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PATOLOGIA 2º BIMESTRE

transcrição aula 1, 2, 3 e 4.
Laura Busto txv :)
AULA 1:
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA INFLAMAÇÃO
o Sinal cardinal da inflamação: aquecimento/calor.
● O calor pode ser localizado (ex: picada de abelha) ou sistêmico (febre)
● Sinais: calor, rubor, inchaço (tumor) e a dor. 5º sinal adicionado posteriormente > perda da função.
o É um efeito tanto patológico quanto fisiológico.
● Na questão fisiológica há a mobilização de células para tentar reagir a um agente agressor que
pode ser um patógeno, ou pode ser um padrão molecular de dano, de restos celulares, de
substancias químicas..... Então consequentemente essas circunstancias levam a um processo
inflamatório.
● Antes de ser um processo patológico, é um processo fisiológico para tentar eliminar um agente
agressor.
● Em algumas condições, o processo inflamatório se torna mais danoso do que a causa desse
processo.
o Quando o processo inflamatório se da de forma exacerbada, ou ainda em seu processo de reparo,
muitas vezes leva-se o processo de perda de função. Isso ocorre pois pode haver um processo
sucessivo de fibroses, por exemplo.
o Processos inflamatórios são fáceis de serem observados, como um edema, hiperemia, pús (exemplo:
amigdalite). Outras manifestações também podem ser sinalizadoras, como tosses, secreções...
EVENTOS DA INFLAMAÇÃO
o Irritação
● Indica o início da inflamação
● Leva à liberação de mediadores inflamatórios, os quais controlam o processo como um todo, de
modo que em cada etapa, tem-se a predominância de algum mediador.
o Modificações vasculares locais
● Observa-se a presença do mediador HISTAMINA, sendo uma das principais nesse momento. Ela
trabalha com outros mediadores, como prostaglandinas, que também contribuirão com o processo.
● Os vasos devem passar por uma modificação para favorecer o desenrolar do processo inflamatório.
Então ele passa por uma vasodilatação para permitir um maior fluxo de sangue para a região
afetada, consequentemente trazem mais células para essa região (recrutamento de leucócitos).
● Como consequência desse processo, observa-se o edema.
o Exsudação plasmática e celular
● A exsudação plasmática e celular é quando há a liberação de líquidos do vaso para o interstício.
● O edema acaba derivando dessa exsudação, que consequentemente vai ter que ser drenado de
alguma forma (ex: linfonodos).
o Lesões degenerativas e necróticas
● Temos a necrose como causa da inflamação, e a inflamação que vai levar a necrose.
● Neste caso, a resposta inflamatória será amplificada.
o Eventos que terminam o processo
● Nesta fase, a resposta inflamatória deve ser modulada de fora assertiva, tendo que inverter a
predominância de mediadores.
● Se há uma predominância de mediadores inflamatórios, é preciso inverter para a predominância de
mediadores anti-inflamatórios, com papel mais resolutivo e com menor papel de ataque.
o Fenômenos reparativos
● Os macrófagos vão realizar fagocitose.
● Fala-se da regeneração tecidual (casos de lesão mais leve e em tecidos com capacidade
proliferativa) e da cicatrização (em casos de lesão mais grave, como úlcera estomacal).
MODELOS EXPERIMENTAIS

(prof disse que vai cair na prova como um caso clínico)

O QUE OCORRE NO PROCESSO INFLAMATÓRIO


o Há a entrada de um agente irritante (exemplo: bactérias)
o A primeira resposta frente a isso é uma resposta coagulativa, trazendo plaquetas para formar o tampão
plaquetário a fim de evitar a perda sanguínea.
o Algumas células especificas passam a liberar histamina, levando à vasodilatação. Há aumento de aporte
sanguíneo para o recrutamento celular.
o Neutrófilos chegam a região afetada e passam a secretar fatores que degradam patógenos. No caso as
espécies reativas de oxigênio são responsáveis por atingir membranas de microrganismo a partir da
liberação de hipoclorito.
o Há então fagocitose por macrófagos e neutrófilos
o Os macrófagos passam a secretar mais citocinas para se ter a regulação da resposta. Dependendo da
predominância de macrófagos M1 (pró-inflamatórios) ou macrófagos M2 (anti-inflamatórios), haverá
uma consequência.
o A resposta inflamatória pode continuar até o material ser eliminado e a lesão reparada, ou seja,
fenômenos regenerativos.
RECONHECIMENTO DE MICRORGANISMOS E CÉLULAS DANIFICADAS
o Os neutrófilos da região afetada possuem receptores próprios que permitem o reconhecimento de
PAMPs. A interação inicial já começa a levar à liberação de citocinas e quimiocinas, as quais são
responsáveis pela migração e atração química para certa região.
o Depois do reconhecimento, o microrganismo é fagocitado e no lisossomo – fagolisossomo, e pela
liberação de enzimas ou espécies reativas de oxigênio, é eliminado.
o Microrganismos sinalizam varias células de defesa que passam a liberar mediadores químicos, como
histamina, substância P e bradicinina.
o Há ainda a diapedese, a migração dos leucócitos para que se possa promover a fagocitose.
o Ao final, há o recrutamento de fibroblastos, deposição de proteínas da matriz extracelular, a fim de que
haja o processo de reparo.
RESOLUÇÃO DA INFLAMAÇÃO
o Há então algumas substancias que irão originar mediadores.

o Essas vias acima são liberadoras de prostaglandinas e leucotrienos.


o Prostaglandinas e leucotrienos possuem um alto potencial inflamatório, estimulando e amplificando a
resposta inflamatória.
o Existem varias “classes” de prostaglandinas (PG) e leucotrienos (LT), de modo que as PGs de série 2 e os
LTs de série 4 possuem um alto potencial inflamatório, já as PGs série 3 e os LTs série 5 possuem baixo
potencial inflamatório.
o As resolvinas e as protectinas possuem papel anti-inflamatório e resolutivo na inflamação. Estes são
originados da EPA e DHA, os quais são encontrados no Ômega-3. Por isso é recomendado a ingestão de
ômega-3 para doenças cardiovasculares, a fim de evitar dano celular (uma vez que coração
“gorduroso” passa a atrair citocinas inflamatórias).
o Alguns mediadores podem não dar conta do agente agressor em alguns casos. O bacilo da tuberculose
impede a fusão do fagossomo com o lisossomo, impedindo a digestão do bacilo – INFLAMAÇÃO
CÔNICA.
INFLAMAÇÃO AGUDA X CRÔNICA
o Em relação à patogenia, na inflamação aguda há principalmente a vasodilatação e aumento da
permeabilidade vascular. Já na crônica, proliferação vascular associada com fibrose, além de
angiogênese.
o Além disso, os sinais e sintomas na inflamação aguda são mais proeminentes, já na crônica são mais
sutis. Um exemplo são inflamações intestinais, onde não há muitos sinais sistêmicos, porém em
determinado momento há uma dor abrupta e quando se observa já há fibrose.

