Bibliografia. 1. Direito penal 2. Direito penal — Brasil I. Titulo. CDU - 343 = 343(81) Proibida a reprodugo total ou parcial, ben como a reproducéo de apostilas a partir deste livro, de qualquer forma ou por qualquer meio eletrénico ou mecfnico, inclusive através de processos xerogréficos, de fotocépia e de gravacdo, sem permissio expressa do Editor. (Lei n® 5.988, de 14.12.73.) Reservados os direitos de i desta edicdo pela COMPANHIA EDITORA FORENSE Ay. Erasmo Braga, 299 — 12, 22 ¢ 72 ands. - 20020 — Rio de Janeiro — RJ Rua Senador Feijé, 137 — Centro — 01006 — Sao Paulo — SP Rua Guajajaras, 1.934 ~ Barro Preto - 30180 - Belo Horizonte - MG Impresso no Brasil Printed in Brazil CIENCIA E EXPERIENCIA DO DIREITO PENAL* yi “Ty ans 1. O desaparecimento de Alfonso Quiroz Cuarén constitui grave perda para a ciéncia criminolégica, que ele elevou, no quadro da Amé- rica Latina, a niveis excepcionais, pela seriedade ¢ alta categoria do seu trabalho. Em homenagem 2o amigo ¢ antigo companheiro de tantas” jornadas, parece analisar /Cri8e-com que hoje se defronta o Di a assinalando as svas discrepiiicias, in- Encias € prob ‘Trata-s¢ de examinar como se formu Ja, no plat co ‘9 sistema punitive ¢ de verificar como ele efeti- vamgnte opert Wa TeaMIGRWE, para destacar, desta forma, as inquietagees ¢ perplexidades a que somos levados, pois a realidade esté em desacor- do com os princfpios da teotia com a qual se cumpre a fungao ideolégi- ca do sistema. A evolugao, nesse sent mego do século, alcangando, com a teoria finalista da aco, grande cor recdo técnica e a elaboragéo de um sistema normativo que deveria ser- vir a aplicacio mais justa e igualitéria da lei penal. 3, Velhos problemas, que conduziram a largos debates, se nfo foram de todo resolvidos, alcangaram formulagées de inegdvel superio- Evolver ago e a problemética da omissio, particularmente a dos crimes comis- sivos por omissio. Assim também a teoria do ero, distinguindo-se o erro de tipo, como aquele que versa sobre os elementos, factuais ou juridicos, que integram 0 modelo legal do fato punivel, do exo de proibigdo, que versa sobre a ilivitude. Poderfamos também mencionata = 5 reformulagéo, pode-se dizer completa, da teoria do crime culposo. En- tende-se hoje que os crimes dolosos ¢ os crimes culposos constituem ridade técnica. Poderfamos mencionar, a tftulo de exemplo, a ori da- * Trabalho escrito para o livro-homenagem a Alfonso Quiroz Cuarén. 4 - Bar op 1512 T\998 > muleyie Mole Ow 498 HELENO CLAUDIO FRAGOSO categorias distntas do fato punfvel. No crime culposo a lei profbe cau sar através de negligéncia, imprudéncia ou impericia certo resultado, com agio que se dirige a fins geralmente licitos, irrelevantes para a ‘configuracSo da conduta tipica. O tipo dos crimes culposos é aberto © 8 ‘conduta tipica depende da violagio do cuidado objetivo exigfvel nas cireunstincias. O crime culposo nfo € mais apenas uma forma de cul- pobilidede, como imaginava a teoria tradicional. Esta supunha que 2 ‘revisibilidade do evento constitufa a esséncia do crime culposo ¢ que este se consubstanciava num desvalor do resultado. A doutrina moder- ‘na reformulou a estrutura do crime culposo, partindo da verificagio de due a antijuridicidade de tais crimes depende da violagao do cuidado cxigivel