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AO JUÍZO DA VARA DO TRABALHO DE XXXXXXXX/MG

AUTOS: 0010417-19.2023.5.03.0027

XXXXXXX, nome fantasia SR. COLETA, CNPJ XXXXXXXXXXXXXX, Microempreendedor


Individual, situado à Rua XXXXXXXXXXXXXXXXX, representada por XXXXXXXXXXXXXXX,
inscrito sob o CPF XXXXXXXXXXXXXXX, vem, respeitosamente perante V. Exa., por sua
advogada, apresentar

CONTESTAÇÃO

à RECLAMAÇÃO TRABALHISTA que lhe move XXXXXXXXXXXXXX, já qualificada, pelas


razões de fato e de direito a seguir expostas:

I – PRELIMINARMENTE

I.I - DA JUSTIÇA GRATUITA

A quarta turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por unanimidade, que a
concessão do beneficio de justiça gratuita ao Microempreendedor Individual (MEI) e ao
Empresário Individual (EI) será feita bastando para isso a declaração de insuficiência
financeira. O colegiado considerou que a caracterização do MEI e do EI como pessoas
jurídicas deve ser relativizada, pois não constam no rol do art. 44 do Código Civil.

Assim, com base no art. 5º da F, c/c art. 98 do CPC, requer a 1ª Reclamada o benefício da
gratuidade da justiça.

I.II – DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DO 2º RECLAMADO E NÃO SUBSIDIARIDADE

Preliminarmente, cabe esclarecer que a Reclamante jamais foi empregada do


XXXXXXXXXXXXXXXXX – 2ª Reclamada, sequer há contrato de trabalho da Reclamante com
a 2ª Reclamada, conforme confessado na inicial.

A 1ª Reclamada mantinha CONTRATO DE CESSÃO ONEROSA com o 2º Reclamado,


conforme documento anexo. Ou seja, a relação existente entre os reclamados não se trata de
contrato de prestação de serviços, não havendo qualquer tipo de relação trabalhista entre as
partes.

Diante disso, o 2º Reclamado deve ser reconhecido como parte ilegítima para figurar na
presente demanda, uma vez que jamais foi empregador e/ou tomador de serviços da
Reclamante.

Lado outro, imperioso esclarecer que não havia prestação de serviços por parte da Reclamante
para o 2º Reclamado, desta forma, este jamais se beneficiou dos serviços prestados pela
Reclamante à 1ª Reclamada.
Repisasse, o que de fato existiu entre o Primeiro e Segundo Reclamado foi um CONTRATO
DE CESSÃO ONEROSA, conforme documento em anexo. Nessa modalidade contratual de
natureza cível-comercial o Contratante (1º Reclamado) aluga um espaço dentro das
dependências do Contratado (2º Reclamado) e, por sua conta e risco, o Contratante explora
serviços de restaurante e lanchonete.
Nessa dinâmica, os empregados do Primeiro Reclamado não integram, de forma alguma, a
dinâmica interna de organização e funcionamento do Segundo Reclamado, não havendo,
portanto, hipótese de qualquer responsabilidade, seja solidária ou subsidiária.

Conforme muito bem esclarece a jurisprudência deste Regional, nos autos 0011106-
33.2019.5.03.0050:

EMENTA: CONTRATO DE CESSÃO ONEROSA DE USO DE ESPA
ÇO FÍSICO EM CONTRAPARTIDA AO FORNECIMENTO DE REFEI
ÇÕES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO CEDENTE.
INEXISTÊNCIA. A cessão de uso de espaço físico do cedente para
que outra empresa explore suas atividades econômicas
de fornecimento de alimentos, ainda que para atender clientes do
cedente, não configura terceirização de mão-de-obra. Trata-se de
ajuste de natureza comercial, não sendo viável a responsabilização
subsidiária estabelecida na Súmula 331 do TST.