RECONHECIMENTO DE AGENTES NOCIVOS


o Receptores padrão de reconhecimento: receptores do tipo
Toll (TRLs), os quais possuem a função de reconhecer o
agente.
o Os TRLs podem estar presentes na forma citosólica ou na
forma membranar. (extracelular, citosólico e endossômico).
Independente de sua localização, eles terão a mesma
função.
o Assim que o microrganismo é reconhecido, há a ativação das
vias de transdução. A função do NFK-Beta nessa ocasião é
ativar a expressão gênica das citocinas envolvidas no
processo, como INF-alfa e beta, genes pró-inflamatorios,
anti-apoptóticos. Tudo isso ocorre na tentativa de estimular
a resposta inflamatória, favorecendo a próxima etapa que é
o recrutamento de leucócitos.

FORMAÇÃO DO INFLAMASSOMA:
o A partir do ATP extracelular, promovido pela bactéria, estimula-se a ativação e
formação do inflamassoma.
o O inflamassoma é um complexo proteico, sendo que sua formação leva à
liberação de caspase-1, a qual promove a liberação de IL-1beta. Essa citocina
favorece a inflamação aguda.
MEDIADORES DA FORMAÇÃO DO COMPLEXO INFLAMASSOMA:
o Ativadores do inflamassoma: Acido hialurônico, fibronectina, fibrinogênio, bactérias, fungos,
protozoários, amianto.
GOTA
o É uma inflamação causada pelo deposito de cristais de urato
o Possui sinais importantes, como edema, hiperemia e dor.
o Agente etiológico: cristais de urato
o Esses cristais podem ser reconhecidos pelo inflamassoma.
o O calor local é uma consequência da liberação da IL-1beta
pela caspase-1.
o Cristais de urato são ingeridos por fagócitos e ativam
inflamassoma, resultando em produção de IL-1 e inflamação aguda.
OBESIDADE
o Como a deposição de cristais pode gerar inflamação, a obesidade passou a ser mais compreendida,
visto que há então deposição de cristais de colesterol e cristais de ácidos graxos livres.
o Dentro do tecido adiposo, encontra-se depósitos de macrófagos.
o A gordura passa a atrair macrófagos e há uma maior expressão de genes inflamatórios.
o Com os genes inflamatórios, tem-se então uma maior quantidade de TNF-alfa, IL-6, leptina, entre
outros. Nisso, também fica claro as comorbidades causadas na obesidade.

COMPONENTES DA INFLAMAÇÃO AGUDA


o Há 3 componentes: alterações vasculares (2 tipos) e eventos celulares.
o Alterações vasculares:
● Aumento do fluxo sanguíneo pela vasodilatação
● Aumento da permeabilidade vascular
o Eventos celulares: transporte de leucócitos até o lugar da lesão e ativação leucocitária.
ALTERAÇÕES VASCULARES:
o Do normal, passa a ter uma vasodilatação significativa, aumentando o fluxo, consequentemente se
atrai polimorfonucleares para a região, justificando o eritema/hiperemia. (PROVA) > O mediador
inflamatório é a histamina, liberada pelos mastócitos.
o Na musculatura lisa vascular, a histamina causa essa condição.
o A hiperemia é ativa e passiva, de modo que no inicio ela é exacerbada e depois passa a diminuir.
o Além da histamina, deve-se levar em consideração o reflexo axonal, por meio de substancia P das
terminações nervosas, mantida por prostaglandinas, leucotrienos e fator de agregação plaquetária
(PAF).
o Com o aumento do fluxo sanguíneo, a tendência é que ocorra uma redução da velocidade do fluxo
sanguíneo. Essa redução do fluxo sanguíneo, da velocidade, acaba levando a uma hemoconcentração,
de modo que o sangue nessa região fica mais viscoso devido ao “empilhamento” de hemáceas. Isso é
propicio a formar coágulos.
o Então a partir do momento que se tem uma vasodilatação e aumento do fluxo sanguíneo, justifica-se a
hiperemia. Esse aumento de circulação sanguínea tende a trazer muitas células para a região, levando
ao processo de estase. Ao mesmo tempo que a estase leva a hemoconcentração, ela também serve
para acumular os leucócitos para facilitar o processo de emigração.
o Então há o favorecimento da passagem de sangue, atraindo mais células para a região, e assim como
aumenta a quantidade de células e de sangue, a velocidade vai diminuindo.
● Ponto negativo disso: favorece a formação de coágulos
● Ponto positivo disso: há uma maior capacidade de realizar migração leucocitária, o processo de
adesão e transmigração dos leucócitos.
● Também, a partir do momento que a histamina age, ela promove uma retração endotelial.
Então há o aumento do calibre, mas as células tendem a ficar contraídas. Nisso há o aumento
de lacunas das células endoteliais, explicando a exsudação de líquidos e proteínas
o A hiperemia inicial é mais ativa, tendo um fluxo sanguíneo mais rápido. Porém ela é transitória. Após
isso, a vasodilatação ainda é mantida, então os capilares se abrem, o leito vascular aumenta, e a
velocidade do sangue passa a diminuir, tendo agora uma hiperemia passiva. (PROF DISSE QUE É
IMPORTANTE ISSO)
o As vênulas menores também podem se dilatar, mas as maiores sofrem uma pequena constrição,
aumentando a pressão hidrostática na pequena circulação. Isso também justifica o edema.
o Com o fluxo de sangue mais lento, pode se ter hipoxia, aumentando a excreção de catabolitos,
intensificando a vasodilatação e abertura de capilares. Lesão endotelial também pode ser causada pela
hipoxia, e pode levar à formação de trombos. (PROVA)