na vida de relagéo ¢ que nele o elemento decisivo esté num desvalor de apo. Nejam-se, por igual, os conceitos de autoria e parti- ‘cipacio, cujo estudo, a rigor, nfo se pode fazer, partindo da solucéo ‘implista do CP brasileiro. A participacio € necessariamente acess6ria ‘ese distingue da autoria no plano l6gico ¢ na propria natureza das coi~ sas, Em suma, pode-se dizer que, em relacéo 20s problemas “com os quais ocuparam-se largamente os juristas, a doutrina presenta hoje uma sistemética de grande exatidio técnica, levada as 4, O sentido geral dessa evolugio Wenica teve por base a substi- tuigSo de conceltosnatualisticose puramente descritivos por conecitos rhormativos e de valor, com os quais se enriqueceu extraordinariamente 2 eoria do Direito Penal. Isso se ilustra claraments com 0 conceito de ‘culpa, que a doutringclssica entendia ser mera rela psicol6gicaen- tue 0 agente © 0 resultado, como se pode ver bem nas primeras edigdes dbo Tratado de Von Liszt. A evolugio posterior (que conduziu 2s con- ‘epgées puramente normativas da doutrina modema) foi no sentido de cancterizar a culpa como vontade reprovdvel ¢ nfo mais como mera ‘elagio peicol6gica. Entendis-se por culpa nfo a simples vontade, mas fim a vontade que ndo deveria ser, transformando-se um conceio natu- Talistico num conceito de valor. Introduzia-se, assim, como se percebe Claramente, na idéia de culpa uma reformulacéo completa, ois © mere Cimento de peua passava a estar em funco da csnsurabilidade do com- poramente. Essa evolugio penetrou, pode-se dizer, toda a moderna teoria do delito. LUQOES DE OMREITO PENAL = 5. Deve-se dizer que essa evolucio~deixou um pouco_ na sombra toda a parte relativa 2s 2 ais ‘0 que se refere &, 3sa8 questées foram relegadas pelos juristas a um segundo plano, pois eles entendiam que esta parte do sistema nao oferecia os grandes atrativos das questées elegantes da teoria do delito. Partia-se aqui, em geral, de uma concepgdo retributiva da pena, completada e complementada pelas medidas de seguranga. A partir das formulag6es originais do déSi0085, ¢, depois, do CP italiano, de 1930, penetrou nas legislagdes o chamado sistema do_duplo binfrio, Segundo 0 qual, ao lado da pena, fundada ¢ medida nna culpabilidde, aparece a medida de seguranga, que tem por base a periculosidade_ do agente, Com isso constituiu-se, aqui também, um sistema de grande simetria Igica e perfeicéo tedrica. A experiéncia desses tiltimos 25 anos, no entanto, veio mostrar que esse sistema nao funciona € que, na revela grandes insuperdiveis incon as. O trabalho formidével dos juristas no campo di teoria do Dineito Penal est posto em xeque pelas realidades do funcionamento 6. Por que estamos, entio, em suacko Ae cris) se a elaboragio ‘técnica dos juristas conseguiv, como vimos, conduzir a formulacSo doutrinéria do Direito Penal a um grau de grande perfeicao técnica? O conjunto de normas que constitui o direito © o processo penal ¢ a dou- trina que sobre ele se realiza cumprem também uma segundo a qual se apresenta a realidade do sistema punitivo de ‘co devastador.da.criminologia da reacéo.social,.que-submeteu.aanélise Saeeane tg Lipacpoace seems tin pxplcagio causal do delito,tarefa na qual nfo logrou resultados. ‘Tinha seu objeto determinado pelo Direito Penal, que