O contrato de cessão onerosa, portanto, não gera vínculo de trabalho com nenhum empregado
do Primeiro Reclamado. Tanto é que no referido contrato, dado seu objeto e natureza jurídica,
é o Primeiro Reclamado que realizava pagamentos ao Segundo Reclamado (a título de cessão
do espaço), conforme se verifica no Contrato de Cessão Onerosa de Uso das Dependências e
Termo Aditivo anexos, e não o contrário.

I.III DO JUÍZO 100% DIGITAL

A 1ª Reclamada, com fulcro nos art. 3º, §1º e art. 1º, §1º e 5º, da Resolução nº 345/2020 do
CNJ , requer, a aplicação do juízo 100% digital, bem como sejam os atos processuais
praticados exclusivamente por meio eletrônico e as audiências realizadas por videoconferência.

I.IV DA LIMITAÇÃO DOS PEDIDOS

Também em caso de eventual condenação, os valores devem se limitar àqueles indicados na


petição inicial.

Como não houve ressalva nos pedidos, a condenação em valores superiores aos da exordial
configurariam julgamento “ultra petita”

Nesse sentido é a jurisprudência do Colendo Tribunal Superior do Trabalho, em julgamento


pela Seção de Dissídios Individuais 1 (SDI-1). Vejamos:

RECURSO DE EMBARGOS. REGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.


JULGAMENTO “ULTRA PETITA”. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO
AO VALOR ATRIBUÍDO AO PEDIDO NA PETIÇÃO INICIAL. 1. A
Quarta Turma considerou que o requerimento, na petição inicial, de
“pagamento de 432 horas ‘in itinere’ no valor de R$ 3.802,00 (fl. 11 –
numeração eletrônica)” traduziu “mera estimativa, tendo o magistrado
feito a adequação de acordo com as provas do processo”, razão pela
qual não reputou violados os arts. 141 e 492 do CPC. 2. Todavia, esta
Corte Superior adota firme entendimento no sentido de que a parte
autora, ao formular pedidos com valores líquidos na petição inicial,
sem registrar qualquer ressalva, limita a condenação a tais
parâmetros, por expressa dicção do art. 492 do CPC. Precedentes.
Recurso de embargos conhecido e provido. (TST; E-ARR 10472-
61.2015.5.18.0211; Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa;
Julgamento: 21 de maio de 2020)

I.V – DA RETENÇÃO/COMPENSAÇÃO/DEDUÇÃO:

O 1º Reclamado requer a retenção e/ou compensação dos valores eventualmente já


alcançados pela Reclamante com a mesma rubrica ou a mesmo título e/ou à maior, na forma
do artigo 767 da CLT e da Súmula nº. 48 do TST.

Requer a dedução de valores pagos a mesmo título de eventual condenação

II – BREVE RESUMO DOS FATOS

A Reclamante alega que foi admitida pela Reclamada em 20 de setembro de 2022, para
laborar de 08h às 16:00, de terça a domingo com uma folga no domingo por mês, possuindo
intervalo para descanso e alimentação de 15 minutos, sendo dispensada em 23 de março de
2023, para exercer a função de gerente no Requerido, percebendo como remuneração o
importe de R$ 1.600,00 (um mil e seiscentos reais).

Alega que não teve o vinculo de trabalho anotado em sua CTPS, requerendo portanto
reconhecimento do vínculo de emprego, diferença de verbas rescisórias, multas trabalhistas,
hora extra em função do horário suprimido de descanso e alimentação, hora extra extralabor,
descanso semanal remunerado.

Relata ter passado por situação vexatória durante uma discussão acalorada com o seu
superior, na frente de outros colaboradores e clientes do estabelecimento.

Por fim, requer a condenação subsidiária do XXXXXXXXXXXXXXXX vez que segundo a


Reclamante prestava serviços exclusivos à esta, por intermédio da 1ª Reclamada.