AULA 2:
o O edema então é definido como a junção de líquidos, e dentre suas causas, temos a inflamação.
o O processo de aumento de permeabilidade então causa uma vasodilatação arteriolar e depois outros
leitos vão se unindo para tentar aumentar o fluxo sanguíneo.
o A própria histamina passa a exercer uma
atividade sobre as células endoteliais,
retraindo-as e então aumentando os
espaços das suas junções.
o As pressões mantêm o fluxo sanguíneo
dentro de um vaso, tendo 2 tipos de
pressão antagônicas. A primeira pressão
é a pressão hidrostática, ou seja, o
plasma sanguíneo exerce uma força que
tende a leva-lo para fora. Porém, a
pressão coloidosmótica do plasma, que é
formada pela quantidade de proteínas
do plasma sanguíneo (ex: albumina),
acaba garantindo a retenção do liquido
dentre dos vasos. Então essas forças opostas trabalham juntas para manter um equilíbrio.
o Sempre há um pequeno extravasamento de líquidos, visto que a pressão hidrostática é um pouco
maior do que a coloidosmótica. Porém, quando há um desbalanço dessas pressões, o extravasamento
de líqudio do vaso para o tecido se excede. Então no processo inflamatório, observa-se que a pressão
hidrostática tende a ficar favorecida devido ao aumento dos espaços interendoteliais pela histamina.
o Outras patologias, como a doença hepática, diminui a síntese proteica. Isso interfere na pressão
coloidosmótica, tendo novamente um extravasamento maior, gerando edema. Então o edema não é
gerado apenas pela histamina, mas sim em qualquer condição que desequilibre essas pressões.
o Exsudato: É o liquido extravasado, sendo rico em proteínas e não tem tantas células.
o Transudato: a pressão hidrostática está aumentada e se tem uma pressão coloidosmótica reduzida.
Nessa situação não tem a histamina agindo.
o Então na clinica, deve se avaliar se foi causado esse extravasamento devido a uma inflamação ou
outras causas, sendo que em casos de inflamação, tem-se o exsudato pois nele há a ação da histamina.
Também se avalia com a concentração da lactato desidrogenase (LDH), sendo que se há uma grande
quantidade desta, é um exsudato.
(PROVA)
o Situações de trombos ou ainda cistos, como há um comprometimento do fluxo sanguíneo, haverá um
aumento de pressão que leva ao transudato.
o Então o edema inflamatório ocorre devido ao aumento de pressão intersticial devido ao
soluto/proteínas exsudadas. Nisso, enzimas plasmáticas são ativadas no interstício e passam a atuar
sobre a substancia fundamental e degradam proteoglicanos, deixando essa região cada vez mais
hidrofílica e atraindo cada vez mais água dos vasos.
o Após o inicio da inflamação, há aumento na síntese de acido hialurônico por células mesenquimais, o
que torna ainda mais o interstício mais hidrofílico. E a circulação linfática fica sobrecarregada neste
cenário, comprimindo e deformando o exsudato, perdendo a eficiência da drenagem.
o Então além de sair esse líquido, há ainda hidrofilia.
BENEFÍCIOS DA EXSUDAÇÃO PLASMÁTICA
o Possibilita a saída de alguns anticorpos do complemento, que possuem ações inibidoras, lítica e
opsonizadora sobre microrganismos. Então esse microrganismo que está causando a inflamação, pode
ser comprometido com a exsudação, facilitando o processo.
o O fibrinogênio exsudato começa a se polimerizar, formando uma espécie de rede, que forma um
suporte sólido de fibrina que favorece a migração de leucócitos, além de representar uma barreira à
invasão de microrganismos.
o O exsudato permite a saída de proteínas que inibem proteases, as anti-proteases, e removem radicais
livres, reduzindo o potencial lesivo da inflamação.
AUMENTO DA PERMEABILIDADE VASCULAR
o A retração endotelial pode acontecer em lesões mais drásticas, como em casos de queimadura. Então o
calor, nesse caso, pode levar à lesão endotelial, e nesse caso deve se ter uma re-hidratação grande,
visto que a célula está muito lesada. Então nesse caso não precisou de histamina para que se tenha o
extravasamento. Nisso, há um choque hipovolêmico e uma grande perda de eletrólitos. Os neutrófilos
que se aderem a esse endotélio lesado, também podem lesar a célula endotelial, amplificando essa
reação e levando a um edema mais grave ainda.

o O aumento da permeabilidade vascular pode ser uma resposta transitória imediata e ocorre
rapidamente de 5-10 minutos após a exposição ao mediador, e em geral, tem vida curta de até 30
minutos. Tendo como mediadores ainda a histamina, mas também a serotonina e bradicinina. (ex:
picada de inseto, aquecimento da pele por queimadura leve).
o Pode-se ter também um aumento da permeabilidade vascular com uma resposta imediata
prolongada. Este tipo está presente em injurias mais severas com necrose de células endoteliais. O
aumento da permeabilidade começa imediatamente após o estímulo lesivo e se mantem em níveis
altos por horas até que o vaso seja lesado seja reparado ou sofra trombose. Todos os vasos da
microcirculação são afetados, incluindo vênulas, arteríolas e capilares.
o Há ainda a resposta tardia prolongada, a qual se inicia após uma pausa e dura diversas horas ou
mesmo dias, e envolve vênulas e capilares. Nos capilares o “vazamento” se deve a lesão direta do
endotélio pelo estímulo inicial. Não há contração da célula com o vazamento. Exemplo: lesão térmica
branda e moderada após radiação UV, toxinas bacterianas e queimaduras solares. (PROVA)
DRENAGEM DO LÍQUIDO EXTRAVASADO
o Em condições normais, os vasos linfáticos drenam a pequena quantidade fluido extravascular, mas
devido a inflamação, a qual causa retração endotelial, vasodilatação e aumento do fluxo sanguíneo, o
sistema linfático não consegue drenar totalmente.
o O acúmulo de leucócitos, restos celulares e microrganismos na linfa dificulta a drenagem deste liquido.
o Quando se tem uma inflamação, é comum a presença de gânglios edemaciados, e por isso os linfáticos
da área afetada ficam mais dilatados.
o LINFADENITE: ocorre quando há inflamação dos linfonodos (íngua). Neste caso o sistema linfático está
com uma demanda aumentada, e por isso passa por adaptações celulares, sendo neste caso uma
hiperplasia dos folículos linfoides, aumento do numero de macrófagos e linfócitos, explicando este
edema.
o LINFANGITE: faz uma demarcação no percurso dos linfonodos, avermelhando o curso dos vasos.
o Tanto a linfadenite e linfangite são manifestações clinicas que explicam a inflamação.

INFLAMAÇÃO AGUDA
o Há então mecanismos vasculares (já falados em cima) e mecanismos celulares.
o Os mecanismos vasculares acontecem para se oferecer um leito sanguíneo cheio de proteínas e células
sanguíneas, recrutando-as. Então, os mecanismos vasculares acontecem antes dos celulares.
o As principais células efetoras são: mastócitos, monócitos, neutrófilos, plaquetas e eosinófilos, sendo
que elas são sempre atraídas por quimiotaxia através das quimiotaxinas.
o Normalmente nas infecções virais há recrutamento maior de linfócitos, já nas bacterianas há
recrutamento de neutrófilos. Em infecções parasitarias e alérgicas há uma eosinofilia.
MECANISMOS CELULARES
o Granulócitos/polimorfonucleares (neutrófilos, basófilos e eosinófilos) e agranulócitos/mononucleares
(linfócito e monócito).
o Na inflamação aguda, há predominância de polimorfonucleares, já na inflamação crônica há
predominância de mononucleares.
o Quando o neutrófilo é atraído por estímulo quimiotático para
o lugar lesivo, onde os microrganismos invadem o tecido, e
passam a ser ativados liberando citocinas, visando acabar com
a inflamação.
o Recrutamento de leucócitos
● Fases: marginação e rolagem ao longo da parede do vaso;
adesão ao endotélio; transmigração entre as células
endoteliais; migração para os tecidos intersticiais em
direção a um estímulo quimiotático.
● MARGINALIZAÇÃO E ROLAMENTO:
- Na imagem acima: O leucócito, no vaso sanguíneo, passa
a diminuir sua velocidade devido a estase, nisso o leucócito se
aproxima na margem na membrana. O leucócito possui
moléculas proteicas de adesão que vão servir para que haja um
sistema de engrenagem quando este se tocar com as moléculas
de adesão também presentes na membrana.
- Deficiências nas moléculas de adesão implicam em uma incapacidade de fagocitar agentes
infecciosos, comprometendo o sistema imune.
-As selectinas e integrinas são moléculas de adesão, de modo que as selectinas realizam uma
adesão mais fraca, já as integrinas aderem o leucócito no endotélio de uma maneira mais forte.
Essas moléculas podem ser encontradas tanto nos leucócitos (L-selectina) quanto no endotélio (E-
selectinas) e ainda nas plaquetas (P-selectinas).
-Marginalização: é o acúmulo de leucócitos na periferia dos vasos.
-Essas moléculas de adesão precisam sofrer uma alteração conformacional para serem ativadas. As
células podem modificar as forças de interação, alterando a afinidade e/ou concentração dessas
moléculas. Quando não se tem um processo inflamatório, essas proteínas de adesão não vão estar
sendo sempre expressas nos leucócitos, porém quando se há uma inflamação, elas passam a ser
mais expressas.
-Se a selectina está no leucócito, o ligante deve estar no endotélio e vice-versa.
-Então há primeiro a marginalização. Os leucócitos se aderem firmemente nas moléculas de
adesão, destacam-se transitoriamente e aderem-se novamente num processo chamado de
ROLAMENTO. A interação de neutrófilos + selectinas é fraca e, associado ao fluxo sanguíneo local
faz com que haja essa adesão e desligamento (rolamento). Então há uma alteração conformacional
nos ligantes de selectina, de modo que agora já há uma ativação que garante que a selectina se
ligue ao ligante.