deveria indicar 0 ‘que se entende por crime. Com base nisso, tentava-se realizar a anélise ase que fa técnica de controle social e, em que medida serve aos interesses € pre- conceitos dos que t&m o poder de fazer as aormas. E indaga-se, sobre- ‘tudo, como funciona realmente o sistema repressivo do Estado. Pergun- ta-se até que ponto o Direito Penal corresponde & defesa de valores de «3 HELENO CLAUDIO FRACCSO geri, juralistica © que pon- ° ‘Direito Penal aparece como rotulsdor de condutas delituo- as, caimprindo assim tama fongS0 ideolgica, © 6 que ponto a formy- Jaci ‘ideal comesponde 2 realidade do aparato policialjudicério re= 7. A encruzithada em que se encontra o sistema punitivo revela- se pelas discrepincias entre suas aparéacias e suas realidades. Come, ernos pelas formulagdes mais gerais.Parece que a fungSo fundamental Go Dist Pelé usa ose la se renliza sees dalla Guo jurstas costumam chamar de fidela jwrdica: mecanismo com 0 ql $= fameaga com uma sangSo jufidica (no caso, a pena criminal) a trans: fressfo de um preceito, formulado para, supostamente, evitar dano jim valor da vida social (bem juridico). Procura-se assim uma defesa (que operaria através da ameaca penal a todos os destinatris da nor, ma, bem como pela efetiva aplicagéo da pena a0 tansgressor, ad a0 €€ "Parece claro que a justificagio da pena se encontra na prépria fingéo do Esiado, como tutor © mante~ tedor da ordem juridica, destinada & consecugio e & preservagso do tem comum, Iso s¢ faz através da protegdo de cartos estados valiosos, aque so 0s bens juridicos, que o Estado busca preservar através da ameace penal. 9. A idéin de_prevencio_geral levou o legisiador, € continua 8 levé-lo, a certa cxacerbacéo punitiva, nna ingénua_suposicio de que. 0- ‘aumento das penas tom o efeito de diminuir a criminalidade. Isso con- uz, por Vezes, a auténtico direito penal terorista, de inspiraglo me- dieval, Era essa a concepgio de nossas Ordenagées do Reino que, co- tno diz a passagem cléssica de Coelho da Rocha, procuravam deter 08 homens afiavés do terror e do sangue, impondo abundantemente a pens de morte, A anterior lei de seguranca nacional brasileira, imposta pels ee LUQOES OE OREITO PENAL on ditadura militar, em 1969, 6 outro belo exemplo dessa mentalidade. Os militares que fizeram a lei, inspirados na doutrina da seguranca.nacio— nal, imaginaram que através de penas muito elevadas se impediria a rética dos delitos. Surgiram, dessa forma, crimes de manifestagéo do pensamento, punidos com a pena minima de 10 anos de recluséo, bem como indineros crimes em que a pena ménima.era.de12anos de re- clusio, Reintroduziram-se em nosso_direito_as_penas.de.morte.c-de eee ee et Tae ‘realmente nido tem qualquer efeito. 10. Néo esté demonstrado o efeito preventivo da ameaga penal. le parece mesmo no existit. Positivamente nio existe nos crimes politicos. Como j se disse, a prevencéo geral é uma espécie de crenca. Pesquisas realizadas nos Estados Unidos (notadamente relativas a pena de morte), e na Suécia, parecem mostrar que a ameaca penal néo tem ‘feito algum.' Assinala-se o otimismo dos criminosos comuns. Pode-se rmencionar, por bem expressivo, o aumento da pena para o crime de cembriaguez a0 volante, na Alemanha, que nfo teve efeito em relacéo & marcha da criminalidade, E