III – DA REALIDADE DOS FATOS

Inicialmente, impende informar o Reclamado não nega o vínculo trabalhista entre o 1º


Reclamado e a Reclamante, entretanto, ocorre que, de fato, a Reclamante fora contratada a
priori para prestar serviços eventuais ao 1º Reclamado, haja visto que o 1º Reclamado naquele
momento acabara de abrir o estabelecimento que ainda estava em fase de implementação,
portanto não fazia-se necessário a contratação de funcionários fixos, ocorre que com a fixação
do estabelecimento, a Reclamante fez-se mais necessária e por fim, acabou tornando-se
empregada da 1ª Reclamada de maneira não prevista.

Dessa forma, a 1ª Reclamada não se opõe à regularização do vinculo empregado da


Reclamante, tratativa essa que já vinha sendo realizada antes do pedido de demissão da
Reclamante junto à 1ª Reclamada.

Quando a Reclamante passou a regularmente prestar serviço à 1ª Reclamada, em que pese a


alegação da exordial, fora admitida para prestar labor de terça à domingo, com as segundas e
um domingo por mês de folga, no período de 08:00 às 17:00, tendo uma hora para descanso e
alimentação, entretanto, durante o pacto laboral, pelo baixo movimento do estabelecimento
após às 14:00, houve acordo entre ela e a 1ª Reclamada para que realizasse 30 minutos de
intervalo intrajornada e que findasse portanto, sua jornada de trabalho com 30 minutos de
antecedência.

Na data de 23 de março de 2023, após se ausentar do trabalho, apresentando um atestado de


comparecimento médico até às 11:00, retornou ao trabalho às 13:00, fez sua pausa para
alimentação e por fim fora chamada na sala da coordenação para aclarar a situação, visto que
chegou duas horas após o horário do atestado apresentado, momento em que ela se exaltou,
saiu da sala e bateu a porta e por fim informou que não retornaria mais ao posto de trabalho
conforme print de conversa por aplicativo.

Por fim, no que tange à responsabilidade do 2º Reclamado, em que pese o esforço da parte
Reclamante, restará demonstrado que esta não possui qualquer ingerência sobre o trabalho
realizado no restaurante, visto que este figura como cedente no contrato em anexo.

Requerendo, portanto, a IMPROCEDÊNCIA dos pedidos elencados na exordial. É o requerido!


IV – DOS VALORES RESCISÓRIOS

Requer a Reclamante valores a titulo de verbas rescisórias, entretanto, conforme documento


anexo e também apresentado pela própria Reclamante, sob ID c89a1ab, a mesma já recebeu
ao valores a titulo de verbas rescisórias a que fazia jus.

Sendo certo que a mesma foi quem requereu a sua dispensa, conforme print abaixo

Perguntada pelo dirigente da Reclamada, se a mesma voltaria ao posto de trabalho no dia


posterior à alegada situação de desconforto entre a Reclamante e o dirigente da 1ª Reclamada,
a mesma afirmou que não voltaria, o dirigente tornou a perguntar se a mesma estava decidindo
não mais comparecer ao posto laboral, afim de que a pergunta restasse clara, a Reclamante
tornou a afirmar que não retornaria.

Restando claro portanto, que a mesma fora quem pediu rescisão contratual, desta forma, não
fazendo jus à multa de 40% sobre o FGTS e aviso prévio indenizado.

Ademais, nota-se ainda, que a Reclamante não laborou durante o aviso prévio, não
oportunizando à empresa a contratação e substituição da funcionária, entretanto, em sede de
verbas rescisórias, não fora descontado o aviso prévio não trabalhado, sob esse título, requer
seja convertido o não desconto do aviso prévio não trabalho em verbas do FGTS.

Não devendo portanto, a Reclamante, ter seu pleito deferido.

Na remota hipótese de condenação, requer a compensação de valores pagos a mesmo titulo,


bem como, os descontos dos recolhimentos devidos.

Termos em que pede e espera deferimento

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