-A IL-1 e do TNF-alfa agem nas células endoteliais no momento inicial da inflamação, e 1 a 2 horas
após o estimulo inicial, já passa a ter a expressão de ligantes.
● ADESÃO:
- Nesse momento as integrinas passam a aparecer
mais.
- As integrinas são glicoproteínas transmembranas
que medeiam a adesão dos leucócitos ao endotélio
e células da matriz extracelular.
- A ligação de integrinas e ligantes leva sinais que
regulam firme adesão no local da inflamação.
- Há uma mudança na arquitetura das integrinas,
aumentando sua capacidade de aderir a moléculas
da família das imunoglobulinas (ICAM e VCAM).
- Há reposicionamento de integrinas, que se deslocam para o lado do leucócito em contato com o
endotélio, favorecendo sua adesão às ICAM e VCAM. Desse modo, o leucócito que tinha forma
esférica, achata-se e se espirala sobre o endotélio, iniciando a migração para a matriz extracelular.
● TRANSMIGRAÇÃO OU DIAPEDESE
- A adesão faz com que sejam expressas PECAM-1 ou CD31.
- A partir da PECAM-1, o leucócito pode agora ser atraído a partir de quimiotaxinas para chegar até
o local especifico da lesão.
- Além disso, há algumas enzimas, como as colagenases, que permitem a passagem do leucócito
para o meio interno do tecido.
● MIGRAÇÃO POR ESTÍMULO QUIMIOTÁTICO
- Os leucócitos, para que possam se mover, precisam de agentes atrativos que exercem uma
quimiotaxia.
- A ligação do leucócito ao seu agente quimiotático desencadeia a cascata de segundos
mensageiros, aumentando concentrações de cálcio citosólico, ativando proteínas da família RAC e
RHO, as quais induzem polimerização da actina, promovendo o aumento da quantidade de actina
polimerizada nas bordas da célula e na localização de filamentos de miosina. Então o leucócito
passa a fazer varias contrações para conseguir chegar até o agente lesivo através da quimiotaxia
exercida por este.

AULA 3:
o A natureza do filtrado inflamatório, ou seja, o tipo de leucócito migrante, varia com o tempo da
resposta inflamatória e com o tipo de estimulo.
o Se é uma resposta aguda há predomínio de neutrófilos/polimorfonucleares, e na crônica há
predominância de mononucleares (monócitos).
o Os eosinófilos acabam sendo atraídos pela ação das eostactinas, que é um tipo de quimiocina própria
para os eosinófilos. Então cada célula, seja agranulócito ou granulócito, vai possuir um tipo de
quimiocina específica.
o O agente etiológico também determina a predominância de qual tipo de célula haverá.
o Os neutrófilos predominam no infiltrado inflamatório agudo durante as primeiras 6-24 horas, sendo
substituído por monócitos em 24-28 horas, que permanecem por mais tempo. Os neutrófilos
predominam pois eles são os mais abundantes no sangue, além de responder rapidamente às
quimiocinas. Ainda, eles aderem mais firmemente às moléculas de adesão que são rapidamente
induzidas nas células endoteliais.
o O macrófago é o primeiro liberador de quimiocinas e citocinas que promovem a exsudação dos
neutrófilos e estes produzem os fatores necessários para aumentar o número de monócitos. Então,
quando exsudados, o neutrófilo passa a amplificar a resposta inflamatória, tendo agora um afluxo de
monócitos, que passarão a se especializar em macrófagos. Esta é uma inter-relação entre macrófagos e
neutrófilos.
o Monócitos patrulhadores: constitutivamente, rolam sobre o endotélio e imediatamente após a
agressão, saem da circulação e são ativados, produzindo citocinas (IL-6, IL-1) e quimiocinas (CXCL1, 2, 5,
8) que atraem PMN, os quais exsudam em grande quantidade.
o Doenças imunossupressoras podem alterar a inter-relação entre macrófagos e neutrófilos, não tendo
uma resposta amplificada, comprometendo então o sistema de defesa.
MECANISMOS EFETORES
o Após chegar ao local, as células têm que efetuar a eliminação do agente através da fagocitose,
realizada pelos neutrófilos e principalmente por macrófagos.
o Etapas: reconhecimento e fixação da partícula no linfócito fagocítico; remoção/engoblamento;
regulação.
● A aproximação do fagócito vem a partir da quimiotaxia. A partir daí, tem a fase de aderência, que é a
fase em que se deve grudar o microrganismo no fagócito. Porém, essa adesão depende de alguns
fatores.
- Carga eletrolítica: superfícies catiônicas aderem com maior facilidade à superfície eletronegativa
de fagócitos.
- Hidrofobicidade da superfície da partícula: a membrana é predominantemente hidrofóbica, e
alguns patógenos fogem da fagocitose porque são mais hidrofílicos. Quanto mais hidrofóbico o
patógeno, mais fácil e mais forte será a interação deste com o fagócito.
- Receptores: deve se ter receptores capazes de prender as moléculas de superfície das partículas,
que podem ser especificas ou inespecíficas. Quanto maior a interação entre patógeno e fagócito, mais
efetivo será o processo de fagocitose.
> Receptores inespecíficos:
- Receptores de remoção: existem em monócitos e
macrófagos. Os receptores de remoção se ligam a diferentes
estruturas, inclusive LDL oxidada, fosfolipideos e poliglicanos
ácidos, encontrados na superfície de microrganismos, células
mortas, células apoptóticas, etc.
- Proteínas com atividade de lectina que se ligam a
resíduos de carboidratos na superfície de
microrganismos.
- TLR em macrófagos, que estão envolvidos na ativação
de células fagocitarias por produtos de microrganismos.
> Receptores específicos:
- Para indução de fagocitose são receptores para Fc de
IgG e para componentes do complemento, especialmente C3b.
tais receptores permitem a adesão e induzem a ingestão.
Receptores de IgM favorecem a adesão, mas não desencadeiam
ingestão.