também a nossa anterior lei de drogas, que previn penas severissimas, com as quais o legisledor supunha coarctar © trffico ¢ 0 consumo de droga, entre nés; uma lei que nfo teve qual~ ‘quer consegiéncia nesse sentido. As penas demasiadamente severas, ‘que ofendemn a consciéncia do magistrado, nfo se aplicam. No Instituto de Cincias Penais do Rio de Janeiro, realizamos pesquisa para apurar ‘como se aplicava a anterior lei de drogas, examinando os processos que tramitaram no foro do Rio de Janeiro no ano de 1974.2 O que se verifi- ‘cou é que os jufzes simplesmente nfo aplicavam a lei severissima, Re~ laxavam ilegalmente prises em flagrante, descartavam como insteis os depoimentos de policiais ¢ eceitavam qualquer prova razofvel para ab- ‘solver o jovem primfrio, de bons antecedentes, portador de pequenas ‘quantidades. A aplicago da lei carecterizave-se, assim, pela incon- ‘gruéncia e pela inconsisténcia. A mesma experincia tivemos ém nosso ‘Superior Tribunal Militar, com a aplicago da infame lei de seguranca nacional. 1 Gh The Death penalty in America. Hugo A. Beda (ed), Garden City, ‘New York, Anchor Books, 1964 io = Hleleno C. Fragoso, Abuso de drogas, na legistago ‘de Faneito, Liber Juris, 1976 400 HELENO CLAUDIO FRAGOSO ‘aqui o risco de uma instrumentalizacio do magistrio punitivo, mista rando-se o homem, como jé observava Kant, com 0 direito das coisas. 12, Parece claro que a criminologia de nosso tempo revelou com bastante nitidez que © que se deve a ‘um conjunto de n relacio aos quais o Direito Penal i influénci a criminalida ml ini estar var cosas endo delituosas. sistema: 0 da justa retribuigSo. 16 agora se trata de aplicar 0 justo cast- go, em nome da justice. Trata-se de contrapor um mal ao maleticio pra, Sendo, como justa punigéo. Nessa perspectiva a idéia de defesa social através da incriminagéo ¢ da pena toma-se davidosa. Teria de surgir como reafirmacho de valores através da justa punicéo. Aparecem aqui, ‘no entanto, complicades problemas. A retribuicéo teria que se fundar ‘na culpa, ou seje, na realizacio de uma conduta reprovavel. Postuls-82, entfo, como pressuposto fundamental da idéia de culpa, a liberdade da ‘Vontade, que constitui proposicdo indemonstrivel, tomando a imagina- da justa retribuig6o um autEntico ato de £6. B parece dificil construir 0 sistema punitivo do Estado sobre um ato de f€. Por outro lado, como se tem observado, a concepsao retributiva deixa em aberto a questo do saber s0b que pressupostos est o Estado autorizado a punit 0 compor- tamento culpével, porque néo se pretende que toda conduta culpével ‘merega punicéo (Schmidhdiuser)> 3 Klaus Roxin, Sinn und Grenzen siaatlcher Strafe, no volume Strafrech- tliche Grundlagenprobleime, Berm, New York, Gruyter, 1973, 5 [UGOES DE OIREYTO PENAL at 14, Em verdade, o sistema nunca péde ser fiel a uina justificacio retributiva, Diz-se que se trata de uma retribuiglo ético-jurfdica, que se ‘esgota na prépria nanureza da pena. A pena é, dizem os juristas, a per~ dda de um bem imposta ao delingiente em virtude do maleficio pratica- 0, € nisso se esgota a sua relacSo retributiva. Seria hoje inadmissivel ‘pensar na pena como escarmento, ou seja, imposta para fazer alguém ‘offer. Os juristas tém explicado, com uma certa dificuldade, que a pe~ ‘na € uma espécie de mixum compositum, sendo reributiva por sua propria natureza, mas devendo tender, na sua execucdo, & recuperaco Social do delingiente. Esse carter complexo da pena est bem exposto na obra fundamental de Arturo Rocco.