● Reconhecimento ou ativação de leucócitos


- O reconhecimento dos microrganismos ou células mortas induz várias respostas nos leucócitos que,
em conjunto, são chamados ativação de leucócitos.
- Em sua ativação, haverão respostas metabólicas, como aumento do cálcio citosólico e ativação de
enzimas como a proteína quinase C e a fosfolipase 2. Essas respostas acabam desencadeando à fagocitose
e a morte celular.
- Em casos de infecção bacteriana, por exemplo, as EROs matam a bactéria.
● Englobamento
- Para se ter o englobamento do microrganismo, faz-se necessário uma certa movimentação,
chamada e causa pelos lamelipódios.
- Os lamelipódios passam a se movimentar por meio de proteínas de contração, a actina e miosina.
Então há uma protrusao do lamelipódio, fazendo como se fosse uma tração e se movendo para frente.
Neste momento, a estrutura vai passar a liberar enzimas lisossomais.
- Os lisossomos do fagocito se aproximam do fagocito, formando uma única membrana, formando
agora o FAGOLISOSSOMO.
- A partir da formação do fagolisossomo, terá o BURST RESPIRATÓRIO ou EXPLOSÃO RESPIRATÓRIA.
⮚ Explosão respiratória (PROVA)
▪ Junto aos mecanismos de ativação dos leucócitos (aumento de cálcio e ativação enzimática), há
uma via que leva a proteína quinase C, que ativa a enzima NADPH-oxidase.
▪ Essa enzima vai converter o oxigênio, utilizando NADH 2 para liberar NADP, liberando então o
ânion superóxido, o O2-.
▪ Existe uma enzima chamada SOD (superóxido desmutase), a qual é uma enzima anti-oxidante. A
SOD converte espécies reativa de oxigênio em espécies não reativas. Então na reação que ela
vai fazer com o superóxido, vai ter como produto o peróxido de hidrogênio.
▪ Após sua reação com a SOD, tanto o superóxido quanto o peroxido de hidrogênio irão entrar no
fagolisossoma.
▪ Após a entrada desses compostos, o fagolisossoma vai utilizar a enzima mielo-peroxidase, a qual
vai realizar uma reação de halogenação. Esta reação utiliza Cl - para transformar o peróxido de
hidrogênio em hipoclorito, sendo que o este é um potente microbicida.
▪ A fagocitose propriamente dita vai se dar neste momento, tendo então o hipoclorito causando
uma desnaturação das proteínas da bactéria, causando uma oxidação descarboxilativa dos
aminoácidos.
▪ A desnaturação proteica da bactéria gera produtos chamados de cloraninas. As cloraninas, os
ânions superóxidos e ânions hidroxilas, bem como outros componentes reativos acabam
matando a bactéria, causando uma lipoperoxidação dela.
▪ Então LEMBRAR que tudo isso aconteceu devido a ativação da enzima NADPH-oxidase,
transformando o oxigênio em superóxido, gerando o hipoclorito e todas as reações
subsequentes, destruindo a bactéria.
▪ Conforme isso tudo está acontecendo, o NADP que é produto da reação da NADPH-oxidase, vai
estar saindo do processo. Ele será consumido por uma reação metabólica, podendo ser a via das
pentoses. Vale lembrar que a via das pentoses gera NADPH, que será utilizado em vários
processos, como os de oxidação celular e síntese de lipídeos. Ou seja, o NADP será tanto um
produto da reação da NADPH-oxidase, mas também vai oferecer novamente NADH para que
esta reação se mantenha. A enzima G-6-PD (glicose-6-fosfato-desidrogenase) da via das
pentoses que vai usar o NADP e vai devolver NADPH para o processo.
▪ Porém, existe uma deficiência em que as crianças nascem com deficiência da enzima G-6-PD, a
qual participa da via das pentoses. Uma característica dessas crianças é que elas são muito
suscetíveis a infecções, tanto bacterianas quanto virais. Uma das consequências são hemólises,
tendo anemia, exclusão de alguns medicamentos, não podem consumir algumas comidas, como
algumas variedades de feijão. (PROVA). Se esta enzima não funciona, não é possível oferecer o
NADPH que a NADPH-oxidase precisa para matar as bactérias a partir da conversão de oxigênio
em radical livre, por isso é que esses pacientes possuem essa deficiência imunológica.
▪ Pode também haver uma deficiência na própria NADHP-oxidase, ou então uma deficiência na
mielo-peroxidase, tendo uma fagocitose que não é tão adequada.

▪ Ainda, há presença de oxido nítrico (NO) o qual também ajuda a acabar com a infecção. Neste caso
há 3 tipos de enzimas NO-sintase, sendo a neuronal, endotelial e a induzível. A induzível é
produzida justamente pelos macrófagos e neutrófilos, os quais são ativados por citocinas. Então
em condições de inflamação, é liberado NO, que também possui uma ação antibactericida. Além
disso, há a formação de espécies reativas de oxido nítrico.

ARMADILHAS EXTRACELULARES DE NEUTRÓFILOS


o NETOSE: armadilhas extracelulares de neutrófilos
o Para que seja evitado que os microrganismos se disseminem, os neutrófilos lançam como se fosse uma
rede de fibrilas para conter os microrganismos, porém contem até mesmo os próprios neutrófilos.
o Essa rede é formada pela cromatina do neutrófilo, fazendo necessário
algumas enzimas que ativem o neutrófilo. Então a NET consiste de uma
malha viscosa de cromatina nuclear que liga e concentra as proteínas
granulares, como os peptídeos e as enzimas antimicrobianas.
o As mieloperoxidases (MPO) e a elastase do neutrófilo (NE) vão
descondensar a cromatina do neutrófilo, formando essa rede
extracelular.
o Uma consequência desse processo é o efeito lesivo que o próprio fagocito
pode causar, visto que esta é uma ação é pouco seletiva, ou seja, durante
a fagocitose, esses fagócitos podem liberar proteases que podem alterar
a matriz extracelular. Então há o processo de defesa, que seria o bônus,
porém há o ônus de ser comprometida a matriz extracelular.
o Por isso faz-se necessário uma regulação da resposta inflamatória, a fim
de minimizar esses efeitos.
REGULAÇÃO DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA
o Devido ao alto poder destrutivo de células efetoras, faz-se necessário
uma regulação. Isso explica o porque de os mediadores inflamatórios
terem um tempo de meia vida curto, garantindo que eles não sejam
perpetuados exercendo sua função.
o No entanto, alguns mediadores podem se
perpetuar, visto que são produzidos por
macrófagos. Um exemplo é o TNF e a IL-1,
sendo que inflamações crônicas podem ter
níveis persistentes desses mediadores,
principalmente TNF. Justamente por isso, os
imunobiológicos como anti-TNF são os
fármacos de escolha para doenças crônicas
de alta gravidade.
o Quem regula a produção de citocinas são os
macrófagos, sendo que o ambiente é
determinante para a ativação de monócitos
para macrófagos. Em ambientes onde as
bactérias começam a morrer, passa a
aumentar outras citocinas, predominando macrófagos M2 com potencial anti-inflamatório com caráter
mais resolutivo. Se há ambiente que ainda há produtos bacterianos, prevalece o M1 com característica
pró-inflamatória.

PADRÕES MORFOLÓGICOS DA INFLAMAÇÃO AGUDA


o Inflamação fibrinosa:
● Há uma deposição de fibrinogênio devido a permeabilidade vascular, formando fibrina no espaço
extracelular, como meninges, pericárdio, pleura e peritônio.
● É um exsudato fibrinoso.
● Esses depósitos de fibrina podem formar um coágulo, mas pode se ter uma dissolução dessa fibrina
a partir da fibrinólise, fazendo com que os macrófagos eliminem esse depósito, formando uma
cicatrização.
● Correlação clinica: pericardite fibrinosa
- “Pão com manteiga”
- Forma-se uma película amarelada que fica sobre o pericárdio
o Inflamação serosa:
● É um exsudato de fluidos com poucas células, poucos leucócitos e estéril (livre de microrganismos).
● Ex: bolhas.
● Pode-se ter uma inflamação serosa com presença de liquido na cavidade serosa, sendo que este
liquido vem do plasma.

o Inflamação purulenta (suprativa)


● O pus é um acúmulo de células mortas, principalmente neutrófilos.
● Causa mais frequente: bactérias piogênicas.
● Pode-se encontrar essa inflamação em abscessos, onde há o pus confinado por uma cápsula. Em
algumas situações há inoculação de bactérias dentro desse tecido, podendo evoluir para uma
condição de fibrose, tendo substituição do tecido morto por um tecido conjuntivo. Em algumas
condições, quando não há essa conjutivização, pode ser realizado a debridação que é a limpeza
desse abscesso devido a sua capacidade de infecção do tecido.

o Úlcera
● Possui uma característica de escavação.
● Há uma necrose prévia e um desprendimento do tecido morto.
● Mais comumente encontrado em mucosas.
● A úlcera pode ficar alternando a fase aguda e crônica, sendo
que elas ficam coexistindo. O problema é que a persistência do
agente lesivo pode causar uma reagudização, podendo evoluir
a metaplasias.

RESULTADOS DA INFLAMAÇÃO CRÔNICA


o A inflamação aguda pode ser resolutiva. Sua resolução pode se
dar ainda por fibrose.
o Em uma situação não resolutiva, a inflamação aguda evolui para
inflamação crônica, a qual também no processo de cura pode resultar
em uma fibrose.

AULA 4:
INFLAMAÇÃO CRÔNICA
o Possui duração mais prolongada e consiste em fenômenos proliferativos
com formação de fibrose, injuria tecidual e tentativa de reparo.
CAUSAS DA INFLAMAÇÃO CRÔNICA
o Principais causas: infecções persistentes, exposição prolongada a agentes tóxicos e autoimunidade
o Infecções persistentes:
● Em muitas situações, alguns microrganismos causam reações imunes tardias.
● Inflamação aguda não resolvida (ex: infecção bacteriana aguda pulmonar – abscesso crônico)
● Microrganismos difíceis de erradicar (ex: Mycobacterium tuberculosis).
⮚ Particularidades das micobactérias (IMPORTANTE)
▪ Possuem uma parede celular rica em lipídeos, ou seja, hidrofóbica. Consequentemente,
possuem uma resistência a alguns antibióticos comuns.
▪ Por isso, uma infecção causada por micobactéria não é tratada por amoxicilina, por exemplo.
▪ Além disso, o M. tuberculosis consegue impedir a fusão
fagolisossômica, impedindo uma fagocitose eficiente.
Então, toda aquela produção de espécies reativas de
oxigênio a partir da NADPH-oxidase não vai acontecer.
Por isso, essa micobactéria “escapa” da fagocitose.
▪ Além disso, as micobactérias conseguem alterar a
estrutura de fármacos a partir de enzimas que elas
produzem, que degradam ou modificam fármacos. Elas
modificam espontaneamente cromossomos de genes
alvos das drogas, por isso, os fármacos não conseguem
reconhece-la como um agente invasor.
▪ Os ácidos micólicos garantem a proteção e resistência à bactéria, tornando-as mais
fortemente ácido resistentes. Logo, permitem que penetre e sobreviva dentro de
macrófagos.
▪ Esses mecanismos explicam a gravidade da tuberculose.

o Doenças inflamatórias imunomediadas:


● Muitas vezes há uma ativação exacerbada ou inapropriada do sistema imune
● Autoantígenos evocam reação imune duradoura, perpetuando a resposta.
● Essas doenças inflamatórias imunomediadas levam a uma persistência da liberação de citocinas
como a prostaglandina E-2, IL-1-beta, IL-18, TNF-alfa. Células B trabalham continuamente liberando
esses mediadores. Nisso, formam-se “pannus”, que é um tecido que se fora a partir de uma
hiperplasia e hipertrofia da membrana sinovial, por exemplo na artrite reumatoide. Essas células do
pano vão contribuir mais ainda para a formação de citocinas, estimulando continuamente o sistema
imune.
● Também é o caso da esclerose múltipla, a qual é classificada como uma doença desmielinizante. A
doença se inicia com células TCD4, tendo uma
liberação continuada de IL-2, TNF-alfa e INF-
gama, tendo cada vez mais uma ativação do
sistema imune, deixando essa resposta cada vez
mais amplificada e persistente.

o Doenças alérgicas:
● Em casos crônicos de doenças alérgicas, pode-se
desenvolver a polipose nasal.
● Há uma reação com grande frequencia aos
ataques imunológicas, e com uma tendencia a se
restaurar o tecido, acaba sendo atacado
novamente, causando uma reagudização. É assim
que se formam os pólipos nasais.
● Analisando um pólipo nasal em lâmina, percebe-se uma grande quantidade de tecido conjuntivo,
grande quantidade de células como linfócitos, plasmócitos e macrófagos, ou seja, todas as células
características de uma inflamação crônica. Há angiogênese e conjutivização, em uma tentativa de
reconstituir vasos sanguíneos e reconstituir o próprio tecido. (PROVA)
● Ectasia capilar: os vasos ficam alterados em permeabilidade, podendo sangrar com certa facilidade.
● Conduta terapêutica: usar um anti-inflamatório, como os corticoides (uso prolongado destes pode
causar uma necrose). Ou ainda realizar uma cauterização, retirando os pólipos.