‘ Essa suposta recuperagi0 80- cial é muito pobremente avaliada em termos de no-reincidéncia. 15. Entramos aqui nas grandes contradigées pom as quais se de- bate 0 eto Penal motem.A Igien do sisiema cléssico, como vi gorava a sua prOpria simetria: a pena em funcSo da culpa, e a medida de seguranca em fungio da periculosidade. Nesse sistema do duplo binério, a pena ¢ a medida de seguranca, por assim dizer, se comple- rmentariam, porque se, de um lado, se pune, de outro, se promove a re- ‘cuperagdo social. Esse sistema de penas ¢ medidas de seguranga pene trou nas legislagbes no perfodo entre as duas grandes guerras,¢ (roux as ‘que, no inicio do século, se contrapa Engeahosamente ‘esse sistoma foi levado s wtimas ‘conseqincias, como se pode ver no tratamento previsto para os semi- {mputéveis. Pelo quantim de imputabilidade (¢ de culpa) que apresen- tam, devem eles receber uma pena (posto que atenuada). E, depois de ccumpris @ pena, devem ser submetidos & medida de seguranca curativa, 16. O sistema do duplo binério néo funcionou jamais, nem 20 4 Arturo Rocco, L’oggetto del reato ¢ della tutela giuridica penale. Re ‘Soc. Ed. del Foro Italiano, 1932, 448. i Ngee 42 HELENO CLAUDIO FRAGOSO cédigo, para execugio das medidas de seguranga detentivas para im- pputiveis. Em outros pafses esse sistema também néo funcionou por ser intrinsecamente contraditério. A pena deve ser cumptida para a recupe- racSo social do delingilente, ou scja: a pena deve ser cumprida como a medida de seguranca, A medida de soguranca, por ea tura0, nfo, 90 distingue da pena: ela também representa perda de bens jurfdicos © po- de ser, inclusive, mais afltiva do que a pena, por ser imposta por tem- po indeterminado, Toda medida coercitiva imposta pelo Estado, em funcéo do delito ¢ em nome do sistema de controle socal, é pene, seja ‘qual for 0 nome ou a etiqueta com que se apresenta. Mezger falava de uma crise do duplo binério, pois, a aplicacéo da medida de seguranca , considerada a pena par excel 2. Como instittiicaio total, & ‘aevessariamente deforma a pervonalidade e favorece @ marginalizagéo ¢ 0 desenvolvimento da criminalidade. Existe hoje, a respeito, ampla bibliografia, solidamente fundada na pesquisa. Nela se assinalam 05 efeitos nocivos da reunio de pessoas do mesmo sexo, em ambiente autoritério, a que se ajusta 0 preso, privando-se de sua indi- vvidualidade ¢ afastando-se dos pedrées do mundo livre (prisonizacéo). [No ambiente de sexualidade pervertida, submetem-se 0s presos ao c6di- {20 opressivo dos delinglientes. Os efeitos psiquicos agravam-se com 0 pprocesso de estigmatizacfo, a separacéo angustiosa dos entes queridos, ‘© parentesco interrompido, circunstincias devastadoras para o espitito ‘bumano.