o Asma brônquica:
● Há uma resposta de fase aguda muito mais exacerbada do que na rinite alérgica, por exemplo. Pode
haver uma alta liberação de IgE e consequentemente um edema de glote.
● Há um processo inflamatório altamente descontrolado.
● O risco da pessoa parar de respirar, é consequência da edemaciação dos tecidos, tendo alta
liberação de leucotrienos que nos pulmões acabam exercendo uma broncoconstrição.
o Exposição prolongada a agentes tóxicos, tanto endógenos quanto exógenos.
● Ex: exposição à sílica
● A sílica causa as pneumoconioses. Quando reconhecidas pelos macrófagos, há liberação de EROs,
ativação da via NFK-beta para a liberação de TNF-alfa e IL-1. Porém esse macrófago pode passar a
liberar TNF-beta, recrutando fibroblastos, os quais vão produzir mais colágenos, sendo então uma
doença fibrosante.
● No caso da exposição ao abesto, também é prejudicial.
▪ Pode ser aspirado em 2 formas: as serpentinas e as anfíbolas. As anfíbolas passam a penetrar as
células epiteliais, indo para o interstício e são reconhecidas por macrófagos alveolares. Estes
passam a agir como promotores de tumor. O problema é que, quando o macrófago reconhece
as fibras de asbestos, passam a fazer a ativação do inflamassoma. O inflamassoma é um
liberador de caspase-1, a qual ativa a liberação de IL-1-beta, de modo que a longo prazo, é
gerado oxidantes, mieloperoxidase e enzimas proteolíticas, danificando o tecido. Há então a
ativação de fibroblastos, de modo que o colágeno vai se depositando nos alvéolos.
▪ Então começa com um processo inflamatório, mas o resultado final é uma deposição elevada de
colágeno, ocorrendo uma fibrose intersticial, uma inflamação generalizada. Essas áreas de
fibrose vão dificultando a função respiratória.
▪ Além disso, as enzimas proteolíticas, como a elastase, passam a degradar a elastina do pulmão,
comprometendo a elasticidade do
pulmão, podendo evoluir a
enfisema.

o Aterosclerose:
● Há um processo inflamatório crônico
devido a deposição de colesterol
endógeno.
● Os cristais de colesterol passam a ser
alvo de macrófagos, sendo que estes
tentam engolfar os cristais. Porém,
esses cristais também são ativadores
de inflamassomos, ativando então a
IL-1 e TNF-alfa, recrutando
leucócitos, como monócitos.
● O resultado final é a produção local
de citocinas e quimiocinas que
recrutam e ativam cada vez mais células inflamatórias. Com esse recrutamento e ativação, há a
amplificação da resposta inflamatória.
● Esse aglomerado de células pode formar uma placa aterosclerótica, a qual pode ser ainda mais
agravada pelo acúmulo de cálcio, formando o ateroma ou calcificação ateromatosa. Isso também
vai acabar levando a uma lesão endotelial, que pode levar a liberação de trombos e
consequentemente a um infarto.

MORFOLOGIA DA INFLAMAÇÃO CRÔNICA


o Morfologicamente há uma transição de neutrófilos para macrófagos, sendo o marco de inflamação
crônica para patologistas.
o Células predominantes: macrófagos, linfócitos e células plasmáticas, como os plasmócitos.
o Destruição tecidual, induzida pelo agente agressor, e ainda cura pela substituição do tecido danificado
por tecido conjuntivo, realizada pela proliferação de pequenos vasos sanguíneos (angiogênese) e, em
particular, fibrose, fica claro que é uma inflamação crônica. (PROVA)
o O alvéolo normal é substituído por espaços revestidos de epitélio cuboide, por exemplo.
CÉLULAS DA
INFLAMAÇÃO CRÔNICA
MACRÓFAGOS
o Os macrófagos são os
mais predominantes
devido a sua capacidade
de secretar citocina,
fatores de crescimento e
ativação de linfócitos T.
o Tecidos ricos em
macrófagos:
● Ricos no fígado
(células de Kupffer),
baço e linfonodos (histiócitos sinusais), SNC (micróglia) e pulmões (macrófagos alveolares, “células
de poeira”).
o Ativação de macrófagos:
● Quando ativados, possuem essas características: aumentam de tamanho, aumentam a quantidade
de grânulos, possuem um reticulo endoplasmático granular maior devido a um metabolismo mais
evidente, possui maior capacidade fagocítica (engloba partículas solidas e liquidas), realiza a
digestão devido ao maior número de lisossomos, possuem maior capacidade de liberação de óxido
nítrico (auxilia no processo de morte do microrganismo junto aos EROs), liberam maior numero de
metaloproteases. Além disso, possuem maior atividade antimicrobiana.

● Se os monócitos possuem uma atividade de 24 horas na corrente sanguínea, eles podem


sobreviver com meses ou anos no tecido em que ele vai atuar.
● Podem ser ativados por via clássica ou alternativa.
⮚ Via clássica
▪ A presença do microrganismo, polissacarídeos e outras substancias liberadas pelo agente
invasor, acabam ativando o macrófago pela via clássica.
▪ Neste caso, possuem papel pró-inflamatório.
▪ Passa a ser um liberador de IL-1, IL-12 e quimiocinas.
▪ Passa a garantir a amplificação da resposta inflamatória, sendo CITOTÓXICA. (macrófagos M1)
⮚ Via alternativa
▪ Diante da liberação de IL-3 e IL-4, ativa-se a via alternativa.
▪ É ativada em casos na ausência de micróbios, ausência de INF-gama. Ou seja, neste ponto esse
macrófago não precisa “lutar” contra ninguém, visto que não há mais nada para ser
reconhecido.
▪ Neste caso, seu papel é liberar fatores de crescimento, como TGF-beta (possui papel importante
no reparo tecidual e consequentemente na fibrose), além disso liberar citocinas como IL-10 com
efeitos anti-inflamatórios.
▪ Ou seja, nesse caso se tem macrófagos M2.
▪ Então na inflamação crônica, principalmente na fase mais recente da cicatrização, forma-se um
tecido de granulação.

o Como algumas de suas funções, eles conseguem estimular e recrutar linfócitos T e passam a exercer a
cadeia de retroalimentação.
o Eles se acumulam no foco inflamatório a partir de 3 mecanismos: quimiotaxia; proliferação de
macrófagos no tecido inflamatório; liberação de um fator inibitório que impeça a migração dos
macrófagos para outros tecidos, impedindo-os de abandonar o foco inflamatório.
o Proliferação local de macrófagos:
● O monócito circulante é atraído por citocinas e
quimiocinas. Os monócitos passam a se dividir e
proliferar.
● Desta fase eles podem se dividir ainda mais e
formar uma grande coleção de macrófagos, ou
então, por meio das citocinas inibitórias, eles
tornam-se imobilizados, não tendo mais aumento
no numero de células. (essas são 2 teorias
existentes).
● Essa perpetuação dos macrófagos imobilizados,
garante que eles levem a um dano tecidual e é
justamente o que vai caracterizar a inflamação
crônica. Ao serem imobilizados, eles perpetuam
essa resposta, continuamente liberando citocinas.
LINFÓCITOS
o Trabalham junto com os macrófagos.
o Alguns vírus ativam ainda mais linfócitos, o que justifica
a gravidade da lesão.
o Ao ativar linfócitos, já é um prognóstico de que se tem uma inflamação mais grave.
o Resposta Th1: são liberadores de INF-gama que ativam macrófagos. Então linfócitos Th1 vão atrair
macrófagos da via clássica, ou seja, macrófagos do tipo M1.
o Resposta Th2: secretam IL-4, IL-5 e IL-13. Estes estimulam a via alternativa, ou seja, a via de reparo com
macrófagos do tipo M2.
o Resposta Th17: secretam IL-17 e outras citocinas que secretam ainda mais citocinas, amplificando a
resposta inflamatória.
o Interação macrófago-linfócito na inflamação crônica:
● O linfócito T que aparece na resposta inflamatória crônica passa a fazer a apresentação de
antígenos, consequentemente levando a secreção de IL-17, de TNF e, consequentemente, recruta
mais leucócitos para a inflamação. O leucócito também é liberador de IFN-gama, de modo que tanto
Th1 e Th17 favorecem a via clássica; agora se tem um macrófago ativado pelo INF-gama, tornando-
se liberador de citocinas e mais quimiocinas.
● Este ciclo, é quase um ciclo vicioso, de modo que enquanto há antígeno para ser apresentado,
haverá mais macrófagos e leucócitos permanecendo no local lesivo.
● Quando ativados, essa inflamação tende. Ser mais persistente e grave, visto que essas citocinas
passam a lesar ainda mais o tecido.
EOSINÓFILOS
o Abundantes nas reações imunológicas mediadas por IgE e em infecções parasitárias.
o Os eosinófilos contêm uma proteína básica principal, toxica para parasitas, mas que também causa lise
em células epiteliais de mamíferos. Por isso, em infecções parasitarias há destruição do parasito mas
também dano tecidual e alergias.
MASTÓCITOS
o São amplamente distribuídos no tecido conjuntivo e participam das reações inflamatórias agudas e
crônicas.
o Tendem a aparecer em processos alérgicos devido a liberação de histamina e prostaglandina,
responsáveis pelo prurido e vasodilatação.
NEUTRÓFILO
o São característicos de inflamação aguda, mas também na inflamação crônica.
o Permanece induzido por microrganismos persistentes e mediadores produzidos pelos macrófagos
ativados e por linfócitos T.
CLASSIFICAÇÃO ANÁTOMO-PATOLÓGICA DA INFLAMAÇÃO CRÔNICA
o Há 2 tipos de inflamação crônica: a inflamação crônica inespecífica e a inflamação crônica específica
granulomatosa (pode ainda ser de 2 tipos: tipo corpo estranho ou imune).
INFLAMAÇÃO CRÔNICA INESPECÍFICA
o Não há um padrão nesse tipo de inflamação.
Quando se fala em padrão, significa que essas
células não possuem um arranjo próprio, ou seja,
os macrófagos e leucócitos se arranjam de forma
difusa.
o O exsudato inflamatório crônico e a proliferação
de vasos também ficam irregulares e
disseminados.
o Quando se olha para um intestino em processo
inflamatório crônico, observa-se espalhado pelo
intestino, visto que muitas vezes, neste caso, as
doenças são de cunho auto-imunológico.
o Também se observa uma quimiotaxia contínua, realizando um infiltrado de macrófagos. Observando-se
histologicamente, neste caso, observa-se infiltrados leucocitários e infiltrados de macrófagos.
o Junto a isso, leva a proliferação de fibroblastos, podendo formar cicatriz subsequentes, atingindo
tecidos parenquimais funcionais. Por exemplo, em uma inflamação crônica no intestino, há alto
acumulo de tecido cicatricial, fechando o lúmen intestinal, causando uma estenose. Essa estenose leva
a processos de obstrução.
o A estenose pode levar à hipoxia, a qual pode evoluir à necrose, comprometendo as funções do tecido
atingido.
INFLAMAÇÃO GRANULOMATOSA
o Ao contrario da inflamação inespecífica, esse tipo de
inflamação tem um foco e um padrão bem constituído, de
modo que as células formam um arranjo tentando englobar
o agente patogênico.
o Os macrófagos vão se modificar, ficando parecidos com
células epiteliais características, formando um granuloma.
o Um granuloma é um conjunto organizado de células
inflamatórias. As células que saem do exsudato se organizam
e formam um agregado circunscrito, tendo formado
arredondado em seu rearranjo.
o Caracterizada por coleções de macrófagos ativos, frequentemente com linfócitos T, e, algumas vezes,
associada à necrose central.
o Os linfócitos T e B formam como se fosse um colar em volta das células, conferindo ainda mais uma
característica organizada.
o O agente que está causando esta lesão pode ser um corpo estranho (incitados por corpos estranhos
inertes, ou seja, não causa resposta imunogênica) ou pode ser um microrganismo que causa de fato
uma resposta imune (causado por variedade de agentes).
o Incitados por corpos estranhos “inertes”: como no caso da primeira figura, pode ser causado por um fio
cirúrgico. Ao redor deste fio, pode-se observar macrófagos que vão se fundindo e se organizando em
volta do corpo estranho.
o Causada por variedade de agentes gerando resposta imune: na segunda figura, tem-se um granuloma
de S. mansoni. Observa-se um aro linfocítico, cápsula fibrosa e vários macrófagos tentando chegar na
casca do ovo do agente lesivo, como no caso da figura.

o Os macrófagos ativos podem desenvolver um citoplasma abundante e


começar a se parecer com células epiteliais, sendo chamados de
células epitelioides. Alguns macrófagos ativos podem fundir-se,
formando células gigantes multinucleares.
o Os linfócitos T levam a ativação dos macrófagos, liberando INF-gama,
causando injuria de tecidos normais.
o De acordo com a imagem: em A e B, são células gigantes do tipo
Langhans, com núcleos na periferia. Em C e D, células gigantes do tipo
corpo estranho, com núcleos irregulares distribuídos no citoplasma.
Essas células resultam da fusão de macrófagos in vitro, GM-CSF (fator
estimulante de colônias de granulócitos) e IL-6 são importantes nesse
processo.
o A persistência do INF-gama sobre o macrófago causa uma ativação sustentada.
Esses macrófagos vão se transformando em células epitelióides. Então tanto a
formação de uma célula gigante (célula cheia de núcleos) quanto uma célula
epitelióide (crescimento do citoplasma), se da por meio da ativação
sustentada/persistente, a qual acontece quando o antígeno não consegue ser
morto.
o Um agregado microscópio de células epitelióides geralmente vem circundado
por um colar de linfócitos, caracterizando o granuloma. Pode ainda ter a
presença de fibroblastos, os quais já começam a liberar colágeno, podendo
evoluir à fibrose.
o Em uma infecção por micobactéria, pode evoluir a uma necrose caseosa, então
chama-se granuloma caseoso, visto que seu centro possui uma necrose caseosa.
o Os granulomas epitelióides podem evoluir para cura por fibrose. Isso acaba gerando tipo uma proteção
para o microrganismo que não foi morto. Suas células produzem citocinas que induzem a síntese de
proteínas da matriz extracelular, de modo que há deposição de colágeno, algumas fibras elásticas e
componentes amorfos da matriz extracelular de forma centrípeta, produzindo cicatrizes.

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