$ A essa sitacio ger, acrescente-se a ociosidace, a superpo- pulacio ¢ promiscuidade que ecarreta, bem como a deficiéacia gene- ralizada no pessoal encarregado da cust6dia, elementos adicionais de ‘commupcéo, comunis em muitas prisdes. Podemos, assim, declarar, com 5 Jessica Mitford, Kind and usual punistinent, New York, Alfted Knopf, 1973, 15: “The indeterminate sentence must he abolished, because itis inherently unjust and has been shown to bein practice a weapon of control and Intimidation inthe prison’s attempt to destroy a comicte will”. ® Cf, Louis P, Carney, Corrections and the community, Englewood Clits. brentce Ha, 1977, 9 ioe ‘VLBI "Uomo si0g‘Soxpur ‘ord Su Suoy.> “Sue TPH “A fot snxg “emaISTS o MqUIE saq| anb voLSoJospt ovSuny v opursdumo ‘gyu2u -epeisewap ogsud w ened seossod se repuur © uenupoo 9 “eanuonaid ‘ogsud up opuemge wenupaos “epuorseat 9 wopedsosucd opeprTel co wg aytaumnaoo onb ‘S2zynf SO oy'Tansssod omuourepides syew o Op -{p20u09 428 aAap onb “Teuorarpaoo ortaureIAT| O 2 wued vp [eUOIOIPUC oesuadsns v opmmndame ‘seansaiaire sopSues e xau0oa aiduun “oper jp sucumpersom2p Te!S0s sug uM mmysuoo euod wssq “oBSNOS eNO ‘fey ogu onb ura S0se> Sow aIUSUIEAYSN{Sx9 BpeAsosar 128 aap 2 TIC “S18 op onmos oungn © mypsuoo apeproqy ep eApeatid wuad y “ZZ “sfaaginoe{puy sqe!o0s SalopeA ap eorpuINt ‘mommy e ered o-opuearosar ‘Teng OTIS O OWNER OF JEMPAY op 95 ope], "91 8 32725 2p 19pod 0 wa anb sojad epewayns “esoptanp Teo! ‘2peprTeA 2p “eptA wp TesoM oB5de0u09 wys0 2p umynsar onb sagSeupu bout spTuipe joajssod srear 9 ogy “oymodum JetI08 JopEA UM NO we un ws wo ¥2s9 opuenb voyTsal as 9s OBSEUTUNIOUT y “BOIAIXS WIpIO ‘eremBosve ered wuryiSo] a8 98 wanrand ogSuaasoqur Yy “TeOu m9pi0 WU ‘eureand wens 28 anb stoasund sovey 80 9 vroredeq ep opepreuTU9 ‘epeumyo v yeuod wUIaSIS Op os-IMpX> nop OFo{ opsaq “(oedezTTea -edop) symoqspco opSues © enuaTe No IoyTPOW no ‘oeSeyur v oparutd ns ‘(opSezqTeurumrosap) peuod opSues w ‘oidjounid wo ‘nnjoxo w7A709 ‘anb wo soseo sop 2 “(opSezqeummta) wuad sodun wpavoo onb wo soso sop osouo8tr aurexo 0 sonbal [BURNED BoRVTe BACH wuIN "uINUIO CS eee eee Qns 08 wepod 98 _su19q 9p sogsat 98 INS OYBIO 2 ‘Tad °P ‘cumpyat o@ -npai op ® alo 9 epezesousd erougpuor'y “viuesaide oid w afb [e100 RA fl as oe vom pos eonsiod ep sured 9 petayr Tray 0 ond “erougnbesuo> wa “25-eut “eid c q BIRT BE ANOS FED “JAP SonwiT @ 9 apeptane wns op aprrumy seu ogstA warn w swisiml 50 -A3] umIoNA WOH pORIOTE 29 SS orp op eoque ory {sfesueaa DUAL SHOT Tee red aasos ojo ‘Teuge ‘2 yuna OFfamtG op waraisis ofoq win souReoqeT puee om SdaiseEp sujod “osu Sp opSemrs 19 o8-zyuosaide odurs ossou op fwupg OVSIIC| 0 ‘OsSIP SITU “TZ sw 1WN3d O113410.30 $2997 “usd go “Tourg omana 9p wisoy ‘ootsppounundy onsefunyy ‘oy z2dhr] [eMUE {yp “yeuoyouaanco ogu epepreuninse wp vanguto|goid « a19os “Ez ‘LL6T “ested “uuer ap ony ‘souDuny SOnIC # [ound ned “OSOBEAT OUIPH ID ¢ “SC “SL6T “DCX Ofis ‘oon ‘roo oyquins yo opnopsgo auco oYD242p 13 TRONION COLON OPIENPS g “ert ‘et6y “Boman ois “UA, “woIsoy ‘SuoNeLHOD KapsoduemIOD "yuRI UTE, “apeporoos up soproaioaeysap spe so ana susuesjoaxd pasa anb “e[a) -vat[o epemmuuajep vom supe axed “TeIS0s oySezTeurSseu 9p ossoooud ‘tm owioo wuorouny oanrund wua}sIs op ovSezfear © afb oso soared ‘op-go5;ejiode opuemoond ‘Teuq-owram] OP BoRSGH OFSAIOGETS e 0 ‘undnzo 2s onb soa wampoxd sooSeyewsu0o stm) anb ojondam surest ‘26-apog «'sfeydsoy s0 ered sopuaysuen ogs @ samaop wear 080} ‘12729 ns Wad ofst‘sreuojodaoxe sagSemys 19 ‘opment, ‘sagsyd se ered Ov ‘Pour safq “oBSdnu0o o wrougnyyut ap COLyEN ot’ opuatiooal ‘sopetoA “PB suOG OpuEENuc ‘aIuoUITIOT TT SOS $0) “sagSonByiaan v4 -d sosaid sqwauyeSoql ous Sauqod 80 9S ‘sogSeyumY 2 sesuayo ap of) 309 nas 0 moo sferofod supung sep SEUJA OBS Sofo 98 2 wraBIDEA 10d sossz00xd so maljos saigod $0 9g “sopratado ‘awuatutemta ‘a9 10d O88 ‘2 eerste op wjeyuar[o © monynsHo onb 9 Sajq 3054 nos 2 wsu0y wns snwsat 78} syUaKRAISHIDXD Sof9 aigos enbuod ws seu ‘efajoxd 2 o[aITa s0 onbsod ogu ‘saiqod sop ovjaup 0 9 [ued oxtomc 0 ‘Doxa opsonp ‘oo cone roan ES ‘saigod 80 a1q0s a1Hou -Banojos wuoT ONY TeuTUMID eSpsnl e anb sepoAst ofeA ‘oAtssaudat OMISTH eooat opsdoxd op asmgue 2 ered 05-puzIfo4 vO -twmuoo stew warwund wprpaut 2 9 opstd ap euad & anb wo wurzy ‘SN ‘opessed omnags op sogstad se as-oputsayar ‘ORMqIE 2p OWI -eyy osomey nes we ‘sou miso osunb yy “sr7 uOA erAp seston sean ‘sess “opepreqiy Ws souUsexIGp O"aF ea op sorew « ‘sqaaumaarediua ar 9 201d HUSNBuMop wt SMUG fo" OST Wooronbop”SpepmTayssod ‘ogsud vend afdagbmjap 0 souepuEmr os onb opeprnbuen winjosqe ‘os09¥us OIONyIO ONSTEH cad entre 0 os estio di eo que os eee oe ‘poder discriciondrio dos juizes na aplicagio da pena, dando-thes uma drea de manobrapmais ampla, para que possam decidir sobre a solucéo penal mais adequada, 23, Orienta-se o Dirvito Penal de-nosso tempo no sentido de uma Pouce ‘uma larga-experiéncia ne; Su sgestivas, a propésto, sf0 as propostas de des Ou seja, no sentido de retirar do sistema jurisdicional certo tipo de conflitos, que até hoje t8m recebido solucdo punitiva. A experiéncia de certos pafses socialistas nesse sentido ¢ valiosa, e ¢ formidével o que se tem feito no ‘Canadé.!1 Em certo tipo de conflitos cumpre dar releviincia & compo- sigdo entre a vitima e o transgressor, para solugo do problema penal, ssa 6 a tendéncia nos crimes patrimoniais praticados sem violéncia. porque o Tegislador esté habituado a trabalhar com o instrumental puni- tivo, supondo, ingenuamente, que, aumentando a severidade das penas, mais, extensa faixa da poptlagéo, apresentando quantidade alarmante de menores abandonados ou em estado de varéncia. Enquanto no s ‘atuar nesse ponto, ser intl punir, como serf instilypara'os juristas, a elaboragdo de seus belos sistemas. ASpis = mais. hhumano, Um Direito Penal qué efetivamente exerca funglo de tutela de ‘valores de forma justa ¢ igualitéria. Isso 56 seré possfvel numa socie- dade mais justa e roais humana, que sssegure os valores fundamentals dda dignidade humana ¢ da liberdade. 11 Joué Maria Rico, As Sanedes penais e a poihica eriminal contertpord- nea, tad, Rio de Janeiro, Liber Turis, 1978, 167 BIBLIOGRAFIA ANTOLISEL, F.~ Manuale di Dito Penale, Milf, Giuffre, 1955, BATTAGLINI, Giulio - Direiio Penal, Sao Panto, Saraiva, 1973 BETTIOL, Giuseppe — Direito Penal, Sao Paulo, trad. Paulo José da Costa Jr. Alberto Silva Franco, Editora Revista dos Tribunais, I (1966); 11 (1971). BRITO ALVES, Roque ~ Direito Penal, Recife, Cia. Editora de Pemambuco, 1973. : BRUNO, Anibal - iret Penal, Ro de Janeiro, Editora Forense, 1972, FRAGOSO, Heleno ~ Jurisprudéncia Criminal, Rio de Janeiro, Forense, 1982, (edi). FREDERICO MARQUES, José - Tratado de Direito Penal, Séo Paulo, Saraiva, 1964. GARCIA, Basileu — Insiuicdes de Direito Penal, Sfo Paulo, Max Limonad, 4* ed sid. 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